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O MUNICPIO DE ARAPIRACA/AL E SUA DINMICA HISTRICA DE OCUPAO E
RENDA
Angela Maria Arajo Leite 1(*)
1 - Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL | (*) Brazil
A intensificao, no Brasil, de modernas tcnicas agrcolas, com a
chamada Revoluo Verde, a partir dos anos de 1970, acabou por
aprofundar
as diferenas entre pequenos, mdios e grandes produtores
agrcolas, uma vez
que foi negado ao pequeno agricultor o acesso a essa
modernizao,
deixando-lhe renegado s mudanas que foram ocorrendo no meio
rural.
Historicamente, o estado de Alagoas tem na atividade
agrcola,
especialmente na monocultura da cana-de-acar, no cultivo do
algodo e na
cultura do fumo, o seu suporte econmico. Tal fato proporcionou
um grande
destaque no cenrio nacional e internacional, especificamente com
o cultivo do
fumo, chegando aos anos de 1970 a ser considerado o maior parque
fumageiro
da Amrica Latina.
Contudo, a partir dos anos de 1990 a crise se instala, marcando
o
desenhar de um novo cenrio, notadamente no municpio de
Arapiraca,
considerado Plo Regional, onde a agricultura deixa de ser
sinnimo de
prosperidade.
Arapiraca localiza-se na rea central do Estado de Alagoas,
possui segundo estimativa do IBGE para 2005 um total de 199.964
habitantes, sendo
163.383 no espao urbano e 36.581 no espao rural, ou seja, apenas
18%
esto distribudos na zona rural, com densidade demogrfica de
568,93km2.
O municpio situa-se na rea central do Estado (figura 1), na
Mesorregio do Agreste e na microrregio de Arapiraca, e dista
135,7 km de
Macei, capital do Estado de Alagoas. Tem uma superfcie de 351
km2 e
cortado pelas coordenadas 9 45` e 9 S e 36 39` 40 O.
Por sua localizao no centro do Estado, tornou-se ponto de
passagem para as pessoas que trabalham no corte da cana-de-acar
e que
retornam da Zona da Mata, no fim da safra, em direo ao Agreste e
Serto.
Assim, a cidade de Arapiraca, em funo de sua feira livre e da
crescente
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oferta de produtos e servios, tornou-se referncia para compra de
suprimentos
desses trabalhadores.
A feira livre, criada em 1884 inicialmente comercializava apenas
os
produtos da zona rural e vai acompanhando o crescimento da
produo
agrcola e das atividades comerciais, atraindo comerciantes e
consumidores
dos estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco devido localizao e
o
comrcio do fumo que se expandia aliado s demais atividades
que
impulsionavam a economia e que proporcionavam um incremento cada
vez
maior populao j existente.
Figura 1 Municpio de Arapiraca Localizao em Alagoas
O municpio tornou-se conhecido, desde sua emancipao, em 30
de
maio de 1924 como a terra da prosperidade, atravs da produo
agrcola,
inicialmente a mandioca e o algodo.
Em 1942, Arapiraca, segundo Guedes (1999), vivia o fastgio
da
cultura da mandioca. Era a chamada fase de ouro, tanto para
produtores, como
para os armazenistas e atravessadores. Por volta de 1945 com a
implantao
Fonte: Guia dos Municpios de Alagoas (1988) Elaborao: Angela
Maria Arajo Leite Execuo e adaptao: Roberto Silva de Souza
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da cultura do fumo, amplia-se o nmero de fumicultores medida que
reduz o
de mandioqueiros.
