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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
AVM FACULDADE INTEGRADA
A MOTIVAÇÃO E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA
SOB A VISÃO DA GESTÃO ESCOLAR
Silvia da Silva Sampaio
Orientadora
Profª Ms. Fabiane Muniz da Silva
Rio de Janeiro - RJ
2014
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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
AVM FACULDADE INTEGRADA
A MOTIVAÇÃO E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA
SOB A VISÃO DA GESTÃO ESCOLAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão de Recursos Humanos.
Por: Silvia da Silva Sampaio
Rio de Janeiro - RJ
2014
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, o que seria de mim sem a
fé que eu tenho nele. E não deixando de
agradecer de forma grandiosa a todos os
professores da AVM e em especial a
professora, Fabiane Muniz da Silva pelo o
que me proporcionou na orientação e
incentivo que tornaram possível a conclusão
desta monografia.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta, como todas as minhas demais
conquistas, aos meus amados pais: Alberto e Odilia
a aos meus preciosos filhos: Rayssa e Juan meus
maiores e melhores presentes.
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RESUMO
A pesquisa investigou os aspectos relacionados com a direção de
uma escola que tem um papel fundamental na condução da prática
educacional, tendo por horizonte os princípios, objetivos e metas
estabelecidos no projeto político-pedagógico. A ela cabe promover a
mobilização dos professores e funcionários e a constituição do
grupo enquanto uma equipe que trabalhe cooperativa e
eficientemente. A direção de uma escola precisa ser dinâmica,
comprometida e motivadora para a participação de todos os atores
sociais. A problemática discutiu se a gestão escolar necessita
saber delegar poderes e estimular a autonomia, valorizando a
atuação e a produção de cada um. Ela precisa ser uma figura
presente, ponto de referência da personalidade e missão da escola.
Precisa, também, ser respeitosa nas relações interpessoais,
inclusive nas ocasiões em que tem que promover ajustes no percurso
de cada agente. Outro papel importante da direção é exercer
liderança na comunidade. Trazer as famílias e demais setores da
comunidade para dentro da escola promove, em todo o sentido da
responsabilidade e do cuidado de um bem que é de todos. Contar com
a participação da família e da comunidade, fortalece a segurança e
faz com que a escola caminhe na direção de cumprir com sua missão e
persiga nos seus diferentes objetivos.
Palavras – chave: Escola. Professores. Gestão escolar.
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METODOLOGIA
De acordo com Lakatos e Marconi (2007a, p. 71) “a pesquisa
bibliográfica não
é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo
assunto, mas propicia o
exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a
conclusões
inovadoras”. E, segundo Gil (2002, p. 44), “a pesquisa
bibliográfica é definida como
a pesquisa desenvolvida a partir de material já elaborado,
constituída principalmente
de livros e artigos”.
A pesquisa tem portanto, finalidade prática, ao contrário da
pesquisa pura,
motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador
e situada,
sobretudo no nível da especulação. Para gerar um resultado
satisfatório, porém não
absoluto, o investigador deverá utilizar-se, de métodos e
técnicas de investigação
científica de fundamentação teórica. E, estar ciente de que o
produto de uma
investigação é falível.
Como afirma Popper (1975 apud LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 95)
“o
método científico consiste na escolha de problemas interessantes
e na crítica de
nossas permanentes tentativas experimentais e provisórias de
solucioná-los”. Assim
sendo, não existe uma receita pronta.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
.........................................................................................................
8
2 REFERENCIAL TEÓRICO
.....................................................................................
15
2.1 Gestão Escolar: conceitos
............................................................................
15
2.2 A administração escolar
...............................................................................
17
2.3 Grupos de trabalho
........................................................................................
18
2.4 A importância da linguagem na gestão escolar
.......................................... 23
3 A GESTÃO ESCOLAR
..........................................................................................
24
3.1 O contexto da gestão escolar
.......................................................................
24
3.2 Estilos de gestão
...........................................................................................
25
3.3 O poder na escola
..........................................................................................
26
3.4 Relações de poder na escola
........................................................................
28
3.5 Estado, Democracia, Sociedade Civil e Escola
........................................... 29
3.6 Gestões Administrativas
...............................................................................
32
4 A INFLUÊNCIA DA RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA APRENDIZAGEM
......... 33
4.1 O ouvir ativo: recurso para criar um relacionamento de
confiança .......... 33
4.2 As bases teóricas das relações interpessoais na escola
.......................... 34
4.3 Aprendizagem e
não-aprendizagem.............................................................
35
4.4 As transformações
........................................................................................
36
4.5 Relações interpessoais no meio escolar
..................................................... 37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
...................................................................................
41
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
......................................................................
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1 INTRODUÇÃO
As constantes mudanças sociais, econômicas e políticas que vem
ocorrendo
no mundo exigem que a escola se adéque às exigências impostas
pelo novo modelo
de sociedade: a Sociedade do Conhecimento. Da mesma forma, as
organizações
escolares também estão passando por vários desafios e mudanças,
tendo em vista
que a nova sociedade incita essas transformações, tornando
relevantes aspectos
como inovação, competitividade e produtividade.
