UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE CINCIAS
DEI-GEOLOGIA
TRABALHO DE FIM DE CURSO DE LICENCIATURA EM GEOLOGIA
(GEOLOGIA APLICADA)
No 71/2011
Elaborado por: Hortnsio Felisberto de Ftima Bondo 91096 Igdio Miguel de Carvalho 37207
CARACTERIZAO GEOLGICA E GEOTCNICA DA REA DE IMPLANTAO
DO NOVO PORTO DE LUANDA A PARTIR DE RESULTADOS DO
STANDARD PENETRATION TEST (SPT)
BONDO, H. e CARVALHO, I.
ii
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE CINCIAS
DEI-GEOLOGIA
TRABALHO DE FIM DE CURSO DE LICENCIATURA EM GEOLOGIA
(GEOLOGIA APLICADA)
No 71/2011
Elaborado por: Hortnsio Felisberto de Ftima Bondo 91096 Igdio Miguel de Carvalho 37207 Orientadores: Professor Doutor Andr Buta Neto Professor Doutor Fernando Bonito
CARACTERIZAO GEOLGICA E GEOTCNICA DA REA DE IMPLANTAO
DO NOVO PORTO DE LUANDA A PARTIR DE RESULTADOS DO
STANDARD PENETRATION TEST (SPT)
BONDO, H. e CARVALHO, I.
iii
ndice Geral Pg
AGRADECIMENTOS ix
RESUMO x
ABSTRACT xi
DEDICATRIA xii
INTRODUO 1
OBJECTIVOS GERAIS 1
OBJECTIVOS ESPECFICOS 1 CAPTULO 1- METODOLOGIA DE TRABALHO
1.1 METODOLOGIA DE TRABALHO 3
1.2 MATERIAIS E TCNICAS 8
1.2.1 Fotografias Areas 8
1.2.2 Imagens Satlite 8
1.2.3 Mapas Topogrficos 9
1.2.4 Carta Geolgica 10
1.2.5 Fotografias areas da rea de estudo 13
1.2.6 Imagens satlites da rea de estudo 15
CAPTULO 2- ENQUADRAMENTO GEOGRFICO DA REA
2.1 VIAS DE ACESSO 17
2.2 HISTRIA / CULTURA 18
2.3 CLIMA E VEGETAO 19
2.4 SOLOS 20
2.5 GEOMORFOLOGIA E HIDROGRAFIA 22
CAPTULO 3- ENQUADRAMENTO GEOLGICO DA REA
3.1 PRINCIPAIS BACIAS SEDIMENTARES DE ANGOLA 29
3.2 EVOLUO TECTNICA-SEDIMENTAR 30
3.3 SUBSIDNCIA REGIONAL 33
3.4 ESTRATIGRAFIA DA BACIA DO KWANZA 34
3.5 CARACTERIZAO GEOLGICA DA REA DE ESTUDO 38
3.6 COLUNA LITOESTRATIGRFICA 41
3.7 IDENTIFICAO DA MICROFAUNA 45
3.8 PALEOAMBIENTE 46
3.9 MAPA DE AMOSTRAGEM 49
3.10 DESCRIO DAS SECES LITOLGICAS (LOGS) 50
BONDO, H. e CARVALHO, I.
iv
3.11 UNIDADES LITO - BIOESTRATIGRFICAS 64
3.12 CORRELAO LITO-BIOESTRATIGRFICA 65
3.13 DESCRIO DO ESBOO LITOLGICO DA REA DE ESTUDO
CAPTULO 4- CARACTERIZAO GEOTCNICA
4.1 ENSAIOS DE CAMPO 70
4.2 PRINCIPIOS E REALIZAO DE ENSAIOS SPT 70
4.3 APLICABILIDADE 73
4.4 FACTORES QUE AFECTAM OS RESULTADOS 73
4.4.1 Preparao da sondagem 73
4.4.2 Comprimento das Varas e dimetro do furo 74
4.4.3 Dispositivo de golpe 75
4.4.4 Normalizao do sistema de pancada 76
4.5 CORRECES DE NSPT 76
4.5.1 Correco devido ao nvel fretico 76
4.6 PARAMETROS GEOTECNICOS PARA TERRENOS GRANULARES 78
4.6.1 Densidade relativa 78
4.6.2 DR e a classificao de Terzagui e Peck 78
4.6.3 DR e presso de confinamento 80
4.6.4 DR consideraes finais 80
4.6.5 ngulo de Atrito Interno 82
4.6.6 Deformabilidade 83
4.7 PARAMETROS GEOTECNICOS PARA TERRENOS COESIVOS 84
CAPTULO 5- APRESENTAO E DISCUSSO DOS ESULTADOS 5.1 APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 87
CAPTULO 6- CONCLUSES E RECOMENDAES
6.1 CONCLUSES 100
6.2 RECOMENDAES PARA TRABALHOS FUTUROS 100
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 102
67
BONDO, H. e CARVALHO, I.
v
LISTA DAS FIGURAS
Captulo 1
Figura 1: Reconhecimento do local do furo e montagem do equipamento
Figura 2: Colocao do amostrador Terzaghi e realizao do ensaio
Figura 3: Descrio macroscpica dos testemunhos de sondagem
Figura 4: Testemunhos de sondagem rotativa
Figura 5: Testemunhos de sondagem SPT
Figura 6: Etapas da anlise da anlise micropaleontolgia
Figura 7: Sequncias de fotografias da regio do Dande (a, b, c e d)
Figura 8: Foto mosaico da regio do Dande Figura 9: Imagens satlite da zona de estudo, ilustrando as caractersticas
geomorfolgicas Captulo 2
Figura 10: Mapa de Angola e destaque da Provncia do Bengo, com localizao do Municpio do Dande
Figura 11: Vegetao existente na regio do Dande
Figura 12: Bacia hidrogrfica do Dande, Provncia do Bengo
Figura 13: Bacia hidrogrfica do Lifune, Provncia do Bengo Figura 14: Bacia hidrogrfica da baixa do Dande, evidenciando o rio
Dande e as eventuais lagoas Figura 15: Bacia hidrogrfica da baixa do Lifune, evidenciando o rio Lifune
Captulo 3
Figura 16: Principais bacias sedimentares de Angola
Figura 17: Esquema representativo da fase Pr-rift
Figura 18: Esquema representativo da fase Sin-rift I
Figura 19: Esquema representativo da fase inicial (a) e final (b) doSin-rift II
Figura 20: Esquema representativo da fase inicial (a) e final (b) doPs-rift
Figura 21: Esquema representativo da fase de Subsidncia regional
Figura 22: Estratigrfica da bacia do Kwanza
Figura 23: Carta geolgica da bacia do Kwanza
Figura 24: Coluna litoestratigrficas da bacia do Kwanza
Figura 25: Afloramento (AF1)
Figura 26: Afloramento (AF2)
Figura 27: Afloramento (AF3)
Figura 28: Distribuio paleoambiental dos foraminferos
Figura 29: Mapa de amostragem
Figura 30: Sondagem SP10
BONDO, H. e CARVALHO, I.
vi
Figura 31: Sondagem SP1
Figura 32: Sondagem SP2
Figura 33: Sondagem SP4
Figura 34: Sondagem SP6
Figura 35: Sondagem SP9
Figura 36: Sondagem SP11
Figura 37: Sondagem SP17
Figura 38: Sondagem SP3
Figura 39: Sondagem SP16
Figura 40: Sondagem SP15
Figura 41: Sondagem SP8
Figura 42: Sondagem SP12
Figura 43: Sondagem SP5
Figura 44: Corte sinttico litolgico
Figura 45: Correlao lito-bioestratigrfica
Figura 46: Esboo litolgico da rea de estudo
Captulo 4
Figura 47: Amostrador padro
Figura 48: Diferentes fases do ensaio
Figura 49: Ensaio SPT
Figura 50: Testemunhos de sondagem SPT com os respectivos dados
Figura 51: Vrios tipos de martelo
Figura 52: Dispositivo de golpe com corda e roldana
Figura 53: Comparao dos distintos factores de correco CN
Figura 54: Relao entre N e DR%
Figura 55: baco de Gibbs e Holtz comparado com o de Terzaghi e Peck
Figura 56: Estimativa de Meyerhof e Peck et al
Figura 57: Estimativa de em funo de NSPT e Tenso efectiva vertical Figura 58: Valores da resistncia a compresso simples a partir de NSPT para solos
coesivos de distintas plasticidades
Captulo 5
Figura 59: Localizao dos furos de sondagem
Figura 60: Sondagem SP1
Figura 61: Sondagem SP3
Figura 62: Sondagem SP4
Figura 63: Sondagem SP6
BONDO, H. e CARVALHO, I.
vii
Figura 64: Sondagem SP8
Figura 65: Sondagem SP9
Figura 66: Sondagem SP10
Figura 67: Sondagem SP11
Figura 68: Sondagem SP12
Figura 69: Sondagem SP14
Figura 70: Sondagem SP15
Figura 71: Sondagem SP16
Figura 72: Sondagem SP17 LISTA DAS TABELAS
Tabela 1: Coordenadas geogrficas da provncia do Bengo
Tabela 2: Localizao geogrfica dos afloramentos estudados
Tabela 3: Ambientes, hbito, e idades das espcies de foraminferos
Tabela 4: Amostragem dos poos estudados
Tabela 5: Correco de N pelo comprimento das varas
Tabela 6: Correco de N pelo dimetro da sondagem
Tabela 7: Comparao dos distintos factores de correco
Tabela 8: Valores de CN para distintos tipos de solos
Tabela 9: Classificao de Terzaghi e Peck, modificado por Skempton
Tabela 10: Propriedades comuns de solos argilosos
Tabela 11: Dados dos furos de sondagens LISTA DE SMBOLOS E ACRNIMOS ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas ASTM - American Society for Testing Materials AFT - Afloramento CN - Factor de correco Dr - Densidade Relativa (ou compacidade) do solo
qu - Resistncia a compresso simples (tsf) Log - Logartimo L - Comprimento das varas N - Nmero de golpes N1 - Valor de NSPT corrigido para uma tenso de referncia de 100
BONDO, H. e CARVALHO, I.
viii
NSPT - ndice de resistncia penetrao NBR - Associao Brasileira de Normas Tcnicas N60 - Valor de NSPT corrigido para 60% da energia terica de queda livre (N1)60 - Valor de NSPT corrigido para energia e nvel de tenses KPa - Kilopascal SPT - Ensaio de penetrao padro (Standard Penetration Test) SP - Furo de Sondagem t/m2 Tonelada por metro quadrado Tg - Tangente
v0 - Tenso efectiva vertical em repouso - ngulo de atrito interno Kg/cm2 Kilograma por centmetro quadrado psi pounds per square inch ISSMFE T16 International Society of Soil Mechanics and Foundation Engineering Technical Com e max - ndice de vazios mximo e min - ndice de vazios mnimo e0 - ndice de vazios in situ
Peso volmico do solo
dmax - Peso volmico seco mximo
max - Peso volmico mximo
min - Peso volmico mnimo
ap - Peso volmico aparente
BONDO, H. e CARVALHO, I.
ix
AGRADECIMENTOS
A Deus, o grande Arquitecto do Universo, por nos ter concedido a vida e a fora
necessria para a realizao deste trabalho. Aos nossos pais, familiares pelo apoio incondicional. Aos nossos orientadores Prof. Doutor Andr Buta Neto e Prof. Doutor Fernando Bonito por fazerem sempre a diferena nos momentos de maiores dificuldades.