O municpio de Arapiraca, ao longo de sua histria teve como
suporte
econmico a produo agrcola, principalmente atravs da cultura do
fumo, que
exigia grande quantidade de mo-de-obra, acarretando um intenso
movimento
migratrio temporrio proveniente da zona da mata aucareira,
durante o
perodo de entressafra, e do serto. Como bem evidencia
Andrade:
Sendo na maioria das vezes diaristas, os assalariados das regies
vizinhas afluem para a rea fumicultora durante a colheita. [...] o
fumo uma lavoura que exige cuidados especiais, adubao e tratamento
demorado antes que seja lanado no mercado; da serem as reas onde
cultivado de alta densidade demogrfica e ser o salrio do
trabalhador rural mais elevado. (ANDRADE, 2005: p. 164).
Entretanto, em muitos casos, a falta de perspectiva no seu lugar
de
origem e a possibilidade de ocupao e renda tornava essa
migrao
permanente, o que fez do municpio arapiraquense plo de atrao
populacional.
Com a decadncia da cultura fumageira, a zona rural entra em
saturao e falncia agrcola, culminando num crescente processo de
xodo
rural, excluso social e baixa qualidade de vida, que afetou
tanto o espao rural
quanto o espao urbano, como afirma Gusmo:
[...] para comprovar essa situao suficiente verificar a
afirmativa constante do Plano Diretor daquela cidade (1979), onde
diz que, em Arapiraca no existe pobreza. Esta afirmativa no poderia
ser feita hoje. Isto porque, bastante claro e perceptvel o processo
de periferizao e favelizao e, consequentemente de pobreza que se
verifica em Arapiraca. Tal fenmeno est vinculado diretamente a todo
processo de transformao por que vem passando o espao rural da Regio
Fumageira, em virtude da penetrao das relaes capitalistas no campo,
cujas repercusses vo se d diretamente no espao urbano. (GUSMO,
1985: p.331)
A situao de pobreza e misria verificadas por Gusmo em meados
dos anos de 1980 se agravou com a reduo consecutiva do cultivo
de fumo
nos anos de 1990 at os dias atuais, com ligeira alterao no ano
de 2004,
quando aumenta a rea plantada para em seguida voltar a
declinar.
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Como tradicionalmente a agricultura fumageira utiliza grande
quantidade de mo-de-obra, a reduo de rea plantada influencia
diretamente
no nmero de pessoas desocupadas e sem acesso a renda. Esse
fato
culminar com o crescimento de pobreza e misria, no espao rural e
urbano.
Historicamente, a estrutura fundiria arapiraquense baseada
em
pequenas propriedades, como afirmam Gusmo (1985) e Oliveira
(2004), e
onde se estabeleceu intensamente os sistemas de arrendamento e
parceria,
que podia ser pago em forma de produto ou de dinheiro.
Em meados da dcada de 1980, Arapiraca j se consolidava como
cidade plo regional, sendo considerada a de maior
crescimento,
desenvolvimento e importncia do interior alagoano. Este fato
estava
intimamente relacionado ao grande potencial econmico da cultura
fumageira,
com a intensiva utilizao de mo-de-obra do plantio colheita e a
garantia de
comercializao com a presena de empresas locais e
estrangeiras,
especialmente com empresas de exportao de fumo, que se
instalaram no
municpio a partir de 1950, de capital nacional e internacional;
e comearam a
se retirar a partir do final da dcada de 80, quando a cultura
fumageira entra
em processo de declnio, como afirma Oliveira (2004).
A crise gerada pelo declnio do mercado por demanda do fumo
de
corda* e a falta de assistncia e orientao tcnica aos pequenos
produtores,
culminou num quadro geral de reduo de rea plantada em toda a
regio
fumageira, especialmente no municpio de Arapiraca, conforme
grfico 1.
______________________
* Cordas de fumo, produzida de forma artesanal a partir da cura
de folhas destaladas e parcialmente secas. So comercializadas para
confeco de cigarros enrolados em folhas de seda.
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Grfico 1 Produo de fumo, mandioca e milho em Arapiraca - AL
14.400
13.200900
8.000
96.000
1.650
4.800
92.802
8.000
5.760
48.000
1.056
0
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
1 2 3 4
Fumo
Mandioca
Milho
1990 1995 2000 2005
Tone
lada
s ( T
)
Fonte: IBGE - Produo Agrcola Municipal
Atualmente, a produo agrcola do municpio atravessa intensa
diversificao com a insero do cultivo do milho para abastecer a
indstria
local, representada pelo Grupo Coringa e pela Luna Avcola.
