Top Banner
ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa Monografia apresentada ao Curse de P6s-Gradua~ao em Poeticas Contemporaneas no Ensino da Arte, Faculdade de Ciemcias Humanas Letras e Artes, Universidade Tuiuti do Parana. Orientadora: Prof". Simone Landal CURITIBA 2003
68

Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Dec 02, 2018

Download

Documents

nguyen_duong
Welcome message from author
This document is posted to help you gain knowledge. Please leave a comment to let me know what you think about it! Share it to your friends and learn new things together.
Transcript
Page 1: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

ADRIANA ALVES DA SILVA

Grupo Pipoca Rosa

Monografia apresentada ao Curse de

P6s-Gradua~ao em Poeticas

Contemporaneas no Ensino da Arte,

Faculdade de Ciemcias Humanas Letras e

Artes, Universidade Tuiuti do Parana.

Orientadora: Prof". Simone Landal

CURITIBA

2003

Page 2: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Agradecimentos

Aos integrantes do Pipoca Rosa, a Simone Landal, ao Geraldo Leao, meu

pai Ivanildo, minha mae Lucia e inna Isabelle, e a todos que de fonna indireta

participaram na viabilizaC;ao deste trabalho meus sinceros agradecimentos pelo

apoio e por mais uma etapa vencida. Um agradecimento tambem sincero ao

Rafael pel a grande ajuda em relaC;ao as imagens.

Page 3: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Sumario

Imaqens ..

10

Grupo Pipoca Rosa ... 18

Inlrodu,ao ... 04o Grupo Fluxus .. 05Opiniao 65 e Grupo Rex .. 08Da Bicicleta pra 0 Moto Continuo ....Mota Continuo .. 14Grupos de Artistas na Hist6na da Arte .. 17

20Legenda das Imagens .. 24Pipoca Perfonmer?. 28Pipoca Rosa: Nem tao Doce AssimL. 31Conclusao .... 33Referimcias Bibliograficas .. 34

Page 4: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Introdu~ao

Apresentar uma pesquisa de conclusao de P6s-gradu8C;8o par 5i ja e urn

grande trabalho, pois demanda tempo, dedica,ao e disponibilidade, e este trabalho

S8 torna mais arduo quando 0 tema a ser pesquisado e um assunto completamente

contemporaneo na area das artes visuais, pois encontrar material de apoio apesquisa sob estas condic;:oes e muito dificil.

Toda 0 embasamento teerico fica vinculado, a catalogos, a malarias de

jarnais, a monografias ja conclufdas com assuntos simi lares e entrevistas com

pessoas diretamente ligadas a pesquisa, mas que de maneira alguma deixam de

validar tal pesquisa.

No decorrer da hist6ria da arte varias fcram as iniciativas de artistas e

intelectuais em suas respectivas epocas de S8 encontrar e colocar em paula a

produc;80 artfstica e a discussao em torna da arte, partindo desta premissa cinco

estudantes de arte do Curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Parana,

com 0 intuito de fomentar novas discuss6es extra-classe, iniciaram reuni6es

semanais para discutir tambem a produ98o individual, com uma consciencia de

grupo muito bem aliceryada 0 Grupo Pipoca Rosa teve seu infcio.

Tendo como tema central 0 Grupo Pipoca rosa e 0 "Trabalho das Pipocas·,

a,ao executada na cidade de Curitiba no ano de 2000, esta monografia em seus

primeiros capitulos trayara um breve resgate hist6rico de grupos que marcaram

epoca em ambito internacional e nacional e que exerceram grande influencia aqui no

Parana, rna is precisamente em Curitiba.

o segundo capitulo fica destinado a analise do grupo Pipoca rosa, sua

genese, seus integrantes e a obra do grupo.

Page 5: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

o Grupo Fluxus

Para S8 chegar ao tema central desta pesquisa S8 faz necessaria uma

sucinta contextualiz8gao de momentos na hist6ria da arte, onde acontecimentos

anunciam idei8s e conceilos a respeito da formayao de grupos, tanto nacionais

como internacionais. Em nivel nacional seu foco e 0 estado do Parana e epicentro a

cidade de Curitiba. Delimilando-se desta forma pretende-se facilitar 0 entendimento

do assunto.

No Parana, 0 periodo que vai de 1970 ate 0 inicio de 1980 foi marcado pel a

necessidade dos artistas em S8 unir para trocar experiencias, ocasionando urn

intercambio de informagoes e resultando na forma~o de diversos grupos, como 0

Sensibilizar, 0 PH4, a Bicicleta e 0 MotD Continuo'. Mas ja na decada de 60 surgla 0

Grupo Fluxus, nome dado par George Maciunas em 1961, para uma revista que

publica ria trabalhos de artistas experimentais, escritores e musicos. 0 nome Fluxus

deriva do latim, "flux~, que significa ato de fluir, movimento, passagem, fluidez.

o conceito da palavra "f1uxus" empregado par Maciunas era a de descrever

as varias atividades coletivas de uma determinada camunidade feita nao samente

por artistas plasticas, performistas, musicos au pessoas diretamente ligadas a

cultura e a arte, mas tambem por economistas, engenheiros, quimicos, matematicos,

ou seja, individuos ligados a uma atitude pessoal de relac;ao entre a vida e a arte,

questionando 0 papel desempenhado pel a arte e pelos artistas na saciedade.

Os artistas do Fluxus nao se viam como parte integrante de urn movimento

ou com um estilo deterrninado, muito menos como urn grupo, e sim como um

deterrninado numero de pessoas que assimilaram uma atitude perante a arte, a

cultura e a vida. Para Brecht:

~Cada um de n6s linha ideias pr6prias sobre 0 que era Fluxus e quanto matsideias melhor. Desta maneira levaria mais lempo para nos desacreditar. Para mim 0 Fluxusera um grupo de pessoas que se davam bem uns com os oulros e que estavaminteressados nos trabalhos e personalidades uns dos oulros· "2

1 Para uma maior discussao sobre este assunto consultar Cenlo de Pesquisa do Museu de ArteContemporanea do Parana para acesso a coluna de Adalice Araujo publicada no Jamal Gazeta doPovo do Estado do Parana."2 BRECHT, George. In: Traducao livre de ARMSTRONG, Elizabeth e ROTHFUSS, Joan. In the Spiritof Fluxus. Walker Art Center, 1993, p.24. In: MARtN, Deise. Bicicleta e Mota Continuo: A ArteFazendo HistOria em Curitiba. p. OB.

Page 6: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Esse grupo de pessoas reunido por Maciunas, tinham como ordem principal

quebrar, romper e minar a atitude de outros artistas em relagao ao pre-estabelecido

em relac;ao a arte, ou seja, onde tudo tinha seu local pre-determinado. As palavras

de Ridder afirmam esta questaa:

"No comet:;O dos anos 60 a apresenla~o da forma era muito decidida pelasinslituilfoes, 0 que era arte era arte, 0 que era musica era musica, teatro era teatro,conseqOentemente tudo tinha 0 seu lugar, a musica pertencia a salas de concerto, arte amuseus, nada aeontecia entre, nao existia lugar para misturas, nao havia lugar para 0 meuIrabalho.- 3

Por essas ideias de "intermidia" e de ruptura com 0 modelo vigente, 0 Fluxus

ficou conhecido como 0 ~Movimento Artistico mais Radical e Experimental dos Anos

60", senda sua atua9iia maiar entre as anas de 1962 a 1968 e num pracessa

continuo de evolu<;ao e mudangas.

Na Franga 0 artista Ben Vautier declarou "tudo e arte" , a partir disso foi

nomeado por Maciunas como ~100% Fluxman". Ben Vautier sustentou esta

declaragao baseado nas questoes levantados por Marcel Duchamp at raves dos

ready-mades, que insere 0 cotidiano a arte. De acordo com sua conclusao 16gica,

onde Fluxus dilui a arte no cotjdiano, ele passou a inventar certificados que

autenticariam objetos como garrafas de vinhos vazias, poeira, agua suja, cartoes

postais em branco e ele proprio como arte.

Maciunas produziu objetos em quanti dade a partir de materia is faceis e

baratos de se obter, colocando-os no mercado a pregos bern acessiveis. Com essa

atitude, tanto Vautier como Maciunas objetivavam colocar em check 0 status da arte

como valor.

"( ... ] FJuxus contem atitude, nao produzimos somente objetos, como bronze,esculturas mas nos temos atitude que e. decidir nao ser um ariista, ou ser suicida, ou beberou ate nao beber. Fluxus e uma tentativa nunca sucedida. Nao e hip6crita, mas tenta serrealista numa situalfaO pos-Duchamp, enos nao conseguimos ultrapassar porque nospodemos fazer 0 que quisermos ap6s Duchamp. 56 que nao hi! choque. Tudo e aceilo, aunica maneira de ultrapassar Duchamp e comec;:ar a nao ser artista. mas para ter propositode nao ser artista e necessario ser artista, entao e muito eomplicado ...4

3 RIDDER. William de. Tradw;ao livre do video The Misfits: 30 yers of Fluxos by Lars Mavin. EletronicArts Intennix, Cinnamon Film, 1993. In: MARIN, Deise. Bicicleta e Mota Continuo: A Arte FazendoHist6ria em Curitiba. p. 08.4 VAUTIER, Ben. Traduzido do video video The Misfits: 30 yers of Fluxos by Lars Movin. EletronicArts Intermix, Cinnamon Film, 1993. In: MARIN, Deise. Bicic/eta e Moto Continuo: A Arte FazendoHist6ria em Curitiba. p. 11.

Page 7: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Esperando trazer a visao artistica e a sensibilidade para a dia-a-dia,

Maciunas queria anular uma lacuna entre arte e vida, e a grupo Fluxus trabalhando

fora do circuito da industria cultural esperava alcan9ar a maior numero de pessoas

possiveis, criando seus proprias lugares de encontros para exposi96es,

performances e vend as de trabalhas. Par manter esta postura a Fluxus nao

arrebanhou crfticos ou defensores.

"(...1 N6s tentamos fazer nao arte, mas isto nao pode existir porque e arte. N6stentamos fazer arte viva, mas isto tambem nao pode existir porque tambem e arte ou e vida.Se e vida e vida e arte e arte, voce nao pode ter as duas ao mesmo tempo, ou e uma ououtra .Acho que Fluxus trouxe estas quest6es.',5

Como podemos perceber, 0 Fluxus marcou de forma intensa a decada de

60, suscitando quest6es entre vida e arte, deste modo proporcionando um novo

olhar para a arte, sem a aura elitista que a envolvia. Por se posicionar fora do

circuito artfstico, que, alias, este foi 0 grande marco da propria atuagao deste grupo,

conseguiu assim desafiar claramente pontos de vistas muito tradicionais do periodo

em que atuou. Dentro da trajetoria proporcionada pel a hist6ria da arte, observa-se

que tal atitude realizada pelo grupo Fluxus e constatada no passado, na atuagao da

maioria das vanguardas.

5 VAUTIER, Ben. Traduzido do video video The Misfits: 30 yers of Ffuxos by Lars Movin. EletronicArts Intermix, Cinnamon Film, 1993. In: MARIN, Deise. Bicicfeta e Moto Continuo: A Arte Fazendo

Hist6n'a em Curitiba. p. 11. ",~S\\)AD£/&

i %

Page 8: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Opiniao 65 e Grupo Rex

No Brasil nos anos de 1965 e 1967, no Rio de Janeiro e em Sao Paulo

respectivamente, ocorreram exposi<;6es dos grupos Opiniao 65 e Grupo Rex. No

Museu de Arte Contemporanea do Rio de Janeiro no mes de agosto e aberta a

Exposiyao Opiniao 65, onde faziam parte da exposiyao Adriano de Aquino, Aguilar,

Angelo Aquino, Anlonio Dias, Carlos Vergara, Flavia Imperio, Gastao Manuel

Henrique, Helio Oiticica, Ivan Freitas, Ivan Serpa, Pedro Escosteguy, Roberto

Magalhaes, Rubens Guerchman, Tomoshige Kusuno, Vilma Pasqualini, Waldemar

Cordeiro, Wesley Duke Lee entre Qutros, e os estrangeiros Alain Jaquet, Antonio

Berni, Gianni Bertini, Juan Genones, Roy Adzak, Peter Foldes, John Christoforou,

Michel Macreau e Jose Jadiel.

Os trabalhos presentes nesta exposi9ao demonstram 0 interesse desses

artistas pelo mundo, pel os problemas que 0 homem enfrenta no seu contexto social.

Como ocorreu com 0 grupo Fluxus, as artistas dos grupos do Rio e de Sao Paulo

trouxeram a tana nova mente a arte de volta a vida, de novo a tentativa de tirar a arte

de seu isolamento, dos seus antigos conceitos. Entretanto, a dissociac;ao de arte e

vida pode ser analisada sob uma outra atica. Independentemente de epoca, pais ou

circunstancias, as obras produzidas pelos artistas mantem relac;ao direta com a

momenta histarico em que foram criadas, nao existindo isenc;ao par parte dos

artistas ao momento em que vivem. Portanto, pode-se dizer que arte e vida

estabelecem uma sincronia na histaria da humanidade.

~Opiniao 65 era uma exposi~o de ruptura. Ruptura coma arte do passado ... Se avanguarda artistica mundial derruba assim os conceltos fixados durante tantos anos numaestetica c6moda, e porque 0 artista, hoje desempenha um papel novo na sociedade, naoaceila lributo de uma tradicao plastica caduca" 6

Fajardo, Frederico Nasser, Geraldo de Barros, Jose Resende, Nelson

Leirner e Wesley Duke Lee formam 0 Grupo Rex iniciando suas atividades abrindo

um espac;o para suas exposic;oes, a Rex Gallery and Sons, que simultaneamente

com a exposiyao, lanyam 0 jornal-boletim Rex Time em maio de 1967.

6 FRANCO, Ceres. In: Texto do catalogo da Mostra Opiniao 65, RJ. In: Continente Sui, do InstitutoEstadual do Livro. In: MARIN, Deise. Bieie/eta e Moto Continuo: A Arte Fazendo Hist6ria em Curitiba.p.14.

Page 9: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

o Grupo Rex buscava uma nova forma de comunicaC;8o com 0 publico,

propondo uma arte experimental, que seria apresentada a medida que fosse

desenvolvida. Com este posicionamento, 0 Rex reage ao circuito tradicional das

exposig6es e do mercado da arte. E com a Rex Time, procurava instruir e divertir as

lei tares. Tambem, com muita irreVerElncia e humor, apresentavam exposic;6es,

proje90es de filmes e happenings.

o termino das atividades do grupo ocorre com a Exposig8o-n8o-ExposiC;80,

onde as obras est80 presas ao espago expositivo e 0 publico tem que ultrapassar

obstaculos para leva-los para casa.

Page 10: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

iO

Oa Bicicleta pra 0 Moto Continuo

Tendo como faco a exposig8o Bicicleta e posteriormente a formaC;:8o do

grupo Moto Continuo, este capitulo apresenta de forma breve como S8 deu a

formaC;8o e de que forma estes grupos agiam, para observar S8 existe algum tipo de

relayao entre 0 Moto Continuo e 0 Pipoea rosa, pois atuaram na mesma cidade,

sendo a atuayao do Moto Continuo precedente em duas deeadas a do Pipoea Rosa.

Segundo Adalice Araujo, no Parana 0 termino dos anos 70 e inicio dos anos 80 foi

marcado pel a necessidade dos artistas em S8 unirem para trocar experiencias,

ocasionando urn intercambio de informac;oes e resultando na formaC;8o de diversos

grupos como 0 Sensibilizar, a PH4, a Bicicleta e 0 Mato Contfnuo.

A exposiyao nomeada "Bicicleta" ocorreu no mes de maio de 1982 no Hall

do Teatro Guarra, os artistas que participaram desta mostra fcram Antonio Shgra,

Denise Bandeira, Denise Roman, Eliane Prolik, Geraldo Leao, Leila Pugnaloni, Luiz

Hermano, Mohamed, Marco Antonio Camargo, Raul Curz e Rossana Guimaraes em

sua maioria recem-formados pela Escola de Musica e Belas Artes do Parana. Tendo

a entao diretor da Secretaria da Cultura do Estado Ennio Marques Ferreira, cedido 0

local e patrocinado 0 convite desta coletiva.

