1 INTRODUÇÃO A cadeira de Inttrodução às ciências sociais constitui uma unidade curricular que desempenha um papel particularmente importante no processo de Ensino-Aprendizagem de qualquer curso, especialidades e graus académicos, pois, ela versa vários aspectos da vida do homem em sociedade. Sem um profundo conhecimento da pessoa humana como ser social, dificilmente poder-se-á comprender as diferentes etapas metamórficas por onde este passa. Isto é, a cadeira de introdução às ciências sociais versa principalmente sobre o homem em sociedade. Neste guia de estudo, contempla os referentes conteúdo, iniciando mesmo de conceito das às ciências sociais, os processos sociais, status e papel social , cultura e sociedade, Instituições sociais, Control social, mudança social, Movimentos sociais e algumas palestras relaciondas à Género e a sociedade e a Educação tradicional em Moçambique . É um GUIA de apoio aos estudantes de qualquer nível de escolalidade, por isso que, quem tiver um desejo epistemológicamente insaciável sobre a introdução às ciências sociais, o conselho é: aproveite, e, boa sorte. É um GUIA um pouco mais abrangente em relação ao elaborado em 2007.
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INTRODUÇÃO
A cadeira de Inttrodução às ciências sociais constitui uma unidade curricular que desempenha
um papel particularmente importante no processo de Ensino-Aprendizagem de qualquer curso,
especialidades e graus académicos, pois, ela versa vários aspectos da vida do homem em
sociedade.
Sem um profundo conhecimento da pessoa humana como ser social, dificilmente poder-se-á
comprender as diferentes etapas metamórficas por onde este passa. Isto é, a cadeira de
introdução às ciências sociais versa principalmente sobre o homem em sociedade. Neste guia
de estudo, contempla os referentes conteúdo, iniciando mesmo de conceito das às ciências
sociais, os processos sociais, status e papel social , cultura e sociedade, Instituições sociais,
Control social, mudança social, Movimentos sociais e algumas palestras relaciondas à Género e
a sociedade e a Educação tradicional em Moçambique .
É um GUIA de apoio aos estudantes de qualquer nível de escolalidade, por isso que, quem
tiver um desejo epistemológicamente insaciável sobre a introdução às ciências sociais, o
conselho é: aproveite, e, boa sorte. É um GUIA um pouco mais abrangente em relação ao
elaborado em 2007.
Elaborado por José Greia, docente de Introdução às Ciências Sociais e Metodologia de
Investigação Ciêntífica na Academia Militar “ Marechal Samora Machel”.
Nampula, 15 de Janeiro de 2010
2
Objecto de Estudo das ciências Sociais: O ponto de vista de CHAUI (2003:345) é que embora
seja evidente que toda e qualquer ciência é humana, porque resulta da actividade humana de
conhecimento, a expressão “ciências humanas” refere-se àquelas ciências que têm o próprio
ser humano em sociedade como objecto de estudo
Os campos de estudo das ciências humanas
Se tomarmos as ciências humanas de acordo com seus campos de investigação,
podemos distribuí-las da seguinte maneira:
Psicologia
estudo das estruturas, do desenvolvimento das operações da mente humana
umas pelas outras tanto pelas suas semelhanças como pelas suas diferenças ainda que estas
últimas nem sempre provocam atracção. Esta atracção, juntamente com a interdependência,
pode estabelecer-se de forma as pessoas se movam em bloco, unidas por crenças e
sentimentos comuns, segundo uma forma a que Durkheim designou por solidariedade
mecânica.
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Esta solidariedade terá o seu ponto máximo quando a individualidade for nula, isto é, quando a
personalidade desaparece e o EU, como paradigma do indivíduo, se transforma numa outra
entidade, de tipo colectivo, ou seja no NÓS.
Sociabilidade - “interacção social” e ou “Relações Sociais”. A relação social é um valor em Si
mesmo, onde as pessoas se esforçam por manter as conversas ou outras actividades em nível
neutro para garantirem o sucesso da reunião, que se resume no prazer de estarem juntas.
Nestas condições, são relevantes no trato social o bom senso ou tacto, a simpatia, a
cordialidade e a sensibilidade.
O que acontece quando um pequeno grupo de indivíduos permanece junto e que
características diferentes estabelecerá.
As características necessárias que qualquer pequena assembleia de pessoas estabelecerá se
tornaram o centro de interesse. Quer dizer, de repente, notou-se uma unidade estável que vive
em algum lugar entre o indivíduo e a sociedade.