Entretanto, os
pequenos produtores no conseguem comercializar sua produo, por
no
atender s exigncias qualitativas do mercado, como afirma
Oliveira (2004).
Esse fato est ligado extrema precariedade vivida pelos
pequenos
agricultores que no dispem de assistncia tcnica para aumento
da
produtividade, acesso a recursos, emprstimos, mquinas modernas,
entre
outros, ficando o mercado restrito aos grandes produtores.
Em relao produo agrcola arapiraquense, constatou-se atravs
do IBGE que no existe a prtica de lavoura permanente, constando
apenas
dados da lavoura temporria (tabela 1), onde a mandioca lidera o
ranking com
a produo de 48.000 toneladas, seguida pela cana-de-acar com
9.000
toneladas e o fumo com 5.760 toneladas.
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Tabela 1 Arapiraca: Produo agrcola/2005
LAVOURA TEMPORRIA
Produto Quantidade produzida
Valor da produo
(em mil reais)
rea plantada
(ha)
rea colhida (h)
Abacaxi 700 mil frutos 350 35 35 Algodo herbceo
60 toneladas 45 200 200
Batata doce 1.040 toneladas 364 80 80 Cana-de-acar 9.000
toneladas 310 170 170 Feijo (em gro)
2.450 toneladas 2.614 4.250 4.250
Fumo (em folha)
5.760 toneladas 5.760 4.800 4.800
Mandioca 48.000 toneladas 3.360 3.000 3.000 Milho (em gro)
1.056 toneladas 380 880 880
Soja (em gros)
720 toneladas 475 200 200
Fonte: IBGE Produo agrcola Municipal/2005
Observou-se ainda, o crescimento do cultivo de produtos
orgnicos
como hortalias, frutas e verduras, alm da produo de laticnios,
para
abastecer o mercado local e da capital alagoana, bem como, a
expressiva
expanso do setor hortifrutigranjeiro, especialmente com a
presena da Luna
Avcola, uma empresa que produz aves, ovos e raes e, em conjunto
com
outras granjas de pequeno porte, se tornou fonte de ocupao e
renda para os
habitantes do meio rural.
Dessa forma, a realidade agrcola do municpio arapiraquense
carece de
polticas que atendam aos interesses dos pequenos agricultores
que convivem
constantemente com a ausncia de assistncia por parte dos rgos
agrcolas,
produzindo abaixo de sua potencialidade.
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O Papel dos Programas Sociais na Renda Familiar da Populao do
Municpio de Arapiraca
A populao do Municpio de Arapiraca conta ainda com uma fonte
de
renda do governo federal, atravs do Programa de Transferncia de
Renda,
onde em 2006, mais de 22.000 famlias (tabela 2) so beneficiadas,
cerca de
10% da populao (grfico 2). Tais recursos, de acordo com
famlias
beneficiadas, so utilizados como custeio de estudos e, em casos
extremos,
como nica fonte de renda de toda famlia.
Tabela 2 Arapiraca: Programas de transferncia de renda Dezembro
2004/2006
PROGRAMA
NMERO DE FAMLIAS BENEFICIRIAS
Dezembro
2004 Dezembro
2006 BOLSA FAMLIA 12.796 22.150 BOLSA ESCOLA 5.566 26 BOLSA
ALIMENTAO 86 0 CARTO ALIMENTAO 0 0 AUXLIO GS 7.749 537
Fonte: Ministrio do desenvolvimento Social e Combate Fome
2004/2006
Grfico 2
Programa de Transferncia de Renda da Populao do Municpio de
Arapiraca AL
1199.964
90%
222.00010%
Fonte: Ministrio do desenvolvimento Social e Combate Fome
2006
1 - Populao total 2 - Populao beneficiada
-
Em 2004 ocorreu a unificao dos programas Bolsa Escola, Bolsa
Alimentao, Carto Alimentao e Auxlio Gs. Contudo, apenas 10%
da
populao beneficiada com tais recursos, insuficiente para atender
ao grande
nmero de pessoas desocupadas e sem renda.
