GPL BRASIL Magazine Edição nº1 - Ano 1 - Novembro 2011 E MUITO MAIS... REIMS-GUEUX PORSCHE 956 CAN-AM PORSCHE Os 85 anos de história do circuito de Reims em detalhes A trajetória de um dos melhores carros de todos os tempos Resumos das etapas de Pacific Raceways e Kansas RINGMASTERS AS ETAPAS DE NÜRBURGRING NORDSCHLEIFE MOSTRARAM UM DOMÍNIO DO INÍCIO AO FIM DE ANTONIO VERISSIMUS, NA JUNIOR CUP, E RAONI FRIZZO, NA MASTER CUP
Edição 01 da GPL Brasil Magazine, uma revista onde o automobilismo clássico e o automobilismo virtual são os maiores combustíveis.
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GPL BRASILMag
azineEdição nº1 - Ano 1 - Novembro 2011
E MUITOMAIS...
REIMS-GUEUX PORSCHE 956 CAN-AM PORSCHE
Os 85 anos de história do circuito de Reims em detalhes
A trajetória de um dos melhores carros de todos os tempos
Resumos das etapas de Pacific Raceways e Kansas
RINGMASTERS
AS ETAPAS DE NÜRBURGRING NORDSCHLEIFE MOSTRARAM UM DOMÍNIO DO INÍCIO AO FIM DE ANTONIO VERISSIMUS, NA
JUNIOR CUP, E RAONI FRIZZO, NA MASTER CUP
Junte-se a nós e venha pilotar as máquinas mais
apaixonantes da história do automobilismo!
www.gplbrasil.com.br/forum
GPL BRASIL 3ÍNDICE
4
SANGUE FRIO
A vitória de ponta-
a-ponta de Antonio
Verissimus na Junior
Cup, suportando a
pressão de três
concorrentes
8
THE KING OF THE RING
A terceira vitória da
carreira de Raoni
Frizzo no Green Hell
e seu primeiro
triunfo nesta edição
da Master Cup
13
AMIGOS DE REIMS
As principais
histórias e herois
que marcaram uma
existência de 85 anos
do mítico circuito de
Reims-Gueux
18
A MÁQUINA QUASE
PERFEITA
A história do
Porsche 956, que
dominou as corridas
de endurance nos
anos 80
24
VETERANOS EM AÇÃO
Resenha das duas
primeiras etapas da
Can-Am Porsche
Cup, em Pacific
Raceways e Kansas
Junte-se a nós e venha pilotar as máquinas mais
apaixonantes da história do automobilismo!
www.gplbrasil.com.br/forum
GPL BRASIL 3ÍNDICE
4
SANGUE FRIO
A vitória de ponta-
a-ponta de Antonio
Verissimus na Junior
Cup, suportando a
pressão de três
concorrentes
8
THE KING OF THE RING
A terceira vitória da
carreira de Raoni
Frizzo no Green Hell
e seu primeiro
triunfo nesta edição
da Master Cup
13
AMIGOS DE REIMS
As principais
histórias e herois
que marcaram uma
existência de 85 anos
do mítico circuito de
Reims-Gueux
18
A MÁQUINA QUASE
PERFEITA
A história do
Porsche 956, que
dominou as corridas
de endurance nos
anos 80
24
VETERANOS EM AÇÃO
Resenha das duas
primeiras etapas da
Can-Am Porsche
Cup, em Pacific
Raceways e Kansas
GPL BRASIL 511ª TEMPORADA - JUNIOR
acompanhado de perto por Rodrigo Pilenghi ponteiros, tornando a primeira volta da prova em
(Brabham BT26) e Anderson Lopes (Ferrari 312). uma batalha de quatro carros pela liderança.
Fecharam o top-10 no grid Roberto Vianna Disputa que mudou de cenário na segunda
(BRM P126/139), Will Robson (Lotus 63) e Wayne de volta. O ímpeto de Jungle esfriou por alguns
Paula (BRM P126/139). momentos, sendo a brecha para um pequeno
respiro por parte de Verissimus. O que poucos
esperavam era a impressionante ascensão de Caio
Lucci, que, além de ultrapassar seu rival mais
Assim que a bandeira verde baixou, ficou próximo e assumir a vice-liderança, cravou a melhor
claro que esta seria uma corrida especial e volta da prova, terminando o segundo giro
completamente fora dos padrões do Nordschleife, literalmente na cola do líder.
que costuma produzir corridas até certo ponto Assim, o cenário no início da última volta
pouco movimentadas, já que os carros costumam se apresentava um Antonio Verissimus na ponta, se
espalhar rapidamente pelos mais de 22 km do defendendo como podia aos ataques de Caio Lucci,
circuito. este por sua vez seguido por Renato Jungle, que
Mas desta vez o protocolo foi quebrado e a trazia no seu encalço um paciente e cerebral
adrenalina despertada. Logo nas primeiras curvas, Jonny'O, pronto para aproveitar alguma brecha de
era possível ver um conservador Antonio seus adversários.
Verissimus tendo que resistir aos ataques de um Mais atrás, Rodrigo Pilenghi fazia uma
obstinado Renato Jungle que, disposto a vencer e corrida solitária pelo quinto lugar, longe da briga
encaminhar uma situação mais confortável para o pela vitória e bem à frente de Anderson Lopes, este
título da Junior Cup, pressionava seu adversário. último também em situação confortável em relação
Mais surpreendente ainda era a companhia a Onyas Claudio e Roberto Vianna. Mais distantes,
de Caio Lucci e Jonny'O aos dois postulantes ao Wayne de Paula e Du Oliveira (BRM P126/139)
título. Apesar da inferioridade na sessão faziam uma corrida incrivelmente parelha, com
classi f icatória , tanto Lucci como Jonny ambos sendo separados sempre por menos de três
apresentavam um desempenho semelhante aos segundos de diferença.
Quatro carros e uma luta intensa pela vitória
Antonio Verissimus (18), Renato Jungle (10) e Caio Lucci (ao fundo) foram os
protagonistas de uma bela disputa no começo da prova
Sangue FrioApós resistir à pressão dos rivais e às armadilhas do
Nordschleife, Antonio Verissimus vence sua segunda
corrida na Junior Cup e segue vivo na briga pelo título
Qualificação: uma prévia do que estava por virUma vitória portuguesa, com certeza! A 7ª
etapa da Junior Cup do GPL Brasil,
realizada no mítico Nordschleife, Fato raro em Nürburgring, a disputa para o
reverenciou uma performance impecável do grid de largada foi bastante tensa e movimentada, já
lusitano Antonio Verissimus. Vencedor de ponta a mostrando o tom de quais seriam os protagonistas
ponta, o piloto dominou as três voltas da prova com da corrida Junior. No final, Verissimus fez
uma frieza e regularidade invejáveis, mostrando prevalecer seu ritmo impressionante e a força da
que este é, definitivamente, o melhor ano de sua Matra MS80, cravando a pole na casa de 8m01s,
carreira na liga. seguido de perto pelo seu rival direto no
Mais do que uma simples vitória, a conquista campeonato, Renato Jungle (Matra MS84), apenas
de Verissimus – e as circunstâncias em que ela 2,6s atrás.
aconteceu – serve como uma injeção de ânimo ao Logo em seguida, Caio Lucci (Lotus 49b) e
experiente piloto, que levou 30 pontos para casa e se Jonny'O (Brabham BT26) também mostravam
vê cada vez mais forte na disputa pelo título do figurar no páreo, com tempos bem superiores ao
certame, consolidando sua vice-liderança e agora só resto do pelotão, este liderado por um
a 26 pontos do atual líder, Renato Jungle. surpreendente Onyas Claudio (Matra MS84),
por Raoni Frizzo
GPL BRASIL 511ª TEMPORADA - JUNIOR
acompanhado de perto por Rodrigo Pilenghi ponteiros, tornando a primeira volta da prova em
(Brabham BT26) e Anderson Lopes (Ferrari 312). uma batalha de quatro carros pela liderança.
Fecharam o top-10 no grid Roberto Vianna Disputa que mudou de cenário na segunda
(BRM P126/139), Will Robson (Lotus 63) e Wayne de volta. O ímpeto de Jungle esfriou por alguns
Paula (BRM P126/139). momentos, sendo a brecha para um pequeno
respiro por parte de Verissimus. O que poucos
esperavam era a impressionante ascensão de Caio
Lucci, que, além de ultrapassar seu rival mais
Assim que a bandeira verde baixou, ficou próximo e assumir a vice-liderança, cravou a melhor
claro que esta seria uma corrida especial e volta da prova, terminando o segundo giro
completamente fora dos padrões do Nordschleife, literalmente na cola do líder.
que costuma produzir corridas até certo ponto Assim, o cenário no início da última volta
pouco movimentadas, já que os carros costumam se apresentava um Antonio Verissimus na ponta, se
espalhar rapidamente pelos mais de 22 km do defendendo como podia aos ataques de Caio Lucci,
circuito. este por sua vez seguido por Renato Jungle, que
Mas desta vez o protocolo foi quebrado e a trazia no seu encalço um paciente e cerebral
adrenalina despertada. Logo nas primeiras curvas, Jonny'O, pronto para aproveitar alguma brecha de
era possível ver um conservador Antonio seus adversários.
Verissimus tendo que resistir aos ataques de um Mais atrás, Rodrigo Pilenghi fazia uma
obstinado Renato Jungle que, disposto a vencer e corrida solitária pelo quinto lugar, longe da briga
encaminhar uma situação mais confortável para o pela vitória e bem à frente de Anderson Lopes, este
título da Junior Cup, pressionava seu adversário. último também em situação confortável em relação
Mais surpreendente ainda era a companhia a Onyas Claudio e Roberto Vianna. Mais distantes,
de Caio Lucci e Jonny'O aos dois postulantes ao Wayne de Paula e Du Oliveira (BRM P126/139)
título. Apesar da inferioridade na sessão faziam uma corrida incrivelmente parelha, com
classi f icatória , tanto Lucci como Jonny ambos sendo separados sempre por menos de três
apresentavam um desempenho semelhante aos segundos de diferença.
Quatro carros e uma luta intensa pela vitória
Antonio Verissimus (18), Renato Jungle (10) e Caio Lucci (ao fundo) foram os
protagonistas de uma bela disputa no começo da prova
Sangue FrioApós resistir à pressão dos rivais e às armadilhas do
Nordschleife, Antonio Verissimus vence sua segunda
corrida na Junior Cup e segue vivo na briga pelo título
Qualificação: uma prévia do que estava por virUma vitória portuguesa, com certeza! A 7ª
etapa da Junior Cup do GPL Brasil,
realizada no mítico Nordschleife, Fato raro em Nürburgring, a disputa para o
reverenciou uma performance impecável do grid de largada foi bastante tensa e movimentada, já
lusitano Antonio Verissimus. Vencedor de ponta a mostrando o tom de quais seriam os protagonistas
ponta, o piloto dominou as três voltas da prova com da corrida Junior. No final, Verissimus fez
uma frieza e regularidade invejáveis, mostrando prevalecer seu ritmo impressionante e a força da
que este é, definitivamente, o melhor ano de sua Matra MS80, cravando a pole na casa de 8m01s,
carreira na liga. seguido de perto pelo seu rival direto no
Mais do que uma simples vitória, a conquista campeonato, Renato Jungle (Matra MS84), apenas
de Verissimus – e as circunstâncias em que ela 2,6s atrás.
aconteceu – serve como uma injeção de ânimo ao Logo em seguida, Caio Lucci (Lotus 49b) e
experiente piloto, que levou 30 pontos para casa e se Jonny'O (Brabham BT26) também mostravam
vê cada vez mais forte na disputa pelo título do figurar no páreo, com tempos bem superiores ao
certame, consolidando sua vice-liderança e agora só resto do pelotão, este liderado por um
a 26 pontos do atual líder, Renato Jungle. surpreendente Onyas Claudio (Matra MS84),
por Raoni Frizzo
GPL BRASIL 711ª TEMPORADA - JUNIOR
Na última volta, o clima de
tensão era enorme. Embora mostrando
muita segurança e um ritmo forte,
Verissimus seguia muito ameaçado
por Lucci, que àquela altura mostrava
ser o carro mais rápido em pista. Um
pouco mais distantes, Jungle e Jonny
seguiam no páreo, mas cada vez mais
dependentes de um erro dos rivais
para sonharem com a vitória.
