-
[email protected]
Pro
mo
o d
o E
mpr
eend
edo
rism
o na
Esc
ola
Promoo doEmpreendedorismo
na Escola
para o
Guio paraEscolas dos EnsinosBsico e Secundrio
ducao
empreendedorismoE
484-07-Capa:Layout 2 07/09/17 16:23 Page 1
-
DIRECO-GERAL DE INOVAO E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR
SETEMBRO 2007
Projecto Educao para o Empreendedorismo:
Guio Promoo do Empreendedorismo na Escola
-
Ficha Tcnica
TtuloGuio Promoo do Empreendedorismo na Escola
EditorMinistrio da Educao/Direco-Geral de Inovao
e Desenvolvimento Curricular
Director-GeralLus Capucha
Coordenao TcnicaVtor Figueiredo
AutoresMiguel Mata Pereira ISPA (Instituto Superior de
Psicologia Aplicada)
Jos Soares Ferreira CB (Central Business)Ilda Oliveira
Figueiredo DGIDC
Concepo GrficaManuela Loureno
Composio, Impresso e AcabamentoEditorial do Ministrio da
Educao
Depsito Legal264 127/07
ISBN978-972-742-270-8
2007
-
NDICE
EDITORIAL
...............................................................................................................................................
5
PREFCIO
...............................................................................................................................................
7
INTRODUO
......................................................................................................................................
9
1. ENQUADRAMENTO HISTRICO
................................................................................................
13
2. LINHAS GERAIS DE ORIENTAO
..............................................................................................
17
2.1. Aprender fazendo
...................................................................................................................
17
2.2. Esprito empreendedor ou esprito empresarial?
..............................................................
18
3. O EMPREENDEDORISMO
.............................................................................................................
19
3.1. Eixos temticos de actuao
................................................................................................
21
3.2. Empreendedorismo: competncias-chave a desenvolver
............................................... 21
3.3. Operacionalizao das competncias-chave para o
empreendedorismo .................. 24
3.4. reas curriculares fundamentais para o empreendedorismo
......................................... 27
3.5. Outras reas curriculares
......................................................................................................
27
3.6. Esprito empreendedor na educao
..................................................................................
27
4. EMPREENDEDORISMO NA ESCOLA
..........................................................................................
29
4.1. Definio de estratgias para promoo do esprito empreendedor
na escola ........ 31
4.2. Organizao e Planeamento
...............................................................................................
34
4.2.1. Comisso
....................................................................................................................
34
4.2.2. Projectos
......................................................................................................................
34
3
-
44.3. Aco/Execuo
.....................................................................................................................
36
4.4. Avaliao
.................................................................................................................................
38
5. EXEMPLOS DE ACTIVIDADES A DESENVOLVER NOS PROJECTOS
..................................... 41
6. ITINERRIO DOS ALUNOS: A ESCOLA EM 4 PASSOS
.......................................................... 43
6.1. Constituio da Comisso e Criao do Grupo
.............................................................
43
6.1.1. Constituio da Comisso
.......................................................................................
43
6.1.2. Criao do Grupo
.....................................................................................................
45
6.2. Organizao e Planeamento
...............................................................................................
46
6.3. Execuo
..................................................................................................................................
47
6.4. Avaliao
.................................................................................................................................
49
7. ACTIVIDADES-TIPO
.........................................................................................................................
51
7.1. Actividade-tipo ONG ligada sade
.............................................................................
51
7.2. Actividade-tipo ONG ligada ao Banco do Tempo
....................................................... 52
7.3. Actividade-tipo Tecnolgico (o Avio)
.............................................................................
53
7.4. Actividade-tipo Tecnolgico (o Computador)
................................................................
54
8. NOTAS FINAIS
.................................................................................................................................
55
BIBLIOGRAFIA
........................................................................................................................................
57
-
EDITORIAL
O bem-estar e a segurana actual e futura das populaes, a
qualidade das democraciase da vida colectiva das naes, a
estabilidade e fiabilidade das instituies, a competitividadedas
empresas e das economias, eis alguns dos principais valores de
referncia que caracterizamo progresso civilizacional e a modernizao
no mundo aberto, prenhe de riscos e espantosasoportunidades, em que
vivemos.
Um mundo que requer de cada pessoa, de cada empresa, de cada
instituio, de cadanao a aspirao ao bem-estar, liberdade,
democracia, segurana, ao sucesso, capa-cidade de adaptao a novas
formas de organizao social, de aprender em permanncia, deprocessar
e comunicar informao, de inovar, de rejeitar amarras, de melhorar,
de tentar ir maislonge no plano da qualidade de vida colectiva e de
cada cidado em particular.
O enunciado destes requisitos tornou-se um lugar-comum no nosso
pas. Existe porm umadistncia considervel entre o enunciado e a sua
aplicao real. Paradoxalmente, foi Portugalquem os inventou h alguns
sculos atrs. No nos orgulhamos todos do fantstico empreendi-mento
que constituram os descobrimentos portugueses? No sabemos bem como
o sucesso detal aventura se construiu sobre uma base slida de
conhecimento e cincia desenvolvida na coo-perao entre os melhores
crebros portugueses e os que de todo o mundo para c foram
con-vocados? No foi esse conhecimento a bssola que guiou a ambio
dos investidores, a audciae coragem dos navegadores, a ousadia, a
imaginao e o esprito inovador de um povo deter-minado em vencer o
medo de descobrir?
Vivemos num momento de viragem histrica equivalente, embora a um
ritmo muito maisrpido e radicalmente mais complexa, da poca dos
descobrimentos. A economia do conheci-mento e a sociedade da
informao so designaes pelas quais nos referimos a uma
enormequantidade de transformaes em todos os domnios da vida das
pessoas e da organizao dassociedades e das economias. A relao com o
saber e a capacidade de inovar so traos per-manentes guiando todas
essas transformaes. Tal como o a crescente diferenciao entreesferas
institucionais. Neste quadro, o mercado e os seus agentes, as
empresas, ganharam umarelevncia, uma autonomia e uma centralidade
sem precedentes. A qualidade de vida das pes-soas, o tipo e
intensidade das desigualdades sociais e de riqueza, as identidades
pessoais ecolectivas, a qualidade do ambiente, a satisfao de
necessidades sociais, a densidade e exten-so das redes econmicas,
sociais, culturais e polticas, entre muitas outras coisas,
dependemcada vez mais das empresas e da sua aco. O compromisso com
os interesses colectivos e acolaborao com o Estado e a Sociedade
Civil distingue o impacto positivo ou negativo, con-forme o sentido
de tais compromissos que as dinmicas do mercado induzem em todos
aque-les domnios.
Um exemplo tpico desses impactos o emprego e o desemprego,
estruturas em que aconfluncia entre dinmicas econmicas e sociais,
afectando tanto os indivduos como as socie-dades e os estados no
seu conjunto, mais convergem. Foi precisamente para responder ao
pro-blema do desemprego que o tema do empreendedorismo apareceu, a
partir dos ltimos anos dosculo passado, como um tpico central da
agenda econmica e poltica da Unio Europeia.
5
-
6De incio, tal como aparecia por exemplo na Estratgia Europeia
para o Emprego, a nooapresentava-se relativamente restritiva,
apelando basicamente necessidade de desenvolver pol-ticas
promotoras do auto-emprego, de facilitao das condies de criao e
sobrevivncia dasPME e de expanso dos servios de proximidade e da
economia social.
Portugal , porm, um exemplo incontornvel de como para incentivar
a criao deriqueza e de emprego e para melhorar a competitividade
das economias, criar micro empresasou auto-emprego no chega. O
nosso pas tem vindo a conhecer, alis, uma trajectria de pul-verizao
do nmero de empresas e de diminuio da respectiva dimenso mdia, com
umaproporo de trabalhadores por conta prpria que das maiores da
Europa. Os portugueses,nesse sentido restrito, permanecem, pois,
fortemente empreendedores.
Mas empreender no s criar empresas. Implica correr o risco de o
fazer, mas tambmsaber como o fazer. Planear, calcular oportunidades
e identificar ameaas, possuir iniciativa earrojo tanto como
responsabilidade e racionalidade. Implica, alm e talvez acima
disso, sercapaz de inovar. E nestes requisitos temos srios
problemas afectando no a quantidade, mas aqualidade da actividade
dos empresrios e a sustentabilidade do modelo de competitividade
dasempresas.
Por outro lado, o empreendedorismo e os atributos que se lhe
associam implicam atitudesque no se requerem apenas queles que so
os proprietrios ou os gestores das empresas.Trata-se de uma atitude
necessria tambm aos trabalhadores e aos cidados em geral.
Ao contrrio do que muitas vezes se pensa, a aptido para o
empreendedorismo noconstitui um dom inato e natural. Nem vem
inscrito no cdigo gentico das pessoas. Cultiva-se.Desde logo nas
famlias que possuem o capital necessrio inculcao e treino dessas
atitudes.O que levanta o problema da democraticidade e abertura das
sociedades ou, dito de outromodo, da igualdade de oportunidades.
Como corrigir as desiguais condies de partida resul-tantes da
origem social e, simultaneamente, generalizar a aquisio de atitudes
e saberes neces-srios inovao e ao empreendedorismo?
A resposta a esta questo (como a tantas outras) da qual depende
em boa parte o nossodestino colectivo, passa incontornavelmente
pela escola. Por outras palavras, na escola que se pode aprender e
treinar competncias e atitudes que promovam uma relao positiva com
orisco, o saber planear e calcular oportunidades e identificar
ameaas, desenvolver a capacidadede tomar a iniciativa e inovar com
responsabilidade e racionalidade.
Para desempenhar esse papel a prpria escola tem de aprender, de
experimentar estrat-gias de educao para o empreendedorismo e de se
abrir ao meio. isso que tem vindo a serfeito, por enquanto numa
escala experimental. Chegou agora o tempo de alargar a experinciae
difundir as boas prticas. O Ministrio da Educao conta neste campo
com parceiros activos,sapientes e estimulantes. com eles que
queremos avanar, sem escamotear responsabilidadesmas tambm sem
desperdiar o que todos tm para dar: um contributo decisivo para o
impor-tante desiderato de tornar o ensino para o empreendedorismo
uma realidade cada vez mais pre-sente nas escolas portuguesas.
Lus Capucha
-
PREFCIO*
Portugal hoje um pas integrado num espao poltico, econmico,
social e cultural carac-terizado por altos standards que constituem
as referncias de uma grande parte das organizaese dos cidados.
Um espao onde a competio e a capacidade para competir so
essenciais para vencer e para progredir e onde a criao de valor e o
crescimento da riqueza so objectivos que fazemparte da planificao
das organizaes e das empresas.
A criao de riqueza est, por seu lado directamente relacionada
com um conjunto de fac-tores de que se destacam a capacidade para
inovar e a capacidade para introduzir nos merca-dos novos produtos,
novos servios e novas oportunidades que, medida que o tempo
decorre,adquirem maior qualidade e vo-se tornando mais acessveis e
menos dispendiosos para os con-sumidores.