Está nesta sensação o pequeno grupo ter sido descoberto como um objecto merecedor de estudo.
Foi visto como um complemento importante à compreensão do comportamento individual,
especialmente do ponto de
vista do psicólogo social.
Grupo pode ser visto crescer e desenvolver, pode alcançar maturidade e pode morrer e assim o desenvolvimento planificado de grupos pode começar deste modelo. Por outro lado, grupos e sua interacção podem conduzir à compreensão de organizações maiores e instituições sociais.
A Sociometria e o teste Sociométerico
A palavra Sociometria "designa tudo o que se mede em sociologia.( Socius = companheiro,
metrum = medir)" (CORREIA, 1994:49).
No geral cada grupo de pessoas possui a sua estrutura particular composta por uma rede de
atracção e de rejeição.
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Ao pretender-se analisar o grupo social é impescindível descobrir essa malha de atracção e de
rejeição, o que é possível através da observação, com recurso ao teste sociométrico.
O teste sociométrico serve para medir a importância da organização dentro de cada grupo, à
luz das atracções e das rejeições.
Este teste, consiste em pedir a cada elemento do grupo que escolha, no grupo a que pertence
au a que poderia pertencer, Os indivíduos que desejaria ter como companheiros assim como
aqueles que rejeitaria. Depois disso, tabular em forma de sociograma.
Sociograma é uma técnica de ensino que demonstra o padrão de interacção entre Os membros
do grupo em aspectos determinados. Portanto, sociograma exibe a preferência de algumas
pessoas por outras para trabalhar em grupo; a preferência para compartilhar em actividades
recreativas.
Sociograma tem seguintes vantagens:
a. Descreve a relação social do grupo;
b. Ajuda ao comandante au oficial na selecção de membros para grupos de diferentes
trabalhos;
c. Auxilia o oficial na escolha de líderes de diferentes actividades.;
d. Ajuda a descrever problemas sociais no grupo, atitudes e outros aspectos que o
comandante au oficial deve dar maior atenção, principalmente nos casos de rejeição de
alguns dentro do grupo.
Exemplo de tabulação do sociograma
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1
Rosa
Luís
Dora
Lúcia
Maria
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3
a) O escrutínio do sociograma demonstra que entre outros aspectos há algumas amizades
exclusivas; exemplo, no grupo 2 a Dora, Lúcia e Jõao, e no grupo 3 Ana.
b) Porém, no grupo 1 há um isolamento de Jorge.
Portanto, cada comandante au oficial que pretende ter sucessos no seu futuro deve observar
alguns destes princípios sociais. A interacção entre pessoas no grupo constitui a chave de todo
e qualquer sucesso no trabalho e principalmente na actividade militar
Leitura: CORREIA, José Faia P. Introdução às ciências sociais: Guia: cadeira 2d01. AM,1994,
aspectos a buscar: motivação, a comunicação dentro do grupo, processo de liderança a coesão
criatividade a decisão e a mudança.
Nora
Jorge LilaJõao
Roberto
MárioDália
TeresaLuisa Alberto
Ana
Alice
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Motivação – é o processo que provoca certo comportamento, mantém a actividade ou a
modifica. Motivar é predispor o indivíduo ao que quer realizar; é levá-lo a participar
activamente nas diversas actividades. Assim, motivar é levar a pessoa a empenhar-se em por
ensaio e erro, imitação ou reflexão.
Os propósitos da motivação consiste em despertar o interesse, estimular o desejo de realizar
alguma actividade e dirigir esforços para atingir metas definidas.
A motivação tem por fim estabelecer conexão entre o líder e o grupo, entre o grupo e o
indivíduo e entre o líder e o indivíduo durante as diversas actividades.
Uma pessoa é motivada quando sente necessidade de realizar alguma actividade que está
sendo orientada. Essa necessidade leva-a a aplicar-se e a perseverar nessa actividade até sentir-
se satisfeita.
Tipos de MotivaçãoHá duas modalidades de levar o indivíduo a agir, induzindo-o pela aceitação e reconhecimento
da necessidade de realizar a acção ou a actividade, ou obrigando-o pela coacção. A motivação
assim pode ser positiva ou negativa. ( cfr. NÉRICI, 1968:182-185)
Motivação Positiva – quando procura levar a pessoa a agir, tendo em vista o significado da
acção para a vida do indivíduo, do grupo e ou da comunidade em que se encerra. O
encorajamento, o incentivo e o estímulo amigável predispõe a pessoa a agir
conscientemente.