No entanto, na segunda metade
da última volta uma reviravolta no
pódio. Animado com a possibilidade
de voltar a vencer após mais de quatro
anos de jejum, Caio tropeçou no
próprio entusiasmo e rodou na Hohe e sangue frio já andando sozinho, requer tudo isso Acht, deixando seu rival português e – por em dobro quando pressionado por diferentes tabela – a vitória escaparem.pilotos por três voltas.Pouco depois, já no desespero em recuperar o
Renato Jungle também tem o que tempo perdido, o Lotus 49b sofreu outra rodada, comemorar. Apesar de ver seu rival direto na tabela dessa vez na Pflanzgarten II, perdendo bastante vencer, o segundo lugar em Nürburgring saiu como tempo e uma vaga no pódio. Renato Jungle e um resultado lucrativo, já que vê sua vantagem ser Jonny'O passaram pelo experiente piloto, que se viu descontada em apenas cinco pontos. Ou seja, o resignado a terminar na quarta colocação.piloto amazonense tem agora três etapas para Sem a pressão no final, Antonio Verissimus administrar os 26 pontos de vantagem que carrega apenas trouxe o seu Matra com cuidado para na liderança, agora com 160 pontos.garantir o lugar mais alto do pódio pela segunda vez
Com o terceiro lugar, Jonny'O subiu para 106 na temporada e coroar uma atuação brilhante no pontos, assumiu a terceira posição no campeonato e Ring, uma pista que, se exige concentração máxima
ainda mantém vivo o sonho do título,
embora seja uma possibilidade
remota. O já citado Caio Lucci
aproveitou o quarto lugar para subir
algumas posições na tabela. Rodrigo
Pilenghi fechou o dia em quinto,
seguido por Anderson Lopes e Onyas
Claudio.
Mais atrás, Roberto Vianna
terminou a etapa alemã no oitavo
lugar, trazendo em seguida Wayne
de Paula e David Sochenna (Ferrari
312), que fechou o top-10 da Junior
Cup no Nordschleife.
A briga pela taça esquenta cada
vez mais para a próxima etapa, que
será disputada no próximo dia 20 de
novembro, no circuito de Silverstone,
na Inglaterra.
GPL BRASIL6 11ª TEMPORADA - JUNIOR
Jonny’O andou no ritmo dos ponteiros o tempo todo e terminou em terceiro
Renato Jungle foi o segundo colocado e segue na liderança da Junior Cup
NürburgringNordschleife
06/nov/2011
GPL BRASIL 711ª TEMPORADA - JUNIOR
Na última volta, o clima de
tensão era enorme. Embora mostrando
muita segurança e um ritmo forte,
Verissimus seguia muito ameaçado
por Lucci, que àquela altura mostrava
ser o carro mais rápido em pista. Um
pouco mais distantes, Jungle e Jonny
seguiam no páreo, mas cada vez mais
dependentes de um erro dos rivais
para sonharem com a vitória.
No entanto, na segunda metade
da última volta uma reviravolta no
pódio. Animado com a possibilidade
de voltar a vencer após mais de quatro
anos de jejum, Caio tropeçou no
próprio entusiasmo e rodou na Hohe e sangue frio já andando sozinho, requer tudo isso Acht, deixando seu rival português e – por em dobro quando pressionado por diferentes tabela – a vitória escaparem.pilotos por três voltas.Pouco depois, já no desespero em recuperar o
Renato Jungle também tem o que tempo perdido, o Lotus 49b sofreu outra rodada, comemorar. Apesar de ver seu rival direto na tabela dessa vez na Pflanzgarten II, perdendo bastante vencer, o segundo lugar em Nürburgring saiu como tempo e uma vaga no pódio. Renato Jungle e um resultado lucrativo, já que vê sua vantagem ser Jonny'O passaram pelo experiente piloto, que se viu descontada em apenas cinco pontos. Ou seja, o resignado a terminar na quarta colocação.piloto amazonense tem agora três etapas para Sem a pressão no final, Antonio Verissimus administrar os 26 pontos de vantagem que carrega apenas trouxe o seu Matra com cuidado para na liderança, agora com 160 pontos.garantir o lugar mais alto do pódio pela segunda vez
Com o terceiro lugar, Jonny'O subiu para 106 na temporada e coroar uma atuação brilhante no pontos, assumiu a terceira posição no campeonato e Ring, uma pista que, se exige concentração máxima
ainda mantém vivo o sonho do título,
embora seja uma possibilidade
remota. O já citado Caio Lucci
aproveitou o quarto lugar para subir
algumas posições na tabela. Rodrigo
Pilenghi fechou o dia em quinto,
seguido por Anderson Lopes e Onyas
Claudio.
Mais atrás, Roberto Vianna
terminou a etapa alemã no oitavo
lugar, trazendo em seguida Wayne
de Paula e David Sochenna (Ferrari
312), que fechou o top-10 da Junior
Cup no Nordschleife.
A briga pela taça esquenta cada
vez mais para a próxima etapa, que
será disputada no próximo dia 20 de
novembro, no circuito de Silverstone,
na Inglaterra.
GPL BRASIL6 11ª TEMPORADA - JUNIOR
Jonny’O andou no ritmo dos ponteiros o tempo todo e terminou em terceiro
Renato Jungle foi o segundo colocado e segue na liderança da Junior Cup
NürburgringNordschleife
06/nov/2011
Desta vez a pole-position veio sem grandes poucos imaginavam é que Antonio Verissimus
sustos. Apresentando um ritmo forte desde os perderia a vice-liderança logo nas primeiras curvas,
treinos livres, Frizzo aproveitou todo seu após um erro solitário. Ainda pior, após um
conhecimento da pista, aliado ao competitivo desempenho impecável na Junior Cup, o piloto
Brabham BT26 para cravar uma boa volta em 7m46s, lusitano despencou para as últimas posições, depois
quase 12 segundos à frente de seu competidor mais de uma primeira volta desastrosa, cheia de erros.
próximo, Antonio Verissimus (Matra MS80). Com isso, Caio Lucci herdou o segundo
A disputa pelas posições seguinte foi muito posto e imprimia um ritmo bastante interessante no
acirrada e separou alguns pilotos por até décimos de início da prova. Mais atrás, Jonny'O mantinha o
segundo, algo raro em um circuito cujo traçado é terceiro lugar em um ritmo mais cauteloso, sendo
bastante comprido. Nessa dura batalha, Caio Lucci muito pressionado por Antonio Mota, que já
(Lotus 49b) se sobressaiu diante dos rivais, trazendo mostrava dotar de um ótimo ritmo de corrida. Em
consigo Jonny'O (Brabham BT26) e uma sequência seguida, Renato Jungle fechava o top-5 no giro
de três Matras MS84, encabeçadas pelo português inaugural, seguido por John White (Lotus 63), em
Antonio Mota, seguido de perto por Renato Jungle e uma forte escalada do pelotão, após largar do fim do
Rogerio Ottoni. grid.
Fechando os 10 melhores colocados no grid A segunda volta mudou completamente o
de largada, ficaram Thiago Lemos (Brabham BT26), panorama do segundo lugar para baixo. Após
Rodrigo Pilenghi (Brabham BT26) e Marcelo van seguidos erros, Lucci despencou na prova e caiu
Kampen (Lotus 49b). para o quarto lugar, assim como Jonny, que também
teve uma má volta e desceu ao sexto lugar. Entre eles
estava White, continuando sua recuperação na
prova.
A largada já mostrou o que muitos previam. Mais à frente, Mota e Jungle se aproveitaram
Fazendo valer a superioridade dos primeiros dos erros dos rivais e herdaram a segunda e terceira
metros, Raoni Frizzo disparou na ponta. O que colocações, respectivamente, enquanto Frizzo
Show de regularidade dos ponteiros
GPL BRASIL 911ª TEMPORADA - MASTER
Antonio Mota fez uma corrida extremamente
regular e teve como recompensa um ótimo
segundo lugar
the Kingof the Ring
Vitorioso pela terceira vez em cinco corridas em Nürburgring, Raoni
Frizzo comemora um histórico invejável no Green Hell, seu primeiro
triunfo na temporada e se consolida na vice-liderança do campeonato
A
Mais uma pole no Green Hell
lguns pilotos parecem ter certa afinidade mostrou que o longo traçado do circuito é a sua casa.
com determinados circuitos. Na Fórmula De quebra, esta foi sua primeira vitória nesta 11ª
1, não há como não citar o domínio que Temporada, conquistada com um visível domínio
Ayrton Senna e Graham Hill exerciam sobre seus sobre seus rivais. Desde os primeiros metros, o
rivais nas ruas de Mônaco, ou as performances piloto da Scuderia Minarae mostrou que não daria
quase sempre acima da média de Michael chance aos adversários e rumou pra uma vitória de
Schumacher e Kimi Raikkonen em Spa- ponta a ponta, conseguindo ainda a melhor volta da
Francorchamps. prova.
Na GPL Brasil esse tipo de fenômeno
também existe. Ricardo Ramos ganhou o apelido de
“Mister México”, em virtude de três vitórias no
autódromo Hermanos Rodriguez, no México. E a Se a quantidade de vitórias de Frizzo no
sétima etapa da Master Cup, disputada no Nordschleife é algo louvável, sua estatística nos
Nürburgring Nordschleife, elegeu outro treinos classificatórios para a prova é no mínimo
competidor no hall dos grandes vencedores da liga. impressionante. Nas cinco ocasiões em que a liga
Com a conquista da terceira vitória em cinco correu no Inferno Verde, o piloto paulista largou em
edições disputadas no famoso Ring, Raoni Frizzo todas elas na posição de honra.
por Raoni Frizzo
Desta vez a pole-position veio sem grandes poucos imaginavam é que Antonio Verissimus
sustos. Apresentando um ritmo forte desde os perderia a vice-liderança logo nas primeiras curvas,
treinos livres, Frizzo aproveitou todo seu após um erro solitário. Ainda pior, após um
conhecimento da pista, aliado ao competitivo desempenho impecável na Junior Cup, o piloto
Brabham BT26 para cravar uma boa volta em 7m46s, lusitano despencou para as últimas posições, depois
quase 12 segundos à frente de seu competidor mais de uma primeira volta desastrosa, cheia de erros.
próximo, Antonio Verissimus (Matra MS80). Com isso, Caio Lucci herdou o segundo
A disputa pelas posições seguinte foi muito posto e imprimia um ritmo bastante interessante no
acirrada e separou alguns pilotos por até décimos de início da prova. Mais atrás, Jonny'O mantinha o
segundo, algo raro em um circuito cujo traçado é terceiro lugar em um ritmo mais cauteloso, sendo
bastante comprido. Nessa dura batalha, Caio Lucci muito pressionado por Antonio Mota, que já
(Lotus 49b) se sobressaiu diante dos rivais, trazendo mostrava dotar de um ótimo ritmo de corrida. Em
consigo Jonny'O (Brabham BT26) e uma sequência seguida, Renato Jungle fechava o top-5 no giro
de três Matras MS84, encabeçadas pelo português inaugural, seguido por John White (Lotus 63), em
Antonio Mota, seguido de perto por Renato Jungle e uma forte escalada do pelotão, após largar do fim do
Rogerio Ottoni. grid.