Inovar , neste mundo moderno e globalizado, uma palavra-chave
que traduz um conceitoe um contexto de mudana que atravessa as
organizaes e que assenta num conjunto de pres-supostos que importa
analisar e sobre os quais devemos reflectir aprofundadamente.
A inovao sobretudo uma atitude e um comportamento subjacente s
organizaes equeles que as servem, sejam estas estruturas estatais
ou empresas privadas, grupos multinacio-nais ou pequenas unidades,
empresas de servios ou companhias de distribuio, escolas ou
uni-dades de sade, universidades ou centros de investigao
cientfica.
O desafio que em muitos dos nossos pases temos pela frente , por
um lado, o de modifi-car os nossos modelos de desenvolvimento
tornando-os menos dependentes dos recursos finan-ceiros e das
matrias-primas e muito mais induzidos pelo conhecimento, pela
tecnologia e peloknow-how, e por outro, o de desenvolver e
consolidar na sociedade e nos cidados uma culturade inovao, baseada
numa atitude que permita a mudana e induza um esprito de
competitivi-dade, um gosto pelo risco e uma aposta num futuro
diferente e melhor.
A inovao e a consolidao de uma cultura a esta associada,
implicam, no entanto, queaos diferentes nveis sejam assumidas
polticas e tomadas medidas pelos diferentes actores envol-vidos nos
processos de educao, de formao e de pesquisa cientfica, que apontem
no sentidode modificar alguns dos comportamentos e das atitudes que
se mantm prevalentes em muitasdas nossas sociedades.
Neste contexto, pode-se dizer que uma poltica de inovao ou seja
uma poltica que visetornar os indivduos e as organizaes actores de
um processo de mudana assenta essencial-mente nos pilares
fundamentais: a) da Educao de base; b) da Formao ao Longo da
Vida;
7
* Este texto tem como base uma interveno feita em 16 de Maio de
2007, numa Conferncia da COTEC, realizadana CULTURGEST em
Lisboa.
-
8c) da Estratgia das Universidades; d) do Desenvolvimento
Tecnolgico; e e) da Qualidade doSistema Cientfico.
Na Educao de Base, nomeadamente na escolaridade obrigatria que,
como se sabe, sevai estendendo na maior parte dos pases at abranger
os jovens com idades at aos 18 anos, o ncleo central das
aprendizagens vai seguramente continuar a incluir reas fundamentais
dosaber como o estudo e o aperfeioamento da lngua materna, a
matemtica e o raciocniolgico, a aprendizagem das lnguas
estrangeiras, o conhecimento do mundo, da natureza e dosfenmenos
fsicos, e a interpretao da histria, mas na rea do chamado currculum
infor-mal ou currculum escondido que residem os aspectos mais
sensveis da formao dos jovens.
O gosto de aprender, o prazer da leitura, o sentido do novo e do
experimental ou o desen-volvimento dos comportamentos e atitudes
que vo pela vida fora marcar os modos de ser, deestar e de fazer,
constituem, em nossa opinio, os aspectos essenciais e mais
determinantes doprocesso de formao de base do jovem em idade
escolar.
No porque seja a escola a nica estrutura organizada onde se
adquirem o sentido dodever e da responsabilidade, a autonomia, o
gosto pelo risco, a capacidade de iniciativa, a lide-rana, o
esprito empreendedor, ou uma atitude de exigncia e rigor, mas
porque para a crianae o adolescente a vivncia da escola , fora da
famlia, o factor determinante do desenvolvi-mento de cada um tendo
em vista a sua realizao pessoal e a sua participao no processo
deconstruo colectivo em que todos estamos envolvidos.
A capacidade para inovar e para criar no est seguramente gravada
no DNA nem fazparte do genoma dos Seres Humanos. no entanto
reconhecido, nos dias de hoje, que a inova-o e a criao so factores
crticos do desenvolvimento que dependem muito da atitude e
doscomportamentos de cada indivduo numa lgica de que os que
conseguem inovar e os que socapazes de criar so aqueles que atingem
os mais elevados padres de realizao pessoal e queparalelamente mais
contribuem para o desenvolvimento das sociedades em que se
integramtanto no campo da economia como nas reas da cultura, da
poltica ou das artes.
neste sentido que uma formao para o empreendedorismo ganha
grande relevnciatendo em conta que no se nasce necessariamente com
um esprito empreendedor, mas que possvel adquirir conhecimentos,
competncias e atitudes que incentivem e proporcionem
odesenvolvimento de ideias, de iniciativas e de projectos que visem
criar, inovar ou proceder amudanas na rea de actuao de cada um.
O Projecto Educao para o Empreendedorismo em boa hora lanado
pelo Ministrio da Educao constitui o bom exemplo de uma iniciativa
que tem como objectivo promover oempreendedorismo na Escola. Tal
projecto foi lanado no pressuposto correcto de que durante a
frequncia da escola bsica ou do ensino secundrio possvel, em sala
de aula, desenvolverum conjunto de aces que contribuam
decisivamente para a consolidao de uma cultura deempreendedorismo
que se traduz pela criao de uma atitude diferente dos jovens face a
algunsdesafios nomeadamente nos campos da iniciativa, da inovao e
da criatividade.
O que se pode desejar para este projecto de Educao para o
Empreendedorismo quede uma forma generalizada as Escolas assumam o
empreendedorismo como uma rea de actua-o que, a par dos
conhecimentos e dos saberes, faa parte integrante dos objectivos da
Educa-o e da Formao que so ministrados quer no ensino bsico quer no
ensino secundrio.
Lisboa, 5 de Julho de 2007
EDUARDO MARAL GRILO
-
INTRODUO
Para realizar os objectivos da Estratgia de Lisboa, entretanto
relanada, a Europa tem deprivilegiar o conhecimento e a inovao. A
promoo de uma cultura mais empreendedora,a inculcar nos jovens
desde o ensino escolar, constitui uma parte significativa deste
esforo.
Comisso Europeia, 2005
O Projecto Educao para o Empreendedorismo (EPE) consiste numa
proposta para odesenvolvimento de aces empreendedoras ao nvel das
escolas, nos nveis dos ensinos bsicoe secundrio, com carcter
educativo e formativo estrutural. O desenvolvimento do
empreen-dedorismo em meio escolar pressupe um desgnio de aco global
das escolas no sentido defomentar a educao para o
empreendedorismo.
O empreendedorismo uma noo que tem vindo a conquistar um lugar
de crescenterelevo no debate pblico sobre o futuro das polticas
econmicas para a competitividade, nocontexto global da economia do
conhecimento e da sociedade da informao. Empreender
fundamentalmente encarar a realidade como um conjunto de
oportunidades de mudana e deinovao, assumindo o desejo e
mobilizando a energia necessria para a sua transformao.
Existe a conscincia generalizada de que a escola deve promover
atitudes de empreende-dorismo nos jovens, considerando-se que essa
orientao constitui uma dimenso crtica na edu-cao das novas geraes e
no desenvolvimento sustentado de Portugal.
A actual situao das escolas e dos Currculos Nacionais contemplam
as condies neces-srias para promover o Projecto Educao para o
Empreendedorismo, embora uma educaoempreendedora dependa
essencialmente da vontade, do investimento, da abertura a novas
for-mas de trabalho e de uma nova atitude de todos os agentes
educativos.
As concluses retiradas do Documento Aplicar o Programa
Comunitrio de Lisboa: Promo-ver o esprito empreendedor atravs do
ensino e da aprendizagem, reforam precisamente o ina-divel
compromisso de uma educao empreendedora, ao fazer referncia ao
apoio e incentivosque devem ser mobilizados para as escolas, com o
objectivo de fomentar a realizao de activi-dades e programas de
empreendedorismo, dos quais existem j muitos exemplos concretos.
Nombito destes programas tambm apontado que o estabelecimento de
vnculos entre a escola,as empresas e a comunidade um elemento-chave
para o xito da promoo e desenvolvimentodo empreendedorismo: A
aprendizagem pela prtica e a experincia concreta do
empreendedo-rismo, graas a actividades e projectos prticos,
constituem as melhores formas de promover oesprito empreendedor e
as competncias ligadas ao empreendedorismo (In Aplicar o
ProgramaComunitrio de Lisboa: Promover o esprito empreendedor
atravs do ensino e da aprendiza-gem, p. 33).
9
-
10
Precisamente, o Projecto EPE tem como principal objectivo a
promoo de aces empreen-dedoras na escola, nomeadamente:
Projectos de investigao e de interveno desenvolvidos por alunos
dos ensinos bsico esecundrio no mbito das reas curriculares que
originem produtos sociais concretos, motivantes,capazes de
responder aos seus prprios problemas e necessidades e com um
impacto (obser-vvel, qualificvel ou quantificvel) no grupo-turma,
na comunidade escolar, local ou regional,orientados para fins
sociais, de investigao ou cientfico-tecnolgicos.
Viso EPE: Todos os alunos sero empreendedores se viverem num
ambiente promotor eencorajador do seu potencial.
Misso EPE: Garantir que os alunos tenham acesso a uma educao que
incentive o pr-prio empreendedorismo, atravs do desenvolvimento de
um conjunto de competncias transver-sais ao currculo nacional,
integradas num pensamento crtico e criativo, virado para a
mudana,para a resoluo de problemas e para a literacia.
Valores EPE: Responsabilidade Social; Inovao; Aco/Reflexo.
Metodologia EPE: Aprender fazendo; Transferncia de Saberes;
Reflexo e integrao dosconhecimentos e das aprendizagens.
No mbito do Projecto EPE, os alunos devero desenvolver um
conjunto multidisciplinar etransversal de competncias e de saberes,
com base nos Currculos Nacionais para o EnsinoBsico e para o Ensino
Secundrio, envolvendo simultaneamente trs dimenses:
Competncias essenciais que permitam a dimenso empreendedora ao
longo da vida;
Mobilizao de conhecimentos curriculares;
Participao e aco cvica na sociedade.
Este guio EPE foi pensado para os profissionais de educao que
visam o empreendedo-rismo no contexto escolar e pretende responder
s seguintes questes:
Qual a importncia da educao para o empreendedorismo?
Quais so as competncias essenciais para empreender?
Como se pode incorporar o empreendedorismo no processo de
aprendizagem/ensino?
Com este guio EPE dever ser capaz de:
Reconhecer a importncia do esprito empreendedor ao longo da
vida;
Valorizar e desenvolver as competncias-chave para o
empreendedorismo;
Utilizar mtodos de desenvolvimento do esprito empreendedor no
contexto escolar;
Potenciar qualquer aprendizagem curricular como uma oportunidade
de desenvolvimento doempreendedorismo.