Motivação Negativa – é aquela em que o indivíduo é elevado a agir através de ameaças,
repreensões e mesmo castigos. ( ex: as atitudes de coerção podem partir tanto da família como
da escola e ou da AM.)
Comunicação dentro do grupoDentro de qualquer grupo verifica-se sempre um mínimo de comunicação, entendendo esta como
uma possibilidade de troca de informações entre elementos de um mesmo grupo ou entre grupos
diferentes.
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A comunicação pode ser de dois tipos:
Comunicação Formal, que se realiza segundo as normas e regras ou segundo a cadeia
hierárquica, neste caso são as ordens, as notas de serviços, etc.
Comunicação Informal, que se dispensa quaisquer regras, estabelecendo-se
espontaneamente, caso de rumores boatos e outras formas.
As comunicações são influenciadas por vários factores como:
- número de elementos do grupo,
- natureza do grupo,
- condições e local de trabalho etc.
A orientação das comunicações na organizaçãoA orientação das comunicações permite distinguir as comunicações verticais ( ascendentes e
descendentes) das comunicações horizontais.
As comunicações verticais ascendente são essenciais ao bom andamento da organização, com
repercussões imediatas na realização do trabalho. A Ela está encarregada em fazer subir as
informações da base até ao topo.
As comunicações
As comunicações verticais descendente Um superior hierárquico dá ordem a um subordinado
N.B. Cada uma dessas orientações tem suas vantagens e desvantagens. (Cfr. PETIT E DUBOIS,
1998 : 44-50)
As Comunicações HorizontaisA comunicação horizontal diz respeito às pessoas que trabalham no mesmo serviço a nível
idêntico. O bom funcionamento de uma organização está fortemente correlacionado com a
existência de comunicações horizontais. Estas também têm suas vantagens e desvantagens
( Cfr. PETIT E DUBOIS, 1998 : 51-57)
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V. Síntese da aula
Processo de Liderança
Liderança – é “um processo de estímulo mútuo que, através da interacção positiva de
diferenças relevantes, controla a energia humana na busca de uma causa comum”. ( Pigors,
1935)2
Liderança – é “o processo (acto) de influenciar as autoridades de um grupo organizado nos
esforços em direcção ao estabelecimento de objectivos e de realização e de realização dos
objectivos.
Liderança – é “uma estrutura em interacção como a parte do processo de resolver um
problema mútuo”.(Cfr. ZACARIA, 2005:38).
Como se pode depreender todas as definições consideram liderança como um processo.
É possível converter qualquer das definições precedentes de liderança em definições de líder,
pela mudança de simples palavras. Assim, o líder é o indivíduo responsável pelo “processo de
estímulo mútuo”.” processo de resolver um problema mútuo”.
Líder é o indivíduo pertencente a um grupo social determinado que recebe a tarefa de dirigir e
coordenar as actividades relevantes de um grupo.
Tipos de Liderança
Os líderes podem ser classificados sob vários pontos de vista, havendo inclusive variedade de
nomes dados a cada tipo.
Podemos distinguir dois tipos de líderes, quanto à origem : o líder formal e o líder verdadeiro
O líder formal é aquele que influencia o comportamento do grupo pela autoridade que possui,
por delegação, isto é, por estar em cargo de chefia. É o caso do comandante de uma unidade e
ou subunidade em relação aos restantes do grupo.
2 ZACARIA, Alípio M. De Jesus. Supervisão Educacional, 2005 pg. 38
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O líder verdadeiro é o é capaz de levar o grupo a estabelecer um objectivo comum e atingi-lo
pelo prestígio de que desfruta perante os seus membros.
Do ponto de vista do método de liderança é comum classificar os líderes em três tipos: o
autocrático, o laissez-faire (o liberal) e o democrático
Atenção: cada tipo de líder tem suas vantagens e desvantagens em função de vários factores
( tipo de missão, objectivos, local de execução, tempo de cumprimento, recursos disponíveis,
etc).
Bibliografia
Leitura: CORREIA, José Faia P. Introdução às ciências sociais: Guia: cadeira 2d01. AM,1994,
PETIT e DUBOIS. Introdução à psicossociologia das Organizações. Lisboa,1998
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. 7.ed. .SP. : Atlas, 1999
A Pesquisa e os tipos de pesquisa
são inúmeros os conceitos sobre pesquisa, uma vez que os estudiosos ainda não chegaram a
um consenso sobre o assunto.
