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HABILIDADES SOCIAIS: SUA IMPORTÂNCIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ATENDIDAS NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS Associação Municipal de Apoio Comunitário AMAC 2012
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Feb 10, 2018

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HABILIDADES SOCIAIS: SUA

IMPORTÂNCIA

PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

ATENDIDAS NO

SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E

FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS

Associação Municipal de Apoio Comunitário – AMAC

2012

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SUMÁRIO

1- Prefácio.................................................................................................... 3

2- Apresentação........................................................................................... 4

3- Objetivos.................................................................................................. 5

4- As habilidades sociais............................................................................... 6

5- As habilidades sociais e a educação social.............................................. 9

6- As habilidades sociais de processo....................................................... 10

7- A automonitoria...................................................................................... 11

8- O treinamento de habilidades sociais..................................................... 13

9- O Método Vivencial Del Prette & Del Prette............................................ 18

10- A Lei da Igualação................................................................................ 25

11- As habilidades sociais e suas relações com crianças e adolescentes.26

12- Civilidade............................................................................................... 29

13- Fazer amizades..................................................................................... 30

14- Empatia................................................................................................. 32

15- Autocontrole e expressividade emocional............................................. 33

16- Assertividade......................................................................................... 37

17- Solução de problemas interpessoais.................................................... 41

18- Habilidades sociais acadêmicas........................................................... 44

19- Considerações finais............................................................................. 46

20- Organizadores deste trabalho..............................................................48

21- Referências bibliográficas.....................................................................49

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1- PREFÁCIO:

Na sociedade contemporânea as relações interpessoais estão cada vez mais difíceis, sendo que, em alguns contextos, elas se agravam. No meio educacional, educadores convivem com novos valores e interesses manifestados por seus educandos e isto vem lhes causando surpresa e, em determinadas ocasiões, assombros, haja visto a grande variedade destes novos comportamentos, que modificam a maneira tradicional de relacionamento entre educador e educando.

As dificuldades de aceitação e entendimento do novo, por parte do educador, podem ser expressas por algumas atitudes negativas a eles atribuídas, frente à situações inesperadas no contato com os educandos, como por exemplo, retraimento, silêncio e omissão, repulsa, manifestações agressivas, intolerância, preconceito e medo.

Cabe ressaltar que nem todos os educadores adotam comportamentos negativos na lida com a novidade, alguns conseguem receber com mais naturalidade – ou com mais preparo psicológico – as novas formas de relacionamento com os educandos da contemporaneidade, o que torna a sua adaptação a esta nova realidade mais efetiva, gradual e menos sofrida.

A arte de educar é complexa e permeada por detalhes importantes que podem ajudar ou complicar ainda mais este ato sublime, cabendo constante reflexão por parte dos educadores no sentido de avaliar em que caminho percorrem, o da facilitação e proteção ou o do agravamento de conflitos.

Conflito, este sim é inevitável. Em se tratando principalmente de relacionamento interpessoal dentro dos processos de educação sempre haverá conflitos, de interesse, de opiniões, de ideias, de gostos, de desgostos, quaisquer que sejam, eles estarão sempre presentes.

O educador social, dentro dos programas e projetos sociais lidará sempre com conflitos, pois é uma vertente que inclusive define a sua atuação na educação não formal, fazendo por necessária a sua presença. Esta presença intencional e compromissada, que justifica todo o investimento na busca de ferramentas socioeducativas que sejam capazes de auxiliar nos processos de ajuda desencadeados pelo trabalho estruturado desta educação não formal.

O uso consciente dos conhecimentos expostos através do movimento das habilidades sociais, que vem se alargando no Brasil – mas em contextos ainda restritos, que possuem nuances de sofisticação – pode ser uma metodologia fundamental na mudança de paradigmas antigos, por muitas vezes ultrapassados, para uma atuação mais emancipatória do sujeito, instigadora do protagonismo individual e coletivo, capaz realmente de impulsionar o indivíduo para caminhos positivos ainda – ou nunca – explorados por ele.

Uma literatura consistente e com arcabouços sólidos justifica e conforta o empenho de quem desejar se aprimorar na arte dos relacionamentos interpessoais em situações de conflito. As formas de encontro ao longo da vida são infinitas, com variadas nuances. As aproximações são inevitáveis.

As habilidades sociais ou a falta delas... Quer queiramos ou não, conviveremos com estas características enquanto pudermos nos manifestar no mundo. Prazer, dor ou desafio? Só experimentando. Vivendo.

Leandro Barros Ribeiro Mediador-tutor do GEHS

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2- APRESENTAÇÃO:

O conteúdo deste material é o resultado dos trabalhos realizados pelo Grupo de Estudos

em Habilidades Sociais (GEHS) do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de 6 a

17 anos da Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC), através dos encontros

realizados ao longo do ano de 2012, algumas vezes com a participação somente dos

Mediadores do GEHS e, outras vezes, também com todos os seus integrantes. Paralelamente,

foi feito um levantamento bibliográfico sobre os conteúdos relativos às habilidades sociais mais

importantes para serem estimuladas em crianças e adolescentes.

O GEHS apresenta “Habilidades sociais: sua importância para crianças e

adolescentes atendidas no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos”, um

material de estudo e de apoio operacional para os educadores sociais que atuam nas diversas

Oficinas Socioeducativas. Este documento importante refere-se ao conhecimento teórico básico

necessário sobre as habilidades sociais, funcionando como referência de consulta para a

teorização, elaboração e aplicação de atividades variadas, como exposições orais, dinâmicas,

jogos e vivências junto aos educandos atendidos.

Destacamos que a Comissão Especial para a elaboração deste documento, formada pelos

Mediadores do GEHS, aprimorou as pesquisas referentes à temática em questão, apoderando-

se de conhecimentos específicos para uma relação de boa qualidade entre os educadores

sociais e os educandos, de forma que esta interação competente também melhore a qualidade

das relações dos educandos entre si. Esta Comissão continuou contando com a orientação da

pesquisadora Professora Doutora Zilda Aparecida Pereira Del Prette, da Universidade Federal

de São Carlos, São Paulo. Mediante a orientação, a Comissão compilou, adaptou e elaborou

uma nova fonte de direcionamento, como instrumento para facilitar o trabalho do educador na

sua tarefa de lidar, de maneira adequada, com as demandas das situações interpessoais das

crianças e adolescentes nas diversas Unidades Socioeducativas. Torna-se importante salientar

que a principal referência teórico-prática do GEHS é a obra construída pelos doutores Almir e

Zilda Del Prette, da Universidade Federal de São Carlos, a UFSCAR.

Conforme afirma Murta (2011, p. 83) “o impacto sobre a qualidade de vida da população,

derivado do conhecimento científico, será tanto maior quanto maior for a disseminação ou a

transferência deste conhecimento para a comunidade”.

Dessa forma, este material busca contribuir neste propósito e é a consolidação de mais um

trabalho do Grupo de Estudos em Habilidades Sociais, do Serviço de Convivência e

Fortalecimento de Vínculos de 6 a 17 anos da AMAC, visando garantir o Treinamento de

Habilidades Sociais (THS) em suas unidades de atuação.

Mediadores do GEHS

Novembro de 2012

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3- OBJETIVOS:

- Fornecer informações mais detalhadas sobre as habilidades sociais mais importantes na

infância e adolescência, de forma que os educadores sociais possam ajudar seus educandos na

tarefa diária de lidar com os desafios e demandas atuais da sociedade contemporânea, como

por exemplo: o confrontamento com realidades adversas, violências exibidas nos meios de

comunicação, o incentivo ao consumismo, falta de tolerância às diferenças e opiniões

divergentes na família, na escola e na comunidade.

- Ajudar os educadores sociais a compreenderem as diferentes relações que os educandos

apresentam nos diversos ambientes sociais que frequentam, ou seja, em alguns contextos as

crianças e adolescentes não se deparam com o estabelecimento de muitas regras e limites, o

que pode vir a ser um fato complicador na adaptação a programas e projetos sociais baseados

em procedimentos específicos (regras de convivência, horários, respeito ao espaço do outro,

etc.).

- Possibilitar ao educador social trabalhar questões importantes, tais como: respeito,

expressividade emocional, amizade, tolerância, solidariedade, convivência cotidiana agradável e

outras, para a construção de um repertório mais elaborado de habilidades sociais no grupo,

capazes de tornar mais harmoniosas as relações dos educandos com outros colegas e adultos.

- Facilitar a compreensão da competência social na infância como fator de proteção para

um desenvolvimento satisfatório da criança e do adolescente, uma vez que esta aumenta a

capacidade dos mesmos para lidar com dificuldades e privações.

- Propiciar ao educador social o entendimento de que é de suma importância que ele

procure adotar nas suas próprias condutas pessoais, os conhecimentos adquiridos sobre as

habilidades sociais, buscando sempre um relacionamento saudável e produtivo com as demais

pessoas.

- Incentivar a adaptação de procedimentos existentes na literatura especializada para a

realidade local das Unidades de Atendimento, como forma de aproximação com a cultura dos

educandos atendidos, atentando-se para o que diz Murta (2011):

São justificadas as modificações nas atividades dos programas

de habilidades sociais, adaptando-se à cultura local. Contudo,

as mudanças não podem perder de vista os objetivos das

atividades e os princípios éticos que as fundamentam. Deve-se

propor uma “adaptação embasada”, ou seja, guiada pelos

ingredientes críticos do programa, e não uma reinvenção livre,

negligente em relação a estes mesmos ingredientes (p. 100).

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4- AS HABILIDADES SOCIAIS:

Michael Argyle entendia as habilidades sociais como o mecanismo de interação

entre as pessoas, situando-as no campo da comunicação (DEL PRETTE & DEL

PRETTE, 2011a, p. 24).

Habilidades sociais são diferentes classes de comportamentos sociais que fazem

parte do repertório de um indivíduo e contribuem para a competência social,

favorecendo um relacionamento saudável e produtivo com as demais pessoas, de

acordo com as demandas do ambiente (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2005).

As habilidades sociais, ou seja, o conjunto dos desempenhos apresentados pelo

indivíduo diante das demandas de uma situação interpessoal e que contribuem para a

competência social, podem ser aprendidas e as demandas para o seu desempenho

variam em função do estágio de desenvolvimento do indivíduo e de variáveis

situacionais e culturais (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 1999).

Segundo Knight (2000), habilidades sociais são comportamentos que podem

expressar atitudes, desejos, opiniões ou direitos de uma forma adequada à situação,

respeitando a expressão desses comportamentos nos outros (OLAZ; MEDRANO;

CABANILLAS, 2011a, p. 176).

HABILIDADES SOCIAIS

Há três modos gerais para conduzir

as relações interpessoais. O primeiro

é considerar somente a si mesmo,

desconsiderando os outros... O

segundo é sempre colocar os outros

antes de você... O terceiro é a regra

de ouro... Considerar a si mesmo e

também os outros.

(Joseph Wolpe).

Tais habilidades, no contexto socioeducativo, em projetos sociais, são

fundamentais para o bom relacionamento entre os educadores sociais e seus

educandos, normalmente crianças e adolescentes em situação de extrema

vulnerabilidade socioeconômica.

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Na dinâmica das interações, as habilidades sociais fazem parte dos componentes

de um desempenho social competente (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004). A

competência social qualifica, portanto, a proficiência de um desempenho (realização

natural e espontânea de alguns comportamentos) e se refere à capacidade do indivíduo

de organizar pensamentos, sentimentos e ações em função de seus objetivos e valores,

articulando-os às demandas do ambiente (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004).

Na infância e na adolescência, as práticas educativas da família e da escola,

juntamente com a experiência de convivência com os colegas, são as principais

condições para a aquisição e o aperfeiçoamento das habilidades sociais e da

competência social. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 19)

Se, ao longo do tempo, as condições de estimulação social do indivíduo forem

favoráveis, as habilidades sociais entram em um círculo virtuoso de aprender-fortalecer-

aperfeiçoar. Se as condições de estimulação social do indivíduo forem desfavoráveis, as

habilidades sociais entram em um círculo de enfraquecer-extinguir-desaprender, com

alta probabilidade de serem substituídas por comportamentos problemáticos (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 44).

Caballo (2008) relata alguns fatores que impedem a atuação de maneira

socialmente hábil de um indivíduo, sendo os seguintes:

1 – as respostas hábeis não estão presentes no repertório do indivíduo, ou seja,

este pode nunca ter aprendido o comportamento apropriado ou poder ter aprendido um

comportamento inapropriado;

2 – o indivíduo sente muita ansiedade nas interações, o que o impede de

responder de maneira socialmente adequada;

3 – a pessoa está sempre auto-avaliando-se negativamente, havendo também

pensamentos auto-derrotistas;

4 – o indivíduo fica temeroso pelas conseqüências do comportamento hábil;

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5 – falta de motivação para atuar apropriadamente em determinada situação;

6 – o indivíduo não sabe fazer leituras do ambiente onde está, não sabendo

discriminar adequadamente as situações nas quais determinada resposta provavelmente

seria efetiva;

7 – a pessoa não está segura de seus direitos ou não crê que tenha o direito de

responder apropriadamente;

8 – o indivíduo está localizado em ambiente que apresenta obstáculos restritivos ao

comportamento correto, ou seja, tais obstáculos impedem o indivíduo de se expressar

apropriadamente ou até mesmo punem a manifestação do comportamento que seria

socialmente adequado.