Em termos do formato estrutural, o presente guio apresenta um
captulo inicial referenteao enquadramento histrico das principais
orientaes, que sero discutidas ao longo destedocumento, em
particular, as competncias-chave para a aprendizagem ao longo da
vida, deentre as quais se destaca o empreendedorismo.
-
11
No captulo dois so apresentadas as linhas gerais de orientao
deste documento, nomea-damente, o aprender fazendo e a diferenciao
entre o esprito empreendedor e o espritoempresarial.
O terceiro captulo aborda o empreendedorismo, os seus eixos
temticos de actuao, ascompetncias-chave a desenvolver para o
empreendedorismo e sua operacionalizao, umaabordagem das reas
curriculares dos ensinos bsico e secundrio fundamentais para o
empreen-dedorismo, uma referncia a outras reas curriculares
relevantes no mbito do empreendedo-rismo, e uma considerao sobre o
esprito empreendedor na educao.
O captulo quarto reporta-se ao empreendedorismo na escola, e
forma como este con-ceito pode ser trabalhado e promovido em meio
escolar. So definidas as estratgias para a promoo do esprito
empreendedor na escola, a organizao e o planeamento dos projectos,
a sua execuo e respectiva avaliao.
No quinto captulo so dados exemplos de actividades a desenvolver
no mbito da imple-mentao dos Projectos EPE.
No captulo sexto proposto um itinerrio de alunos para a
participao activa e acompa-nhamento dos Projectos EPE, bem como
para a mobilizao e desenvolvimento das competn-cias-chave para
empreender.
O stimo captulo apresenta um conjunto de actividades-tipo, como
exemplo de boas pr-ticas em relao implementao dos Projectos
EPE.
No oitavo captulo so tecidas as notas finais deste guio, e, no
final, apresentada abibliografia consultada para a construo deste
documento.
-
1. ENQUADRAMENTO HISTRICO
Em 1994 a European Round Table of Industrialists (ERT), por
intermdio do seu grupo paraas polticas educativas, publicou um
documento denominado Education for Europeans: Towardsthe Learning
Society, onde eram manifestadas as principais preocupaes dos
maiores indus-triais e grupos econmicos europeus em relao aos
problemas econmicos e sociais de umaEuropa que se debatia com a
presso da competitividade dos mercados globais e com a impor-tncia
do investimento no potencial humano, nomeadamente no que respeita
aos sistemas edu-cativos e de formao de todos os cidados
europeus.
As consideraes iniciais deste documento de referncia apontavam
para a existncia deum hiato entre a educao de base proporcionada
pelos sistemas educativos e de formao inicial e as necessidades
reais do mundo do trabalho, com particular destaque para as
compe-tncias necessrias para a integrao no mercado laboral e para a
empregabilidade. A ERT lan-ou ento o alerta para esta problemtica,
referenciando que em funo desta desadequao os estudantes
mostravam-se desiludidos com a qualidade e eficcia da sua formao
inicial,demonstrando baixas expectativas em relao ao seu futuro
profissional. Em face desta conjun-tura, alguns desses alunos
acabariam mesmo por desistir precocemente da escola (engordandoos
nmeros relativos ao absentismo escolar) ou demorando mais anos do
que os necessriospara concluir a escolaridade obrigatria, atrasando
(e com isso dificultando) a sua entrada parao mundo do trabalho
qualificado.
Em consequncia destas transformaes, a sociedade europeia, e em
particular os indus-triais e as empresas, comeou a denotar uma
crescente preocupao com a futura evoluoeconmica e social, por
considerar que esta situao acarretaria uma cada vez menor
quali-ficao dos profissionais (diminuindo a capacidade competitiva
do mercado europeu face aoutros mercados mundiais) e um dfice de
cidadania e participao democrtica activa dos cida-dos europeus.
Neste sentido, a ERT aponta para a problemtica do desperdcio do
potencialhumano, potencial este que o nico verdadeiro recurso da
Europa para rumar ao futuro numaSociedade do Conhecimento e da
Informao.
Ainda de acordo com a ERT, uma das principais mudanas operadas
no final do sculopassado foi o fim do conceito de emprego para toda
a vida. Efectivamente, a noo de que umapessoa pode fazer todo o seu
percurso profissional estando vinculada a um nico emprego oulocal
de trabalho hoje nada mais que uma utopia. Pelo contrrio, aquilo
que se constata uma cada vez maior abertura mobilidade profissional
e s trocas de emprego, implicando umreconhecimento e valorizao de
novas capacidades profissionais como a flexibilidade, a
mobili-dade, o demonstrar iniciativa, a disponibilidade e vontade
para assumir responsabilidades, o sercapaz de trabalhar em equipa.
Estes novos conceitos, que dominam os mercados de trabalho eas
polticas de empregabilidade, criaram a necessidade de reforo do
investimento nas apren-dizagens iniciais ao nvel da escolaridade e
a crescente preocupao com as aprendizagens aolongo da vida,
mediante a aposta nos processos de formao continuada.
Toda esta acelerao da aquisio e mobilizao de conhecimentos para
fazer prevalecere garantir a empregabilidade, redundaram numa
profunda mudana ao nvel do tecido societal
13
-
14
contemporneo, para muitos entendida mesmo como uma crise de
valores, com a emergnciade novas problemticas sociais (como a
diminuio sistemtica da taxa de natalidade e conse-quente
envelhecimento das populaes, ou a fragmentao da famlia tradicional)
ou com oagravar de outras j existentes (como o crescente aumento do
nmero de desempregados).
O que fazer para ultrapassar esta crise?
Para a ERT essencial repensar e redefinir as prioridades da
educao europeia direccio-nando-a para as necessidades e desafios do
futuro, e no para o legado do passado. A longoprazo, os nicos
verdadeiros recursos da Europa sero os seus cidados. Estas pessoas
necessi-tam de uma melhor educao e formao. Os professores e
educadores so convocados a soli-citar informao sobre os objectivos
da sociedade actual e sobre a forma de trabalhar para osatingir.
Mas a sociedade, por seu turno, convocada a solicitar aos
professores e educadoresuma maior conscincia e abertura
relativamente a um mundo em constante mudana.
Precisamente para discutir os objectivos da sociedade actual,
apelidada de Sociedade doConhecimento e da Informao, os pases da
Unio Europeia reuniram-se em Maro de 2000,em Lisboa, no mbito de um
Conselho Europeu. Este encontro histrico, que viria a ser
deno-minado de Cimeira de Lisboa, lanou as bases e orientaes
estratgicas para o progresso edesenvolvimento sustentvel da Unio
Europeia para a primeira dcada do sculo XXI. NestaEstratgia de
Lisboa ficou definido como objectivo primordial:
Tornar a Europa na economia, baseada no conhecimento, mais
dinmica e competitiva domundo at 2010.
Para que este desiderato pudesse ser vivel foram tambm
delineados objectivos colaterais:
Garantir o crescimento econmico sustentvel;
Mais e melhores empregos;
Maior coeso social.
Como eixos fundamentais de actuao foram apontados a educao, a
formao inicial e contnua, e a imperativa urgncia na qualificao dos
profissionais para uma empregabilidadecada vez mais produtiva e
competitiva. Neste sentido foi reforada a necessidade de garantir
oacesso educao e formao ao longo da vida para todos os cidados,
nomeadamente atra-vs do investimento na formao de novas
competncias.
Foi neste mbito que surgiu o Programa Educao e Formao 2010
sublinhando aimportncia crucial das reas:
TIC;
Cultura tecnolgica;
Lnguas estrangeiras (em particular a Lngua Inglesa);
Empreendedorismo;
Competncias sociais.
Para implementao do Programa Educao e Formao 2010 foram criados
gruposde peritos para Programas de Trabalhos Especializados, entre
os quais se pode destacar umgrupo de trabalho sobre as
competncias-chave necessrias para a aprendizagem ao longo davida.
Este grupo de especialistas definiu como objectivos a identificao e
definio das novas
-
15
competncias e do modo como estas poderiam ser integradas nos
currculos, podendo ser manti-das, desenvolvidas e aprendidas ao
longo da vida.
Um ano mais tarde, em 2001, em consequncia das directrizes
definidas no ProgramaEducao e Formao 2010, este grupo de peritos
reunidos em Estocolmo apresenta o rela-trio Objectivos concretos
para o futuro dos sistemas de educao e formao onde so aponta-dos os
seguintes objectivos estratgicos:
Qualidade;
Acesso e abertura dos sistemas educativos;
Acesso e abertura dos sistemas de formao.
Porm, apenas em 2002, no Conselho Europeu de Barcelona, surgir
um Programa deTrabalho com o intuito da implementao de todos os
objectivos estratgicos reportados anterior-mente. Este documento
nomeia e explicita a importncia primordial das seguintes
competncias:
Literacia e numeracia (competncias de base);
Competncias de matemtica, cincias e tecnologia;
TIC e o uso de tecnologias;
Aprender a aprender;
Competncias sociais;
Empreendedorismo;
Cultura geral.
Para implementao dos objectivos do Programa Educao e Formao 2010
soainda apontadas como reas sensveis de interveno:
Estratgias de inovao e melhoramento das competncias bsicas;
Literacia digital;
Lnguas estrangeiras;
Dimenso Europeia e sua integrao nos currculos.
Durante esta Cimeira de Barcelona, o grupo de trabalho sobre as
competncias-chave parao sculo XXI, comea a reduzir a amplitude das
hipteses referentes ao nmero de competnciasa definir, e refere que
na sua concepo, estas competncias devero ser entendidas como
umainterconexo entre conhecimentos (knowledge), capacidades
(skills) e atitudes (attitudes).
No ano de 2004 apresentado Comisso Europeia o Relatrio Intermdio
sobre o pro-gresso do Programa Educao e Formao 2010. Tendo por base
os indicadores referenciadosneste relatrio de balano dos trabalhos
desenvolvidos, reiterada a necessidade da integraoda dimenso
Europeia nos sistemas de educao e de formao dos Estados-membros,
paraalm da dimenso das polticas nacionais. Em particular, so dadas
indicaes para o reforo da dimenso Europeia ao nvel do Grupo de
Trabalho sobre competncias-chave.
Outra das concluses importantes deste relatrio intermdio a
respeito do progresso doPrograma Educao e Formao 2010 foi a
referncia efectuada mudana de enfoque doensino para a aprendizagem
e da necessidade da aquisio de competncias mais abrangentespara o
sucesso das aprendizagens, no apenas ao nvel da escolaridade mas ao
longo da vida.
-
16
O grupo de peritos sobre competncias-chave assume ento uma nova
postura, substi-tuindo a noo de competncias-chave para o sculo XXI
pela noo mais abrangente e globalde competncias-chave para a
aprendizagem ao longo da vida, considerando que estas so
fun-damentais na Sociedade do Conhecimento e da Informao e que
devero intervir em trs eixosparalelos:
Realizao pessoal (noo de capital cultural);
Cidadania e Incluso social (noo de capital social);
Empregabilidade (noo de capital humano).