Ao colectivo de professores do Departamento de Geologia, em especial ao Dr. Mega
Fontes e Dr. Cirilo Cauxeiro por nos terem ajudado no processo de busca de conhecimentos necessrios para desenvolver este projecto.
Empresa SOLOTCNICA CIS, principalmente ao Engenheiro desse projecto, e ao
Sondador Belmiro e seus ajudantes por terem demonstrado imensa boa vontade e esprito de cooperao ao transmitirem informaes dos ensaios SPT e executarem as sondagens, parte fundamental deste trabalho de fim de curso da Licenciatura.
A todos os colegas que directa ou indirectamente mostraram-se sempre dispostos a
ajudar nos momentos difceis.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
x
RESUMO
O presente trabalho tem como tema Caracterizao Geolgica e Geotcnica da rea
de Implantao do Novo Porto de Luanda, a partir de resultados de Ensaios Standard
Penetration Test SPT. Foi elaborado pelos estudantes Hortnsio Felisberto de Ftima Bondo
e Igdio Miguel de Carvalho, no mbito de um projecto de fim de curso de Licenciatura em
Geologia na especialidade de Geologia Aplicada, no Departamento de Geologia da
Universidade Agostinho Neto, com os apoios da Empresa SOLOTCNICA, Gabinete de
Reconstruo Nacional (GRN) e Departamento de Geologia da Faculdade de Cincias da
Universidade Agostinho Neto.
A caracterizao geolgica da rea de estudo, baseou-se no reconhecimento
geolgico da referida rea, na interpretao das distintas seces litolgicas (logs), nas
anlises paleontolgicas onde identificaram-se algumas espcies de foraminferos, o que
permitiu determinar o paleoambiente da rea de estudo. Efectuou-se tambm correlaes
lito-bioestratigrficas a partir de algumas seces litolgicas, permitindo assim a elaborao
do corte sinttico litolgico. Finalmente elaborou-se o esboo litolgico da rea de estudo.
Foram realizados ensaios SPT em algumas localidades do municpio do Dande,
essencialmente na zona de Cabacaa, Calenguela, Catumbo, Pambala. Efectuou-se tambm
correces dos resultados SPT considerando os efeitos do peso volmico, da tenso efectiva
vertical, do dimetro do furo, do comprimento do trem de varas, estes dois ltimos de acordo
com as propostas de Skempton (1986) e Uto & Fujuki (1981). Foram tambm efectuadas
correces devidas aos efeitos da presso de confinamento de acordo com as propostas de
Skempton (1986), Liao & Whitman (1985) e Gibbs & Holtz (1957).
Tendo por base a Bibliografia, foi realizada a parametrizao geotcnica, a partir das
correlaes clssicas que permitem estimar a ordem de grandeza dos parmetros indexados
s propriedades fsicas, compacidade, consistncia, resistncia e deformabilidade.
Por outro lado, aquela avaliao permitiu uma abordagem comparativa com as
propriedades e caractersticas geolgicas determinadas em estudos de fotointerpretao,
estudos de campo, bem como anlises de laboratrio.
Palavras-Chave: Correces, Correlaes, Formaes, Golpes, Solos, Sondagem, seces
litolgicas.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
xi
ABSTRACT
This work has theme Geological and geotechnical characterization in the Area of
Implantation of the new Porto of Luanda, from results of tests SPT Standard Penetration
Test. It was prepared by the following students Hortnsio Felisberto de Ftima Bondo e Igdio
Miguel de Carvalho, under a draft order Degree in Geology in the specialty of Applied Geology,
in the Department of Geology at Agostinho Neto University, with the support of the Company
SOLOTCNICA, General Office of National Reconstruction (GNR) and Department of
Geology in Faculty of Science at Agostinho Neto University.
The geological characterization of the study area was based on the geological
reconnaissance of the aforementioned area in the interpretation of the different lithological
sections (logs), in paleontological analysis where we identified some species of foraminifera,
which allowed us to determine the paleoenvironment of the study area. Correlations litho-
biostratigraphycs were also made from some sections of lithological sections, thereby
enabling the preparation of synthetic litologic cut. Finally we elaborated the outline geology of
the study area.
SPT tests were conducted in some localities of the municipality of Dande, primarily in
the area of Cabacaa, Calenguela, Catumbo, Pambala. It also made corrections to the SPT
results considering the effects of volume weight, the vertical effective stress, the diameter of
the hole, the length of the train of rods, the two last ones according to the proposals of
Skempton (1986) and Uto & Fujuki (1981). Corrections were also made to the effects of
pressure containment according to the proposals of Skempton (1986), Liao & Whitman (1985)
and Gibbs & Holtz (1957).
Based on the Bibliography, we performed a geotechnical parameter, from classical
correlations that allow to estimate the size of the indexed parameters to physical properties,
compactness, consistency, resistance and deformability.
On the other hand, that evaluation allowed a comparison with the properties and
geological characteristics determined in studies of photo interpretation, field studies and
laboratory analysis.
Keyword: Corrections, Correlations, Training, Hitting, Soil, Survery, lithological sections.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
xii
Aos meus pais pelo total apoio e incentivo, aos meus irmos por estarem sempre do meu lado.
Hortnsio Felisberto de Ftima Bondo
A Deus pelo flego da vida, aos meus pais por me apoiarem sempre incondicionalmente, aos meus irmos e amigos por estarem sempre do meu lado
e acreditarem em mim.
Igdio Miguel de Carvalho
BONDO, H. e CARVALHO, I.
1
INTRODUO
O presente trabalho de fim de curso foi desenvolvido na rea cientfica de Geologia
Aplicada, mais especificamente no domnio da Geotecnia e trata da caracterizao geolgica
e geotcnica da rea de implementao de um novo Porto Comercial, situado na zona da
Barra do Dande, a partir da interpretao de uma quantidade significativa de resultados
obtidos mediante a realizao do designado Ensaio de Penetrao Normalizado ou, como
mais conhecido, na literatura inglesa, Standard Penetration Test (SPT). Trata-se de um
ensaio de penetrao dinmica e tanto em Geologia de Engenharia como em Geotecnia ou
em Engenharia Civil, o mtodo mais utilizado mundialmente para reconhecimento do subsolo
e avaliao da resistncia dos macios terrosos, fundamentalmente devido facilidade de
execuo e baixo custo associado.
Com efeito, os parmetros obtidos atravs deste ensaio so amplamente utilizados
para o clculo da capacidade resistente dos macios de fundao.
Assim, o SPT consiste, em medir o nmero de golpes necessrios para fazer um amostrador
normalizado penetrar no solo trs trechos sucessivos de 15 cm, totalizando 45 cm. Nesta
base, na rea de estudo foram executados 20 sondagens com SPT. Foram utilizados os
resultados de 14 furos de sondagem para a realizao do presente trabalho.
OBJECTIVOS GERAIS
Determinar as diferentes litologias da rea de estudo e o respectivo paleoambiente.
Estimar a capacidade de carga dos solos da rea de estudo a partir de resultados do
ensaio SPT, bem como compreender a sua ordem de grandeza luz do conhecimento
geolgico recolhido quer da bibliografia quer adquirido nos trabalhos de campo.
OBJECTIVOS ESPECFICOS
Reconhecer e classificar a microfauna de foraminferos;
Elaborar seces litolgicas (Logs) a partir dos furos de sondagem;
Compreender a execuo do ensaio e aplicar as correces aos valores do NSPT;
Estabelecer correlaes entre os valores do SPT (registados e corrigidos) e os
diferentes parmetros geotcnicos.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
2
CAPTULO 1
METODOLOGIA DE TRABALHO
BONDO, H. e CARVALHO, I.
3
1. METODOLOGIA DE TRABALHO
A metodologia seleccionada, com base nos objectivos preconizados, foi a seguinte:
1. Elaborao do modelo de investigao e levantamento bibliogrfico. Para esta fase,
recorreu-se inicialmente ao estudo de fotografias areas da regio que permitiu a
elaborao de cartas preliminares, esboos, ulteriormente o reconhecimento de
algumas formaes referidas nos trabalhos j efectuados na rea segundo Agostinho
et al (1995) e Victorino e Nascimento, (2006).
2. Levantamento de dados de campo: Esta fase baseou-se no acompanhamento das
sondagens em obra (Figura 1), na identificao e descrio das diferentes litologias
presentes na rea de trabalho a partir das amostras recolhidas no amostrador
Terzaghi, bem como no reconhecimento dos tipos de contactos existente entre as
distintas formaes;
a
b
FIGURA 1 - a) Reconhecimento do local do furo; b) Montagem do equipamento
BONDO, H. e CARVALHO, I.
4
b
FIGURA 2- a) Colocao do amostrador Terzaghi; b) Realizao do ensaio SPT
3. Trabalho de laboratrio: Esta fase dividiu-se em duas etapas:
1. Descrio das carotes e testemunhos de sondagem SPT
As amostras utilizadas no presente trabalho so testemunhos (carotes) dos furos de
sondagem rotativa e percusso. Algumas foram recolhidas com recurso ao amostrador
Terzaghi, durante a excuo do SPT na rea de trabalho, como se pode observar nas pginas
4 e 5.
Aps a sua recuperao, as amostras foram conservadas em caixas devidamente
etiquetadas, com indicao da ordem de amostragem atravs de setas e respectivas
profundidades e penetraes.
As amostras foram descritas macroscopicamente com ajuda de uma lupa e cido clordrico
(HCI).
a
BONDO, H. e CARVALHO, I.
5
FIGURA 3- Descrio macroscpica dos testemunhos de sondagem (Carotes)
Para o tratamento da informao, a amostragem foi utilizada segundo a variao de
fcies, quer do ponto de vista litolgico, quer do ponto de vista paleontolgico. Assim, foram
seleccionadas algumas amostras para anlise paleontolgica com ajuda da lupa binocular,
com o intuito de descrever as idades das diferentes formaes existentes na rea de estudo.
FIGURA 4- Testemunhos de sondagem rotativa
BONDO, H. e CARVALHO, I.