Crianças com dificuldades de aprendizagem, associadas a problemas

socioemocionais e de relacionamento, constituem um desafio ao qual educadores

precisam responder de algum modo (LOPES; DEL PRETTE, 2011a, p. 145).

Se o rendimento acadêmico e as dificuldades de aprendizagem podem

comprometer o funcionamento socioemocional, a intervenção sobre este pode também

ser efetiva para reverter este quadro, ou, pelo menos, amenizá-lo. No Brasil, alguns

estudos mostraram que a promoção de habilidades sociais em crianças com dificuldades

de aprendizagem gerou ganhos estatisticamente significativos em leitura e escrita, além

de melhorias no repertório de comportamentos sociais (LOPES; DEL PRETTE, 2011a, p.

147-148).

Com crianças, os programas para desenvolvimento das habilidades sociais têm

visado principalmente a reduzir problemas de comportamento e de aprendizagem, via

fortalecimento do repertório de habilidades sociais (DEL PRETTE & DEL PRETTE,

2011a, p. 67-68).

HABILIDADES SOCIAIS

ESTILOS DE DESEMPENHO SOCIAL

Reações não

habilidosas passivas

Reações habilidosas

Reações não

habilidosas ativas

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Problemas de comportamento concorrentes efetivamente competem ou bloqueiam

a aquisição ou o desempenho de determinada habilidade social. Os problemas de

comportamento concorrentes podem ser (GRESHAM, 2011, p. 23):

a) externalizantes (desobediência, agressão, coerção)

b) internalizantes (ansiedade, isolamento social, depressão).

As relações do facilitador (educador) com o grupo e a forma como lida com as

interações entre os participantes (educandos) são condições que podem ampliar ou

comprometer a efetividade do programa. As habilidades do facilitador são reconhecidas

como condição de efetividade de programas de treinamento de habilidades sociais (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 67).

Pesquisas vêm mostrando que programas estruturados de treinamento de

habilidades sociais, conduzidos em pequenos grupos, constituem uma alternativa efetiva

ou potencialmente efetiva junto a crianças, adolescentes, adultos e idosos, podendo ser

incluídos no rol da PPBE (Práticas Psicológicas Baseadas em Evidência), ou pelo

menos, no contexto desse movimento (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 75).

5- AS HABILIDADES SOCIAIS E A EDUCAÇÃO SOCIAL:

A educação social é uma importante área de atuação de inúmeras pessoas

preocupadas com o desenvolvimento de outros indivíduos que estejam passando por

situações de desconforto vivencial, privações ou vulnerabilidades em variados contextos.

O engajamento intencional destes determinados atores sociais no propósito de

proporcionar melhores condições de vida – principalmente socioafetivas – para

populações específicas situadas em condições de conflito, é um fator marcante e

decisivo para a existência das ações próprias da educação social.

Esta educação social é a manifestação prática dos estudos da pedagogia social, ou

seja, é a aplicação das técnicas, metodologias, dinâmicas geradas nos diálogos desta

recente ciência, atuando principalmente com formas de educação fora e além da escola

(CALIMAN, 2010).

Algumas características são básicas das atividades da educação social, sendo

aquelas voltadas para o cuidado e ajuda, encaixando-se no âmbito da assistência social

e também da educação, por isso sendo chamadas de socioeducativas, ou seja, que

respondem às necessidades específicas de determinados setores da sociedade,

conforme os mencionados acima, procurando orientar sujeitos e grupos socialmente em

situação de risco, a buscarem mudanças pessoais e comunitárias, rumo a uma condição

de vida melhor (CALIMAN, 2010).

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A pedagogia social, movimentada pela ação dos educadores sociais, está

concentrada nos processos de socialização dos indivíduos, no crescimento da

identidade, da personalidade humana, nos vários contextos onde ela se insere e os

condicionamentos que tais contextos impõem à formação de atitudes, valores e crenças.

Pode-se observar inúmeras convergências entre os propósitos da Educação Social

e os do movimento das Habilidades Sociais.

O enfoque socioeducativo, com a ênfase do educador nas habilidades sociais

educativas, torna-se incisivo para que seja alcançado sucesso nos propósitos mais

amplos almejados pelos projetos sociais, quer sejam o protagonismo infanto-juvenil e a

conquista dos direitos de cidadania.

O conhecimento técnico-operacional do educador pode ser aprendido, pode ser

adquirido através de treinamento. A capacidade de ensinar e promover desenvolvimento

pessoal de outrem, não é uma simples obra divina ou do acaso. O educador pode

marcar sua presença nos projetos onde atua através de sua ação prática, proposital, e

não pela simples ocupação de espaço nas salas e espaços disponíveis.

Quando se tem o foco na qualidade da intervenção e na busca constante do

refinamento das propostas, a probabilidade de sucesso aumenta consideravelmente.

Esta qualidade sendo “entendida como propriedade de um trabalho fundado numa visão

crítica da realidade e capaz de intervir na transformação da sociedade em que vivemos”

(LAURO, 2008, p. 21).

Para uma melhora efetiva de seu trabalho socioeducativo, o educador deve

priorizar a qualidade de sua relação interpessoal com seus educandos. Tal

procedimento profissional vai acarretar, por consequência, mais aceitação de suas

propostas por parte das crianças e adolescentes e diminuição dos conflitos

interpessoais, deles mesmos com os educandos e dos educandos entre si.

6- AS HABILIDADES SOCIAIS DE PROCESSO:

De acordo com Ferreira; Lopes & Del Prette (2011), no início de um programa de

treinamento em habilidades sociais, deve-se focar nas Habilidades Sociais de Processo,

que são pré-requisitos para o aprendizado de outras habilidades sociais posteriores.

Tais habilidades sociais de processo podem ser descritas nos comportamentos de:

1 – observar comportamentos;

2 – descrever comportamentos;

3 – elogiar;

4 – apresentar feedback;

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5 – fazer e responder perguntas;

6 – expressar sentimentos positivos em relação aos demais participantes.

Torna-se muito importante também, no início do treinamento de habilidades sociais,

nas conversas e atividades junto aos educandos, discutir sobre quando, onde e como

devem ser utilizadas as habilidades sociais, nos seus mais variados comportamentos e

contextos, de acordo com a “leitura do ambiente social” ou dos “sinais sociais” que vão

sendo captados pelo indivíduo, nas diversas situações em que é exposto na vida

cotidiana (FERREIRA; LOPES & DEL PRETTE, 2011).

7- A AUTOMONITORIA:

Outra questão importante, no início dos treinamentos e atividades organizadas para

a estimulação em habilidades sociais, é mencionar a respeito da automonitoria. De

acordo com Del Prette & Del Prette (2004) a automonitoria é um processo pelo qual as

pessoas observam e registram pensamentos sobre si mesmas em suas interações com

o meio ambiente. Conceituando formalmente, temos a referência:

Considerando as interações com o ambiente social,

podemos conceber a automonitoria como uma habilidade

metacognitiva e afetivo-comportamental pela qual a

pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus

pensamentos, sentimentos e comportamentos em

situações sociais (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004,

p. 62).

Ao monitorar o seu próprio comportamento, o indivíduo aumenta a probabilidade de

alcançar uma boa competência social (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004).

Segundo Del Prette & Del Prette (2004) quando a pessoa não tem uma habilidade

de automonitoria bem desenvolvida, ela pode correr o risco de:

a) responder de maneira automática a alguns estímulos, por exemplo, estando com

fome ingerem o primeiro alimento que encontram; sentindo raiva intensa, descarregam

em uma pessoa não responsável pelo seu estado;

b) não ser capaz de identificar e nomear seus sentimentos e pensamentos ou

descrever o modo como agiram em determinada situação social.

Da mesma maneira, Del Prette & Del Prette (2004) demonstram que aquelas

pessoas que aprenderam a monitorar a si próprias:

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a) são geralmente conscientes de suas emoções, pensamentos e comportamentos;

b) conhecem suas potencialidades e pontos vulneráveis;

c) planejam metas pertinentes aos seus recursos disponíveis;

d) alteram seu desempenho quando isso se faz necessário.

Existem quatro requisitos para o desempenho da habilidade de automonitoria, de

acordo com Del Prette & Del Prette (2004):

1 – controle da impulsividade, ou seja, controlar e não ceder totalmente a impulsos

momentâneos que façam agir sem pensar;

2 – observação do outro;

3 – introspecção, ou seja, observação ou exame que se faz sobre o que ocorre no

seu íntimo, seus pensamentos e sentimentos;

4 – reflexão sobre o assunto, meditação.

Essa habilidade, portanto, possibilita (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004):

a) melhora no reconhecimento das emoções próprias e do outro;

b) experiência direta da relação emoção-pensamento-comportamento;

c) maior probabilidade de sucesso no enfrentamento de situações complexas;

d) análise e compreensão mais acuradas dos relacionamentos;

e) melhora na autoestima e na autoconfiança;

f) ajuda a outras pessoas na solução de problemas interpessoais.

Ferreira, Lopes & Del Prette (2011) defendem que seja realizado junto às crianças,

o treino de automonitoria, ou seja, aprender a observar, descrever e regular o próprio

comportamento.

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8- O TREINAMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS:

O Treinamento de Habilidades Sociais (THS) tem sua origem nas obras de Michael

Argyle, na Inglaterra, principalmente com seus trabalhos publicados no livro: “The

psychology of interpersonal behavior”, de 1967 (DIAS et al, 2010). Foi Argyle, em

meados do século XX, quem cunhou a expressão “Treinamento de Habilidades Sociais”,

que representa a aplicação dos conhecimentos reunidos no que ele designou como

“modelo das habilidades sociais”. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 24).

Na América do Sul, o THS disseminou-se primeiramente em países como o Chile e

Colômbia. No Brasil, o primeiro estudo foi de Almir Del Prette, em 1978, com o artigo: “O

treino assertivo na formação do psicólogo. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada,

Rio de Janeiro, v. 30, p. 53-55, 1978” (DIAS et al, 2010).

O treinamento em habilidades sociais pode ser definido como um “enfoque geral

dirigido a incrementar a competência da atuação em situações críticas da vida”

(GOLDSMITH; McFALL, 1975 apud CABALLO, 2008) ou como:

(...) uma tentativa direta e sistemática de ensinar

estratégias e habilidades interpessoais aos indivíduos,

com a intenção de melhorar a sua competência

interpessoal individual em tipos específicos de situações

sociais (CURRAN, 1985 apud CABALLO, 2008, p. 181).

O treinamento de habilidades sociais se faz na relação interpessoal (DEL PRETTE

& DEL PRETTE, 2011b), sendo um método e não uma técnica. Este método encontra-se

entre os mais potentes e frequentemente utilizados para o tratamento dos problemas

psicológicos, para a melhoria da efetividade interpessoal e para a melhoria geral da

qualidade de vida (CABALLO, 2008).

O treinamento em habilidades sociais interessa-se pela mudança do

comportamento social (CABALLO, 2008), ensinando aos indivíduos como trabalhar de

forma construtiva com os outros e estabelecer relações mais satisfatórias (LANDAU &

PAULSON, 1977 apud CABALLO, 2008).

O treinamento de habilidades sociais é um fator de proteção para o indivíduo.

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Fator de proteção: toda e qualquer

influência que modifica, melhora ou altera

respostas individuais a determinados riscos

de desadaptação (Poletto & Koller, 2006).

Fator de risco: todo e qualquer evento

negativo de vida que ao quando presentes

no contexto aumentam a probabilidade do

indivíduo apresentar problemas físicos,

psicológicos e sociais (Poletto & Koller,

2006).

A exposição aos fatores de risco pode

afetar negativamente o desenvolvimento

da criança e do adolescente, trazendo

problemas, sobretudo, de comportamento.

Nesse modelo teórico das habilidades sociais, Michael Argyle reservou um papel

importante para o comportamento não verbal e o paralinguístico, explicitando suas

relações na interação social. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 25).

Um programa de THS é um conjunto de atividades planejadas que estruturam

processos de aprendizagem, mediados e conduzidos por um coordenador (facilitador),

visando a (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 20):

a) ampliar a frequência e/ou melhorar a proficiência (realização espontânea,

natural) de habilidades sociais já aprendidas, mas ainda deficitárias;

b) ensinar habilidades sociais novas que sejam significativas;

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c) diminuir ou extinguir comportamentos concorrentes (anti-sociais) com as

habilidades sociais.