Entretanto, conforme Webster's international Dictionaly apoud MARCONI e LAKATOS
(2002:17) a pesquisa é uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de
factos e princípios; uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisar não é apenas procurar a
verdade, é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos.
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Pesquisa é "procedimento racional e sistemático que tem como objectivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos"(GIL, 1991:19).
Portanto, a pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para
responder ao problema, ou então quando a informação disponível encontra-se em tal estado
de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.
Porque se faz a pesquisa
Ainda que seja muito comum a realização de pesquisa para benefício do próprio pesquisador,
não devemos esquecer de que o objectivo último das ciências sociais é o desenvolvimento do
ser humano. Portanto, a pesquisa social deve contribuir nessa direcção. Seu objectivo imediato,
porém, é a aquisição de conhecimento.
Como ferramenta para adquirir conhecimento, a pesquisa pode ter seguintes pressupostos:
Resolver problemas específicos
Gerar teorias
Avaliar teorias existentes, e/ou por
Razões de ordem intelectual
Tipos ou níveis de Pesquisa
1. Pesquisas Exploratórias. Estas pesquisas têm como objectivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.
O objectivo principal é o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intenções.
O levantamento bibliográfico, entrevistas a pessoas experimentadas no caso, análise de
exemplos constituem aspectos fundamentais deste tipo de pesquisa.
2. Pesquisas Descritivas. Têm como objectivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenómeno ou, então, o estabelecimento de relações entre
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variáveis; exemplo: estudar as características de um grupo ; sua distribuição por idade, sexo,
procedência, nível de escolaridade, estado de saúde física e mental e outros aspectos.
3. Pesquisas Explicativas. O fundamental deste tipo de pesquisa é identificar os factores que
condicionam a ocorrência dos fenómenos e explicar as razões, o porquê das coisas.
4. Pesquisa Bibliográfica. É desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos.
Caminhada da investigação
Bibbliografia
MARCONI, Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa. 5.ed.São Paulo: Atlas, 2002
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Andrade. Metodologia de Trabalho Científico. 4.ed..São Paulo:
Atlas, 1992
GIL, António Carlos. Como elaborar Projectos de Pesquisa. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1991
Formulação. de problema
Hipóteses
Plano da Pesquisa
Técnicas da Pesquisa
Pré-testes dos Instrumentos
Selecção das
Colectas de Dados
Análise e Interpretação dos Dados
Teoria de
Generalização
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Investigador como trabalhador intelectual
O êxito de uma pesquisa depende fundamentalmente de certas qualidades intelectuais e
sociais do pesquisador, que de entre as quais podem ser:
- conhecimento
- curiosidade
- criatividade
- integridade intelectual
- atitude autocorrectiva
- sensibilidade social
- imaginação disciplinada
- perseverança e paciência
- confiança na experiência
2. O processo de Pesquisa (investigação)
2.1 Métodos
O conceito de ciência está ligado ao conceito de método científico.
LAKATOS e MARCONI (1982:39-40) mencionam diversas definições acerca de métodos, entre
as quais pode-se citar as seguintes:
* Método é o "caminho pelo qual se chega determinado resultado".
* Método é a "forma de proceder ao longo de um caminho".
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Portanto, constituem os instrumentos básicos que ordenam de inicio o pensamento em
sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder ao longo de um percurso para
alcançar um objectivo.
* Método é "um procedimento regular, explícito e possível de ser repetido para conseguir-se
alguma coisa, seja material ou conceptual".
Método vem do Grego ( Méthodos - meta além de, após de + ódos = caminho)
Assim, segundo a sua origem, método é "o caminho ou a maneira para chegar a determinado
fim ou objectivo"(CICHARDSON, 1999:22).
2.3 Classificação dos Métodos
Cada pesquisa seus métodos correspondentes e eles podem ser:
- histórico
- comparativo
- monográfico ou estudo de caso
- funcionalista
- estruturalista
- etnográfico
2.2 Técnicas de Pesquisa
Técnica" é um conjunto de preceitos de que se serve uma ciência ou arte, é a habilidade para
usar esses preceitos ou normas, a parte prática"(MARCONI e LAKATOS, 2002:62).
Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos, como:
observação
entrevista
questionário
formulário etc.
Conclusão
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A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização
cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa
desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada
formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.
Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser seleccionados
desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou
da amostra.