Destaca-se ainda, os benefcios emitidos pelo Ministrio da
Previdncia Social populao arapiraquense (tabela 3), que
expressa
proporcionalmente, o nmero de beneficirios nos meios rural e
urbano, entre
os anos 2000 e 2005. O crescimento dos benefcios pode ser
explicada pelo
aumento da expectativa de vida, segundo dados da tabela 4, fato
que obriga a
ampliao dos benefcios para atender a parcela crescente de
pessoas em
idade de aposentadoria.
Tabela 3
Arapiraca: Quantidade de Benefcios Emitidos Dezembro 2000-05
BENEFCIOS EMITIDOS
2000 2001 2002 2003 2004 2005 TOTAL 18.130 18.434 20.115 20.958
22.798 25.813 URBANA 10.084 10.418 11.318 11.836 13.174 14.513
RURAL 8.046 8.016 8.797 9.122 9.624 11.300
Fonte: Ministrio da Previdncia Social MPS/ 2000-05
Tabela 4 IDH - Longevidade 1991-2000
IDH-Longevidade
1991 2000 Brasil 0,662 0,727 Alagoas 0,552 0,646 Arapiraca-AL
0,525 0,650
Fonte: PNUD Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil
Ao analisar os benefcios emitidos exclusivamente no ano de
2005
(tabela 5), possvel identificar a proporo dessas aposentadorias
em relao
ao total dos habitantes. Observa-se que uma pequena parcela da
populao,
urbana ou rural, tem acesso aos benefcios da Previdncia Social,
insuficiente
-
para atender s necessidades dos idosos que entram numa etapa
onde deveria
ter acesso sade, descanso e lazer, cruciais para sua qualidade
de vida.
Tabela 5 Quantidade de Benefcios Emitidos Populao do Municpio
de
Arapiraca AL. POPULAO
TOTAL BENEFCIOS EMITIDOS
% da populao*
Arapiraca 199.964 25.813 11%
Urbana 163.383 14.513 8%
Rural 36.581 11.300 24% Fonte: Ministrio da Previdncia Social
MPS/ 2005 * Refere-se porcentagem dos benefcios emitidos em relao
populao de referncia.
Assim, constata-se que proporcionalmente ao nmero de habitantes,
o
maior nmero de aposentadorias foi emitido populao rural,
perfazendo um
total de 24% de seus habitantes, sendo que esta equivale a 44%
do total de
benefcios emitidos no Municpio de Arapiraca. importante
considerar que as
condies de trabalho na qual o homem da zona rural est inserido,
so
extremamente desgastante, iniciando o trabalho na agricultura
ainda em sua
adolescncia, alm de estarem sujeitos s intempries climticas e
estruturais,
motivo pelo qual no lhe exigido comprovao do mesmo tempo de
contribuio ao Ministrio da Previdncia Social que o habitante da
zona
urbana.
Ocupao e Renda: Atividades agrcolas e No Agrcolas no Municpio de
Arapiraca
Em Arapiraca, o nmero de pessoas ocupadas por estrutura
empresarial (tabela 6) tem maior expressividade no setor do
comrcio;
reparao de veculos automotores, objetos pessoais e domsticos,
com cerca
8.229 pessoas ocupadas, seguida pela administrao pblica, defesa
e
-
seguridade com 4.675 e a indstria de transformao com 3.331
pessoas.
Esses so os setores que oficialmente oferecem o maior nmero
de
ocupaes, representando apenas 8% do total de habitantes.