6
FIGURA 5- Testemunho de sondagem SPT
2. Anlise micropalentolgica
A anlise micropaleontogica foi feita de maneira metdica, meticulosa e precisa, com
a finalidade de se evitar possveis contaminaes entre amostras, misturas fortuitas, e erros
de identificao das preparaes, com o objectivo de enquadrar a rea de estudo no contexto
geodinmico, conforme recomendado por Seyve (1990).
a) Lavagem
a tcnica mais frequentemente utilizada para extrair das rochas mveis os microfsseis de
tamanho superior a 100 micrmetros.
Assim, as amostras foram colocadas em recipientes contento gua, durante oito (8)
horas, a fim de serem desagregadas da soluo. Posteriormente, a lavagem foi feita com
gua corrente e peneiros circulares de 149 microns de abertura da malha, para a recuperao
dos resduos. Estes foram levados para secagem, em estufa uma temperatura de 100 C.
Para o efeito, foi utilizada uma soluo com o azul-de-metileno, na qual foram imersos os
peneiros medida que decorria a lavagem, para colorir e reconhecer nas lavagens ulteriores
os microfsseis que poderiam ficar retidos nas malhas. A triagem foi feita numa cuveta
metlica rectangular, de fundo escuro, sob observao na lupa binocular. Os microfsseis
foram levantados com um estilete que de vez em quando foi picada na plasticina e,
posteriormente, foram colocados em clulas ou lamelas.
b) Observao dos microfsseis
No momento da identificao dos fsseis so utilizadas algumas tcnicas de trabalho,
ou seja, o reconhecimento de cada grupo, gnero ou espcie, que necessita do conhecimento
de base da micropaleontologia sistemtica e a utilizao da bibliografia. Seyve (1990)
aconselha para o efeito o uso dessas tcnicas.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
7
Para a descrio e ilustrao dos microfsseis, foram feitos alguns desenhos e
fotografias, foi feita a descrio das formas, dos atributos morfolgicos mais tpicos, o que se
revelou de grande interesse para ns como autores do presente trabalho, uma vez que
permitiu aliar a teoria prtica.
3. Interpretao dos dados
Os dados so descritos sob a forma de texto e apresentados preferencialmente sob a
forma de tabelas, colunas litolgicas e grficos. Os dados utilizados resultaram dos resultados
do ensaio SPT, da anlise macroscpica, petrogrfica e paleontolgica, com recurso a alguns
programas informticos (software), designamente o Rockworks 2002, o Surfer 8, o Grapher
7, o Corel DRAW12, o Fotoshop e as ferramentas do Microsoft Office.
4. Nesta fase, foi elaborado o relatrio final com base na estratigrafia definida.
a
b
c
d
FIGURA 6- Etapas da anlise micropaleontolgica:
a Dissoluo; b Lavagem; c Secagem; d Triagem e classificao
BONDO, H. e CARVALHO, I.
8
O referido relatrio contm aspectos relevantes ao conhecimento geolgico da rea,
dentro do objectivo a que se props o projecto. Deve ser realado que o esboo litolgico, as
correlaes lito-bioestratigrficas, o corte sinttico, o paleoambiente da rea de estudo, os
resultados corrigidos dos ensaios SPT, bem como as correlaes deles deduzidas, so
efectivamente os resultados mais importantes obtidos com a realizao do presente trabalho.
1.2 MATERIAIS E TCNICAS
Os materiais utilizados para a realizao do trabalho consistiram nas diferentes litologias,
identificadas na rea de estudo, sendo algumas de idade j conhecida e outras por
determinar. Deste modo, foram tomadas vrias amostras dos distintos furos de sondagem
com o objectivo de ser feita a datao de algumas unidades litolgicas. As ferramentas de
apoio para a realizao deste trabalho, utilizadas com diferentes fins, foram fotografias
areas, imagens de satlite e mapas topogrficos e geolgicos, imprescindveis para um
trabalho do gnero.
1.2.1 Fotografias Areas
Esta ferramenta foi de extrema importncia devido sua capacidade em individualizar
os diferentes depsitos sedimentares, assim como todas as estruturas geolgicas (falhas,
dobras), cursos de gua, formas de relevo e algumas estruturas antrpicas presentes nas
imagens areas.
A fotointerpretao permitiu, igualmente, compreender o significado individual e colectivo
dos atributos acima citados, atravs da observao de alguns aspectos bsicos, tais como a
textura, drenagem, tonalidade, forma, padro, densidade, declividade, dimenso, sombra e
posio dos objectos que podem ser observados nas fotografias.
Para que esta interpretao fosse realizada com sucesso, foi necessrio primeiramente
um estudo sobre fotografias areas que consistiu na montagem de um mosaico ou conjunto
de fotos da rea de estudo, montadas tcnica e artisticamente, de forma a dar a impresso
que todo conjunto se torna numa s.
Este estudo bastante til seja para dar uma viso de conjunto da rea, seja para permitir
uma boa seleco preliminar do local que requer maior ou menor grau de detalhe. Foi utilizado
o estereoscpio de espelhos para garantir uma viso estereoscpica.
Os estudos de fotointerpretao foram realizados de acordo com os seguintes passos:
1- Unio das marcas fiduciais para obteno do centro de cada fotografia, a fim de
localizar o ponto principal;
BONDO, H. e CARVALHO, I.
9
2- Sobreposio das fotografias areas de maneira a determinar a imagem de cada
ponto principal na outra fotografia, seguindo-se para a observao das duas fotos
sucessivas com o estereoscpio. A foto posicionada do lado esquerdo simula uma
viso do olho esquerdo no ponto acima da foto, a posicionada do lado direito, a viso
do olho direito, que recobre 60% da foto esquerda, permitindo ver o modelado
topogrfico a trs dimenses;
3- Marcao da linha de voo (linha que vai do ponto principal de uma fotografia, at a
sua imagem na outra fotografia).
4- Determinao do estereobase (distanciamento entre os dois pontos principais);
5- Individualizao, caracterizao e identificao de todos os objectos geomorfolgicos
observados nas fotografias areas.
1.2.2 Imagens Satlite
O uso desta ferramenta foi de grande utilidade, pois permitiu uma viso panormica
da rea de estudo, tendo em conta que a presena ou significado de determinadas
caractersticas geolgicas que se exprimem por dezenas ou mesmo centenas de quilmetros,
podem escapar observao de fotografias areas de baixa altitude, mas so claramente
visveis numa imagem de satlite (imagens Landsat).
O detalhe destas imagens por vezes tal, que se torna possvel reconhecer a
geometria das camadas, o que permite a interpretao da estrutura regional. Isto permite que
estas imagens constituam frequentemente um auxiliar precioso nos levantamentos de campo.
Todavia, devido a diferena de escala e de resoluo, as imagens Landsat funcionaram mais
como um meio de interpretao complementar, no substituindo as fotografias areas de
baixa altitude, que permitem um estudo escala local. Neste sentido, esta ferramenta permitiu
a localizao das estaes em estudo, identificao de algumas unidades litolgicas, vales
de drenagem, individualizar as diferentes condies do terreno e traar os limites entre elas.
1.2.3 Mapas Topogrficos
So mapas que representam a topografia de uma determinada regio e apesar de no
possurem um fim determinado, so a principal base das cartas temticas. Deles constam
vrios elementos, nomeadamente:
Construes humanas (estradas, linhas de alta tenso, gasodutos, casas, barragens,
etc.);
Aspectos naturais (rios, praias, montanhas, lagos, etc.);
BONDO, H. e CARVALHO, I.
10
Geografia poltica (fronteiras e limites);
Enquadramento geogrfico do mapa em relao longitude e latitude;
Escala de distncias horizontais;
Declinao magntica da regio;
Data do levantamento topogrfico e
Legenda.
Tendo como base o mapa foto-areo da rea de estudo resultante da sobreposio, e
consequentemente da juno e uniformizao das fotografias areas, foi possvel, com
recurso ao programa informtico Fotoshop, efectuar a ampliao do mesmo a fim de obter
uma melhor visualizao da rea de trabalho, garantindo, deste modo, um maior grau de
detalhe dos objectos a serem projectados na carta geolgica, como por exemplo a litologia.
1.2.4 Carta Geolgica
As cartas geolgicas so elaboradas tendo em vista um fim especfico, isto , contm
informaes bastante pormenorizadas sobre a geologia de uma determinada rea estudada.
Podem ser entendidas como a representao sinttica e reduzida, num plano, dos diferentes
complexos rochosos e das estruturas presentes numa rea, assim como das respectivas
atitudes (Cardoso, 1985).
As cartas geolgicas contm certos elementos fundamentais que so:
Base topogrfica;
Tipo e localizao das diferentes unidades geolgicas;
Idade das diferentes unidades geolgicas;
Tipo e localizao do contacto entre as diferentes rochas;
Tipo e localizao de dobras e falhas;
Direco e inclinao das rochas estratificadas;
As cartas geolgicas devem representar igualmente a coluna estratigrfica que relaciona as
vrias unidades em termos cronolgicos, colocando em evidncia o tipo de contacto e a
eventual existncia de descontinuidades entre elas.
Devem ainda representar um perfil geolgico interpretativo, definido segundo direces
que permitem uma melhor interpretao das principais estruturas geolgicas existente na
regio. Deste modo, esta ferramenta teve grande importncia devido ao facto de permitir a
BONDO, H. e CARVALHO, I.
11
identificao e localizao de algumas formaes presentes na rea de trabalho, assim como
os seus possveis contactos, idades relativas e a identificao de alguns acidentes tectnicos
verificados no decurso dos tempos geolgicos.
Foram tambm utilizadas diferentes tcnicas no levantamento de campo e nos trabalhos
de laboratrio, sendo importante definir cada uma delas, indicar os seus procedimentos e sua
utilizao. Neste contexto, as tcnicas utilizadas foram as seguintes:
Descrio macroscpica das amostras
Anlise bioestratigrfica.
- Descrio macroscpica das amostras
A observao e identificao macroscpica um mtodo que se aplica no campo e d-
nos uma ideia aproximada do tipo de rocha colhida, implicando um reconhecimento bastante
minucioso da forma como ela se encontra no terreno (forma de jazida).
A observao de dados no campo implica que o gelogo utilize um martelo, canivete,
lupa, um frasco de cido clordrico (HCl) e, finalmente um caderno onde assente as principais
caractersticas da amostra, tais como a localizao rigorosa da colheita, forma de jazida,
textura, tipo de minerais presentes, se faz ou no efervescncia com o HCl, tipo de contacto
com outras rochas e fracturas que afectam o afloramento etc. As amostras recolhidas foram
analisadas seguindo os parmetros macroscpicos que permitiram classifica-las de acordo
as caractersticas que apresentavam, que foi posteriormente confirmado e quantificado no
laboratrio.