Ensino Superior: Objectivos
Por definição, o ensino que a Universidade ministra visa o apetrechamento do estudante
como trabalhador intelectual, formando hábitos de estudo e preparação de documentos
pessoais, para além dos conhecimentos base acerca das várias especializações.
A Universidade dinamiza e faculta o mecanismo que conduz ao trabalho científico, quer
dizer, à investigação planeada com método e executa com rigor. Portanto, o estudante
Universitário, para além de ser trabalhador intelectual, tem de se preparar igualmente
como investigador. E nesta qualidade ele tem de estar apetrechado com conhecimentos e
capacidades que lhe permitam seleccionar o método mais adequado à abordagem dos
problemas a vencer pela investigação.
Objectivos do Ensino Superior
formar nas diferentes áreas de conhecimento, técnicos e cientistas com elevado grau
de qualificação;
incentivar a investigação científica, tecnológica e cultural como meio de formação, de
solução dos problemas;
assegurar a ligação ao trabalho em todos os sectores e ramos de actividades;
Desenvolver acções de pós-graduação tendente ao aprimoramento científico e técnico;
Difundir valores éticos e deontológicos;
prestar serviços à comunidade;
promover acções de intercâmbio científico, técnico, cultural, desportivo e artístico com
instituições nacionais e estrangeiras;
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reforço da cidadania moçambicana, e da unidade nacional e outros.
Finalidades do Ensino Superior
“É levar os académicos a reflectirem sobre o mundo e seus fenómenos, sobre a vida social, sobre o próprio homem, em sentido profundo e amplo que engloba o presente passado e futuro” (NERICI, 1967:13).
Tipos de Instituições de Ensino Superior
Universidades - instituições que dispõe de capacidade humana e material para o ensino,
investigação científica e extensão em vários domínios do conhecimento, proporcionando uma
formação teórica e académica, estando autorizadas a conferir graus e diplomas académicos;
• Institutos Superiores - instituições especializadas, filiadas ou não a uma universidade, que se
dedicam à formação e investigação no domínio das ciências e da tecnologia ou das profissões,
bem como à extensão e que estão
autorizadas a conferir graus e diplomas académicos;
Escolas Superiores - instituições especializadas, filiadas ou não a uma universidade, a um
Instituto Superior ou a uma Academia, que se dedicam ao ensino num determinado ramo do
conhecimento e à extensão e que estão autorizadas a conferir graus e diplomas académicos;
• Institutos Superiores Politécnicos - instituições do ensino Superior , filiadas ou não a uma
universidade que oferecem estudos gerais au uma formação profissional e que estão
autorizadas a conferir certificados e todos Os graus académicos, excluindo o de Doutor,
reservando-se a atribuição de graus de pós-graduação aos institutos politécnicos filiados;
• Academias - Instituições de ensino Superior que se dedicam ao ensino em áreas específicas
nomeadamente, as artes, a literatura, as habilidades técnicas tais como: as militares e
policiais, a formação especializada e o comércio, estando autorizadas a conferir graus e
diplomas académicos;
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• Faculdade - unidades académicas primárias de uma universidade au de um instituto Superior
que se ocupam do ensino, investigação, extensão e aprendizagem num determinado ramo do
saber, envolvendo a interacção de vários departamentos académicos e a provisão de ensino
conducente à obtenção de um grau ou diploma.
Generalidades
Educação – não existe um conceito acabado acerca de educação, entretanto, pode-se dizer que
:
“educação é o processo que visa a capacitar o indivíduo a agir conscientemente diante de
situações novas de vida, com aproveitamento da experiência anterior, tendo em vista a
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integração, a continuidade e o progresso social, segundo a realidade de cada um, para serem
atendidas as necessidades individuais e colectivas”(NÉRICI, 1991).
Tradição – conhecimento que provém da transmissão oral de hábitos durante um longo
espaço de tempo e que passa de geração em geração.
O termo foi originariamente aplicado pelos primeiros cristãos às crenças centrais, transmitidas
através da instrução nas coisas religiosas. A tradição inspira, muitas vezes, o respeito,
simplesmente através da autoridade que nela se alicerça ( tradicional). Representa
normalmente o padrão ou modelo de referência, sendo por isso particularmente respeitada
pelos conservadores e, por outro lado, atacada por não conservadores como obstáculo à
mudança. De qualquer modo, apenas as crenças mais rígidas são incapazes de ver a tradição
como um processo crescente e cumulativo, e só as revoluções mais radicais tentaram romper
completamente com todas as ligações ao passado (ENCICLOPÉDIA UNIVERSAL)
Portanto, tradição conjunto de ideias, sentimentos, costumes e aptidões transmitidos de geração em geração aos membros duma sociedade humana, quer através da linguagem verbal quer através dos próprios actos.