Tabela 6 Arapiraca: Pessoas ocupadas por estrutura empresarial -
2004
ESTRUTURA EMPRESARIAL NMERO
DE UNIDADES
LOCAIS
TOTAL DE PESSOAS
OCUPADAS
Agricultura, pecuria, silvicultura e explorao florestal
17 140
Pesca 1 - Indstrias extrativas 3 35 Indstrias de transformao 264
3.331 Produo e distribuio de eletricidade, gs e gua
1 -
Construo 37 78 Comrcio; reparao de veculos automotores, objetos
pessoais e domsticos
2.632 8.229
Alojamento e alimentao 96 417 Transporte, armazenagem e
comunicaes 52 334 Intermediao financeira 75 160 Atividades
imobilirias, aluguis e servios prestados s empresas
163 600
Administrao pblica, defesa e seguridade social
3 4.675
Educao 80 691 Sade e servios sociais 74 758 Outros servios
coletivos, sociais e pessoais 251 453 Servios domsticos -
Organismos internacionais e outras instituies extraterritoriais
- -
Fonte: IBGE,Cadastro Central de Empresas 2004. Pode-se constatar
alteraes significativas nas relaes de ocupao
familiar nas atividades agrcolas, e na expropriao sofrida pelos
pequenos
produtores, a exemplo da cultura fumageira, onde hoje predomina
a mo-de-
obra no remunerada ou familiar, como ressalta Oliveira:
Durante a colheita de fumo, comum colocar-se as folhas de fumo
em casas de pessoas que no tm roa para que essas pessoas destalagem
as folhas que vo servir para fazer a corda de fumo, [...] Essas
pessoas so pequenas produtoras que venderam seu pedao de terra e
foram viver em outros lugares posteriormente retornaram sem
conseguir nada e hoje trabalham em jornadas de forma espordica,
quando algum oferece servio. Alm disso, tem aqueles que nunca foram
trabalhadores rurais, portanto sempre viveram na cidade e que
-
hoje so aposentados e que durante a colheita do fumo, praticam
essa atividade de destalar folhas de fumo na sua prpria casa.
(OLIVEIRA, 2004: p. 70).
importante ressaltar que as pessoas que realizam esse tipo
de
trabalho no so considerados trabalhadores rurais, o que
significa a excluso
dos mesmos nas aposentadorias rurais. Assim, mesmo que estejam
exercendo
atividade rural, no so reconhecidos como tal.
Alteraes significativas no modo de vida da populao rural vm
contribuindo para que as relaes de ocupao e renda passem por
grandes
transformaes, consequentemente influindo diretamente na
qualidade de vida
de toda uma comunidade.
De acordo com o Censo Demogrfico do IBGE no ano 2000, das
pessoas ocupadas em Arapiraca na agricultura, pecuria,
silvicultura e
explorao florestal, 24% esto empregadas, apenas 3% possuem
carteira
assinada, 21% no possuem carteira assinada, 1% empregador,
27%
trabalha por conta prpria, 16% exerce trabalho no remunerado e
8%
trabalham para o prprio consumo, perfazendo um total de 25.797
pessoas, ou
11% do total dos seus habitantes.
A populao da zona rural do municpio de Arapiraca atravessou
ao
longo dos anos um intenso processo de auge, declnio e substituio
de
culturas, consequentemente tendo que enfrentar alteraes
significativas,
obrigando-os a ampliar e/ou adotar novas alternativas de ocupao
e renda
que garantisse sua reproduo social.
O espao rural contemporneo, visivelmente transformado, carece
de
um olhar mais apurado, principalmente no que se refere s relaes
de
ocupao e renda das famlias que habitam o campo, uma vez que
possvel
constatar, em determinadas reas, uma crescente ocupao dessas
famlias
em atividades no agrcolas como forma de melhorar a renda
domstica e
garantir sua permanncia no meio rural, atravs de um trabalho
acessrio
realizado na entressafra. Para Kautsky:
Ganhar dinheiro torna-se cada vez mais importante para o pequeno
lavrador, de modo que sua atividade secundria
-
passa a crescer enquanto a prpria lavoura de sustentao vai para
o segundo plano. (KAUTSKY, 1986: p.150).