Fechando os 10 melhores colocados no grid A segunda volta mudou completamente o
de largada, ficaram Thiago Lemos (Brabham BT26), panorama do segundo lugar para baixo. Após
Rodrigo Pilenghi (Brabham BT26) e Marcelo van seguidos erros, Lucci despencou na prova e caiu
Kampen (Lotus 49b). para o quarto lugar, assim como Jonny, que também
teve uma má volta e desceu ao sexto lugar. Entre eles
estava White, continuando sua recuperação na
prova.
A largada já mostrou o que muitos previam. Mais à frente, Mota e Jungle se aproveitaram
Fazendo valer a superioridade dos primeiros dos erros dos rivais e herdaram a segunda e terceira
metros, Raoni Frizzo disparou na ponta. O que colocações, respectivamente, enquanto Frizzo
Show de regularidade dos ponteiros
GPL BRASIL 911ª TEMPORADA - MASTER
Antonio Mota fez uma corrida extremamente
regular e teve como recompensa um ótimo
segundo lugar
the Kingof the Ring
Vitorioso pela terceira vez em cinco corridas em Nürburgring, Raoni
Frizzo comemora um histórico invejável no Green Hell, seu primeiro
triunfo na temporada e se consolida na vice-liderança do campeonato
A
Mais uma pole no Green Hell
lguns pilotos parecem ter certa afinidade mostrou que o longo traçado do circuito é a sua casa.
com determinados circuitos. Na Fórmula De quebra, esta foi sua primeira vitória nesta 11ª
1, não há como não citar o domínio que Temporada, conquistada com um visível domínio
Ayrton Senna e Graham Hill exerciam sobre seus sobre seus rivais. Desde os primeiros metros, o
rivais nas ruas de Mônaco, ou as performances piloto da Scuderia Minarae mostrou que não daria
quase sempre acima da média de Michael chance aos adversários e rumou pra uma vitória de
Schumacher e Kimi Raikkonen em Spa- ponta a ponta, conseguindo ainda a melhor volta da
Francorchamps. prova.
Na GPL Brasil esse tipo de fenômeno
também existe. Ricardo Ramos ganhou o apelido de
“Mister México”, em virtude de três vitórias no
autódromo Hermanos Rodriguez, no México. E a Se a quantidade de vitórias de Frizzo no
sétima etapa da Master Cup, disputada no Nordschleife é algo louvável, sua estatística nos
Nürburgring Nordschleife, elegeu outro treinos classificatórios para a prova é no mínimo
competidor no hall dos grandes vencedores da liga. impressionante. Nas cinco ocasiões em que a liga
Com a conquista da terceira vitória em cinco correu no Inferno Verde, o piloto paulista largou em
edições disputadas no famoso Ring, Raoni Frizzo todas elas na posição de honra.
por Raoni Frizzo
Lá na frente não teve para ninguém. controlar bem a situação. Caso contrário, acho que
Passeando desde o início da prova, Raoni Frizzo não seria tão simples assim», comemorou Frizzo.
recebeu a bandeirada com quase um minuto de Com o último lugar no pódio, John White
vantagem para Antonio Mota, conquistando sua sacramentou sua belíssima corrida de recuperação e
primeira vitória na temporada. Mota, por sua vez, segue tranqüilo na ponta da tabela. Agora o piloto
fez uma corrida extremamente regular e conquistou da Pipoca Racing chegou aos 174 pontos, 51 à frente
com tranquilidade o segundo lugar. de Raoni Frizzo, que segue cada vez mais firme na
«Gosto demais de Nürburgring, para mim é vice-liderança, com 123 pontos.
sempre uma corrida especial e nunca enjoo de andar Jonny'O fechou a etapa da Alemanha em
nela. Não vou dizer que foi uma vitória difícil quarto lugar, seguido por Thiago Lemos. No
porque na verdade não foi mesmo, mas muito por entanto, uma análise pós-corrida feita pelos
conta das circunstâncias. Muitos pilotos que comissários de prova considerou o piloto da
vinham rápido erraram bastante, principalmente no Scuderia Minarae culpado por um acidente com o
começo da corrida, o que me deu margem para piloto Rogerio Ottoni, ainda na primeira volta e
aplicando uma punição de 30 segundos aos
seu tempo final de prova.
Com isso, Renato Jungle herdou a
quinta posição, agora com Thiago Lemos
em sexto, seguido por Rogerio Ottoni.
Rodrigo Pilenghi fechou o dia em oitavo,
enquanto Marcelo van Kampen e
Anderson Lopes (Ferrari 312) fecharam os
dez melhores colocados.
Com o campeonato ainda sem uma
definição e muitos pontos em jogo, as
máquinas da Master Cup rumam para
Silverstone, onde disputarão a oitava etapa
de um total de 10 previstas, marcada para o
próximo dia 20 de novembro.
GPL BRASIL 1111ª TEMPORADA - MASTER
Jonny’O mostrou um ritmo surpreendente e terminou no quarto lugar
John White literalmente voou para fazer uma bela prova de recuperação e subir ao pódio
GPL BRASIL10 11ª TEMPORADA - MASTER
seguia tranquilo na liderança, já com mais de 30 Frizzo e Mota já distantes dos demais pilotos, a
segundos de vantagem sobre seu rival mais disputa pelo último lugar no pódio seguia acirrada,
próximo. liderada por um John White seguido bem de perto
A volta seguinte reservou as maiores por Jonny'O, cada vez mais ameaçado por um
emoções no bloco da frente. A briga pela terceira crescente Thiago Lemos. Um pouco mais atrás,
posição esquentou de vez e se tornou numa guerra Renato Jungle tentava não perder contato com o
entre cinco pilotos. Com desempenhos irregulares, pelotão, apesar dos erros, mas ao mesmo tempo
Renato Jungle e Caio Lucci permitiram a recebia a ameaça de Rogerio Ottoni.
aproximação dos rivais. Não demorou para John O início da quinta volta foi marcado por um
White se aproveitar disso e assumir a liderança do abandono duplo. Após acidentes, Caio Lucci e
grupo. Além disso, a sucessão de erros dos pilotos Antonio Verissimus desistiram do GP alemão. Um
permitiu a reaproximação de Jonny'O e a inclusão melancólico fim de prova para uma corrida que se
de Thiago Lemos na disputa. mostrava bastante promissora em seu início.
Logo atrás, Rogerio Ottoni acompanhava de Melhor para Rodrigo Pilenghi, que herdou duas
longe a movimentação, enquanto Antonio posições de graça e subiu para oitavo.
Verissimus buscava a recuperação e já havia Cada vez mais restrita, a luta pelo terceiro
superado Rodrigo Pilenghi na disputa pelo nono lugar agora se resumia a John White, Jonny'O e
lugar. Thiago Lemos. Melhor para White, atual líder do
campeonato, que soube resistir à pressão e abriu
vantagem na última volta, enquanto Jonny liderou
Thiago, este último ainda sofrendo uma rodada nos
Se a quarta volta já mostrava a provável instantes finais, na tentativa de buscar a quarta
definição do vencedor e do segundo colocado, com posição.
Atenções voltadas à luta pelo pódio
As Lotus de John White (dir.) e Caio Lucci (esq.) duelaram por parte da prova pelos primeiros lugares
Lá na frente não teve para ninguém. controlar bem a situação. Caso contrário, acho que
Passeando desde o início da prova, Raoni Frizzo não seria tão simples assim», comemorou Frizzo.
recebeu a bandeirada com quase um minuto de Com o último lugar no pódio, John White
vantagem para Antonio Mota, conquistando sua sacramentou sua belíssima corrida de recuperação e
primeira vitória na temporada. Mota, por sua vez, segue tranqüilo na ponta da tabela. Agora o piloto
fez uma corrida extremamente regular e conquistou da Pipoca Racing chegou aos 174 pontos, 51 à frente
com tranquilidade o segundo lugar. de Raoni Frizzo, que segue cada vez mais firme na
«Gosto demais de Nürburgring, para mim é vice-liderança, com 123 pontos.
sempre uma corrida especial e nunca enjoo de andar Jonny'O fechou a etapa da Alemanha em
nela. Não vou dizer que foi uma vitória difícil quarto lugar, seguido por Thiago Lemos. No
porque na verdade não foi mesmo, mas muito por entanto, uma análise pós-corrida feita pelos
conta das circunstâncias. Muitos pilotos que comissários de prova considerou o piloto da
vinham rápido erraram bastante, principalmente no Scuderia Minarae culpado por um acidente com o
começo da corrida, o que me deu margem para piloto Rogerio Ottoni, ainda na primeira volta e
aplicando uma punição de 30 segundos aos
seu tempo final de prova.
Com isso, Renato Jungle herdou a
quinta posição, agora com Thiago Lemos
em sexto, seguido por Rogerio Ottoni.
Rodrigo Pilenghi fechou o dia em oitavo,
enquanto Marcelo van Kampen e
Anderson Lopes (Ferrari 312) fecharam os
dez melhores colocados.
Com o campeonato ainda sem uma
definição e muitos pontos em jogo, as
máquinas da Master Cup rumam para
Silverstone, onde disputarão a oitava etapa
de um total de 10 previstas, marcada para o
próximo dia 20 de novembro.
GPL BRASIL 1111ª TEMPORADA - MASTER
Jonny’O mostrou um ritmo surpreendente e terminou no quarto lugar
John White literalmente voou para fazer uma bela prova de recuperação e subir ao pódio
GPL BRASIL10 11ª TEMPORADA - MASTER
seguia tranquilo na liderança, já com mais de 30 Frizzo e Mota já distantes dos demais pilotos, a
segundos de vantagem sobre seu rival mais disputa pelo último lugar no pódio seguia acirrada,
próximo. liderada por um John White seguido bem de perto
A volta seguinte reservou as maiores por Jonny'O, cada vez mais ameaçado por um
emoções no bloco da frente. A briga pela terceira crescente Thiago Lemos. Um pouco mais atrás,
posição esquentou de vez e se tornou numa guerra Renato Jungle tentava não perder contato com o
entre cinco pilotos. Com desempenhos irregulares, pelotão, apesar dos erros, mas ao mesmo tempo
Renato Jungle e Caio Lucci permitiram a recebia a ameaça de Rogerio Ottoni.
aproximação dos rivais. Não demorou para John O início da quinta volta foi marcado por um
White se aproveitar disso e assumir a liderança do abandono duplo. Após acidentes, Caio Lucci e
grupo. Além disso, a sucessão de erros dos pilotos Antonio Verissimus desistiram do GP alemão. Um
permitiu a reaproximação de Jonny'O e a inclusão melancólico fim de prova para uma corrida que se
de Thiago Lemos na disputa. mostrava bastante promissora em seu início.
