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Neto Valente e a reforma política MUDAR PARA QUE TUDO FIQUE NA MESMA • Página 4 TEMPO MUITO NUBLADO MIN 11 MAX 16 HUMIDADE 40-80% CÂMBIOS EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 2 DE DEZEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2506 PUB Ter para ler Ele é o homem que mais pelouros detém no governo de Macau. Mas na Assembleia Legislativa, na hora de defender as suas opções, limitou-se a discorrer sobre algumas ideias na área do Turismo. Saúde, Educação, Cultura e Assistência Social parecem ser temas que estão longe das suas preocupações. É que nem sequer a questão do reconhecimento dos médicos preocupa este governo, ou seja, a rebaldaria continua. > PÁGINAS 4 E 5 O Secretário Rolex LAG | Cheong U não adianta nem atrasa Fénix JAZZ CLUBE DE MACAU QUER RENASCER E TEM PLANOS • Página 13 Carlos Morais José MACAU E OS NEO-TUGAS II • Página 17 Jorge Rodrigues Simão A NOVA BIOLOGIA • Página 18 Arnaldo Gonçalves HK E O NOVO TESTE À AUTONOMIA • Página 19 OPINIÃO Restaurante BANZA GANHA PRÉMIO INTERNACIONAL • Página 9
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Hoje Macau 2 DEZ 2011 #2506

Mar 26, 2016

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Edição do Hoje Macau de 2 de Dezembro de 2011 • Ano X • N.º 2506
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Page 1: Hoje Macau 2 DEZ 2011 #2506

Neto Valentee a reforma política

MUDAR PARA QUETUDO FIQUENA MESMA• Página 4

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 11 MAX 16 HUMIDADE 40-80% • CÂMBIOS EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 2 DE DEZEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2506

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Ter para ler

Ele é o homem que mais pelouros detém no governo de Macau. Mas na Assembleia Legislativa, na hora de defender as suas opções, limitou-se a discorrer sobre algumas ideias na área do Turismo. Saúde, Educação, Cultura e Assistência Social parecem ser temas que estão longe das suas preocupações. É que nem sequer a questão do reconhecimento dos médicos preocupa este governo, ou seja, a rebaldaria continua.> PÁGINAS 4 E 5

O Secretário Rolex

LAG | Cheong U não adianta nem atrasa

Fénix

JAZZ CLUBE DE MACAU QUER RENASCERE TEM PLANOS

• Página 13

Carlos Morais José

MACAU EOS NEO-TUGAS II

• Página 17

Jorge Rodrigues Simão

A NOVA BIOLOGIA• Página 18

Arnaldo Gonçalves

HK E O NOVO TESTEÀ AUTONOMIA

• Página 19

OPINIÃO

Restaurante

BANZA GANHAPRÉMIO INTERNACIONAL

• Página 9

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

Mais uma jogada agressiva no geopolítico jogo de xadrez do Sudeste Asiático realizou o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, provocando, em primeira fase, preocupação na China e na Indonésia para o início de nova corrida ao armamento na região.

DURANTE a sua vi-sita na Austrália e, por ocasião de seu discurso no Parla-

mento Federal local, Obama anunciou (pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial) uma escalada de aumento dos efectivos das forças armadas norte-ame-ricanas - exército, marinha e, força aérea - na Austrália já a partir do início do ano que vem, até 2017.

De acordo com informa-ções de autoridades dos EUA e da Austrália, numa “pri-meira fase”, a sede das forças armadas norte-americanas na

O Ministério da Defesa Nacional da China criticou nesta quarta-feira a decisão dos EUA de fortalecer sua aliança militar com a Austrália. Durante a visita do presidente norte-americano, Barack Obama, à Austrália no início de Novembro, os dois países concordaram em expandir os programas militares conjuntos para fortalecer a aliança. Questionado sobre o tema, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Geng Yansheng, reagiu com a seguinte afirmação: “Qualquer consolidação ou expansão de uma aliança militar forjada na História segue o modelo da Guerra Fria”. Geng reafirmou a política da China de querer

que os países tomem acções favoráveis à paz e à estabilidade da região Ásia-Pacífico, porque esse é o interesse comum de todos os envolvidos. Geng revelou que o sub-chefe do Estado-maior General do Exército de Libertação do Povo Chinês, Ma Xiaotian, e o vice-director do Departamento de Defesa Nacional norte-americano, Michele Flournoy, vão presidir à 12ª ronda de negociações entre China e EUA sobre assuntos de defesa nacional, a ser realizada em 7 de Dezembro em Pequim. Na ocasião, as duas partes trocarão opiniões sobre relação entre os dois exércitos, situação regional e outras questões de interesse comum.

EUA aumentam a sua presença militar no Pacífico

Corrida às armasAustrália será a base militar de Darwin, situada no norte do continente australiano e distante a 820 quilómetros da Indonésia. A esta base chega-rão no início do ano que vem os primeiros fuzileiros navais dos EUA.

Foi esclarecido que os EUA não pretendem - pelo menos agora - construir as suas próprias bases mas, ao que tudo indica, utilizarão as bases e demais instalações militares australianas. Por isso, a base de Darwin não será a única que “hospedará” as forças terrestres e aéreas norte-americanas, as quais, iniciarão a realização de exer-cícios militares conjuntos com forças australianas.

Outra base programada para ser usada pelos EUA é a base naval de Sterling, situada perto de Perth, no sudeste australiano. Mas não se exclui o uso de outras bases navais, aeroportos militares e portos, porque está previsto um incessante vaivém de forças, terrestres e aéreas norte-americanas.

EVITAR SURPRESAS Supõe-se que, a nova in-vestida norte-americana na Austrália (a qual participa com toda a boa vontade em muitas intervenções como Iraque e Afeganistão) não ocorre somente no âmbito

da aliança estratégica bila-teral que já dura há 60 anos. Mas, como explicou Obama no seu discurso, “a Ásia constitui um desafio para a segurança e uma oportu-nidade para a economia”. Conforme esclareceu, ali (na Ásia) encontram-se as maiores forças nucleares do mundo e ali reside a metade da população da terra.

Obama acrescentou ainda que, “as evoluções (na Ásia) definirão e, muito, se o século XXI será marcado por confli-tos ou colaborações, por sofri-mento humano ou progresso humano. Aqui estamos e aqui permaneceremos, disse Oba-

ma. Referindo-se ao governo de Pequim declarou que “é errada a ideia de que tememos a China e que procuramos prejudicá-la”. Confirmou, ainda, que os EUA procurarão oportunidades de colabora-ção com o governo de Pequim, incluindo maior comunicação entre os exércitos, “a fim de promovermos a compreensão e evitarmos os erros”.

OBAMA NÃO CONVENCESó que as afirmações de Obama não convenceram ninguém. Antes pelo con-trário, aumentaram as pre-ocupações de outros países da região (por exemplo, da Indonésia) que vêem a região entrar num período de forte movimentação militar, com

visíveis características de uma nova e frenética corrida armamentista e escalada dos gastos na Defesa.

Para mais, quando as figu-ras da Casa Branca se esforça-vam para justificar a decisão do governo, “murmurando” aos jornalistas a quadruplicação dos gastos de defesa da China na última década, esta fazia a apresentação do novo caça bombardeiro chinês tipo “Ste-alth”, do novo porta-aviões da marinha chinesa e, de um modo geral, da modernização das forças armadas chinesas terrestres, navais e aéreas, bem como a decisão do governo de Pequim de reivindicar jazidas energéticas em regiões do sul do Mar da China, igualmente, reivindicadas por outros países como o Japão.

NOVA FASE DE TENSÕES Assim, a presença militar na Austrália provoca preo-cupações e uma autoridade da Indonésia apressou-se a observar que esta evolução provocará, eventualmente, um “círculo vicioso de tensão e desconfiança”.

Em Pequim, uma au-toridade do ministério das Relações Exteriores, observou que “não está na hora de intensificar alianças militares que não parecem ser em be-nefício da região”. Um artigo do jornal Diário do Povo, destacou que, “a Primeira--Ministra da Austrália, Julia Guilard, talvez ignore que

a cooperação económica Austrália-China não ameaça os EUA, mas a aliança militar da Austrália com os EUA é contra a China”. E o artigo conclui com uma advertência: “se a Austrália utilizar as suas bases militares para ajudar os EUA a atingirem os interesses da China, então, talvez fique entre fogo cruzado”.

Paralelamente, Yuan Peng, director do Instituto de Es-tudos Norte-Americanos da China para as Actuais Relações Internacionais, comentando no jornal Global Times a decisão do governo Obama de parti-cipar - pela primeira vez - na Cimeira do Sudeste Asiático, em Bali, Indonésia, disse que “esta opção dos EUA revela, claramente, a transferência do epicentro da estratégia dos EUA para o Oriente com o inte-resse dos EUA a concentrar-se na região da Ásia-Pacífico na próxima década”.

Destaca-se que, no mo-mento em que o presidente dos EUA chegava a Bali, Indonésia, para participar na cimeira, o exército norte--americano realizava na sua base no Hawai, o primeiro tiro experimental de um foguete supersónico teleguiado que, segundo se diz, proporcio-nará aos EUA a possibilida-de de atingir alvos dentro de uma hora em qualquer ponto do mundo, no âmbito do Programa “ Arma Avan-çada Supersónica (Advanced Hypersonic Weapon)”.

A conjuntura temporal e o simbolismo do lançamento experimental é, ao que tudo indica, indicativo dos novos planos que os EUA estão a preparar na região da Ásia--Pacífico, utilizando a Aus-trália como fronte.

MINISTÉRIO DA DEFESA CHINÊS REPROVA ALIANÇA MILITAR

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

3www.hojemacau.com.mo

Leia mais notícias sobre a China e a Ásia em www.hojemacau.com.mo@

O Banco da China infor-mou na quarta-feira que vai reduzir a taxa de reserva bancária

obrigatória em meio ponto per-centual, o primeiro corte deste tipo desde Dezembro de 2008. O corte basicamente liberta os bancos para emprestar mais dinheiro.

O corte feito em Pequim na tarde de quarta-feira animou os mercados europeus, com o índice de referência Stoxx Europe 600 em alta de 0,8% ao meio-dia, enquanto o FTSE de Londres também subia 0,8%.

O movimento sugere que a política do governo chinês está a mudar, dando menos ênfase ao controlo da inflação e passando a promover mais o crescimento económico, disse Ma Xiaoping, eco-nomista do HSBC para a China. Até agora a China tem-se concentrado no combate à inflação, aumentando as restrições sobre a economia e buscando, ao mesmo tempo, um crescimento estável. Mas a capa-cidade de Pequim de o conseguir

está a ser posta em causa, devido à contínua crise na Europa e ao fraco crescimento económico mundial.

No começo de Novembro, o resultado preliminar do Índice de Gerentes de Compras realizado pelo HSBC mostrou que a produção industrial, que é da mais alta impor-tância, tem vindo a encolher mês após mês. As exportações também diminuíram.

“Os dados das últimas semanas foram maus”, disse Mark Williams, economista para a China da Capital Economics. “Há crescimento zero na construção de imóveis, o cresci-mento da produção de electricidade diminuiu, os números das exporta-ções em Novembro serão péssimos, e talvez [os dirigentes] já tenham uma previsão de tudo isto. Todos estes factores podem ter provocado uma mudança na política.”

A iniciativa de quarta-feira re-duzirá a taxa de reserva mínima de capital para 21% para os grandes bancos. Isto vai libertar cerca de 390 mil milhões de yuans (cerca de

US$ 61 mil milhões) em fundos para os bancos emprestarem, segundo cálculos feitos pelo The Wall Stre-et Journal com base em dados de depósitos bancários em Outubro.

Há várias semanas, que os prin-cipais líderes chineses têm insinuado que a sua política será aperfeiçoada de modo a apoiar o crescimento. Mas até quarta-feira, a China estava a re-correr à flexibilização direccionada para apoiar pequenas indústrias em dificuldades, sem afrouxar a política monetária do país como um todo. No mês passado, o Conselho de Estado anunciou um conjunto de medidas destinadas a libertar mais fundos para as pequenas empresas, na esteira de uma série de acordos com fábricas na cidade costeira de Wenzhou, considerada um baróme-tro para as indústrias de pequeno e médio dimensão do país. Mais re-centemente, a autoridade monetária reduziu as exigências de reservas mínimas para algumas cooperativas rurais na província de Zhejiang, no leste da China.

A China disse na terça-feira que quer melhorar suas relações

com o Vaticano, com quem não mantém vínculos desde 1951, em assuntos como a ordenação de bispos, um dos aspectos de maior tensão entre Roma e Pequim, apesar de alguns acordos feitos.

“A China é sincera sobre o seu desejo de melhorar as rela-ções com o Vaticano e gostaria que isso acontecesse de acordo com uma série de princípios”, afirmou Hong Lei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, ao ser questionado por uma nova ordenação estipulada entre Pequim e Roma.

Hong explicou que, nos úl-timos anos, com o objectivo de facilitar a evangelização, a China ordenou um grupo de bispos “para promover a boa saúde do catolicismo chinês”.

Embora muitas dessas orde-nações tenham causado tensões entre ambos os Estados por não receberem o sinal verde do Papa, nos últimos cinco anos houve acordos.

Uma dessas nomeações foi feita esta quarta-feira, com a or-

denação de Peter Luo Xuegang como bispo auxiliar de Yibin, na província de Sichuan.

A ordenação de Luo conta com o sinal verde do Papa, segundo a “Asia News”, uma agência de notícias próxima ao Vaticano.

Mas Pequim exigiu ainda inclusão de um bispo que foi nomeado pela Igreja Católica Pa-triótica (controlada pelo Partido) e excomungado pelo Vaticano, Paul Lei Shiyin, actual presidente dos católicos chineses, de acordo com a mesma fonte.

O porta-voz da Igreja Pa-triótica da China não estava disponível na terça-feira para confirmar esse acordo sobre uma nomeação, embora em ocasiões anteriores tenha afirmado que Pequim mantinha um contacto discreto com Roma para nomear bispos e amenizar um dos prin-cipais motivos de conflito entre ambos os Estados.

O Vaticano e a China não man-têm relações diplomáticas desde 1951 e, para retomá-las, Pequim exige que a Santa Sé rompa previa-mente com Taiwan e não interfira nos assuntos internos chineses.

O Ministério da Saúde da China estima que o nú-

mero de mortes em decorrên-cia de Sida neste ano no país chegue a 28 mil, uma redução aproximada de 60% em rela-ção à quantidade registada em 2010, indica um relatório publicado pelo organismo na véspera do Dia Internacional de Luta Contra a Sida.

O relatório, que contou com a participação de es-pecialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Unaids, também contabilizou um aumento de 48 mil casos de portadores do vírus HIV, elevando o total de seroposi-tivos para 780 mil, entre eles 154 mil que desenvolveram a doença.

Estes números oficiais, no

Fraco desempenho económico leva China a reduzir exigências de reservas bancárias

O regresso do crédito

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MELHORAR RELAÇÕES COM VATICANO

Ainda cheira a bispo

SIDA | QUEDA DE 60% NO NÚMERO DE MORTES EM 2011

Mudança de atitude deu resultados

entanto, são colocados em dú-vida por algumas ONGs, que suspeitam que o verdadeiro número de afectados pelo HIV/Sida na China possa ser de vários milhões, devido ao desconhecimento da doença e do vírus.