As obras presentes nesta exposi980 sao das mais variadas tecnicas, pais

cada artista trabalhava com uma tecniea diferente, Eliane Prolik apresentou

trabalhos com heliografias e instala~ao,Denise Roman com litogravuras, Denise

bandeira com esculturas, Antonio Carlos Shrega com desenhos em tecnica mista,

Geraldo Leao com moldes de gesso, desenhos e pinturas de figuras humanas, LeilaPugnaloni com desenhos, Luiz Hermano com aquarelas, Raul Cruz com desenhos

em tecnica mista, Mohamed com pinturas, Marco Antonio Camargo com desenhos e

Rossana Guimaraes com desenhos a lapis de cor.

Antes da exposi~ao acontecer, todos eles previamente se encontraram para

discutir de que forma aconteceria esta exposic;ao, qual seria seu significado, equal

seria sua importancia para cada um deles. Este foi 0 primeiro posicionamento

desses artistas diante da sua propria produc;ao, se preocupando com a organiza~ao,

concepc;ao ate a finalizac;ao da exposic;ao.

As palavras de Geraldo Leao citadas abaixo, demonstram que Bicicleta e

Moto Continuo, mesmo tendo algumas semelhanc;as com os grupos Opiniao 65 e

Page 11: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

II

Rex, par serem de gerag6es distintas e estarem envolvidos em contextos nacionais

igualmente diversificados, nao S8 propunham mais a atitudes de ruptura do tipo

empregado par estes grupos do Rio de Janeiro e de Sao Paulo.

"Chegamos a conclusao que estilvamos extremamenle insatisfeitos com 0 cenarioartislico que 5e encontrava na cidade. E nosso ambito era na cidade mesmo, denlro dessaarea, em lermos de Brasil e de mundo nao tinhamos esse alcance. Mas, ao mesmo temponao assumiamos mais a ideia de atitude de vanguarda, nao tin ham os e5sa ilusao, nem e5sapretensao. Queriamos, 0 que praticamente 0 que todos queriam fazer 0 seu trabalhoindependente de qualquer tipo de pressao, seja social, seja estetica, seja econOmica.Estavamos saindo da ditadura, a ditadura estava em processo de acabar, meio dentroainda. Todos tinhamos crescido como adolescentes sendo pressionados pelos militantesmesmo, pelas pessoas que enfrentavam a ditadura. Eu fui formado (na ditadura) para tomarsempre atitudes social mente consequentes, responsaveis. Achavamos que os trabalhosartisticos era uma coisa que discutia diretamente nesse ambiente, mas nao devia serdiretamenle direcionado apenas por ele. Entao, chegamos a conclusao que nao tinhamosnada em comum com todas essas pessoas, a nao ser mostrar 0 trabalho, esta produc;ao.Escolhemos 0 nome "Biciclela" exatamente por isso, porque nao significa nada, nao tinhaum significado que desse algum tipo de unidade entre 0 pensamento das pessoas.Aprendemos que havia uma profunda divergencia, e que essas diferenc;as eram pra seremrespeitadas. Ao contra rio do que tanto os militares pregavam, quando os de esquerdapregavam na epoca, a unanimidade nao existia."7

A Bicicleta foi marcada pelo posicionamento desses artistas em relagaa a

liberdade, pais nao queriam nenhum vinculo com movimentos ou titulagoes

passlveis, com amarras que padariam suas ideias au com questao do inserir a arte

no dia-a-dia, queriam so mente mastrar seus trabalhos e mostrar a pensamento da

produgao. Nao existia um tema a ser pensado para ser exposto nas obras, era tudo

muito livre, cada um desenvolveria sua proposta, seu trabalho.

Ap6s todo a debate que foi citado anteriormente em relagao ao "conceito" da

exposigao, foi necessaria pensar em urn nome para a mostra. Ennio Marques

Ferreira sugeriu como nome, "Artistas Emergentes no Parana", que acabau naa

agradando aos artistas desta expasigaa, que sem grandes dificuldades chegaram a

um consenso, Bicicleta.

Mas porque Bicicleta? Como ja dito par Geralda Leaa na citagao anterior,

"porque nao significava nada, nao tinha um significado que desse a/gum tipo de

unidade entre 0 pensamento das pessoas". Era um nome isento de qualquer

i Entrevista com Geraldo Leao 12/11/98. In: MARIN, Deise. Bicicfeta e Mota Continuo: A ArteFazendo Hist6ria em Curitiba. p. 22.

Page 12: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

12

preconceito ou ideia pre-estabelecida. Com 0 nome definido, criaram um texto para a

exposic;ao, tal texto foi concebido par todos as integrantes da Bicicleta.

"Bicicleta nao e postura calada au alienada, nem procura dar pontapes nos ferros degrades antigas e academicas inconsequentemente".Bicicteta nao e 0 novo arrogante e nem se quer se propoe a ser novo, au agredir a lutarcontra 0 velho. Eta justamente nao quer discutir termos. E S8 ela liver urn espac;o vai sero lugar que the couber.8icicleta nao e manchetes contra sistemas, principalmente quando 0 conceito de sistemae caquetico e gasta dentro do sensa refratario unilateral. Nao esta artisticamente nadireita conservadora do usa tradicional dos materiais e no classico conceito de criadores.No entanto reconhece que as posturas de uma vanguarda e uma eoisa inconseiente,justifieavel apenas nas primeiras decadas deste seeulo. 0 tenno morreu e restou suasheranc;as faseista. 0 que existe e gente fazendo coisas, sentindo, pensando, produzindo.Ofereeendo mesrno que deste verba fac;a parte urn "ernbrulho" artisUeo ditigido remetidopor n6s artistas, instituic;oes, eritieos e marehandsBicicleta nao e urn titulo sern importancia, e um nome sem significado pr6prio,eseorregadio, para que 0 espeetador nao se agarre a ele.Bicieleta e a proeura do esseneial para a sensibilizayao.A produc;ao e a expressao."8

Para 0 cartaz da exposi980, que tambem tinha a fungao de convite, foi feita

uma fotografia com todos os artistas participantes da mostra.

Nesta foto cada integrante aparece com um objeto cujo significado fosse

importante para cada um deles. A foto foi tirada em uma rua da periferia de Curitiba

pr6ximo ao local onde urn deles residia. 0 fot6grafo foi Julio Covello e dentre todas

as fotos tiradas a escolhida foi a que mostra a grupo atras de uma mesa, onde cada

8 MARIN, Deise. Bicic/eta e Mota Continuo: A Arte Fazendo Hist6ria em Curitiba. p. 23 e 24.

Page 13: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

13

urn aparece desempenhando urna 8g80 diferente com seus respectivos objetos, urna

composiry80 que S8 pareee muito com a santa ceia.

A frase que consta no cartaz/convite foi apresentada par Raul Cruz urn dia

antes da impressao. A frase e de Nietzche em Assim Fa/au Zaratrusta: "Uma palavra

no momento oportuno: nac me convidaste para participar da tua refeiry8o? E aqui

estaD varios Qutros que percorreram longos caminhos. Nac pretendo, de certo,

nutrir-vos com palavras!ft

Com essa imagem de urna hipotetica eeia, a ideia era de unir as diferenc;as

para que todos as espectadores partilhassem dela na exposi<;80, onde a difereng8

acrescenta e nao subtrai, ja que as obras apresentadas eram muitos distintas entre

si. Essas ideias de partilhar diferenry8s e quanta mais diferengas melhor, e comum

ao Fluxus. Mesmo ocorrendo essa coincidencia, observa-se que ela nao se deu por

influencia do Fluxus sobre a Bicicleta, ja que, como declarado pelos artistas desta

mostra, eles nao tinham conhecimento da existencia daquele grupo9. Entao, 0 que

pode justificar esta coincidencia, pode estar no contexto social vi vi do por estes

artistas na Curitiba daquele perfodo.

Como ja foi citado anteriormente, as obras expostas eram das mais variadas

tecnicas e materia is. Cada artista da exposit;ao participou com dez trabalhos. Como

a mostra era de uma pluralidade enorme, a unicidade da exposigao foi dada atraves

de cerca de 15 em de folhas de platano, colocadas ao chao do Hall do Teatro

Guaira. 0 som das pessoas andando sabre as folhas era urn dado a mais na

composi9aO da mostra. Entretanto, a ideia nao foi bem aceita pela diretoria do teatro,

muito menos pelo Corpo de Bombeiros, por apresentar perigo iminente de incendio,

como conseqOencia as folhas foram retirados no dia seguinte.

Bicicleta, por ser nome de uma mostra nao constitui um grupo, e os proprios

artistas nao se viam enquanto grupo, mas foi dessa forma que foram rotulados pel a

critica da epoca10 Um dado que difere muito em relar;ao ao Grupo Pipoca onde a

ideia de grupo era muito consciente desde seu inicio, como sera passivel constatar

no capitulo destinado ao Grupo Pipoca Rosa.

9 Ver, entrevistas em anexos. In: MARIN, Deise. Bicicfeta e Moto Continuo: A Me Fazendo Hist6riaem Curitiba. Entrevistas em anexos.,0 Para uma maior discussao sabre este assunto, consultar Cento de Pesquisa do Museu de ArteContemporanea do Parana para acesso it coluna de Adalice Araujo publicada no Jornal Gazeta doPovo do Estado do Parana.. p"\1~.AD.!: '" .ro:.'- /%:

! '0.' ;:·:::..~I;'

8iJrig\.~:../

Page 14: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

14

Mota Continuo

Como pod ere mas perceber a formaC;8o do Moto Continuo, ocorreu depois de

urn processo de maturac;ao a respeito da propria prodUC;80 de alguns artistas iniciada

com a exposi9ao Bicicieta. No ano de 1983, no dia 26 de abril, Denise Bandeira,

Eliane Prolik, Geraldo Leao, Mohamed, Raul Cruz e Rossana Guimaraes, enviaram

a Funda9ao Cultural de Curitiba um projeto de exposi,ao, tendo como finalidade

conseguir urn local para uma colstiva, na qual S8 chamaria Moto Continuo. No

perfocto de 15 de setembro a 9 de outubro do mesma anD, toi aberta a mostra Moto

Continuo na Galeria de Artes da Funda,ao Cultural de Curitiba

o nome Moto Contfnuo nos remete ao movimento, a passagem continua, afluidez, a mudanc;as, adjetivos estes tao relacionados ao Fluxus, e que naG param

par af essas semelhanc;as. Assim como a Fluxus, 0 Moto Continuo tambem S8

utilizou de interferencias urbanas como cartazes, jarnais e panfietos que iam ao

encontro do grande publico, como forma de levar e transmitir a produ,ao artistica do

grupo.

o que queriamos, como 0 nome que escolhemos diz, era mexer com as pessoas,lidar com a questao que para n6s nunca foi estatica, definida. Enquanto viamos 0 tempotodo, escutavamos 0 povo falar de manifesto de arte, criticas de arte, opinioes de arte, 0que viamos, 0 que percebiamos na nossa vivencia, e que a arte e tudo, menos definic;ao,menos 0 que possa ser definido. Era urn movimento perpetuo, dai chegamos a essa ideiade Moto Continuo. Queriamos fazer uma exposicao que rompesse aquela expectativa daobra pronta, porque estamos sempre em processo. A obra acaba quando morremos, naDtern uma coisa fechada, isso af e subproduto. produzimos objetos, sao produtos de nossotrabalho, do pensamento.11

"Queriamos fazer uma exposi!yao que rompesse aqueJa expectativa da obra

pronta, porque estamos sempre em processo". Esta frase dita par Leao, demonstra

muito bem a imporUmcia do processo na produ~o desses artistas e dessa forma foi

pensada uma exposiC;ao que levasse arte para a rua, fazendo a cidade respirar arte.

Aqui S8 apresenta outra semelhanc;a entre Fluxus e Mota Continuo, com a

proposta de levar arte para a maior numero de pessoas possiveis, au seja, para a

rua, fora das institui!yoes como muse us e galerias, e para isso se utilizando de

" Entrevista com Geraldo Leao 12111/98. In: MARIN, Deise. Bicie/eta e Moto Continuo: A ArieFazendo Hist6ria em Curitiba. p. 43.

Page 15: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

midias alternativas. 0 Fluxus utilizava essas midias atraves da reproduryao e 0 Moto

Continuo ao contra rio, seus trabalhos com essas mfdias permaneciam com uma

aura de obra uniea, pOis os jornais utilizados para a distribui~o continham

pictogramas (desenhos) feitos individualmente a tinta. Como anteriormente descrito

com relaryao a Bicicieta, essas coincid€mcias de atitudes entre 0 Fluxus e 0 Mota

Continuo tambem nao sao dados de uma possivet influencia daquele sabre este.

A90es simultaneas e outras que antecederam a exposiryao fizeram parte de

todo 0 contexto do evento Mota Continuo, como a distribuiryao dos jornais

pictograficos em diversos lugares como eventos, festas, exposiryoes, shows musicais

e na pr6pria rua.

Os cartazes que em si eram tambem obras do Mota Continuo eram feitos

em papel e continham todas as informaryoes sobre a exposiryao, sendo colados em

diversos pontos da cidade, tendo a funryao de divulgar a mostra. Somando-se aos

cartazes, tinha-se a Jornal Mota Continuo, as performances e a distribuiryao de

textos, todos com a mesma fun9ao de divulga9ao.

E muito interessante pensar nestes jornais que recebiam interferencia a tinta

feita par eles, levando-se em considerat;ao 0 jornal como algo tao cotidiano e

prosaico. Eram jornais comuns que continham toda as informa96es daquele

momenta, e que foram transformados em objetos artisticos.

A maneira de como esses jornais eram distribufdos nao estava vinculada a

nenhum tipo de forma tradicional, como bancas de revistas ou postagem domiciliar,

muito pelo contra rio, se deu atraves do contato direto, de mao em mao. Uma ac;ao

sobre 0 cotidiano, assim como a Fluxus mais uma vez. Com 0 usa do jornal e por ser

urn elemento tao reconhecivel, nao se fez necessario um intermediario entre arte e

expectador, no caso museu ou galeria, questao essa que coloeava em discussao 0

papel da institui9ao e da politica cultural vigente.

A exposic;ao Moto Continuo ganha as ruas de Curitiba, com seus cartazes

urbanos. Logo abaixo do cartaz constava urn texto informativo que seguia um

padrao de tamanho de 58 cm de comprimento e 15 cm de largura contendo data,

horarios, 0 texto 69 e outras informaryoes. Todos colocados em lugares onde na

maioria das vezes eram fixadas propagandas, pode-se dizer que eram lugares

estrategicos para a melhor visualizayao da popuJaryao que circulava par esses locais.

Page 16: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

16

Esse exemple e urna atitude alternativa do fazer arte, de forma que S8

dissolve arte e vida num unico contexte, essa atitude tambem era proposta pelo

Fluxus.

Em Moto Continuo ocorreu urn fata muito curiosa, houve duas vernisagens,

a que nao e comum, urna na abertura no dia 15 de setembro e a Qutra ao terminG no

dia 9 de outubro, onde essa ideia de movimento e processo continuo se deu

literalmente. No encerramento da mostra, todos as trabalhos foram substituidos par

Qutros e a disposi~o geral da exposi.yao foi alterada, para as artistas a arte esta em

movimento, a arte esta em continua transforma98o.

Page 17: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

17

Grupos de Artistas na Hist6ria da Arte

Dentro da Hist6ria da Arte, observa-s9 urn grande numero de grupos de

artistas atuando com as rnais diversificadas finalidades. Esta pesquisa monografica

trata da formayao e da produ<;Elo de urn grupo especifico de artistas, chamado

Pipoca Rosa, que atua na cidade de Curitiba, no Parana.

Dentro deste grande numero de grupos existentes dentro da Historia da Arte,

selecionou-se urn grupo estadunidense, Fluxus e dais grupos brasileiros, Opiniao 65,

carioca e Rex paulista. Somando-se a esta seleyao, utilizou-se dais eventos

paranaenses, Bicicleta e Moto Continuo, para uma melhor compreensao da

constitui~ao da pratica de forma~ao de grupos. Oeste modo tambem, contribuindo

para a formag8o das analises relacionadas a produc;ao do grupo Pipoca Rosa.