Logo atrás, Rogerio Ottoni acompanhava de Melhor para Rodrigo Pilenghi, que herdou duas
longe a movimentação, enquanto Antonio posições de graça e subiu para oitavo.
Verissimus buscava a recuperação e já havia Cada vez mais restrita, a luta pelo terceiro
superado Rodrigo Pilenghi na disputa pelo nono lugar agora se resumia a John White, Jonny'O e
lugar. Thiago Lemos. Melhor para White, atual líder do
campeonato, que soube resistir à pressão e abriu
vantagem na última volta, enquanto Jonny liderou
Thiago, este último ainda sofrendo uma rodada nos
Se a quarta volta já mostrava a provável instantes finais, na tentativa de buscar a quarta
definição do vencedor e do segundo colocado, com posição.
Atenções voltadas à luta pelo pódio
As Lotus de John White (dir.) e Caio Lucci (esq.) duelaram por parte da prova pelos primeiros lugares
Amigosde
Reims
Depois de quase ser extinto, o circuito de Reims-
Gueux sobreviveu ao tempo e preserva uma
memória recheada de grandes campeões em seus
85 anos de história
por Raoni Frizzo
GPL BRASIL12 11ª TEMPORADA - MASTER
NürburgringNordschleife
06/nov/2011
Amigosde
Reims
Depois de quase ser extinto, o circuito de Reims-
Gueux sobreviveu ao tempo e preserva uma
memória recheada de grandes campeões em seus
85 anos de história
por Raoni Frizzo
GPL BRASIL12 11ª TEMPORADA - MASTER
NürburgringNordschleife
06/nov/2011
Gueux e Thillois. Mas o que mais chamava a
atenção no circuito era suas enormes retas e curvas
de alta velocidade, que tornavam as corridas em
uma batalha pelo vácuo e favoreciam os carros mais
potentes.
Ainda no fim de 1926, foi realizado pela
primeira vez um evento que se tornou característico
do circuito francês, as “12 Horas de Reims-Gueux”,
uma competição de carros esporte e que se tornou
tradicional no continente europeu com o passar dos
anos.
Com o ganho de popularidade do evento e
do circuito, foram construídos, durante a década de
30, os boxes e as tribunas na reta principal do
traçado e, curiosamente, um suporte que fixava uma
cortina perto da vila Thillois. Isso mesmo! Uma
cortina para bloquear os raios de Sol que ofuscavam
os pilotos, especialmente ao nascer do dia. Como
alguns preferem chamar, era a popular
edição da prova, a bordo de um Alfa Romeo P3.“gambiarra”.
Apesar do Grand Prix só retornar a Reims-O crescimento do número de corridas em
Gueux após seis anos, o circuito já estava Reims atraía cada vez mais a atenção do público e
consagrado como um palco de corridas também o interesse de outras categorias. Até que em
internacionais. No final dos anos 30 os tão 1932 o L'Automobile Club de France passou a
aclamados carros alemães desembarcaram em organizar no circuito o Grand Prix de France, que
Reims. Eram tempos pré-2ª Guerra Mundial, onde receberia uma espécie de Fórmula 1 da época, com
os carros feitos pela Mercedes e pela Auto Union grandes pilotos de vários países, entre eles o genial
dominavam as corridas pela Europa. Foi assim em italiano Tazio Nuvolari, vencedor da primeira
1938, quando a Mercedes triunfou com
Manfred Von Brauschitsch e seu modelo
W154, e em 1939, com a vitória do Auto
Union D-Type, pelas mãos de Hermann
Müller.
A Guerra Mundial paralisou as
competições a motor na Europa, e Reims-
Gueux só voltou a sediar eventos de grande
porte em 1947. Eram tempos onde as marcas
italianas voltaram a dominar o cenário das
corridas e os carros já eram precursores do
que seria o início da Fórmula 1, em 1950. As
velocidades continuavam crescendo e já era
comum ver alguns pilotos fazendo voltas
com uma média de quase 200 km/h, algo
extremamente rápido para a época.
A internacionalização
GPL BRASIL 15REIMS-GUEUX
O traçado de Reims em sua formação mais conhecida, de 1954
As 12 Horas de Reims era uma das corridas mais importantes da Europa
mapa: BAPOM
foto: imca-slotracing.com
GPL BRASIL14 REIMS-GUEUX
No automobilismo em geral, quando Um cenário que chega a ser surreal, mas
falamos de circuitos de corrida, a primeira comum para a era clássica do automobilismo. Não
coisa que vem à nossa mente é um era raro ver circuitos utilizando estradas públicas, as
traçado, de preferência asfaltado, cujo projeto é mesmas onde carros comuns trafegavam, para as
direcionado exclusivamente para receber corridas. Entre esses circuitos há um francês, que se
competições de veículos a motor. Temos como destaca pelas velocidades altíssimas, aliadas ao
exemplos atuais os cada vez mais modernos e perigo de uma verdadeira ladeira feita de pé
seguros autódromos construídos para as principais embaixo. Esse circuito é Reims-Gueux.
categorias do planeta. São locais dotados de uma A história do circuito que leva o nome da
infra-estrutura impecável e um asfalto tão regular cidade onde fica localizado (Reims) começou mais
como uma mesa de bilhar. precisamente em 1926. Com o boom das corridas de
Como disse acima, esse é o cenário atual, de automóveis e motocicletas por toda a Europa, era
u m u n i ve r s o c o m p l e t a m e n t e a va n ç a d o comum o surgimento de vários circuitos para a
tecnologicamente no automobilismo. O que prática do esporte. Com Reims-Gueux não foi
contrasta com uma realidade completamente diferente. Utilizando algumas estradas na região de
diferente, se olharmos para o passado e notarmos Champagne, a primeira corrida sediada no circuito
como eram os circuitos de décadas atrás. No lugar foi o Grand Prix de La Marne, vencido pelo francês
dos guard-rails, árvores e - quando muito! – Pierre Clause.
algumas cercas de proteção. Em vez de asfaltos de Na ocasião, o traçado era composto por 7826
alta aderência, pisos extremamente irregulares, com metros e seu formato lembrava o de um triângulo,
desníveis e até mesmo buracos. formado por estradas que circundavam as vilas de
O italiano Tazio Nuvolari e seu Alfa Romeo na
edição de 1932 da prova, vencida por ele mesmo
foto: wacky (Phombo.com)
Gueux e Thillois. Mas o que mais chamava a
atenção no circuito era suas enormes retas e curvas
de alta velocidade, que tornavam as corridas em
uma batalha pelo vácuo e favoreciam os carros mais
potentes.
Ainda no fim de 1926, foi realizado pela
primeira vez um evento que se tornou característico
do circuito francês, as “12 Horas de Reims-Gueux”,
uma competição de carros esporte e que se tornou
tradicional no continente europeu com o passar dos
anos.
Com o ganho de popularidade do evento e
do circuito, foram construídos, durante a década de
30, os boxes e as tribunas na reta principal do
traçado e, curiosamente, um suporte que fixava uma
cortina perto da vila Thillois. Isso mesmo! Uma
cortina para bloquear os raios de Sol que ofuscavam
os pilotos, especialmente ao nascer do dia. Como
alguns preferem chamar, era a popular
edição da prova, a bordo de um Alfa Romeo P3.“gambiarra”.
Apesar do Grand Prix só retornar a Reims-O crescimento do número de corridas em
Gueux após seis anos, o circuito já estava Reims atraía cada vez mais a atenção do público e
consagrado como um palco de corridas também o interesse de outras categorias. Até que em
internacionais. No final dos anos 30 os tão 1932 o L'Automobile Club de France passou a
aclamados carros alemães desembarcaram em organizar no circuito o Grand Prix de France, que
Reims. Eram tempos pré-2ª Guerra Mundial, onde receberia uma espécie de Fórmula 1 da época, com
os carros feitos pela Mercedes e pela Auto Union grandes pilotos de vários países, entre eles o genial
dominavam as corridas pela Europa. Foi assim em italiano Tazio Nuvolari, vencedor da primeira
1938, quando a Mercedes triunfou com
Manfred Von Brauschitsch e seu modelo
W154, e em 1939, com a vitória do Auto
Union D-Type, pelas mãos de Hermann
Müller.
A Guerra Mundial paralisou as
competições a motor na Europa, e Reims-
Gueux só voltou a sediar eventos de grande
porte em 1947. Eram tempos onde as marcas
italianas voltaram a dominar o cenário das
corridas e os carros já eram precursores do
que seria o início da Fórmula 1, em 1950. As
velocidades continuavam crescendo e já era
comum ver alguns pilotos fazendo voltas
com uma média de quase 200 km/h, algo
extremamente rápido para a época.
A internacionalização
GPL BRASIL 15REIMS-GUEUX
O traçado de Reims em sua formação mais conhecida, de 1954
As 12 Horas de Reims era uma das corridas mais importantes da Europa
mapa: BAPOM
foto: imca-slotracing.com
GPL BRASIL14 REIMS-GUEUX
No automobilismo em geral, quando Um cenário que chega a ser surreal, mas
falamos de circuitos de corrida, a primeira comum para a era clássica do automobilismo. Não
coisa que vem à nossa mente é um era raro ver circuitos utilizando estradas públicas, as
traçado, de preferência asfaltado, cujo projeto é mesmas onde carros comuns trafegavam, para as
direcionado exclusivamente para receber corridas. Entre esses circuitos há um francês, que se
competições de veículos a motor. Temos como destaca pelas velocidades altíssimas, aliadas ao
exemplos atuais os cada vez mais modernos e perigo de uma verdadeira ladeira feita de pé
seguros autódromos construídos para as principais embaixo. Esse circuito é Reims-Gueux.
categorias do planeta. São locais dotados de uma A história do circuito que leva o nome da
infra-estrutura impecável e um asfalto tão regular cidade onde fica localizado (Reims) começou mais
como uma mesa de bilhar. precisamente em 1926. Com o boom das corridas de
Como disse acima, esse é o cenário atual, de automóveis e motocicletas por toda a Europa, era
u m u n i ve r s o c o m p l e t a m e n t e a va n ç a d o comum o surgimento de vários circuitos para a
tecnologicamente no automobilismo. O que prática do esporte. Com Reims-Gueux não foi
contrasta com uma realidade completamente diferente. Utilizando algumas estradas na região de
diferente, se olharmos para o passado e notarmos Champagne, a primeira corrida sediada no circuito
como eram os circuitos de décadas atrás. No lugar foi o Grand Prix de La Marne, vencido pelo francês
dos guard-rails, árvores e - quando muito! – Pierre Clause.
algumas cercas de proteção. Em vez de asfaltos de Na ocasião, o traçado era composto por 7826
alta aderência, pisos extremamente irregulares, com metros e seu formato lembrava o de um triângulo,
desníveis e até mesmo buracos. formado por estradas que circundavam as vilas de
O italiano Tazio Nuvolari e seu Alfa Romeo na
edição de 1932 da prova, vencida por ele mesmo
foto: wacky (Phombo.com)
GPL BRASIL 17REIMS-GUEUX
melhores de sua geração – perdeu o controle do seu
Porsche 550 na curva anterior à reta Bretelle Nord,
saiu da pista e capotou várias vezes. O choque tirou
a vida da piloto e, a partir de então, a curva foi
batizada com seu nome.