Também poderia ensinar ao participante, por exemplo, a cuidar de si, a pedir o que

deseja, a se proteger dos pedidos pouco razoáveis e das críticas, bem como a ser capaz

de se abrir com os outros (BAKKER, BAKKER-RABDAU & BREIT, 1978; RIMM &

MASTERS, 1974; SCHINK e cols, 1979 apud CABALLO, 2008).

Em resumo, a essência do THS consistiria em tentar aumentar o comportamento

adaptativo e prossocial, ensinando as habilidades necessárias para uma interação social

satisfatória, com a finalidade de conseguir a satisfação interpessoal (CABALLO, 2008).

O THS é um conjunto articulado de técnicas e procedimentos de intervenção

orientados para a promoção de habilidades sociais relevantes para as relações

interpessoais (Del Prette e Del Prette, 1999).

O método de treinamento de habilidades sociais utiliza várias técnicas, várias

intervenções e arranjos de diferentes procedimentos, oriundas dos vários modelos

conceituais existentes no passado, como por exemplo (DEL PRETTE & DEL PRETTE,

2011b):

- exposição oral e dialogada;

- discussão de assuntos e temas;

- arranjos de grupos;

- dinâmicas de grupo;

- jogos cooperativos;

- simulações práticas de desempenho, com representações de papéis (Role

playing);

- simulações práticas de desempenho, com inversões de papéis (Role reversal);

- vivências (Método Vivencial, de Almir Del Prette e Zilda Del Prette)

Caballo (2008) explica que um treinamento de habilidades sociais deve, em seu

desenvolvimento, possuir alguns elementos fundamentais:

1 – treinar habilidades, ensinar comportamentos específicos, praticados e

integrados ao repertório do indivíduo;

2 – reduzir a ansiedade do indivíduo em situações problemáticas, ensinando

técnicas de relaxamento e novos comportamentos mais adequados;

3 – modificar, a longo prazo, valores, crenças, cognições e/ou atitudes do indivíduo,

que não estejam contribuindo para o seu desenvolvimento interpessoal;

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4 – treinar a solução de problemas, ensinando o indivíduo a perceber os

parâmetros situacionais relevantes, processar estes sinais captados, selecionar

respostas mais adequadas às situações e emiti-las de maneira correta, ou seja, executar

de maneira que possa maximizar a probabilidade de atingir o objetivo que impulsionou a

comunicação interpessoal.

Segundo Bandura (1987) a Autoeficácia Social (AS) são crenças que uma pessoa

tem sobre sua capacidade para responder de maneira adequada às demandas

interpessoais específicas (OLAZ; MEDRANO; CABANILLAS, 2011a, p. 182).

Atualmente se considera a autoeficácia como um dos fatores mais influentes na

explicação do funcionamento do comportamento humano (OLAZ; MEDRANO;

CABANILLAS, 2011a, p. 183)

Algumas pesquisas têm evidenciado que as intervenções com os programas de

habilidades sociais produzem impacto na autoeficácia social, aumentando a força da

percepção da eficácia social dos participantes, bem como uma modificação destas

crenças após a intervenção (OLAZ; MEDRANO; CABANILLAS, 2011a, p. 183)

Del Prette & Del Prette (2011a) relatam que existem dois tipos de treinamento em

habilidades sociais:

a) treinamento instrucional, com discussões em grupo (somente teórico);

b) treinamento vivencial, baseado em técnicas de grupo com características

lúdicas.

Ferreira, Lopes & Del Prette (2011) nomeiam as seguintes qualificações

necessárias ao facilitador de um treinamento de habilidades sociais:

a) motivação em querer fazer parte de um projeto de THS;

b) passar por treinamento teórico-prático;

c) perpassar pela seguinte seqüência de treinamento:

c.1) membro participante da vivência;

c.2) observador da vivência;

c.3) ajudante do aplicador da vivência;

c.4) aplicador da vivência.

d) deve ter em si, habilidades sociais bem trabalhadas;

e) ter consciência de que os indivíduos se inspiram em modelos;

f) não reproduzir comportamentos negativos dos integrantes do grupo;

g) possuir bom manejo de turma (grupo);

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h) ser ótimo observador;

i) gostar de estudar;

j) aceitar desafios.

Caballo (2008) ainda mencionando sobre este assunto, diz que o facilitador deve

fomentar a motivação do indivíduo para participar do treinamento, dando ênfase

considerável na indução de atitudes positivas, entusiastas, com relação a esta

participação, antes de começar com os procedimentos do treinamento propriamente dito.

Argyle (1980) destaca três habilidades sociais importantes para o educador em

sala de aula, que também podem ser transportadas para a atuação do facilitador de um

grupo de treinamento:

1 – suscitar a motivação;

2 – manter a disciplina;

3 – transmitir informação, conhecimentos e habilidades.

O comportamento do facilitador faz parte de um conjunto de variáveis importantes

que afetam a eficácia do treinamento em habilidades socais (CALLAO, 2011).

Sobre a efetividade de um treinamento em habilidades sociais, Del Prette & Del

Prette (2006, p. 97) comentam que “dificilmente um programa de treinamento de

habilidades sociais em grupo deixa de atingir a maior parte dos objetivos a que se

propõe em relação a todos ou, pelo menos, à maioria dos participantes”.

Em relação à competência profissional, as Práticas Psicológicas Baseadas em

Evidência enfatizam a necessidade de que o profissional compreenda, atualize

constantemente e integre o conhecimento produzido na literatura à sua prática, o que

implica avaliar com rigor os procedimentos utilizados. Deve avaliar sistematicamente a

sua própria prática (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 62).

Caballo (2008) também comenta que o treinamento de habilidades sociais em

grupo faz um uso mais econômico do tempo disponível, permite que os participantes que

recebem o treino possam praticar com as outras pessoas, proporciona uma maior

categoria de feedbacks, causa menos timidez nos indivíduos, permite que membros

mais adiantados no treinamento possam ajudar e incentivar membros mais recentes e

desenvolve situações sociais reais, em vez das simuladas, como geralmente acontece

nas sessões individuais.

Um programa de treinamento de habilidades sociais não é somente uma sequência

de vivências ou outras técnicas, mas uma sequência de objetivos, que podem ser

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formulados e reformulados, de acordo com a observação do facilitador que o conduz

(DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011b).

Os programas de habilidades sociais possuem implicações e contribuições

potenciais no planejamento de práticas culturais comprometidas com a sobrevivência e

com a qualidade de vida das pessoas na complexa sociedade contemporânea (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 22).

9- O MÉTODO VIVENCIAL DEL PRETTE & DEL PRETTE:

A metodologia vivencial aponta para alternativas de intervenção que se

caracterizam como não estanques, com linguagem acessível, regidas por uma lógica

pedagógica clara e com resultados imediatos, sendo facilmente registrados pela

observação dos participantes (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006).

Esta metodologia fomenta a criatividade – tanto do educando como do educador –

sem descaracterizar sua finalidade educativa. A base motivacional está no caráter lúdico

e na possibilidade de ligação dos objetivos de desenvolvimento socioemocional e

também acadêmico (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2005).

Sobre o uso de atividades lúdicas no treinamento de habilidades sociais, Del Prette

& Del Prette (2005, p. 100) explicam que:

Há várias décadas, os estudiosos da aprendizagem e do

desenvolvimento vêm enfatizando a importância dos

jogos e das brincadeiras como recursos para o ensino e

para os processos terapêuticos, embora a efetividade do

uso sistemático dos jogos e brincadeiras ainda careça de

investigação empírica. Isso não obstante, em todas as

tradições culturais, os jogos são utilizados com objetivos

educacionais distintos como socialização, transmissão de

valores e desenvolvimento de autonomia.

De acordo com Del Prette & Del Prette (2006, p. 148), o uso de vivências no

treinamento de habilidades sociais constitui uma estratégia que permite criar,

naturalmente, demandas para emissão de habilidades sociais, facilitando o uso de

contingências apropriadas à aquisição e manutenção desse repertório.

As vivências constituem um recurso útil para programas de formação, permitindo a

aprendizagem de habilidades sociais dentro de um quadro lúdico que estabelece

ocasião para os participantes lidarem com seus déficits interpessoais (OLAZ;

MEDRANO; CABANILLAS, 2011a, p. 194).

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A metodologia de vivências se ancora na perspectiva das modernas teorias sobre a

inteligência (GERK-CARNEIRO, 2003; GARDNER, 2000 apud DEL PRETTE & DEL

PRETTE, 2006), quando enfatizam várias experiências, por exemplo: o movimento, o

raciocínio, a memória, a imaginação, a emoção e a interação (inteligências intra e

interpessoal, que são a base da inteligência emocional ou social).

Del Prette & Del Prette (2006, p. 149) defendem que, no método vivencial, “a maior

ênfase recai sobre a qualidade da interação social do educador com seus educandos e

dos educandos entre si”. Ela requer, e ao mesmo tempo promove o desenvolvimento

socioemocional dos educandos, suas habilidades de convivência e um ambiente

saudável entre eles (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006).

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O conceito de vivência, de acordo com Del Prette & Del Prette (2005, p. 101) é o

seguinte:

Vivência é uma atividade de grupo, estruturada de modo

análogo (simulação; reprodução fiel de uma situação real)

ou simbólico (situações que não existem fielmente na

realidade; fantasias; normalmente lúdicas) a situações

cotidianas, que cria oportunidades para desempenhos

específicos, permitindo que o facilitador avalie os

comportamentos observados e utilize as contingências

(possibilidade de acontecimentos) pertinentes para

fortalecer e/ou ampliar o repertório de habilidades sociais

dos participantes.

A adoção de procedimentos orientados por esta vertente pode contribuir para a

prevenção de problemas socioemocionais nas crianças e para a redução de desajustes

escolares mais discretos – educandos considerados tímidos ou agressivos. Del Prette &

Del Prette (2006, p. 148) contudo, alertam para o fato de que, “crianças que manifestam

acentuado repertório de comportamentos anti-sociais ou que apresentem evidentes

quadros de depressão, devem ser encaminhados para o atendimento de um psicólogo”.

Segundo Del Prette & Del Prette (2004, p. 106-107):

Tanto pelo conteúdo quanto pela forma, as vivências

devem, portanto, propiciar desempenhos e experiências

interpessoais significativas que articulam, simultânea ou

alternadamente, demandas cognitivas, emocionais e

comportamentais, criando oportunidade de observação,

descrição e feedback por parte do terapeuta ou facilitador

e também pelos demais participantes.

Os objetivos da vivência devem sempre ser explicitados e esclarecidos. As

pessoas que não estiverem no grupo executor das vivências (GV), devem estar no grupo

de observação (GO).

Nas vivências, as pessoas devem sair melhores do que quando entraram (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2011b).

Ferreira, Lopes & Del Prette (2011) também explicam que, na aplicação das

vivências, o facilitador deve inclusive fornecer e mediar consequências, ou seja, intervir

e dar feedback imediato, no exato momento em que as situações pertinentes

acontecerem.

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21

Dias (2010) alerta para o fato de que as vivências utilizadas para o treinamento de

habilidades sociais não devem ser confundidas com as dinâmicas de grupo ou com o

psicodrama. Del Prette & Del Prette (2011b) explicam que as vivências extrapolam o

grupo, indo para toda a vida, para o desenvolvimento da pessoa.

Del Prette & Del Prette (2004, p. 107) comentam:

Concebidas como um método de aprendizagem de

habilidades sociais em grupo, as vivências não se

confundem com o psicodrama ou a dinâmica de grupo,

mesmo que o psicodrama tenha como foco a

dramatização através do role-playing e a dinâmica de

grupo seja de natureza grupal. O método vivencial, tal

como o utilizamos no THS, não se caracteriza como

instrumento ou conjunto de procedimentos destinados a

exacerbar a emocionalidade e promover a catarse, nem

como recurso para identificar conflitos inconscientes.

O método vivencial, dos doutores Almir e Zilda Del Prette, propicia a superação de

déficits comportamentais e a promoção de novas e importantes habilidades sociais, por

desenvolver um ambiente de apoio mútuo entre os integrantes do grupo.

Para a aplicação de vivências, alguns aspectos devem ser considerados, de acordo

com Dias (2010):

1 – estarem adequadas às demandas do grupo, em relação aos objetivos e nível

de complexidade;

2 – atentar para o envolvimento e participação dos membros do grupo;

3 – fortalecer os comportamentos de cooperação entre os membros do grupo;

4 – oportunizar comportamentos de observação e auto-observação;

5 – oportunizar a aprendizagem por meio de modelação, ou seja, através do que

pode servir de exemplos;

6 – garantir a distribuição relativamente igual de atenção aos participantes.

7 – conduzir diferentes tipos de vivências, com habilidades semelhantes, em

termos de objetivo, para garantir a generalização.

8 – os facilitadores devem atender aos requisitos:

8.1 – ter qualificação na área;

8.2 – ter conhecimentos sobre os princípios da aprendizagem;

8.3 – participação no planejamento do programa de treinamento;

8.4 – conhecer o grupo de participantes ou a clientela;

8.5 – ter respeito aos princípios éticos.