A seleg80 dos grupos e dos eventos, tambem S9 fez necessaria para

ambientac;ao hist6rica da produy2o do Pipoca, pais e observada a utiliza~o do meio

Performance na atua980 de todos estes grupos. Por este fato, foi possivel observar

diferen9as com rela980 ao usa da Performance entre estes grupos e a Pipoca Rosa

Esta situa980 acima citada sera melhor desenvolvida no capitulo "Pipoca

Performer?"

Page 18: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

18

Grupo Pipoca Rosa

Como 0 objeto de estudo desta monografia a 0 Grupo Pipoca Rosa, se faz

necessaria esclarecer que as pr6ximos capftulos tratarao do infcio do grupo ate 0

Trabalho das Pipocas. Periodo este que vai de abril de 2000, ata a data em que foi

executado 0 trabalho, dia 28 de novembro de 2000. Trabalho este que projetou 0

Grupo Pipoca Rosa.

Este grupo e formado palos artistas, Livia Piantavini, Otavio Roesner, Lilian

Gassen, Tony Camargo, Raiza de Carvalho e Willian Machado, tendo este ultimo

integrado ao Pipoca somente em 2002. Todos eles fcram estudantes de Arte da

Universidade Federal do Parana, onde puderam S8 conhecer atrav8S de uma

exposi9iio coletiva dos estudantes da UFPR.

A dinamica do grupo S8 dava da seguinte forma: eram agendadas reunioes

semanais sempre com hera marcada, gravadas em mas VHS e anotadas no livro

ata, que continha 0 nome das pessoas presentes na reuniao e 0 assunto a ser

debatido. Par essas caracteristicas de extrema formalidade, podemos perceber a

consciencia que todos eles ja dispunham em relayao ao pr6prio grupo da qual

faziam parte. Diferentemente do que acontecia ao Moto Continuo quando

comparado 80 Pipoca, pelo fato dos artistas envolvidos com 0 Moto Continuo

afirmarem que nao eram urn grupo e nao agiam com esta finalidade de grupo.

Na pauta de discuss6es dessas reuni6es encontramos, a produgao

individual dos integrantes do grupo, as exposigoes vistas por eles e 0 sistema de

arte. A ideia central era 0 amadurecimento enquanto artistas, ate porque,

praticamente todos eram recem chegados a universidade, inexperientes a respeito

da profissao e avidos por informag6es, onde 0 grupo serviria como uma especie de

catalisador nesse processo de maturag8o.

Pra genIe comec;ara entender lodo 0 sistema que era nao s6 0 que e arte, como(unciona, 0 que e artes plasticas, como (unciona, 0 que e ser artisla, as linguagens, mastamMm a sistema da arte, como funciona 0 mercado da arte, a artista nesse sistema, entaona verdade a genie nao tinha esse conhecimento, entao a gente comec;ou a ter muilainfonnac;ao, tanlo que como 0 grupo acelera esse processo de amadurecimento ... Vocecomec;aa trocar e ler muito acesso nas infonnac;:oesentao i550 fez com que a gente tivesseuma certa curiosidade em saber como funciona tudo iSso,mas foi sempre uma visao crilicadesde 0 comec;:o,nao 5ei se porque pelo falo de ser em grupo e a gente e5tar acostumado adiscutir, a genIe sempre teve um grau de confianc;:asuficiente pra questionar e nao 56absorver, entao a fato da genIe discutir todo dia como as coisas funcionam au como que

Page 19: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

19

nao funcionam e querer saber tudo preto no branco e estar discutindo isso todo 0 dia entreos cinco.'2

Urn dado interessante e que a Pipoca, a principia S9 reunia sem a intenc;ao

de produzir obras de arte como grupo, ou seja, a produ98o do Trabalho das Pipocas

foi come9ando a S8 idealizado ap6s urn lango periodo de discuss5es, nao foi algo

pensado logo e sim um processo em que as circunstancias vivid as e as reunioes 0

delinearam.

A inexperiemcia dos integrantes do grupo nao tras nenhum ponto negativD,

bern palo contrario. 0 Trabalho das Pipocas ocorreu pela pouca informaC;:8o que as

artistas do grupo tinham a respeito dos tramites vi gentes para ingressar em espac;:os

oficiais, como museus e galerias de Curitiba. Devida a essa Situ8C;:BO, num primeiro

momento, 0 grupo pensou em alugar uma casa para poder viabilizar uma exposi980

coletiva de seus participantes. Essa alternativa acabou sendo descartada por

motivos financeiros. A alternativa par eles encontrada seria fazer uso das vias

publicas, dos espa90s urbanas. Assim inicia-se a discussao sabre a trabalho a ser

feito.

Meticulosamente arquitetado 0 trabalho das Pipocas como destaca Paulo

Reis, "tomou de assalto a cidade de Curitiba,,13, na qual 10 mil pacotes de pipocas

foram despejados em frente das principais institui90es de arte da cidade. Sendo

elas: Museu Alfredo Andersen, Casa Joao Turin, Casa Romario Martins, Casa

Vermelha, Galeria Casa da Imagem, Galeria Ybakatu, Casa Andrade Muricy, Museu

de Arte Contemporanea, Solar do Barao e Museu Metropolitano de Arte, sendo toda

a a9ao registrada atraves de fotografias e imagens em VHS.

12 EnlrcviS\a C0111 Livia Pialltavini, 03/0912003. Ver allcxos.

13 REIS, Paulo. Outros circuifos da cidade. Dispon[vel em: <http://www.agora.etc.br/revista-online/res-01.hlml> acesso em 21 abr. 2003.

Page 20: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

20

Page 21: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

21

Page 22: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

22

19

Page 23: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

23

Page 24: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Legenda das Imagens

1. Chegada do caminhao vindo da fabrica de pipocas.

2. Fardo de pipoca estocado, pronto para ser distribuido.

3. Confeq;ao dos envelopes an6nimos para serem enviados via correio.

4. Envelopes prontos e classificados par regiao e pais.

5. Entrega dos envelopes nos Carreias.

6. Vinte e aito de navembro, pipocas calocadas no carro de apaio pra iniciar a

despejo.

7. Largo da Ordem, Gasa Romario Martins.

8. 9. Largo da Ordem, Gasa Joao Turim.

10. 11. Museu Alfredo Andersen.

12. 13. Gasa Andrade Muricy.

14.15.16.17. Solar do Barao.

18. Museu de Arte Gontempor;,nea, MAG.

19. Museu Metropolitano de Arte, MUMA

20. Galeria Gasa da Imagem.

21. Galeria Ybakatu.

Page 25: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

25

A reayao das pessoas que passavam por esses locais, no exato momento

em que a ayao se desenvolvia era de completo espanto, algumas so mente

observavam e outras incitadas pela curiosidade, se aproximavam e questionavam 0

grupo a respeito do que se tratava aquilo, e se poderiam pegar os pacotes de

pipocas, para comer e tambem levar para casa. Sendo a reposta um sim e uma

pequena explica~ao do era aquilo, 0 espanto tornava-se ainda maior, sendo explfcito

at raves da expressao de suas faces, entretanto e total mente cempreensivel a

descrenya dessas pessoas em absorver aquelas pipocas como urn objeto artistico,

onde arte para muitos ainda e um quadro pendurado na parede de um museu ou ate

mesmo na sua sala de estar

o espanto a que essas pessoas foram submetidas pode tam bern ser

chamado de desconforto, choque e ate mesmo de indigna980 e tedio. A partir do

momento em que se defrontaram com tal situa~o e apresentadas a uma nova

possibilidade de arte e pouco habitual, sentiram-se completamente desamparadas

em relayao a concep<;ao e ideia de arte que tinham em suas mentes e que

acreditavam fazer parte integrante, onde a frustra9ao e a priva<;8o de apreens80 da

obra se evidencia porem, mas resposta que ouviram, de alguma forma

redimensionou a no<;ao de arte para elas.

Um dado interessante a ser apontado e 0 consumo da obra literal mente, as

pessoas que presenciaram e participaram efetivamente da coleta das pipocas, nao

eram meros espectadores, mas sim parte integrante, onde a a<;ao delas compunham

a obra em sua totalidade, pelo lato do trabalho ter sido realizado em espa~os

urbanos, ende a participa<;ao efetiva das pessoas seria inevitavel.14

o despejar das pipocas foi um segundo momenta deste trabalho, pois 0

primeiro ocorreu cerca de duas semanas antes, onde 200 envelopes contendo urn

pacote de pipoca haviam sido enviados via correio a artistas, criticos e curadores do

Brasil e do exterior, nao escapando 0 Museu de Berlim, na Alemanha e 0 MOMA de

Nova York, todos os envelopes seguiam an6nimos para seus destinatarios.

Levando em considera<;ao que todos esse fatos fcram rigorosamente

mantidos sob absolute sigilo, e ate entao ninguem sabia do que se tratava aquele

14 Estas observacoes tern como origem, a minha observacao participativa do trabalho e das reaCoesdo publico, pois contribui com a documenta{:ao fotografica, do instante em que 0 trabalho estavasendo executado, e do momento seguinte, em que 0 publico observava e participava.

Page 26: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

26

pacote de pipoca recebido pelo correia, as rea<;oes destes destinatarios foram as

mais diversas posslveis, desde a recebimento de maneira cordial 80 pacote de

pipoca, isse incluindo sua degusta<;ao e ate de maneira nada amistosa, ende 0

pacole fora parar na lata do lixQ, Como exemplo destas situ890es, temes:

Fiquei surpresa quando recebi as pacotes, achei que fosse alguma performance,alguma caisa relacionada a arte e fiquei esperando um telefonema ou uma correspondenciaque explicasse do que se tratava.15

Achei que poderia ser uma homenagem a Galeria mas, na verdade tudo acabouvirando uma festa. Os moradores dos predios vizinhos desceram e as estudantes da UFPRvieram ate aqui para apanhar alguns pacotes.

Achei a ideia muito interessante. lEi

Quando cheguei na Galeria Casa da Imagem eu vi que a escadaria estava chelade sacos de pipoca achei que aquilo tinha cara de coisa de artista. Algumas pessoaspensaram que era invenC;ao minha. Quem dera fosse minha essa ideia tao interessante.17

No dia 28 de novembro pela manha a a980 do despejar das pipocas se

efetivou e ao anoitecer do dia 30 do mesmo mes ocorreria a abertura da exposiyao

do artista plastico Antonio Dias, renomado artista brasileiro que hoje reside no

exterior, mas que por conta de sua exposir;ao encontrava-se em Curitiba para a

montagem e para vernissage.

Uma curiosa e feliz coincidencia foi 0 fato do momento em que 0 grupo

despejava os pacotinhos de pipocas em frente a Casa Andrade Muricy, local da

expOSir;80 de Dias, ele se encontrava no interior da Casa, trabalhando na montagem

da sua exposir;ao, deste modo sendo mais urn expectador da "estripulia" do grupo. E

em sua vernissage 0 Grupo Pipoca Rosa fora apresentado a Antonio Dias que ficou

bastante surpreso com 0 trabalho do grupo.

Finalmente 0 desfecho programado onde tudo seria revelado caberia aimprensa, 0 que de fato ocorreu, a ayao aconteceu no dia 28 de novembro de 2000.

Esta terce ira e ultima etapa do trabalho foi publicada no jornal Gazeta do Povo em

seu Caderno de cultura, sendo capa da edi<;iiodo dia 9 de dezembro de 2000, cujo

titulo era "Performance: Grupo distribui dez mil pacotes de pipocas nos principais

n GUIMAAAES. ROSS-1Ila. Snbor emilI/de. Maleria publicada no jOfOal Gazela do Povo de 09 de dezembro de2000.16 MELLO, Marco. Sahor e alill/de. Mmcria publicada no jornal Gazelll do Povo de 09 de dczcmbro de 2000.17 \VEIDLE. CariI1.1.Sabor e ali/tide. Maleria pubJicad11lojomai Gazela do Povo de 09 de dezembro de 2000.

Page 27: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

27

museus e galerias da cidade" Oesta fonna 0 "Trabalho das Pipocas" au a

Performance das Pipocas, fai encerrado como havia side exaustivamente discutido e

pensado.

«:~\uA{)( ?,,".; ":;-~

;.,.":; ~::i .. -rl>. '.-..

I

~?~//

Page 28: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

2&

Pipoca Performer?

Urna questao muito discutivel dentro deste trabalho seria 0 "enquadramento"

da linguagem na qual ele S8 insere. Seria urna performance? Quais os elementos

que 0 caracterizariam enquanto performance? Afinal, 0 que e performance? Existe

esse dialogo direto entre performance e 0 Pipoca Rosa? 0 proprio jornal Gazeta do

Povo em sua reportagem a respeito do trabalho do grupo, a intitula como sen do urna

performance, estaria correta tal afirmac;ao? A melhor maneira de sanar essas

duvidas seria partir da definiyao de performance.

Segundo 0 Dicionario Oxford de Arte, "performance e a forma de arte que

combina elementos do teatra, da musica e das artes visuais. Tern relayao com 0

happening (as dais termos sao as vezes usados como sinonimos), mas difere deste

par ser em geral mais cuidadosamente planejada e nao envolver necessariamente a

participa~ao dos expectadores, e happening (acontecimento), forma de espetaculo,

muitas vezes cuidadosamente planejado, mas quase sempre incorporando algum

elemento de espontaneidade em que um artista executa ou dirige uma aC;ao que

combina teatro com artes visuais. 0 termo foi cunhado por Allan Kaprow em 1959 e

tem side usado para designar uma multiplicidade de fen6menos artisticos" .18

Analisando as definic;6es de performance e de happening encontramos

pontcs em comum entre essas duas manifestac;6es artisticas e 0 Trabalho e/ou

Performance das Pipocas ou talvez "Perhappening ou Happeformance" das Pipocas.

[...) Eu acredito que foi senso comum, ate porque nao tem 0 que discutir mesmo,de que nao seria necessariamente uma perfonnance, ate porque ninguem tinha pesquisadoperfonnance ou a ideia de perfonnance, por mais que a gente soubesse e tivesse um certodiscemimento do que seria, atraves do que se pode ver na hist6ria da arte, basicamente8eyus e Cage... 0 foco do trabalho nao tinha 0 interesse que fosse especifico de uma ououtra linguagem... Nao tern uma preocupac;:aointrinseca de sabe, linguagem, a linguagem econceitual, entao a gente nunca discutiu perfonnance [...]19

[...] Eu nao sei 0 que e perfonnance, entao eu nao diria que e uma perfonnance,eu 56 sei que isso nao e perfonnance, porque ele nao foi pensado nestes tennos e quetalvez ele se enquadre em alguns pontos, mas isso e s6 tecnico, uma coisa tecnica, dedefinic;ao,talvez esse trabalho se encaixe em alguns pontos da ideia de perfonnance, maseu nao sei quais pontos seriam esses, porque ele nao foi pensado dessa fonna, agora euacho bern interessante 0 fato dele ter essas caracterfsticas de perfonnance, que fogem daideia de objeto de arte, dessa ideia de artes plasticas mais ortodoxas... Eu acho isso

1~ Verbetes perfonnance p. 404 c happening p. 247.19 Entrcvista com Tony Camargo, 03/09/2003. Veranexos.