O Ministério da Saúde chinês reconhece que o HIV continua a ser um problema “moderadamente prevalente

na China” e admite a gravida-de do caso, assinalando que o número de seropositivos no país equivale a um quinto do total no mundo. “Muitos seropositivos desenvolverão a doença no futuro, o que terá um impacto na economia e na sociedade do país”, afirma o Ministério.

Segundo o Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças, citado na quarta--feira pela agência de notícias Xinhua, a transmissão sexual do vírus tornou-se a forma mais frequente de infecção, enquanto, nos anos 1990, as transfusões de sangue eram a principal causa de contágio. A entidade alerta que os ho-mossexuais continuam a ser um grupo de alto risco.

A China registou seu primeiro caso de Sida em 1985, mas durante déca-das o governo comunista considerou-a uma doença “só de estrangeiros”. O tema tornou-se tabu no país, o que provocou o aumento das infecções, especialmente em negócios clandestinos de compra e venda de sangue sem as medidas sanitárias adequadas.

Na última década, no entanto, Pequim manifestou uma mudança significativa de atitude em relação à doença, sobretudo com campanhas de consciencialização para prevenção e contra a discri-minação a seropositivos, que durante anos foram margina-lizados na sociedade chinesa.

Parece que o meu artigo “Macau e os neo-tugas” terá causado algum desconforto entre alguns dos que se consideraram visados. Ora ainda bem. Isto prova duas coisas: primeiro, existem – o que por vezes nem sempre foi claro; segundo, sentem – o que significa que até poderão ser filhos de boa gente. Mas o que muitos não perceberam é que o meu artigo não atacava o José, o Manuel ou o Pedro. E também deixava de fora a Susana, a Paula e a Felismina. Carlos Morais José P.17

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

4www.hojemacau.com.mo POLÍTICA

NETO VALENTE | EXECUTIVO LIDERARÁ APESAR DA REFORMA DE 2012 A reforma política prevista para 2012 em Macau não vai alterar a correlação das forças de poderes, afirmou o membro da comissão eleitoral do líder do Governo Jorge Neto Valente, alertando que a China não o permitiria. “Creio que a questão é quais são as expectativas e quais serão os resultados?” em relação à reforma política anunciada recentemente pelo Governo para 2012, disse Neto Valente.Para o também presidente da Associação dos Advogados de Macau, “se algumas pessoas têm expectativas irrealistas vão ter grandes desilusões, porque a Lei Básica não consente alterações radicais à situação política actual, nem a China iria alguma vez permitir que isso sucedesse”.“Portanto, não vale a pena criar” essas expectativas, disse, ao considerar não ser mesmo “correcto tê-las”, constatando haver “pessoas que alimentam um espírito de que é possível mudar tudo e que a salvação mundial está no sufrágio universal e directo”, ideia sobre a qual manifestou descrença. Não prevendo “alterações radicais” com a reforma de 2012, Neto Valente apontou que o facto de aquela poder passar pelo aumento do número de membros da comissão que elege o chefe do Executivo “não irá alterar nada”, lembrando que os “candidatos terão sempre de ter o beneplácito do Governo central”.Quanto à estrutura do hemiciclo, o responsável previu a possibilidade de haver também um aumento do número de deputados eleitos por sufrágio directo que, realçou, “também não alterará nada”, nem o “facto essencial de que o regime político em Macau ser liderado pelo Executivo”. “Isto é claro na Lei Básica, não vai ser alterado, não está em discussão sequer e o Governo não vai responder perante a Assembleia Legislativa”, vincou ao verificar que o hemiciclo “não tem, portanto, poder para demitir o Governo”. Essa situação, apontou, “nunca acontecerá no quadro normal da Lei Básica e, por conseguinte, isso não altera o estilo da governação”.“E mais, isso dá ensejo a mais demagogia, porque há pessoas que prometem na campanha eleitoral que vão endireitar o mundo, mudar o Governo, vão fazer e acontecer quando não têm poder nenhum para isso, pois quem diz o que se faz é o Governo, não é a Assembleia”, salientou.Os deputados, disse, “mesmo os que são bons - e há muitos que não o são - não têm poder para impor ao Governo o que quer que seja”. Neto Valente afirmou ainda não acreditar que os deputados nomeados pelo Executivo desapareçam, como em Hong Kong, mas que venham a ter uma proporção no hemiciclo “cada vez mais reduzida” com o aumento dos eleitos pelos sufrágios directo e indirecto.“Os nomeados não são uma ideia abstrusa, é a maneira de compensar deficiências que resultam da mera demagogia da propaganda eleitoral”, disse, realçando que “há muita gente que pode ir para a Assembleia quase sem saber ler nem escrever”.Quanto ao sufrágio universal, Neto Valente considerou que Macau poderá “talvez ter hipótese” de o conseguir, citando um responsável político de Pequim que recentemente afirmou que a China “pensa em ter eleições universais em 2037”.“Antes disso vai ser muito difícil [que Macau venha a ter sufrágio universal], não me parece nada plausível nem sequer aconselhável”, concluiu.

Joana [email protected]

FALOU-SE de futebol, do Benfica e do Barcelona, mas muito pouco sobre as questões mais polémicas. A apresentação das Linhas de Acção

Governativa (LAG) da tutela de Cheong U foi longa, mas nem por isso trouxe novidades.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura aproveitou cinco horas para ler o discurso das LAG para a sua tutela e ouvir os deputados, mas adiou as respostas às dúvidas mais persistentes para hoje, último dia em que estará presente na AL.

Apenas com uma intervenção, o res-ponsável que tem a pasta mais longa do Governo, limitou-se a frisar medidas já anunciadas.

A criação do Fundo de Ensino Supe-rior – que atribui duas mil patacas a cada estudante – e o aumento do limite do rendi-mento da família dos candidatos às bolsas de estudo estão nas intenções do Executivo.

Ainda na área da educação, Cheong U diz ainda que vai manter o apoio a quem queira estudar no exterior.

A educação e os jovens estiveram, aliás, no centro das interpelações dos deputados.

Para Chan Meng Kam, o sistema educativo tem de ser melhorado, por não estar a acompanhar o desenvolvimento da sociedade. “Hoje em dia, os jovens não

NÃO se pode permitir que os outros digam que Macau é

só jogo. Quem o afirma é Kou Hou In, exigindo que o Execu-tivo mude a ideia dos turistas sobre a cidade.

Os deputados falaram sobre o turismo, ontem, na Assem-bleia Legislativa (AL), em dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG). Querem mais promoção dos conteúdos culturais de Macau, diversificação dos visitantes e esclarecimentos sobre os cons-tantes conflitos entre turistas e agências de viagem.

Responder a estas questões não foi difícil para Cheong U, ao contrário do que aconteceu com outras áreas. O secretário apresentou-se sorridente, escla-recendo que estão em marcha

campanhas promocionais ino-vadoras e muitas ideias para trazer a Macau visitantes que não cheguem da China, Taiwan ou Hong Kong.

“Queremos atrair turistas da Rússia, Índia e França. A Índia já tem publicidade de Macau e vamos ter voos da Rússia. Estamos em contactos com as autoridades dos países sobre a política da isenção de vistos.”

Na diversidade das atracções do território, Cheong U promete mais projectos “dentro de dois ou três anos”, que incluem, por exemplo, estágios do Sport Lis-boa e Benfica e do Futbol Club Barcelona nos campos de Macau, além de jogos com estrelas da NBA.

Chamar turistas passa ainda por publicitar o território em

canais internacionais – não dos casinos, mas dos hotéis e resorts – e organizar eventos de grande envergadura. Cheong U não esquece, contudo, os “cantos de Macau”. Quer enchê-los de palhaços com balões, “para que as crianças relembrem Macau”, e riquexós para fotografias. Nem o rio escapa ao secretário, que imagina ainda um barco à vela para passear turistas. “Quere-mos transformar Macau numa metrópole de cultura, não só numa cidade de jogo.”

CONFLITOS EQUILIBRADOS Ideias novas à parte, os depu-tados quiseram pôr o dedo na ferida. O sector do turismo vive manchado de conflitos, algo que precisa de resolução. Criar um mecanismo de responsabiliza-

ção é o que querem os membros da AL, para que o Governo não tenha de estar sempre a assumir culpas, só para não prejudicar a imagem do território.

Cheong U diz que a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) indemniza turistas, por vezes, para evitar que a situação se agrave, mas promete deixar de fazê-lo quando a responsabili-dade não for da RAEM. “Que-remos conciliações, para que os turistas não fiquem com uma má imagem, mas precisamos encontrar um equilíbrio: não ser nem muito rigorosos nem muito complacentes.”

Criar mecanismos de diálogo com as agências da China é uma hipótese para evitar conflitos, bem como a revisão de algumas leis. - J.F.

LAG | Cheong U adia esclarecimentos para 2ª ronda

Muitas parras, poucas uvas

MUITAS IDEIAS PARA TRANSFORMAR MACAU NUM CENTRO DE TURISMO

Turistas, palhaços e futebol

querem continuar o ensino superior, porque querem logo entrar no mercado do jogo.” O deputado considera que a população mais nova de Macau está num caminho arriscado, seguindo por vias ilícitas. Problemas que, assegura, não se resolvem só com dinheiro.

Ng Kuok Cheong criticou o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura por “não estar a par das realidades” e de não se mexer quanto às legislações. “Disse que faltavam diplomas complementares para implementar a Lei de Ensino Superior. Mas esta passou em 2009, 2010 e, agora, 2011. Para quando essa lei?”

Já José Chui Sai Peng preferiu virar-se para a questão do ensino técnico-profis-sional, algo que considera não estar nada desenvolvido no território.

Cheong U aceita que devem ser me-lhoradas as situações ligadas ao ensino, mas mostra-se satisfeito noutra vertente: os jovens estão motivados a participar na vida política.

Entre outras questões que suscitaram debate, além do turismo e do desporto, a maioria das respostas ficou “para a segunda ronda”, por opção do secretário.

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

5www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

REDUZIR as situações de erro médico é objectivo do Governo, segundo o se-cretário para os Assuntos

Sociais e Cultura, mas ainda não se sabe como cruzar essa meta. Che-ong U esteve ontem na Assembleia Legislativa (AL), para o primeiro dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para a sua tutela, mas não disse nada de concreto.

Lau Veng Seng foi o primeiro a questionar Cheong U: “para quan-do um regime de credenciação do pessoal médico?”. Actualmente, relembrou o deputado, este é um sistema que não existe no território, o que faz com que a qualidade dos profissionais de saúde seja muito baixa. O secretário assume a neces-sidade de se melhorar a situação de Macau no que a este sector diz respeito, mas diz apenas que “em 2012, com a criação do Conselho Médico, poderá existir um sistema de certificação para a profissão”. O Conselho para os Assuntos Médicos inicia funções no princípio do ano.

Os problemas nos serviços de saúde não são desconhecidos e resumem-se não só à falta de recursos humanos, como à baixa qualidade dos que existem, por não terem formação constante.

Este ano, Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), já teve de prestar contas publicamente so-bre o assunto, depois de um relató-rio do Comissariado de Auditoria (CA) ter denunciado ausências de formação actualizada em dez áreas de especialidade.

“Os SS já disseram que vão ace-lerar formação e criar mais vagas para internatos médicos, mas o ní-vel profissional do pessoal médico preocupa”, critica Lau Veng Seng.

Kwan Tsui Hang colocou tam-bém a saúde na lista de interpela-ções. A deputada admite existirem infra-estruturas suficientes para a área da saúde, mas nega que este seja o único factor para elevar a qualidade profissional. Kwan Tsui Hang quis saber se há já planea-mentos para a formação de quadros qualificados, mas essa foi uma das muitas questões que ontem ficaram por responder.

Para a deputada, o problema não reside, contudo, apenas na

NO próximo ano, o território vai ter mais 14 lares para portadores de deficiência

e um número indeterminado de centros de acolhimento para os idosos. O anúncio foi feito ontem, na Assembleia Legislativa (AL), por Cheong U. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura ouviu as opiniões dos depu-tados, apesar de não se ter estendido muito em medidas mais concretas.

Lau Veng Seng mostrou-se satisfeito com a adopção da Convenção para os Direitos dos Cidadãos com Deficiência, mas quis marcar a sua posição: o Governo, diz o deputado, tem de aplicar políticas que não se limitem a apoios de subsistência ou tratamento de doenças. Na sua opinião, o Executivo deve apoiar a integração dos deficientes na sociedade, de forma a que eles não dependam puramente do apoio administrativo.

Actualmente, há 400 vagas preenchidas nos lares de deficientes e 50 cidadãos na lista de espera. Até 2015, diz o secretário, prevê-se a abertura de mais 440 vagas.

Agregado à necessidade de criar mais locais para os portadores de deficiência do território, está ainda o ensino especial. Angela Leong foi a deputada que deu início à temática, relembrando que, desde Setembro de 2009, está previsto aumentar de seis para 15 anos o ensino especial gratuito, algo que ainda não se concretizou. “Os deficientes mentais precisam de cursos relacionados com a vida quotidiana, técnicas de rotina normal, para que possam fazê-las sozinhos.”

Cheong U admitiu ter muitas dificuldades no recrutamento de docentes, algo já muito debatido no seio governamental.

IDOSOS MERECEM MAIS“Daqui a dez anos, quando a população estiver mais envelhecida, como dar mais apoio aos ci-dadãos idosos?”, questionou Chui Sai Cheong. A resposta da parte de Cheong U resumiu-se ao que já estava escrito nas LAG.

Com o aumento do risco social para 3200

patacas, o Governo decidiu subir também o subsídio anual para os cidadãos séniores, de cinco mil para seis mil patacas.

Nos próximos cinco anos, o Governo quer fornecer mais 800 camas para idosos, algo que não satisfaz Au Kam San. Os deputados pediram ontem não só mais lares, como mais enfermeiros e até sugeriram novas ideias. “Deveria ser criada a especialidade de geria-tria nos hospitais e serviços de saúde”, disse Kwan Tsui Hang.

Cheong U admitiu “não ter planos muito concretos acerca dos idosos”, mas adiantou a criação de mais de mil vagas em lares até 2015. Actualmente, 1300 vagas estão pre-enchidas e 300 idosos mantêm-se em lista de espera.

O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura quis salvaguardar-se no que já está a ser feito, recordando aos deputados que a Lei de Bases para as Garantias dos Idosos está em fase de elaboração. - J.F.

Médicos | Mais qualidade e menos erros talvez depois de haver Conselho dos profissionais

Quem trata da saúde à saúde?Cheong U ouviu as dúvidas dos deputados, mas não avançou nada de palpável para as esclarecer. Se há ideias para a formação de pessoal médico ou lei que regule a profissão, não estão no papel do secretário para os As-suntos Sociais e Cultura. Pode ser algo, diz, que se resolva com a criação do Conselho Médico, no próximo ano, e avança apenas com a possibilidade de formar auxiliares para ajudarem enfermeiros

MAIS LARES PARA DEFICIENTES E CENTROS DE IDOSOS ABREM PORTAS EM 2012

Seguir o que já está no papel

falta de médicos. “Precisamos da formação de médicos, mas de enfermeiros também. São eles os parceiros dos médicos na prestação de cuidados de saúde.”

Para tentar minimizar o proble-ma, Cheong U sugeriu a formação de auxiliares para que estes apoiem os enfermeiros nos hospitais.