Em 1958, uma nova tragédia abalou Reims.
Dessa vez a vítima seria o italiano Luigi Musso, que
escapou na curva Muizon e bateu em uma valeta,
fazendo o decolar e o piloto ser arremessado para
fora do cockpit. As lesões foram tão graves que o
italiano não resistiu e morreu minutos após o
acidente, que marcou a despedida de Juan Manuel
Fangio da categoria, este já crente de que era um
sinal que precisava parar de correr, após cinco
títulos conquistados.
Os constantes acidentes fatais começaram a
mostrar um declínio dos circuitos de estrada, que já
s e r e ve l a va m m u i t o i n s e g u r o s p a r a o
automobilismo, perdendo espaço para os
autódromos fechados, construídos especialmente
para as corridas a motor. Ainda assim, a Fórmula
permaneceu em Reims na década de 60, mas já
estava claro que a cada ano que se passava o circuito
ficava cada vez mais inapropriado para a categoria.
A última passagem da F1 por lá foi em 1966,
quando Jack Brabham – que viria a ser o campeão
daquele ano – venceu com um carro de sua própria
autoria, o Brabham BT19. Era o fim da história da
categoria no circuito, que perdia fôlego para os
autódromos permanentes, como o então novíssimo
Paul Ricard, e para os mais emblemáticos, como Le
Mans.
O cancelamento das 12 Horas de Reims de
1968 expôs definitivamente que as coisas iam bem
mal em Reims. Além de perder seus principais
eventos, a falta de atrativos e público deixaram o
circuito em graves problemas financeiros. Sem
dinheiro para investir em novos boxes, tribunas e
em obras de segurança, Reims passou a receber
apenas eventos locais de automobilismo e
motociclismo.
Com uma situação cada vez mais
insustentável, o fim do circuito de Reims foi
decretado em junho de 1972. Sem corridas para
sediar, a administração da cidade determinou que
A decadência profunda e a salvação de Reims
fossem demolidas as construções pertences ao
circuito. Para sorte dos entusiastas, uma nova
administração tomou posse no mesmo ano e decidiu
interromper a destruição das instalações no local.
Embora parte da área dos boxes já tivesse
sido colocada abaixo, muitas estruturas
sobreviveram e ficaram por décadas abandonadas,
se transformando praticamente em ruínas. Após
rumores de uma nova demolição para dar lugar a
uma vila, um grupo de fãs do circuito criou a
fundação “Les Amis du Circuit de Gueux” (Amigos
do Circuito de Gueux, em português), que garantiu
junto à administração da cidade que não seriam
mais demolidas as instalações do antigo circuito,
além de conseguirem permissão para restaurá-las.
Os boxes foram recuperados e pintados
como nos anos 60. Além disso, alguns festivais são
realizados anualmente para preservar a memória de
Reims-Gueux e os carros que marcaram época no
circuito, como o L'Excellence Automobile de Reims.
Alguns ídolos nacionais, como o piloto Jean Alesi,
são defensores da preservação da história de Reims
e ocasionalmente comparecem aos eventos festivos.
Nada mal para um local que já viveu seus
tempos de glória, já respirou por aparelhos,
sobreviveu e hoje goza de uma merecida reverência
ao passado de um automobilismo que deve ser
lembrado para sempre.
Os boxes de Reims e outras instalações foram preservadas exatamente como eram nos anos 60
foto: Thomas-Juergen Muhs
GPL BRASIL16 REIMS-GUEUX
A “Era Fórmula 1” e um período de tragédias de líderes durante a prova. O final reservou um
duelo espetacular entre o inglês Mike Hawtorn, Com o início da F1, em 1950, Reims-Gueux guiando uma Ferrari, e os argentinos Juan Manuel
foi prontamente inserida no calendário da categoria. Fangio e Froilan Gonzalez, ambos a bordo de dois E coube ao argentino multicampeão Juan Manuel Maserati. Melhor para o representante britânico, Fangio a glória de vencer os dois primeiros GPs no que ganhou com uma diferença inferior a um local, em 1950 e 1951. Estas seriam as últimas provas segundo sobre Fangio.da categoria no traçado de 7,8 km. O circuito de Reims continuou a viver seu
A partir de 1952, a construção de novas auge no final dos anos 50. As 12 Horas de Reims era estradas na região alterou o traçado, tornando-o um dos eventos de maior prestígio na Europa e mais longo (inicialmente com 8347 metros, depois atraía os melhores pilotos do mundo, enquanto que com 8301 metros) e ainda mais veloz. Algumas a Fórmula 1 continuava a visitar frequentemente o seções foram modificadas, como a curva próxima a autódromo, embora não fosse todos os anos Gueux, que agora havia sido antecipada, com o seguidamente.traçado deixando de passar por dentro da vila. Com No entanto , a s a l tas ve loc idades isso, aos poucos o circuito foi sendo chamado proporcionadas pelo traçado de Reims tornava o apenas de Reims. circuito cada vez mais perigoso, até uma tragédia
Após as mudanças, a Fórmula 1 voltou a marcar sua história. Em junho de 1956, ao disputar Reims em 1953 e presenciou uma batalha épica entre uma corrida de carros de até 1500 cilindradas, a as marcas italianas Ferrari e Maserati e várias trocas piloto Annie Bousquet – considerada uma das
Reims viveu seu apogeu quando
recebeu a Fórmula 1, de 1950 a 1966
foto: f1-facts.com
GPL BRASIL 17REIMS-GUEUX
melhores de sua geração – perdeu o controle do seu
Porsche 550 na curva anterior à reta Bretelle Nord,
saiu da pista e capotou várias vezes. O choque tirou
a vida da piloto e, a partir de então, a curva foi
batizada com seu nome.
Em 1958, uma nova tragédia abalou Reims.
Dessa vez a vítima seria o italiano Luigi Musso, que
escapou na curva Muizon e bateu em uma valeta,
fazendo o decolar e o piloto ser arremessado para
fora do cockpit. As lesões foram tão graves que o
italiano não resistiu e morreu minutos após o
acidente, que marcou a despedida de Juan Manuel
Fangio da categoria, este já crente de que era um
sinal que precisava parar de correr, após cinco
títulos conquistados.
Os constantes acidentes fatais começaram a
mostrar um declínio dos circuitos de estrada, que já
s e r e ve l a va m m u i t o i n s e g u r o s p a r a o
automobilismo, perdendo espaço para os
autódromos fechados, construídos especialmente
para as corridas a motor. Ainda assim, a Fórmula
permaneceu em Reims na década de 60, mas já
estava claro que a cada ano que se passava o circuito
ficava cada vez mais inapropriado para a categoria.
A última passagem da F1 por lá foi em 1966,
quando Jack Brabham – que viria a ser o campeão
daquele ano – venceu com um carro de sua própria
autoria, o Brabham BT19. Era o fim da história da
categoria no circuito, que perdia fôlego para os
autódromos permanentes, como o então novíssimo
Paul Ricard, e para os mais emblemáticos, como Le
Mans.
O cancelamento das 12 Horas de Reims de
1968 expôs definitivamente que as coisas iam bem
mal em Reims. Além de perder seus principais
eventos, a falta de atrativos e público deixaram o
circuito em graves problemas financeiros. Sem
dinheiro para investir em novos boxes, tribunas e
em obras de segurança, Reims passou a receber
apenas eventos locais de automobilismo e
motociclismo.
Com uma situação cada vez mais
insustentável, o fim do circuito de Reims foi
decretado em junho de 1972. Sem corridas para
sediar, a administração da cidade determinou que
A decadência profunda e a salvação de Reims
fossem demolidas as construções pertences ao
circuito. Para sorte dos entusiastas, uma nova
administração tomou posse no mesmo ano e decidiu
interromper a destruição das instalações no local.
Embora parte da área dos boxes já tivesse
sido colocada abaixo, muitas estruturas
sobreviveram e ficaram por décadas abandonadas,
se transformando praticamente em ruínas. Após
rumores de uma nova demolição para dar lugar a
uma vila, um grupo de fãs do circuito criou a
fundação “Les Amis du Circuit de Gueux” (Amigos
do Circuito de Gueux, em português), que garantiu
junto à administração da cidade que não seriam
mais demolidas as instalações do antigo circuito,
além de conseguirem permissão para restaurá-las.
Os boxes foram recuperados e pintados
como nos anos 60. Além disso, alguns festivais são
realizados anualmente para preservar a memória de
Reims-Gueux e os carros que marcaram época no
circuito, como o L'Excellence Automobile de Reims.
Alguns ídolos nacionais, como o piloto Jean Alesi,
são defensores da preservação da história de Reims
e ocasionalmente comparecem aos eventos festivos.
Nada mal para um local que já viveu seus
tempos de glória, já respirou por aparelhos,
sobreviveu e hoje goza de uma merecida reverência
ao passado de um automobilismo que deve ser
lembrado para sempre.
Os boxes de Reims e outras instalações foram preservadas exatamente como eram nos anos 60
foto: Thomas-Juergen Muhs
GPL BRASIL16 REIMS-GUEUX
A “Era Fórmula 1” e um período de tragédias de líderes durante a prova. O final reservou um
duelo espetacular entre o inglês Mike Hawtorn, Com o início da F1, em 1950, Reims-Gueux guiando uma Ferrari, e os argentinos Juan Manuel
foi prontamente inserida no calendário da categoria. Fangio e Froilan Gonzalez, ambos a bordo de dois E coube ao argentino multicampeão Juan Manuel Maserati. Melhor para o representante britânico, Fangio a glória de vencer os dois primeiros GPs no que ganhou com uma diferença inferior a um local, em 1950 e 1951. Estas seriam as últimas provas segundo sobre Fangio.da categoria no traçado de 7,8 km. O circuito de Reims continuou a viver seu
A partir de 1952, a construção de novas auge no final dos anos 50. As 12 Horas de Reims era estradas na região alterou o traçado, tornando-o um dos eventos de maior prestígio na Europa e mais longo (inicialmente com 8347 metros, depois atraía os melhores pilotos do mundo, enquanto que com 8301 metros) e ainda mais veloz. Algumas a Fórmula 1 continuava a visitar frequentemente o seções foram modificadas, como a curva próxima a autódromo, embora não fosse todos os anos Gueux, que agora havia sido antecipada, com o seguidamente.traçado deixando de passar por dentro da vila. Com No entanto , a s a l tas ve loc idades isso, aos poucos o circuito foi sendo chamado proporcionadas pelo traçado de Reims tornava o apenas de Reims. circuito cada vez mais perigoso, até uma tragédia
Após as mudanças, a Fórmula 1 voltou a marcar sua história. Em junho de 1956, ao disputar Reims em 1953 e presenciou uma batalha épica entre uma corrida de carros de até 1500 cilindradas, a as marcas italianas Ferrari e Maserati e várias trocas piloto Annie Bousquet – considerada uma das
Reims viveu seu apogeu quando
recebeu a Fórmula 1, de 1950 a 1966
foto: f1-facts.com
A MÁQUINA QUASE PERFEITA
A trajetória do Porsche 956, um dos grandes carros
de todos os tempos do automobilismo e soberano
no cenário das corridas de endurance nos anos 80
Participar de uma categoria de endurance - melhor filme feito usando o automobilismo como
corrida de longa duração - deve ser a coisa temática.