Page 29: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

29

interessante e interessante ate par explorar em outros trabalhos e5sa possibilidade de naoter esses limites, de poder se apropriar de outras linguagens.20

[ ... J Eu acho que quando a gente fez aquete trabalho, a gente nao pensou em quetipo de trabalho que a genIe estava fazendo, se era uma jnstala~o, se era escultura, se erauma performance. a gente simplesmente pensou no todo, e elementos de perfonnance agenIe pode situar como parte do trabalho, 56 e 0 fato da gente ir la e jogar a pipoca, e urndos vanos elementos que esse trabalho tern. se a genIe for pensar assim, a parte dosCorreias e do Jarnal, 5e a gente for pensar descaracteriza tudo, porque acaba ficando urnobjeto dessa at;ao, entaa como e que vai pensar isso? Entao eu acho que esses limites dedefinityoes, se e performance se nao e, acaba sendo quase que irrelevante, fica"desimportanteB quando a genIe pensa no todo do trabalho, que ele acaba se situando comose fosse uma "coisa~ de vanas partes, que e a parte de jogar as pipocas, a parte doscorreios e a do jamal, a divulgacao?l

[ ... J Eu nao considero uma performance ... Eu me lembro do dia e eu nao sentinenhuma vonlade, digamos poetica gestual de abrir os pacotes, de jogar os pacotes, entaonesse sentido foi uma coisa praticamente operaCional. Assim como um funcionBrio executaobras com certa previsibilidade, entao nesse sentido existiu 0 ato de ir la e fazer a trabalho,assim como no momento em que voce esta pintando ou fazendo uma escuttura, voce estafazendo aquilo de urn jeilo operacional, mas nada impede tamMm de ser um momento deextrema poesia ... No dia la foi bern operacional, sem nenhuma preocupatyao de como osoulros iam ver a gestualidade do meu corpo.22

Fica bern explfcito a nao preocupa<;ao de delimita'Y6es de linguagens nesse

trabalho, S8 e performance au se e happening e urn ponto irrelevante, pais em

nenhum momenta a Trabalho das Pipocas foi pensado com esta preoeupa<;ao. As

linhas de delimita<;oes na arte contemporanea tomaram-se cada vez mais tenues, e

mesma de difieil aceita<;§o par parte do publico a esta nova maneira de fazer arte,

pais no meio artistico as mudan<;as sao muito nfipidas, e este fator eontribui para a

atra50 ao aceS50 a estas informa<;oes por parte do publico.

HOje os diferente5 e5ti105, formas e praticas da arte sao completamente

diferentes se eomparado ao inieio do seculo passado, quando ainda era possivel

apontar se uma obra perteneia as categorias tradicionai5 como, pintura, escultura,

desenho au gravura. A arte contemporanea se apropria dos mais variados materia is,

como pessoas, sam, palavras, imagens, ar, luz e ate mesmo singelos paeotinhos de

pipocas.

:ro EntTC";SI:I com Livia Piall1avini. 03/0912003. Vcr ancxos21 Enlrcvisla com Lilian Gasscn, 0310912003. Vcr anc.xos22ElI1rcvisla com Otavio Roesner, 1210912003. Vcr ancxos

Page 30: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

]0

Artistas como Joseph Beuys23 e John

Cage exemplificam bern esta questao. Em

1965, Beuys apresenta talvez sua

performance mais conhecida uComo explicar

imagens a urna Jebre morta" na Galeria

Schmela em Dusseldorf na qual permanece

sentado, com seu rosto besuntado de mel e

coberto com folhas de auro, com urna lebre morta em seus bra90s. Segundo sle as

Jebres entendem mais que as humanos.

Cage, musico compositor, permeava entre a arte, musica e literatura, sua

performance rnais conhecida foi a 4'33ft (leia-s8 quatro minutos e trinta e tres

segundos), tempo maximo em que a publico

presente permaneceu quieta e sem reclamar

desta musica, que apresenta somente pausas

naG existindo ritmo, melodia au harmonia,

apenas 0 silencio ende 0 pianista entra no

palco, senta-s8 em frente ao piano e

permanece parada, e algumas vezes a

silencio e interrompido pelo barulho da pagina

da partitura sendo mudada para dar sequencia a musica.

Mais tarde ele explica que 4'33" nao e uma musica composta de silencio, e

sim do som ambiente e do publico que se faz presente, sendo unica toda a vez que

e apresentada, atingindo a total interatividade, onde 0 publico e 0 principal

compositor dela.

Como podemos perceber, delimitayoes e enquadramentos sao palavras que

nao se aplicam as artes atualmente, nao sao imprescindiveis no que diz respeito a

frui9ao da obra, se ela se encaixa ~nisso" ou ~aquilo" nao importa, 0 ~Trabalho das

Pipocas" exemplifica esta questao.

II Artisla nascido !la.Alcmanha onde pmticipou alivamcnlc na Scgunda Grande Guerm. expcricnci,l eSla quemarcaria profundmnenlC Sllll vida. Scu llvi:l0 rora abiHido. rcsgal,ldo roi llwntido vivo scndo bcsulllado comgordura c CIl\'OItO cm rcltro para manlcr·sc aquccido.

Page 31: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

11

Pipoca Rosa: Nem tao Dace Assim!

[...] Naquela manha houve urn congestionamento das !inhas telefOnicas oficiais dacidade, querendo saber 0 que significava tal a~o. A cidade de Curitiba tern uma malhainstitucional emperrada e nao muito acostumada ao dialogo com a comunidade artislica e

:~~:~~a:f.~.JJ;S de pipocas eram urn fUlda, uma tentativa de problemalizar aquelas

Embora 0 Ucongestionamento das linhas telef6nicas" tenha real mente

ocorrido, 0 uproblematizar" e ate mssmo 0 "questionar" inserido nesse trabalho nao etao importante e fundamental quanta possa parecer. Esta problematica e apenas urn

detalhe no Trabalho das Pipocas, onde a principal fundamentac;ao do trabalho se

baseia na comunicac;ao, ou seja, criar uma rede de comunicac;ao e dialogo entre

essas instituic;oes, e nao se opor a elas.

o Grupo Pipoca Rosa tem consciencia desta uaparencia questionadora" ate

porque despejar pacotes de pipocas na frente de institui<;6es, nao e uma pratica

muito comum em Curitiba ou em qualquer outra cidade do mundo.

(...] A genie linha confianya 0 suficiente pra abSOlVercriticamente, pra ver ascoisas dessa forma, nao 56 aceitar como acontece na maioria dos casos, em que aspessoas veern como funciona, aceitam e se enquadram, e a gente nao teve essa posiCaade iniao, e acho que i550 fai que empurrou a genie pra fazer um trabalho em uma outrasiluaC;80,por nao s6 se enquadrar num sistema e par nao aceilar algumas coisas, que agenIe achava, porque ja tinha essa vis8a critica que eu acho que era em decorrencia dapropria situac;aode reuniao, a genie aprendeu discutindo, nao discutindo e sim debatendo equestionando, e ficou,lalvez lenha ficado essa aparencia mesmo de queslionador, de serum grupo questionador, mas naa era essa a intenc;aa[...f5

(...] As pessoas acham que 0 neg6cio e questionar no sentido de "Ahl Vamoslevanlar alguma coisa~, como se a arte seNisse como uma eSpEl:ciede ferramenta pracullura, pra melharar a cultura, acho ate interessante esle ponto de vista, mas, gracas aDeus a gente ja tinha uma consci~ncia disso tambem, entao a questao e a questao que estana pr6pria coisa... Tem que se ver na forya da trabalho, na potencia que ele tern, asquestOes estaa ali, nao tern que questionar... 0 falo de a gente colocar em frente domuseu... Ja ultrapassou a discussao de questao, no senlido de discutir aquela siluac;ao,porque aquela situacao ja esla completamente assumida, ja esta na coisa, entao aquelasituac;aoe a propria discussaO.26

Esse elemento de "perfil questionador" 1 mesmo nao sando esta a intenc;ao

do grupo, recai fatal mente sobre a questao da institucionalizac;ao da arte, onde

24 REIS, Paulo. Outros circuitos da cidade. Disponivel em: <http://....ww.agora.etc.br/revista-online/res-01.html> acesso em 21 abr. 2003.2~ Entrevista com Livia Piantavini, 03/0912003. Ver anexos.26 Entrevista com Tony Camargo, 03109/2003. Ver anexos.

Page 32: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

32

existe urn sistema a ser seguida e obedecido, que a maiaria das pessoas nao tern

nenhum tipo de familiariz8C;8o com museus e galerias, entretanto nao S8 pode negar

que estas quest6es estejam de maneira implicitas neste trabalho.

As possibilidades que podem ser levantadas e analisadas neste trabalho sao

infinitas. "0 trabalho das Pipocasn, nome pel a qual S8 tornou conhecido e utilizado

pelo grupo, teve durayao de cerca de seis horas naquela manha do dia 28 de

novembro de 2000, eSlendendo-se ate 0 inicio da tarde. A obra "Trabalho das

Pipocas" nao S8 finda no ato da sua execuc;ao, ele reverbera ate hoje, ganhando

vida pr6pria, a obra passa a ser do mundo e nao apenas do Grupo Pipoca Rosa.o nome do grupo remete a algo ludice e agradavel, mas nao deixemos que

esta aparente inocencia e dQ(;ura nos iludam. 0 "Trabalho das Pipocas" demonstra a

cara que 0 grupo tem, no que acreditam e acima de tudo, no que sao capazes de

fazer. Abalar as estruturas emperradas do meio cultural Curitibano e proporcionar

dialogo entre as instilui90es, foi a principal finalidade do trabalho. Portanlo, 0 Pipoca

Rosa e dace sim, porem com pitadas apimentadas na sua receita de fazer arte.

Page 33: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

JJ

Conclusao

Qualquer pessoa que pretenda estudar a decada de 80 nas artes plasticas

do Parana, fatal mente caira na experi€mcia de S8 deparar com a Bicicleta, Moto

Continuo e suas propostas, tamanha a sua importancia para a Arte Paranaense.

Desta forma, esta mesma pessoa nao passara ilesa ao ana de 2000. Ana este

marcado pela iniciativa do grupo Pipoca Rosa com 0 Trabalho das Pipocas,

sacudindo Curitiba com sua proposta de dialogo e rede de comunic8<;ao entre

instituigoes, e que sem nenhuma pretensao de marcar epoea, entrou definitivamente

para a Hist6ria das Artes Plasticas Paranaense.

Ha algum tempo Curitiba naD S8 surpreendia com iniciativas dessa

natureza, e que pelo jeito naD devem parar par ai. 0 pr6prio grupo Pipoca Rosa

prepara novas propostas, e ainda hoje mantem suas reuniees e permanece com 0

mesmo espirito de antes.

A forma,ao de grupos ao longo da Historia da Arte, data das mais diferentes

epocas e circunstancias, devido a dimensao e fon;a que toma esta uniao de pesseas

com um mesmo proposito. As atyoes realizadas por estes grupos, marcam epoca e

pessibilitam novas perspectivas no cenario en de figuram, a partir de sua atuay80.

Nao sendo diferente em relay80 ao Pipoca Rosa, e pelo que se tern notfcias, novas

grupos ja cometyam a emergir no cenario Curitibano, de forma ainda timida, mas que

pode revelar novos e bons frutes a exemple do Pipoca.

Page 34: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Referemcias Bibliograficas

ARCHER, M. Arte Contemporanea: uma hist6ria concisa. Sao Paulo:

Martins Fontes, 2001.

CAMARGO, T. Grupo Pipoea Rosa e 0 Trabalho das Pi poe as. Curitiba,

2001 80 f. Monografia (Gradua<;ijo em Eduea<;ao Artistica) - Setor de Ciancias

Humanas Letras e Arte, Universidade Federal do Parana.

CHILVERS, I. Dieionario Oxford de Arte. Sao Paulo: Martins Fontes, 1996.

FERNANDES, J. C. Um jeito de ser e estar junto. Gazeta do Povo,

Curitiba, 15 maio 2003(a).

FERNANDES, J. C. Grupo de jovens artistas Paranaenses eneontram na

ac;:ao conjunta urn modo de ser e de estar. Gazeta do POvo, Curitiba, 19 jun.

2003(b).

FERNANDES, J. C. Moto Continuo, mostra que marcou a gerac;:ao 80 em

Curitiba, campi eta arnanha 20 anos de abertura. Gazeta do Povo, Curitiba, 14 set.

2003(c).

MARIN, D. Bicicleta e Moto-Continuo, a arte fazendo hist6ria em

Curitiba. Curitiba, 2000 194 f. Monografia (Especializa<;ijo em Historia da Arte do

Sec. XX) - Escola de Musica e Belas-Artes do Parana - EMBAP.

REIS, P. Outros circuitos da cidade. Disponlvel em:

<http://www.agora.etc.br/revista-online/res-01.html> acesso em 21 abr. 2003.

SITE TERRA Grupo Pipoea Rosa em Joinvitte. Disponivel em:

<http://www.terra.com.br/cidades/joi/noticias/un029.htm>acesso em 21 abr. 2003.

Page 35: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

35

STEINBERG, I. A arte contemporimea e a situa~ao do seu publico. In:

Harpers Magazine Inc. Nova York: 1962. p. 241-262.

ZIBORDI, M. Sabor e Atitude: nucleo de recem-formados da UFPR quer

provocar di<ilogo entre os agentes da cultura em Curitiba. Gazeta do Povo,

Curitiba,09 dez. 2000.

Entrevistas.

CAMARGO, T. Entrevista concedida a Adriana Alves da Silva. Curitiba,

03 set 2003.

GASSEN, L Entrevista concedida a Adriana Alves da Silva. Curitiba, 03

set 2003.

PIANTAVINI, L. Entrevista concedida a Adriana Alves da Silva. Curitiba,

03 set 2003.

ROESNER, O. Entrevista concedida a Adriana Alves da Silva. Curitiba,

12 set 2003.

MACHADO, W. Entrevista concedida a Adriana Alves da Silva. Curitiba,

12 set 2003.

Centro de pesquisas:

Setor de Pesquisa do Museu de Arte Contemporanea, MAC.

Setor de Pesquisa do Solar do Barao.

Page 36: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

Anexos

Page 37: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

36

Entrevistas

As entrevistas foram realizadas na cidade de Curitiba, local em que todos as

integrantes do grupo residem, exceto Raiza de Carvalho, que por ter retomado ao

seu estado de origem (Sao Paulo) nao pode estar presente para essas

entrevistas. Par este motivo nao consta como entrevistada.

Tendo como fonte de pesquisa a monografia de Tony Camargo sabre a

Grupo Pipoca Rosa e a Trabalho das Pipocas, cujo trabalho se apresenta na

forma de questionario, au seja, perguntas e respostas e par S8 demonstrar

completo, a numero de perguntas aqui aplicadas sao reduzidas. Perguntas que

julguei necessarias e interessantes para elucidar alguns pontas, a respeito do

grupo e a sua produ"ao.

Page 38: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

37

Tony Camargo (Curitiba 03 set. 2003).

A.A. 0 Pipoca Rosa tern a intenC;80 de 56 intervir em espa'YOs urbanos como

o fata oconido na manha de 28 de novembro de 2000?

T,e. E .. Nao eara, nao existe nenhuma .. Pelo menes no meu modo de ver

entendeu? Nao posso responder pelo grupo €I logica, mas essa perceba ja €I uma

caracteristica do grupo pelo fata de ninguem poder responder porque .. Espero

que ate role mais coisas com uma abertura muito grande que nao tenha nenhum

tipo de condicionamento, quem dira 0 fato de ser publico, nossa longe disso, e..Nao que isso seja ruim, bern pelo contrario, mas, que nao S8 resuma em apenas

is so til louco ... Que nao existe essa ideia concebida pelos integrantes com certeza

naD existe, todo mundo sa be disso.

A.A. Entao nao e preestabelecida a questao de s6 se agir em espa~os

publicos ...

T.C. L6gico.

A.A. De fonma alguma ..

T.C. De fonma alguma.

A.A. E a a~o no caso do dia 28 de novembro de 2000 ela fo; uma

performance, a Pipoca tern essa relayao com a performance direta ou nao, ou se e

que foi uma performance?

T.C. Quando a gente fez a perfonmance. quando a gente fez 0 trabalho das

pipocas eu lembro que quando a gente tinha que se referir ao trabalho

conversando urn com 0 outro ou coisa assim algumas pessoas falavam

performance, outras falavam trabalho, mas eu acredito que foi sensa comum, ate

parque naa tern a que discutir mesma de que nao seria necessaria mente uma

performance ate porque ninguem tinha pesquisado 0 que e urna performance ou a

ideia de performance, por mais que a gente soubesse e tivesse uma certa .. Urn

certo discemimento do que seria atraves do que se pode ver na historia da arte,

basicamente Beyus, Cage, mas e .. Naa foi saba ... Tipo ... 0 foco do trabalho nao

tinha 0 interesse que fosse especifico de uma ou outra linguagem. Entao 0 foco do

trabalho nao foi nenhuma nem outra linguagem, eu acho que e uma questao de ...