Kou Hoi In foi mais directo. “As pessoas ricas que estão doentes vão a Hong Kong receber trata-mento.” Para este deputado, que acusa o Executivo de considerar o ‘mercado’ da saúde pequeno em Macau, copiar o vizinho podia ser a solução. “A RAEHK tem um

instituto de medicina e nós temos condições para instituir isso.”

O ERRO E A ESPERADe panorama muito pouco saudá-vel, a saúde de Macau não apre-senta só males ao nível da falta de recursos humanos.

O erro médico e as longas listas de espera também assustam os de-putados. Chan Meng Kam afirma que a “melhoria dos cuidados de saúde está estagnada, há dificulda-de na procura de serviços gratuitos no hospital e é preciso aguardar muitas horas para poder ter uma consulta”.

Au Kam San quis saber quan-do se pode resolver este proble-ma – uma questão que não foi respondida -, e sugeriu mesmo encaminhar alguns pacientes para serviços do privado, numa colaboração entre estas institui-ções e o Executivo.

MACAU MANTÉM O MESMO ÍNDICE DE PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃOA organização Transparência Internacional divulgou ontem o Índice de Percepção da Corrupção e Macau mantêm a posição 46.ª. O índice classifica 183 países e territórios com uma pontuação entre 0, que significa extremamente corrupto, e 10, muito transparente, tudo padronizado de acordo com os níveis de percepção da corrupção no sector público. Em relação ao último relatório, a RAEM obteve 5.1, a mesma pontuação do Bahrain e das Ilhas Maurícias, por exemplo. O nível de corrupção no território é assim uma preocupação. Mas não só Macau sofre com o mal. A Transparência Internacional revela que a maior parte dos países do continente têm pontuação inferior a cinco. A China ocupa a posição 75.º num ranking liderado pela Nova Zelândia.

Para Lau Veng Seng, a atitude actual perante os actos de erro ou negligência médica – que aconte-cem às centenas no território – não é positiva. “Resolver essas situações pecuniariamente não pode suprir o nível de sofrimento dos familiares em caso de erro médico.”

A Lei do Erro Médico deverá entrar em processo legislativo apenas no quarto trimestre de 2012, sendo que, mesmo em vigor, pode-rá não ser suficiente para resolver as questões actuais.

Lei Chin Ion, o director dos SS, também presente na AL, assegura que está nas intenções do Gover-no eliminar todos os problemas relativos à saúde. Ainda assim, o responsável apresentou dados mostrando que, mesmo com mais locais para escoar os pacientes, as situações não se resolvem. “O Posto de Urgência das Ilhas re-cebeu, desde 1 de Novembro até hoje, cerca de cem pacientes por dia. Mesmo assim, a redução foi muito ligeira e vai voltar a atingir o mesmo nível.”

O director prevê agora a pos-sibilidade de colaborações com instituições não lucrativas, pelo menos para o atendimento de pa-cientes em dia de feriados e noites.

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POLÍTICA

Virginia [email protected]

AS Linhas de Ac-ção Governativa (LAG) para o pró-ximo ano apresen-

tadas recentemente desperta-ram reticências por parte dos jovens de Macau, nomeada-mente no que diz respeito às políticas habitacionais pre-vistas. A conclusão foi avan-çada por representantes do grupo de política juvenil da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM), que apresenta-ram o relatório do inquérito “Satisfação da Juventude em relação ao Relatório das LAG 2012”. Em geral, no entanto, a juventude mostrou-se agra-

FRANCIS TAM | MACAO STUDIO CITY DENTRO DA LEIO secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, disse ontem que a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) ainda não recebeu qualquer pedido para introduzir novos elementos do jogo relativos ao projecto do Macao Studio City. Frisou ainda que irá cumprir escrupulosamente a política de regulamentação vigente, sendo que, no futuro, a DICJ, de acordo com a realidade, irá proceder à respectiva apreciação. Reiterou ainda que, a posição do governo, na política do controlo do desenvolvimento da indústria do jogo, especialmente na regulamentação do número de mesas, foi clara, sendo que até 2013 o número total de mesas de jogo não poderá ultrapassar as 5,500 unidades e, depois de 2013, exceder os 3% anuais.

CENTRO DE ABRIGO DE INVERNO DO IAS ESTARÁ ABERTO De acordo com a previsão feita pela Direcção dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, a temperatura do território ira sofrer uma descida gradual, pelo que o Instituto de Acção Social abriu, desde ontem, o Centro de Abrigo de Inverno do localizado na Rua do Asilo, na área da Ilha Verde. Nos próximos tempos estará aberto das 18h até às 10h do dia seguinte e quem quiser estar mais quentinho pode receber no local arroz cozido, bebidas e massa instantânea. O IAS tem apelado aos idosos e aos doentes crónicos para que prestem atenção às alterações climatéricas, resguardando-se melhor que possam do frio.

Juventude desagradada com política habitacional prevista nas LAG para 2012

Quem estuda também quer casa

dada com as novas políticas, com destaque positivo para as medidas previstas no ca-pítulo da educação e cultura.

Para o estudo, foram

enviados mil questionários, tendo sido recebidos de volta 844, dos quais 842 continham respostas válidas, conforme explicaram Leong Bo Ieng e

Cheong Chan Fai, membros do grupo de política juvenil da UGAMM. Mais de meta-de dos cidadãos inquiridos (com idades entre os 18 e os 45 anos) considerou as LAG 2012 como sendo “glo-balmente boas”, sendo que outros cerca de 30% as ava-liaram como “satisfatórias”. Apenas 6% declararam-se insatisfeitos. Houve pontos do relatório, no entanto, que não convenceram os jovens de todo, como foi o caso da habitação e do trânsito.

Em termos de política habitacional, os jovens en-trevistados mostraram-se decepcionados com medi-das pouco promissoras, inca-pazes de mudar a sua visão pouco optimista em relação à sua própria capacidade de um dia poder comprar uma moradia. Os jovens não dei-xaram contudo de sugerir ao Governo que continuasse a procurar controlar o merca-do imobiliário, permitindo que os preços da habitação regressassem a níveis ra-zoáveis e garantindo um desenvolvimento saudável do mercado. E recomenda-ram também que o Executi-vo considerasse introduzir alguma “habitação a preços controlados” para satisfa-zer a procura da chamada “classe sanduíche” (faixa da população que aufere rendimentos insuficientes para aceder ao mercado privado, mas acima do limite máximo para a candidatura a habitação pública).

Além da habitação, tam-bém as políticas de trânsito e de combate à inflação mere-ceram desconfiança por parte dos jovens. A maior parte dos inquiridos mostrou-se insatis-feita com o excesso de veículos no escasso território de Macau e a consequente pouca fluidez do tráfego, pelo que sugeriu ao Governo que limitasse gradualmente o aumento do número de veículos a circular, eliminando, por exemplo, os veículos com mais de 10 anos. Isto para reduzir os veículos a utilizar a via e optimizar a rede viária com vista a reduzir os engarrafamentos.

Entre as medidas que simultaneamente mais satisfa-ção e insatisfação recolheram junto dos jovens estão polí-ticas de combate à inflação. A aparente contradição foi explicada pelos responsáveis da UGAMM com o facto de os jovens concordarem que, em geral, as medidas a curto prazo são úteis para aliviar os efeitos imediatos da subida dos preços (com destaque para os cheques de apoio pecuniário aos residentes, subsídios à aquisição de mate-rial escolar e à aprendizagem sustentável, apoio aos idosos e subsídios à electricidade), mas considerarem que o Governo não apresentou quaisquer

medidas de longo prazo para combater efectivamente a inflação. O Executivo deveria por isso, sugere o grupo de estudo, diversificar as fontes abastecedoras de mercado-rias, aumentar a transpa-rência da fixação de preços, alargar o mercado grossista, combater os monopólios e importar mais concorrência para enfrentar a inflação a longo prazo.

Mas o capítulo que mais satisfação gerou junto dos jovens foi o da educação e cultura devido ao facto, segundo os autores do estudo, de a maioria dos entrevistados ainda fre-quentar estabelecimentos de ensino, sendo directamente beneficiados por medidas como a optimização dos pro-gramas de bolsas de estudo, facilitação dos empréstimos a estudantes, etc, medidas essas que aliviam o fardo das famílias e ajudam os jo-vens a concentrarem-se nos estudos. Com bons olhos foi também vista a introdução de uma base de dados de recursos humanos, planeada pelo Governo, que deverá proporcionar base científica e informação para orientar os jovens estudantes no planeamento das suas vidas e futuras carreiras.

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Proposta de novos salários não convence docentes das privadas

Professores contra fosso salarial

SOCIEDADE

Virginia [email protected]

A proposta de lei inti-tulada “Quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do

ensino não superior” não satisfaz os professores das escolas priva-das, de acordo com um estudo de opinião divulgado pela Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). E a parte que mais desagrado gerou foi a que define “Salários e Benefícios”. A FAOM encaminhou o estudo para o se-cretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Cheong U.

O estudo feito pela FAOM teve como alvo profissionais do quadro académico de jardins de infância, escolas primárias e secundárias do ensino privado, entrevistados com um questionário enviado pela Internet. Foram recebidos de volta 401 questionários com respostas válidas (abrangendo assim uma amostra de 7,6 por cento de todo pessoal académico de Macau). Os resultados mostraram que 70 por cento dos professores estavam insatisfeitos com a proposta de lei.

No que toca a “horários de trabalho, férias pagas, feriados e ausências”, 54,1 por cento mostraram-se insatisfeitos, sobre-tudo com a “falta de regulação clara sobre os subsídios às horas de trabalho extraordinárias, com alguns professores a terem de tra-

O DIREITO A DIZER “NÃO!”Alguns dos professores inquiridos expressaram na área em branco de livre opinião que, actualmente, os docentes estavam obrigados a demasiadas tarefas não-educativas, sem terem o direito de dizer “não”. Quanto aos níveis salariais, não parece haver uma diferença óbvia entre professores com grau de mestrado e licenciados, sem haver também salários-base regulados. Houve também quem sugerisse que o Governo deveria criar diferentes mecanismos de aposentadoria, para permitir que os professores tivessem opções consoante o seu próprio estado de saúde.

Gonçalo Lobo [email protected]

O deputado da Assembleia Legislativa (AL) José

Pereira Coutinho acusa o Go-verno de não ter respondido adequadamente às questões por si lançadas na última interpelação escrita acerca da polémica das sepulturas. Nesse sentido redigiu on-tem novo documento com o intuito de ver clarificada a posição do Chefe do Execu-tivo, Fernando Chui Sai On, nesta matéria.

O deputado pede respon-sabilidades ao líder máximo do Executivo lembrando-lhe que a investigação do Comis-sariado Contra a Corrupção

balhar aos sábados sem que isso conte para as férias pagas”, com os prejuízos associados, observou a FAOM. Além disso, “não há uma regulamentação clara para o limite máximo de horas de trabalho”.

Também 66,6 por cento dos in-quiridos se mostraram insatisfeitos com o capítulo “salários e benefí-cios”, sobretudo porque alegada-mente “não garante a segurança na vida pós-reforma”, “não traz

grandes mudanças na redução do fosso salarial entre os professores das públicas e das privadas” e porque “as remunerações dificil-mente reflectem o contributo a longo prazo do pessoal académico”. E o

capítulo “classificação, promoção e avaliações de trabalho” causou o desagrado de 66,3 por cento dos entrevistados, por “não haver um padrão unificado para as avalia-ções de desempenho no trabalho”, pela “falta de objectividade por os comités de avaliação serem pessoal das próprias escolas” e por “não poder aumentar efectivamente a motivação para o desenvolvimento profissional do pessoal académico”.

DIREITOS E OBRIGAÇÕESEmbora revelando que os profes-sores em geral estavam por dentro do que implicava a proposta de lei “Quadro geral do pessoal docente das escolas particulares do ensino não superior”, o conhecimento era mais preciso no que dizia respeito a direitos, protecção médica ou registo profissional. Por outro lado, era mais frágil a compreensão do que tinha a ver com obrigações, aprovação profissional do pessoal administrativo, gestão de transfe-rências ou segurança.

Nos questionários, havia um campo em branco para os profes-sores poderem expressar as suas opiniões. Algumas das apresenta-das defendiam que a proposta de lei deveria encurtar o fosso entre os salários praticados por escolas públicas e privadas. Sugeriam também ao Governo que tivesse diferentes níveis de subsídios, de acordo com as diferentes classi-ficações do pessoal académico, para evitar que as escolas privadas demitissem professores devido a problemas orçamentais. Outras opiniões sugeriam também que a distribuição de subsídios deveria manter-se após a reforma dos professores para garantir a sua qualidade de vida na velhice.

PEREIRA COUTINHO PROCURA MAIS ESCLARECIMENTOS SOBRE SEPULTURAS

Não morre por aqui(CCAC) mostra “claramente que a entidade tutelar não cumpriu o princípio da legali-dade previsto no artigo 3.º do Código de Processo Penal”. “Vai o Chefe do Executivo assumir as responsabilidades e substituir a secretária para a Administração e Justiça?”, questiona Pereira Coutinho.

O princípio da legalidade a que se refere o deputado está previsto pelo tal artigo 3.º do Código de Processo Penal e “é o princípio mais importante da actuação da

Administração: a Adminis-tração Pública deve obedecer à Lei e ao Direito”.

“O Chefe do Executivo tem de diligenciar no sentido de expurgar as ilegalidades e irregularidades verificadas no relatório do CCAC, mas pela via de uma comissão independente e não pela via da própria secretária que é parte integrante de todo o processo”, referiu Pereira Coutinho.

Basicamente, o deputa-do quer acção por parte de

Chui Sai On. Não tolera que só o CCAC, que considera de “independente”, possa fazer todas as investigações e questiona ainda do que é que é feito das queixas dos parti-culares que, “injustamente”, foram indeferidas.

Pereira Coutinho também não vai na “cantilena” de Florinda Chan. Considera um “show off” toda a história relacionada com o desapa-recimento dos documentos que saíram do Instituto para os Assuntos Cívicos e Muni-

cipais (IACM) e não compre-ende porque é que a deputada tem vindo a afirmar que “o assunto está a ser aproveitado talvez para outros motivos por trás”. “Que motivos?”, deseja saber Coutinho.

O caso foi despoletado por queixas de particulares. De acordo com o deputado, “nos meses antecedentes ao estabelecimento da RAEM, Florinda Chan, então direc-tora de um serviço público, pediu ao Leal Senado a con-cessão de uma sepultura per-

pétua (...) pedido indeferido”. “O problema é que em finais de 1999, talvez sabendo que iria ser indigitada para um cargo de secretária, voltou a efectuar um novo pedido por intermédio de um familiar directo”, lembrou Pereira Coutinho.

Em 2001, com base num Regulamento Interno, que veio a ser considerado ilegal pelo recente relatório do CCAC, foram concedidas dez sepulturas, “sendo uma atribuída a um familiar de uma assessora da secretária e amiga de longa data, e as restantes a oito familiares de pessoas que trabalharam nos serviços onde Florinda Chan foi directora”.