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No caso específico do método vivencial, a atuação do facilitador deve mediar

interações entre os participantes e promover empatia, confiança, comprometimento,

cooperação e coesão no grupo. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 66).

O perfil dos facilitadores influencia o resultado do treinamento. Pessoas

socialmente habilidosas, solidárias, encorajadoras e éticas favorecem positivamente

todo o processo. (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2011a, p. 140)

Na condução das vivências, deve-se favorecer que todos os membros participem

da atividade (seja no grupo de vivência ou no grupo de observação); os participantes

devem ter igualdade de oportunidades no decorrer das atividades; deve-se aproveitar

todo o potencial da vivência, motivando e incentivando a aprendizagem gradual de

novos comportamentos (DIAS, 2010).

Na seleção das vivências que serão utilizadas em um grupo, durante um programa

de treinamento em habilidades sociais, torna-se fundamental considerar (DIAS, 2010):

a) as necessidades e potencialidades gerais do grupo de participantes;

b) as necessidades e potencialidades específicas de cada indivíduo;

c) a complexidade das tarefas propostas na vivência;

d) deve-se iniciar com atividades mais simples e gradualmente passar para as mais

complexas;

e) avaliar sempre os avanços comportamentais dos participantes.

Todo o grupo, através da observação do que ocorre nas sessões, pode aprender

novas habilidades sociais, refletir sobre o seu comportamento em situações sociais

específicas e procurar remover comportamentos que não estejam favorecendo a sua

competência social.

Estrutura de um encontro do grupo que está passando por um treinamento de

habilidades sociais (sessão) de acordo com o Método Vivencial Del Prette & Del Prette:

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Etapa Inicial

Etapa Central

Etapa Final

Relaxamento/Aquecimento

Discussão sobre as Tarefas de Casa

Introdução ao tema da sessão

Aplicação da Vivência

Feedback sobre a sessão

Novas Tarefas de Casa

Sorteio de brindes/Destaques

Em relação às Tarefas de Casa, que são utilizadas no Treinamento de Habilidades

Sociais, pode-se dizer, segundo Pereira & Del Prette (2011a, p. 220):

As tarefas de casa são selecionadas em função dos

objetivos das sessões e das dificuldades dos

participantes. A tarefa de casa é uma técnica

comportamental muito utilizada nesse tipo de programa,

que possibilita o aperfeiçoamento e a generalização das

habilidades treinadas para outros ambientes, e ainda

permite a avaliação de como o ambiente natural está

reagindo aos novos desempenhos.

O alinhamento das tarefas de casa com os objetivos de ensino da sessão e com as

necessidades específicas dos participantes permite que as habilidades sociais

aprendidas sejam testadas e vivenciadas no ambiente natural dos participantes

(PEREIRA & DEL PRETTE, 2011a, p. 223).

De acordo com Del Prette & Del Prette (2005) tarefas de casa são “exercícios

interpessoais” que devem ser propostos, desde o início do programa de treinamento, em

uma sequência que instigue a experimentação de diferentes desempenhos sociais, em

vários contextos e com diferentes interlocutores.

As tarefas para casa são uma parte fundamental e essencial do treinamento de

habilidades sociais, constituindo o veículo pelo qual as habilidades aprendidas nas

sessões de treinamento são praticadas no ambiente real, isto é, são generalizadas na

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vida diária do indivíduo (CABALLO, 2008). Cada sessão de um programa de THS

começa e termina com uma discussão sobre as tarefas para casa, que são traçadas

especificamente para atingir os objetivos do treinamento.

Os principais objetivos da utilização das tarefas de casa, no THS são (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2005):

1 – avaliar e fortalecer as aquisições ocorridas na sessão;

2 – promover e avaliar a generalização dessas aquisições para outros ambientes e

interlocutores;

3 – facilitar aquisições adicionais relacionadas ao treinamento, em particular a

aprendizagem de regular o próprio comportamento, ou seja, a automonitoria.

De acordo com Del Prette & Del Prette (2005) alguns fatores podem dificultar a

realização das tarefas de casa, por parte do participante do grupo de treinamento, que

devem ser superados, como por exemplo:

a) a falta de oportunidade para realizá-las;

b) esquecimento;

c) incompreensão do enunciado da tarefa;

d) a crença na impossibilidade de realização da tarefa proposta.

Ressalva-se novamente a importância das habilidades sociais de processo (como

observar, prover feedback positivo, relatar problemas, oferecer apoio, elogiar etc.) para

favorecer a coesão do grupo; despertar a percepção de aceitação e pertencimento;

promover a análise das dificuldades; fortalecer o vínculo de amizade e, assim, aumentar

a probabilidade de criar contingências reforçadoras aos seus participantes (PEREIRA &

DEL PRETTE, 2011a, p. 223).

As habilidades de elogiar e agradecer elogio, bem como as expressões de

contentamento dirigidas ao colega por sua participação em alguma atividade ou ainda

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pelos progressos nos desempenhos sociais, tanto dentro quanto fora do grupo, são

muito importantes no treinamento (PEREIRA & DEL PRETTE, 2011a, p. 223).

10- A LEI DA IGUALAÇÃO:

As habilidades sociais são comportamentos específicos exibidos em situações

igualmente específicas que são julgados como competentes no cumprimento da tarefa

social (GRESHAM, 2011b, p. 19).

Os comportamentos sociais, em si mesmos, não devem ser considerados como

“socialmente habilidosos” se não se levar em conta seu impacto sobre o julgamento de

agentes sociais em um determinado ambiente social (GRESHAM, 2011b, p. 19-20).

A competência social é um termo avaliativo baseado em julgamentos (de acordo

com determinados critérios) de que o indivíduo desempenhou adequadamente a tarefa

social. Esses julgamentos são feitos por agentes sociais com quem o indivíduo interage

em ambientes naturais (escola, casa, comunidade) (GRESHAM, 2011b, p. 19).

As habilidades sociais são altamente contextuais e, em última análise, baseadas

em julgamento (GRESHAM, 2011b, p. 20).

Segundo McFall, a competência social não necessariamente implica desempenhos

excepcionais, ela somente indica que um dado desempenho social foi adequado

(GRESHAM, 2011b, p. 19).

De acordo com Gresham (1983;1986), as habilidades sociais são definidas

também, como comportamentos sociais que ocorrem em situações específicas que

resultam em desfechos sociais importantes (GRESHAM, 2011b, p. 21).

Desfechos socialmente importantes são aqueles que fazem a diferença na

adaptação do indivíduo tanto às expectativas da sociedade como às demandas

comportamentais de ambientes específicos nos quais ele funciona (GRESHAM, 2011b,

p. 21).

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Parker e Asher (1987) mostraram que crianças com dificuldades em

relacionamentos com colegas apresentavam com frequência um padrão de

comportamento que pode ser descrito como antissocial e agressivo, envolvendo

repetidas violações das normas escolares (GRESHAM, 2011b, p. 21).

Na ausência de intervenções efetivas é provável que esse padrão de

comportamento continue e se transforme em formas mais perniciosas e resistentes de

comportamento não adaptativo (GRESHAM, 2011b, p. 21-22).

A Lei da Igualação (HERRNSTEIN, 1961, 1970) afirma que a frequência relativa de

um dado comportamento está associada à sua taxa relativa de reforçamento, ou seja, a

taxa de resposta corresponde à taxa de reforçamento (GRESHAM, 2011b, p. 23).

A Lei da Igualação afirma que comportamentos com maiores taxas de

reforçamento se repetem mais do que os comportamentos reforçados com taxas

menores. Isto quer dizer que se um comportamento agressivo é reforçado mais vezes do

que um comportamento prossocial, o comportamento agressivo tende a ser

desempenhado com mais frequência (GRESHAM, 2011b, p. 24).

Maag (2005) sugeriu que um modo de diminuir “problemas de comportamento

concorrentes” é ensinar comportamentos positivos substitutos, que façam alcançar,

positivamente, os mesmos objetivos que o indivíduo possuía (GRESHAM, 2011b, p. 24).

11- AS HABILIDADES SOCIAIS E SUAS RELAÇÕES COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES:

Dias (2010) relata que algumas habilidades sociais atuam como pré-requisitos para

outras habilidades mais complexas, devendo-se, no treinamento, iniciar por habilidades

mais simples para depois aprimorar ou promover aquelas mais complexas.

De acordo com Ferreira, Lopes & Del Prette (2011) o treinamento em habilidades

sociais para crianças, através da utilização do Método Vivencial, deve respeitar a

seguinte metodologia:

1 – explorar as habilidades sociais de processo e a automonitoria;

2 – trabalhar as habilidades sociais da menos complexa para a mais complexa.

Como forma de exemplos possíveis para a discussão sobre habilidades sociais

com crianças, pode-se citar: discussão em grupo, perguntas diretas, uso de sorteios, uso

de cartões coloridos, discussão em dupla, divisão em subgrupos com tarefas

específicas, solicitação de resolução da situação antes de apresentar as reações,

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formulação de perguntas dos próprios participantes uns para os outros etc (LOPES; DEL

PRETTE, 2011a, p. 151).

As relações humanas devem ser discutidas nos projetos sociais, principalmente

através de vivências, dinâmicas, conversas dirigidas sobre as opiniões dos educandos

ou outra alternativa pedagógica competente. Temas relativos ao cotidiano vivenciado

pelos educandos no contexto comunitário dos projetos sociais devem ser abordados,

socioeducativamente provocados, intencionalmente, pelos educadores sociais. Valores

como respeito mútuo, aceitação das diferenças e busca de desenvolvimento coletivo

precisam ser reforçados no ambiente educativo.

Conforme explica Kolyniak Filho (2010, p. 60):

Todas as atitudes dos alunos em jogos (colaboração,

solidariedade, violência, desrespeito) devem ser

discutidas pelo seu sentido ético, assim como se deve

chamar a atenção para a beleza dos movimentos

individuais e grupais, não só para os resultados.

Pode se supor que o processo de THS focalizado em habilidades significativas no

cotidiano dos educandos, com alta probabilidade de consequências positivas para todos,

poderia ter impacto na melhora da qualidade das relações entre crianças, destas com

educadores e no seu desenvolvimento socioemocional como um todo. Também se pode,

em longo prazo, avaliar seus desdobramentos para o ambiente familiar. (LOPES; DEL

PRETTE, 2011a, p. 166).

De acordo com Bandura (1987), mesmo quando uma pessoa aprendeu um

comportamento novo ou um conhecimento específico, pode não desempenhá-lo devido

a vários fatores, tais como expectativas de resultados negativos ou presença de um

ambiente não reforçador ou punitivo para esses comportamentos (OLAZ; MEDRANO;

CABANILLAS, 2011a, p. 184).

Ainda segundo Bandura (1987), mesmo que o indivíduo tenha adquirido o

conhecimento, é provável que o desempenho não apareça até que a situação forneça os

incentivos necessários (OLAZ; MEDRANO; CABANILLAS, 2011a, p. 184).

Devido a estas condições expostas, o educador social deve ficar atento a todo e

qualquer comportamento adequado das crianças, consequenciando-o positiva e

imediatamente (reforçar os comportamentos positivos). (LOPES; DEL PRETTE, 2011a,

p. 168).

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A comunicação não verbal tem importância fundamental na comunicação humana.

A linguagem verbal apoia-se na linguagem corporal. As emoções se expressam

fundamentalmente através dos sinais emitidos socioculturalmente pelo corpo.

A comunicação corporal assume uma importância

fundamental nas mais variadas situações sociais, desde

o mais elementar cumprimento entre as pessoas,

passando pelas atitudes que expressam amizades,

hostilidade, liderança ou submissão, até as atitudes e

movimentos que se encontram e fazem parte de toda

uma dinâmica psicossexual (ALVES, 2007, p. 54).

O processo ensino-aprendizagem depende, em grande parte, da interação

professor-aluno, conforme relata Alves (2007, p. 115):

Neste relacionamento, a atividade do professor é

fundamental. Ele deve ser, antes de tudo, um facilitador

da aprendizagem, criando condições para que a criança

explore seus movimentos, manipule materiais, interaja

com seus companheiros e resolva situações-problema.

O material de trabalho do educador é seu educando, portanto ele não deve

preocupar-se apenas em preparar o ambiente com cartazes, painéis, faixas, mas

também a si mesmo. É necessário que ele conheça seu educando, tornando-se seu

amigo (ALVES, 2007).

O treinamento de habilidades sociais serve como ferramenta para a organização e

o desenvolvimento afetivo, motor, social e intelectual do indivíduo em formação,

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acreditando que este é um ser ativo, capaz de se conhecer cada vez mais e de se

adaptar às diferentes situações e ambientes.

O exercício, o treino das relações interpessoais pode fazer com que a criança se

desenvolva mentalmente, aumentando o seu repertório cognitivo e motor, podendo cada

vez mais explorar com qualidade o mundo exterior, fazendo experiências concretas,

adquirindo várias noções básicas - e paulatinamente específicas - que permitirão que ela

tome mais conhecimento consciente do mundo que a rodeia.