Tendo por base o reforo dado por este enquadramento, as
competncias-chave passam a ser entendidas como uma Ferramenta de
referncia de polticas nacionais para a criao deoportunidades de
aprendizagem para todos os cidados ao longo da vida, nos contextos
educati-vos e de formao contnua.
O conceito de competncia-chave ento definido como Conjunto de
conhecimentos,capacidades e atitudes transferveis e
multifuncionais, incluindo tambm a motivao ou a dispo-sio para
aprender para alm do saber fazer. Esta noo de competncia-chave,
quando anali-sada luz deste novo enquadramento, envolve e implica
diferentes conceitos:
Transferncia de conhecimentos (do contexto de aprendizagem para
o contexto de realizao);
Mobilizao de conhecimentos em contexto (saber fazer);
Aprendizagens funcionais (conhecimentos com utilidade e
relevncia social);
Multidisciplinaridade (cruzamento de saberes e de diferentes
perspectivas sobre a realidade);
Aprendizagem ao longo da vida (autonomia e disponibilidade para
novos processos de apren-dizagem, de acordo com as necessidades e
motivaes profissionais e pessoais).
As oito competncias-chave para a aprendizagem ao longo da
vida:
1. Comunicar na lngua materna;
2. Comunicar numa lngua estrangeira;
3. Literacia matemtica e competncias bsicas para as cincias e
tecnologia;
4. Competncia digital;
5. Aprender a aprender;
6. Competncias cvicas e de relacionamento interpessoal;
7. Empreendedorismo;
8. Expresso cultural.
Estas competncias devero estar desenvolvidas no final da
escolaridade obrigatria,podendo ser adaptveis s diferentes
especificidades culturais, lingusticas, sociais e
contextuais,actuando como uma fundao que permita a formao contnua
como parte da aprendizagemao longo da vida.
-
2. LINHAS GERAIS DE ORIENTAO
2.1. Aprender fazendo
As competncias podem ser deduzidas a partir de desempenhos. Os
desempenhos, porsua vez, traduzem comportamentos observveis,
conhecimentos passveis de operacionalizao eavaliao, e atitudes que
so manifestadas e comunicadas, durante o desenvolvimento de
umaactividade. Portanto, considera-se competente a pessoa que capaz
de adequar as suas acestendo em vista um objectivo determinado.
Neste sentido, possuir conhecimentos ou capacidadesno significa ser
competente. Todos os dias as experincias mostram-nos que pessoas
que pos-suem conhecimentos ou capacidades no sabem mobiliz-las no
momento oportuno e de modoadequado; numa situao de trabalho a
actualizao daquilo que se sabe em contexto espe-cfico, reveladora
da passagem competncia. Ou seja, esta realiza-se na aco (Le
Boterf,1994).
Portanto, o aprender fazendo implica a capacidade de tomar
decises, de executar e deerrar. O principal obstculo para os alunos
no so os seus erros mas antes a forma como lidamcom eles, numa
lgica de correco imediata, no compreensiva. Muitos autores (ex.
Piaget,1963) consideram o erro uma importante fonte de
desenvolvimento pelo desequilbrio que sus-cita no aluno, originado
o conflito cognitivo, e pelo incentivo que provoca em relao
procurade solues que permitam superar, individualmente ou com apoio
do outro, o problema que ini-cialmente provocou a
desestabilizao.
O aprender fazendo consubstancia-se em projectos prticos e reais
que so muito atracti-vos para os alunos pois, por um lado, podero
intervir na sua prpria realidade, respondendoaos seus problemas e
aos dos outros de forma activa, e pelo outro lado, permitem a
existnciade um nexo de causalidade entre as aces e os seus
resultados e entre os conhecimentos esco-lares e a vida social, por
via da construo e da transferncia de saberes. Esta transferncia
deconhecimentos no automtica, adquire-se por meio do exerccio e de
uma prtica reflexiva,em situaes que possibilitam mobilizar saberes,
transp-los, combin-los, inventar uma estrat-gia original a partir
de recursos que no a contm e no a ditam. Por outro lado, a
mobilizaoexerce-se em situaes complexas, que obrigam a estabelecer
o problema antes de o resolver, a determinar os conhecimentos
pertinentes, a reorganiz-los em funo da situao e a extrapo-lar ou
preencher as lacunas (ex. conhecer a noo de juro diferente da
evoluo da taxa).
O aprender fazendo implica que o aluno seja o actor principal da
sua prpria formao,devendo para isso adoptar uma metodologia de
investigao em torno do seu processo deaprendizagem/ensino:
Saber obter a informao que lhe pertinente;
Seleccionar e analisar essa informao;
Planear o seu trabalho de forma a atingir os seus
objectivos;
Desenvolver competncias de trabalho em grupo;
17
-
18
Executar o seu prprio plano de trabalho;
Controlar e monitorizar o processo de trabalho;
Avaliar, discutir e concluir sobre o sucesso na implementao do
seu plano de trabalho e seusprincipais resultados;
Saber comunicar aos outros as principais linhas orientadoras do
seu trabalho, as conclusesmais importantes e eventuais repercusses
sociais do mesmo.
Se uma boa parte dos saberes humanos adquirido por outras vias
que no a escolar, porque seria ento diferente com as
competncias?
Pode responder-se que a escola um lugar onde todos acumulam os
conhecimentos, deque alguns necessitaro mais tarde, em funo da sua
orientao profissional. O acumular desaberes descontextualizados no
serve realmente seno queles que tiverem o privilgio de
apro-fund-los durante longos estudos ou numa formao profissional,
contextualizando alguns dessesconhecimentos e exercitando-se para
utiliz-los na resoluo de problemas e na tomada de deci-ses. essa
fatalidade que a abordagem por competncias questiona, em nome dos
interessesda grande maioria. Alunos empreendedores so necessrios
desde o incio da escolaridade, nopodendo esperar por nveis mais
avanados do sistema de ensino para comearem a empreen-der. Neste
sentido, quanto mais precocemente for promovido o investimento no
esprito empreen-dedor mais cedo os alunos se apropriaro de um
conjunto de conhecimentos, capacidades e atitudes que lhes
permitiro uma maior autonomia na execuo do trabalho escolar,
empreen-dendo e inovando o prprio processo de aprendizagem. , ento,
pertinente reflectir sobre ascompetncias que devero ser trabalhadas
desde o princpio do ensino bsico, tendo sempre porbase de referncia
o Currculo Nacional.
2.2. Esprito empreendedor ou esprito empresarial?
Considera-se muito restritiva a associao decorrente entre
empreendedorismo e a criaode empresas. O desenvolvimento econmico
obtm-se pelo desempenho e dedicao das pes-soas e das organizaes, de
forma transversal, potencializado pelo desenvolvimento do
espritoempreendedor. Por isso, no poderemos falar de esprito
empreendedor quando apenas direccio-nado para a criao de empresas,
mesmo que por iniciativa de jovens em contexto escolar,
mas,outrossim, esprito empresarial.
O esprito empreendedor no mbito do projecto EPE visto no sentido
mais abrangente,promovendo a utilizao de conhecimentos,
capacidades, atitudes e saberes curriculares e noapenas confinado
criao de empresas numa ptica do esprito empresarial.
Se encararmos o empreendedorismo fundamentalmente como uma
questo cultural (comrepercusses tambm na economia), a educao surge
como uma das ferramentas nucleares natransmisso de novos valores e
prticas, mas tambm pelas aces potenciadoras de qualidadedistinta
que promove. Neste sentido, o esprito empreendedor deve ser
integrado de forma trans-versal na educao.
-
3. O EMPREENDEDORISMO
O grupo de peritos da Comisso Europeia para o programa de
trabalho especializadosobre as competncias-chave para a
aprendizagem ao longo da vida definiu o empreendedo-rismo como uma
competncia essencial, considerando que empreender engloba uma
compo-nente activa e uma componente passiva, podendo este conceito
ser entendido como uma pro-penso para inovar mas tambm como a
capacidade para acolher e desenvolver a inovao proveniente de
factores externos. Inclui acolher a mudana, assumir
responsabilidades pelas pr-prias aces, a formulao de objectivos e a
tentativa do seu cumprimento e a vontade e moti-vao para o
sucesso.
Os conhecimentos essenciais envolvidos no mbito desta competncia
prendem-se como saber avaliar as oportunidades de forma a
identificar aquelas que se enquadram nas activida-des pessoais,
profissionais ou de negcio que esto em desenvolvimento ou que se
pretendemdesenvolver.
As capacidades reconhecidas na competncia do empreendedorismo
so:
Planear, organizar, analisar, comunicar, implementar, redigir,
avaliar e memorizar;
Desenvolver projectos e respectiva implementao;
Trabalhar, cooperativamente, em equipa e com flexibilidade;
Identificar em termos pessoais as reas fortes e fracas;
Agir proactivamente e responder positivamente a mudanas;
Assumir riscos.
As principais atitudes para o desenvolvimento desta competncia
so:
Mostrar iniciativa;
Vontade de mudana e de inovao;
Identificao de reas para demonstrar todo o potencial
empreendedor.
Tendo presente esta definio abrangente da competncia do
empreendedorismo e as suascomponentes em termos de conhecimentos,
capacidades e atitudes, podemos pensar o empreen-dedorismo como
sendo, fundamentalmente, a capacidade e o desejo de agir. Trata-se
de umagir consciente, determinado e voluntrio, tendente obteno de
mudanas. Nesse sentido serempreendedor pode ser caracterizado como
um atitude dinmica perante a realidade, em queface a determinados
contextos, internos ou externos, imagina respostas de modificao
dessarealidade. por isso que, habitualmente, empreendedorismo e
inovao aparecem associados,porque o empreendedor tende a realizar
as suas aces de forma diferente, visando outros resul-tados, e
nesse processo constante de inovao vai recriando a realidade. Para
o empreendedoro mundo est em permanente mudana, pelo que podem ser
imaginadas e criadas novas formasde transformao da realidade.
19
-
20
Esta capacidade de recriar a realidade determinante para a
sociedade, para a resoluodos novos problemas que vo surgindo
acoplados ao progresso e evoluo tecnolgica dascomunidades, ou para
a proposta de solues inovadoras em relao s problemticas
transge-racionais que persistem sem solues viveis. Portanto, a
educao para o empreendedorismodeve procurar proporcionar um
ambiente em que os alunos possam, no s exercitar a capaci-dade de
imaginar as mudanas e de criar projectos em concordncia com esses
propsitos, massobretudo pr em prtica as suas propostas.
Na educao para o empreendedorismo so utilizadas abordagens
metodolgicas parti-cipativas, integrando o esprito empreendedor no
processo de aprendizagem/ensino, tendo emconsiderao que a Educao
para o empreendedorismo:
A metodologia base de aprendizagem do Projecto EPE e desta
proposta de guio apren-der fazendo. Esta forma de trabalhar tem um
enfoque dinmico orientado pelo prprio aluno,integrando e
mobilizando as aprendizagens curriculares atravs da prtica.