- Anlise bioestratigrfica
Esta anlise efectuada com base no contedo fossilfero encontrado nas amostras
colhidas, que permitem determinar a idade relativa das formaes geolgicas,
proporcionando assim uma valiosa informao acerca das condies que existiram no lugar
onde encontram-se fossilizados. Esta anlise permite igualmente, com auxlio da litologia e
das estruturas sedimentares, identificar o possvel ambiente de deposio.
A idade relativa das rochas sedimentares pode ser calculada com base no seu
contedo fossilfero ou em virtude da comparao entre rochas com idades desconhecidas,
com outras rochas que se tenha calculado a idade absoluta, por mtodos fsicos, que se
encontrem em ntima relao, seja subjacentes ou em contactos diversos.
No contexto do descrito anteriormente, para que fosse possvel utilizar correctamente
todos os dados relativos aos resultados das amostras e todo o seu valor, assim como para
BONDO, H. e CARVALHO, I.
12
fazer um bom estudo paleontolgico, foi necessrio realizar de maneira adequada a
identificao das amostras das sondagens a percusso e rotativas, seguida pela descrio
detalhada de cada furo de sondagem, reconhecimento de algumas amostras in situ,
colocao das amostras em sacos adequados a fim de evitar contaminaes e
posteriormente referencia-las para no confundi-las.
1.2.5 Fotografias Areas da rea de Estudo
Aps ter acesso s fotografias areas da rea do Bengo a escala de 1/35.000, que
foram tomadas em 1979 pelo Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola (I.G.C.A) sendo
as mesmas correspondentes ao registo 125, voo AA-1, fiadas 10,11,12, prova 1484,
baseamo-nos na anlise de 3 (trs) delas como se pode observar na Figura 7, que permitiram
a construo do mosaico tal como foi descrito na metodologia apresentada no ponto 4.
Sobre o mosaico, apresentado na Figura 8, foi colocada uma folha transparente
durante o estudo estereoscpico, para a transferncia dos vrios objectos possveis de
identificar, tais como os contornos, vales, rios, alinhamentos, escarpas, vegetao etc. de
salientar que alguns alinhamentos tectnicos evidenciados podem estar na base da
geometria costeira do Bengo, aquando da abertura do oceano Atlntico.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
13
FIGURA 7 Sequncias de fotografias a da regio do Dande (foto a, b, c e d)
BONDO, H. e CARVALHO, I.
14
FIGURA 8- Foto mosaico da regio do Dande
BONDO, H. e CARVALHO, I.
15
1.2.6 Imagens Satlites da rea de Estudo
As imagens de satlite foram de grande importncia na evoluo do conhecimento
geomorfolgico da rea de estudo, ampliando as possibilidades de observao das formas
de relevo e sua correlao com o substrato, seja na discriminao litolgica como na anlise
estratigrfica e estrutural.
Com a utilizao do programa Google Earth, as imagens de satlite, forneceram
tambm uma base visual, que permitiu localizar as estaes em estudo e identificar os
diferentes depsitos sedimentares.
Em resumo, permitiu uma melhor individualizao da rea de estudo, identificando com
algum grau de detalhe as diferentes formas de relevo, tais como alguns alinhamentos, os
vales, escarpas, rios, estruturas antrpicas, etc.
FIGURA 9- Imagem satlite da zona de estudo (Dande),
ilustrando as caractersticas geomorfolgicas.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
16
CAPTULO 2
ENQUADRAMENTO GEOGRFICO DA REA DE ESTUDO
BONDO, H. e CARVALHO, I.
17
A rea de estudo localiza-se na provncia do Bengo a NE de Luanda, tal como se
observa na Figura 10, delimitada pelos paralelos e meridianos referidos na Tabela1. A rea
da zona de estudo de aproximadamente 33.016 Km2.
Tabela 1 Coordenadas geogrficas da Provncia do Bengo
Paralelos Meridianos
7o 36 00 13o 12 01
10o 24 00 14o 12 01
2.1 VIAS DE ACESSO
A provncia do Bengo foi criada em 1982 por diviso da antiga provncia de Luanda,
na qual estava enquadrada e possua a designao de municpio.
A provncia do Bengo assegura as ligaes, por rodovia a todo Pas, pelas estradas
de Catete para leste, do Caxito para Norte e de Cabo Ledo para o sul, atravs da estrada
Nacional partindo de vrios pontos da cidade de Luanda, e usando a via de Cacuaco-
Quifangondo chega-se ao municpio do Dande.
FIGURA 10 Mapa de Angola e destaque da Provncia do Bengo, com localizao do Municpio do Dande (FONTE www.mapaangola.com)
BONDO, H. e CARVALHO, I.
18
As vias secundrias so em terra batida e muitas delas intransitveis em
consequncia do trabalho rduo de desminagem que se est a desenvolver a nvel da
provncia, factor que, ao longo da realizao do presente trabalho, condicionou bastante as
sadas de campo e a recolha de dados realizados pelos estudantes e orientadores.
2.2 HISTRIA / CULTURA
A maioria da populao desta provncia configura o complexo scio-cultural Ambundu.
A sua lngua nacional de expresso o Kimbundu, que partilhada entre os familiares mais
prximos e as pessoas que habitam outros espaos mais precisamente nos limites que
conformam por exemplo a provncia de Luanda.
So muito conhecidos os monumentos histricos desta provncia, localizados nos
municpios de Muxima, onde se destacam a Fortaleza e a Igreja do mesmo nome, edificaes
do tempo das conquistas portuguesas por estas terras. So, como tal, os marcos desse
passado dos povos desta regio.
A provncia do Bengo contorna a provncia capital, Luanda, e o seu clima
influenciado essencialmente pelo oceano Atlntico e tem a floresta e a savana como tipo de
vegetao dominante.
O Bengo auto-suficiente no que se refere actividade agrcola. Produz mandioca, abacate,
anans, feijo, mamo, sisal, palmeira de dendm, cana-de-acar caf e outros produtos
agrcolas.
A pecuria est dirigida bovinicultura de carne e, beneficiando de uma costa
favorvel, a pesca praticada na Barra do Dande e no Ambrz (a norte) e no Cabo Ledo (a
sul). Esta ltima actividade praticada nas pequenas nsulas dos rios Bengo e Ndanji, cuja
espcie mais procurada o Kakusso. Com este espcime lagunar produz-se um prato que j
se tornou referncia na gastronomia angolana acompanhado do feijo de leo de palma.
A pesca martima nesta regio assinalvel sobretudo na rea do Ambrz onde os
crustceos como o camaro e a lagosta so recursos piscatrios que contribuem na
promoo de receitas na balana de exportaes.
Actualmente, o sector industrial da provncia produz materiais de construo
(agregados britados explorados em pedreiras, areias, e barro), bem como outros recursos
minerais, designadamente caulino, gesso, asfalto (rocha asfltica), calcrio, quartzo, ferro,
feldspato e mica. Provncia muito bem localizada, junto capital e ao oceano, ter certamente
um grande futuro como destino turstico.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
19
2.3 CLIMA E VEGETAO
A maior parte da regio caracterizada por um clima tropical seco, com duas pocas:
poca seca e a poca de chuva. Esta ltima compreende o perodo que vai de Setembro at
o final de Abril, a precipitao mdia varia entre 50mm e 170 mm. Durante a poca seca
(Maio a Setembro), a precipitao praticamente nula.
A temperatura mdia do ms de Agosto de 20,1oC a 21,2oC sendo a temperatura do
ms de Maro (ms mais quente do ano) de 26,8oC. A humidade relativa do ambiente alta
durante todo o ano, ultrapassando os 80% o que se explica, essencialmente, devido
influncia do oceano Atlntico.
Quase todo o territrio est coberto por vegetao arbrea e arbustiva, havendo
bosques nas baixas dos rios. A provncia apresenta igualmente uma vegetao do tipo
savana seca, constituda por herbceas, arbustos ou matas tropicais secas, matebeiras
(Hyphaene Gossweira) eufrbios, mubanga, capim alto (sub-xerfitas) com algumas rvores
de grande porte, de que so exemplo os embondeiros (Adansnia Digitata). A lezria de
alguns rios intensamente pantanosa.
Ocorrem ainda comunidades de savana herbosa, dominadas por gramneas de porte
mdio, tpicas de meios hmidos; formaes de floresta ripcola a acompanharem o curso
fluvial e a revestirem a orla marginal, dominadas por arbreas de grande porte, salientando-
se as albzias, o embondeiro, a mafumeira, alm da disseminao da palmeira Elaeis;
comunidades de Cyperus papyrus identificam as reas permanentemente submersas de
gua doce, as quais mais prximo da orla martima e sob influncia de fluxos aquferos das
mars vm constituir mangais, dominados por Rhysophora mangle.
Em grande parte a bacia foi submetida ao cultivo, pelo que so poucos os testemunhos
do primitivo revestimento vegetal. Todavia, atendendo as condies especficas da baixa, no
aspecto hdrico, no favorveis a retenes aquferas superficiais, a vegetao dominante
do tipo florestal ripcola, com as componentes arbreas j referidas para casos anteriores,
enquanto as reas revestidas por comunidades herbceas higrfilas se confinam a
determinadas situaes de encharcamento temporrio, sobretudo na faixa limite jusante.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
20
a) b)
FIGURA 11 Vegetao existente na regio do Dande: a) Ipopeia sp.; b) Euphorbia conspicua
2.4 SOLOS
Na rea de estudo verifica-se uma grande variedade de solos. As condies climticas
e a topografia exercem influncia na gnese do solo, independentemente da composio
mineralgica da rocha me (quase uniformemente calcria e argilosa). No aspecto textural
esto representados tanto os solos grosseiros como os finos.
Na orla litoral aparecem os solos aluvionares fluviais essencialmente margosos e
gresosos de cor pardacenta ocupando grandes superfcies.
Alm dos solos aluvionares existem tambm solos calcrios, argilosos principalmente onde
afloram margas e argilas. Aparecem igualmente barros delgados muito secos e solos pardos
nos lugares com topografia ngreme. Estes solos de cor negra ou cinzenta escura
apresentam-se em camadas de grande espessura nas encostas e depresses dos vales
(Diniz, 2002).
Com base ao esboo pedolgico elaborado por Diniz, os solos da rea de estudo, estes
classificam-se da seguinte forma:
a) Solos aluvionais fluviais
Ocupam extensas superfcies sobretudo ao longo dos rios bem como em superfcies baixas.
Ao longo do rio Dande, a textura destes solos mdia e fina diminuindo gradualmente no
sentido da foz e das margens para a periferia. Os solos melhor drenados e de maior fertilidade
distribuem-se na faixa contgua ao curso do rio;
BONDO, H. e CARVALHO, I.
21
b) Solos ridos tropicais pardos
A nordeste do Dande sobretudo na rea de transio de clima rido, predominam os solos
ridos tropicais correspondentes com relevos suavemente ondulados. Estes solos so
originrios a partir das rochas cristaloflicas do complexo de base.