Page 39: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

38

De necessidade foi 0 que aconteceu, a a~o no espago, mas naD tern urna

preocupac;ao intrinseca com a linguagem, a linguagem e conceitual, entao a gente

nunca discutiu performance, nunca pensou em perfornance, mas num certa ponto

de vista .. Depois eu conheci a Marguit, depois disso acabei me aproximando urn

pouco mais do que seria performance, entaD hoje eu sei que S8 encaixa numa

especie de urn tipo de performance segundo urna determinada classificayao.

A.A. A "Bicicleta" fo; nome dado a uma exposi<;ijo que posteriormente alguns

artista remanescentes uniram-se e formaram 0 moto continuo, a inten980 de

voces sempre foi a questeo grupo mesma? Desde a principia a Pipoca sempre foj

pensado enquanto grupo?

T.C. Fo; pensado em quanto grupo. perceba, nao tinha uma... Uma

preocupaC;ao especifica em produC;ao

A.A. Entao voces conversavam a respeito de arte ... Discutiam seus

trabalhos ..

T.C. Discutiamos, por incrivel que parec;a. eu nao se; quem foi 0 ... (risos) fui

eu na verdade, mas e .. nao sei 0 que que tinha na cabeya ne, porque discutir

arte, "Cara" olhe que loucura sem pensar em produzir, nao pen5ando

especificamente em produyao como artista plastico mas pensando em discutir, .•

va ter gosto assim no infemo ne" (risos) . Agora que eu estou pensando nisso ..

(risos).

A.A. Mas voces se reuniam pra discutir. ..Mas voces ...

T.C. E... La no comecinho da faculdade. ainda ma;s faculdade de arte que a

galera s6 vai rna is pra levar nas coxas.

A.A. Mas desde que voces comec;aram a se reunir, a ter essas discuss5es,

voces ja tin ham essa questao determinada?

T.C. Tinha, desde a primeira, existia urna comunhao assim incrivel nas

primeiras reuniees, e foi uma especie de ... Que eu acho que foi fundamental pra

gente, foi urna especie de ... A gente se colocou numa outra situayao, tudo parecia

urna situa<;ao completamente inusitada era tudo muito (nao 905to de falar desse

jeito), mas era tudo muito fantastico pra gente, era tudo muito maravilhoso, nao

tinha como nao considerar 0 grupo assim porque pra todo mundo era muito born,

Page 40: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

39

estava existindo uma comunh~1O multo forte, mesma antes de se pensar em

produ98o, depois logo nos primeiros momentos S8 come90u a mostrar a produyao

propria, e ai come90u a faear mais .. Ai toi uma ceisa engrayada a discussao

comeya a surgir em fun980 de urn trabalho e 0 trabalho em fun980 da discussao,

acontecendo esses dais momentos: trabalho e discusseo.

A.A. 0 trabalho no casa e a produc;ao individual de voces ...

T.C. 0 trabalho individual e 0 trabalho de grupo tambem que vao acontecer

depois varias reuni6es em ocasiao desse trabalho.

A.A. Sim, mas no casa a partir das conversas sabre 0 trabalho de voces que

come90u a discusseo sabre 0 trabalho das pipocas.. foi uma caisa que foi

acontecendo ..

T.C. E, porque 0 que a gente sabia e que depois de alguns meses de se

reunir e que a gente ja comeyou a ter idei8 de expor juntos os trabalhos que a

gente tinha ou que ainda viesse a fazer, queriamos que fosse logo, naquele ano

mesmo, ai a gente comec;ou com umas partes tecnicas do grupo.

o grupo sempre foi rigido desde 0 inicio, no sentido de .. a gente gravava

todas as reuni6es tinha urn horario certo, a pessoa certa pra trazer as fitas. A que

ia comprar as fitas, cada um encarregado de uma coisa, a pessoa que anotava no

livre a ata 0 assunto que estava sendo discutido ..

A.A. Tinha ate ata? Eu nao sabia que tinha ata!

T.e. Tinha, tem um livre, urn cademinho se quiser eu te mostro, um

cademinho que e uma ata das reunioes e as fitinhas que a gente gravava e tinha

aquela coisa de ser cada vez na casa de urn.

Eu estou pensando uma coisa aqui agora (risos) que voce deve estar

torcendo para que eu fale pouco porque eu estou sabendo que voce vai ter que

transcrever (risos) que maldade.. Porque eu lembro quando eu transcrevi a

minha ..

A.A. (Risos), Nao seja tao ..Mas fale Tony, nao se preocupe ..

T.e. E. .. (risos) porque pra casa de cada um tinha essa rigidez, tinha uma

parte tecnica, uma parte tecnica eu nao digo, mas ..

A.A. Ate de disponibilidade mesmo ne?

Page 41: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

40

T.e. Teve uma certa rigidez no grupo quando a gente loi lazer uma pesquisa

pra ver este espayo porque a gente ja sabia que nao ia conseguir espayo publico,

entao a gente ia tsr que a lugar urn espayo e impressionante como a gente foi

rigido nisso como marcar 0 lugar certo, a casa certa pra dar conversar com a

pessoa certa, telefone, entendeu ...e pra ver a IOC8y80 de uma casa, pesquisa de

prer;o de aluguel, esse tipo de coisa, entao ali ja estava sendo uma especie de

"firma" pipoca rosa e que nem tinha nome ..

Eu lembro que eu ia expor uns trabalhos que tenho ate hoje que e urn

cadeado na parede urnes eoisas que eu estava fazendo na epoca e eu aeabei

expondo que eu me lembre, mas nao com 0 grupo ne ..

A.A. Foi uma individual?

T.C. Nao ... Foi la no Inter Americana e eu ia furar as paredes atravessar

correntes nas paredes de alvenaria e dai eu estava pensando numa casa assim

que pudesse ser detonada no meu casa ia precisar furar parede, atravessar a

parede.

A.A. Mas ai voce teria um problema grave com imobiliaria, esse tipo de

coisa ..

T.C. Sem duvida, com certeza!

Interessante e que 0 hoje eu penso tao diferente, aquela preocupagao, fazer

pesquisa de aluguel .. Como issa foi importante pra gente, quanta foi necessario

pra mim, par exemplo, s6 que e bern engragado pensar nessa situagao, depois vai

acantecer 0 trabalho das pipocas que ja tern uma situagao campletamente

diferente, urn pensamento diferente, ali acho que come~ a surgir uma coisa legal

que e 0 momento que a gente cameya a encontrar solU90es onde elas realmente

existem e nao fica procurando chifre em cabeya de cavalo, e a gente cam ega a

perceber iSso, e isso sem sombra de duvidas e uma das coisas mais importantes

pramim.

A.A. E voces comec;aram a procurar esses espagos, essas casas pra alugar

pelo fato dos periodas pra se mandar projetos para a Fundagao esse tipo de caisa

ja tinha acabado ..

Page 42: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

41

T.e. Nao lembro direito disso, S8 eu nao me eng ana a gente deu uma olhada

nesse negocio de man dar projeto ..

A.A. E.. .Projeto de exposi9aol

T.e. Mas multo par cima, a gente era multo amador nesse sentido, ainda bern

que a gente era, a gente nao sabia, naD conhecia a mundo da arte, a gente

conhecia 0 Geraldo (Leao) e a gente conheceu atraves do Geraldo algumas Qutras

pessoas, a gente conheceu, par exemplo, a Yafth (Paled), a Fabio Noronha esse

pessoal ne ...Carina Wendle a Marco Melo, a Eliane Prolik, a Paulo Reis la da

faculdade, a Gilee e as influencias que a gente tinha eram essas.

A.A. 0 Pipoca tern urn perfil questionador?

T.e. Questionador?

A.A. Questionador pelo fato ...

T.e. Calma ai que eu gostei da pergunta ..(risos), e a seguinte .. Acho que

com certeza tern "cara" porque iSSD seria a mesma resposta que eu dana pra

qualquer trabalho meu que as pessoas perguntam S9 ele esla funcionando, S9 eu

realmente fiz urn trabalho, a partir desse momenta eu fi,z, entaa, ele se toma

questionador s6 que esta questao, entendeu, e que e a questao! (Risos),

A.A. A questao do questionar e que e a questaa! (Risas).

T.C. A questao da "questionizayao" e porque as pessoas acham que 0

negocio e questionar no sentido de "Ah! vamos levantar alguma coisa", como se a

arte servisse como uma especie de ferramenta da cultura, pra melhorar a cultura,

acho ate interessante esse ponto de vista mas Grar;.as a Deus a gente ja tinha

urna consciemcia disso tambem entao a questao e a questao que esta na propria

coisa, nao esta fora de mim e se e importante culturalmente tern que ver na fon~·.a

do trabalho na pot€mcia que ele tern, as quest6es estao ali, nao tern que

questionar, se for pra questionar ... 0 fato da gente colocar em frente do museu ja

nao e nem ... ja ultrapassou a discussao de questao no sentido de discutir aquela

situayao porque aquela situagao ja esta completamente assumida, ja esta na coisa

entao aquela situar;.ao e a pr6pria discussao.

Page 43: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

42

A.A. Com rela9<3o a exposic;ao de Joinville, voces apresentaram trabalhos da

produyao individual de voces, mas foram apresentados como trabalhos do grupo

Pipoca Rosa, isso naD descaracteriza a noc;.ao de grupo?

T.C. No case de Joinville e 0 seguinte, foi urn das melhores experi€mcias que

poderiam acontecer com a gente e ter a sorte de acertar mais urna vez. Quando a

gente tinha a nalicia que a gente ia expor Ie a gente comeyou a pansar nurn

trabalho, a pensar na situac;ao que fosse urna obra coletiva.

A.A. Urna obra coletiva no senti do de voces todos fazerem urna unica obra ..

T.e. Como 0 trabalho das pipocas, entao a gente pensou em varias

instalayoes nesse espayo, pedimos a planta do espayo, perceba a gente

mantendo aquela rigidez ... Ai a gente fez todo um trabalho em cima da planta,

pensando um monte a ideia da propria planta de tanto que a gente olhou para

aquilo.

Teve urn dia que a genie se fechou numa sala Iii do departamento de artes lano Batel (UFPR) e ficamos das dez da manha as dez da nOite, direto, nao saimos

nem pra comer par causa desse trabalho em Joinville e nao deu nada, ficamos 0

tempo inteiro a tarde e nao saiu nada, pior ainda, todo mundo ficou nervoso,

fomos pra casa nao conseguimos dormir, lodo mundo estressado, foi um estress

pra conseguir rolar ... Enfim, rolou essa ideia de fazer essa exposic;ao.

A.A. Com trabalhos de cada um de voces ..

T.e. E, eu estava muito adepto dessa ideia porque eu estava pensando da

seguinte maneira, a gente estava necessitando daquela experiencia, a gente

eslava explorando um outro lado no grupo e por mais maravilhosos que fosse a

gente nao tinha tido esse tipo de experiencia pelo fato da gente trabalhar em

conjunto mas com urna participac;ao individual, nao pela simplicidade disso

superficial mente falando, mas pela experiemcia que eu sel que teria 0 momento, 0

ate da coisa, a gente fazer aquilo, a ar;ao de fazer isso e a relar;eo entre as

membros seria sem duvida multo importante pra todo mundo, uma especie de

laboratorio mesmo, e foi 0 melhor de lodos.

A.A. Foi uma experiencia super bem sucedida ne?

Page 44: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

T.C. Nossa! Quando a gente chegou la no espa<;o era nossa .. Excelente,

muito grande.

A.A. Tony, todos voces expuseram la?

T.e. Nao, 56 0 Willian nac colocou porque 0 Willian sempre foi assim em

cima da hora e tal e nao tinha feito nada (risos) e nao deu, nao deu e acabou nao

expondo, mas a Willian fez 0 calendario que foi a folder da exposiyao, foi 0

"designerzinho" dele!

A.A. Pais a ... Eu queria que voce me falasse um pouquinho dele! Aquela

fotografia da lavanderia foi sua?

T.e. Nao, a foto foi nossa, eu 56 bati, mas a ide-ia todo mundo pensou junto.

A.A. Mas porque aquela lavanderia?

T.C. Aquela lavanderia a a seguinte a ...Eu nao tive a idaia de fazer aquila I"(risos), eu passe; 18 na frente como normalmente passava, eu passava ali na

frente da Lavanderia Santo Andre e percebi que tern uma caixa de luz uma

especie de registro na parede com tampo de madeira que tern uma pintura de urn

bonequinho que e inclusive a logomarca da lavanderia, e urn bonequinho bem

estilizado, uma pintura do comeyo dos anos 60 par ai e urn dia eu perguntei pro

cara la, pro japones 0 dono de Iii e ele falou que fai ele mesma que pintou, eu

conte; essa experiemcia pro grupo parque eu comecei a pensar nessa pintura do

banequinho de uma maneira assim alucinada, pense; muito sabre aquila e gostei

daquila, estava gostando, sabareanda aquila como se saboreia urn trabalho de urn

artista muito born que quando va urna expasiy80 e fiC'..8 com aquila na cabe9a,

aquilo la teve a mesma potencia pra mim e na epoca eu lembro que eu estava

gostando bastante tambam do Backer, Donald Backer que a um pintar americana

e que tern uma estatica bern parecida, sabe?! Par incrivel que parecra. E dai eu

cheguei e cantei pro grupa essa experiemcia, falei "olha 0 cara pintau ali agora",

perguntei pro cara e a cara falou que pintau ha quarenta anos atras aquilo, que

nao era urn artista plastica nada, nao ver aquila la, Meu Oeus! Olha a cor que tern

aquila. Ai levei a galera pra ver da! surgiu a discussao em cima desse assunto,

mas sem nenhuma pretensao, a gente discutiu esse fato.

A.A. Mas naa estava sendo pensado como folder para uma exposi9ao ..

43

Page 45: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

44

T.e. Nao, nao, eu tinha apenas i550 ai, eu contei essa experiemcia pro grupo

e a gente discutiu em eima disso, esse tipo de acontecimento que segundo as

Quiros integrantes do grupo iS50 aconteee a todos e varios momentos e eles

observam esse tipo de caisa ... nem Naif nao sao porque aquila nao tern jnten~o,

mas que atingem 0 mesmo grau, discutindo se aquilo era subjetividade demais

nossa se era urna subjetividade em demasiado au S9 era urn fenomeno masma

discutivel..

A.A. Real..

T.C. E, a gente a partir dar foi discutindo e chegou ... Ate a discussao e 1550

vai lange ns ..

E Chegou na ideia do folder.

A.A. Da foto como sendo folder da exposi<;8o de Joinville.

A.A. De alguma forma a prOdUy80 individual S8 converge com a produyao do

Grupo? Existe esla relaQ80 direta ou vice-versa?

T.C. Eu nao sei se dialogam (risos) ... Eu acho que dialogam quando 0 grupo

poder ser entendido como urn trabalho que acontece no coletivD, urn trabalho que

acontece pela contnbuic;ao de poh'3ncia de cada urn, do maximo que cada urn

pode ter, entao se a gente raciocinar dessa forma sai algurna coisa de cada urn,

no entanto se sai naquele resultado final do coletivo tem que ter uma aproxima<;80

nem que seja de uma porcentagem muito pequena do trabalho de cada um, e

impassive I nao ter se a gente for analisar dessa mane ira, mas eu nao consigo

fisicamente e ticar relacionando, por exemplo, ainda mais a da epoca quando a

grupo estava bem mais efetivo, digamos assim, meu trabalho nao ... A nao ser com

coisas completamente superficiais, mas dai, par exemplo, tern gente que fala meu

objeto, a gente trabalhou com 0 objeto pipoca, jogou la como uma especie de

ready-made e eu trabalhar com objeto, mas eu acho isso muito pouco ... Eu posso

ate fazer, mas sena a mesma relac;ao que eu faria com qualquer outro trabalho de

qualquer outro grupo ... Entao eu nao consigo ver de nenhum dos integrantes.

A.A. No caso. de alguma forma esta 0 trabalho de voces ali pelo fato de

voces fazerem parte, acho que nao tern como .. E a mesma cabec;a que pensa,

Page 46: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

45

que 8sla ali discutindo, de uma maneira ~subjetiva" tern urn poueD de voces ali,naD e?

T.C. Sim, €I ... Mas tern como ..

A.A. Apontar 0 que?