Para que tenham a possibilidade de tomar decises, de construir
ou co-construir os seusprojectos de trabalho, no mbito do processo
de aprendizagem/ensino relativo aos saberes curri-culares, de pr em
execuo as aces planeadas e consideradas nesses projectos, de errar
eanalisar convenientemente os erros, e de apresentar resultados sob
a forma de produtos sociaisautnticos, desenvolvendo necessariamente
o seu esprito empreendedor, aos alunos devero serpossibilitadas as
condies favorveis para empreender no seu ambiente escolar.
Neste sentido, um empreendedor dever considerar seis princpios
de base:
Autonomia;
Flexibilidade;
Inovao;
Mudana;
Participao;
Cooperao.
Os professores e os agentes educativos tm um papel fulcral no
incentivo ao empreende-dorismo, valorizando o esforo dos seus
alunos, analisando cuidadosamente as suas propostasde projectos de
investigao/aco, propondo metodologias de trabalho que sejam
motivadorase que permitam a realizao desses mesmos projectos,
monitorizando todo o processo de apren-dizagem/ensino e os
resultados provenientes da sua implementao. da responsabilidade
dosprofessores a integrao das aprendizagens curriculares e dos
programas das reas disciplinaresnos objectivos e processos de
trabalho que os alunos desenvolvero no mbito da execuo dos
No
Educao transversal para a vida Educao para a gesto
empresarial
Centrada na aco Centrada nos saberes
Focalizada no processo e nos resultados Focalizada nas
tarefas
Coerente e constante Espordica e inconstante
Integrada multidisciplinarmente Isolada disciplinarmente
Contextualizada Descontextualizada
Construda pelos alunos Transmitida pelos agentes de ensino
-
21
seus projectos de investigao/aco. Afigura-se, assim, essencial
que a experincia seja orien-tada em cooperao, com uma forte
participao dos alunos, mediante a abordagem dos projec-tos
individuais ou colectivos da turma, negociando directamente as
estratgias de aco propostaspelos alunos.
Se, por um lado, qualquer aco empreendedora uma oportunidade de
aprendizagem,pelo outro lado, qualquer aprendizagem deve ser uma
oportunidade de desenvolvimento doempreendedorismo.
3.1. Eixos temticos de actuao
Social: Dinamizao e participao activa em projectos ou aces de
cariz social
Este eixo considerado como um terreno profcuo para o exerccio do
empreendedorismo.A variedade das aces inmera e permitir adequar os
projectos e as motivaes dos alunose o desenvolvimento das suas
ideias e vocaes que so um campo de aco privilegiadopara a educao
para a cidadania. Na sua gnese est a participao social de forma
activa ea defesa de valores fundamentais das sociedades modernas,
como a igualdade de oportunida-des, o respeito e a incluso
social.
Tecnolgico e Cientfico: Dinamizao e participao activa em
projectos ou aces de cariztecnolgico e cientfico, e no apenas a
utilizao das Tecnologias de Informao e Comunicao
O desenvolvimento do esprito cientfico e da inovao tecnolgica
esto alinhados com anecessidade de Portugal reestruturar o seu
tecido econmico e cientfico, sendo, igualmente, umespao para o
desenvolvimento do potencial empreendedor dos alunos, atravs da sua
criativi-dade, inovao e concretizao dos seus projectos de
investigao/aco.
fundamental tomar em considerao que a partir das aprendizagens
curriculares nombito do empreendedorismo, os projectos e as
actividades dos alunos devem ser reais (nosimuladas), sustentveis
(geridas com autonomia pelos alunos ou mediadas atravs da coope-rao
com os professores), apresentando como resultados produtos sociais
autnticos.
3.2. Empreendedorismo: competncias-chave a desenvolver
A aquisio e o desenvolvimento de qualquer competncia-chave tem
subjacente a suaaprendizagem e consolidao, implicando uma combinao
de capacidades, aptides, conheci-mentos, e atitudes promotoras do
saber fazer em aco.
As competncias-chave para o empreendedorismo propostas neste
guio foram selecciona-das partindo do cruzamento de um conjunto de
trabalhos tericos sobre esta temtica com osdados empricos da
observao de pessoas consideradas empreendedoras. Estas
competnciasso, por um lado, transversais vida de qualquer pessoa,
e, por outro lado, so generalizveis epassveis de transferncia de um
contexto para outro, no sendo por isso especficas de nenhumcontexto
particular.
Foram, ento, identificadas as seguintes competncias-chave para o
empreendedorismo,ao longo da educao bsica e do ensino
secundrio:
Autoconfiana/Assumpo de riscos;
Iniciativa/Avaliao/Energia;
-
22
Resilincia;
Planeamento/Organizao;
Criatividade/Inovao;
Relacionamento interpessoal/Comunicao.
Se compararmos os pontos indicados com a noo de competncia
definida no Curr-culo Nacional do Ensino Bsico podemos constatar
como so aproximados. Efectivamente, nodocumento do Currculo
Nacional a noo de competncia relaciona-se, por um lado, com
oconceito de literacia e, por outro lado, est ligado ao processo de
activao de recursos, aquientendidos como conhecimentos, capacidades
e estratgias, passveis de serem mobilizados emdiversos tipos de
situaes problemticas. Falar em competncias curriculares ou falar em
com-petncias para o empreendedorismo sempre anunciar a importncia
da autonomia em relao apropriao e ao uso do saber.
Na mesma linha, as competncias-chave definidas para o
empreendedorismo podem serenglobadas e sustentadas pelos princpios
e valores que orientam o prprio Currculo Nacional,nomeadamente:
A construo e a tomada de conscincia da identidade pessoal e
social;
A participao na vida cvica de forma livre, responsvel, solidria
e crtica;
O respeito e a valorizao da diversidade dos indivduos e dos
grupos quanto s suas perten-as e opes;
A valorizao de diferentes formas de conhecimento, comunicao e
expresso;
O desenvolvimento do sentido de apreciao esttica do mundo;
O desenvolvimento da curiosidade intelectual, do gosto pelo
saber, pelo trabalho e pelo estudo;
A construo de uma conscincia ecolgica conducente valorizao e
preservao do patri-mnio natural e cultural;
A valorizao das dimenses relacionais da aprendizagem e dos
princpios ticos que regulamo relacionamento com o saber e com os
outros.
Podemos ento compreender como, em face destes princpios, as
competncias essenciaisdo Currculo Nacional, bem como as
competncias-chave para o empreendedorismo, so con-cebidas e
tratadas como saberes em uso, para a aco, necessrias qualidade da
vida pessoale social de todos os cidados, a promover gradualmente
ao longo da educao bsica.
A partir do conhecimento das competncias gerais do Currculo
Nacional possvelenquadrar as competncias-chave para o
empreendedorismo, uma vez que estas esto contidasnaquelas. De
acordo com as competncias gerais definidas no Currculo Nacional,
sada daeducao bsica o aluno dever ser capaz de:
1. Mobilizar saberes culturais, cientficos e tecnolgicos para
compreender a realidade e paraabordar situaes e problemas do
quotidiano;
2. Usar adequadamente linguagens das diferentes reas do saber
cultural, cientfico e tecnol-gico para se expressar;
3. Usar a lngua portuguesa para comunicar de forma adequada e
para estruturar pensamentoprprio;
4. Usar lnguas estrangeiras para comunicar adequadamente em
situaes do quotidiano e paraa apropriao da informao;
-
23
05. Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de
aprendizagem, adequadas aosobjectivos visados;
06. Pesquisar, seleccionar e organizar informao para a
transformar em conhecimento mobi-lizvel;
07. Adoptar estratgias adequadas resoluo de problemas e tomada
de decises;
08. Realizar actividades de forma autnoma, responsvel e
criativa;
09. Cooperar com outros em tarefas e projectos comuns;
10. Relacionar harmoniosamente o corpo com o espao, numa
perspectiva pessoal e interpes-soal promotora da sade e da
qualidade de vida.
As competncias-chave para o empreendedorismo tambm podero ser
enquadradas noDocumento da Reviso Curricular do Ensino Secundrio,
nomeadamente, no captulo respeitante definio dos novos contextos e
objectivos estratgicos para o ensino secundrio:
O aumento da qualidade das aprendizagens;
O combate ao insucesso e abandono escolares;
Uma resposta inequvoca aos desafios da Sociedade da Informao e
do Conhecimento;
A articulao progressiva entre as polticas de educao e da
formao;
O reforo da autonomia das escolas.
Todos estes objectivos delineados no mbito da reforma do
Currculo Nacional para oEnsino Secundrio podero ser mais facilmente
exequveis se forem promovidas dinmicas parao desenvolvimento do
esprito empreendedor na escola.
Neste sentido, poderamos referir que sada da escolaridade, o
aluno dever ser umempreendedor. Portanto, as competncias-chave para
o empreendedorismo decorrem das pr-prias competncias enunciadas nos
Currculos Nacionais do Ensino Bsico e do Ensino Secund-rio. O
desenvolvimento deste conjunto de competncias pressupe que todas as
reas curricula-res e disciplinas actuem em convergncia. Compete s
diferentes reas curriculares e disciplinase aos seus respectivos
docentes explicitar de que modo a operacionalizao transversal
destascompetncias se concretizar, tendo em vista os contextos de
aprendizagem dos alunos.
Neste sentido, os projectos EPE devero possibilitar a criao de
contextos e situaesreais, para que estas competncias se desenvolvam
integralmente, bem como proporcionar umaarticulao especial entre os
professores, alunos e outros agentes educativos, na tentativa
deminorar a gesto negativa associada ao erro e ao insucesso. Por
esse motivo, o processo de ava-liao de competncias para o
empreendedorismo, no mbito dos projectos EPE, tem por base,para alm
das relaes fundamentais entre professores, e entre professores e
alunos, a coopera-o entre os servios especializados de apoio
educativo e as estruturas de orientao educativa.Os responsveis pela
avaliao das aces relativas aos projectos EPE devero ser os
professo-res, que podero solicitar a colaborao de psiclogos de
orientao profissional.
-
24
3.3. Operacionalizao das competncias-chave para o
empreendedorismo
Competncia: Autoconfiana/Assuno de riscos
Competncia: Iniciativa/Avaliao/Energia
Aces bloqueadorasAces potenciadoras
EPE No EPE
Alunos com capacidade para avaliar, seleccionar eactuar com base
em metodologias variadas e estratgiasdiferenciadas para a resoluo
de problemas ou a con-secuo de objectivos, antecipando situaes
potenciaisde bloqueio e agindo com autonomia. Alunos capazesde
actuar de forma proactiva e enrgica, activos no pro-cesso de
aprendizagem/ensino.