A fraco fina do solo composta por argila sialtica (montemorilonites). Podero ser
considerados como solos de bom nvel de fertilidade, ou seja, bons para a agricultura;
Barros negros e pardos (expansivos)
Os barros so solos de textura pesada, em geral de cores negras ou cinzentas escuras
quando em correspondncia com reas aplanadas ou de depresses de vales. So solos
argilosos muito pegajosos e plsticos constitudos essencialmente por argilas
montmorilonticas. Devidas as suas caractersticas fsicas, limitaes quanto ao uso agrcola,
as operaes culturais so acentuadas. Oferecem susceptibilidade a eroso como resultado
do seu baixo grau de permeabilidade exigindo prticas de defesa e conservao;
c) Solos musseques
Nesta grande unidade pedolgica englobam-se os solos que esto em correspondncia com
as superfcies sobrelevadas de sedimentos quartzosos do Plistocnico, conhecidos pela
designao regional de musseques, que significa terreno arenoso.
Os solos musseques so em geral de textura grosseira, bastante profundos, sem
estrutura, plidos ou de cores vivas;
d) Solos calcrios pardos
Os solos calcrios pardos, de colorao normalmente pardo - olivcea, tm boa
representao entre o Dande e o Cuanza, em geral correlacionados com os materiais
calcrios, gresocalcrios ou calcrios margosos do Cretcico e do Eocnico. Quanto s suas
caractersticas, trata-se de solos de texturas finas, ou mais raramente mdias, em geral
disseminados de materiais concrecionrios e ndulos de calcrios e cristais de gesso. So
solos com regular a boa capacidade para a gua utilizvel e regular drenagem interna.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
22
2.5 GEOMORFOLOGIA E HIDROGRAFIA
A rea de trabalho , de uma forma geral, caracterizada por um relevo de plancie
costeira pouco acidentado, com cotas absolutas de 20 a 30m distribudas pelas depresses
dos rios, linhas de gua efmeras e, pelos cursos de gua permanentes.
A morfologia da regio estudada apresenta superfcies aterraadas de extenso
quilomtrica, com alguns altos morfolgicos cortados por vales em forma de V e falsias
bastante ngremes (Buta Neto et al., 2000).
Relativamente Rede Hidrogrfica da regio do Dande, importa salientar que, Angola
tem 77 bacias hidrogrficas, o que indica que um pas com grande potencial hdrico, das
quais faz parte da rea de estudo a bacia do Dande e a bacia do Lifune (provncia do Bengo).
Estas bacias so indispensveis para o desenvolvimento desta regio, e compreendem os
rios Dande e Lifune, ambos rios principais. Tambm notvel na rea de estudo o rio I, cujo
regime pluvial (intermitente). Para o efeito foram calculados para a bacia do Dande e Lifune
representados nas Figuras 12 e 13 os seguintes parmetros:
rea da Bacia; Permetro da Bacia; Altitude mdia e mxima; Descarga especfica
mdia, mxima e mnima; Descarga mensal e Mdia anual e finalmente a Precipitao mensal
e mdia anual.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
23
FIGURA 12 - Bacia hidrogrfica do Dande, provncia do Bengo (Sweco Groner, 2005).
BONDO, H. e CARVALHO, I.
24
FIGURA 13- Bacia hidrogrfica do Lifune, provncia do Bengo (Sweco Groner, 2005)
BONDO, H. e CARVALHO, I.
25
A parte extensa da baixa do Dande, que se compreende entre o Porto Quipir-Quijanda,
no limite da explorao canavieira da Aucareira de Caxito e a foz, o local mais conhecido
por Barra do Dande.
A baixa, neste troo jusante, tal como se observa na Figura 14 inclina-se muito
lentamente para o litoral, desde cotas dos 10/12m at 3/4m e, estreitando-se de algum modo,
disseminando-se em lagoas, sobretudo na sua periferia da margem direita, facto que contribui
para a reduo significativa da rea til, alm do rio, ao longo de 30 km do seu percurso final,
corre em meandros muito pronunciados.
A bacia do Dande parte integrante do municpio de Caxito, comuna da Barra do Dande,
servido pela estrada do norte Luanda-Soyo e pelo ramal da Barra do Dande, o qual,
atravessando-se o rio por jangada junto foz, liga no Lifune estrada do Ambriz. Esta bacia
constitui uma zona de significativa incidncia agrcola, quer do sector empresarial, com
algumas exploraes agrcolas implantadas no vale, quer do sector campons, que se
distribui em aglomerados populacionais na plataforma adjacente ou na baixa, aqui
estabelecendo as suas reas de cultura de subsistncia, com base na mandioca, batata-
doce, milho e ginguba e colhendo o dendm nas numerosas palmeiras que se disseminam
pela orla marginal ribeirinha.
Do sector empresarial h que distinguir algumas fazendas que tradicionalmente se
dedicam produo de frescos com destino ao mercado abastecedor de Luanda, incluindo-
se tambm a cultura frutcola, com destaque para a bananeira, citrinos, mamoeiro e
mangueira. Ainda de referir a actividade piscatria incidente nas numerosas lagoas, a qual
constitui fonte alimentar muito importante das populaes locais, alm de registar volume de
comercializao muito interessante.
Relativamente Morfologia, observa-se uma plancie aluvial muito perfeita,
correspondente a fundo de vale profundamente escavado na plataforma sedimentar ceno -
mesozica, a qual marca diferenas de cotas de algumas dezenas at prximo da centena
de metros. O leito do rio, bem definido por taludes marginais salientes, traa curso sinuoso e
arrimado encosta meridional, deixando que do lado oposto a baixa se povoe de lagoas,
algumas delas de dimensionamento aprecivel, de vrias centenas de hectares.
Tendo em conta que, a rea de estudo no abarca a rea completa das bacias do Dande
e Lifune, procuramos estudar apenas as zonas mais baixas das respectivas bacias, isto de
acordo com Diniz (2002). Assim, a parte baixa da bacia do Dande estreita-se, e parte da
mesma preenchida por sucessivas lagoas, reduzindo-se consideravelmente a rea de
utilizao, alm de que o rio, ao divagar e meandros caprichosos, torna difcil a
BONDO, H. e CARVALHO, I.
26
implementao de um adequado esquema de defesa. J nos ltimos quilmetros, com as
cotas mais reduzidas, a proximidade do mar e a influncia do nvel fritico prximo da
superfcie enriquecido em sais, a baixa, fortemente susceptvel, no mais do que uma
superfcie salgada.
A ocupao agrcola, no faltando sequer as fontes permanentes de regadio, reduz-se
s situes topogrficas salientes, livres ou pouco afectadas pelo encharcamento,
normalmente acompanhando as orlas marginas do rio, onde em muitos casos a utilizao
agrcola recai no intervalo peridico que medeia entre as enchentes que normalmente se
verificam em Maro/Abril.
FIGURA 14- Bacia hidrogrfica da baixa do Dande, evidenciando o rio Dande e as eventuais
lagoas. DINIZ, A. C. 2002. Esc. 1:100.000
A plancie aluvial da baixa do Lifune, como se observa na Figura 15 tem caracterstica
muito alongada (cerca de 13 km de extenso por uns 3 km de largura mdia) e descaindo
para o litoral, desde cotas dos 16 m no extremo montante at aos 8 m na orla martima.
A bacia fica compreendida nos limites administrativos do municpio de Caxito, e dista uns
13 km da comuna da Barra do Dande, est bem localizada em relao s grandes vias de
comunicao, porquanto atravessa-a a rodovia do norte Luanda/Ambriz, que passa por
Caxito alm da estrada trrea que liga Barra do Dande. No domnio da ocupao agrcola,
N
BONDO, H. e CARVALHO, I.
27
na baixa implantaram-se duas unidades de produo que tm por base a explorao da
palmeira dendm: a Fazenda Libongos na parte montante da Fazenda Lifune a jusante da
estrada nacional.
No decorrer da dcada de sessenta, ambas fazendas foram alargando as reas de
explorao cultura da bananeira, chegando a envolver algumas centenas de hectares na
Fazenda Lifune, pese embora a escassez de disponibilidades hdricas para rega.
A localizao privilegiada da baixa do Lifune em relao ao porto de Luanda a cerca de
90km e ligando-a uma boa rodovia, aliada s condies ecolgicas muito favorveis para esta
cultura, fez com que o incio dos anos setenta a produo banancola atingisse nveis muito
elevados.
Relativamente Morfologia, observa-se uma plancie aluvial da foz do Lifune, encaixada
em plena faixa litoral mesozica de relevo caracteristicamente ondulado, tendo a
particularidade do rio Lifune drenar convenientemente a baixa em toda a sua extenso, pelo
que praticamente no se verificam retenes aquferas prolongadas, nem to pouco a
ocorrncia de lagoas.
FIGURA 15- Bacia hidrogrfica da baixa do Lifune, evidenciando o rio Lifune. DINIZ, A. C. 2002. Esc.1:100.000
N
BONDO, H. e CARVALHO, I.
28
CAPTULO 3
ENQUADRAMENTO GEOLGICO REGIONAL
BONDO, H. e CARVALHO, I.
29
3.1 PRINCIPAIS BACIAS SEDIMENTARES DE ANGOLA
De acordo com Tavares (2000), o pacote sedimentar angolano subdividido em cinco
(5) sectores, os quais se resumem a trs bacias costeiras, nomeadamente a Bacia do Congo
(limitada entre o rio Zaire e a Ponta da Musserra), a bacia do Kwanza (entre Musserra e o
paralelo 12 00) e, por fim, a Bacia do Namibe (entre o paralelo 13 45S e o limite sul
representado pela Nambia), tal como representado na Figura 16 (WEC 1991).
FIGURA 16 - Principais bacias sedimentares de Angola (WEC 1991)
BONDO, H. e CARVALHO, I.
30
A Regio do Dande situa-se dentro dos limites geogrficos da Bacia do Cuanza,
estando as formaes da rea de estudo (Dande), inseridas nas formaes da Bacia do
Kwanza. Esta ltima por sua vez, est relacionada com um fenmeno de importncia golobal
a evoluo da margem Continental angolana, ou seja, a abertura do Atlntico Sul.
Neste contexto, torna-se relevante apresentar uma breve sntese da evoluo da
margem angolana, a fim de melhor compreender e enquadrar os processos geolgicos
estruturais locais no espao tempo. Com base nos conceitos de tectnica de placas e da
migrao dos continentes, e de acordo com o estilo estrutural e caractersticas litolgicas
presentes, vrios autores (Cunha Baptista, 1991, Marcelino & Kaziluque, 2000) definiram
diferentes eventos evidentes nas bacias sedimentares costeiras e na plataforma continental
que reflectem as diversas fases de evoluo das bacias que compem a margem angolana.