Essa necessidade de complementao de renda atravs da ocupao
em trabalhos no agrcolas acaba por causar a proletarizao do
pequeno
agricultor, obrigando-o a vender sua fora excedente de trabalho
e
submetendo-o explorao.
Ao tratar sobre a Dinmica da Agricultura Familiar em
Alagoas,
Veras (2003: p. 19,20) apresenta dados que comprova a expanso do
Produto
Interno Bruto (PIB) de quatro municpios alagoanos, entre eles
Arapiraca, entre
os anos de 1970 e 1990 e sua reduo entre 1990 e 1996, colocando
como
principais causas:
a) falta de dinamismo do setor industrial;
b) baixo investimento em infra-estrutura;
c) aplicao de parte da poupana privada em atividades no
produtivas, bem como aplicao fora da regio;
d) estagnao ou decrscimo de reas cultivadas;
e) reduo do produto agrcola;
f) estagnao ou reduo do rendimento da terra;
g) quase desaparecimento da cadeia produtiva do algodo.
Observamos assim, que as polticas pblicas agrcolas que
contemple
o pequeno agricultor so insuficientes e/ou ineficazes, o que tem
contribudo
para sua proletarizao e conseqente busca por atividades no
agrcolas.
Um exemplo o Programa de Financiamento da Agricultura
Familiar
PRONAF, do governo federal, associado a um projeto produtivo,
com a
liberao de recursos e posterior reembolso ao credor; em
Arapiraca foi
administrado por tcnicos da Secretaria Municipal de Agricultura
SMA.
Contudo, os agricultores no receberam informaes suficientes,
pois segundo
Nardi (2004, p. 110) Os tcnicos se limitavam a fornecer
informaes gerais e
-
nenhuma sobre a maneira de preparar um projeto produtivo, que
tipo e fazer o
oramento, o que acabou gerando srios problemas aos beneficirios,
uma
vez que considerando o agricultor este dinheiro como doao, pois
este ia
ser utilizado inadequadamente para a compra de alimentos, roupas
ou ainda
sacar outras dvidas (idem, p.111).
A decadncia da cultura do fumo e a consequente reduo da rea
de
cultivo e da expressiva utilizao de mo-de-obra (comum na forma
de cultivo
da regio fumageira alagoana), alterou significativamente as
caractersticas de
ocupao e renda do homem do campo, que passa a se dedicar a
outras
atividades econmicas, como forma de resistncia e permanncia no
espao
rural.
Portanto, ficam evidentes, atravs das questes expostas, que
a
realidade arapiraquense de extrema precariedade, especialmente
no tocante
as relaes de ocupao e renda, estando o homem do campo merc
do
desmantelamento de seu modo de vida e sujeito a ineficcia de
polticas
pblicas nos mbitos federal, estadual e municipal que no levam
em
considerao suas necessidades, causando dependncia de
polticas
assistencialistas, aumento dos desocupados e sem renda,
refletidos em
pobreza e miserabilidade, alm do aumento da violncia.
Consideraes finais
Pode-se constatar a diversidade de questes que envolvem o
espao
agrrio do Municpio de Arapiraca. As discusses levam em
considerao que
cada lugar reflexo das relaes sociais, polticas e econmicas,
estabelecidas
em seu processo histrico.
Com o declnio da cultura fumageira, que utilizava um grande
nmero
de trabalhadores, deixa a mo-de-obra existente fora das
necessidades que as
atuais culturas adotadas. No caso do cultivo da mandioca, so
cerca de dois
anos entre o plantio e a colheita, com pouca necessidade de
cuidados nesse
intervalo.