T.C. Nao, nao. Existe essa participa,ao, mas eu acho que talvez ela se de de

urn Qutro momento, 0 que eu doaria pro grupo pro grupo como as Qutros

integrantes naa seria do mesma universa da plasticidade do meu trabalho, da

maneira como eu trato meu trabalho pessoal, parece que e um .. Talvez por isso

que fundone, acho que cada urn individualmente tambem esta funcionando bern,

o pessoal esta trabalhando bern pra "caramba", acho que e meio uma contribuic;aomutua e nao oferece nao necessaria mente aquala caisa individual, voce ofereceoutra eeisa tua que completa 0 todo e parece que 0 retomo pra te ajudar

individual mente vern daquele coletivo, entaD par iS50 e que eu naD consigo ver

essa li98980 pessoa e conjunto e para1elismo completo "i550 aqui e igual a iS50"

vejo, mas e completamente de outra maneira.A.A. 0 Pipoca mantem cantata com Quirosgrupos? De que fonna e quais?

T.C. Existiram muitas situayoes principalmente depois que a gente fez 0

trabalho das pipocas, existiram, muitas situagoes de encontros de pessoas, as

pessoas promovem encontros e vai acantecenda esse tipo de caisa e a gente

conhece, mas a que eu posso dizer de grupo que a gente realmente se encontrou

com todo 0 grupo e que a gente conversou de fora de Curitiba foi 0 Vaca-Amarela

de Flarianopolis, mas isso fol bem depois de ja ter feito a trabalho das pipacas.

A.A. Eu tenha um texta do Paulo Reis que cita a Vaca-Amarela ..

T.e. Sim, ele fez um texta pro jornal Agora Capacete ...Na mesma materia

que ele fala do trabalho do Vaca-Amarela ele fala do Pipoca tambem.

o Vaca-Amarela fez um trabalho deles la em Santa Catarina em ..

Exatamente um anos apos 0 trabalho das pipocas, urn ana de diferenya, na

mesma epoca. Mas teve 0 Panorama em 2001, no Panorama teve varias

situayees em grupo, teve 0 grupa Camelo, a Atrocidades Maravilhasas, 0 do

Helmut Batista, ate 0 Poste ja rolava e estava tudo isso 113no Panorama, 0

Panorama fai bem isso, fai uma porcaria em questao de montagem de exposiyao

Page 47: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

46

porque justa mente 0 que tinha de bom que era essa percep9ao da produ980

emergente, do que estava acontecendo foi muito legal a problema e que nao teve

a "link" com a distribuiyao do espaC;o que era completamente Qutfa caisa..

Quando voce caloca num espa90 arquitetonica fechado ele ja vem carregado de

Dutra situayao, tern que se levar em conta varias eoisas que naD fcram na

montagem, tinha bastante eoisas de grupos dava pra ter urna ideia basic8 ..

A.A. E esses grupos estao disseminados pelo Brasil inteira ou tern urn centra

como Sao Paulo au Rio, cnde 8sM mais acontecendo?

T,e. E que cnde estao acontecendo, nossa! Deve estar acontecendo tanta

caisa, as vezes voce acha Iii em Uniao da Viloria urn ICUCD, em Castro, 0 que

eontam 0 que esla acontecendo e 0 que 0 Itau falou, 0 que 0 MAM falou, tern uns

grupos de Sao Paulo, do Rio e tern uns grupos mais pro nordeste como 0 Camelo.

A.A. Que estao tendo mais visibilidade ..

T.e. Os caras pegaram e tentaram abranger todo a mapeamento do

pais,meio que tentaram tazer isso mesmo e com certeza muitos outros grupos nao

estao nem ai pro Paulo Reis, 56 estao tazendo um monte de coisa e ai que esta a

dificuldade deles, eles querem pegar esses grupos mas com certeza nao VaG

pegar as melhores, os melhores nao estao nem ai pra eles, eles VaG pegar os que

estao la pertinho e eles acham que nao, que eles estao mapeando a melhor coisa

e dai colocam numa situac;ao .. Entao eu acho bern legal essa atitude porque?

Porque eles tiveram a atitude de perceber esse tipo de coisa e pelo menos correr

atras para pelo menos tentar pegar, mas para achar este espac;o eles estao

(#$III&@), eu nao quena estar no caso de quem esta querendo fazer isso para

aehar espac;o de identitieayao, identificar ja e super complicado e voce conseguir

achar um espac;:o, mostrar isso nem que seja como documento mesmo e bern

complicado e no Panorama toi frustrado, foi muito bem no sentido da montagem, a

ideia de mostrar esse tipo de situac;ao, de buscar outro tipo de situac;ao que

necessaria mente .. Do que a gente tern tradicionalmente, do suporte que a gente

tern, mas, e.. Foram buscar, mas na hora de mostrar isso nao tiveram

considerayao com coisas que eram necessarios e tambem nao e facil assim. Mas

o que teve de legal 0 Panorama foi mostrar iSso, mas essa intenyao foi frustrada,

Page 48: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

47

percebe-se que a tentativa que abre 0 caminho nesse sentido ela foi bern

sucedida e de mostrar ja uma prodUl;:ao fai, par exemplo, completamente

frustrada, nao mostra nada e isso leva tempo.

Page 49: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

48

Livia Piantavini (Curitiba 03 set.2003).

A.A. 0 Pipoca Rosa tern a intenc;ao de 56 intervir em espa90s urbanos como

o fata aeon-ida na manha de 28 de novembro de 2000?

L.P. Nao, i550 e urna OP9ao do grupo, e urna opgao que a grupo tern como

na verdade e a posicionamento de todos no grupe, s6 que com 0 grupo e mais

lacil trabalhar em publico em grupo por causa do poder de a,ao e ..

A.A. Visibilidade?

L.P. IS50 tambem, par ser mais pessoas pareee que i$SO S9 toma mais facil

trabalhar, porque quando voce trabalha fora do espa90 da gale ria voce tern outfa

dimensao, a trabalho tern Dutra dimensao tern Qutra patencia e dal que trabalhar

em grupe." 0 grupo ja tern essa caracteristica de dar patencia.

A.A. Redimensiona a caisa?

L.P. E, e potencializa nao 56 visualmente, 0 fata de ser mais mao-de-obra,

mais cabe98s e mais poder de 8980, 0 fato de trabalhar possibilita essa situa9aO,

mas e s6 uma oPC;ao.

A.A. 0 trabalho das pipocas foi uma performance, existe esta relaC;ao do

Pipoca com a performance?

L.P. Eu nao sei 0 que e performance, entao eu nao diria que e uma

performance eu s6 sei que is so nao e uma performance porque ele nao toi

pensado nesses termos e talvez ele se enquadre em alguns pontos, mas isso e s6

tecnico, uma coisa tecnica de definiyao, talvez esse trabalho se encaixe em alguns

pontes na ideia de performance mas eu nem sei quais pontos seriam esses, agora

eu acho bern interessante 0 fate dele ter essa caracteristica de performance que

logem da ideia de objeto de arte, dessa ideia de artes plasticas das ideias mais

ortodoxas, mais tradicional e isso eu acho interessante e interessante ate para

explorar em outros trabalhos essa possibilidade de nao ter esses limites, de poder

se apropriar de outras linguagens.

A.A. Dessas eoisas pre-detenninadas?

Page 50: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

49

L.P. E, mas tambem de nao ter um produto final, de nao ter uma pel'a final

fisica 0 trabalho, por exemplo. Entende-se hoje algumas pessoas acham e

entende arte publica como urna escultura numa praya, entaD a gente nurn Qutro

nrvel de arte na rua, 0 usa do eSpayD publico e dal sim tar urna necessidade de terum produto final, quer dizer, um objeto que vai caracterizar e que leve esse titulo

de poder interagir, de nao ter um tempo de comel'o e fim 0 trabalho, eu acho que

tern caracteristica af que sao de performance ou sei Iii que Dutra linguagem possa

ser, mas eu acho bern interessante ele naD ter essas eoisas definidas, nao porque

a gente S9 preocupe com iS50 mas porque a gente justamente naD se preocupar

com isso, a gente tern essa liberdade de escolher sem ter esses restri~6es,a

trabalho na nua em espal'os publicos pennite esse tipo de comportamento, de nao

ter restric;oes entaD e bem born par isso tambem, entao e urna OP980, mas e maisdificil (risos).

A.A. A "Bicicleta" foi nome dado a uma exposi\Oiio que posteriormente alguns

artistas remanescentes uniram-se e forma ram a Moto Continuo, a intenc;ao de

voces sempre fai a questao grupo mesma? Oesde 0 principia a Pipaca sempre fai

pens ado enquanto grupo?

L.P. Eu acho que a gente sempre teve, mesmo desde a come~oteve essa

intenc;ao que e um pouco romantica se for pensar que e de se ter uma banda de

musica , esse tipo de coisa onde as pessoas trabalham com suas diferenc;as e se

identificam e que viram um grupo de amigos mas,e logico que a gente viu isso

com muitas responsabilidade parque ao mesma tempo que issa era legal

pessaalmente, tambem tinha um certo divertimento de ter pessoas com as

mesmos objetivos, as mesmas intenc;oes, todas juntas enos fica mas amigos mas

a principia essa ideia de grupo foi realmente para que a gente amadurecesse 0

trabalho e amadurecesse ideias para que a gente aprendesse mesmo mas, eu

acho que essa ideia sempre teve mesma, acho que a gente procurou fechar isso.

A.A. 1550 entao sempre foi muito consciente entre voceS ...

L.P. FOi, tanto que quando a gente pensava em chamar pessoas que naa

estavam ali todos as dias, ou seja, quando a gente come~va uma reuniaa tinham

que estar todas, entaa isso e uma ideia de grupo, tern que estar lodas as pessoas

Page 51: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

50

ali, nao podia faltar nenhuma pessoa e quando tinha uma pessoa que nao era do

convfvio comum ali, essa pessoa era tida como convidada, entao veja que isso

estava desde 0 primeiro dia definido, que teria essa ideia de grupo fechado e nao

uma simples reuniao de pessoas.

A.A. E uma coisa que eu nao sabia que 0 Tony me falou foi que tinha uma

ata dos encontros de voces ..

L.P. E, ende que definia 0 horario que comeC;8va a reuniao, a nome de todas

as pessoas, 0 ass unto em pauta..

A.A. 0 perfil do Pipoca Rosa selia questionar? Existe urn perfil?

L.P. Nao, porque a gente come90u com inten~o de amadurecer e tazer

alguma caisa, isso a gente sabia que era muito diffcil de tazer sozinhos, era muito

novo e estava comegando, a gente estava comec;ando a faculdade inclusive quer

dizer que a gente naD sabia nada entao a gente sabia que isso fa acelerar esse

processo e que a gente poderia ter mais oportunidades estando juntos, unidos.

Mas eu acho que no comec;:o a fato da gente ser justamente ...De nao ter uma

experiencia fez com que a gente tivesse muitas duvidas, acho que 0 fato da gente

procurar entender como funcionava a sistema, como que funcionava a proprio

ass unto, estetica, arte, arte paranaense, arte no Parana, como funcionava a

sistema de exposic;:oes ..

Pra gente comec;:ar entender todo a sistema que era nao 56 a que e arte,

como funciona, a que e artes plasticas, 0 que e ser artista, as linguagens, mas

tambem a sistema da arte, como funciona 0 mercado da arte, a artista nesse

sistema entao na verdade a gente nao tinha esse conhecimento entao a gente

comec;:ou a ter muita informayao tanto que como a grupo acelera esse processo de

amadurecimento e tambem porque voce come<;a a ter muita informa<;ao isso fez

com que a gente tivesse uma certa curiosidade em saber como funciona tudo iSso,

mas fai sempre uma visao critica desde 0 come90, nao sei se pelo fato de ser em

grupo e a gente estar acostumado a discutir, a gente sempre teve um grau de

confianc;:a suficiente para questionar e nao 56 absorver, entaa 0 fata de gente

discutir todo a dia como que as eoisas funcionam au como que nao funcionam e

querer saber tudo "preto no branco" e estar discutindo isso todo dia entre os cinco

Page 52: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

52

e a gente nao tinha essa ideia no trabalho ou que a gente estivesse protestando

contar as institui90es, naD era essa a questao.Em sintese eu queria falar das reunioes pelo fato da gente brigar, debater e

discutir muito, mas isso naD era a intenr;ao do grupo, a inten980 era aprender,

entender e produzir, entaD ficou essa caracterfstica e 0 trabalho ficou com essacaracteristica mas naD que fosse isso uma inten98o, porque questionar todo

mundo quer.A.A. Em rela9iio a exposi9iio de Joinville, as obras expostas sao da produ9iio

individual de voces, mas foram expostas como Grupo Pipoca rosa, ou seja, destaforma nac descaracteriza a noyao de grupo?

L.P. Nao, porque na verdade 0 grande trabalho do grupo foi a curadoria da

exposigao, foi pensar a exposi9iio junto e tem duas coisas que un em iSso, e que a

gente tinha a inten9iio de fazer essa exposigao desde 0 primeiro dia do grupo,

desde 0 comec;o. E, desde 0 primeiro dia a gente tinha essa intenc;ao de produzir eexpor, e claro. E expor 0 trabalho das pessoas que participavam do grupo era

caisa fatal, a gente queria desde 0 camego. A gente naD conseguiu e 0 trabalhodas pipocas nasceu disso, dessa naD possibilidade de se tazer uma exposic;ao

com trabalhos individuais, a gente acabou torc;ado a tazer urn trabalho coletivo e

dai tivemos essa oportunidade que nao tivemos no corneco entao nos fizernos

essa exposir;ao desses trabalhos que sao trabalhos muitos ali que sao desde 0

comer;o do grupo que a gente trabalhava em paralelo, trabalhos inclusive que

tcram discutidos em reunioes do grupo, reunioes gravados la no come<;o, entao

eles estao dentro da trajetoria, tern urn trabalho da colher e do prato eu acho que

toi 0 primeiro trabalho discutido no grupo.

A.A. De quem e? E do Tony?

L.P. E do Tony, loi 0 primeiro trabalho de um de n6s ..

Tern toda urna histona alem de que a rnontagern da exposic;ao tOj urna ceisa

pensada coletivamente isso que foi interessante porque como ia ser apresentada

a exposi<;.ao 0 convite era urn trabalho do grupo, fei tudo montade por todas, foi

um trabalho coletivo, depois dis so a montagem, a distribui9iio das salas, 0 arranjo

dos trabalhos foi leito lonma impessoal, aSSim decidido pelo grupo, inclusive as

Page 53: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

53

vezes a gente decidia p~r trabalho de uma pessoa, por exemplo, da Raiza sem

que ela estivesse junto, a gente fazia essa distribui9i!o discutindo 0 trabalho, a

exposit;ao e naD necessariamente como se fosse S9 apropriando daquilo me sma,

como se 0 grupo pegasse todos aqueles trabalhos que foram lev ados e 0 grupo

como se fosse uma ceisa 56 59 apropria de lodos as trabalhos como S9 nao

fossem de ninguem e a gente montou a exposic;ao assim .. Como se todos nos

fossemos curadores e as artistas nem estivessem ali, entaD eu acho que isso toi

muito born, eu acho que nao teria tanta caracteristica do grupo, mas do jeito que

aconteceu foi muito born e eu acho que a gente devena trabalhar melhor isso,

porque isso levantou quest6es interessantes pro grupo e para outras pessoas que

foi esse negocio da montagem da exposic;ao e pra n6s ali ficDU claro como einconcebivel pre nos trabalharmos com urna curadoria de fora.

A curadoria nao foi urn simples colocar e foi assinada pelo grupo e ate

geraria uma discussao boa, 0 que e uma exposi980 coletiva e 0 que e uma

curadoria e ate porque a gente ja tinha leito projetos pensando em trabalhos

individuais, s6 que todos os trabalhos teriam Usite-especifc' mas que eles ate se

interaglam, entao era uma coisa que a gente ja pensava desde 0 comer;o e que

conseguiu executar, entao acho que esta exposi9ao somou tudo isse, ela tem

todas as caracteristic9S embora talvez quem visite essa exposic;ao nao perceba

iSso, nao va saber que asta curadoria foi feita por todas, mas a exposi<;ao

fechada ...Ela foi concebida, construida dessa forma e se nao fosse isso ela teria

com certela outras qualidades. Eu, na minha concepyao a exposi<;ao frcou muito

boa a montagem dela, uma coisa que a gente nao conseguiria se nao fosse esse

sistema, desse jeito.