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SOCIEDADE

Nuno G. [email protected]

SEGUNDO um site inglês especializado em poker, Macau prepara-se para realizar o maior torneio

de sempre deste jogo, com um “prize money” de 800 milhões de patacas, recebendo o vencedor a astronómica soma de 200 milhões de patacas. Se tal acontecer, será um recorde que torna Macau um centro mundial de poker, naquilo que é visto como um ataque directo a Las Vegas, detentor desse título.

O site em questão (internet--poker.com.uk) refere que várias notícias têm sido publicadas sobre

Virginia [email protected]

TODAS as lâmpadas convencionais de iluminação urbana vão ser substituídas

por lâmpadas de díodo emissor de luz (LED, na sigla em inglês), que são mais económicas. Pelo menos é esse o plano do Governo, que vai arrancar já no próximo ano, conforme confirmou Arnaldo Ernesto dos Santos, coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE).

Em declarações ao jornal “Ou Mun”, o responsável avançou estarem já concluídas as fases de investigação e testes, estando actualmente a ser calculado o orçamento

O Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais

(IACM) afirma que não fa-voreceu o Centro Comercial Chi Fu. O deputado Pereira Coutinho dissera que as campanhas de solidariedade de organizações não lucra-tivas nunca eram ajudadas pelo IACM (limitar-se-ia a informar os funcionários), ao contrário da campanha que agora decorre, associa-da a uma entidade privada que busca o lucro (o centro comercial). O IACM adianta também que não é a primei-ra vez que utiliza os seus próprios serviços em acções solidariedade.

Sobre a campanha que agora se realiza, o instituto assume um papel preponde-rante. “O IACM é a entidade organizadora da actividade ‘Oferta de presentes de Natal para as crianças’ e co-organizadora, com a OR-BIS, da campanha ‘Oferecer Luz’. Como tal, e por ser a entidade responsável por essa organização, recolhe os donativos e fá-los chegar aos destinatários - crianças carenciadas de Macau e ORBIS, respectivamente. “

Além disso, garante que

Macau poderá tornar-se o centro mundial do poker

Quem quer 200 milhões de patacas?

LÂMPADAS ECONÓMICAS NA ILUMINAÇÃO URBANA EM 2012

LED ao fundo do túnelHIPOTÉTICAS VANTAGENS DADAS A CENTRO COMERCIAL

IACM nega favorecimentoda operação. Assim que arrancar em 2012, a substituição de todas as lâmpadas de rua deverá ser concluída dentro de cinco anos. Entretanto, os vários departamentos governamentais começaram já a usar as luzes LED a título experimental e como forma de poupar energia.

Outra das questões abordadas por Arnaldo Santos foi a da pouco provável introdução de um sistema uniformizado próprio de rotulagem com informação de consumo energético nos dispositivos eléc-tricos e electrónicos à venda no mercado. Dada a pequena dimensão do mercado, Macau não está em condições de avançar com os seus próprios rótulos, dado que isso implicaria submeter os aparelhos a uma série de testes, com custos elevados, explicou o coordenador do GDSE. No entanto, observou Santos, Macau é um mercado livre onde se podem encontrar electrodomésticos originários da Europa, Hong Kong e da China Continental, com os seus respectivos rótulos energéticos. À falta de um padrão próprio, o GDSE recomenda aos consumidores que tenham mesmo assim em atenção a informação de eficiência energética presente nos aparelhos de diferentes origens.

O responsável sublinhou que as acções de promoção da eficiência energética serão intensificadas no futuro, de forma a que a população esteja mais atenta à informação sobre consumo constante nos diferentes aparelhos eléctricos e electrónicos, e empenhada num esforço conjunto para poupar energia.

a colaboração de fornecedo-res não é uma estreia. “No passado, a referida activida-de teve contornos diferentes: o público podia comprar presentes e entregá-los ao IACM, mas essa possibili-dade revelou desvantagens (nem sempre os presentes correspondiam ao valor previamente estipulado ou não eram artigos novos). Por esse motivo, optou-se pelo actual método e que se realiza com a colaboração de um fornecedor local - o Centro Comercial Chi Fui - não sendo por isso, um procedimento inédito. “

Contudo, a acusação de

Pereira Coutinho não é in-fundada, tal como reconhece o IACM. “No que se refere a outras campanhas pro-movidas por entidades de Macau que solicitam apoio ao IACM na divulgação, o Instituto, quando entende que se tratam de causas meritórias, divulga-as junto dos seus trabalhadores mas são eles que fazem a entrega do donativo directamente a essas entidades.”

Em suma, o IACM jus-tifica recorrer ao Centro Comercial Chi Fu por ser fornecedor de uma campa-nha organizada pelo próprio instituto. - N.G.P

o assunto. Se é apenas um rumor em crescimento ou uma realidade possível, o futuro dirá. Há factos, contudo, a apoiar esta hipótese. Primeiro, que Macau é o centro mundial do jogo, superando Las Vegas em facturação. Em segundo, é também número um no que diz respeito ao bacará, outro jogo míti-co de casino. Por isso, é lógico que os casinos do território ambicionem torná-lo o destino de eleição dos amantes do poker.

O megalómano torneio seria, provavelmente, feito em conjunto pelas concessionárias na RAEM, já que envolve valores inéditos para este tipo de organizações. Contra a sua realização está o facto de

vários torneios com entradas de alto valor não terem tido muito êxito. O Aussie Millions fez um com inscrições de 2 milhões de patacas e só conseguiu 20 jogadores; o Poker Stars fez outro a 800 mil patacas e surgiram apenas 38 jogadores.

Por outro lado, Macau tem di-ferentes jogadores. Acredita-se que o número de multimilionários asi-áticos com apetite por um torneio recordista de valores seja grande. E há uma unanimidade: tal torneio seria um investimento feito pelos casinos e alguns patrocinadores, dispostos a perder dinheiro para que o foco do poker saia de Las Vegas e fique, para sempre, em Macau.

FPACE CONCEDE OS PRIMEIROS QUATRO APOIOSDepois de fixada a data de 12 de Setembro para pedido de apoio, o Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética (FPACE) já concedeu até ao momento um total de quatro pedidos a empresas comerciais, cujos projectos aprovados envolvem o sistema de iluminação LED e exaustor electrostático de óleo e fumo para estabelecimentos de restauração e bebidas. O Governo criou o regime do Plano de Apoio Financeiro à Aquisição de Produtos e Equipamentos para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética, visando conceder um apoio financeiro a empresas comerciais e a associações para suportarem as despesas decorrentes da aquisição ou substituição de produtos e equipamentos que possam contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente, o reforço da eficiência energética ou a poupança de água.

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SOCIEDADE

José C. [email protected]

O Restaurante Banza, situado na Taipa, foi escolhido como um

dos vencedores do 37º Internatio-nal Award For Tourist, Hotel and Catering Industry. Este prémio, cuja cerimónia de entrega terá lugar em Janeiro do próximo ano na capital espanhola, é atribuído anualmente pela Editorial Ofice em colaboração com o Trade Leader’s Club, instituição que conta com mais de 7000 associados, e destina--se a promover aqueles que mais se distinguiram nas áreas do Turismo, Hotelaria e Restauração.

A edição deste ano contará com a presença de profissionais represen-tantes de mais de 40 países, cabendo a António Santos, mais conhecido por Banza, (alcunha que tem desde os seus tempos de criança em An-

RESTAURANTE BANZA PREMIADO EM MADRID

Estes sabores de Macaugola), representar a RAEM. Depois de ter servido comida portuguesa em Boracay (Filipinas) durante oito anos e meio, num restaurante que, apesar de já não existir ainda consta como um dos melhores nos roteiros internacionais, este advogado agora cozinheiro estabeleceu-se definiti-vamente em Macau em 2006, e de cá não pensa sair, para já.

“Adoro isto! Adoro cozinhar!”, exclama. A fazer petiscos desde mi-údo, Banza desenvolveu a sua arte com alguns cursos de culinária que fez em Faro e acções de formação nas Filipinas. As cataplanas de amêijoas, de marisco, o Bacalhau à Lagareiro ou o Frango no Churrasco estão entre as preferências dos clientes que parece nunca terem faltado.

“Estou satisfeito com o resultado até agora...”, adianta. “ Primeiro vi-nham mais portugueses, mas agora temos uma clientela variada, de

australianos, americanos, e chineses também, claro.” No espaço pequeno, mas acolhedor, podem sentar-se cerca de meia centena de pessoas, e deliciar-se não só com os petiscos que saem da cozinha, mas também com a companhia do proprietário que é mestre na arte de conviver.

Sempre presente, “pois se houver algum problema, o cliente quer falar sempre com o responsável e eu tenho de dar a cara”, Banza é um conver-sador nato (resquícios da sua antiga profissão de advogado?), que trans-borda simpatia e boa disposição.

O evento deste ano em Madrid, a decorrer em paralelo com a Feira Internacional de Turismo, contará sem dúvida com um digno repre-sentante da cozinha portuguesa que se faz em Macau. Até o nome lhe assenta que nem uma luva: Banza - em Mandarim “Bantza”, que quer dizer “povo hospitaleiro”.

IMPOSTOS SOBRE O JOGO RENDEM MAIS DE 85 MILHÕESAinda o ano não terminou e já os casinos de Macau acumularam receitas brutas de 244 mil e 258 milhões de patacas. O acumulado representa mais 44,1% do que no mesmo período de 2010. Com este números, o Governo consegue encaixar até ao momento cerca de 85 mil e 500 milhões de patacas em impostos directos sobre o jogo. Dados recentes divulgados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos revelam que os casinos de Macau arrecadaram receitas brutas de 23 mil e 58 milhões de patacas, o que traduz um crescimento anual de 32,9%. Contudo nem todas as notícias são positivas. As receitas brutas de Novembro registaram a menor taxa de crescimento este ano.

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10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

EM Macau desde os 4 anos até à sua entrada na Facul-dade de Medicina de Lisboa, Ana Margarida Correia é

especialista em medicina interna, aliando a inabalável fé evangélica com a carreira profissional. Macau e alguns locais do continente chinês não têm segredo para ela.Simultaneamente com a sua carreira de médica, assume um compromisso religioso...Foi uma decisão tomada em inteira liberdade e convictamente. Podia ter sido outra. Por exemplo, tenho um irmão que é engenheiro e segue a sua vida. Um cristão é-o em tudo o que faz na sua vida, mesmo na vida profissional em qualquer sector de actividade. A pessoa tem é de fazer o seu melhor. O cristianismo também nos ensina isso.Acompanhou desde muito cedo o crescimento do “Desafio Jovem” em Macau.Sem dúvida. Vivi muita coisa em primeira mão, ou seja o nascimento e desenvolvimento do “Desafio Jovem” fazia parte do dia a dia, vivíamos em família com os moços do programa. Lembro-me de ir com os meus pais e meus irmãos a Coloane, à procura do local onde poderia ser o «Desafio Jovem». Depois o acompanhar no dia-a-dia das pessoas, a sua mudança para melhor, como que os milagres a acontecerem à nossa frente. Aquelas histórias que muitas vezes se ouvem de missão, de aventura, nós vivemos muitas assim.Interpreto como uma realização cristã ao mesmo tempo que profissional enquanto médica.Sim, eu sempre quis ser médica. Primeiramente, a dúvida entre médica ou professora. A minha mãe dizia-me: filha, vai para onde quiseres, mas olha que como médica vais ter uma vida muito difícil, com muitíssima dedicação. Mas, realmente, o que gosto mesmo é desta total dedicação como cristã e como médica. Gosto muito do que faço, tanto num lado como no outro.Já tem assinalável experiência em trabalhar no continente chinês. É diferente de trabalhar na Europa e até mesmo em Macau. Haverá dificuldades semelhantes, mas outras que não são semelhantes.

Ana Margarida Correia, médica e directora técnica da ACRAS, Centro de Apoio Social

“Há responsabilidade pessoal e colectiva em dizer não às drogas e sim à Natureza”

São as culturas diferentes. Pessoalmente não me considero redutoramente portuguesa, observo-me mais como cidadã do mundo. Chego à China continental e estou logo noutra realidade à qual tenho de me adaptar vivendo uma dinâmica diferente. O conteúdo nunca muda, a forma é que pode mudar. Em Portugal é quadrado, na China é triangular, quando chegamos a Macau, que é uma mistura de várias coisas, as realidades são diferentes. Talvez por ter vivido muito tempo em Macau e aqui crescido, estou muito habituada a viver e interagir com hábitos e culturas diferenciados. Gosto muito de Portugal, é o meu País,

mas Macau é que realmente é a minha terra. Como disse, o conteúdo, os princípios da minha actuação, como cristã e como médica, não mudam: a forma é que sim.O facto de ser médica traz vantagens?Provoca, naturalmente, uma aceitação maior, ajuda muito. Na mais recente visita ao nosso centro do “Desafio Jovem” na China continental, isso foi nítido mais uma vez. Optámos por ajudar as pessoas da aldeia mesmo ao lado, em matéria de alguns cuidados médicos. Temos um médico chinês que trabalha connosco. Ainda da última vez muitos dos habitantes da aldeia estiveram lá connosco,

nas consultas, colhendo o nosso apoio. São experiências muito ricas, até mesmo para as pessoas perceberem bem e no terreno quais são verdadeiramente os nossos propósitos: a recuperação de toxicodependentes. Desta vez vou acompanhar a visita à China do presidente do «Desafio Jovem Global». Como conheço o trabalho de um lado e do outro, vou ajudar na questão das traduções; ele pediu-me e eu aceitei, pois irão ser tomadas algumas decisões importantes, neste caso no âmbito do «Desafio Jovem» em Fuzhou, província de Fujian.Objectivos prioritários?Conseguirmos chegar à auto-sustentação e aumentar o número de pessoas que possamos ajudar. O próprio trabalho ter autonomia e sustentar-se a si próprio, independentemente das ofertas que chegarem, em forma de donativos, material ou através de fontes de rendimentos através dos produtos duma horta, por

exemplo. Essa é a nossa vontade muito forte e a nossa grande esperança.Apesar das dificuldades, o governo de Fuzhou ou da província de Fujian permite o vosso trabalho...Neste momento permite. Entra muito o relacionamento pessoal. Nós temos sempre tudo aberto para as autoridades poderem apreciar e assim entender o nosso trabalho, informamos de tudo. Caminhamos para uma total compreensão neste campo. Por enquanto trabalhamos em instalações alugadas, numa quinta grande e as instalações dão perfeitamente para tratarmos umas 30 ou 40 pessoas tranquilamente. O nosso relacionamento com as comunidades vizinhas é muito bom.Seja em que parte do mundo for, esse género de trabalho cumpre-se mais eficientemente através de parcerias?