3.2 EVOLUO TECTNICA-SEDIMENTAR
A evoluo tectnica e sedimentar da bacia do Kwanza resultou, numa fase inicial, do
movimento das placas tectnicas que provocaram a fracturao do supercontinente
Gondwana. Estes movimentos estiveram, ento, na base da separao dos continentes
Africano e Sul-americano e que ainda se identificam nos dias de hoje, devido ao aumento
progressivo do afastamento dessas placas.
Assim sendo, a abertura do Oceano Atlntico iniciou no Jurssico tardio/Cretcico
inferior, perodo em que a placa africana foi submetida a esforos distensivos que levaram
abertura do Rift, ao longo das zonas crustais estruturalmente mais frgeis. A evoluo desta
bacia ocorreu segundo vrios episdios tectnicos distintos, cada um deles evidenciando
uma estratigrafia e um estilo estrutural prprio.
Esses movimentos tectnicos so divididos em 4 episdios, nomeadamente:
1- Pr-Rift, que caracterizado por um tectonismo suave;
2- Sin-Rift I e II, que caracterizado por um forte tectonismo;
3- Ps-Rift, caracterizado por um tectonismo moderado;
4-Subsidncia regional, que caracterizada pelo forte basculamento da bacia
(tectonismo activo).
BONDO, H. e CARVALHO, I.
31
Pr-rift
Durante a etapa inicial, no Cretcico Inferior (Neocomiano), os continentes Africano e
Sul- Americano que se encontravam estveis e unidos desde o Pr-cmbrico passaram a
estar sujeitos a fracturamento e ao consequente vulcanismo, perodo em que se depositaram
sedimentos arenosos.
O Neocomiano ento caracterizado por um tectnismo suave, no qual se formaram
algumas bacias intracratnicas que se instalaram de forma discordante sobre o soco Pr-
cmbrico falhado e erodido. Estas bacias intracratnicas encontram-se preenchidas por
sedimentos clsticos arenosos de ambiente fluvio-lacustre e sedimentos vulcanoclsticos que
se depositaram discordantemente sobre o soco metamrfico falhado (Figura 17).
Figura 17 Esquema representativo da fase Pr-rift (Sheevel, J. et al., 1996).
Syn-Rift I
Na fase inicial, (Neocomiano) este episdio caracterizado por levantamento,
fracturao e inclinao dos blocos do soco. Estes fenmenos levaram formao de um
sistema de lagos profundos ou bacias profundas (do tipo rift) instaladas nos grabens que, por
sua vez, produziram um relevo com enormes blocos elevados e rebaixados, preenchidos por
sedimentos saproplicos (ricos em matria orgnica) e sedimentos lacustres argilosos.
Na fase final (Barremiano inferior) acentuou-se o deslocamento dos blocos, dando
lugar a um aumento da compactao e subsidncia como consequncia da carga sedimentar
(Figura 18).
BONDO, H. e CARVALHO, I.
32
Figura 18- Esquema representativo da fase Sin-rift I (Brice et al., 1982).
Syn-rift II
Nesta fase (Barremiano) verificou-se a reactivao de algumas falhas, devido ao
aumento gradual do adelgaamento e distenso crustal, provocando subsidncia e eroso
das zonas mais elevadas dos blocos pr-cmbricos.
No final desta fase (Apciano) deu-se o incio da ruptura continental (frica e Amrica
do Sul), devido ao rpido alongamento e adelgaamento da litosfera.
Os sedimentos que se depositaram neste perodo representam uma sequncia
transicional que corresponde ao incio da mudana de ambientes continentais para marinhos.
Estes depsitos so constitudos, basicamente, por carbonatos lacustres e arenitos clsticos
aluvionares, passando para uma sequncia evaportica (Figura 19).
Figura. 19 Esquema representativo da fase inicial (a) e final (b) doSin-rift II (Baptista C. 1991).
BONDO, H. e CARVALHO, I.
33
Ps-rift
Esta fase caracterizada pela deposio de uma espessa srie salfera que ocorreu
numa bacia geometricamente restrita (hipersalina), no incio do Albiano, sendo representada
por uma sequncia inicialmente transgressiva, passando para uma sequncia carbonatada-
clstica. Esta sequncia transgressiva depositou-se devido ao processo de subsidncia que
ocorreu como consequncia da contraco trmica (arrefecimento trmico).
Nesta fase, os processos tectnicos e sedimentolgicos eram dominados por uma
oscilao crustal (aumento do nvel do mar) de carcter regional, seguidos por um perodo
transgressivo (Figura 20).
Figura 20 Esquema representativo da fase inicial (a) e final (b) doPs-rift (Baptista C., 1991).
3.3 SUBSIDENCIA REGIONAL
O intervalo de tempo Campaniano/Mastricciano caracterizado por um afastamento
acentuado das placas, acompanhado da subida do nvel do mar, durante a qual a
transgresso marinha atingiu a sua mxima extenso quer em frica quer na Amrica do Sul
(WEC 1991).
No Paleognico (Oligocnico mdio) ocorreu uma importante regresso marinha
resultante do basculamento no sentido Oeste da bacia, induzido pela sobrecarga sedimentar
da plataforma, tendo como resultado a descida do nvel da gua do mar. Esta regresso teve
como consequncia a deposio (Oligo-Miocnico) de uma espessa sequncia clstica
regressiva, assentando discordantemente sobre a antiga plataforma.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
34
Este perodo , ainda, marcado por vrios hiatos estratigrficos representados quer
pela no deposio quer pela eroso dos depsitos sedimentares provocados pelas
pequenas variaes do nvel do mar (Oligocnico Superior, Miocnico e Pliocnico).
A tectnica salfera permaneceu activa durante todo o Cretcico Superior e o
Cenozico, fenmeno este que em conjunto com a sobrecarga sedimentar deram origem ao
desenvolvimento de grandes fossas tercirias (Oligo-Miocnico), produzindo importantes
falhamentos normais, sintticos, lstricos e antitcticos em meios carbonticos. Assim sendo,
sobre a unidade carbonatada depositaram-se espessos estratos de sedimentos argilosos
tpicos de guas profundas, margas e algumas areias turbidticas (Figura 21).
Figura 21- Esquema representativo da fase de Subsidncia regional (Baptista C., 1991).
3.4 ESTRATIGRAFIA DA BACIA DO KWANZA
As formaes da Bacia do Kwanza foram depositadas discordantemente sobre o Soco
cristalino, em diferentes ambientes (Figura 22).
Elas compreendem sedimentos de idade ps Pr-cmbrico ao Quaternrio na seguinte
sequncia:
I - Formao Cuvo: Onde podemos distinguir:
A) Cuvo inferior ou vermelho: Formado por conglomerados, que apresentam
fragmentos de rochas gnaisscas e outras metamrficas do soco cristalino, bem como
arenitos (possivelmente de cor vermelho), de idade Neocomaniano a Barreniano, de
ambiente fluvial ou lacustre.
B) Cuvo superior ou cinzento: Constitudo por arenitos (grossos ou finos) com
intercalaes de calcrios conquifros normalmente rico em ostracodos, de idade
Barreniano ou Ante Apciano, de ambiente lagunar com uma evoluo para fcies
BONDO, H. e CARVALHO, I.
35
marinhos. De potencial enquanto rocha reservatrio Play do pr-sal bem como rocha
reservatrio;
II - Formao Sal Macio: Constituda por dolomite, anidrite dolomtica, e anidrite ou
Halite. Esta sequncia evaportica de idade Apciana e foi depositada num ambiente
lagunar ao marinho nertico;
III - Formao Binga: Formada por calcrios oolticos e bioclastos, calcrios
sublitogrficos com dolomia microcristalina e anidrite; esta formao de idade
Apciano-Albiano foi depositada num ambiente lagunar plataforma;
IV - Formao Twenza: Representada por dolomias muito anidritizadas por vezes com
intercalaes de evaportos. Esta formao depositada num ambiente lagunar foi
definida como sendo de idade Albiana;
V - Formao Catumbela: Composta por calcarenitos e calcrios marinhos com algas
e corais, bioclsticos, pisoolitos, fragmentos arredondados e calcarenitos conquifros.
De idade Albiana Superior e depositada num ambiente marinho pouco profundo
(plataforma);
VII - Formao Quissonde: Depositada num ambiente de plataforma externa
constituda por calcrios margosos com fragmentos de conchas na base, lagemas e
fragmentos de conchas na parte mdia e lagemas no topo;
VIII - Formao Cabo Ledo: Caracteriza-se pela dominncia das margas sobre os
calcrios conquifros. Depositada num ambiente marinho de grande profundidade
(Batial-Nertico), e de idade Cenomaniana;
IX - Formao Itombe: Constituda por margas calcrias com amonites e intercalaes
arenosas. Esta formao foi depositada num ambiente de mar pouco profundo, de
idade Turoniana;
X - Formao Ngolome: De idade Turoniano-Campaniana, constituda por margas
pelgicas caracterizada pelo seu contedo em microfosseis (Globotrucana);
XI- Formao Teba: Margas com calcrios lumachelicos e restos de Inoceramus com
nveis fosfatados. Depositou-se num ambiente de plataforma de idade Maastrichiana;
XII- Formao Cunga-Gratido: Constituda por margas gresosas com lentilhas e
concrees calcrias e calcrios silicificados. Depositadas num ambiente pelgico de
idade Eocnica;
BONDO, H. e CARVALHO, I.
36
XIII - Formao Quifangondo: Representada por argilas com intercalaes siltosas,
calcrios gresosos lumachlicas; e ricas em foraminferos, de idade Oligocenico-
Mioceninica, depositada em ambientes de plataforma externa batial;
XIV - Formao Cacuaco: Constituda por calcrios com algas, equinoderme e
bivalves, com calcarenitos; depositados num ambiente litoral a circo litoral, de idade
Oligocnica;
XV - Formao Luanda: Composta por margas castanhas com foraminferos, areias
litorais e grs com conchas. De idade Pliocnica e depositada num ambiente litoral;
XVI - Formao Areias Cinzentas: So sedimentos constitudos por areias
heteromtricas com abundante matriz siltosa-arenosa no seio dos quais se encontram
imensos seixos sub - arredondados de dimenses de centmetros.
Este conjunto litolgico, que apresenta uma posio estratigrfica e caractersticas
litolgicas bem definidas e uma extenso areal significativa, foi designada por
Formao Areias Cinzentas. Pela presena de fragmentos de quartzo e de calhau
trabalhados pelo homem, tal formao poder ser considerada como de idade
Pleistocnica (Putignano, et al, 2000).
XVII - Formao Quelo: Constituda por areias ferruginosas e grs de cor vermelha.