Proporcionar aos alunos a possibilidade de inventariar,negociar
e escolher mtodos e estratgias para lidarcom problemas e
dificuldades de forma positiva;
Reconhecer positivamente as iniciativas assumidaspelos alunos,
implicando-os e responsabilizando-ospelo processo de implementao e
suas consequn-cias, mas enquadrando os erros e obstculos comoformas
naturais e de grande potencial das aprendi-zagens.
Alunos dependentes das instrues dos professores oudos outros
para actuarem. Alunos com medo de agir ede errar. Resoluo de
problemas por recurso a mtodose estratgias coincidentes com o modo
global de ensino,despersonalizadas e indiferenciadas, no permitindo
aadopo de outras abordagens de resoluo.
Reforar nos alunos a dependncia para agir em fun-o das instrues
dos outros, no deixando margemde manobra para iniciativas
prprias;
Criticar sistematicamente os alunos pelas suas inicia-tivas e
tomadas de deciso consequentes porque osresultados obtidos no foram
positivos ou de acordocom as expectativas dos outros.
Definio
Aces bloqueadorasAces potenciadoras
EPE No EPE
Alunos com uma imagem positiva de si prprios, com o desejo de
exercer e confiar nas suas capacidades deavaliao, ponderao,
julgamento, e capacidade parasolucionar dificuldades. Alunos
capazes de arriscar, semmedo de errar, uma vez que confia nas suas
capacida-des para encontrar solues para os problemas e por-que tem
conscincia do papel formativo do erro.
Proporcionar espao de dilogo, discusso de ideias e de actuao que
promovam a resoluo de dificul-dades de forma positiva ou a criao de
novos pro-blemas significativos, implicando os alunos em todo o
processo;
Demonstrar confiana nas capacidades dos alunospara arriscar e
ultrapassar bloqueios e dificuldadesque surjam.
Alunos que duvidam sistematicamente das suas capaci-dades, no
agindo de forma independente e sentindomuitas dificuldades quer na
resoluo de problemas,quer na construo de tentativas de os
solucionar.
No proporcionar espao de dilogo, discusso deideias e de actuao
que promovam a resoluo dedificuldades de forma positiva ou a criao
de novosproblemas significativos; no implicar os alunos emtodo o
processo; punir e valorizar o erro como aspectonegativo no processo
aprendizagem/ensino.
Duvidar da capacidade dos alunos para tomar deci-ses que
comportam riscos e para ultrapassar blo-queios e dificuldades que
surjam.
Definio
-
25
Competncia: Resilincia
Competncia: Planeamento/Organizao
Aces bloqueadorasAces potenciadoras
EPE No EPE
Alunos com capacidades para estabelecer planos indivi-duais de
trabalho ou de aco, e capazes de colabor nadefinio dos planos dos
outros, de forma a assegurar ocumprimento dos objectivos traados.
Alunos capazes deanalisar e segmentar os problemas nas suas partes
cons-tituintes e de organiz-las de forma sistemtica e coe-rente.
Alunos que determinam prioridades, que fazem a gesto do tempo e dos
recursos adequados a cadaplano.
Proporcionar actividades que impliquem a decompo-sio e anlise de
problemas; criao de planos detrabalho colectivo que possam ser
adoptados indivi-dualmente;
Proporcionar actividades em que os alunos se vemconfrontados com
vrias solicitaes e tm de definirprioridades lgicas em termos da sua
resoluo.
Alunos incapazes de planear e organizar um conjunto de
actividades, quer em termos cronolgicos, quer emtermos de recursos,
de forma a cumprirem objectivos.Alunos que apresentam dificuldades
na definio deprioridades, tentando desenvolver diversas tarefas
emsimultneo, sem resultado.
Determinar atravs de instrues precisas como desen-volver uma
actividade ao longo do tempo;
Definir, sem implicao dos alunos, quais as priori-dades em cada
momento, no dando oportunidadepara a aco e aprendizagem dos
alunos.
Definio
Aces bloqueadorasAces potenciadoras
EPE No EPE
Alunos com capacidades para manter um comporta-mento equilibrado
e ajustado aos contextos, bem comoa sua autoconfiana e auto-estima,
quando confron-tados com a oposio dos outros ou quando as
suasexpectativas saem goradas.
Proporcionar experincias potencialmente geradorasde
contrariedades com as quais os alunos devemaprender a lidar de
forma positiva;
Proporcionar espaos para anlise dos problemas quevo surgindo
durante os processos de aprendizagem,para que os alunos possam
desenvolver estratgias de anlise adequadas para lidar com situaes
frus-trantes.
Alunos que no sabem lidar com pontos de vista ou opi-nies
divergentes das suas, com a oposio ou a hosti-lidade dos outros,
deixando que isso influencie, afecte e invalide os processos de
aprendizagem. Alunos que se desorientam com facilidade, que perdem
o seu auto--controlo, frustrando-se quando os seus objectivos noso
atingidos.
No proporcionar espao de dilogo, discusso deideias e de actuao
onde os alunos se possam con-frontar com situaes de contrariedade
ou de expec-tativas frustradas;
Tomar sempre o partido dos alunos, decidindo deacordo com as
suas expectativas para evitar reacesnegativas, mesmo quando essas
decises no so asmais acertadas.
Definio
-
26
Competncia: Criatividade/Inovao
Competncia: Relacionamento interpessoal/Comunicao
Ao nvel do 1.o ciclo de escolaridade, esta competncia do
relacionamento interpessoal,bem como as aces potenciadoras do seu
desenvolvimento que foram definidas, assumemsobretudo o conceito de
comunicao.
Ser capaz de comunicar, ter objectivos comunicativos delineados
e precisos, ter a capaci-dade para transmitir informao necessria ou
simplesmente desejada, manter interaces comu-nicativas, comunicar
emoes e opinies, e compreender os elementos-chave dos
processoscomunicativos (presena de um agente emissor, de um agente
receptor, de uma mensagem, deum cdigo, de um canal de comunicao, e
de um referente) constituem-se como desempenhosfundamentais para o
desenvolvimento da competncia para comunicar.
Aces bloqueadorasAces potenciadoras
EPE No EPE
Alunos que estabelecem facilmente relaes com osoutros,
promovendo e desenvolvendo uma rede de rela-cionamentos que podem
contribuir para concretizarobjectivos. Alunos capazes de cooperar
com os outrospara atingir objectivos individuais ou comuns,
traba-lhando em parceria.
Proporcionar actividades em que seja necessrio cola-borar ou
solicitar a contribuio dos outros para atin-gir objectivos comuns
ou individuais;
Proporcionar actividades que estimulem a cooperaoe o trabalho de
grupo.
Alunos que demonstram dificuldades em estabelecerrelaes com os
outros, evidenciando comportamentosdemasiado tmidos, distantes e
avessos a contactos. Alu-nos que desenvolvem as suas aces de forma
indivi-dualista, tendo dificuldade em partilhar com os outrosou em
colaborar na procura conjunta de solues paraos problemas conjuntos
ou individuais.
Promover o trabalho individual e a competio comoforma habitual
de trabalho e de atingir objectivos;
No incentivar o estabelecimento de relaes dos alu-nos com outros
grupos sociais ou de contextos sociaise econmicos diferentes.
Definio
Aces bloqueadorasAces potenciadoras
EPE No EPE
Alunos com ideias novas e abordagens originais que soutilizadas
na contnua melhoria de processos, mtodos,sistemas ou formas de
avaliao. Alunos que revelamum pensamento aberto e fora dos esquemas
tradicionaisadoptados na resoluo de problemas, apesar dos
obs-tculos ou resistncias que encontram, aquando da ma -nifestao
dessa forma de pensar.
Proporcionar actividades que impliquem solues ino-vadoras ou
alternativas;
Proporcionar actividades que estimulem nos alunos a criao de
novas ideias e formas de aplicao dasmesmas, reconhecendo-as
positivamente.
Alunos que demonstram rigidez de pensamento, com difi-culdades
na descentrao dos seus pontos de vista, queprivilegiam formas
tradicionais e pouco eficazes de reso-luo de problemas. Alunos que
se deixam influenciarcom facilidade pelos outros, tendo dificuldade
em defen-der, sustentar e argumentar as suas opinies, quandoestas
no so coincidentes com as da maioria.
Privilegiar as abordagens tradicionais na resoluo de problemas,
criticando de forma no construtiva asnovas ideias ou solues;
Ignorar ideias ou propostas que, primeira vista, pos-sam parecer
desadequadas, sem explorar as razespara esta recusa ou sem explorar
formas alternativasde pr a proposta em desenvolvimento.
Definio
-
27
3.4. reas curriculares fundamentais para o empreendedorismo
O projecto EPE tem por objectivo principal o fomento do esprito
empreendedor na escola,com vista a uma formao mais holstica dos
alunos e consequentemente a sua insero social eeconmica futura.
Assumindo que se promovem e executam aces prticas, os alunos
tero oportunidade de aplicar os seus conhecimentos curriculares em
contexto, de uma forma viva e com utilidadeevidente. Neste sentido,
os alunos podero vivenciar na prtica, para que servem os saberes
curriculares que estudam e dos quais se apropriam na escola, como
se transferem para a vidaquotidiana, em termos do seu interesse e
aplicabilidade, e, em simultneo, os professores adqui-rem uma nova
ferramenta pedaggica de transmisso e reforo de conhecimento.
As reas disciplinares consideradas essenciais para o
empreendedorismo so as seguintes:
Lngua Portuguesa;
Matemtica;
Estudo do Meio e o Ensino Experimental das Cincias;
Ingls;
Tecnologias de Informao e Comunicao.
Estas reas disciplinares so consideradas transversais e fulcrais
a qualquer projecto EPE,uma vez que o domnio destes saberes so a
base do desenvolvimento do aluno, enquanto cida-do autnomo e
activo, ao longo da vida. As aces EPE procuram trabalhar estes
contedos deum ponto de vista prtico, sendo exigidos nveis de
desempenho em torno de tarefas concretas,durante as quais os alunos
tero de utilizar esses conhecimentos ou desenvolv-los para as
exe-cutar com xito.
3.5. Outras reas curriculares
As reas de Projecto e de Formao Cvica tambm tero um papel a
desempenhar nombito dos projectos EPE. A rea de projecto, porque um
espao de trabalho aberto aodesenvolvimento de iniciativas
diversificadas, com objectivos prximos ou idnticos aos do esp-rito
empreendedor. Foi dada especial ateno formao cvica pelo facto do
esprito empreen-dedor no poder ser desenvolvido sem uma dimenso
tica, social e cvica, trabalhando, muitasvezes, sobre projectos que
fomentam as dinmicas sociais de solidariedade, igualdade de
opor-tunidades e direitos, e a cidadania. Tambm podero ser
promovidos e incentivados projectosempreendedores desenvolvidos no
mbito das expresses artsticas, da actividade fsica e despor-tiva,
da expresso musical e outras actividades de enriquecimento
curricular.