No meu ponto de vista, a palavra de Deus obviamente que é imprescindível [na cura dos toxicodependentes], mas tenho a sensibilidade de que o meu trabalho com várias instituições que não têm a mesma filosofia também tem ajudado pessoas

GONÇ

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LOBO

PIN

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

11www.hojemacau.com.mo

com Helder Fernando

Ana Margarida Correia, médica e directora técnica da ACRAS, Centro de Apoio Social

“Há responsabilidade pessoal e colectiva em dizer não às drogas e sim à Natureza”

Acredito muito no trabalho em parceria. Neste momento, em Portugal, investimos bastante nesse tipo de esforços com as juntas de freguesia, com as câmaras, com outras instituições. Tendo ou não a mesma ideologia, existe um sentido comum que é ajudar o próximo, quer queiramos quer não, uns com menos, outros com mais dinheiro. Queremos ajudar juntando esforços com as instituições. Enquanto uns trabalham com emigrantes,

outros trabalham com pessoas com problemas psiquiátricos, outros com deficiências físicas, etc., para além do trabalho com crianças. Tudo se torna mais fácil e sobretudo muito mais útil ao próximo, se conjugarmos esforços de vários lados. Desse modo obtêm-se mais melhores respostas sociais, das refeições aos doentes e até ao apoio SOS nos diversos sistemas. Há pessoas sem abrigo que não têm nenhum sistema de saúde, alguns emigrantes de Leste que também não têm, todos eles nós tentamos sempre integrá-los. Como se sabe, lamentavelmente as necessidades são cada vez maiores.Sente realização pessoal com esse trabalho?Quem não sente? Sentimos uma grande realização, pois quando ajudamos o outro, quando vimos as boas coisas acontecerem, ficamos felizes. Apesar da escassez de meios tantas vezes, da falta de compreensão. Mas quando sabemos que houve melhoramentos na vida das pessoas, em virtude do nosso trabalho, isso é que nos faz andar, caminhar sempre.Num mundo onde tanta informação circula, tantos testemunhos de gente famosa são tornados públicos inclusivamente pelos próprios, como justifica o aumento do número de toxicodependentes?Acaba por ser uma escolha. Podemos dizer que, nos tempos da ignorância, metiam-se na droga por curiosidade e quando davam por ela já estavam agarrados, não é? Também há gente que chegou a um tal ponto de dependência e desespero que se interroga por que vai mudar.Há factores que acontecem na vida que facilitam alguns erros graves...Sim, há histórias de vida horríveis que nos põem a pensar: por exemplo, se nasceram na prostituição, se cresceram no meio de toxicodependentes, a assistir a consumo e a tráfico, é muito complicado resistirem e saírem daquele ambiente. Como também existe a curiosidade. Claro que todos podemos escolher, ter uma opinião sobre o que desejamos na vida. Há muitos que nunca

querem escolher o melhor lado, preferindo o pior.O vosso trabalho na rua?Quando nós vamos assistir aos que andam na rua também testemunhamos casos gravíssimos de gente que parece cega e completamente descrente de outro tipo de vida. É muito difícil

transmitir-lhes a convicção de que pode haver oportunidade, esperança. Obtêm-se bons resultados, mas alguns não deixam que alguém lhes preste auxílio, esses não os podemos obrigar.Para o tratamento de toxicodependentes, a chamada

“palavra de Deus” é mesmo fundamental?É sim. No meu ponto de vista, obviamente que é imprescindível, mas tenho a sensibilidade de que o meu trabalho com várias instituições que não têm a mesma filosofia também tem ajudado pessoas, fazendo com que a sua reinserção seja uma realidade. Costumo dizer que se não é no «Desafio Jovem», que seja noutra instituição, o necessário é reconstruir a vida. Sem esquecer que há instituições católicas que na base possuem a mesma filosofia que nós, embora o método possa ser diferente. Existem outras com outros conceitos que também podem ter o seu sucesso. Não seria justo nem correcto dizer que não há bons resultados fora das instituições evangélicas como a de que eu faço parte. A luta contra os flagelos sociais por causa da droga é uma luta comum de todos. Com a minha vivência, os meus pontos de vista, a minha educação, estou convicta que é melhor como nós trabalhamos, mas isso é um ponto de vista natural.Metadona, sim ou não?Metadona não é um fim, pode ser um meio. A utilização prescrita da metadona pode ser um bom meio. Se não precisam de metadona, não usem. Embora reconheça a existência de situações em que tem mesmo de ser e é um meio legal disponibilizado pelo governo em Portugal. Sabendo que a metadona tem outro tipo de controlo, não posso deixar de chamar sempre a atenção para os riscos de a sua dependência ser muito pior - e a desabituação da metadona é muitas vezes muito mais complicada do que da heroína. No fundo, continuo a acreditar que a pessoa pode ficar livre sem ter de depender de qualquer substância.É possível acreditar numa sociedade livre de dependências do tipo que falamos?Isso seria o ideal! Continuemos a lutar por isso, cada um com as armas ou argumentos que tiver. É um dever cívico de nós todos, faz parte da nossa responsabilidade individual. Não podemos deixar de sonhar que é possível. Não apenas dizer totalmente não às drogas, mas também dizer sim à preservação da Natureza.

A desabituação da metadona é muitas vezes muito mais complicada do que da heroína. No fundo, continuo a acreditar que a pessoa pode ficar livre sem ter de depender de qualquer substância.

MÉDICA E CRISTÃLisboeta de nascimento, veio para Macau com a família em 1980, tinha 4 anos. Crescida em ambiente evangélico - seu pai, o pastor Juvenal Clemente, obreiro local do Desafio Jovem, centro de desintoxicação - frequentou o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes “com a professora Ema”, recorda com alegria. Foi aluna da então Escola Comercial Pedro Nolasco da Silva, seguindo depois para o denominado na época Complexo Escolar até completar o 12º ano. Em 1994 entra na Faculdade de Medicina em Lisboa onde se forma. É hoje especialista em medicina interna. Para além da carreira profissional como médica na ACRAS (Associação Cristã de Reinserção e Apoio Social), e dando apoio médico ao INEM (Instituto Nacional de Emergência), Ana Margarida, que foi directora clínica no Centro de Acolhimento de Alcântara, continua militando no seu compromisso religioso de sempre. Apendeu a língua cantonense no contacto diário com as pessoas locais, andando agora a estudar mandarim. “Lembro-me quando decidi continuar sempre com este meu compromisso, paralelamente à minha actividade profissional”, revela. Tinha então 12 anos, precisamente na ocasião do seu baptismo “por opção, por convicção, com toda a consciência sobre a minha fé, uma vez que fui criada sob o conhecimento da Bíblia”.

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12www.hojemacau.com.mo CULTURA

Gonçalo Lobo [email protected]

DEPOIS das escavações virá o planeamento

geral do futuro uso para o espaço histórico da rua Bel-chior Carneiro, explicou ao Hoje Macau a assessoria do Instituto Cultural (IC).

Há pouco mais de uma semana o IC explicou ao nosso jornal que a última fase de e os resultados das escavações serão divulgados durante o próximo ano. Com a ajuda, uma vez mais, do Instituto de Arqueologia da Academia Chinesa de Ciências Sociais de Pequim,

Lia [email protected]

O nome tem “chinesa” no plural, por-que pretende juntar ideias e pessoas do interior da China, Taiwan, Hong Kong e Macau. A Associação de

Promoção das Indústrias Culturais Chinesas (CCIPA, na sigla inglesa) chegou ao território em Março deste ano. Trata-se de uma asso-ciação sem fins lucrativos. Os fundos para o seu funcionamento provêm de quotas, de financiamentos do Governo, individualidades e outros organismos sociais.

A associação apresenta-se como uma pla-taforma que congrega três regiões e um país e que quer contribuir para o desenvolvimento das indústrias culturais de Macau e, ao mesmo tempo, oferecer um elo de ligação a especialistas e curiosos. “Temos como princípio reforçar o intercâmbio e a cooperação - a nível cultural e criativo – e incentivar a difusão da arte, da herança e difusão da cultura chinesa”, explica Irene Lou, directora geral da CCIPA.

A constituir o novo organismo estão, na sua maioria, especialistas, estudiosos e investigado-res. Os lugares do conselho de administração são ocupados por jovens que se dedicam às indústrias culturais e criativas em Macau.

E porquê instalar-se na RAEM? Porque também neste campo, a região faz a ponte entre o interior da China e Taiwan, fazendo--se assim um local de interacção entre as culturas oriental e ocidental.

UM ESTUDO PARA COMEÇARA CCIPA tem um caminho traçado. Irene Lou fala ao Hoje Macau em vários objectivos na mira deste organismo. O primeiro é a realização de um estudo do sector. Isto passa por uma participação nos trabalhos de consulta e coordenação das políticas governamentais. “Queremos iniciar pesquisas sobre o estado e as condições das indústrias e tomar atenção à concretização das políticas”, enunciou a directora-geral.

E se falamos em regiões, não pode faltar uma cooperação regional. Através da inte-gração de recursos diversificados, construir uma plataforma para a conjugação das in-dústrias, tanto a nível de investimento, como

ACHADOS ARQUEOLÓGICOS DA BELCHIOR CARNEIRO MERECEM CONSULTA POPULAR

O povo é quem decidea última fase de trabalhos será para “melhor averiguar e clarificar as condições dos vestígios subterrâneos, conferindo à zona, já rica em significado histórico e cultu-ral, um suporte académico”.

Esses trabalhos servirão igualmente para formular o planeamento geral do futuro uso do espaço histórico. Con-tudo, não chegará apenas a opinião dos entendidos para que se catalogue os achados

e o espaço. “Será realizada ainda uma consulta popular, de modo a assegurar que o futuro plano venha a conju-gar a preservação do valor histórico e cultural com o fomento do desenvolvimen-to económico”, explicou o IC.

UMA FASEPLENA DE SUCESSOSComo já havíamos adianta-do na anterior peça jorna-lística, a primeira fase dos

trabalhos arqueológicos, de acordo com nota do IC, atingiu com sucesso os objec-tivos esperados. As relíquias recuperadas através destas escavações incluem peças de porcelana Kraak, que eram muito frequentemente exportadas para a Europa e apreciadas pela nobreza, e ainda peças raras, pouco encontradas no Sudeste Asiático, típicas da região dos Países Baixos. Aliás, o

Executivo emitiu na altura uma nota à imprensa reve-lando que “no princípio do século XVII, a louça causava grande sensação na Europa e era uma das grandes paixões do rei francês Henrique IV e inglês James I”.

Encontraram-se ainda fragmentos de porcelana dos finais da dinastia Ming, outros artefactos e vestígios de uma antiga parede de chunambo, que se presume

ser parte da parede oeste do Colégio de São Paulo.

Não há dúvida que as descobertas “são importantes para o estudo histórico-cul-tural” da região. “Revelam o valor do intercâmbio cultural entre o oriente e o ocidente”, justificam as autoridades. “Está-se ainda a analisar a área circundante através de métodos electromagnéticos para melhor compreender a distribuição geográfica dos vestígios arqueológicos, e para analisar a extensão das muralhas que se pensam en-volver o Colégio de São Paulo, a Fortaleza do Monte e o Pátio do Espinho”, adiantou o IC.

Associação quer aproximar e divulgar espaço cultural chinês

Tantas Chinas juntasde serviços. Na mira está, assim, a formação de novos talentos, através da realização de diferentes programas, que fomentem a potencialidade e a criatividade na arte e no uso dos recursos culturais. A intenção passa ainda por contribuir para a economia.

OS PLANOS CULTURAISPara este ano está projectado o estudo para o desenvolvimento das indústrias locais na

Ilha da Montanha, com a organização, em Dezembro, juntamente com a Associação Criador Juventude Cultura de Macau, uma feira de exposição e venda de produtos originais do território.

Para 2012, mas ainda em fase de planea-mento, pretende realizar actividades, como a festa para celebrar o aniversário da deusa A-Má. “Planeamos convidar uma peça de teatro de fora da região sobre a deusa, para

trazer elementos novos à festa e promover o património cultural imaterial do mundo, dando mais opções aos turistas e enriquecer a RAEM”, explica Lou.

Uma segunda etapa prende-se com as obras audiovisuais, planeando uma com-petição de escrita de guiões e recrutamento de actores. A finalizar o argumento, os participantes irão realizar o filme ao lado de directores experientes. “O objectivo é estimular a criação e formar mais talentos nesta área”, refere a directora-geral. A tec-nologia também faz parte dos objectivos, com o estabelecimento de um espaço na internet, criando uma plataforma entre os profissionais e amadores. “O conteúdo digi-tal é um dos elementos chaves e aí a internet desempenha um papel muito importante”, defende Irene Lou.

PRODUÇÕES CHINESAS NA CALHAMas não é só Macau e o local que vão ser divulgados, a associação quer trazer para a região produções culturais chinesas - como por exemplo festas, interpretações de arte e obras audiovisuais. E porque Macau é “internacional” as informações acerca das actividades vão passar a ter uma versão em língua estrangeira, para além do chi-nês. O intuito é permitir aos turistas e à população não chinesa “espalhar” a China pelo mundo.

Ao Governo, a associação sugere que sejam lançadas uma série de estudos sobre a influência das políticas culturais no mer-cado e que passe a dar mais importância à formação de grupos para aqueles que consomem cultura. Irene Lou falou ainda na ampliação de um espaço onde se faça acontecer cultura, contando para isso com a ajuda do Fundo das Indústrias Culturais e Criativas.

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

José C. [email protected]

O Clube de Jazz, nascido em Julho de 1985, e em esta-do de coma desde

2004, começa finalmente a dar sinais de vida. Com efeito, alguns dos elementos da an-tiga Comissão de Transição, que tentaram na altura evitar o apagamento daquele que chegou a ser um dos espaços de convívio mais populares de Macau, começam agora a desenvolver esforços para trazer de novo para a ribalta este emblemático Clube, o mais antigo do género da Ásia.

Muitos dos actuais habi-tantes de Macau recordam cer-tamente as noites de convívio, com música ao vivo, passadas na Rua das Alabardas ou na Casa de Vidro, ao NAPE. Foi a partir dessas memórias e também dos muitos comen-tários, de novos e antigos residentes, sobre a falta de um espaço alternativo na cidade, onde se possa relaxar, beber um copo e ouvir música ao vivo, que Manuel Almeida e Cristina Ferreira decidiram deitar mãos à obra.

RECUPERAR OS SÓCIOSO primeiro objectivo pas-sa por recuperar a massa associativa. O Clube, que chegou a contar com mais de 300 sócios, contabiliza de momento apenas cerca de 50, alguns dos quais já não residem na RAEM. Para tal, anunciam para breve uma campanha de sensibilização e angariação de sócios, que

A cinemateca da Brooklyn Academy of Music (BAM) volta a ser, a partir de ontem, a «casa» do cinema português em Nova Iorque, desta vez abrindo as portas a «novas vozes» da produção cinematográfica nacional. Depois de mostras dedicadas desde 2010 a João César Monteiro, João Pedro Rodrigues e Pedro Costa, entre 1 e 6 de Dezembro o principal centro cultural de Brooklyn e um dos maiores na região de Nova Iorque vai mostrar «Som e Fúria: Cinema Português Recente», complementando a iniciativa com um fim de semana dedicado ao Fado. «Quisemos mostrar algumas das mais novas vozes do cinema português, como Sandro Aguilar, Miguel Gomes ou João Nicolau. Foi um pouco difícil não ter filmes de Pedro Costa ou Manoel de Oliveira, mas quisemos manter um espectáculo claro e conciso, não uma pesquisa ao longo de um mês», disse à Lusa a directora da Cinemateca do BAM, Florence Almozini.

GONÇALO M. TAVARES PUBLICA NOVO LIVRO, «SHORT MOVIES»O novo livro do escritor Gonçalo M. Tavares, Short Movies, sobre cenas absurdas do quotidiano, acaba de chegar às livrarias, numa edição da Caminho. «Gonçalo M. Tavares já nos habituou ao seu olhar sobre o mundo e os homens: atento, inteligente, perspicaz, crítico... EmShort Movies, esse olhar é circunscrito, intencionalmente dirigido a cenas específicas de um quotidiano tantas vezes mais absurdo do que seria de crer», indica a editora. «E esse olhar tem ainda outra particularidade: conduz-nos com exatidão pelos mesmos caminhos que o autor percorreu. Neste livro, Gonçalo M. Tavares permite-nos partilhar a sua forma de alcançar esse seu tão exclusivo olhar. Um privilégio literário e humano para qualquer leitor», acrescenta.