Através da sua competência social ampliada e devidamente explorada, expandida,

emocionalmente a criança conseguirá todas as possibilidades para descobrir o mundo,

interagir mais satisfatoriamente com ele, tornar-se feliz com suas escolhas, adaptar-se

ao que desejar, ser livre, se proteger, ser produtivo e importante para este mundo, tornar

outras pessoas melhores, dominar sua própria consciência, manifestar-se devidamente

através de seu corpo, crescer, emancipar-se com equilíbrio e bom senso.

De acordo com o direcionamento do Grupo de Estudos em Habilidades Sociais da

AMAC (2012), mediante reflexão sobre a significância cultural e situacional das

habilidades sociais mais importantes para seus educandos, propõe-se que estas sejam

trabalhadas na seguinte ordem de planejamento e estimulação:

a) Civilidade;

b) Fazer amizades;

c) Autocontrole e expressividade emocional;

d) Empatia;

e) Assertividade;

f) Solução de problemas interpessoais.

g) Habilidades sociais acadêmicas.

12- CIVILIDADE:

“Pedir desculpas às vezes dá uma chance para as pessoas e para a gente. Mesmo se você não tem intimidade com as pessoas deve pelo menos falar um bom dia”. (Curumim Santa Luzia – Rayane Cristina - 10 anos)

São regras mínimas de relacionamento aceitas e/ou valorizadas em uma

determinada subcultura. (...) O exercício das habilidades sociais de civilidade pode

constituir, assim, estratégia básica de auto-apresentação e o critério inicial para

aceitação em determinado grupo (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.136).

Frequentemente se observam episódios de interação que são rapidamente

interrompidos porque uma das pessoas (ou ambas) falhou para estabelecer o que

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popularmente tem sido designado como bom contato social (DEL PRETTE & DEL

PRETTE, 2006, p.137).

As habilidades de cumprimentar, despedir-se, agradecer e oferecer / compartilhar

são observadas em todas as culturas. (...) A dificuldade da criança no desempenho

dessas habilidades pode resultar tanto no desconhecimento das normas e padrões

adotados pelo grupo do qual pretende participar como seu próprio grupo, devido a

modelos inadequados, isolamento social e convivência restrita a um tipo de cultura (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.137-138).

As habilidades de civilidade mais importantes são (DEL PRETTE & DEL PRETTE,

2006, p.139):

- Cumprimentar pessoas;

- Despedir-se;

- Usar locuções como: por favor, obrigado, desculpe, com licença;

- Fazer e aceitar elogios;

- Responder perguntas;

- Chamar o outro pelo nome;

- Seguir regras ou instruções.

As crianças que apresentam esses desempenhos são rapidamente reconhecidas

de forma positiva, tanto pelos colegas como pelos adultos (DEL PRETTE & DEL

PRETTE, 2006, p.139).

13- FAZER AMIZADES:

“Fazer amizade é criar uma convivência que me ajude em tudo: a brincar, a sorrir, a

amar, a me sentir bem e que o outro se preocupe comigo”. (Curumim Santa Rita)

Fazer e manter amizades têm sido consideradas habilidades importantes na vida

social. Pessoas sem amigos encontram mais dificuldades para enfrentar os reveses da

vida, abrigando durante mais tempo as frustrações, mesmo as comuns, relacionadas ao

estudo, ao trabalho ou às relações amorosas. As pesquisas mostram que crianças com

pelo menos um amigo íntimo tornam-se mais saudáveis que aquelas que não

conseguem sequer um relacionamento desse tipo (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004,

p.98).

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A amizade se caracteriza pela reciprocidade equilibrada de sentimentos positivos e

negativos e de atitude voltada para o bem-estar e a felicidade do outro. Essa relação se

funda na transparência, verificando-se o frequente exercício de revelar-se ao amigo, tido

como confidente. Geralmente as interações entre os amigos são de natureza

cooperativa ao invés de competitiva, estabelecendo-se a crítica franca, trocada de forma

construtiva (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2004, p.98-99).

FUNÇÕES DA AMIZADE (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.220):

Criar um contexto de cooperação, reciprocidade e manejo de conflitos, no qual as habilidades sociais básicas são adquiridas e elaboradas;

Constitui uma fonte de aprendizagem e de informação sobre si (autoconhecimento) e sobre o mundo;

Constitui um recurso emocional e cognitivo para o enfrentamento de situações estressantes e a resolução de problemas além de fonte de prazer e de redução de tensão;

Fornece modelo para a aprendizagem e o exercício de padrões de relacionamento que serão requeridos posteriormente.

Os relacionamentos na infância ocorrem mediante três condições facilitadoras. São

elas (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.222):

Contato social: “Pais e professores precisam facilitar os contatos sociais entre as crianças, criando oportunidades de encontros monitorados ou livres em que elas se observem, se explorem e aprendam, umas com as outras, certos padrões (jargões, trejeitos, expressões, signos) aceitos na subcultura do grupo”.

Atração Física: “O atendimento às regras básicas de higiene e autocuidado, além de saudável, aumenta a atratividade da criança”.

Semelhança de Preferência: “A atração é geralmente maior entre pessoas que concordam em pontos relevantes, do que entre aquelas que concordam apenas em coisas triviais. (...) A semelhança de preferência facilita a escolha de assuntos para conversas e atividades, ampliando, também, as oportunidades de cooperação. Além disso, contribui para validar a visão de mundo que a criança vai desenvolvendo”.

HABILIDADES IMPORTANTES PARA FAZER E MANTER AMIZADES

A habilidade de fazer amizade é composta de componentes ligados as habilidades

de civilidade e empatia. São eles:

Fazer perguntas pessoais;

Responder perguntas, oferecendo informação livre (auto-revelação);

Aproveitar as informações livres oferecidas pelo interlocutor;

Sugerir atividade;

Cumprimentar, apresentar-se;

Elogiar, aceitar elogios;

Oferecer ajuda, cooperar;

Iniciar e manter conversação (enturmar-se);

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Identificar e usar jargões apropriados.

14- EMPATIA:

“É saber sentir os sentimentos do próximo. É saber contribuir, ouvir e demonstrar interesse

pelos outros. É compreender os outros e se colocar no lugar do outro”.

(Curumim Benfica – Lorena da Silva de Paula - 14 anos)

As habilidades empáticas se caracterizam pela expressão afetiva de compreensão

e compartilhamento com a experiência positiva ou negativa do interlocutor, ou seja,

colocam em foco as necessidades o outro. (...) quando as pessoas precisam negociar

interesses e necessidades pessoais, a empatia é um complemento importante da

assertividade, gerando maior equilíbrio na relação (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006,

p.150).

Enquanto classe de habilidades sociais, a empatia pode ser definida como a

“capacidade de compreender e sentir o que alguém sente em uma situação de demanda

afetiva, comunicando-lhe adequadamente tal compreensão e sentimento” (DEL PRETTE

& DEL PRETTE, 2006, p.150).

Este conceito de empatia comporta três tipos de componentes ou dimensões: o

afetivo, o cognitivo e o comportamental. Nessas dimensões, algumas subclasses são

consideradas como fundamentais para o aprimoramento e o exercício da empatia em

relação ao interlocutor, tais como (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.150-151):

- observar, prestar atenção, ouvir o outro;

- demonstrar interesse e preocupação pelo outro;

- reconhecer/ inferir sentimentos do interlocutor;

- compreender a situação (assumir perspectiva);

- demonstrar respeito às diferenças;

- expressar compreensão pelo sentimento ou experiência do outro;

- oferecer ajuda;

- compartilhar.

Os componentes cognitivo, afetivo e comportamental funcionam de forma

integrada, regidos pela preocupação em oferecer apoio, conforto e consolo a alguém

que está vivendo uma experiência estressante ou, se a situação vivida é de alegria e

satisfação, compartilhar tais sentimentos. Em ambos os casos, a empatia tem o efeito de

validar os sentimentos daquele que está vivendo uma experiência negativa ou positiva,

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melhorando-lhe a autoestima, facilitando a comunicação, ampliando as trocas e

fortalecendo os vínculos de amizade (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.151).

A definição de empatia comporta, portando, três componentes:

a) O COGNITIVO (adotar a perspectiva do interlocutor, ou seja, interpretar e

compreender seus sentimentos e pensamentos);

b) O AFETIVO (experimentar a emoção do outro, mantendo controle sobre ela);

c) O COMPORTAMENTAL (expressar compreensão e sentimentos relacionados

às dificuldades ou êxito do interlocutor).

Pessoas que exercitam a empatia são vistas como sensíveis, calorosas e

amigáveis, produzindo resultados positivos na relação com as demais. “(...) há

evidências de que as respostas empáticas podem tornar-se cada vez mais elaboradas

quando há condições que facilitam o desempenho desses comportamentos” (DEL

PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.154).

15- AUTOCONTROLE E EXPRESSIVIDADE EMOCIONAL:

“Conversar um com o outro ao invés de brigar, controlar a si mesmo”. (Curumim São Benedito – Nicoli Santos – 11 anos) “Demonstrar a emoção, compartilhar suas emoções com os outros.”

(Curumim São Benedito – Wendel - 12 anos)

Vivemos em uma sociedade complexa que dispõe de uma tecnologia

extraordinária. (...) Todavia, “apesar de todo esse avanço, pouco sabemos sobre nossas

emoções e sobre como lidar com elas” (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.114).

SOBRE AS EMOÇÕES

A maioria das pessoas não lida bem com as emoções. Em grande parte isso

acontece porque a educação não as preparou para o exercício da racionalidade,

negligenciando os aspectos ligados ao sentimento. (...) É possível planejar melhor esse

tipo de aprendizagem das emoções, proporcionando às crianças formas adequadas de

lidar com suas próprias emoções, tanto quanto com a racionalidade (DEL PRETTE &

DEL PRETTE, 2006, p.114).

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Quando uma pessoa vive experiência similar àquela em que houve demanda

emocional, as lembranças podem ser ativadas ocorrendo, então, alta probabilidade de

que elas se comportem de maneira parecida com a ocasião anterior. Pode-se dizer, em

uma perspectiva da neuropsicologia, que a lembrança de eventos precipitadores

similares “conta”, para o organismo, como ele reagiu anteriormente e induz reações

semelhantes (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.118).

ALGUMAS HABILIDADES COMPONENTES DA CLASSE

AUTOCONTROLE E EXPRESSIVIDADE EMOCIONAL

(DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.118):

Reconhecer e nomear as emoções próprias e dos outros;

Falar sobre emoções e sentimentos;

Expressar emoções (positivas e negativas);

Acalmar-se, lidar com os próprios sentimentos, controlar o próprio humor;

Lidar com sentimentos negativos (vergonha, raiva, medo);

Tolerar frustrações;

Mostrar espírito esportivo.

Ao falar sobre seus sentimentos em determinada situação, a criança fornece pistas

sobre seu comportamento e as condições em que ela ocorreu, além de sinalizar quanto

a prováveis condições relacionadas ao seu comportamento atual e futuro (DEL PRETTE

& DEL PRETTE, 2006, p.119).

Para ajudar as crianças a lidarem com as emoções, eles precisam rever os

procedimentos que vêm utilizando, compreender as expressões emocionais como

oportunidade de troca de intimidade e confidências, e, em alguns casos, recorrer à ajuda

de um psicólogo (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.119).

Seguem abaixo alguns passos a serem seguidos para se lidar com as emoções

(DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.120-121):

- Identificar a emoção (raiva, alegria,vergonha, desespero, etc);

- Conversar (o diálogo é importante, todavia é melhor ouvir a criança);

- Validar o sentimento (aceitar o sentimento da criança, mesmo que este pareça

exagerado);

- Auxiliar a identificação de emoções (ajudar a criança a descobrir o que está

sentindo);

- Revisitar o assunto (procurar o melhor momento para verificar se a criança já

superou tal sentimento);

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- Promover atividades facilitadoras (incentivar a criança a participar de

atividades que ajude-a a se expressar emocionalmente, tais como, teatro, dança, leitura

de contos e poesias, entre outras).

A identificação das emoções, em si e nos outros, juntamente com a adequada

leitura dos sinais sociais do ambiente (momento, contexto, consequências prováveis)

são condições necessárias para a criança se decidir pelo controle ou pela expressão

adequada de uma emoção (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p.121).

A expressão social de sentimentos positivos e da raiva também são habilidades

sociais destacadas pelos autores. Considera-se relevante abordá-las aqui:

- Expressar raiva: Muitas emoções negativas, como a raiva, o desagrado e a

decepção são particularmente difíceis de serem expressas sem afetar a qualidade dos

relacionamentos. (…) Para evitar sintomas orgânicos, prevenir problemas de

relacionamentos ou mesmo garantir a autenticidade de uma relação, é importante a

expressão adequada dos sentimentos negativos de raiva, desagrado e desgosto. Ela

não se confunde com o mero desabafo e deve, sempre que possível, ser acompanhada

de pedido de mudança de comportamento daquele que, intencionalmente ou não, gera

esse sentimento.