Educação Tradicional – as crianças aprendem para a vida por meio da vida. O indivíduo sofre uma tripla integração: pessoal, social e cultural. Aprende-se imitando os adultos nas actividades diárias, sem que alguém esteja especialmente destinado para a tarefa de ensinar.
A formação é integral e universal. Integral porque abrange todo o saber da comunidade e universal porque todos podem ter acesso ao saber e ao fazer da comunidade.
Até aos sete (7) anos as crianças do sexo feminino e do sexo masculino são tida como iguais. A partir desta idade começa a separação de actividades e de tarefas conforme o sexo.
Assim, as crianças de ambos sexos crescem acompanhando os adultos na execução de diversas
actividades produtivas o que lhes permitirá serem senhores de si mesmo no amanhã que os
espera.
A transmissão do saber é feita usando diversos elementos como: contos, lendas, fábulas,
advinhas, provérbios, canções, tabus, preconceitos, ritos e outros.
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Todos estes elementos têm uma grande importância na educação e na criação da consciência
tradicional da vida. São exaltados os valores e repudiados os contravalores.
Os valores exaltados: a solidariedade, a amizade, a união, a prudência, o pudor, a decência, a
simplicidade, a humildade etc.
Os contravalores repudiados: o egoísmo, a falta de respeito, a vingança, a mentira, a inveja, o
boato, o ódio, a fornicação e outros males que desprestigiam a comunidade, a linhagem e a
família.
Ensino tradicional moçambicana
Ritos de gravidez
A mulher ao sentir-se grávida troca impressões sobre o seu estado com pessoas femininas mais
velhas da sua família e de maior confiança, caso se confirme o seu estado de gravidez é que se
comunica ao seu marido.
Neste período ela recebe muitas e variadas instruções das mais velhas dependendo dos ritos
de cada comunidade e ou família, as instruções estão ligadas a:
• comportamento social ( relações sexuais com vários homens torna o parto difícil)
• alimentação
• tratamento
• escolha de parteira
Ritos de nascimento
Existem variados rituais após a nascença da criança dependendo dos usos e costumes de cada
comunidade e ou famílias.
Há cerimónias específicas para cada momento e para cada sexo. Cerimónias específicas para:
1. Corte da planceta conforme o sexo
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2. Defesa da recém nascida contra maus espíritos
3. Evitar que a criança se assuste quando se encontrar com outra pessoa ou animal
4. Protecção das crianças contra mãos quentes e outros rituais.
Educação dos Adolescentes
Ritos de iniciação masculina
O adolescente é ensinado tudo o que possa vir a encontrar na vida, necessita conhecer para
a luta. Ele aprende a sofrer com resignação, a comer pouco e a beber menos e até a caça é
ensinado.
Os ritos de iniciação masculina subscrevem-se em realização da circuncisão. A circuncisão é
um costume que como força da lei e aquele que não for circuncidado é excluído em todas as
actividades socio-culturais.
Como o desenvolvimento masculino não é notado por sinais externos como na puberdade
feminina, a escolha dos adolescentes para a cerimónia de circuncisão não é criteriosa mas
baseia-se frequentemente na vivacidade espiritual e no desenvolvimento físico que os mais
velhos lhes reconhecem.
Todo o adolescente que passar pela circuncisão pode participar em todas as actividades
socio- culturais como: tomar parte nas conversas dos adultos, ver cadáveres, assistir as
cerimónias fúnebres, aconselhar outras pessoas, casar e organizar uma família e outras.
Nesta escola tradicional temporária, o adolescente é ensinado a não roubar, a ajudar o pai
nas actividades, a não bater nos filhos dos vizinhos, ser sempre voluntários nas actividades
da família, como encarar a mulher sexualmente etc.
Esses ensinos são transmitidos na base de provérbios, adágios e sempre acompanhados com
cantares e danças durante as noites da sua permanência nesse mato.
Esses rituais de passagem diferem de uma linhagem a outra em técnicas e meios.
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Através da escola tradicional temporária, o adolescente é inserido na comunidade com as
normas e regras que regulam a vida da sociedade nos aspectos sociais, políticos e económicos
e assim ele adquire a aptidão para a manutenção da ordem social da região e da paz social e
individual.