CINEMATECA DE BROOKLYN ABRE CICLO SOBRE NOVO CINEMA PORTUGUÊS

Jazz Clube de Macauquer voltar à antiga glória

À procura dos sócios perdidos

passa pela convocação de uma Assembleia Geral aberta aos actuais membros e novos interessados, bem como a realização de alguns eventos.

Ao que sabemos, está prevista a realização de um

Chill-Out Jazz com uma banda local, ainda durante o mês de Dezembro, na Casa Garden, que se associa a esta iniciativa disponibilizando o seu espaço. E é de espaço, ou da falta dele, que essencial-

mente se trata. Com efeito, foi após ter perdido as suas instalações, a Casa de Vidro, que o Clube entrou em de-clínio. Todas as actividades e campanhas que os actuais promotores do renascimen-

to desta associação estão a desenvolver têm como objectivo final a aquisição de um novo espaço, a funcionar em moldes semelhantes ao anterior, que já provou poder ser uma iniciativa de sucesso.

O FESTIVALE A BATALHA DA MARCAO Clube de Jazz, associação que durante mais de uma década trouxe excelente música a Macau e organizou de forma continuada o Fes-tival Internacional de Jazz, pretende agora regressar e tal inclui a realização de um evento que trouxe a Macau nomes cimeiros do jazz.

Entretanto, o Hoje Macau sabe que António Cabrita,

músico e membro do clube que reside na Europa, enviou para a RAEM um pedido de registo da marca “Macau International Jazz Festival”. Contudo, os membros locais do Jazz Clube consideram que a marca pertence à asso-ciação e pretendem, segundo apurámos, iniciar uma bata-lha jurídica no sentido de não a perderem. Por enquanto, as entidades que resolvem este tipo de situação ainda não tomaram a decisão de atribuir a marca a António Cabrita ou de manter sob a alçada do Jazz Clube de Macau.

Seja como for, parece que existe agora vontade de que a música continue.

EDGARE AS SUAS CASASO fotógrafo português Edgar Martins abordou ontem no Albergue SCM imagens de sete colecções distintas, todas elas produzidas nos últimos cindo anos. Nelas está “This is not a House” que mostra a casa e o vazio. “O meu trabalho sempre foi o de desmistificar as regras do fotojornalismo e utilizo a fotografia enquanto processo de comunicação”, disse o autor ao Hoje Macau.

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14www.hojemacau.com.mo DESPORTO

TÓQUIO DIVULGA LOGOTIPO DA CANDIDATURA AOS OLÍMPICOS 2020Tóquio divulgou esta quarta-feira o logotipo da sua candidatura para os Jogos Olímpicos de 2020, um círculo de flores de cerejeira, um dos principais símbolos do Japão, formado por cinco cores. Além da cidade nipónica, Madrid, Roma, Doha, Istambul e Baku também pretendem organizar a prova.

Sérgio [email protected]

O declínio do Cam-peonato do Mun-do FIA de Car-ros de Turismo

(WTCC) poderá obrigar a Co-missão do Grande Prémio de Macau a estudar alternativas no futuro para manter a cha-ma viva da quadragenária Corrida da Guia. E, segundo a imprensa australiana, já há um candidato que se perfila a horizonte, o espectacular campeonato australiano de carros de Turismo, V8 Supercars.

A especulação começou no início do mês de Novem-bro, motivada pela vontade pública que a organização

Grande Prémio de Macau na mira dos V8 Supercars

Australianos entre Macau e Hong Kongdo V8 Supercars demons-trou em expandir-se para o continente asiático já em 2012, depois da tentativa frustrada que foi Xangai há meia dúzia de anos. Em declarações à imprensa aus-traliana, Martin Whitaker, o director internacional da competição australiana, dei-xou no ar essa possibilidade. “O Grande Prémio de Macau é um grande evento. Eles (organizadores do Grande Prémio de Macau) fazem um bom trabalho, e se houver a oportunidade, nós gostaría-mos de lá estar. Mas muita água tem que correr por baixo de muitas pontes até lá chegarmos”, afirmou ao site speedcafe.com.au.

O 59º Grande Prémio de

Macau terá lugar nos dias 15 a 18 de Novembro de 2012, sendo que o fim-de--semana anterior a este está neste momento no calendá-rio provisório do popular campeonato australiano de Turismos com uma prova ainda a confirmar. Contudo,

muito dificilmente o Grande Prémio de Macau será palco do V8 Supercars a tão curto prazo, pelo menos já em 2012, pois existem acordos vigen-tes com o FIA WTCC e difi-cilmente ambos os campeo-natos poderão co-existir num fim-de-semana preenchido ainda pelo Grande Prémio de Macau de Motociclismo e pela Taça Intercontinental FIA de Fórmula 3. Indonésia e as Filipinas, assim como Hong Kong e Singapura, são outras paragens que têm sido vinculadas na imprensa especializada para receber a caravana dos V8 australianos nos próximos anos.

HONG KONG ESTÁ DE OLHOEntrar em Macau seria cer-tamente o cenário idílico

com o próprio, Wan que pre-senciou ao vivo, como é seu costume, o Grande Prémio de Macau, terá mesmo pe-dido um inventário sobre as queixas recebidas durante o evento, sendo que a entidade organizadora terá apontado o ruído como a única queixa apresentada este ano. Sem possibilidade de construir uma infra-estrutura de cariz permanente, a única hipótese para Hong Kong receber um evento desta envergadura é copiar o exemplo da RAE vizinha e colocar de pé um circuito citadino.

O QUE É O V8 SUPERCARS? O V8 Supercars é um cam-peonato de automobilismo para viaturas de Turismo disputado na Austrália e Nova Zelândia que é um sério caso de audiências des-portivas na Oceania. Os dois únicos modelos a competir são o Ford Falcon e o Holden Commodore. Os motores são a gasolina V8 atmosféricos de 5.0 litros de cilindrada, limitados às 7500 rpm e que desenvolvem cerca de 650 CV de potência máxima. O calendário tem quinze even-tos, sendo um realizado em Abu Dhabi.

para os V8 Supercars, mas Hong Kong é outra porta de entrada na Ásia apetecível. Wesley Wan, presidente do Hong Kong Automobile Association (HKAA) e pre-sidente da FIA para a zona asiática, assistiu à corrida do campeonato australiano V8 Supercars em Surfers Paradi-se e mostrou interesse em ver a competição australiana nas ruas na ex-colónia inglesa em 2013. “Espero conseguir tra-zer o automobilismo a Hong Kong dentro de dois anos.

Uma competição relaxada como os V8 Supercars, onde há uma combinação de entre-tenimento com corridas pro-fissionais, é exactamente o que Hong Kong precisa. Todos os espectadores adoram o fim--de-semana em si e as corridas são excitantes e emocionan-tes”, escreveu o responsável máximo pelo desporto mo-torizado na região vizinha na sua crónica mensal na revista Automobile.

O dirigente de Hong Kong tem-se dividido em contactos com várias entida-des da região especial vizinha para capitalizar o sucesso que foi no início do ano a exibição do Red Bull Fórmula 1 na Lung Wo Road. De acordo

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HERCULANO DILLON | EMPRESÁRIO

A vida em alta velocidadeNuno G. Pereira

[email protected]

PERFIL

Quem vai ao restaurante Lagoa Azul e olha para o dono, Herculano Dillon, não adivinha que o homem pacato tem alma de motard e vive a mais de 100 à hora. Casou-se três vezes, fez corridas de Portugal ao Japão, ganhou muito dinheiro e gastou outro tanto.A infância, em Macau, também teve pouco sossego. Basta ouvir as suas recordações desportivas. “Pegávamos num tijolo à base de argila, partíamo-lo e depois amassávamos os pedaços em esferas. Cada bola pronta era então ensopada em petróleo. À noite, nos descampados sem luz, pegávamos fogo à esfera. Não nos víamos, mas sabíamos sempre onde andava a bola (risos).”Nascido a 25 de Setembro de 1955, Dillon é mistura de muitas origens, como avô australiano, mãe equatoriana, avó de Xangai e pai português. Cresceu numa boa casa do bairro Tamagnini Barbosa, “com três pisos”, fruto do trabalho do pai, sub-chefe da polícia. Um homem rígido, que obrigava os filhos a falar português em casa. A mão de ferro que o pai pôs na educação dos filhos iria, porém, ter dificuldades em agarrar o jovem Dillon. Não porque fosse problemático, simplesmente era muito rápido...

AMOR COM PEDALADAA paixão pelas velocidades começou com a bicicleta de um amigo, emprestada para que ele acelerasse até à casa da sua musa, numa paixoneta típica da pré-adolescência. Desse

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Com a sua Harley Davidson, “a primeira que houve em Macau”

Aos 15 anos, nas primeiras corridas motorizadas.

amor já há pouca memória, o mesmo não se passa com o ciclismo. “Tinha muita força, o que eu andava naquela bicicleta!” Também foi depressa que passou às motas. Quase sempre, como a bicicleta, emprestadas por amigos, que lhe pediam para puxar por elas. Até que um dia o pai foi para fora e a tentação de experimentar o motociclo paternal falou mais alto do que o medo.“Com um amigo à pendura, entusiasmei-me e houve uma curva demasiado curva para tanta pressa. Não partimos nada, mas a mota não pôde dizer o mesmo. Toda estragada, atirei-a para um ermo e fui-me embora. Tinha 13 anos, fiquei calado. O meu pai andou uns dias à procura e, mal a encontrou, veio ter comigo. Arregaçou-me as mangas, viu os arranhões, percebeu logo tudo. Se houve tareia? Deve ter havido, mas o mal já estava feito, a tareia era o mínimo.”A habilidade precoce para as velocidades deu nas vistas e, entre empréstimos e fugas ao pai, com 15 anos já corria nos circuitos locais. Usava a identificação do irmão, que estava na tropa, e uma cunha na organização para poder entrar. “Era tudo fácil na altura. Só as marcas é que não queriam nada comigo, porque tinham muito respeito ao meu pai, que não me queria ali.” Os amigos com mais dinheiro patrocinaram o que era preciso e, de repente, surgiu a grande oportunidade. Um piloto japonês reconheceu-lhe o talento, tentando levá-lo para os circuitos nipónicos.

Quando tudo prometia um futuro de sonho cumprido, o Japão negou-lhe entrada no país. O piloto que ia levá-lo, soube Dillon mais tarde, tinha ligações a uma organização terrorista. Com 18 anos, o balde de água fria empurrou-o para Portugal, onde era suposto estudar como tinham feito os irmãos.

NÓS DESATADOSEle saiu de Macau, mas era pouco dado aos estudos, preferia mecânica e velocidades. Nunca deixou de participar em corridas, sempre como amador, mas pouco tempo depois de chegar a solo lusitano tentou outra ambição: entrar para a Força Aérea. Não conseguiu, os seus voos foram outros. Correu Portugal de lés a lés, trabalhando aqui e ali, servindo à mesa, o que fosse. “A vida era fácil, ganhava muito mais do que os doutores. Muita festa, óptimas experiências, em especial no Algarve. Também viajava muito, Espanha, França, Andorra.”Não demorou a alargar horizontes, começando perto, a trabalhar em Marbella, e indo depois para outros países. Antes, aos 20 anos, teve tempo de casar com uma portuguesa. Durou seis meses e a experiência podia ter sido traumática. Não foi, porque, já regressado a Macau, onde veio à procura de estabilidade, voltou a casar-se. O tempo de namoro foi algum, o do matrimónio só de dois meses. Mais uma vez, nada de traumas. Tentou uma terceira vez, no fim dos anos 80, e não só está casado

até hoje como tem uma filha a quem dá todos os mimos.

ALTOS E BAIXOSA estadia em Macau, nesses anos, foi frutuosa. Dedicou-se à construção e ganhou “muito, muito dinheiro”. No entanto, em 1989, assusta-se com o futuro em Macau vendo as manifestações em Tiananmen. Pega na família - “a minha filha tinha meses” - e vai para o Canadá, onde os negócios, agora na compra e venda de imóveis, continuam a correr bem. Aproveitando a bolsa cheia, cumpre o sonho antigo: um ano a participar em corridas de motas, no Japão.De volta ao Canadá, tira uma semana com os amigos em Las Vegas. E se “o que acontece em Vegas fica em Vegas”, Dillon deixou lá mais do que queria e... jogo nunca mais.As saudades da família, entretanto, falaram mais alto e dá-se um segundo regresso a Macau, depois da transferência da soberania. Além disso, as finanças ainda tinham folga para uma vida confortável. Abriu um negócio de aluguer de motas, um restaurante e enfrentou o inesperado: dois ataques cardíacos. “Vida fácil não é fácil.”Os problemas de saúde, garante, estão para trás. E vê-se a viver em Macau por muito tempo, perto da família e de outro amor antigo: os seus cães. Agora está a gerir outro restaurante, aberto há apenas um mês. Até à próxima corrida.

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

16www.hojemacau.com.mo [ ] Cinema

Cineteatro | PUB

[f]utilidades

[Tele]visãoTDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2012 - Área dos Assuntos Sociais e Cultura (Directo)20:00 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)20:35 Telejornal21:00 Ásia Global21:30 Desperate Housewives (Donas de Casa Desesperadas)22:15 Passione23:00 TDM News23:30 Resumo Liga Europa23:45 The Other Sister (O Amor é tão simples)01:50 Telejornal (Repetição)02:20 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Com Ciência15:00 Terceira Geração16:00 Bom Dia Portugal17:00 Fado Maior17:05 30 Minutos17:30 Tudo Isto é Fado19:00 Estado de Graça20:00 Jornal Da Tarde 21:15 Fado Maior 21:30 O Preço Certo22:15 Viagens com um Cómico22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 Cheerleading Worlds 13:30 Euro Beach Soccer League Superfinal Russia vs. Switzerland14:30 Tokyo Marathon 2011 Highlights 15:30 Big East/sec Challenge St. John’s vs. Kentucky17:30 Ettu European Champions League Men 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Football Asia 2011/12 20:30 Global Football 2011 21:00 Tokyo Marathon 2011 Highlights22:00 Sportscenter Asia

22:30 Football Asia 2011/12 23:00 Global Football 2011 23:30 Euro Beach Soccer League Superfinal Russia vs. Switzerland

STAR SPORTS 3113:00 HSBC FEI Classics 201114:00 Monsoon Cup 2011 16:00 Rebel TV Series 16:30 Hot Water 2011/12 17:30 FIA F1 World Championship Highlights 2011 Brazilian Grand Prix 19:00 Monsoon Cup 2011 21:00 FA Cup 2011/12 Preview Show 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 FIM S1 Supermoto World Championship 2011 - Season Review23:00 Asian Olympic Qualifiers Final Round Korea Republic vs. Saudi Arabia

STAR MOVIES 4011:45 Death Warrior 13:20 Sorcerer’S Apprentice, The 15:15 Species Iii 17:05 Stealth 19:10 Knight & Day 21:05 The Walking Dead22:50 From Paris With Love 00:25 Species Iii

HBO 4112:55 Dangerous Liaisons14:50 Much Ado About Nothing16:40 Celine Through The Eyes Of The World18:40 Battle For Terra20:00 Rocky Ii22:00 The Lovely Bones00:15 Green Card

CINEMAX 4212:00 Men Of Respect14:00 Wild Things16:00 3:10 To Yuma17:30 Frankenstein Meets The Wolf Man18:45 Babylon 5: The Legend Of The Rangers20:15 Supershark21:45 Epad On Max22:00 Timecop: The Berlin Decision23:20 Murder At 1600

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REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Insensível (fig.); Pé ou mão de animal. 2-Recorda; Fundar. 3-Lítio (s.q.); Animal microscópico gerador da sarna e de alegrias; Sinal abreviativo de matemática, cujo valor é 3,4116. 4-Ouvido (pref.); Acolá; Gracejava. 5-Palavra sagrada pra o hinduísmo, usada para iniciar as orações; Transporte Internacional Rodoviário. 6-Voltar; Intervalo com dois meios-tons (Mús.). 7-Prefixo designativo de vida; Maior rio da Suíça. 8-Lagarta que vive nas folhas das árvores (prov.); Fruto de ateira; Pano de arrás. 9-Interjeição que se emprega para cumprimentar (Bras.); Maquinismo com calabre para levanter grandes pesos (pl.); Além. 10-Queda sem consequências graves; Limpai; banhando em líquido. 11-Aranha grande africana; Símbolo da Música.