Quando reafirmamos a importância da expressão adequada de raiva, não estamos

fazendo a apologia de seu livre extravasamento. (…) Permitir o afluxo da raiva e a sua

expressão pode, simplesmente, desenvolver um ciclo que é auto-reforçador pelo alívio

que traz e/ou pelo efeito que gera no ambiente. O alívio, ou, como preferem alguns, a

catarse, atua como um reforçador intrínseco, ou seja, teoricamente aumenta a

probabilidade de novas expressões desse tipo. Por outro lado, dar vazão à raiva

estimula certas áreas do cérebro, dificultando ainda mais o autocontrole. (...) Para evitar

o mero desabafo, a expressão da raiva deve envolver, portanto, um automonitoramento

que provê condições para o controle dessa emoção e favorece o desenvolvimento de

maior tolerância à frustração. Objetivando o controle dos sentimentos, a sabedoria

popular recomenda a estratégia de “contar até dez”, evitando sua expressão no

momento de máxima excitação emocional.

- Expressão de sentimento positivo: As demandas de afetividade são próprias das

relações em que a expressividade emocional é indispensável para satisfação e/ou

manutenção de um compromisso estabelecido ou em vias de se estabelecer. Elas fazem

parte do cotidiano de qualquer pessoa saudável, contribuindo decisivamente para a

qualidade de vida, o equilíbrio emocional e a harmonia entre as pessoas. Estas são,

certamente, as habilidades que mais dependem dos componentes não verbais e exigem

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menor complexidade dos verbais. Elas estão relacionadas com valores e atitudes das

pessoas e são as que mais requerem coerência entre sentimento, pensamento e ação.

(…) Em nossos programas observamos que muitos participantes mostram-se capazes

de contradizer, defender-se, criticar, mas apresentam grande dificuldade de manifestar

aprovação genuína, amor e compaixão. Como contraponto, temos enfatizado uma

atenção maior à expressão de afeto positivo, especialmente às habilidades sociais

empáticas, como as envolvidas em fazer amizade, expressar solidariedade e cultivar o

amor.

- Fazer amizades: Fazer e manter amizades têm sido consideradas habilidades

importantes na vida social. Pessoas sem amigos encontram mais dificuldades para

enfrentar os reveses da vida, abrigando durante mais tempo as frustrações, mesmo as

comuns, relacionadas ao estudo, ao trabalho ou às relações amorosas. (…) A amizade

se caracteriza pela reciprocidade razoavelmente equilibrada de expressão de

sentimentos positivos e negativos de atitude voltada para o bem-estar e a felicidade do

outro. Essa relação se funda na transparência, verificando-se o frequente exercício de

revelar-se ao amigo, tido como confidente. Isso é possível devido a uma disposição

(tácita) normativa, própria dessa relação, à aceitação e à interdependência que geram a

ajuda mútua. Geralmente as interações entre os amigos são de natureza cooperativa ao

invés de competitiva, estabelecendo-se a crítica franca, trocada de forma construtiva.

- Expressar a solidariedade: A solidariedade é uma característica do

desenvolvimento evolutivo do homem e está ligada à sua sobrevivência. (…) Ela é

atualmente defendida como elemento importante para relações saudáveis.

Radicalizando, a não solidariedade poderia ser considerada um desvio, com o qual

corre-se riscos como, por exemplo, o da psicopatologia social, que vai da indiferença

com a sorte do outro às reações de racismo e agressão coletiva. (...) O exercício

humano da solidariedade desdobra-se em um conjunto de habilidades que se funda na

identificação com o outro, enquanto integrante de uma vida interdependente, na

compreensão das contingências a que cada um está sujeito e na disposição para

oferecer ajuda.

- Cultivar o amor: O sentimento de amor é um dos mais referidos no cotidiano das

pessoas. As muitas formas de amor (maternal, filial, sexual, platônico, à natureza, à

humanidade, à arte, aos amigos, etc) geram demandas diferenciadas de expressão

desse sentimento. Embora pareça natural ao ser humano, algumas pessoas relatam

dificuldade em traduzir experiências subjetiva de amor em expressão de carinho ou

cuidado. Essa expressão não se restringe à comunicação verbal, mas também à

gestualidade e principalmente ao carinho físico (toque). A habilidade de tocar é muito

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importante para o relacionamento amoroso. As dificuldades em dar e receber carinho

podem estar associadas e diversos fatores tais como crenças, preconceitos, ansiedade

associada a experiências mal sucedidas nessa área ou, ainda, a restrições na

aprendizagem prévia de dar receber afeto positivo. (…) A demonstração de amor se

diferencia entre culturas, grupos e pessoas, embora, em geral, seja facilmente

decodificada nos pequenos gestos, expressões e ações singulares pelos quais esse

sentimento se traduz. (…) Na educação para o amor, é importante desenvolver a

sensibilidade, a auto-escuta dos próprios sentimentos, a disponibilidade e preocupação

com o outro, bem como formas variadas de expressão de carinho. As experiências com

os programas de THS vêm mostrando que o desenvolvimento da sensibilidade e das

formas de expressão de amor acontece como produtos paralelos da experiência dos

grupos, com os participantes tornando-se mais afetivos entre si e com as demais

pessoas com quem se relacionam (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006).

16- ASSERTIVIDADE:

A assertividade foi inicialmente estudada no contexto de um movimento bastante

forte nos Estados Unidos, na década de 1970, denominado Assertividade ou

Treinamento Assertivo (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 233).

Originalmente, segundo Alberti e Emmons (1986), o conceito de assertividade

incluiria os comportamentos de agir conforme os próprios interesses, defender posições

sem ansiedade, expressar sentimentos de maneira honesta e tranquila e exercer os

próprios direitos sem negar os direitos dos outros (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 234).

O conceito de assertividade, desde sua origem, está relacionado com o exercício

de direitos interpessoais (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 234).

O conceito de assertividade foi ampliado e redefinido (Hargie, Saunders, Dickson,

1994), onde em um extremo estariam localizadas as respostas não assertivas e num

outro extremo, as respostas agressivas. Situadas num ponto intermediário desse mesmo

contínuo, estariam as respostas assertivas (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 234).

Sob o conceito de habilidades assertivas, a literatura mais recente reúne um

conjunto de subclasses: recusar pedidos abusivos, emitir opiniões, discordar, lidar com

críticas, solicitar mudança de comportamento, expressar raiva ou desagrado, fazer

pedidos (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 235).

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A respeito da ASSERTIVIDADE, vale saber que existem quatro tipos de

comportamento: passivo, agressivo, agressivo-passivo e assertivo. Cada um deles tem

vantagens e desvantagens dependendo do momento em que for manifesto.

Os quatro tipos de comportamento:

Passivo = Ansioso por evitar o confronto, mesmo à custa de si próprio, costuma

ficar muito preocupado com a opinião dos outros a seu respeito. Ainda, geralmente,

espera que as pessoas compreendam o que ele deseja.

Agressivo = Ansioso por vencer, custe o que custar. Demonstra-se muito mais

preocupado com os próprios desejos do que com os dos outros.

Agressivo-Passivo = Apresenta comportamento misto, com elementos de

agressividade e passividade. Ansioso em acertar contas sem correr riscos de confronto.

Assertivo = Ansioso por defender seus direitos, mas ao mesmo tempo, capaz de

aceitar que as outras pessoas também tenham os seus.

Uma mesma pessoa pode ter os quatro comportamentos, ainda que certamente

exista uma tendência maior de as pessoas agirem de determinada forma em

circunstâncias "normais", ou seja, o indivíduo tende a adotar um determinado estilo com

mais freqüência.

Esta constatação nos confirma a idéia de que podemos mudar um

comportamento se percebemos que ele não está valendo a pena, isto é, não satisfaz as

nossas necessidades, expectativas e objetivos pessoais. Sim, podemos desenvolver a

nossa assertividade.

Assertividade, portanto, é a habilidade social de fazer afirmação dos próprios

direitos e expressar pensamentos, sentimentos e crenças de maneira direta, clara,

honesta e apropriada ao contexto, de modo a não violar o direito das outras pessoas.

Ao lado das medidas legais, o exercício e a defesa de direitos dependem também,

entre outros fatores, de habilidades sociais de defesa e enfrentamento diante de

situações de violação (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 232).

Um repertório de habilidades sociais, especialmente das chamadas habilidades

sociais assertivas, representa um recurso pessoal indispensável para o exercício de

direitos (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 232).

Del Prette & Del Prette (2003) sugerem o ensino do autocontrole e da

automonitoria como ingredientes também indispensáveis no exercício da assertividade.

Falcone (2000), por sua vez, chama a atenção para o papel complementar da empatia

no treinamento da assertividade (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 235).

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Articular as habilidades sociais assertivas a outras classes de habilidades sociais

(como automonitoria, empatia e autocontrole) amplia a efetividade da resposta assertiva

(BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 236).

De acordo com Del Prette & Del Prette (2005), a assertividade está fundamentada

na noção da igualdade de direitos e deveres, na legitimidade de comportamentos

voltados para a reivindicação e defesa destes direitos e para o estabelecimento de

condições de respeito e dignidade (BRAZ; DEL PRETTE, 2011, p. 236).

Algumas habilidades assertivas que nós deveríamos desenvolver desde a

infância:

Expressar sentimentos negativos (raiva, desagrado);

Falar sobre as próprias qualidades e defeitos;

Concordar e discordar de opiniões;

Fazer e recusar pedidos;

Lidar com críticas e gozações;

Negociar interesses conflitantes;

Defender os próprios direitos;

Resistir à pressão de colegas;

Pedir mudança de comportamento.

A postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois

extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão). Ser

assertivo é dizer "sim" e "não" quando for preciso.

Pessoas com comportamento mais assertivo sentem menos ansiedade, têm

maior grau de internalidade e melhor auto-estima. É uma habilidade valorizada no meio

profissional sendo ocasionalmente testada em processos de seleção e treinamento.

Ao assumir a postura assertiva, é possível desenvolver relações maduras e

produtivas nos diversos ambientes: profissional, familiar, bem como em várias situações

do cotidiano como reuniões sociais com amigos, na escola dos filhos, nas relações

comerciais e outras. A assertividade pode ser desenvolvida e treinada.

Neste ponto, relembramos outro conceito importante, o de motivação. Quais os

motivos que nos levam a desenvolver o comportamento assertivo? Com certeza, nada

responde melhor a esta pergunta se genericamente, considerarmos os benefícios que o

comportamento assertivo pode nos trazer:

Lidar com os confrontos com mais facilidade e satisfação;

Sentir-se menos estressado;

Adquirir maior confiança;

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Agir com mais tato;

Melhorar imagem e credibilidade;

Expressar seu desacordo de modo convincente, mas sem prejudicar o

relacionamento;

Resistir às tentativas de manipulação, ameaças, chantagem emocional, bajulação

etc;

Sentir-se melhor; fazer com que os outros também se sintam melhor.

Sabemos da importância e temos motivos para sermos assertivos, mas como

desenvolver a assertividade?

Assertividade é assumir uma atitude firme para defender seus direitos, colocar

seus limites, manifestar sua vontade de forma educada, respeitando o outro.

Entre o comportamento agressivo/autoritário, que produz o desrespeito às

pessoas com quem se convive e o comportamento passivo/não assertivo, que não

manifesta o que se pensa, aceitando a invasão e a anulação pessoal existe a

assertividade, manifestação legítima da pessoa.

Comportar-se com assertividade envolve olhar nos olhos do interlocutor, uma

postura de corpo frente a frente, gestos coerentes com a mensagem transmitida,

expressão facial que reforça o conjunto de idéias, tom de voz claro e firme, percepção

adequada da hora de falar, linguagem pertinente com palavras que evoquem recursos

positivos, evitando falar pelo negativo.

O importante é compreender que a assertividade é uma habilidade que algumas

pessoas desenvolveram ao longo de suas vivências, o meio sociocultural criou

condições propícias para esta atitude frente a vida. Outras pessoas não experimentaram

esta mediação e não construíram “o ser assertivo”.

Desenvolver uma comunicação assertiva não significa estabelecer confronto com

outras pessoas, mas sim falar o que precisa ser dito, no momento certo e da forma

adequada. Sendo assertivo o indivíduo construirá relacionamentos mais sólidos,

projetará uma personalidade mais consistente.

A comunicação assertiva tem por objetivo esclarecer situações obscuras,

enevoadas, que por não serem discutidas de forma correta e permanecerem

desconhecidas por pelo menos uma das partes, podem produzir desconfortos e mal-

entendidos.

Diante disto, entendemos que assertividade é uma forma de ser no mundo, de se

portar frente às situações e esperar resultados satisfatórios mesmo que não haja

unanimidade entre as partes. É saber suportar o olhar do outro e se posicionar diante

deste outro. E assim, agir de modo a respeitar-se e respeitar o outro.