A.A. No caso sena um empecilho uma outra curadoria?

L.P. Ai e que esta, dai nao sena uma exposic;ao do grupo, seria uma

exposiC;ao de cinco participantes do grupo, porque essa exposi980 estaria com urn

olhar de uma outra pessoa ai sim a exposicrao S8 resumiria numa relavao de

trabalhos e 0 que foi ali foi all foi muito mais que uma relaC;ao entre trabalhos, e a

gente nao conseguiu dar urn nome pra exposic;ao entao ficou 0 nome da coletiva

Page 54: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

54

do grupo, mas foi ate born isso porque talvez urn nome chama ria pra Dutra

situa.,ao, entendeu? Pra uma coisa alheia entao fechou, a exposi9aO e do gnupo.

A.A. De que forma a produc;ao individual S8 converge com a produc;:ao do

gnupo? Existe esta rela.,ao direta ou vice-versa?

L.P. Eu acho que e 56 de ideJas e de amadurecimento, 0 que a gente cresce

no grupo, 0 que cresce nas discuss6es e experiencias do grupo ajudam a

trabalhar sozinha, mas nao que tenha alguma coisa do gnupo que eu C8rregue, eu

nao consigo perceber iSso, e nem presto a aten.,ao na verdade, 0 problema se e

que se pode dizer que e um problema e que todos do gnupo tem pensamentos

diferentes e ate os trabalhos se materializam de forma diferente, da pra ver ... Mas

em alguns momentos ate chegam a ser parecidos, quando eles sao parecidos sao

parecidos par coisas superficiais que as vezes nem tern aver, entao quando umtrabalho chega a ser parecido com Dutro justa mente esse ponto de semelhanya eirrelevante, e uma caisa sem import€mcia porql)e eles sao quase sempre mao

divergentes mas diferentes mesmo, cada um do grupo tern uma forma e urnprocesso diferente de trabalhar, entao eu acho que no comec;o eu ate livedificuldade porque eu nunca tinha produzido, nao tinha experiencia nenhuma

entao eu fuj influenciada sim, mas pelas pessoas e dar eu tive dificuldades de

trabalhar, por imaturidade mesmo e por nao saber trabalhar e ser inftuenciada ... E

eu fui a ultima a come~ar produzir par ter essas dificuldades a partir do momenta

que eu comecei a me ater no meu trabalho mesmo, ai eu comecei a perceber a

que servia pra mim, par exemplo, 0 trabalho das pipocas, foi uma experiencia que

nos tivemos os cinco apesar que cada um teve a sua experiencia.

A.A. Cad a um apreende de uma forma ne?

L.P. E, mas e na expeliencia, aquela expeli€mcia me serviu de urn jeito, pra

Lilian de outro, mas que .. Ate porque 0 gnupo nao trabalhou tanto assim que

tivesse uma caracteristica em comum que dizesse que esta caracteristica aparece

em algum trabalho das pessoas, eu acho que a ponto forte do grupo sao as

discussoes e dessas discuss5es a resultado delas e a amadurecimento de idaias,

de tudo, porque justa mente as vezes eram duvidas pessoais que a gente levava

Page 55: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

55

pro grupo, eu acho que se acontece alguma relayao com 0 trabalho individual com

o trabalho do grupo e nesse sentido.

A.A. 0 Pipoca Rosa mantem contato com outros grupos? De Que fomna e

quais?L.P. Ele nao mantE~m infelizmente, e interessante e eu sei a vantagem disso

porque a gente nao tern muito, 0 que a gente conhece masma e 0 pessoal do

grupo Vaca-Amarela de Floripa e na verdade nem foi 0 gnupo inteiro. algumas

pessoas tiveram contato com a galera de la. mas eu particularmente tive e achei

muito interessante que fai pra perceber como eles trabalham que e diferente 0

processo e diferente, como e a relac;ao do grupo que e urn processo diferente,

mas acho que ai as vanta gens sao as mesmas S8 voce e urn artista

individualmente e ter contato com outros artistas de outros estados, eu acho que e

o mesma ganho, five varias surpresas que ai nao e nem uma questeo de grupo

mas como 0 pessoal de la produz e diferente do que 0 pessoal daqui produz.

diferente fisicamente, aparentemente as obras sao diferentes, pareee que e uma

forma de materializar que eles tern la, uma forma de trabalhar com a materia e a

gente tern Qutra, eu nao sei dizer como que aconleee isse, como e essa diferentya,

e quase uma diferenya muito pr6xima por exemplo de uma exposiyao de artistas

do Parana com uma exposiyao de artistas Paulistanos que voce uma diferenya na

montagem da exposityao, uma difereny8 na abordagem dos assuntos, uma

diferenya na abordagem da materia e eu achei isso muito legal e foi bem

interessante que quando eu mostrei uma foto da instalatyao la que eu fiz na Caixa

(Gale ria da Caixa Economica Federal) eles ficaram muitos surpresos!

A.A. Aquela da bola que a gente ajudou a montar?

L.P. Isso, quando eu vi a exposiyao deles e olhei os trabalhos eu fiquei

surpresa de ver a semelhanya entre as trabalhos, a semelhanya de tratamento de

tudo, de ideias .. e como e diferente de tudo que a gente faz aqui, eu vi uma

diferentya brutal, alias, eu tinha que pensar melhor isso pra descobrir que diferencya

que e essa porque nao sei ao certo a que e isso mas a surpresa nao foi s6 minha

porque quando mostrei aquele trabalho justa mente eles ficaram muito surpresos,

eles nunca tin ham visto uma coisa daquelas .. (risos)

Page 56: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

56

Com uma cara de ueu nunca vi isso e nunca pensei numa coisa dessas"(risos). Entao eu percebi que a diferen98 foi a mesma.. Eu acho que 0 que

caracteriza da gente como grupo e uma ceisa que deve ser bern diferente do quecaracteriza urnDutro arranjo de pessoas,

Eu ja ouvi falar de Qutros grupos, e eu tenho quase certeza que a forma com

que eles S8 organizam la, 0 que amarra eles como grupo sao motivDs drterentes

que pra nos nao S8 enquadrariam.

Page 57: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

57

Lilian Gassen (Curitiba 03 set. 2003).

A.A. 0 Pipoca Rosa tern a intenC;80 de 56 intervir em espa«os urbanos como

o fato ocorrido na manhii de 28 de novembro de 2000?

LG. Aquele trabalho das pipocas foi 0 primeiro trabalho do grupo e ele foi na

rua por quest6es que eu posso chamar de falta de experiemcia do grupo do meio

especifico, dos tramites do meio especifico das artes aqui em Curitiba se

pensando em exposi980 pra museus ..A.A. Espa,os da Funda,ao ..

LG. Que tem todo aquele tramite de voce mandar um projeto no come,o do

ano ele passa por urna seleyao, se aprovado OUnaD par urna comissao e como agente nao sabia disso 0 grupo com~ou .., Depois de todo esse processo, esse

processo jil tinha passado, as reuniees do grupo ja comec;aram mesmo que sendo113no inicio do ana, la em abril, 56 que j8 tinha passado essas inscri90es e a gentenao sabia disso, enfim, chegou 0 final do ano e a gente queria fazer urn trabalho

do grupo, a proposta inicial era fazer uma coletiva com trabalhos individuais, num

desses espa9Js ai que a gente viu que nao era possivel, a gente fez como

altemativa disso um trabalho na rua.

AA Mas nao que isso seja uma questao basica do grupo, e uma questao de

oP9iio ..

L.G. E uma questao de OP9aO e isso pode ou nao acontecer de novo, tanto

que teve uma experiEmcia do grupo, porem nao se concretizou que fol no SESe da

Esquina, um sile-especific pro SESC da Esquina que acabou nao rolando, mas

que 0 projeto foi feito e ia ser 0 segundo trabalho do grupo e nao ia ser na rua,

A.A. A agao do Pipoca Rosa neste dia foi uma performance? Existe essa

relayao do Pipoca com a performance?

l.G. Eu acho que quando a gente fez aquele trabalho a gente nao pensou

em que tipo de trabalho que a gente estava fazendo, se era uma instalayao, se era

uma escultura, se era performance, a gente simples mente pensou no todo, e

elementos de performance que a gente pode situar e 56 uma parte de trabalho,

que e 0 fato da gente ir la e jogar a pipoca e urn dos varios elementos que esse

Page 58: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

58

trabalho tem, se a gente for pensar assim ... Pq tem a aparte dos Correios e do

jamal, S8 a gente for pensar descaracteriza iS50 tude porque acaba ficando um

objeto dessa ayao, entaD como e que jria pensar 1550. Entao eu acho que esses

limites de defini90es se e performance QU S8 nao e aeaba sendo quase irrelevante,fica "desimportante" quando a gente pensa no todo do trabalho que ele acaba se

situando como S8 fosse uma "coisa" de varias partes, que e a parte de jogar as

pipocas, a parte dos Correios e 0 do jomal, a divulgayilo.

A.A. A "Bicicleta" foi nome dado a uma exposiyilo que posteriormente alguns

artistas remanescentes uniram-se e formaram a Mota-Continuo, a intenr;ao de

voces sempre fai a questao grupo mesma? Oesde a principia a Pipoca sempre fai

pens ado em quanto gnupo?

L.G. Olha, a memoria que tenho desse "troyO" e 0 seguinte que quando a

gente S8 reunia para discutir arte, a gente S9 reunia para discutir arte! Eu naD sei

S8 agente era urn grupo de artistas, eu acho que era urn grupo de gente que

que ria conversar sobre arte (risos). Se a gente for colocar 0 termo ai como grupo

de artistas eu acho que naquela epoca a gente naD se intitulava como "grupo de

artistas", a gente se intitulava como urn grupo de pessoas que queria saber mais

de arte tanto que quase urn ana se deu antes do grupo fazer alguma caisa dentro

do meio das artes mesmo, ate entaD a gente s6 tinha conversa e discussao sobre

o trabalho de urn, como aconteceu la no casa do Otavio, algumas vezes a gente

discutiu a trabalho dele enfim, discuHamos a trabalho do outros artistas que

estavam expondo por ai, a questao era discutir arte, entao se pensar nurn grupo

que esta discutindo arte ai da pra pensar na questao de grupo.

Uma coisa que a principia a gente s6 pensava nas reunioes era pra discutir

arte mesmo, essa e a minha mem6ria des sa situaQi30 toda.

A.A. 0 perfil do Pipoca Rosa seria questionar? Existe um perfil?

L.G. Eu yOU emendar a pergunta com essa resposta ..

Quando a gente fez 0 trabalho da Pipoca a gente (na minha memoria) nilo

que ria questionar instituil;c30, isso ate acho que nas ultimas reunioes pra fechar 0

trabalho a gente colocau que nilo podia rolar um lance assim pelo fato da gente

jogar pipocas na frente das instituiyoes e que is so poderia ser mal interpretado e

Page 59: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

59

vista como urn protesto ate porque a que a gente queria tazer era criar urn circulo

de li9a980 e nao a contralia, criar urn dialogo, uma rede de comunicac;:ao entre

todas essas COiS8S e nac se contra par a instituic;ao, falar contra a inslitui980

porque a instituic;:ao e urn Mtro90" que tern suas regras proprias e a gente questiona

essas regras enfim, nao era isso a intenyiio desse trabalho e a gente pensando

nas reunioes do grupo antes do trabalho tinha a vontade de discutir arte .. acho

que q gente nac ficava botando 0 "tr090" de politica cultural essas coisas no

meio,nessa epoca pelo que eu me lembro as vezes ate isso poderia rolar numa

situayiio muito especifica da gente sei Iii estar falando mal de um curador que fez

uma exposicyao em tal lugar e que "Meu Oeus~ como e que acontece urn negocio

desse, acho que isso era mujto.

A.A. Nac era assunto do momento.

L.G. Naa, naD era rotina porque a gente queria discutir arte pra aprender

porque todos nos ali eramo5 iniciantes, claro, um em cada ana da faculdade, cada

um com sua experiemcia.

A.A. Em rela~o a esta exposi980 que ocorreu em Joinville, as obras

expostas sao da produ9aO individual de voces, mas foram expostas como "Grupo

Pipoca Rosa" ou seja, desta forma nao descaracteriza a n09aO de grupo?

L.G. Por expor obras individuais? Acho que nao, urna exposiyao na rninha

conCeP9ao ate i5S0 e uma coisa que a gente foi construindo com 0 grupo, uma

exposi~o e um trabalho! Se a gente for perguntar pra um curador se curadoria e

ou nao urn trabalho ele vai dizer que e um trabalho, entao eu penso uma

exposi9aO ou qualquer exposi980 que eu faya como urn trabalho, entao todas as

partes desse trabalho sao pensados com essa objetividade de trabalho, nao que

nao implique quest6es subjetivas, mas essa nao e a questao par exemplo, 0

convite da exposi9ao (de Joinville) se nao me engano nos tivemos cinco reuni6es

so pra fazer 0 convite da exposi~o, ainda entes disso a gente discutiu que

trabalhos que a gente ia mandar, nao que a gente jiJ fosse pensar ou ter a ideia da

exposi9fio como um todo antes, mas alguma caisa jil dava pra ir se pensando

durante esse processo antes da exposi9aO. Chegando I'; a que a gente fez foi nos

cinco pensar 0 espac;o como um todo e dispor trabalhos naquele espa90, entao

Page 60: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

60

cada trabalho foi discutido indlvidualmente, cada trabalho foi discutido pelos cinco

e foi nessa discus sao definido 0 local que ele ia ocupar e isso permitiu pra gente

pensar naquele espa,o como um todo porque 0 trabalho e do grupo, e um

trabalho do grupo a exposi<;;iio e tudo que envolve ela esta dentro desse trabalho,

entao desde 0 convite a gente foi pensando esse processo da exposi9ao dessa

maneira, entaD 0 convite tambem e urn trabalho do grupo, nao urn trabalho assim

como trabalho feito pelo grupo a cinco maos OU a cinco cabe98s OU naquele

momento foi seis ne porque naquele momento 0 Willian participou do processo do

convite porem nao participou da exposi980 113com 0 trabalho dele.Uma ceisa pra mim nao descaracteriza Dutra, 0 fato de serem trabalhos

individuais nao descaracteriza 0 trabalho do grupo porque existiu 0 trabalho, se

nao tivesse existido ai voce teria rQzao com essa afirrnativa que voce pro poe na

pergunta.

A.A. De que forma a produyao individual se converge com a produvao do

grupo? Existe esta relac;ao direta ou vice-versa?

L.G. Pra mim e uma questao fundamental porque 0 que influenciou a grupo

pipoca Rosa no meu trabalho nao foi um trabalho do grupo, mas foi um processo

do grupo, aquele periodo em que a gente assumiu uma responsabilidade de

reuni6es marcadas com hOfl3riO marcado, com tempo marcado e que isso era

semanal e as vezes isso acontecia mais de um8 vez por semana e que foi

gerando um aprofundamento, a meu entender esse processo de aprofundamento

e ate metodologia que 0 grupo usou nas reuni6es foi um tr090 que quase posso

dizer me formou e formou 0 meu processo de produyao, porque partindo daquilo

ali, daquela experiencia que eu tive com 0 grupo de metodologia e com

aprofundamento foi a que eu busquei fazer nos me us trabalhos individuais .. Que

eu me aprofundasse nas questoes tanto quanto a gente se aprofundava nas

quest6es dentro das reunioes do grupo, nao importa discutindo 0 que?! Se era

trabalho do Tony, se era trabalho do Otavio, se era 0 trabalho da Livia, se era 0

trabalho da Raiza, se era 0 trabalho de um artista que nao fazia parte do grupo,

esse nivel de aprofundamento que a discussao chegava era muito alto e por sinal

era uma coisa que a gente nao encontrava em lugar nenhum aqui em Curitiba,

Page 61: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

61

simplesmente nao existia isso aqui, e i550 como a gente nao tira ceisa de lugar

nenhum a gente aprendeu na oficina permanente de arte do Geraldo, param, fora

de 103voce naD encontra isse, esse nivel de discussao que a gente tinha no grupo

e de aprofundamento e eu acho que isso influencia meu trabalho ate hoje, que e

urna coisa que eu buseD assim e posso dizer pra minha vida, que e esse nrvel e

aprofundamento nas eoisas de maneira geral que 0 grupo me ensinou.