VERTICAIS: 1-Estampilha; Histrião. 2-Foge a; Vinho ordinário (gír.). 3-Cobalto (s.q.); Escutou; Medida itinerária do Japão. 4-Vazia; Miadela; Prefixo designativo de terra. 5-Cachaça de mau gosto; Sapo do Amazonas (Bras.). 6-Fileira; Pau-ferro. 7-Acreditei; Árvore cuja casca aromatiza o vinho. 8-A favor; Cabo de reboque; Cloreto de sódio. 9-Suspiro; Versejar; Observei. 10-Anta-do-brasil; Atormentar. 11-Cançonte; Vestuário de mulher, que fica da cintura para baixo.

HORIZONTAIS: 1-Seco; Pata. 2-Evoca; Criar. 3-Li; Ácaro; Pi. 4-Oto; Ali; Ria. 5-Aum; TIR. 6-Vir; To,. 7-Bio; Aar. 8-Bru; Ata; Rás. 9-Oi; Gruas; Lá. 10-Boléu; Lavai. 11-Ólio; Lira.VERTICAIS: 1-Selo; Bobo. 2-Evita; Briol. 3-Co; Ouviu; Li. 4-Oca; Mio; Geo. 5-Aca; Aru. 6-Ala; Itu. 7-Cri; Aal. 8-Pró; Toa; Sal 9-Ai; Rimar; Vi. 10-Tapir; Ralar. 11-Ária; Saia.

STARRY STARRY NIGHT [B](Falado em putonghua)(Legendado em chinês e inglês)Um filme de: Tom Lin Shu-YuCom: Josie Xu, René Liu, Harlem Yu22.00

SALA 3ARTHUR CHRISTMAS 3D [A](Falado em cantonense)Um filme de: Sarah Smith14.15, 16.00, 17.45, 19.30

SEEDIQ BALE [C](Falado em japanês & seediq)(Legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma21.15

GEORGE STEINER EM THE NEW YORKER • Robert BoyersOs ensaios de Steiner são proezas de síntese, interpretação, inteligên-cia, e versatilidade, abarcando um amplo espectro: Graham Greene, Borges, Webern, Thomas Bernhard, o xadrez, Celine, Cioran, Canetti, Brecht, Anthony Blunt (historiador de arte britânico e espião soviético), e muitos outros. O volume encontra-se organizado tematicamente: história e política, escrita e escritores, pensadores e estudos de vidas.

365 DIAS COM HISTÓRIAS DA HISTÓRIA DE PORTUGAL • Luís Almeida MartinsÀ segunda-feira conheça os grandes factos e pequenos episódios que marcaram a História de Portugal, à terça é a vez de ser apresentado aos seus protagonistas, na quarta trave guerras sangrentas e batalhas vitoriosas e na quinta veja-se envolvido em revoluções e conspirações que abalaram o poder. A sexta é dia de ficar a par das histórias de alcova, de traições e infidelidades de reis, rainhas e não só e no sábado surpreenda-se com os mitos, lendas e curiosos mistérios dos nossos nove séculos de História. Para terminar a semana, ao domingo é tempo de descansar a ler episódios relacionados com grandes escri-tores, artistas e monumentos de Portugal. O convite é irrecusável. Só precisa de poucos minutos por dia para, de forma concisa e divertida, fazer uma extraordinária viagem pela História de Portugal ao longo de 365 dias. Cada dia é uma nova descoberta. Uma nova história.

OS SENHORES DA TEORIAIr a encontros, convenções ou palestras que juntem académicos é de rir. E então no estrangeiro, eles cheiram-se ao longe, principalmente os que vêm de Portugal. Não sei se é cheiro a sardinha, ou a chouriço, mas basta mirá-los de soslaio que já se sabe de onde vêm e ao que vêm... Como mostrar toda a teoria que foram aprendendo numa universidade – porque é muito prestigiante estudar no famoso ensino superior. E empinar o nariz, porque vêm a umas jornadas INTERNACIONAIS e sempre podem ir para Portugal gabar-se do feito. Se falarmos com eles de perto, nada mais sabem do que aquilo que lhes foi impingido. Uma pergunta fora do roteiro confunde e é desnecessária. Porque é senhor mestre doutor, professor... e acho que ainda há mais. Eu chamo-me Pu Yi e parece que entendo mais de tudo do que eles. Ah, mas esperem, não tenho canudo, nem mestrado, muito menos doutoramento... sou apenas um gato. E isso apenas é sinónimo de ser reles. Meus senhores, se andam pelo mundo e se apostam na China, essa da teoria já deu cartas. É válido no Portugal provinciano, aquele que não cresceu com os tempos modernos, nem com aberturas de mentes. Mentes ainda fechadas a apelidar que falam em “escumalha, demasiado alternativa e que se veste mal”... Bom, às vezes é bom ouvir alternativas. Por falar em vestir mal, ora aí está algo que nunca entendi. Uma pessoa chega e dá-se de caras com tudo de fatinho e gravata. Dá mais prestígio? Não sabia, achava que as pessoas eram boas pelos valores e pelo que são. Recuso-me a ter em consideração um fato e uma gravata. Recuso-me a gostar das pessoas porque têm isto e aquilo. Recuso-me a lamber botas (que estes bem gostam). No fundo, recuso-me a não ser eu. Deixem-me miar como quero, ver o mundo como quero, vestir-me como quero. Deixem de não dar valor a coisas supérfluas. Deixem-me agir. Gosto muito da teoria, mas não passar dela é aborrecido e não leva a qualquer lado. E peço desculpa, senhor leitor, a repetição, mas não pode passar: eles falam, falam, falam e não os vejo a fazer nada.

Pu-Yi

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011

17www.hojemacau.com.moOPINIÃO

ed i to r ia lCarlos Morais José

car toonpor Steff

MAIS PODER PARA BRUXELAS

Chegou-me um zunzum aos ouvidos: parece que o meu artigo “Macau e os neo-tugas” terá causado algum desconforto entre alguns dos que se consideraram visados. Ora ainda bem. Isto prova duas coisas: primeiro, existem – o que por vezes nem sempre foi claro; segundo, sentem – o que significa que até poderão ser filhos de boa gente. Mas o que muitos não perceberam é que o meu artigo não atacava o José, o Manuel ou o Pedro. E também deixava de fora a Susana, a Paula e a Felismina. O meu artigo falava em comportamentos e não em pessoas concretas. Mas perceber isto já era muita areia para certas camionetas.

Com efeito, meus filhos e minhas filhas, é possível abstrair os comportamentos das pessoas. Na maior parte dos casos, uma coisa até nem tem a ver com a outra. Um gajo porrreiro pode-se comportar como uma besta. Não quer dizer que o seja. São momentos e todos somos vulneráveis ao ambiente circundante, ao disparate reinan-te, à asneira rex. Tal não quer dizer que, essencialmente, o tipo que se comporta como um animal seja real e definitivamen-te assim. Não. Pode é ter razões concretas como a ignorância, por exemplo, para bolsar uma qualquer enormidade. Mas isso não

As manobras dissuasoras do governo, como os benditos cheques, podem encher de alegria o senhor Lei e a madame Cheng mas não têm o mesmo efeito em quem vê o dinheiro ser atirado para a rua, ao invés de ser investido em projectos destinados ao bem comum.

Macau e os neo-tugas IIfaz dele um estúpido mas um gajo que diz coisas estúpidas.

Bem sei que para alguns de vós, iníquos leitores, a distinção pode parecer confusa, abstracta, intelectualizada, etc.. Pois é... mas é mesmo assim. Não sei se repararam mas... as coisas aqui neste mundo (refiro-me ao planeta Terra) nem sempre são fáceis. Por vezes, dotam-se de pormenores, de arrebi-ques, de complexidades que vos fazem doer as cabecinhas mas que, no fundo, no fundo, muito lá no fundo, é isso mesmo que convi-nha compreender e não a espuma diária da vossa realidade, que tem tanto de real como o uísque que se vende na maior parte dos bares de Macau.

Na verdade, adoro ver novos portu-gueses e portuguesas em Macau. Acho que esta cidade estaria muito melhor se dez mil lusos aqui habitassem. Haveria mais vida, mais agitação, mais criatividade, mais sexo. Pela minha parte acho que cumpro o meu dever: o Hoje Macau deve ser das empresas privadas que mais portugueses emprega e com os resultados que estão à vista.

O que me enerva é essa alternância entre a arrogância de um Mourinho que nada pro-vou e o servilismo de bigode que desde há muito nos caracteriza. E disso vejo muito por

aqui: dos que lambem para cima e chutam para baixo. E acreditem: eis um caminho que não leva a lado nenhum.

*

As LAG continuam e a inércia parece certa. Quero lá saber das promessas do governo. Delas está o Reservatório cheio. O que in-teressa, de facto, não são as palavras mas os actos e destes tem havido uma escassez global se exceptuarmos a decisão irreversí-vel de fazer obras e mais obras. Obras por isto e por aquilo, elas espalham-se por este território como a escarlatina.

A malta compreende esta urgência mas ouvimos dizer que tanto afã começa a não ser bem visto por certos olhos nortenhos, que não encontram extrema graça nesta economia da abundância para alguns (pou-cos) e da inflação para outros. As manobras dissuasoras do governo, como os benditos cheques, podem encher de alegria o senhor Lei e a madame Cheng mas não têm o mesmo efeito em quem vê o dinheiro ser atirado para a rua, ao invés de ser investido em projectos destinados ao bem comum.

Mais actos, senhores, e menos estudos. Mais projectos e menos auscultações. Mais

ousadia e menos chuta para as calendas. Já é tema de anedotas a quantidade interminá-vel de estudos realizados e de auscultações feitas. Estou praticamente convencido que Macau bate o recorde do mundo nesta área. Não deverá existir outro governo que tanto mande estudar, que tanto mande auscultar, e que decida tão tarde e tão pouco.

A questão é simples: se Chui Sai On pretender um segundo mandato o melhor é começar a pedalar que no pelotão há quem queira tomar a dianteira. E, afinal, já não falta tanto tempo quanto isso.

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perspect ivasJorge Rodrigues Simão

SEXTA-FEIRA 2.12.2011

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OPINIÃO

A novA biologiA“Imagine a world: where there is abundant, healthful food for everyone; where the environment is resilient and flourishing; where there is sustainable, clean energy; where good health is the norm. Each of these goals is a daunting challenge. Furthermore, none can be attained independently of the others.”

A New Biology for the 21st Century National Academy of Sciences

pesquisa biológica encontra-se no centro de uma mudança re-volucionária devido à integração

de poderosas tecnologias, conjuntamente com a introdução de novos conceitos e métodos derivados da inclusão das ciên-cias físicas, computacionais, matemática, e engenharia. Nunca como antes, os avanços nas ciências biológicas trouxeram tamanha promessa de superar muitos dos grandes desafios enfrentados pelo mundo.

Historicamente, grandes avanços na ciência têm proporcionado soluções para os desafios económicos e sociais ao longo dos tempos. Ao mesmo tempo, tais desafios tem induzido a ciência a concentrar a sua atenção nas necessidades mais críticas da humanidade. Esforços científicos com base na satisfação das necessidades sociais têm lançado os alicerces para novos e incontá-veis produtos, indústrias, e mesmo sectores inteiros da economia inimagináveis quando esse trabalho de pesquisa se iniciou.

As lições da história levaram em 2008, que o “Conselho de Ciências da Vida” dos Estados Unidos, criasse uma comissão desig-nada por “Nova Biologia para o Século 21”, afiançando que o mesmo lidera a revolução da “nova biologia”, que tem por objectivo pôr em prática uma “iniciativa” baseada na mes-ma, e encarregue de encontrar as soluções para as principais carências da sociedade americana como sejam a produção susten-tável de alimentos, a protecção ambiental, as energias renováveis, a melhoria na saúde e qualidade de vida.

Esses desafios representam o mecanis-mo de aceleramento no aparecimento de uma “nova biologia” e dos seus primeiros resultados. Perante o seu objectivo, a dita comissão teria de encontrar resposta para a questão essencial, de como é possível que um direito fundamental e o entendimento generalizado dos sistemas vivos possa diminuir a incerteza sobre a vida futura na Terra, melhorar a saúde e o bem-estar da população e conduzir uma gestão sensata do nosso planeta?

Foi denominada de “iniciativa nacional” tendo em vista aplicar o potencial da “nova biologia” para fazer face às mudanças sociais. A comissão veio a elaborar um relatório, em Agosto de 2009, denominado “A Nova Biolo-

gia para o século 21”. Nele, dá a entender que a essência da “nova biologia” é a integração e reintegração de muitas subdisciplinas da biologia e da incorporação na investigação de físicos, químicos, cientistas da computação, engenheiros e matemáticos, de forma a criar um grupo de pesquisa com a capacidade de abordar uma ampla gama de problemas científicos e sociais.

A comissão escolheu abordagens bioló-gicas para resolver problemas nas áreas dos alimentos, ambiente, energia e saúde como as mais motivadoras metas para estimular o desenvolvimento da “nova biologia”. Toda-via, não são esses os únicos problemas que se espera, que esta nova visão da biologia seja capaz de responder, mas igualmente às questões fundamentais postas em todas as áreas da biologia, desde o entendimento do funcionamento do cérebro até ao ciclo do carbono no oceano, sendo melhor tratadas com esta nova roupagem que cresce numa vigorosa realidade e que dada a sua fun-damental unidade como ciência, se possa esperar dela grandes contributos para a evolução das ciências da vida.

Ao longo do relatório, tudo parece demonstrar a ideia de que esta nova visão da biologia é um instrumento adicional e complementar à tradicional e clássica inves-tigação das ciências da vida, e não uma subs-tituição nobremente revista, independente da iniciativa investigadora do cientista no qual igualmente se baseia e que continuará a seguir. Todavia, muitas áreas importantes e promissoras da pesquisa biológica não são consideradas no relatório.