mais sensacional dessa vida. A sensação de Aproveitando o assunto, falarei de uma
participar de uma equipe de pilotos (normalmente máquina quase perfeita, o Porsche 956, carro que
são dois ou três, em um mesmo carro), e que o dominou o mundo do endurance nos anos 80, na
rendimento tem que ser o melhor possível, numa mãos de vários ótimos pilotos, como Stefan Bellof.
corrida de 12 ou 24 horas, deve ser a coisa mais Essa maravilha foi concebida em julho de
gratificante do automobilismo. Existe um filme que 1981, pois a FIA reformulou o regulamento do
conta um pouco isso, e quem gosta realmente de World Sport Cars Championship (WSCC), ou
automobilismo (poucos no Brasil, pois muitos Campeonato Mundial de Protótipos, para o ano de
gostam é de se aparecer) conhece, é “Le Mans”, 1982. O Porsche 956 veio para substituir o Porsche
estrelado por Steve McQueen. Esse filme mostra 936, que corria o Grupo 6 (categoria de carros de
tudo o que falei acima, tudo na medida certa. O produção especial), que junto com o Grupo 5 (carros
por Anderson Lopes
foto: Wikipedia
A MÁQUINA QUASE PERFEITA
A trajetória do Porsche 956, um dos grandes carros
de todos os tempos do automobilismo e soberano
no cenário das corridas de endurance nos anos 80
Participar de uma categoria de endurance - melhor filme feito usando o automobilismo como
corrida de longa duração - deve ser a coisa temática.
mais sensacional dessa vida. A sensação de Aproveitando o assunto, falarei de uma
participar de uma equipe de pilotos (normalmente máquina quase perfeita, o Porsche 956, carro que
são dois ou três, em um mesmo carro), e que o dominou o mundo do endurance nos anos 80, na
rendimento tem que ser o melhor possível, numa mãos de vários ótimos pilotos, como Stefan Bellof.
corrida de 12 ou 24 horas, deve ser a coisa mais Essa maravilha foi concebida em julho de
gratificante do automobilismo. Existe um filme que 1981, pois a FIA reformulou o regulamento do
conta um pouco isso, e quem gosta realmente de World Sport Cars Championship (WSCC), ou
automobilismo (poucos no Brasil, pois muitos Campeonato Mundial de Protótipos, para o ano de
gostam é de se aparecer) conhece, é “Le Mans”, 1982. O Porsche 956 veio para substituir o Porsche
estrelado por Steve McQueen. Esse filme mostra 936, que corria o Grupo 6 (categoria de carros de
tudo o que falei acima, tudo na medida certa. O produção especial), que junto com o Grupo 5 (carros
por Anderson Lopes
foto: Wikipedia
GPL BRASIL20 PORSCHE 956
de dois assentos), formariam uma categoria só, o O primeiro feito com essa maravilha teve a
famoso Grupo C (carros esportivos de competição). participação de Jürgen Barth, piloto Porsche, que
As outras duas categorias seriam o Grupo A (carros ganhou as 24 horas de Le Mans pela fábrica em 1977,
de turismo) e o Grupo B (carros de gran-turismo). com o antecessor do 956, o 936, pilotando junto com
O 956 viria a usar o mesmo motor do Jacky Ickx e Hurley Haywood. Ele também ganhou
antecessor 936, um Porsche L-935 turbo 2,65 Flat-6 os 1000 Km de Nurburgring, em dueto com Rolf
refrigerado a água, que produzia cerca de 620 HP a Stommelen. Ele testou o Porsche 956 na pista
8200 RPM, tendo capacidade de 2649 cilindradas. O privada da Porsche.
motor ficava posicionado atrás do cockpit, em A estreia oficial do Porsche 956 foi em
posição longitudional. Silverstone, na 2ª etapa do WSCC, na prova de seis
Esse motor contava ainda com um turbo horas. A equipe de fábrica da Porsche, a Rothmans
compressor Twin KKK K26-3060G, com intercooler Porsche, correu com Jacky Ickx e Derek Bell,
híbrido, a água e a ar. Mas a transmissão utilizada chegando em 2º lugar, atrás de Michele Alboreto e
pelo 956 não era a mesma do seu antecessor, pois era Ricardo Patrese, num Lancia LC1, da equipe Martini
um dos pontos falhos no 936. Foi feito um novo Racing. Alboreto e Patrese viriam a ganhar a 3ª etapa
cambio de cinco marchas para aperfeiçoar ainda do WSCC, em Nurburgring. A equipe Rothmans
mais a performance, feita pela Bosch. Para o ano de Porsche não alinhou para essa etapa, para
1983, a mesma Bosch fez um novo sistema de desenvolver melhor o 956, pois a quarta etapa seria
combustível, otimizando o consumo, já que em Le na mítica Le Mans.
Mans em 1982 eles fizeram 25 paradas para Para Le Mans, a equipe levou três carros.
reabastecimento, com um tanque com 100 litros de Jochen Mass (Alemanha) e Vern Schuppan (Áustria)
capacidade máxima. ocuparam o carro 003, Jacky Ickx (Bélgica) e Derek
O chassi foi construído em monocoque de Bell (Inglaterra) o carro 002 e Al Holbert (Estados
alumínio com reforço em kevlar, já largamente Unidos), Hurley Haywood (Estados Unidos) e
utilizado na indústria aeronáutica. Ele pesava 820 Jürgen Barth (Alemanha) o carro 004.
quilos, distribuídos em aproximadamente 4 metros Os carros a serem batidos seriam os Lancias da
de comprimento por 2 metros de largura, enquanto Martini Racing, que formou duas equipes de
a distância entre-eixos era de 2,65 metros. respeito, com Michele Alboreto, Teo Fabi e Rolf
Stommelen em um carro. E no outro teriam
Piercarlo Ghinzani , Riccardo Patrese e Hans Heyer.O reinado em Le Mans e no Mundial de Carros Esporte
ilustração: Euro Addiction
O Porsche 956 primava pela inovação e eficiência em toda sua estrutura mecânica e de chassi
GPL BRASIL 21PORSCHE 956
foto: blog Motorsport ZX
Mas a preparação feita pela Porsche para Le deixando fácil a missão da Martini Racing, que
Mans surtiu efeito, e na qualificação os carros da venceu a prova com Ghinzani e Alboreto, e
fábrica alemã já mostraram força, com um 1-2-3 feito Alessandro Nannini e Corrado Fabi em segundo
pelos seus bólidos da equipe oficial. E na corrida não lugar.
foi diferente, pois o carro pilotado por Ickx e Bell A Rothmans Porsche voltou com um carro
venceu a prova com três voltas de vantagem para o somente na sétima etapa, as 6 Horas de Fuji, e
segundo colocado, outro 956, pilotado por Mass e venceu, tendo seu carro pilotado por Ickx e Mass,
Schuppan. O terceiro lugar foi ocupado pelo terceiro tendo o Lancia da Martini Racing logo atrás,
carro da Rothmans Porsche, pilotado por Barth, pilotado por Patrese e Teo Fabi. Essa etapa de Fuji,
Holbert e Haywood. Essa foi a prova dos sonhos logicamente, contou com presença maciça das
para a Porsche, pois ela viria a ocupar também a equipes de endurance do Japão, onde podemos
quarta (Porsche 935-81, da John Fitzpatrick Racing) destacar a Tom's, que utilizou um March 75S Toyota.
e a quinta (Porsche 935 K3, da Cooke Racing - BP) A etapa derradeira do WSCC de 1982 seria os
posições. Essa prova marcou a 50ª edição das 24 1000 Km de Brands Hatch, e a Porsche se sagrou
Horas de Le Mans. campeã do campeonato, vencendo a prova com a
A partir de Le Mans, começou o domínio dos dupla vencedora em Fuji, Ickx e Mass, com Patrese e
Porsches 956 no WSCC de 1982, junto com os Teo Fabi em 2º lugar, separados por apenas cinco
Lancias LC1. Os carros da Rothmans Porsche fariam segundos de diferença.
1-2 na quinta etapa, os 1000 Km de Spa- O Porsche 956 viria a dominar o WSCC de
Francorchamps, com Ickx e Mass em primeiro e Bell 1983, já que todas as equipes privadas passaram a
e Schuppan em segundo. Nos 1000 Km de Mugello utilizar este modelo, em detrimento dos 935 e 936.
(6ª etapa), a Porsche não mandou seu carros, Todas as provas do campeonato de 1983 foram
O clássico layout com o patrocínio da
Rothmans marcou o domínio dos 956
na década de 80
GPL BRASIL20 PORSCHE 956
de dois assentos), formariam uma categoria só, o O primeiro feito com essa maravilha teve a
famoso Grupo C (carros esportivos de competição). participação de Jürgen Barth, piloto Porsche, que
As outras duas categorias seriam o Grupo A (carros ganhou as 24 horas de Le Mans pela fábrica em 1977,
de turismo) e o Grupo B (carros de gran-turismo). com o antecessor do 956, o 936, pilotando junto com
O 956 viria a usar o mesmo motor do Jacky Ickx e Hurley Haywood. Ele também ganhou
antecessor 936, um Porsche L-935 turbo 2,65 Flat-6 os 1000 Km de Nurburgring, em dueto com Rolf
refrigerado a água, que produzia cerca de 620 HP a Stommelen. Ele testou o Porsche 956 na pista
8200 RPM, tendo capacidade de 2649 cilindradas. O privada da Porsche.
motor ficava posicionado atrás do cockpit, em A estreia oficial do Porsche 956 foi em
posição longitudional. Silverstone, na 2ª etapa do WSCC, na prova de seis
Esse motor contava ainda com um turbo horas. A equipe de fábrica da Porsche, a Rothmans
compressor Twin KKK K26-3060G, com intercooler Porsche, correu com Jacky Ickx e Derek Bell,
híbrido, a água e a ar. Mas a transmissão utilizada chegando em 2º lugar, atrás de Michele Alboreto e
pelo 956 não era a mesma do seu antecessor, pois era Ricardo Patrese, num Lancia LC1, da equipe Martini
um dos pontos falhos no 936. Foi feito um novo Racing. Alboreto e Patrese viriam a ganhar a 3ª etapa
cambio de cinco marchas para aperfeiçoar ainda do WSCC, em Nurburgring. A equipe Rothmans
mais a performance, feita pela Bosch. Para o ano de Porsche não alinhou para essa etapa, para
1983, a mesma Bosch fez um novo sistema de desenvolver melhor o 956, pois a quarta etapa seria
combustível, otimizando o consumo, já que em Le na mítica Le Mans.