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17- SOLUÇÃO DE PROBLEMAS INTERPESSOAIS:

“Atitude de criar paz no mundo, não causar brigas e conflitos, pois irão gerar um mundo

negativo. É ter paz no mundo, conflitos e guerras em lugar nenhum”.

(Casa do Pequeno Artista – João Vitor de Oliveira - 14 anos)

Um problema interpessoal pode ser conceituado como o desequilíbrio na relação,

quando uma das partes se sente prejudicada pela ação da outra, ou uma discrepância

entre condição presente e a condição desejável de relacionamento com outras pessoas

(DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p. 195).

A solução de problemas é um processo metacognitivo com a dupla função de levar

a pessoa a: conhecer seus próprios comportamentos, pensamentos e sentimentos;

alterar seu comportamento subsequente com base nesse conhecimento (DEL PRETTE

& DEL PRETTE, 2006, p. 195).

Nos primeiros anos de vida da criança, solucionar problemas interpessoais pode

significar pedir ajuda dos pais ou a outros cuidadores. À medida que a criança se

desenvolve, novos e diferentes problemas vão surgindo, e espera-se com a ampliação

de seu repertório de habilidades, ela consiga resolver independentemente dos adultos

ou que ao menos solicite ajuda para os problemas complicados (DEL PRETTE & DEL

PRETTE, 2006, p. 195).

Sabe-se que alguns problemas interpessoais geram ansiedade e levam à esquiva,

ao invés do enfrentamento socialmente competente. Já o enfrentamento satisfatório, por

outro lado, implica no exercício de habilidades, principalmente a solução de problemas

interpessoais.

As habilidades de solução de problemas interpessoais estão diretamente

relacionadas às demais habilidades sociais; quando o objetivo é a satisfação pessoal,

manutenção da qualidade da relação, a empatia e assertividade são complementações.

Mas faz-se necessária também a utilização do autocontrole e expressividade emocional

e a civilidade. Muitas vezes nos indagamos: falar ou não? como expressar? como lidar

com determinadas situações? Mas cabe ressaltar que a solução de problemas não está

diretamente ligada à alta inteligência.

Conforme pesquisas realizadas, quanto mais as crianças lidam com a solução de

problemas interpessoais, maior capacidade obtêm para lidarem com o estresse, e na

adolescência, à diminuição da impulsividade. Ou seja, menor o risco de agressividade,

violência e comportamentos anti-sociais.

A competência em solucionar problemas e tomar decisões está tipicamente

baseada na conexão entre as maneiras como a pessoa pensa , sente e age, envolvendo

várias etapas de processamento de informação.

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A decisão de desempenhar, ou não, qualquer habilidade social já implica em um

processamento cognitivo prévio de escolha da melhor alternativa, para lidar com uma

determinada demanda.

Por outro lado, a implementação de um curso de ação em relação a outras pessoas

requer, especificamente e necessariamente o desempenho das habilidades sociais. Ou

seja, o desempenho de algumas habilidades sociais é fundamental para o processo de

solução de problemas e este é também crucial para a competência social.

Existem alguns princípios necessários para treinarmos a resolução de problemas,

são eles:

1- PROBLEMAS SÃO ACONTECIMENTOS NATURAIS. É preciso reconhecer que

problemas são naturais e fazem parte da nossa existência e que nem sempre são ruins.

Quando encaramos que os problemas existem, nos tornamos mais ansiosos, e

acabamos desmotivados na busca para solucioná-los;

2- PENSAR ANTES DE TOMAR DECISÃO. Se pensarmos antes de agir, a

probabilidade de acertos é muito maior que se agirmos de forma impulsiva. É necessário

pensarmos nas várias alternativas de solução.

3- PROBLEMAS, EM SUA MAIORIA, PODEM SER RESOLVIDOS. Sabemos que

um problema é solucionável e que possamos executá-lo, quando nos engajamos no seu

processo.

4- ASSUMIR A RESPONSABILIDADE PELO PROBLEMA. É importante

reconhecermos nossa participação nos acontecimentos e experiências da vida e nossa

capacidade enquanto agentes de mudança. Na maioria das vezes, é sempre possível

fazer alguma coisa em relação ao problema.

5- ENFATIZAR O QUE SE PODE, MAIS DO QUE NÃO SE PODE FAZER. Quando

as diferenças são aceitas e as pessoas lidam de maneira adequada com isso, elas

desenvolvem alternativas mais satisfatórias. Evitar certas áreas de conflito dificulta a

manutenção e melhoria do relacionamento.

6- AGIR DENTRO DO QUE É LEGAL E SOCIALMENTE ACEITÁVEL. Na tentativa

de resolver problemas, algumas vezes podemos nos comportar de maneira não habitual

e ultrapassar os limites do que é legal e socialmente aceitável.

7- AS SOLUÇÕES DEVEM FAZER PARTE DE NOSSA POSSIBILIDADE E

CAPACIDADE. Existem problemas que ultrapassam nosso campo de ação. É preciso

reconhecer que é nosso comportamento e possuir controle sobre ele. Agora, em relação

ao outro, sua possibilidades de ação são bem menores, cabendo apenas tentativas de

ajustar o comportamento do interlocutor na direção desejada, ou seja, solicitar mudança

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de comportamento, prover informação sobre seus sentimentos, negociar. Caso o outro

responda positivamente, é bom dar feedback, orientação e incentivos.

PASSOS E HABILIDADES NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS E TOMADA DE DECISÃO:

Aprender a solucionar problemas requer atitudes mais conscientes e racionais,

diminuindo gradativamente a impulsividade e a passionalidade.

Para alguns autores, principalmente para aqueles que atuam em processo de

solução de problemas em grupo, clínica ou escola, acreditam no processo de

treinamento de habilidades básicas como: manter a calma, identificar a situação

problema, pensar antes de agir e identificar o que pensa e sente sobre as condições de

resolver o problema.

Além disso utilizam 4 regrinhas básicas: utilizar o acróstico BEST. B: postura

corporal; E: contato visual; S: dizer coisas apropriadas; T: tom de voz.

Admitir a existência de um problema é algo não usual, mas essencial. É comum as

crianças, adolescentes se sentirem confusas em suas emoções, reagindo através de

fuga, brigas, sentimentos de tristeza, frustração.

A maioria dos programas dedica boa parte do tempo a atividades, jogos, histórias,

etc, com o objetivo de levar as crianças a identificarem sentimentos em si mesmas e nos

outros, diferenciar os sentimentos, relacioná-los a diferentes situações, reconhecer e

regular os próprios sentimentos (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p. 204).

Mover-se de uma situação estressante e dos demais sentimentos negativos para

identificar o que está acontecendo implica em verbalizar claramente a situação

problema, lembrando das perguntas chaves: O que? Quando? Onde? Como? Com

quem?

Exemplos: O que a outra pessoa me fez para criar essa situação incômoda? O que

eu fiz ou deixei de fazer? Há quanto tempo isso vem ocorrendo? O que eu converso

com essa pessoa e o que ela diz que me incomoda? Qual a situação é mais confortável

ou menos desconfortável para mim? É necessário ressaltar que é preciso chegar à

situação desejada exercitando a perguntinha básica: O que você gostaria que

acontecesse; o que você que pare de ocorrer?

É importante ressaltar que existem, às vezes, várias soluções para um mesmo

problema, e o procedimento mais simples para ajudar a pessoa com uma situação

problema é indagá-la com mais perguntas do tipo: O que mais você poderia fazer? Essa

é uma idéia, vamos pensar em outras antes de decidir? Na maioria das vezes, essa

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técnica ajuda diminuir a ansiedade da pessoa permitindo que ela o veja de outra

maneira.

Antes de qualquer escolha, cada alternativa deverá ser bem avaliada, uma a uma,

avaliando seus custos, efetividade e viabilidade de implementação: Essa alternativa

restaura o equilíbrio anterior? Essa alternativa considera as necessidades do outro?Essa

alternativa é legal e socialmente aceitável? Essa alternativa é possível de ser

implementada?

Quando uma pessoa escolhe uma alternativa, é importante que ela planeje sua

execução, antecipando possíveis imprevistos ou obstáculos, verificando se tem

condições de executá-la, preparando-se para isso em termos de escolha da melhor

ocasião e de seu melhor desempenho (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p. 207).

As principais habilidades envolvidas em um processo de solução de problema

interpessoal podem ser sumarizadas nas seguintes (DEL PRETTE & DEL PRETTE,

2006, p. 208):

1. Acalmar-se diante de uma situação problema;

2. Pensar antes de tomar decisões (lembrando os “princípios”);

3. Reconhecer e nomear diferentes tipos de problemas;

4. Identificar e avaliar possíveis alternativas de solução;

5. Avaliar o processo de tomada de decisão.

18- HABILIDADES SOCIAIS ACADÊMICAS:

“A gente tem que se comportar direitinho. Respeitar os mais velhos, os pais, a tia Norma.

Prestar atenção, não falar palavrão, não falar muito alto, ajudar os colegas e participar das

atividades”.

(Curumim Vila Olavo Costa – Rayane Cecília S. Monteiro - 8 anos)

Constata-se, através de diversas pesquisas, as relações existentes entre as

dificuldades na aprendizagem acadêmica e o desempenho social, levando à concepção

de um conjunto de Habilidades Sociais ditas “acadêmicas”.

Pode-se afirmar que crianças e adolescentes com dificuldades ou distúrbios de

aprendizagem geralmente apresentam (DEL PRETTE & DEL PRETTE, 2006, p. 238-

239):

Tendência a interações mais negativas com companheiros, agressividade,

imaturidade, comportamentos menos orientados para a tarefa e repertório mais

restrito de comportamentos interpessoais apropriados;

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Nas avaliações sociométricas, ser menos aceitas e geralmente incluídas nas

categorias das rejeitadas;

Mais passividade e dependência nas tarefas escolares, obtendo menor

consideração em suas opiniões, enquanto que, em tarefas não escolares,

revelam maior dificuldade na conversação e menor assertividade;

Na avaliação dos educadores, tendência de serem consideradas inquietas,

briguentas, inibidas, sem iniciativa, com déficits nas habilidades de juntar-se a um

grupo de atividade, desenvolver e manter amizade, encerrar conversação,

compartilhar brincadeiras, interagir com colegas, expressar raiva

apropriadamente, lidar com insultos e reagir a chacotas;

Na avaliação dos pais, apresentam maior impulsividade, dificuldade de

autocontrole, ansiedade, dispersão, dificuldade de comunicação e de lidar em

situações sociais.

Daí a relevância de maior investimento na competência social das crianças e

adolescentes em fase de escolarização como uma das alternativas possíveis para

reduzir suas dificuldades de aprendizagem e, também, minimizar os efeitos negativos

desses problemas sobre a qualidade de vida e as perspectivas de desenvolvimento

dessas crianças e adolescentes.

O contexto escolar, e no nosso caso o de um programa socioeducativo, é um

ambiente estruturado com base em relações interpessoais, onde se destacam as

relações da criança/adolescente com o educador e com os demais colegas, que podem

ser considerados agentes diretos ou indiretos do processo de ensino aprendizagem.

Para isso as estratégias pedagógicas efetivas são aquelas que criam demandas de

interações sociais educativas (aquelas que promovem aprendizagem e

desenvolvimento) do educador com os educandos e entre os educandos. E para tal são

necessárias duas condições importantes para o sucesso escolar:

1- Relações afetivas da criança/ adolescente com colegas e educador, criando

contexto motivador para seu envolvimento nas tarefas;

2- Repertório instrumental necessário para atender às demandas interpessoais do

processo ensino-aprendizagem, como participação efetiva nas tarefas propostas, a

busca e troca de informações acadêmicas e os pedidos de correção ou orientação.

As principais classes de Habilidades Sociais Acadêmicas:

Seguir regras ou instruções orais;

Observar, prestar atenção;

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Imitar comportamentos socialmente competentes;

Aguardar a vez de falar;

Orientar-se para tarefa, ignorando interrupção dos colegas;

Fazer e responder perguntas;

Oferecer, solicitar e agradecer ajuda;

Buscar aprovação por desempenho realizado;

Reconhecer e elogiar a qualidade do desempenho do outro;

Agradecer elogio ou aprovação;

Cooperar;

Atender pedidos;

Participar de discussões em sala.

19- CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Apesar do trabalho com o aprimoramento do desempenho social ser bastante

antigo, havendo historicamente algumas controvérsias sobre a origem do treinamento de

habilidades sociais, somente na atualidade – nos últimos vinte anos – o movimento das

habilidades sociais vem crescendo consideravelmente e abarcando setores cada vez

mais diversificados da sociedade, seja no campo do trabalho, da educação e até mesmo

da clínica.