Exceptuando a escola tradicional temporária, a educação tradicional não tem dias e nem
lugar específico para a sua administração, como acontece nos nossos dias nas instituições
escolares em que há calendários das aulas.
Ritos de Iniciação Feminina
Diferentemente dos ritos masculinos em que não há critérios fixos na escolha do adolescente
para as cerimónias, os ritos de iniciação feminino iniciam com a menstruação. As raparigas
menstruadas pela primeira vez, são conduzidas a uma palhota, no meio do mato, longe da
povoação, e ali sob direcção de mestras idóneas, aprendem tudo o que uma mulher deve saber.
Conforme CIPIRE (1996:41) a preparação das adolescentes para o lar, para o casamento e para
o próprio acto sexual, faz parte dos currículos de educação feminina.
O autor diz ainda que, tal como rapazes, uma rapariga só é reconhecida como ser humano
completo, depois de ter passado pelos ritos de iniciação. Estes têm como objectivo a formação
de mulheres para enfrentar as múltiplas tarefas do lar, nos aspectos de esposa, mãe e
produtora de bens materiais para benefício do marido e dos filhos.
Durante as aulas nessa escola tradicional temporária, as mestras ensinam as raparigas de entre
muitos ritos os seguintes:
• Ritos de menstruação - nada tem de anormal, antes pelo contrário é um sinal de que
em breve pode procriar ( objectivo central das mulheres nas sociedades africanas),não
pode dormir na cama do marido mas sim na esteira, não pode tomar banho, deitar sal
nas comidas,
• Ritos de higiene e limpeza,
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• Ritos de virginidade
“Uma miúda desflorada antes de se casar é como se fosse uma casa sem porta em que todo o
viajante verá os pormenores do interior”( CIPIRE, 1996:41).
• Ritos da tatuagem
A rapariga é ensinada a fazer arranjos femininos do seu sexo, o uso de missangas nas ancas,
tatuagem ( nas ancas, no abdómem, nas nádegas, na cara, nas pernas e coxas).
Sistema matrilinear
O sistema matrilinear, consiste na transmissão da herança para as mãos do sobrinho, filho da
irmã (CIPIRE, 1996:51).
O mesmo autor diz que neste sistema, a rapariga é considerada de riqueza familiar em duplo
sentido :
- sendo ela geradora de novas criaturas
- É ela que deve ocupar posições cimeiras na sua família.
Por regra, quando o rapaz se casa muda do seu núcleo doméstico para a aldeia da noiva.
O sistema matrilinear o genro não deve apertar a mão a sogra e nem dançar com ela nas festas,
não pode entrar na casa dela e nem sentar nos seus bancos ou esteira.
Ela é representada pelo tio materno dela para a tomada de certas decisões acerca de
determinados assuntos como: casamento, divórcio, questões jurídicas, cerimónias fúnebres, os
ritos medicinais ou de circuncisão e outras questões relacionadas com a família.
Nesse sentido ela é a rainha da comunidade mas forasteira quanto a autoridade.
O marido é visto mais como aliado cooperando na reprodução que como membro da família da
mulher, ele é expulso quando origina conflitos.
Processo para o casamento
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No sistema matrilinear as jovens casam-se entre os 13 – 14 anos de idade. O pedido de
aquisição da moça é feito pelos pais dos interessados, sem intervenção dos interessados.
O ajustamento de casamento entre os pais não obedece limite de idade. É antigo costume os
pais combinarem acerca de casamento dos seus filhos quando ela tem ainda tenra idade, basta
o rapaz ser conhecido, vizinho,ou parente. Feito o acordo o futuro noivo começa a oferecer
presentes aos pais da futura esposa e a ela também, até que ela atinja uma idade aceitável
( para a comunidade) para o casamento.
Por regra, a moça se conserva virgem até o dia de encontro sexual com o seu marido o que dá
prestígio a família e a ela.
Antigamente uso em desuso as meninas eram inspeccionadas para verificar se havia sido
violada ou não.
Nesse sistema, as formalidades de casamento são muito simples e fáceis, entretanto, com a
mesma facilidade com que se casam assim se divorciam.
Sistema Patrilinear
O sistema patrilinear é aquele em que a herança dos bens se transmite directamente para o
filho varão. Nesse sistema o indivíduo encontra-se sob autoridade e controle do pai e dos
paternos.