Mans em 1982 eles fizeram 25 paradas para Para Le Mans, a equipe levou três carros.
reabastecimento, com um tanque com 100 litros de Jochen Mass (Alemanha) e Vern Schuppan (Áustria)
capacidade máxima. ocuparam o carro 003, Jacky Ickx (Bélgica) e Derek
O chassi foi construído em monocoque de Bell (Inglaterra) o carro 002 e Al Holbert (Estados
alumínio com reforço em kevlar, já largamente Unidos), Hurley Haywood (Estados Unidos) e
utilizado na indústria aeronáutica. Ele pesava 820 Jürgen Barth (Alemanha) o carro 004.
quilos, distribuídos em aproximadamente 4 metros Os carros a serem batidos seriam os Lancias da
de comprimento por 2 metros de largura, enquanto Martini Racing, que formou duas equipes de
a distância entre-eixos era de 2,65 metros. respeito, com Michele Alboreto, Teo Fabi e Rolf
Stommelen em um carro. E no outro teriam
Piercarlo Ghinzani , Riccardo Patrese e Hans Heyer.O reinado em Le Mans e no Mundial de Carros Esporte
ilustração: Euro Addiction
O Porsche 956 primava pela inovação e eficiência em toda sua estrutura mecânica e de chassi
GPL BRASIL 21PORSCHE 956
foto: blog Motorsport ZX
Mas a preparação feita pela Porsche para Le deixando fácil a missão da Martini Racing, que
Mans surtiu efeito, e na qualificação os carros da venceu a prova com Ghinzani e Alboreto, e
fábrica alemã já mostraram força, com um 1-2-3 feito Alessandro Nannini e Corrado Fabi em segundo
pelos seus bólidos da equipe oficial. E na corrida não lugar.
foi diferente, pois o carro pilotado por Ickx e Bell A Rothmans Porsche voltou com um carro
venceu a prova com três voltas de vantagem para o somente na sétima etapa, as 6 Horas de Fuji, e
segundo colocado, outro 956, pilotado por Mass e venceu, tendo seu carro pilotado por Ickx e Mass,
Schuppan. O terceiro lugar foi ocupado pelo terceiro tendo o Lancia da Martini Racing logo atrás,
carro da Rothmans Porsche, pilotado por Barth, pilotado por Patrese e Teo Fabi. Essa etapa de Fuji,
Holbert e Haywood. Essa foi a prova dos sonhos logicamente, contou com presença maciça das
para a Porsche, pois ela viria a ocupar também a equipes de endurance do Japão, onde podemos
quarta (Porsche 935-81, da John Fitzpatrick Racing) destacar a Tom's, que utilizou um March 75S Toyota.
e a quinta (Porsche 935 K3, da Cooke Racing - BP) A etapa derradeira do WSCC de 1982 seria os
posições. Essa prova marcou a 50ª edição das 24 1000 Km de Brands Hatch, e a Porsche se sagrou
Horas de Le Mans. campeã do campeonato, vencendo a prova com a
A partir de Le Mans, começou o domínio dos dupla vencedora em Fuji, Ickx e Mass, com Patrese e
Porsches 956 no WSCC de 1982, junto com os Teo Fabi em 2º lugar, separados por apenas cinco
Lancias LC1. Os carros da Rothmans Porsche fariam segundos de diferença.
1-2 na quinta etapa, os 1000 Km de Spa- O Porsche 956 viria a dominar o WSCC de
Francorchamps, com Ickx e Mass em primeiro e Bell 1983, já que todas as equipes privadas passaram a
e Schuppan em segundo. Nos 1000 Km de Mugello utilizar este modelo, em detrimento dos 935 e 936.
(6ª etapa), a Porsche não mandou seu carros, Todas as provas do campeonato de 1983 foram
O clássico layout com o patrocínio da
Rothmans marcou o domínio dos 956
na década de 80
vencidas por um Porsche 956, e a única prova em Le Mans em 1984 com o 956 seria a dupla Henri
que não fizeram o pódio completo foi os 1000 Km de Pescarolo/Klaus Ludwig, pela equipe Joest Racing,
Kyalami, onde tivemos um Lancia LC2 da Martini que foi o time de fábrica em Le Mans naquele ano.
Racing em segundo lugar (Alboreto e Patrese). O O ano de 1984 seria o último ano tendo o Porsche 956
trio campeão de Le Mans nesse ano foi Schuppan, como carro principal de fábrica, pois ele seria
Holbert e Haywood, e destaque para o terceiro substituído pelo Porsche 962C para o ano de 1985.
lugar, também um 956, ocupado por Mario e Vale lembrar que, mesmo com o lançamento do
Michael Andretti, e também por Philippe Alliot. 962C, quem ganhou as 24 Horas de Le Mans nesse
Em 1984 veríamos um crescimento do ano foi um 956 da Joest Racing, com Klaus
WSCC, que teria 11 etapas, sendo uma na Austrália, Ludwig/Paolo Barilla/John Winter, tendo o 962C de
no circuito de Sandown Park. E veríamos também fábrica chegado somente em terceiro lugar, com
um novo domínio dos Porsche 956, que ganharam Derek Bell/Hans-Joachim Stuck.
nada menos que 10 das 11 etapas. E, pelo jeito, os 956
não gostavam muito de Kyalami (ou os Lancias
adoravam a pista), pois a Martini Racing venceu a
prova, fazendo 1-2, com Patrese e Nannini vencendo O Porsche 956 ficou marcado também por ser
e Bob Wollek e Paolo Barilla chegando em segundo, um dos personagens no qual o automobilismo
todos com o Lancia LC2-84. alemão e mundial perdeu um dos grandes
Quem teria o prazer de ganhar as 24 horas de prodígios da época, Stefan Bellof. Esse era tido,
A tragédia em Spa e a morte de Bellof
GPL BRASIL22 PORSCHE 956
junto com um tal Ayrton Senna, como uma das Bellof sempre foi reverenciado por manobras muito
promessas da época. Vale lembrar para aqueles que arriscadas nas suas ultrapassagens, e queria fazer
acham que a performance de Senna em isso sobre Ickx, já que Spa era a casa do último. O
Mônaco/1984 foi a melhor exibição de todos os alemão tentou uma ultrapassagem sobre o belga na
tempos, na mesma prova Bellof largou em último e entrada da curva e houve o contato (a dianteira de
chegou em terceiro. Precisa dizer algo? Bellof bateu na traseira de Ickx), e o carro do belga
A morte de Bellof aconteceu nos 1000 Km de rodou e bateu de traseira. Já Bellof não teve a mesma
Spa, onde o alemão estava pilotando para a Brun sorte e foi reto no guard-rail da segunda perna da
Motosport o 956 da equipe. Ele chegou à equipe de Eau Rouge, sendo que este era colado com pedra
Walter Brun por causa de desentendimentos maciça. Bellof foi levado consciente, mas em estado
exatamente com Jacky Ickx, na época companheiros grave para o hospital, tendo morrido lá instantes
na equipe oficial. Bellof saiu, pois buscava um depois.
espaço na Formula 1 e Ickx queria um companheiro Para f inal izar, vale mais algumas
focado no WSCC para o ano de 1985. informações. Foram fabricados 150 chassis dessa
Na corrida, mais exatamente na 77ª volta, maravilha denominada 956. Mas ele seria usado até
Bellof e Ickx (que pilotava pela equipe oficial um 1991, tendo suporte oficial da Porsche. E em 2005 foi
962C) dividiram a Eau Rouge, e certamente não é leiloado o Rothmans 004, vencedor de Le Mans em
uma coisa muito legal dividir essa curva com 1984, por aproximadamente 1 milhão e 200 mil
alguém. Logo, boa coisa não poderia acontecer. euros.
GPL BRASIL 23PORSCHE 956
Tido como uma das maiores promessas do
automobilismo, o alemão Stefan Bellof morreu a
bordo de um 956, em 1985
foto: blog Joe Saward
vencidas por um Porsche 956, e a única prova em Le Mans em 1984 com o 956 seria a dupla Henri
que não fizeram o pódio completo foi os 1000 Km de Pescarolo/Klaus Ludwig, pela equipe Joest Racing,
Kyalami, onde tivemos um Lancia LC2 da Martini que foi o time de fábrica em Le Mans naquele ano.
Racing em segundo lugar (Alboreto e Patrese). O O ano de 1984 seria o último ano tendo o Porsche 956
trio campeão de Le Mans nesse ano foi Schuppan, como carro principal de fábrica, pois ele seria
Holbert e Haywood, e destaque para o terceiro substituído pelo Porsche 962C para o ano de 1985.
lugar, também um 956, ocupado por Mario e Vale lembrar que, mesmo com o lançamento do
Michael Andretti, e também por Philippe Alliot. 962C, quem ganhou as 24 Horas de Le Mans nesse
Em 1984 veríamos um crescimento do ano foi um 956 da Joest Racing, com Klaus
WSCC, que teria 11 etapas, sendo uma na Austrália, Ludwig/Paolo Barilla/John Winter, tendo o 962C de
no circuito de Sandown Park. E veríamos também fábrica chegado somente em terceiro lugar, com
um novo domínio dos Porsche 956, que ganharam Derek Bell/Hans-Joachim Stuck.
nada menos que 10 das 11 etapas. E, pelo jeito, os 956
não gostavam muito de Kyalami (ou os Lancias
adoravam a pista), pois a Martini Racing venceu a
prova, fazendo 1-2, com Patrese e Nannini vencendo O Porsche 956 ficou marcado também por ser
e Bob Wollek e Paolo Barilla chegando em segundo, um dos personagens no qual o automobilismo
todos com o Lancia LC2-84. alemão e mundial perdeu um dos grandes
Quem teria o prazer de ganhar as 24 horas de prodígios da época, Stefan Bellof. Esse era tido,
A tragédia em Spa e a morte de Bellof
GPL BRASIL22 PORSCHE 956
junto com um tal Ayrton Senna, como uma das Bellof sempre foi reverenciado por manobras muito
promessas da época. Vale lembrar para aqueles que arriscadas nas suas ultrapassagens, e queria fazer
acham que a performance de Senna em isso sobre Ickx, já que Spa era a casa do último. O
Mônaco/1984 foi a melhor exibição de todos os alemão tentou uma ultrapassagem sobre o belga na
tempos, na mesma prova Bellof largou em último e entrada da curva e houve o contato (a dianteira de
chegou em terceiro. Precisa dizer algo? Bellof bateu na traseira de Ickx), e o carro do belga
A morte de Bellof aconteceu nos 1000 Km de rodou e bateu de traseira. Já Bellof não teve a mesma
Spa, onde o alemão estava pilotando para a Brun sorte e foi reto no guard-rail da segunda perna da
Motosport o 956 da equipe. Ele chegou à equipe de Eau Rouge, sendo que este era colado com pedra
Walter Brun por causa de desentendimentos maciça. Bellof foi levado consciente, mas em estado
exatamente com Jacky Ickx, na época companheiros grave para o hospital, tendo morrido lá instantes
na equipe oficial. Bellof saiu, pois buscava um depois.
espaço na Formula 1 e Ickx queria um companheiro Para f inal izar, vale mais algumas
focado no WSCC para o ano de 1985. informações. Foram fabricados 150 chassis dessa
Na corrida, mais exatamente na 77ª volta, maravilha denominada 956. Mas ele seria usado até
Bellof e Ickx (que pilotava pela equipe oficial um 1991, tendo suporte oficial da Porsche. E em 2005 foi
962C) dividiram a Eau Rouge, e certamente não é leiloado o Rothmans 004, vencedor de Le Mans em
uma coisa muito legal dividir essa curva com 1984, por aproximadamente 1 milhão e 200 mil
alguém. Logo, boa coisa não poderia acontecer. euros.