Depositou-se num ambiente continental, de idade Plio-Quaternria.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
37
FIGURA- 22- Estratigrafia da bacia do Kwanza (GeoLuanda2000 Int. Conf., Guide Book Luanda- Benguela-Dombe Grande 2000).1) Rochas intrusivas, granito - 2) rochas efusivas, basalto - 3) rochas metamrficas - 4) conglomerados - 5) areias - 6) shales - 7) evaporitos - 8) gesso - 9) carbonatos - 10) carbonatos e dolomites silicificados 11) Calcilutitos 12) marls. LC Formao Cuvo Inferior - UC Formao Cuvo Superior - SL Formao Chela - MS Formao sal massio - DGG Formao Dombe Grande - TZ Formao Tuenza - CT Formao Catumbela - QS Formao Quissonde - CL Formao Cabo Ledo - ITB Formao Itombe - NGL Formao N Golome TB Formao Teba - TS Tchipupa Shales - RD Formao Rio Dande - GT Formao Gratido - CG Formao Cunga QF Formao Quifangondo -CC Formao Cacuaco - LD Formao Luanda - AC Formao Areia Cinzentas- QL Formao Quelo.
1
BONDO, H. e CARVALHO, I.
38
3.5 CARACTERIZAO GEOLGICA DA REA DE ESTUDO
Segundo a carta geolgica da bacia do Kwanza (1968 1972/Total Cap), (Figura 23), a rea
de estudo caracteriza-se pelas seguintes formaes da base ao topo:
Plio-Quaternria
Formao Quelo: Areias vermelhas ferruginosas e grs de cor vermelha.
Eoceno
Formao Cunga Gratido: Margas brancas e castanhas, com intercalao
de calcrio rico em foraminferos.
Turoniano-Campaniana
Formao Ngolome: Margas cinzentas fossilferas.
Turoniano
Formao Itombe: Margas, argilas, areias argilosas.
Albiano
Formao Mucanzo: Areias com grs avermelhados com intercalaes
dolomticas.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
39
N
FIGURA 23- Carta geolgica da bacia do Cuanza (1968 1972/Total Cap).
BONDO, H. e CARVALHO, I.
40
3.6 COLUNA LITOESTRATIGRFICA
Com base na coluna litoestratigrfica da bacia do Kwanza, (Figura 24) foi possvel
delimitar os intervalos estudados, em funo das diferentes formaes presentes na referida
coluna, e as litologias identificadas na rea de estudo, das quais algumas foram submetidas
anlise micropaleontolgica permitindo posteriormente a determinao da seguinte
sequncia estratigrfica:
Um pacote constitudo por areias com grs avermelhados de idade Albiana;
Um pacote de areia argilosa de idade Tutoniano;
Um pacote constitudo por margas e calcrias lumachelles inoceramos; de idade
Maastrichiana;
Um pacote constitudo por argilas, calcrios e margas (plaquettes septarios) de idade
Eocnica;
Um pacote de areias vermelhas de idade Plio-Quaternria.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
41
Legenda
Figura 24 Coluna litoestratigrficas da bacia do Kwanza (WEC1991).
Intervalos estudados
BONDO, H. e CARVALHO, I.
42
Tabela 2 - Localizao geogrfica dos afloramentos estudados
AFLORAMENTO
COORDENADAS
LATITUDE (S) LONGITUDE (E)
ALTITUDE (m)
Afloramento (AFT 1) 80 26 51,6 130 2359,1 13
Afloramento (AFT 2) 80 27 16,4 130 24 5,2 09
Afloramento (AFT 3) 80 27 41,4 130 25 0,3 42
O estudo geolgico realizado em algumas zonas do municpio do Dande teve como base,
o reconhecimento geolgico da rea de estudo, o levantamento de alguns afloramentos, bem
como a interpretao das distintas seces litolgicas (logs), e posteriormente a elaborao
do esboo litolgico da rea.
O afloramento designado por AF1 (Figura 25) notvel a presena de sulcos devido a
eroso pluvial, e constitudo por margas amarelas e argilas siltosas de colorao escura.
O afloramento designado AF2 (Figura 26) constitudo por conglomerados e areias
vermelhas.
O afloramento designado AF3 (Figura 27) constitudo por areias conglomerticas
intercaladas com margas brancas e areias vermelhas.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
43
FIGURA 25- Afloramento (AF1) situado na zona de Cabacaa, evidenciando (a) Marga amarela e
(b) argilas siltosas de cor castanha escura.
NW SE
Sulco
s
a
b
Camadas inclinadas
BONDO, H. e CARVALHO, I.
FIGURA 26 Afloramento (AF2) evidenciando os conglomerados e areias vermelhas.
FIGURA 27 Afloramento (AF3) evidenciando as margas de colorao branca.
NW SE
NW SE
44
BONDO, H. e CARVALHO, I.
3.7 IDENTIFICAO DA MICROFAUNA
No presente estudo, para a identificao e classificao dos microfsseis, foram
utilizados os trabalhos sistemticos propostos por Boltovskoy et al 1980, Martinez 1989,
Jenkins & Murray 1989, Koutsoukos & Klasz 2000.
De acordo com Tavares 2000, os microfsseis identificados nos furos de sondagem
prospectados na rea de estudo, fazem parte do grupo dos foraminferos, e segundo Vilela
2004, estes, so organismos pertencentes ao Filo Granuloreticulosa, pertencentes ao Reino
Protoctista, inseridos no Super-reino Eucaria.
Assim, as espcies foraminferas identificadas nos furos de sondagem so:
1-Globoratalia fohsi;
2-Textularia ripleyensis;
3- Globigerina Sp;
4-Gyroidina Girardana;
5-Heterohelix;
6-Melosira granulata;
7-M. Mercida L.;
8-Pyrgoella Sphaera;
9-Styliolina.
importante realar que, os estudos dos foraminferos contribuem na avaliao das
condies paleoambientais, pelo facto destes organismos apresentarem caractersticas
intrnsecas ecologicamente, o que confere ao grupo a posio de bioindicadores marinhos,
cujas espcies possuem hbito bentnicos ou plantnicos.
Os bentnicos vivem junto ao substrato marinho, ou permanecem enterrados
superficialmente podendo ser mveis ou fixos ao substrato.
Os plantnicos vivem flutuando na lmina de gua, com movimentao dada basicamente
por subidas e descidas diurnas na zona ftica dos oceanos, sendo dispersos pela aco de
correntes (Vilela 2004).
45
BONDO, H. e CARVALHO, I.
46
3.8 PALEOAMBIENTE
Tal como foi referenciado, os foraminferos tm importncia fundamental para estudos
do paleoambiente deposicional e respectivas paleobatimetrias, tornando possvel utiliza-los
para anlise de grandes variaes oceanogrficas, ocorridas durante o tempo geolgico.
Para Beurlen & Regali 1987, determinadas associaes de foraminferos marcam
eventos paleoambientais e bioestratigrficos, como por exemplo sistema de circulao em
guas profundas.
Os ambientes marinhos tm seus limites mais ou menos posicionados na mesma
profundidade em que ocorrem as mais significativas mudanas fisiogrficas do fundo
ocenico. Assim sendo para Antunes & Melo (2001), ambiente nertico ou plataforma, varia
de 0 a 200m de profundidade; ambiente batial ou talude, varia de 200 a 4000m de
profundidade e ambiente abissal, que caracterizado por profundidades variando de 4000 a
11000m.
De acordo ainda com o trabalho de Beurlen & Regali (1987), realizado na bacia Par-
Maranho (costa Sul-Americana) as diferentes associaes de foraminferos podem ser
utilizadas para definir e caracterizar a paleobatimetria durante os Perodos Cretceo e
Tercirio.
Tendo em conta que, os foraminferos so de ambiente marinho, foi possvel com base nos
trabalhos publicados por Koutsoukos & Klasz 2000, e tambm por Beurlen & Regali 1987,
definir as idades e os ambientes de algumas espcies identificadas neste trabalho.
A espcie Textularia ripleyensis (bentnico) e a Heterohelix (plantnico), foram
consideradas espcies mais abundantes, pelo facto de estarem presentes em quase todos
os furos de sondagem. Seguidamente, outras espcies como a Globorotalia fohsi, a
Globigerina Sp ambos (plantnicos), aparecem tambm consideravelmente nos furos de
sondagem.
Assim, a tabela 3, apresenta os ambientes das respectivas espcies, sobretudo o
hbito, que foi descrito segundo Seyve 1999, com corroborao dos trabalhos publicados de
Vilela 2004, Antunes & Melo 2001.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
47
Tabela 3 Provveis ambientes, hbitos, e idades das espcies de foraminferos
Espcie Idade Ambiente Hbito
Globoratalia fohsi Mioceno Batial Plantnico
Textularia ripleyensis Cretcico Superior Nertico raso Bentnico
Globigerina Sp Mioceno Inferior Abissal Plantnico
Gyroidina Girardana Cretcico Superior Nertico profundo Bentnico
Heterohelix Cretcico Superior Abissal Plantnico
Melosira granulata Plioceno superior ? Bentnico
M. Mercida L. Cretcico Nertico Bentnico
Pyrgoella Sphaera Plioceno ? Bentnico
Styliolina ? Abissal Bentnico
A partir da anlise integrada dos dados bioestratigrficos, pode-se afirmar que, as
associaes de foraminferos, sua ocorrncia e distribuio, respondem eficientemente ao
gradiente de profundidade. Tal resposta permitiu distinguir ambiente marinho, do Batial ao
Abissal.
Uma vez que, essas espcies esto distribudas desde o Cretceo ao Cenozico,
sugere-se uma paleobatimetria da rea, variando do Batial ao Abissal.
Assim, na figura abaixo est representada segundo Antunes & Melo, um modelo
diagramtico generalizado dos ambientes, ilustrando o habitat, e frequncia relativa de
foraminferos plantnicos e bentnicos.
Tal modelo vem corroborar a partir da anlise integrada do mesmo, e as espcies de
foraminferos identificadas nos diferentes furos de sondagem o paleoambiente da rea de
estudo.
Assim, com base no modelo, os foraminferos plantnicos so relativamente raros e
comuns no ambiente nertico, sendo muito abundantes no ambiente batial e raros no
ambiente abissal. J os foraminferos bentnicos tm uma extensa distribuio em relao
aos plantnicos, ou seja, so comuns em ambiente transicional (lagunar, praia, delta,
BONDO, H. e CARVALHO, I.
48
esturio, e plancie de mar), abundantes em ambiente nertico, e comuns - raros em
ambiente batial.
FIGURA 28 Distribuio paleoambiental dos foraminferos plantnicos e bentnicos
BONDO, H. e CARVALHO, I.
49
3.9 MAPA DE AMOSTRAGEM
Na figura que se segue, est representada de maneira geral a rea de estudo, bem
como os pontos correspondentes aos locais onde foram realizados os furos de sondagem e
os respectivos ensaios (SPT). importante realar que, os autores tiveram apenas acesso
as coordenadas dos furos de sondagem Sp18, Sp19, e Sp20, sem a respectiva informao
geotcnica, o que possibilitou apenas o lanamento das coordenadas no mapa referente a
rea de estudo.