É com este grupo que mantém as mais importantes relações jurídicas definidas por direitos e
deveres.
A mãe não participa na tomada de decisões sobre a sorte dos filhos.
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O pai tem pesadas responsabilidades em relação a seus filhos e filhas, mesmo quando maiores
e casados, responsabilidade que pode estender-se aos netos quando o respectivo pai
desaparece ou encontra-se ausente.
Os filhos devem ao patriarca respeito e obediência. Os seus deveres atingem o ponto de
quanto solteiros lhes caberem entregar os salários que auferem, para que o pai os distribua
conforme as necessidades da família.
As raparigas são dirigidas pelos pais ou na sua falta pelos irmãos mais velhos do pai ( tio
paterno).
Neste sistema, ao contrário do que se passa no matrilinear, o elemento mais importante é o
filho varão. Este tem a missão sagrada de velar pelo bem de toda a família, trabalhando e
sustentando-a e em caso da morte do pai tornar-se herdeiro. É devido a este ensino que
quando o rapaz se casa deve lobolar a moça e trazé-la em casa e ou próximo da casa dos pais.
Nesta operação, a rapariga irá produzir e progenitar filhos para clã do marido, não tem direito a
herança e nem os filhos.
Casamento Patrilinear
No sistema patrilinear o casamento é considerado como uma troca de serviços entre duas
famílias pertencentes a clãs diferentes.
Uma das famílias cedia a outra a capacidade procriadora de um dos seus membros femininos,
e, para ser compensada pela perca recebia cabeças de gado ( Lobolo). O lobolo é pois uma
compensação nupcial e não preço de compra.
Neste contexto a mulher é considerada um bem material, mas não só, pois tem direito e
obrigações.
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De acordo com CIPIRE(1996:58) em toda a sociedade tradicional, o adultério é totalmente
condenado raríssima excepções em relação c Chopes e Makhuwas do litoral que encaram
passivamente este fenómeno.
O Papel da educação em Moçambique no passado e os desafios no futuro.
O papel positivo da educação se encerrava em muitos valores como:
• O interesse e a autoridade da colectividade sobre o indivíduo – infelizmente este é um
valor que tende a ser perdido o trás consigo graves consequências, como o caso de má
gestão dos fundo públicos, desvios, roubo, corrupção e outros males.
• Solidariedade – O cumprimento de deveres recíprocos entre os membros permite a
ajuda mútua para todos os efeitos ( sociais, económicos, culturais e científico-
tecnológicos).
• Hierarquias socio-etárias – cada um no seu devido talhão,
O dedo indicador nunca serviu para apontar alguém, dar lugar aos mais velhos, a pessoa mais
velha era chamada
pelo nome do filho e ou do apelido clãnico, era obrigatório saudar, a saudação era
acompanhada de um bater das palmas, o pôr-se de joelhos perante o mais velho era sinal de
respeito, não era costume o aperto das mãos, o beijo para cumprimentar era inexistente.
• Trabalho colectivo – o papel da educação nesta parte visava evitar o individualismo.
• Pragmatismo no sistema de ensino – valorizava-se muito o trabalho prático
( agricultura, pastorícia, pesca, caça etc).
Reflexões:
Negar todo o ensino do passado?
Levar todo o ensino do passado?
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seleccionar?
Quem tem a tarefa de seleccionar?
O que levar e o que deixar ?
O que era útil e o que não era útil?
O desenvolvimento tecnológico contraria a educação tradicional?
Conclusão
A educação é um processo social, representado por toda e qualquer influência sobre o
indivíduo e capaz de modificar-lhe o comportamento desde o berço até a morte.
A educação tem triplo sentido: social, individual e transcendental. Ela é dinámica, flexível,
universal, integradora e socializadora.
Bibliografia
ARANHA,Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2.ed.SP. : Modrna,1996
CIPIRE,Felizardo. Educação tradicional em Moçambique. 2.ed. Maputo.:EMEDIL, 1996.
GWEMBE, Eusébio A. Pedro. A educação no contexto tradicional e na actualidade ( apostila da FEC.). Nampula, 2005
NÉRICE, Imídio. Introdução à Didáctica Geral. S.P:F. Cultura,, 1961.
GIUA de APOIO aos ESTUDANTES
91
INTRODUÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS
Por J. Greia
( MDGE)
NPL, 15 de Janeiro de 2010
92
PALESTRASEDUCAÇÃO TRADICIONAL MOÇAMBICANA / REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O GÉNERO