GPL BRASIL 23PORSCHE 956
Tido como uma das maiores promessas do
automobilismo, o alemão Stefan Bellof morreu a
bordo de um 956, em 1985
foto: blog Joe Saward
VeteranosEM ACAO~
´
As etapas de Pacific Raceways e Kansas da Can-Am Porsche
Cup mostraram que a experiência ainda pode falar alto, com
as vitórias dos decanos Thiago Lemos e Raoni Frizzopor Raoni Frizzo
S
Passeio na floresta
ão mais de 200 corridas disputadas, mais de desempenho.
40 vitórias, um número de pódios que já As duas primeiras etapas da Can-Am
ultrapassou a marca dos dois dígitos e outras Porsche Cup estão aí para provar isso. Com
tantas pole-positions no currículo, além dos performances irretocáveis, Lemos e Frizzo
diversos títulos conquistados. São números para dominaram, respectivamente, as etapas de Pacific
impressionar qualquer estatístico, ainda mais Raceways e Kansas - ambas nos Estados Unidos -
quando todo esse repertório se refere às carreiras vencendo de ponta-a-ponta.
unificadas de apenas dois pilotos.
Em pouco mais de quatro anos de existência
do GPL Brasil, Thiago Lemos e Raoni Frizzo
construíram uma história extensa na liga. Na ativa Depois do término da Nordic Porsche Cup,
desde 2007, os dois pilotos hoje se tornaram os agora era a hora das máquinas alemãs
competidores mais experientes do certame, desembarcarem no continente norte-americano,
ultrapassando a barreira centenária dos GPs para a disputa de um torneio de tiro curto, de apenas
disputados e, acima de tudo, continuam mostrando cinco etapas, em circuitos localizados nos Estados
que a “voz da experiência” pode ajudar no bom Unidos e no Canadá. O primeiro desafio foi o belo e
GPL BRASIL 25- PORSCHE CUP
perigoso autódromo de Pacific Raceways. Com uma performance irregular de Caio
O sobe-e-desce do traçado americano Lucci (5º colocado) e os abandonos de Raoni Frizzo e
contrastando com as irregularidades no asfalto Jonny'O, foi a oportunidade de ouro para Thiago
exigiu dos pilotos um acerto estável e preciso, Lemos e Rogerio Ottoni começarem o torneio já
principalmente na suspensão dos carros, além de abrindo boa vantagem, algo que pode ser decisivo
uma pilotagem muito técnica por todos 3225 metros em um torneio tão curto.
do circuito, boa parte deles sob o belo cenário de
uma pequena floresta.
No treino classificatório já era visível a rápida
adaptação de Thiago Lemos ao autódromo, que Se em Pacific Raceways o comando da prova
prontamente cravou a pole-position, seguido de ficou restrito a um só piloto, o mesmo filme se
perto por Raoni Frizzo e Caio Lucci, enquanto repetiu na segunda etapa do torneio, realizado no
Rogerio Ottoni e Jonny'O fecharam o top-5 do grid autódromo de Kansas – Lake Garnett. Desta vez,
de largada, um pouco mais distantes. quem deu as cartas foi outro ancião da liga, Raoni
A corrida foi um verdadeiro passeio pela Frizzo, que simplesmente só viu os adversários pelo
floresta para Lemos e seu Porsche. Após ser retrovisor e também venceu de ponta-a-ponta.
ameaçado por Frizzo nas duas primeiras voltas, o A pole-position do piloto paulista também já
veterano piloto contou com os erros dos rivais para dava indícios de que o experiente competidor vinha
disparar na ponta e faturar uma vitória mais do que forte para a prova, mas sua posição de honra no grid
tranquila, sem qualquer margem de erro, com uma foi ameaçada de perto pelo veloz Andreas Specht,
vantagem de mais de 40 segundos para Rogerio ausente na primeira corrida do campeonato. Na
Ottoni, segundo colocado, e mais de um minuto de segunda fila, Marcelo van Kampen levou a melhor
diferença para Tio Italo, que completou o pódio. sobre Rogerio Ottoni por uma pequena margem de
Em Kansas, novo domínio, desta vez de Frizzo
Thiago Lemos venceu com sobras a primeira etapa, em Pacific Raceways
Raoni Frizzo dominou o GP de Kansas de
ponta-a-ponta e marcou seus primeiros pontos no campeonato
VeteranosEM ACAO~
´
As etapas de Pacific Raceways e Kansas da Can-Am Porsche
Cup mostraram que a experiência ainda pode falar alto, com
as vitórias dos decanos Thiago Lemos e Raoni Frizzopor Raoni Frizzo
S
Passeio na floresta
ão mais de 200 corridas disputadas, mais de desempenho.
40 vitórias, um número de pódios que já As duas primeiras etapas da Can-Am
ultrapassou a marca dos dois dígitos e outras Porsche Cup estão aí para provar isso. Com
tantas pole-positions no currículo, além dos performances irretocáveis, Lemos e Frizzo
diversos títulos conquistados. São números para dominaram, respectivamente, as etapas de Pacific
impressionar qualquer estatístico, ainda mais Raceways e Kansas - ambas nos Estados Unidos -
quando todo esse repertório se refere às carreiras vencendo de ponta-a-ponta.
unificadas de apenas dois pilotos.
Em pouco mais de quatro anos de existência
do GPL Brasil, Thiago Lemos e Raoni Frizzo
construíram uma história extensa na liga. Na ativa Depois do término da Nordic Porsche Cup,
desde 2007, os dois pilotos hoje se tornaram os agora era a hora das máquinas alemãs
competidores mais experientes do certame, desembarcarem no continente norte-americano,
ultrapassando a barreira centenária dos GPs para a disputa de um torneio de tiro curto, de apenas
disputados e, acima de tudo, continuam mostrando cinco etapas, em circuitos localizados nos Estados
que a “voz da experiência” pode ajudar no bom Unidos e no Canadá. O primeiro desafio foi o belo e
GPL BRASIL 25- PORSCHE CUP
perigoso autódromo de Pacific Raceways. Com uma performance irregular de Caio
O sobe-e-desce do traçado americano Lucci (5º colocado) e os abandonos de Raoni Frizzo e
contrastando com as irregularidades no asfalto Jonny'O, foi a oportunidade de ouro para Thiago
exigiu dos pilotos um acerto estável e preciso, Lemos e Rogerio Ottoni começarem o torneio já
principalmente na suspensão dos carros, além de abrindo boa vantagem, algo que pode ser decisivo
uma pilotagem muito técnica por todos 3225 metros em um torneio tão curto.
do circuito, boa parte deles sob o belo cenário de
uma pequena floresta.
No treino classificatório já era visível a rápida
adaptação de Thiago Lemos ao autódromo, que Se em Pacific Raceways o comando da prova
prontamente cravou a pole-position, seguido de ficou restrito a um só piloto, o mesmo filme se
perto por Raoni Frizzo e Caio Lucci, enquanto repetiu na segunda etapa do torneio, realizado no
Rogerio Ottoni e Jonny'O fecharam o top-5 do grid autódromo de Kansas – Lake Garnett. Desta vez,
de largada, um pouco mais distantes. quem deu as cartas foi outro ancião da liga, Raoni
A corrida foi um verdadeiro passeio pela Frizzo, que simplesmente só viu os adversários pelo
floresta para Lemos e seu Porsche. Após ser retrovisor e também venceu de ponta-a-ponta.
ameaçado por Frizzo nas duas primeiras voltas, o A pole-position do piloto paulista também já
veterano piloto contou com os erros dos rivais para dava indícios de que o experiente competidor vinha
disparar na ponta e faturar uma vitória mais do que forte para a prova, mas sua posição de honra no grid
tranquila, sem qualquer margem de erro, com uma foi ameaçada de perto pelo veloz Andreas Specht,
vantagem de mais de 40 segundos para Rogerio ausente na primeira corrida do campeonato. Na
Ottoni, segundo colocado, e mais de um minuto de segunda fila, Marcelo van Kampen levou a melhor
diferença para Tio Italo, que completou o pódio. sobre Rogerio Ottoni por uma pequena margem de
Em Kansas, novo domínio, desta vez de Frizzo
Thiago Lemos venceu com sobras a primeira etapa, em Pacific Raceways
Raoni Frizzo dominou o GP de Kansas de
ponta-a-ponta e marcou seus primeiros pontos no campeonato
GPL BRASIL26 - PORSCHE CUP
tempo, enquanto o novato Rafael Gama Thiago Lemos e Rogerio Ottoni, este último levando
surpreendeu ao marcar o quinto melhor tempo da a melhor, após abrir uma margem confortável nas
sessão classificatória. últimas voltas. Para Thiago restou o último lugar do
A corrida reservou o mesmo panorama já pódio, resultado que o mantém na liderança do
observado em Pacific Raceways. Após uma campeonato, com 52 pontos, dois a mais que seu
primeira volta bastante agitada, Frizzo aproveitou rival direto na corrida. Em terceiro, Raoni Frizzo
os acidentes dos seus rivais diretos para aparece com 30 pontos conquistados.
desaparecer na liderança, a qual não largou mais até Fechando os cinco melhores colocados
o fim das 12 voltas da prova, vencendo com relativa ficaram Andreas Specht e Rafael Gam, ambos
facilidade e conquistando seus primeiros 30 pontos pontuando pela primeira vez no torneio. Agora a
no campeonato. Can-Am Porsche Cup caminha para sua definição
Com o vencedor praticamente definido já nas nas próximas três corridas, pela sequência, em
primeiras voltas, o grande atrativo da corrida foi a Willow Springs (EUA), Edmonton (Canadá) e
intensa batalha pela segunda colocação, entre Westwood (Canadá).
A disputa entre Thiago Lemos (24) e Rogerio
Ottoni (18) foi o ponto alto da etapa de Kansas.
Acima em Pacific Raceways, Rogerio Ottoni segue forte na briga pelo
título, com dois segundos lugares consecutivos
GPL BRASIL 27- PORSCHE CUP
Pacific Raceways
08/nov/2011
KansasLake Garnett
15/nov/2011
GPL BRASIL26 - PORSCHE CUP
tempo, enquanto o novato Rafael Gama Thiago Lemos e Rogerio Ottoni, este último levando
surpreendeu ao marcar o quinto melhor tempo da a melhor, após abrir uma margem confortável nas
sessão classificatória. últimas voltas. Para Thiago restou o último lugar do
A corrida reservou o mesmo panorama já pódio, resultado que o mantém na liderança do
observado em Pacific Raceways. Após uma campeonato, com 52 pontos, dois a mais que seu
primeira volta bastante agitada, Frizzo aproveitou rival direto na corrida. Em terceiro, Raoni Frizzo
os acidentes dos seus rivais diretos para aparece com 30 pontos conquistados.
desaparecer na liderança, a qual não largou mais até Fechando os cinco melhores colocados
o fim das 12 voltas da prova, vencendo com relativa ficaram Andreas Specht e Rafael Gam, ambos
facilidade e conquistando seus primeiros 30 pontos pontuando pela primeira vez no torneio. Agora a
no campeonato. Can-Am Porsche Cup caminha para sua definição
Com o vencedor praticamente definido já nas nas próximas três corridas, pela sequência, em
primeiras voltas, o grande atrativo da corrida foi a Willow Springs (EUA), Edmonton (Canadá) e
intensa batalha pela segunda colocação, entre Westwood (Canadá).
A disputa entre Thiago Lemos (24) e Rogerio
Ottoni (18) foi o ponto alto da etapa de Kansas.
Acima em Pacific Raceways, Rogerio Ottoni segue forte na briga pelo