Quer se queira ou não, é indubitável que a capacidade de investigação das ciências da vida é liderada pelos Estados Unidos, e ainda que o relatório seja omisso em muitos aspectos fecundos, é de realçar que a comis-são que o elaborou, apoia firmemente os esforços de investigação que decorrem, quer no sector público, quer no privado. Adentro da biologia, trata-se de um excelente trabalho que deve continuar.

Não resulta dos trabalhos da comissão, nem das conclusões do relatório que tenha havido alguma intenção no sentido de uma completa revisão da investigação das ciências da vida, ao invés parece ter-se concentrado nas situações que não podem ser resolvi-das, por qualquer das subdisciplinas ou disciplinas da biologia, mas que exigem a integração entre a biologia e outras ciências, incluindo a engenharia, e que são difíceis de capitalizar dentro das institucionais e tradicionais estruturas, passando também pela do financiamento.

Não se trata apenas de ciências que precisam de ser integradas. A nova visão

da biologia deverá assentar na capacidade de pesquisa e desenvolvimento de univer-sidades, instituições governamentais e da indústria. As agências federais americanas devem continuar a liderar importantes esforços independentes de pesquisa. A “nova biologia” só pode florescer, se as inter-agências e co-lideres dos projectos nos Estados Unidos tiverem um âmbito de actuação mais alargado que no presente. Esta iniciativa não se reduz a uma simples questão de financiamento como é usual nos Estados Unidos.

A capacidade e experiência conjunta de numerosas organizações são necessárias para fazer face aos maiores desafios da so-ciedade. É de realçar as palavras proferidas pelo presidente Barack Obama na “Reunião Anual da Academia Nacional de Ciências”, em 2009, nas quais se sobressaem aplicadas no presente contexto, de que “Sabem que a descoberta científica é mais demorada que a luz relâmpago de brilho ocasional, tão importante quanto possa ser. Normalmente, leva tempo, duro trabalho e paciência, exige treino e o apoio da nação. Mas detém uma promessa como nenhuma outra área do esforço humano”.

Muitas outras reflexões nesta nova visão da biologia devem ser consideradas pela referida comissão, e terem as principais questões biológicas preparadas para a com-preensão dos maiores avanços das ciências da vida e poder responder ao resultado prático das mesmas. Essas respostas devem ter um efeito de alto impacto a curto prazo e as consequências ambientais, as resultan-tes de processos estocásticos ou alterações genéticas, devem ser entendidas em termos de propriedades relacionadas com a solidez e fragilidade inerentes a todos os sistemas biológicos.

As agências federais americanas terão de apresentar uma melhor e mais eficaz gestão, de forma a disciplinar os seus investimen-

tos em pesquisa biológica e educação, para abordar problemas complexos através de escalas de análise do básico ao aplicado. Terá a comissão de saber em que áreas da “nova biologia” pode o investimento a longo prazo ser mais susceptível de conduzir a benefícios, igualmente a longo prazo e a uma substancial e forte vantagem competitiva para os Estados Unidos.

Todavia, podem existir áreas de alto risco em termos de financiamento que merecem um séria ponderação. Talvez seja necessário considerar novos mecanismos de financiamento para incentivar e apoiar a investigação transversal, interdisciplinar ou aplicada na biologia. Torna-se necessário quantificar os principais obstáculos para a realização de um “nova” e integrada biologia. Existe a indispensabilidade de um profun-do estudo acerca das implicações de uma biologia recém integrada, face às carências de infra-estruturas que devem ser previstas e identificadas em termos de prioridades.

Terá de se ter em conta as implicações para a cultura de investigação nas ciências da vida de uma abordagem integrada da biologia e como podem físicos, químicos, matemáticos e engenheiros ser encorajados a ajudar a construir um comportamento e actividade mais biológico, com o alcance e conhecimentos técnicos para lidar com um vasto conjunto de problemas científico--sociais. É possível que sejam inevitáveis mudanças no ensino da biologia, para garantir que está equipada a trabalhar nas suas tradicionais fronteiras disciplinares, a oferecer cursos e carreiras que equipem os cientistas físicos e engenheiros a tirar van-tagem dos avanços nas ciências biológicas, e a fornecer aos não-cientistas, um nível de compreensão biológica que os mantenha informados sobre as mais relevantes pro-postas políticas.

Existe ainda, a urgência de considerar a existência de graus alternativos ou a possibilidade das faculdades de biologia organizarem programas que atraiam e for-mem alunos capazes de trabalhar conforta-velmente através das fronteiras disciplinares da biologia. Esta iniciativa só merece a total consideração se for partilhada e investigada no âmbito internacional, de forma a poder ser ajustada a todos os países a nível mundial independente do seu nível de desenvolvi-mento, pois estão em causa bens universais como a vida futura na Terra, a melhoria da saúde e do bem-estar do ser humano e as gestão prudente dos recursos naturais e dos ecossistemas que constituem a base de manutenção e conservação do ambiente, de vital importância para a preservação da vida no nosso planeta.

A

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crepúscu lo dos ído losArnaldo Gonçalves

SEXTA-FEIRA 2.12.2011

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OPINIÃO

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Carlos M. Cordeiro; Boi Luxo; Correia Marques; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Hong Kong: o novo teste à autonomiaH

Neste puzzle político o facto novo é o aparente distanciamento do Governo Popular Central em termos de favorecimento de uma ou outra candidatura do campo pró-Pequim

ONG Kong prepara-se para a eleição do terceiro Chefe do Exe-cutivo da sua história recente e

os candidatos já anunciados dão indicações que a competição vai ser viva e aberta, re-velando a maturidade do sistema político da antiga colónia inglesa. Um sistema que tendo fonte na Lei Básica negociada pelos representantes de Pequim e a elite empre-sarial de Hong Kong está, contudo, longe de corresponder aos anseios de sufrágio directo e universal e ampla democracia da população e à vontade da comunidade internacional.

Os homens que se perfilam na corrida são a expressão da textura da elite intelec-tual e empresarial de Hong Kong, com um Henry Tang, ex-secretário-chefe do governo da RAEHK, Leung Chun-ying, conselheiro do governo e até à pouco CEO da empresa imobiliária londrina DTZ, Holdings Plc e Albert Ho Chun- yan, líder do Partido Democrático.

Segundo a maioria dos observadores, Henry Tang, de 59 anos, parte com vantagem, desde logo pela experiência que detém pelas funções que desempenhou como secretário para a economia e depois secretário-chefe, por outro pela proximidade à comunidade empresarial e financeira de que é um dos “princelings”. Henry Tang é filho de Tang Hsiang Chien, considerado o 40º homem mais rico do mundo pela revista Forbes. O arranque da sua campanha foi frouxo, com um timing mal calculado para o anúncio da candidatura e um quiproquó confrangedor com a exposição pública das suas infideli-dades conjugais com uma antiga assessora. Tang tem-se desdobrado em encontros com várias organizações sociais mas deixa transparecer o pouco à vontade que tem no contacto directo com o cidadão comum e, até agora, uma absoluta ausência de ideias de como poderá governar Hong Kong.

Já Leung Chun-ying, de 57 anos, parece mexer-se mais à vontade junto das tradicio-nais associações profissionais e sectoriais da RAEHK, as “functional constituencies”, revelando maior focagem política e conhe-cimento dos problemas dos sectores mais expostos aos efeitos da subida da inflação, do disparar dos preços do sector imobiliário e do alargamento das desigualdades sociais.

Recorde-se que Hong Kong é o local da Ásia onde o fosso entre ricos e pobres é mais acentuado. Dos sete milhões de residentes um milhão e meio subsiste com subsídios do governo e metade da população vive em habitação social.

Albert Ho, de 60 anos, é a tradicional figura do campo democrático, líder dos pan-democratas, e um crítico acérrimo da gestão de Donald Tsang, o chefe do execu-tivo em funções. Previsível derrotado nas eleições, Ho “marca” a agenda da oposição a Pequim na exigência de eleições livres e directas quer para chefe do executivo quer para o Legco. Advogado, membro da Assembleia Legislativa, é a expressão da pulverização dos pan-democratas, unidos por causas pontuais como a oposição ao artigo 23º da Lei Básica, a condenação da repressão de Tianamen de Junho de 1989 ou o aprofundamento da autonomia de Hong Kong, mas incapazes de construírem uma alternativa credível de poder (e governo) ao sector alinhado com Pequim.

Neste puzzle político o facto novo é o apa-

rente distanciamento do Governo Popular Central em termos de favorecimento de uma ou outra candidatura do campo pró-Pequim. Embora perceba que a competição não é um processo de consulta popular o Governo chinês quer assegurar que o próximo chefe do executivo, ao contrário de Donald Tsang, usufruirá de um mais amplo apoio da co-munidade e que dará garantias de manter a estabilidade política e social. A demarcação de Tsang das duas candidaturas pró-Pequim, o desagrado com o destaque político que o processo encontra nos media, revela as limitações que muitos lhe prognosticaram quando, em recurso, foi chamado a substituir um impopular Tung Chee Hwa.

Sendo certo que pelas regras de constitui-ção do Comité de Eleição do Chefe do Exe-cutivo (de 1200 membros), os representantes directos e indirectos de Pequim dispõem de uma confortável maioria, afigura-se que o Governo Central quererá perceber para onde “caiem” os favores dos sectores tradicionais da RAEHK antes de dar um sinal de quem apoia. Em Março passado, o Premier Wen Jia-bao admoestava os dirigentes de Hong Kong quanto à necessidade urgente de resolverem os conflitos sociais “profundos” por forma a assegurar a estabilidade política e social; outra forma de reconhecer a incapacidade do governo local de dialogar com a população e responder aos seus anseios.

A tarefa do próximo Chefe do Executivo não se revela nada fácil, desde logo pela previsão da continuidade da crise finan-ceira internacional, segundo as projecções da OCDE e do Banco Mundial, por outro lado pelo quase certo sobre-aquecimento da economia chinesa e a retracção no cres-cimento do Produto Interno Bruto em 2012, e finalmente pela indefinição da situação política na China.

Recorde-se que em 2012, a China muda de liderança política e com ela serão “baralha-dos” os canais de acesso da elite empresarial e política de Hong Kong aos centros de poder em Pequim. Sendo a evolução do sistema chinês razoavelmente previsível não é claro quem são os “homens de confiança” da dupla Xi Jiping-Li Keqiang na RAEHK. Manda a prudência da lenta progressão dos principais dirigentes do Politburo que dissimulem o mais possível as suas preferências pessoais e evitem dar passos em falso.

Ainda esta semana um pequeno episódio com Bo Guagua, filho do poderoso Bo Xilai, membro do Comité Permanente do Comité Central do PCC, poderá ter afastado de todo as pretensões deste último a um lugar cimeiro na distribuição dos principais lugares no aparelho de Estado. A China depois de ter abraçado o modelo de desenvolvimento capitalista, de eliminar as considerações ideológicas e apostar na bondade do go-verno dos tecnocratas, confronta-se com o enorme problema de não dispor de um corpo coerente de ideias e convicções que una a população e legitime quem detém o poder.

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SEXTA-FEIRA 2.12.2011www.hojemacau.com.mo

JOGO NOVEMBRO COM NÚMEROS-RECORDE EM MACAUO sector do jogo nos casinos de Macau encerrou o mês de Novembro com receitas brutas de 23.058 milhões de patacas, mais 32,9 por cento do que em igual período de 2010. De acordo com dados oficiais disponíveis na página electrónica dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos, os casinos de Macau acumularam desde Janeiro receitas brutas de 244.258 milhões de patacas, mais 44,1 por cento do que em igual período de 2010.Dados recolhidos pela agência Lusa junto de vários operadores indicam que a Sociedade de Jogos de Macau, fundada por Stanley Ho, continua a liderar o mercado com cerca de 27 por cento de quota, seguida pela Galaxy com cerca de 20 por cento e da Venetian Macau com mais de 15 por cento.

PLANO NOVO ESTÍMULO ÀS CONVENÇÕES E EXPOSIÇÕESPara impulsionar o desenvolvimento da indústria de convenções e exposições de Macau, com diversificação das indústrias e transformação da RAEM num Centro Internacional de Turismo e Lazer, a Direcção dos Serviços de Economia irá lançar, a partir de 1 de Janeiro de 2012, o “Plano de Estímulo às Convenções e Exposições”. A decisão pretende dar continuidade ao “Plano de Estímulo ao Turismo de Negócios” da Direcção dos Serviços de Turismo, que terminará em 31 de Dezembro de 2011. Através de apoios às entidades organizadoras, irá sustentar-se o aumento da competitividade do sector. Os candidatos que preencham as condições requeridas, poderão obter uma série de apoios através do plano.

Virginia [email protected]

O mês chegou ao fim e os salários, nem vê-los... mais uma vez.

Desesperados com atrasos salariais que ascendiam a até 80 dias, 30 trabalhadores da construção civil, contratados por um dos subem-preiteiros que operam nas obras da nova fase do Venetian, procuraram a ajuda da União de Associações Livres das Indústrias da Constru-ção e dos Casinos e apresentaram anteontem um abaixo-assinado ao Chefe do Executivo a pedir ajuda para desbloquear a situação.

Apresentando-se como traba-lhadores das obras para as Parcelas 5 e 6 do Venetian contratados pela empresa de construção Bo Pak, os queixosos alegavam que o pequeno

TRABALHADORES DAS OBRAS DO VENETIAN FAZEM APELO

Salários com atrasos de 80 diassubempreiteiro em causa operava no estaleiro de obras sob a alçada da Yearful Construction, que por sua vez fazia subempreitada para o grupo construtor Hsin Chong, este sim, contratado directamente pelo Venetian. De acordo com as reclamações, desde Agosto que começou a faltar regularidade no pagamento dos salários, que têm hoje atrasos entre 30 e 80 dias. Os trabalhadores alegam ter tentado sentar-se à mesa de negociações com os patrões, mas sem sucesso, tendo procurado a ajuda da Direc-ção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) em Outubro.

Tendo batido em quase todas as portas, os trabalhadores conti-nuam inconformados e disparam queixas em todas as direcções. A DSAL terá recebido a queixa, mas

alegadamente sem que houvesse avanços posteriores, pelo que os tra-balhadores acusam o organismo de, mesmo tendo a lei do seu lado, nada fazer para ajudar os trabalhadores a recuperarem o dinheiro que lhes é devido. Além disso, dizem também terem se dirigido directamente aos donos da obra, que no entanto os terão rejeitado, pelo que acusam o Venetian de não cumprir as suas responsabilidades sociais. A DSAL, acusam, demonstra ineficiência e incapacidade de lidar com o caso e o Venetian não tem consciência, pelo que os trabalhadores apelam agora ao Chefe do Executivo para que acompanhe a sua situação.

Em declarações ao Hoje Macau, Jacqueline Wu, vice-presidente de relações públicas da Venetian Macau, sacudiu as responsabilidades para os empreiteiros. “Fizemos os pagamen-tos a tempo à empresa de construção contratada, no entanto, devido aos vários níveis de empreitadas, apenas podemos dar directrizes às empre-sas à empresa de construção para a incentivar a fiscalizar a situação, mas não temos o direito de intervir na questão da distribuição dos seus salários”, afirmou, sem deixar de sugerir que os trabalhadores em causa tentassem negociar a matéria com os seus empregadores directos.

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