3.6. Esprito empreendedor na educao
Antes de considerar o empreendedorismo como ferramenta de
trabalho ou como objectivoa atingir, devemos considerar as
seguintes questes:
Como integrar os princpios da educao para o empreendedorismo nas
turmas, reas curri-culares, disciplinas ou escolas?
Como potenciar o desenvolvimento das competncias-chave nos
alunos?
-
28
Como integrar multidisciplinarmente o esprito empreendedor?
Como podemos garantir resultados e coerncia na interveno?
Metodologia EPE: Por reconhecer a importncia da educao para o
empreendedorismo, essencial que a prtica educativa quotidiana,
fundada sobre os pilares do relacionamento entre professores e
alunos e sobre o processo de aprendizagem/ensino, possa integrar o
espritoempreendedor no desenvolvimento de todas as aces,
baseando-se na metodologia de trabalhodo aprender fazendo.
Neste sentido, as actividades propostas no mbito de projectos
EPE devero ter por basecinco factores crticos e estruturantes do
sucesso educativo na educao para o empreendedo-rismo:
1. Participao activa dos alunos: todo o processo co-orientado
pelos alunos;
2. Constituio dos grupos de trabalho: todo o trabalho dever ser
realizado em equipa;
3. Integrao dos contedos curriculares nas actividades
organizadas pelos alunos: os contedose temticas do currculo devero
ser integrados e adaptados realidade contextual dos alu-nos, aos
seus problemas e necessidades reais;
4. Concepo e concretizao de actividades empreendedoras atravs de
um processo tam-bm de natureza empreendedora:
(a) Definio de objectivos;
(b) Planeamento/organizao;
(c) Execuo;
(d) Avaliao;
5. A contextualizao de todo o processo empreendedor e a
potenciao das competncias--chave dos alunos da responsabilidade dos
agentes educativos.
-
4. EMPREENDEDORISMO NA ESCOLA
O trabalho de implementao de uma viso empreendedora na escola
passa, necessaria-mente, pelo trabalho em equipa. O pressuposto que
as escolas possam planear, desenvolver eavaliar um conjunto de
actividades empreendedoras que se inscrevam simultaneamente a
quatronveis:
a) Ao nvel do trabalho em sala de aula, considerando o processo
de aprendizagem/ensino e otrabalho em torno das competncias e dos
saberes curriculares, tendo em considerao queos alunos devero
adquirir conhecimentos bsicos nas reas de Lngua Portuguesa,
Matem-tica e Estudo do Meio, entendidos como saberes curriculares
fundamentais.
A incontornvel articulao entre as actividades lectivas e as
actividades de enriquecimentocurricular dever ser assegurada pelos
professores de turma, aos quais compete a programao,o
acompanhamento e a avaliao, em colaborao com os respectivos
dinamizadores. A edu-cao para o empreendedorismo dever estar
contemplada tanto nas actividades lectivas comonas actividades de
enriquecimento curricular, enquanto estratgia pedaggica transversal
de valiaacrescida.
Em todos os ciclos de escolaridade a aquisio e consolidao de
saberes curricularespode simultaneamente desenvolver competncias
para o empreendedorismo, constituindo-secomo alicerces dos
conhecimentos, ao mesmo tempo que potenciam a aprendizagem das
com-petncias a trabalhar posteriormente, nos nveis de ensino
subsequentes.
b) Ao nvel da escola, considerando os diferentes trabalhos
propostos nas reas curriculares defi-nidas como prioritrias, as
actividades de enriquecimento curricular que incidam nos
domniosdesportivo, artstico, cientfico, tecnolgico e das
tecnologias da informao e comunicao,de ligao da escola com o meio,
de solidariedade e voluntariado e da dimenso europeiada educao,
nomeadamente:
Actividades de apoio ao estudo;
Ensino do ingls;
Ensino de outras lnguas estrangeiras;
Actividade fsica e desportiva;
Ensino de msica;
Outras expresses artsticas;
Outras actividades que incidam nos domnios identificados.
Ainda neste mbito, tambm os Projectos Curriculares de Turma e o
Projecto Educativo deEscola, devero acentuar e reflectir o carcter
multidisciplinar e transversal da educao para
oempreendedorismo.
29
-
30
c) Ao nvel local, envolvendo a comunidade de pertena de cada
Escola, considerando que osprogramas e actividades definidos nas
salas de aula ou nos grupos de Projecto EPE possamter expresso
comunitria, promovendo o dilogo com as comunidades de pertena das
esco-las, potenciando a descoberta de oportunidades de interveno
comunitria e de cidadaniaactiva dos alunos. Podero ser promotoras
ou participantes nestas actividades as seguintesentidades:
Autarquias locais;
Associaes de pais e de encarregados de educao;
Instituies particulares de solidariedade social (IPSS);
Agrupamentos de escolas;
Outras instituies comunitrias relevantes (clubes, associaes
desportivas ou recreativas,organizaes no governamentais, entre
outras).
d) Ao nvel nacional ou internacional, considerando a colaborao
com outras instituies edu-cativas ou entidades externas comunidade
local de pertena da escola, que so envolvidase implicadas nos
projectos EPE, ou em apenas algumas das fases do trabalho de
concepo,implementao ou avaliao dos mesmos.
Todas as actividades de fomento do empreendedorismo devero ser
planeadas em con-texto escolar, podendo ser executadas quer ao nvel
da escola, quer ao nvel comunitrio, envol-vendo preferencialmente
as comunidades locais adjacentes, como parceiros dos projectos
e/ouseus destinatrios. A definio destas actividades dever decorrer
de acordo com um plano orga-nizativo, consolidado enquanto projecto
de interveno, devendo, por isso, tomar em conside-rao os princpios
estruturantes de qualquer projecto, nomeadamente, o delineamento de
umreferencial terico ou de reflexo que o suporte, uma calendarizao
para a sua implementao,ser exequvel, ter um planeamento das
actividades a desenvolver passvel de avaliao e reformu-lao e, ter
impacto sobre a realidade. A organizao do planeamento de qualquer
projecto terde considerar, que o sucesso para a sua implementao
depende da definio e operacionaliza-o de trs momentos fundamentais:
o ponto de partida, o desenvolvimento das actividades esua
monitorizao e a avaliao contnua e final.
Neste sentido, um plano de Projecto EPE poder orientar-se
considerando as seguintes etapas:
1. Definio das estratgias para promoo do esprito empreendedor na
escola
Constituio da Comisso de Acompanhamento da implementao do
Projecto EPE e dassuas respectivas actividades;
Levantamento das necessidades, das preocupaes e dos interesses
dos alunos ao nvel daescola e/ou da comunidade local;
Definio de uma calendarizao e estruturao estratgica para a ordem
de trabalhos.
2. Organizao e Planeamento
Definio operacional dos planos de aco para as actividades do
Projecto EPE na escola.
3. Aco/Execuo
Identificao das dinmicas locais para promoo e incentivo s aces
delineadas para asactividades no mbito do Projecto EPE.
-
31
4. Avaliao
Levantamento dos principais indicadores e resultados do impacto
do Projecto EPE, querconsiderando os objectivos a atingir
inicialmente traados, quer considerando a avaliaoda aquisio dos
contedos curriculares trabalhados durante todo o Projecto EPE e as
res-pectivas aprendizagens realizadas;
Avaliao dos dados e informaes recolhidas;
Definio e execuo de melhoramentos pertinentes.
4.1. Definio de estratgias para promoo do esprito empreendedor
na escola
O primeiro passo dever tomar em considerao o regulamento geral
que define as nor-mas de funcionamento e execuo dos Projectos EPE.
Este encontra-se estruturado tomando em linha de conta a formalizao
de Comisses EPE para a dinamizao e acompanhamento daimplementao das
actividades.
a) Constituio da Comisso EPE
O Projecto EPE dever ser assumido, em cada uma das escolas
visadas, por comisses dedinamizao ao nvel local.
Cada Comisso EPE constituir-se- como o rgo da escola responsvel
pela gesto dadinmica do Projecto EPE, englobando na equipa a direco
da escola, responsvel por projec-tos, e a generalidade dos actores
envolvidos. Como foi referido anteriormente, o Projecto EPE uma
proposta de trabalho cooperativa, cujo xito depender do
envolvimento, implicao eresponsabilizao de todos os actores e
agentes educativos, que devero disponibilizar os seusrecursos para
a consecuo do projecto.
Esta comisso ter como tarefas, estudar e implementar o projecto
de acordo com a rea-lidade da escola, garantir a prossecuo dos seus
objectivos, participar na sua monitorizao eavaliao.
A Comisso dever, tendencialmente, incluir alunos, pais, agentes
de aco educativa eoutras entidades externas que sejam
relevantes.
Neste sentido, a equipa da Comisso EPE de cada escola dever ser
constituda pelosseguintes intervenientes:
Direco da Escola;
Professores;
Estruturas de orientao educativa/coordenao pedaggica;
Associaes de Pais;
Auxiliares de Aco Educativa;
Alunos;
Representantes das comunidades locais;
Entidades Especializadas, permitindo a facilitao de contactos
com diferentes entidades, espe-cialistas e outros actores externos
escola.
-
32
No entanto, por motivos de operacionalizao dever existir um
secretariado permanentecomposto por 3 pessoas, que tero a funo
principal de acompanhar e dinamizar todo o pro-cesso.
A Comisso, com a participao de todos os seus membros dever
reunir, pelo menos, 3 vezes durante o ano lectivo.
O secretariado da Comisso EPE poder promover a criao de outras
estruturas/iniciati-vas de carcter pontual ou permanente, que sejam
consideradas facilitadoras do processo ou daexecuo dos objectivos
do EPE, como:
a) Reunies com os responsveis de projectos Para troca de
informaes, formao, esclareci-mento de dvidas, enriquecimento ou
conjugao de iniciativas;
b) Reunies com os alunos Para mobilizao de outros colegas,
comunicao, troca de expe-rincias. No caso dos alunos fundamental
que os trabalhos decorram e sejam estruturados,como uma
oportunidade de desenvolvimento empreendedor;
c) Outros Podem ser criadas outras oportunidades, como
iniciativas com pais, representantesda comunidade, ONGs/IPSSs,
etc.
Importante: As reunies da comisso (todos os membros) devero ter
uma agenda prvia,bem como, ser claramente definido o tipo de
decises que tero de ser tomadas.
fundamental que as reunies com alunos tenham uma preparao
especial j que, a suapresena no rgo de deciso, constitui uma
oportunidade de aprendizagem e deve ser enca-rada como tal.
Os professores devero orientar os seus alunos de forma a
identificar as suas necessidadese motivaes, convertendo os seus
interesses em projectos exequveis, integrando as competn-cias e
saberes curriculares. No desenvolvimento dos projectos os
professores devero valorizarmetodologias diversificadas de
trabalho, implicando-se junto com os seus alunos no trabalho
arealizar.