Urna ceisa que comeyou a acontecer com a gente depois de urn tempo de

discussao que a gente tinha no grupo foi esse "tro90" de aprofundar cada questao,

ir 103 no fundo do trabalho, puxar 103 de dentro, a gente comeyou a ir em eventos. 0

grupo come90u a ir em palestras de outros artistas e a gente pensava que 0 tr090

era urna ratina, a gente aehava que 0 troyo de discutir arte, ir fundo nas quest6es,

falar opinioes com criterios, nao 56 9051ei OU nao gostei, a gente aehava que todos

os artistas faziam assim e indo nesses eventos q gente percebeu , claro de pois

de um tempo que a coisa nao era bem assim, e a gente come~u a se deparar

com urn troc;o que as pessoas comec;aram a perguntar nossa opiniao porque

sabiam que a gente ia falar nossa opiniao (risos)

Livia pega 0 microfone e da sua opiniao!

L.P. Ai acho que por isso que a gente ficou com essa fama de questionadora

(risos).

L.G. Porque dai 0 Tony comeyou a ter uma fama horrorosa, ele nao podia ir

rna is nesses eventos porque ele ia acabar com os artistas enfim, ia destruir 0

artista e na realidade nao era isso que acontecia, 0 que 0 Tony falava, 0 q eu a

Livia talava, 0 que eu talava quando a gente ia nesses eventos era falar 0 que a

gente via a partir do trabalho das pessoas, so que esse nivel de discussao nao

rolava, nao era normal ...

L.P. As pessoas nao estavam acostumadas a ouvir sobre 0 proprio trabalho.

L.G. Elas perguntavam 0 que que voce achou do meu trabalho, dai voce tala

assim: Gostei, eo troc;o fica nisso, so que a gente nao, a gente talava gostei de tal

coisa por causa disso, disso e disso, mas nao gostei daquela outra cOisa porque

achei que nao tern nada a ver com esse trac;o aqui entao cria uma incoerencia

dentro do trabaJho, enfim, e quando a gente fazia esse tipo de analise as pessoas

Page 62: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

62

S8 assustam e dal comec;am a ter meda, ate aconteceu 0 fata de urna japanesaque eu nao lembro 0 nome dela, uma artista que quando a gente estava chegando

na exposi980, a guria sai da exposiyao porque a gente estava chegando, sla sai

da abertura da exposi9ao.

A.A. Nossa!

L.P. Onde foi?

L.G. No Salao Paranaense, depois vieram me falar que ela foi embora por

causa da gente, porque ela tern meda, porque ela viu urna vez numa

apresentayao da Maria Ines Hamman ali na Federal naquele Artista na

Universidade (projeto na qual as artistas eram convidados a dar urna palestra a

respeito da sua produy8o) e que a gente foi e question au a trabalho da Maria Ines,

ela estava junto e se assustou com isso e quando a gente foi nha exposi,ao dela

ela achou que a gente ia chegar falando ..s dai ela foi embera com me do que isso

acontecesse, 0 meio de Curitiba era esse, a gente nao sabia disso, como a gente

S8 formou com esse nivel de discussao a gente achava que issa era urna pratica.

L.P. E dai talvez tenha ficada essa farna!

L.G. E ficou mesmo, ate hOje!

L.P. Que nao e s6 disso, mas tambem dos trabalhos do Pipoca.

Page 63: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

63

Otavio Roesner (Curitiba 12 set.2003).

A.A. 0 Pipoca tern a inteny80 de intervir em espar;:os urbanos como 0 fata

ocorrido na manha de 28 de novembro de 2000?

O.R. Acho que foi 0 objetivo naquele momento, coube naquele momento

porque afinal a gente tinha uma produyao numa certa seriedade 56 que nao existia

abertura espacial, espacial arquitetonica entao a gente teve a op,ao de alugar

uma casa ou mandar urn projeto que sao eoisas que nao funcionam mais a lango

prazo e quanta a rua , e uma espaC;D publico que pode acontecer a qualquermomento e independente da arquitetura pelo menDS intra~arquitetura, mais pro

lado mas tambem com certeza cabe a ideia de uma exposiC;80 "indoor"tanto que agente fez i550 jil, que foi la em Joinville, acho que cabem as duas eoisas , que foi

uma situagao de momento.

A.A. Naquele momento 0 ideal era a coisa do fora, do espa90 publico.

O.R. Sim, com certeza

A.A. A 8980 do Pipoca neste dia foi uma performance? Existe esta rela.y80 do

Pipoca com a performance?

O.R. Eu nao considero uma performance assim ne, tanto que nao ... Eu nao

me lembro do dia eu nao senti nenhuma vontade digamos poetica gestual de abrir

os pacotes, de jogar as pacotes entao nesse sentido foi uma coisa praticamente

operacional.

A.A. Um ato mecanico de chegar I'; e despejar.

O.R. Assim como um funcionario executa obras e tal ne com um acerta

previsibilidade entao nesse sentido acho que existiu 0 ato de ir la e fazer 0

trabalho assim como no momenta em que voce esta pintando au fazendo uma

escultura, voce esta fazendo aquilo de um jeito operacional, mas nada impede

tambem de ser urn momento de extrema poesia, nesses casos assim eu penso

naquelas pinturas do Kiefer que demoram vinte anos para ser executada, de

repente 0 cara s6 vai la e fez uma pincelada quando ele esta nesse momenta de

extreme performance talvez, de ir la e pintar e acho que no momento, no dia Ie foi

Page 64: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

64

bern operacional sem nenhuma preocupa98o de como as Qutros iam ver a

gestualidade do meu corpo.

A.A. A "Bicicleta" foi nome dado a uma exposi<;iio que posteriormente alguns

artistas remanescentes uniram-se e formaram 0 Moto-Continuo, a inten<;ao de

voces sempre foi a questao grupo mesmo? Oesde 0 principio 0 Pipoca sempre foi

pensado enquanto grupo?

O.R. Foi pens ado em quanto gnupo, 16gico que existia as parcerias. as

proximidades mais naturais que acontecem, mas esse nome Pipoca Rosa

aconteee enquanto grupo mesma, com todos os parceiros juntos e eu acho que 0trabalho que aconteceu com a pipoca rosa que e 0 grande alicerce de toda a

discusseo, 0 que aconteceu depois e urn monte de insel"9oes que pod em

acontecer a exposi~iio de alguns grupos, alguma coletividade de dois grupos, de

duas pessoas mas acho que a principia esse nome, essa caisa aconteee

enquanto grupo, essa uniao de lodos mesma, sem nenhum rigor logica, pode

acontecar individual mente, duas pessoas, tres pessoas ..

A.A. 0 pertil do Pipoca Rosa seria questionar? Existe um perfil?

O.R. Com certeza causa uma indagaC;8o, acho que nossos gestos naD foram

nenhum pouquinho explicativos no sentido de elucidar um assunto, de querer

trazer algo de facil compreensiio, acho que eu tenho comigo um ato de questionar

o cotidiano publico no trabalho da pipoca mesmo que e esse deposito surrealista,

deposito fantastico das pipocas, entao pra rnim esse questionar e urn questionar

que na verdade gera um absurdo assirn ... E um questionar que gera urn nao

questionar, e urn questionar que gera urn nao entender nada, apesar de todas as

tramas possiveis de discurso, 0 que eu penso 0 que seja mais interessante e

justamente 0 de nao entender nada, urn questionamento que gera uma liberdade

compreensivel q ela nao compreende nada.

Ate estava vendo as fotos agora pouco aqui e acho que poderia ser muito

mais plpocas, deveria ser dez mil em cada espa\A> dal ia dar uma presen9a muito

rna is poderosa.

A.A. E que ja teve com aquele numera de pipocas, ja foi uma coisa bacana

se tivesse mais ..

Page 65: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

65

O.R. Se tivesse rnais, nossa! Dai sim pareceria urn sonho voltando ao

surrealismo, um item completamente fantastico na nua, seria sem explicayao.

Existe um questionamento enquanto a estnutura funcional das instituiyoes

publicas, com certeza tern urn questionamento enquanto isso, a fato da gente

praticamente tomar de assalto a arquitetura ... Isso e uma coisa legal, com certeza

ali tern uma questeo praticamente revolucionaria, mas acho rna is interessante 0

questionamento postleD que lS50 proporciona e nao tanto 0 questionamento

politico.

A.A. Em relayao a esta exposiyao que acabou de acorrer em Joinville, as

obras expostas sao da produyao individual de voces, mas foram expostas como

Gnupo Pipoca Rosa, ou seja, desta forma nao descaracteriza a noyao de grupo?

O.R. Ache que nao, nem arqL)itetonicamente falando, sa as obras estiverem

expostas em locais diferentes em cidades diferentes e nem enquanto S9 as obras

sao individuas ou coletivas, acho que existiu.. 0 tato de ser uma exposit;:§o

coletiva abarca qualquer situayao tanto espacial quanto temporal ou de obras

coletivas au nao, acho que nesse sentido naG se desfigura nern urn pouco, pelo

fato de ser uma coisa grupal mesmo.

Com certeza funciona como uma coisa coletiva a grupo, a fato de ser obras

individuais nao afeta essa coletividade e nem mesmo em espa90s diferentes e

nem em tempos diferentes, uma coisa que pode acontecer de baixo desse nome e

pode aeontecer a qualquer momenta em quanto grupo.

A.A. De que forma a produtyao individual se converge com a produyao do

Grupo? Existe esla rela9aO direta ou vice-versa?

O.R. Existe no momento de uma possivel pre-conce~ao do trabalho, no

geral eu sei que you coloear em xeque 0 trabalho enquanto estar sujeito de uma

especie de objetividade comunicativa da obra de arte, entao eu sei que no grupo

existe uma escrita pos-automatismo psiquico, se par aeaso eu fa90 uma poesia de

automatismo psiquieo pareee que existe uma srtuayao, um ambiente no grupo que

corresponde ja a um segundo momenta disso, entao com certeza eu penso em

algumas questoes criticas sobre 0 trabalho na hora de apresentar em grupo

apesar de defender bastante a minha ideia de esvaziamento historica, quando as

Page 66: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

66

trabalhos sao executados no ambiente do grupo eu sempre pen so numa

possibilidade mais crftica de organiz8gao de discussao.

A.A. 0 Pipoca mantem cantata com outros gl1Jpos?De que forma e quais?

O.R. Acho que cada integrante mantem contato com grupos diferentes. nao

vejo nos como um todo, mantendo contato com um grupo todo, que eu sei que 0

Tony e a Lilian conhece 0 pessoal do "Vac8-Amarela", eu conheci 56 a Leticia do

"Vac8-Amarela", tern muitos projetos de grupos funcionando, eu, a Willian e 0

Tony a gente conhece 0 pessoal do "Vitoria Mar", tern a pessoal do "Mesma"

tambem que e urn Qutro que surgiu.

A.A. Mas esses grupos sao daqui de Curitiba? 0 "Vaca-Amarela" nao porque

e de Florianopolis ..

O.R. 0 "Vitoria Mar' e de Curitiba, e uma galera aqui de Curitiba, tem um

grupo novo que surgiu agora tambem que e a pessoaJ da Tuiuti que e 0 grupo

(Retic€mcias) que inclusive tern urn texto da Simone Landal nessa exposic;ao, eu

conheyo 0 Andre RigaUi de la, uma outra menina que eu naD lembro 0 nome, mas

eu acho que essas parcerias entre grupos e uma coisa que nao funciona

efetivamente, funciona isoladamente, acho que cada integrante tem uma rela<;ao

com outros grupos, nao existe ..

A.A. Nao que seja uma pratica necessaria ..

O.R. Eu acho que por enquanto acho que nao, e acho que isso acontece

naturalmente por enquanto nao aconteceu, e porque nao aconteceu uma

necessidade.

A.A. As perguntas acabaram, voce quer dizer mais alguma coisa?

O.R. Eu s6 quero dizer que eu fiquei muito feliz por voce ter escolhido a

gente como objeto de estudo, achei bem interessante e espero que teu texto de

uma margem maior ainda de compreensoes e incompreensoes tambem do

trabalho, e um abral'o pra Simone Landal (risos).

Page 67: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

67

William Machado (Curitiba 12 set 2003).

A.A. A sua entrada no Pipoca aeorreu ap6s 0 Trabalho das Pipocas, a que

voce achou desse trabalho, pelo fato de voce ser naquele momento tarnbam urn

expectador, como voce viu tudo aquilo?

W.M. Mais au menDS de fora, porque eu tinha bastante cantato com ales,

com 0 Otavio principal mente, com a Livia que eram 0 pessoal que estudavam

comigo, depois conseqOentemente fui conversar mais com a Lilian e com a Tony.

A.A. Mas de alguma forma voce estava dentro entao ..

W.M. E, eu senti alguma coisa suspensa porque 0 Otavio falou " 6, vai

acontecer alguma ceisa, a gente esta pensando alguma coisa com a grupo", dai

alguns dias depois eu recebi urn dos envelope pelo Correia ai as li989085 ja

come9aram a serem feilas entaa par i550 ... pra mim sempre foi born par iS50, pelo

cantato que eu sempre tive com eles, par essa experiencia independente de estar

dentro ou fora do grupo.

A.A. De que fomna se deu a sua entrada no Pipoca? Quem te convidou,

como foi, quando fOi, voce gostou? Voce havia sido convidado 103no inicio, mas

nao aceitou e agora voce faz parte dele, 0 que aconteceu pra voce mudar de

ideia?

W.M. E .. Porque aquele naD era 0 momento .. Eu tenho um serio problema

em trabalhar em grupo, por nao comprameter os outros com as minhas

irresponsabilidades ..

A.A. Qual a sua intenc;ao em relac;ao ao grupo?

W.M. E 0 que eu respondi na primeira pergunta, que e essa traca que a

gente tern dentro do grupo.

A.A. E isso e de extrema importancia pra voce ..

W.M. E de extrema importancia pra mim, tanto dar quanto receber essa

dualidade.

A.A. De que forma a sua produC;ao individual se converge com 0 grupo, elas

dialogam, existe esta relayao?

Page 68: Grupo Pipoca Rosa - TCC On-linetcconline.utp.br/media/tcc/2016/08/GRUPO-PIPOCA-ROSA.pdf · ADRIANA ALVES DA SILVA Grupo Pipoca Rosa ... Rubens Guerchman, ... Texto do catalogo da

68

W.M. Tern urn caso born pra dar como exemplo que e a exposic;.ao de

Joinville porque quando foi agendado e que ficamos sabendo as datas, a gentecomec;ou a se encontrar e conversar, elaborar, a gente comeyou a dar 0 chute

inicial do jogo e dai urn desses encontros a gente chegou e nesse assunto ... que

era issa, 0 quanta que eles eram diferentes e 0 que agente podia fazer nessa

exposic;ao era tentar fazer que essas diferenC;8s reverberassem ou expandissem,

nae existe urna exalidao muito precisa, ~exatidao precisa" e sacanagem (risos),

nao existe essa exatidao " Olha, aqui dentro e meu trabalho" entao todas essaseoisas vieram da Lilian, do Tony, do Otavio ...

A.A. Nao tem essa coisa de apontar, isso aqui e da Lilian, isso aqui e do

Otavio..

W.M. Entao.. Mas dessas conversas que a gente tem, dos trabalhos dagente, par isse que eu g0510 deles, porque eles tern esse tom de seriedade de

estar olhando a coisa, falando sobre aquila que eles estao venda, fazendo relac;,ao

com 0 reslo da produyao e e isso que eu acho importante porque dai 0 produto

final nao tern urn carater muito fechado.

A.A. Hoje entao voce e urn membro ativo do Pipoca ..

W.M. Hum... Hum .. E eu estou aprendendo a criar responsabilidade (risos),

essa vontade de traba!har, essa seriedade que eu me admiro.

Espero que eu tenha dado alguma resposta ..

A.A. Claro que sim..