FIGURA 29 Mapa de Amostragem
BONDO, H. e CARVALHO, I.
50
3.10 DESCRIO DAS SECES LITOLGICAS (LOGS)
A recolha de amostras de calhas (remexidas) durante a realizao dos furos
de sondagem, bem como os testemunhos recolhidos com o amostrador Terzaghi
permitiram observar a variao litolgica em profundidade, em que a cor dos
diferentes depsitos foi descrita com base Munsell (1954).
A seco litolgica (log) designada sondagem SP10 (Figura 30) tem um
profundidade mxima de 10.5m, e constitudo da base ao topo por areia fina de
colorao amarelada, entre os 3-4 metros apresenta nveis de dolomites e entre os
8.6-9m, no foi possvel recuperar amostras.
Sondagem : SP10 Local: Calenguela Prof. Final(m) -10.05
Observaes:
Areia fina 4/3/10YR
Areia fina com nveis de dolomites, fragmentos de conchas 4/3/10YR
4/3/10YR
Amostra no recuperada
Areia fina 4/3/10YR
FIGURA 30 Sondagem SP10
BONDO, H. e CARVALHO, I.
51
A seco litolgica (log) designada sondagem SP1 (Figura 31) tem uma
profundidade mxima de 10.30m, e constitudo por margas e argilas de colorao
amarela clara, em que entre os 4.45-9m no foi possvel no recuperar amostras.
Sondagem: SP1 Local: Cabacaa Prof. Final(m) -10.30
Observao:
Margas 8/2/2.5Y com presena de fssil (textulria ripleyensis)
Argilas 8/2/2.5Y (azoica)
Margas 8/2/2.5Y com presena de fssil (textulria ripleyensis, giroidina girardana)
Amostras no recuperadas
Margas 8/2/2.5Y com presena de fssil
(textulria ripleyensis)
FIGURA 31- Sondagem SP1
BONDO, H. e CARVALHO, I.
52
A seco litolgica (log) designada sondagem rotativa SP2 (Figura 32) tem
uma profundidade mxima de 4m, e constitudo por margas amarelas
esbranquiadas entre 0-3m, e entre 3-4m a colorao acinzentada com nveis
ferruginosos e micas, reage activamente com HCI.
Sondagem:SP2 Rotativa Local:Cabacaa Prof. Final(m) -4 Observao:
Marga 4/6/5YR, compacta com conglomerados.
Margas 4/6/5YR, com nveis ferruginoso e micas, com
presena de fssil (heterohelix, textulria ripleyensis)
Margas 8/1/5Y com nveis ferruginosos e micas, com presena de
fssil (textulria ripleyensis)
FIGURA 32 Sondagem SP2
A seco litolgica (log) designada sondagem SP4 (Figura 33) tem uma
profundidade mxima de 17.13m, e constitudo por areias de granulomtria mdia
grosseira, de colorao amarela castanho claro, siltes de cor amarelo claro e
BONDO, H. e CARVALHO, I.
53
argilas de colorao amarela clara, em que, no foi possvel recuperar amostras aos
3, 6 e 15m de profundidade.
Sondagem : SP4 Local: Cabacaa Prof. Final(m) -17.13
Observao:
Areia mdia, com fragmentos de conchas 4/6/5YR
Amostra no recuperada
Areia grosseira com fragmentos de conhas 7/3/10YR
Amostra no recuperada
Silte 8/4/2.5Y, com presena de fssil (textulria
ripleyensis)
Argila 8/3/5Y, com presena de fssil (gyroidina girardana, textulria ripleyensis)
Amostra no recuperada
Argila 8/3/5Y, com presena de fssil (heterohelix)
FIGURA 33 - Sondagem SP4
BONDO, H. e CARVALHO, I.
54
A seco litolgica (log) designada sondagem SP6 (Figura 34) tem uma
profundidade mxima de 12.30m, e constitudo por areias mdias grosseiras, de
colorao castanha a verde olive, siltes de cor verde acastanhado amarelo claro.
Sondagem : SP6 Local: Catumbo Prof. Final(m) -12.30
Observao:
Areia mdia, com restos de moluscos
5/4/10YR
Areia grosseira 5/2/5Y
Silte 6/4/5Y
Silte 7/3/5Y, com presena de fssil (textulria ripleyensis)
FIGURA 34 Sondagem SP6
A seco litolgica (log) designada sondagem SP9 (Figura 34) tem uma
profundidade mxima de 37.30m, e constitudo por uma alternncia na
granulometria das areias, que vo desde finas, mdias e grosseiras. A partir dos
9.45m constitudo por argilas de colorao cinzento esverdeado carregado.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
55
Sondagem : SP9 Local: Pambala Prof. Final(m) -37.30 Observao:
Areia fina, com restos de conchas 7/4/10YR
Areia mdia 4/4/10YR
Areia fina 7/4/10YR
Areia grosseira 5/4/10YR
Areia fina 5/4/2.5Y
Amostra no recuperada
Argila 3/2/5Y
Com presena de fssil (gyroidina girardana, heterohelix,
textulria ripleyensis)
FIGURA 34 Sondagem SP9
A seco litolgica (log) designada sondagem SP11 (Figura 35) tem uma
profundidade mxima de 36.45m, e constitudo por areias finas, mdias e grosseiras
BONDO, H. e CARVALHO, I.
56
de colorao castanha cinzenta, j nas argilas a colorao varia de castanhas
cinzentas.
Sondagem : SP11 Local: Calenguela Prof. Final(m) -36.45
Observao:
Areia fina 3/2/7.5YR
Areia mdia 4/4/7.5YR 8/4/10YR 5/4/10YR 5/4/2.5Y
Areia grosseira 5/3/5Y
Areia fina 5/2/Y
Argila 8/4/10YR 4/2/5Y
3/2/5Y, azica
Areia mdia 4/2/5Y
Argila 3/2/5Y, azica
Areia fina 4/2/5Y
Argila 4/2/5Y, azica
Amostra no recuperada
Argila 4/2/5Y, azica
Areia fina 5/2/Y
Argila 4/4/5YR, azica
Areia fina 8/4/10YR
As areias possuem todas fragmentos de conchas
FIGURA 35 Sondagem SP11
Textura
BONDO, H. e CARVALHO, I.
57
A seco litolgica (log) designada sondagem SP17 (Figura 36) tem uma
profundidade mxima de 20.28m, e constitudo por margas castanhas escuras entre
os 0-1.50m, e argilas de colorao cinzenta escura, com laminaes de gesso
Sondagem:SP17 Local: Pambala Prof. Final(m) -20.28
Observao:
Margas 8/2/2.5Y, reage fracamente com HCl, com presena de
fssil (heterohelix)
Argila 3/2/5Y com laminaes de gesso secundrio.
Argila 3/2/5Y, azica
Argila 3/2/5Y com laminaes de gesso secundrio
Argila 3/2/5Y, azica
Argila 3/2/5Y laminaes de gesso secundrio.
Argila 3/2/5Y, azica
Argila 3/2/5Y com laminaes de gesso secundrio.
Argila 3/2/5Y, azica
FIGURA 36 Sondagem SP17
BONDO, H. e CARVALHO, I.
58
A seco litolgica (log) designada sondagem SP3 (Figura 37) tem uma
profundidade mxima de 16.45m, e constitudo por margas de colorao amarela
esbranquiadas, e argilas de colorao cinzenta clara, em que entre 0-4.45m no foi
possvel recuperar amostras.
Sondagem : SP3 Local: Cabacaa Prof. Final(m) -16.45 Observao:
Amostras no recuperada
Margas 8/1/5Y, reage facilmente com HCl, com presena de fsseis (textulria ripleyensis, heterohelix)
Amostra no recuperada
Marga 8/1/5Y, reage facilmente com HCl
Argila 8/2/5Y, azica
FIGURA 37 Sondagem SP3
BONDO, H. e CARVALHO, I.
59
A seco litolgica (log) designada sondagem SP16 (Figura 38) tem uma
profundidade mxima de 10.45m, e constitudo por margas de colorao amarela
esbranquiadas, e siltes de colorao cinzenta clara.
Sondagem : SP16 Local: Pambala Prof. Final(m) -10.45
Observao:
Marga 8/4/2.5Y, reage fortemente com o HCl, azica
Silte 4/2/5Y, azica
FIGURA 38 Sondagem SP16
A seco litolgica (log) designada sondagem SP15 (Figura 39) tem uma
profundidade mxima de 11.45m, e constitudo por um pacote de silte de colorao
amarelada, e argilas de colorao castanha amareladas.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
60
Sondagem : SP15 Local: Pambala Prof. Final(m) -11.45
Observao:
Argilas 5/Y/10YR, azica
Siltes 8/2/2.5Y, azica
Argilas 5/Y/10YR, com presena de fssil (globorotlia)
A seco litolgica (log) designada sondagem SP8 (Figura 40) tem uma
profundidade mxima de 20.40m, e constitudo por um pacote nico de argilas de
colorao variando de castanha escura amarelada amarela clara.
FIGURA 39 Sondagem SP15
BONDO, H. e CARVALHO, I.
61
Sondagem : SP8 Local: Pambala Prof. Final(m) -20.40
Observao:
Argila 3/4/10YR, com presena de fsseis (heterohelix, M. Mercida)
8/4/2.5Y, com presena de fsseis (heterohelix)
8/4/2.5Y
FIGURA 40 Sondagem SP8
A seco litolgica (log) designada sondagem SP12 (Figura 41) tem uma
profundidade mxima de 9.06m, e constitudo por areia fina de colorao castanha
BONDO, H. e CARVALHO, I.
62
amarela, em que entre os 0-1.45m registou-se microconglomerados, entre os 2.45-
4m verificou-se nveis de siltes, e entre os 7-8m no foi possvel recuperar amostras.
Sondagem : SP12 Local: Pambala Prof. Final(m) -9.06
Observao:
Areia fina com seixos ligeiramente achatados
Areia fina com nveis de silte
Amostra no recuperada
Areia fina
FIGURA 41 Sondagem SP12
A seco litolgica (log) designada sondagem SP5 (Figura 42) tem uma
profundidade mxima de 12m, e constitudo por argilas de colorao variando de
amarela clara cinzenta clara, em que determinadas profundidades no foi possvel
recuperar amostras.
BONDO, H. e CARVALHO, I.
63
Sondagem : SP5 Local: Catumbo Prof. Final(m) -12
Observao:
Argila 7/3/5Y com presena de fssil (gyroidina girardana) 8/1/5Y 8/2/5Y
6/3/5Y com presena de fssil (gyroidina girardana)
Amostra no recuperada
Argila 8/2/5Y, com presena de fssil (heterohelix) 7/6/5Y
Amostra no recuperada
Argila 7/6/5Y,