A participao activa dos alunos constitui-se como uma
oportunidade, que permite garantira correcta compreenso das
terminologias e lgica subjacentes ao empreendedorismo, junto
dasequipas de alunos do Projecto EPE, promovendo simultaneamente a
implicao, responsabiliza-o e esprito empreendedor dos alunos
representados nas Comisses EPE.
Funes das Comisses EPE
Funes Gerais
Criao de um ambiente escolar empreendedor que seja motivante e
atraente para mobilizara participao de todos os alunos.
Funes Especficas
Realizar o diagnstico e levantamento das necessidades ao nvel da
escola e da comunidadelocal;
Promover projectos empreendedores nas escolas,
responsabilizando-se pelo incentivo ade-quado para a aplicao dos
seus princpios pedaggicos, no mbito do currculo e do pro-
-
33
cesso de aprendizagem/ensino, em particular junto dos
respectivos Conselhos de Turma, deEscola e de Professores;
Apoiar os agentes educativos na implementao de projectos,
facultando-lhes os recursos efacilitando-lhes os meios
adequados;
Monitorizar as iniciativas e avaliar os seus resultados e
impacto, quer a nvel dos procedimen-tos, quer a nvel dos produtos
finais.
b) Ordem de trabalhos estratgica
O grupo inicial dever discutir e acordar as principais orientaes
de aco nas escolas,procurando dar respostas adequadas a questes
como:
Qual a dimenso da aco?
Os trabalhos devero iniciar-se com um nmero reduzido de grupos
ou abranger o mximo dealunos?
Quais os temas que devero ser apoiados?
Que potenciais parceiros locais existem e quais devero ser
considerados?
Como ser estabelecido o enquadramento dos grupos de
trabalho?
Quem estar disponvel para participar?
Em que contexto decorrero os trabalhos?
Como ser integrado o apoio aos grupos de trabalho em cada uma
das reas curriculareschave?
Que funes ter cada Comisso EPE e quem as realizar?
Quais os contactos a privilegiar com as entidades
exteriores?
Como sero os contactos com as Comisses de nvel regional e
nacional?
Como ser promovida a comunicao interna do Projecto EPE?
Como decorrer a avaliao e a considerao dos principais
resultados?
Como integrar os alunos em cada Comisso?
A formao inicial de um grupo de trabalho consistir na reunio de
alunos em torno deum tema de aco comum, que foi previamente
diagnosticado, discutido e negociado, e, para oqual pretendem
empreender um projecto. A fase de criao de um grupo j uma
oportunidadede trabalhar competncias relacionadas com o
empreendedorismo, como a aptido para esta-belecer relaes
interpessoais, a capacidade para tomar iniciativas, de escrever uma
ideia, ou de a apresentar, fundamentar e argumentar a sua validade.
Os profissionais de educao e deorientao devero assegurar a reflexo
sobre estes aspectos, proporcionando aos alunos a suatomada de
conscincia.
Quando um conjunto de alunos pretende criar formalmente um grupo
de trabalho, deverentregar respectiva Comisso a sua candidatura,
sob a forma de um documento em que constenecessariamente a ideia
geral a desenvolver no projecto e a constituio da equipa de
trabalho.O documento de candidatura dever expressar e conter os
objectivos do projecto e a sua conse-quente fundamentao.
-
34
4.2. Organizao e Planeamento
4.2.1. Comisso
Durante esta fase dever ser definido em cada escola, pela
respectiva Comisso de Acom-panhamento (CA), o Planeamento das aces
no mbito dos projectos EPE e as actividades adesenvolver ao nvel
dos grupos de alunos.
Cada Comisso dever estabelecer um plano de aco interno,
incluindo as seguintes pre-missas:
Comunicao e divulgao do Projecto EPE (como divulgar e a quem
divulgar);
Definio de metas de participao;
Eventos para valorizao dos grupos EPE, dos seus processos e
respectivos resultados;
Momentos de avaliao e reflexo relativos ao impacto das aces.
Cada Comisso dever incluir alunos, que podero trazer vantagens a
diferentes nveis:
Uma maior criatividade na comunicao;
Uma linguagem mais prxima e adequada aos grupos-alvo;
Representantes directos dos restantes alunos.
Neste sentido, as Comisses devero ter em ateno um conjunto de
questes que estosubjacentes ao planeamento inicial dos projectos,
tendo em considerao o diagnstico dasnecessidades:
Como integrar os princpios da educao para o empreendedorismo nas
turmas, reas curri-culares ou escola?
Como potenciar as competncias-chave para o empreendedorismo nos
alunos?
Como integrar multidisciplinarmente o esprito empreendedor?
Como podemos garantir resultados e coerncia na interveno?
4.2.2. Projectos
Misso
A misso a declarao alargada e geral dos objectivos que os
projectos e as suas res-pectivas aces pretendem atingir. Esta
declarao deve ter o acordo de todos os participantes,promover um
sentido de unidade e pertena ao projecto, e ser exequvel.
Por exemplo: a aco X tem por misso criar uma escola viva, alegre
e acessvel a todos osestudantes, independentemente das suas crenas,
situao econmica ou fsica.
Organizao
Captulo dedicado organizao interna do grupo, onde devem constar
as funes decada membro, o processo de deciso e actividades de
suporte, utilizando um documento escritoorientador e um organigrama
explicativo. Devem igualmente ser referidos os consultores dogrupo
convidados para o apoio dos projectos e suas aces.
-
35
Por exemplo: A direco do grupo composta pela Ana, Carlos e
Joana. A Ana foi nomeadacomo mandatria do grupo e em conformidade
dever representar o grupo em reunies na escola,marcar encontros de
trabalho, definir a agenda, os tempos e os objectivos, garantir a
realizaode actas, o seu arquivo e divulgao; o Carlos foi
responsabilizado pelos contactos e por issodever procurar
potenciais clientes ou parceiros, preparar as reunies com esses
parceiros,garantir o seu contacto directo ou indirecto atravs de
membros da equipa, garantir o registo dasactividades e dos
resultados obtidos, e propor melhorias; a Joana foi nomeada
responsvel pelalogstica e consequentemente dever garantir que os
materiais necessrios estejam disponveispara as aces, propor a criao
de novos materiais ou a sua substituio.
Planeamento
Esta etapa dever ser dedicada ao planeamento das actividades,
organizando-se em fun-o de:
Descrio sumria da ideia do projecto;
Objectivos qualitativos e objectivos quantitativos;
Definio das aces do projecto a implementar;
Destinatrios do projecto ou das suas aces constituintes;
Calendarizao das aces do projecto e da sua execuo;
Recursos e meios necessrios para a execuo do projecto e sua
apropriao;
Metodologias de monitorizao, controlo e avaliao do projecto.
Para a qualificao dos projectos EPE, devero ser consideradas
algumas premissas,entendidas como fundamentais para o trabalho de
projecto:
Envolvimento e implicao dos alunos
Os alunos devero conceber, planificar, implementar e avaliar
projectos que tero comoobjectivo final a obteno de resultados
concretos (produtos sociais autnticos), aliciantes eobservveis na
comunidade escolar. Devero privilegiar o trabalho cooperativo como
estratgiametodolgica para a interveno no abdicando, no entanto, do
trabalho individual sempre queeste seja pertinente e se
justifique.
Autenticidade
Os projectos devero basear-se num problema original,
diagnosticado, significativo eimportante para os alunos, promovendo
nos mesmos a oportunidade de concretizar um produtofinal autntico,
com valor pessoal e utilidade social, dentro da escola ou na
comunidade local.
Intencionalidade
Os objectivos definidos devero ser negociveis entre todas as
partes envolvidas nos pro-jectos EPE para que se possam
concretizar, dando sentido e unidade s actividades e aces
realizadas. O produto final reflectir o trabalho que foi praticado
e permitir uma resposta aosobjectivos inicialmente propostos, na
tentativa de colmatar necessidades previamente identifi-cadas.
-
36
Implicao das aprendizagens curriculares
Os projectos EPE devero constituir-se como um veculo de aquisio,
aplicao e consoli-dao, em contexto, dos conhecimentos e competncias
relacionados com as reas disciplinarese no disciplinares do
currculo. Neste sentido, para o desenvolvimento dos projectos EPE
os alu-nos devero cooperativamente implementar, em situaes reais,
as competncias-chave para oempreendedorismo.
Complexidade e incerteza
Os projectos EPE favorecero a criao de uma cultura do aprender
fazendo, do ensaio,da experimentao, aplicao e transferncia de
conhecimentos, que implica a capacidade detomar decises, de
executar, de explorar os sucessos e insucessos, mobilizando
conhecimentos e competncias e a promoo de uma atitude
empreendedora. Aprender fazendo implica que oprofessor assuma o seu
papel de mediador e orientador estruturante da aco dos alunos.
Um dos aspectos mais aliciantes da promoo de projectos EPE
consiste no facto da suaorganizao, planeamento e execuo poder
envolver parceiros comunitrios fora do contextoescolar. As
empresas, pela prpria natureza competitiva dos mercados onde
actuam, desenvol-vem metodologias de optimizao de utilizao de
recursos, gerando produtos e servios devalor acrescentado. Esta
tecnologia de gesto e administrao de recursos e organizaes,
apli-cada a todos os sectores da actividade social pode acarretar
benefcios aos projectos EPE, intro-duzindo uma dimenso social
autntica com impacto ao nvel da produtividade e eficincia dassuas
actividades, transferveis posteriormente para o prprio contexto
escolar.
Dimenso temporal
Os projectos EPE devero orientar-se no tempo de acordo com o
planeamento estabe-lecido na sua concepo, atravs da definio
operacional de cronogramas que permitam amonitorizao temporal das
diferentes etapas, a sua avaliao e eventual reformulao, e
odesenvolvimento e progresso consolidadas de cada fase. A eficcia
de um projecto relaciona--se directamente com a sua exequibilidade,
o que significa a sua efectiva concretizao e finali-zao.
4.3. Aco/Execuo
Para que o Projecto EPE possa ser bem sucedido necessrio
fomentar uma dinmica depromoo e de incentivo aco, na escola ou na
comunidade local envolvente. Como projectoempreendedor orientado
para jovens, a linguagem dever ser adaptada para poder ser
com-preendida por todos, podendo esta adequao ser operada pelos
prprios alunos.
O projecto poder ser suportado e sustentado pela existncia de um
concurso, onde devero ser desenvolvidas aces de divulgao, promoo e
organizao ao nvel da escola,nomeadamente a construo de cartazes e
folhetos e sua respectiva distribuio, reunies de discusso alargada
com alunos, reflexo ao nvel das turmas sobre as diferentes temticas
aadoptar nos projectos, e divulgao dos projectos na comunidade
envolvente. importante queas escolas tenham em considerao a
realidade das comunidades a que perte