-
O Estado de Alagoas tem sua economia intimamente ligada
atividade agrcola, destacando-se historicamente na monocultura
agro-
exportadora da cana de acar. Esse fato, porm fruto dentre
outros
aspectos, de polticas agrcolas que concedia benefcios aos
usineiros
latifundirios, atravs de iseno fiscal, emprstimos bancrios e
assistncia
tcnica em detrimento dos pequenos agricultores que sempre se
depararam
com a escassez de recursos para investimento agrcola.
O Municpio de Arapiraca, ao longo de sua histria, encontra
na
agricultura a base de sustentao econmica que impulsiona as
demais
atividades e consequentemente, se torna responsvel pela
organizao
espao-territorial. Contudo, a cultura fumageira foi a maior
responsvel pelas
transformaes espaciais, quer no seu perodo ureo, quer com
sua
decadncia, especialmente nos anos de 1990 aos dias atuais.
comum ouvir da populao, que durante a poca do fumo, no
faltava trabalho para ningum e que o valor pago ao trabalhador
era suficiente
para sua manuteno at a prxima safra. Atualmente essa realidade
est
longe de ser (re)conhecida.
A partir dos anos de 1980 a cultura do fumo, responsvel pelo
perodo
ureo da economia do Municpio, entra em processo de declnio.
Porm, os
anos de 1990 sero os mais crticos no que concerne ao
empobrecimento dos
pequenos agricultores e a ampliao da miserabilidade, com a reduo
da
necessidade de mo-de-obra e a reduo dos preos dos produtos
agrcolas.
Esse fato pode ser verificado ao compararmos a produo do fumo
no
municpio arapiraquense, a partir de dados do IBGE, que no ano de
1990 era
de 14.400 toneladas numa rea de 12.000 hectares, chega ao ano
2000
produzindo apenas 4.800 toneladas numa rea 6.000 hectares,
portanto, uma
reduo de 50% na rea plantada. Fato contrrio ocorrer com a
Mandioca,
que salta em 1990 de 13.200 toneladas numa rea de 1.000 hectares
para
92.802 toneladas numa rea de 6.000 hectares no ano 2000,
portanto com um
aumento de 600% em relao rea plantada.
A periferia urbana permanece recebendo migrantes dos
municpios
circunvizinhos, em especial da zona rural, que vo viver em
barracos de lona, a
exemplo do lixo da cidade. Contudo, existe uma parcela que sonha
em
-
retornar ao campo e voltar a se dedicar a agricultura, mesmo que
para isso
tenha que sobreviver de ocupaes temporrias ou de benefcios
concedidos
pelos programas sociais. Esse fato, aliado ao nmero de pessoas
desocupadas
j residentes no campo, pode aumentar ainda mais a pobreza e a
misria
verificadas entre os habitantes da zona rural que no possuem
acesso a terra e
que vivem dependentes de bicos.
Conclui-se que as polticas pblicas pecam por fazer uma
anlise
macro-espacial e determina as necessidades do homem do campo,
como se
pudesse existir homogeneidade nacional, regional, estadual ou at
mesmo
municipal.
Seria necessrio que os rgos pblicos buscassem nas
comunidades,
informaes necessrias para a adoo de polticas especficas,
como
assistncia tcnica, crdito ao pequeno produtor, planejamento
para
escoamento da produo, gerao de ocupao e renda para os
moradores
que no tem acesso a terra, dentre outros.
Finalmente, defende-se a atividade agrcola como principal fonte
da
dignidade do homem do campo, mas que a dependncia de uma nica
cultura,
como a fumageira, acarretou, em funo do seu declnio, um
rpido
empobrecimento da populao em funo da falta de ocupao e renda.
Que o
pequeno agricultor a se ver sem amparo ou perspectivas obrigado
a vender
sua terra e abandonar a agricultura e buscar outras fontes de
renda.
Referncias bibliogrficas
ALAGOAS. Guia dos Municpios de Alagoas. Mapa de Alagoas: diviso
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