Pessoas comuns também têm buscado o conhecimento sobre as maneiras

possíveis de aumentar a sua competência social, para lidarem com mais habilidade com

as divergências existentes nos conflitos interpessoais de suas vidas. Isto é uma

evidência contundente da divulgação dos benefícios do aprimoramento em habilidades

socais nos meios de comunicação, formais e informais.

De acordo com Del Prette & Del Prette (2012, p. 17), praticamente todas as teorias

existentes sobre o desenvolvimento do ser humano abordam a questão da socialização

e da importância das interações e relações sociais enquanto fatores fundamentais de

saúde mental e de desenvolvimento.

Em se tratando de crianças e adolescentes, pode-se afirmar que déficits de

habilidades sociais em etapas formativas cruciais da vida podem comprometer fases

posteriores de seu ciclo vital, ou seja, se na infância o relacionamento interpessoal não

for bem tratado pelos “cuidadores” ou “educadores”, com o fornecimento de bases

informativas e exemplos práticos satisfatórios e consistentes, o jovem ou o adulto

transformado, poderá ser “vítima” de situações antissociais que podem fazê-lo sofrer, e

estas situações indesejadas podem vir a ser provocadas por ele mesmo.

Sobre a necessidade de educação desde a tenra idade, Del Prette & Del Prette

(2012) apontam que

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Não obstante toda a sua potencialidade, o ser humano é

um dos mais desamparados indivíduos ao nascer.

Durante toda a sua vida ele necessita aprender

continuamente novas habilidades porque o seu ambiente

está em contínua transformação e grande parte desse

ambiente é social (p. 18).

No caso de crianças que participam de projetos sociais em instituições, Del Prette

& Del Prette (2012) explicam que alguns estudos apontam que a qualidade – mais do

que a quantidade – das interações com os educadores constitui um fator crítico na

prevenção das dificuldades sociais.

A interação com companheiros e com adultos condutores – mediadores – tem sido

reconhecida como um fator muito significativo no desenvolvimento das habilidades

sociais, uma vez que a vivência de situações extrafamiliares impõe, a todo instante,

novos desafios interpessoais.

Usado de maneira intencional, planejada e consciente, o movimento pedagógico

das habilidades sociais pode ser uma maneira extraordinária de fornecer aos educandos

as bases comportamentais que eles necessitam para lidarem com as dificuldades do

mundo em que estão inseridos.

Privações se combatem com alternativas viáveis e efetivamente comprovadas, e

que façam sentido para as pessoas que precisam se emancipar e evoluir, tornando-se

mais proativas e protagonistas do destino de suas vidas.

O Grupo de Estudos em Habilidades Sociais procura contribuir para o

“equipamento” principalmente do educador social que lida diariamente com propostas e

desafios de superação das condições privativas de seus educandos.

Os educadores necessitam de estarem constantemente equipados com

metodologias, dispositivos que possam auxiliá-lo na busca diária de desenvolvimento

pessoal, deles mesmos e de seus educandos. Desenvolvimento pessoal de todos gera

desenvolvimento coletivo, e isto também é superação de privações.

O mundo apresenta, naturalmente, experiências necessárias para o

desenvolvimento social de uma criança ou adolescente, mas não há como se ter

controle sobre a natureza destas experiências, se serão sempre prazerosas ou

dolorosas. Não há como prever, não há como escolher somente algumas, pois as

interações no mundo são na maioria das vezes imprevisíveis, mesmo com as pessoas

que já conhecemos.

Estaremos todos diante de incertezas em nosso caminho. A incerteza de como

será o nosso próximo encontro com alguém, seja no trabalho, na família ou na

comunidade, de qual será a natureza e a qualidade desta interação, é a única certeza

que teremos, a imprevisibilidade.

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Contudo, é necessário tornar nossas crianças e adolescentes o mais preparadas

possível para lidarem com as incertezas do trato com as questões de seu mundo.

Edgar Morin (2011, p. 73) alerta que “é preciso aprender a enfrentar a incerteza, já

que vivemos em uma época de mudanças, em que os valores são ambivalentes, em que

tudo é ligado”. A educação do futuro, então, deve voltar-se para as incertezas,

preparando mais adequadamente os indivíduos para lidarem com elas.

Na necessidade imprescindível de estar se adaptando a novas demandas sociais,

a diferentes contextos de relacionamento e de cultura, a novas regras, a novos papéis

bem ou mal definidos, as crianças e adolescentes precisam construir um repertório cada

vez mais ampliado de comportamentos sociais positivos e competentes.

Na construção deste repertório, entram os educadores sociais, como arquitetos

auxiliares deste processo, para delinearem experiências exemplares de positivismo e de

sucesso, com atitudes que sejam benéficas para o desenvolvimento de seus educandos,

para que estes possam generalizar tais experiências para as suas vidas, sendo

multiplicadores e provocadores – eles também – de mudanças positivas nos ambientes

em que frequentam e nas pessoas com que interagem.

Felicidades a todos nesta tentativa.

Mediadores do GEHS

24 de novembro de 2012

AMAC

20- ORGANIZADORES DESTE TRABALHO:

Este trabalho é uma produção coletiva, concretizada pelo esforço e dedicação de

muitos profissionais comprometidos com a transformação de realidades, de maneira

positiva e habilidosa, através da emancipação de indivíduos.

Em ordem alfabética:

Alessandra Cristina Silva Adão Leopoldo (Pedagoga)

Alexandre de Almeida Silva (Professor de Educação Física)

Álvaro Augusto José de Freitas (Professor de Educação Física)

Ana Paula Machado Cambraia (Pedagoga)

Diogo Pinto Mendes Vieira (Psicólogo)

Edison Claúdio Peixoto (Professor de Educação Física)

Elisângela Raquel Alves da Silva (Pedagoga)

Érica Cristina Procópio Campos (Psicóloga)

Érika Nery Santos de Paula (Psicóloga)

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Fabiana Carla da Silva Reis (Pedagoga)

Leandro Barros Ribeiro (Professor de Educação Física)

Lúcia Cristina de Oliveira (Professora de Educação Física)

Luciana de Rezende Cunha Fávero (Professora de Educação Física)

Luiz Gustavo Freire (Professor de Educação Física)

Maria Filomena Lara Francischetti (Pedagoga)

Marília de Oliveira Affonso (Pedagoga)

Marise Helena Silva Franco (Professora de Educação Física)

Mônica Maria Santiago de Almeida (Professora de Educação Física)

Raquel Valle de Mello Silveira (Professora de Educação Física)

Renata Beatriz de Paula Oliveira (Pedagoga)

Renato Costa Valle de Mello (Professor de Educação Física)

Simone Aparecida Coimbra (Administradora Pública)

Valéria Matt Borges Martins (Assistente Social)

21- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. ALVES, F. M. O. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 3 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2007.

2. ARGYLE, M. The development of applied social psychology. In: GILMOUR, G.; DUCK, S.

(orgs.). The development of social psychology. London: Academic Press, 1980. p. 81-106.

3. BRAZ, A.C.; DEL PRETTE, Z. A. P. Programa de habilidades sociais assertivas para idosos.

In: DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. (Orgs.). Habilidades sociais: intervenções efetivas

em grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 231-260.

4. CABALLO, V. E. Manual de avaliação e treinamento das habilidades sociais. São Paulo:

Santos, 2008.

5. CALIMAN, G. Pedagogia social: seu potencial crítico e transformador. Rev. Ciências

Educação – UNISAL. Americana. ano XII. n. 23. 2º semestre, 2010. p. 341-68.

6. CALLAO, D. H. P. O desenvolvimento de habilidades Sociais em adultos na prática

clínica. In: III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HABILIDADES SOCIAIS, 2011, Taubaté. Mesa

redonda 8, Apresentação 1.

7. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: terapia e

educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

8. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das relações interpessoais: vivências

para o trabalho em grupo. Petrópolis: Vozes, 2004.

9. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância:

teoria e prática. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

10. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Avaliação multimodal de habilidades sociais em

crianças: procedimentos, instrumentos e indicadores. In: Estudos sobre habilidades sociais e

relacionamento interpessoal. Bandeira, M.; Del Prette, Z.A.P.; Del Prette, A. (Orgs). São Paulo:

Casa do Psicólogo, 2006.

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50

11. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Habilidades sociais: intervenções efetivas em

grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011a.

12. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Programas efetivos em habilidades sociais:

desafios ao psicólogo e implicações culturais. In: III SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE

HABILIDADES SOCIAIS, 2011b, Taubaté. Conferência 1.

13. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. (Orgs.). Psicologia das habilidades sociais:

diversidade teórica e suas implicações. Rio de Janeiro: Vozes, 2011c.

14. DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais: terapia,

educação e trabalho. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

15. DIAS, T. P.; OLIVEIRA, P. A.; FRANÇA, M. L. P. O método vivencial no campo das

habilidades sociais: construção histórico-conceitual e sua aplicação. Revista Estudos e

Pesquisas em Psicologia, 11. (2). 2010. p. 472-87.

16. FERREIRA, B. C.; LOPES, D.C.; DEL PRETTE, Z.A.P. Treinamento de habilidades

sociais com crianças: planejamento e aplicação de vivências. In: III SEMINÁRIO

INTERNACIONAL DE HABILIDADES SOCIAIS, 2011, Taubaté. Mini curso 9.

17. GRESHAM, F. Análise do comportamento aplicada às habilidades sociais. In: DEL PRETTE,

Z. A. P.; DEL PRETTE, A. (Orgs.). Psicologia das habilidades sociais: diversidade teórica e

suas implicações. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. p. 23.

18. LAURO, B. R. A formação continuada do professor de educação infantil: formando em

contexto. Cadernos do professor. ano XV. n. 18. outubro, 2008. p. 17-27.

19. LOPES, D. C.; DEL PRETTE, Z. A. P. Programa multimídia de habilidades sociais para

crianças com dificuldades de aprendizagem. In: DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A.

(Orgs.). Habilidades sociais: intervenções efetivas em grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo,

2011. p. 145-173.

20. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2 ed. trad. Catarina

Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2011.

21. MURTA, S. G. Aproximando ciência e comunidade: difusão de programas de habilidades

sociais baseados em evidências. In: DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. (Orgs.).

Habilidades sociais: intervenções efetivas em grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p.

83-111.

22. OLAZ, F. O.; MEDRANO, L. A.; CABANILLAS, G. A. Programa vivencial versus programa

instrucional de habilidades sociais: impacto sobre a autoeficácia de universitários. In: DEL

PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. (Orgs.). Habilidades sociais: intervenções efetivas em

grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011. p. 175-201.

23. PEREIRA, C. S.; DEL PRETTE, A. Programa de habilidades sociais profissionais para

pessoas com deficiência física desempregadas. In: DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A.

(Orgs.). Habilidades sociais: intervenções efetivas em grupo. São Paulo: Casa do Psicólogo,

2011. p. 203-230.

24. POLLETTO, M., KOLLER, S. H. Resiliência: uma perspectiva conceitual e histórica. In: D. D

DELL’ AGLIO, S. H. KOLLER, & M. A. M. YUNES (Orgs.). Resiliência e Psicologia Positiva:

interfaces do risco à proteção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. p. 18-44.

25. RIBEIRO, N. N.; SILVA, R. L. M. Promoção de competências sociocognitivas na

infância: possibilidades de atuação no contexto educacional. I Congresso Internacional de

Psicologia. Minicurso. AJEPSI, 2012.

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51

26. KOLYNIAK FILHO, C. Motricidade e aprendizagem: algumas implicações para a educação

escolar. Construção psicopedagógica: São Paulo, 2010. v. 18. n. 17. p. 53-66.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Queremos deixar registrada nossa gratidão pela gentileza do carinho, atenção e colaboração da Drª Zilda Aparecida Pereira Del Prette e do Dr. Almir Del Prette para com o nosso trabalho, atitude que nos honra e serve de imenso incentivo para continuarmos perseverantes em nossa caminhada rumo ao aprimoramento de conhecimentos e de alternativas para ajudarmos cada vez mais pessoas. Agradecemos também a atenção dispensada a este trabalho, através de sugestões e apontamentos, pela Psicóloga do Grupo RIHS, da UFSCAR, doutoranda Talita Pereira Dias.

Drª Zilda e Dr. Almir visitando a Casa do Pequeno Artista, da AMAC. 30/08/12.

A cópia deste material é RECOMENDADA, principalmente para educadores sociais comprometidos e realmente preocupados com o desenvolvimento e a emancipação de seus educandos, bastando gentilmente citar a fonte. Não pode ser utilizada com finalidades comerciais ou para ganhos financeiros.

AMAC. Grupo de Estudos em Habilidades Sociais (GEHS). As habilidades sociais e suas

relações com a criança e o adolescente no serviço de convivência e fortalecimento de

vínculos. Associação Municipal de Apoio Comunitário. Juiz de Fora: AMAC, 2012.

Observação: exemplos de vivências para serem aplicadas na estimulação e treinamento das habilidades

sociais em crianças e adolescentes podem ser encontradas no livro:

DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

www.gehsamac.wordpress.com

2012