Diante desse contexto, este trabalho surgiu do interesse em
refletir sobre os
desafios da gestão escolar, para gerar um processo de motivação
e mudança nas
organizações escolares buscando investir na transformação da
atitude dos
profissionais da escola, no sentido de orientar suas práticas
pedagógicas e
administrativas para a certeza de uma educação formal contínua e
de qualidade aos
alunos. Derivada do latim mover movere, a palavra motivação
representa um estado
psicológico que se caracteriza por um avançado nível de vontade
ou disposição de
conceber uma tarefa ou atingir uma meta.
O estudo enfatiza tal importância da motivação sendo esse um
conjunto dos
mecanismos biológicos e psicológicos que possibilitam o
desencadear da ação, da
orientação e, enfim, da intensidade e da persistência: quanto
mais motivada a
pessoa está, mais persistente e maior é a atividade, pois no
desempenho
organizacional e na produtividade individual a sua função é de
suma importância
crítica. Conforme os gestores, diante de uma perspectiva de
compreensão do
comportamento humano, se faz necessário compreender quais são os
estímulos, as
forças ou os motivos que despertam no comportamento humano essa
disposição.
As causas de qualquer tipo de comportamento são chamadas de
motivos, ou
seja, todo comportamento é motivado, sendo assim, quanto mais
forte for motivo,
mais intenso será o comportamento causado por ele. Os motivos
podem ser
classificados em dois grupos: internos e externos. Os motivos
internos advêm de
dentro do próprio indivíduo, podendo ser tanto de ordem
psicológica, quanto
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fisiológica. São estímulos interiores que movem o comportamento,
dentre os motivos
internos mais importantes estão as necessidades humanas como: a
fome, sede,
interesses, impulso sexual entre outros.
Percebe-se então, que quanto maior for à necessidade, mais forte
será a
motivação, por exemplo: no caso da fome, ela age sobre o
organismo e o leva a
demonstrar um comportamento de busca pela alimentação, depois de
alimentado, o
corpo entra em um momento de satisfação física, fazendo com que
o alimento deixe
de ser um estímulo para o comportamento uma vez que já não
existe a motivação
para buscá-lo, o impulso interno.
Diante do exposto se faz necessário definir quem é o gestor e
quais são as
suas funções e objetivos. O gestor, na sua figura de líder, deve
diagnosticar o grau
de interesse profissional com a instituição a qual fazem parte,
despertar o potencial
de cada componente da instituição, transformando a escola num
ambiente de
trabalho contínuo, onde todos cooperam, aprende e ensina
constantemente.
O gestor escolar deve atuar como líder, ou seja, formar pessoas
que o
acompanhem em suas tarefas e prepará-las para receber às
transformações. Nesse
contexto, se torna necessário ter motivação, responsabilidade,
dinamismo,
criatividade e capacidade de atender às necessidades mais
urgentes.
Para isso um constante aprendizado é requerido, se manter
atualizado e obter
conhecimento sobre as mais recentes contribuições dos educadores
dentro dos
processos de capacitação de lideranças educacionais. Dessa
forma, os gestores
devem estar conscientes de que seu papel na escola atual é muito
mais de um líder
do que de um burocrata. Assim se espera que o gestor assuma a
direção como um
membro ativo da comunidade escolar.
Conforme registros analisados na pesquisa, se necessário
compreender que
os gestores escolares possuem várias e importantes funções
dentro da escola,
contudo estas atribuições nem sempre são realizadas com
satisfação. Mas, se pode
reverter este quadro com as seguintes ações:
1. Efetivando a gestão participativa, envolvendo todos os
profissionais da escola no
planejamento das atividades nos aspectos administrativos,
pedagógicos, políticos e
éticos;
2. Solucionando a insatisfação dos profissionais devido à
sensação de impotência e
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inutilidade diante do fracasso da escola em educar as novas
gerações;
3. Conscientizando todos de que somente a prática participativa
e democrática pode
provocar mudanças significativas e benéficas para a escola.
As responsabilidades do gestor escolar são inúmeras, pois ele é
responsável
pelas questões pedagógicas, financeiras e administrativas. Cabe
ao gestor
coordenar e controlar todos os setores do ambiente escolar,
compreendendo sua
atribuição como gestor, motivador e agente de transformação.
Assim sendo, o gestor, na sua figura de líder, deve despertar o
potencial de
cada componente da instituição, transformando a escola num
ambiente de trabalho
contínuo, onde todos cooperam, aprendem e ensinam o
constantemente. O gestor
escolar tem o dever de organizar reuniões com os demais
profissionais, para que
todos possam sugerir novas ideias de como melhorar o acesso, a
socialização e a
produção do conhecimento entre os profissionais e os alunos da
escola, colocando o
conhecimento, como o centro da atividade pedagógica.
Pretende-se, assim,
desenvolver ao máximo o potencial dos profissionais da escola e
promover diálogos
abertos com os interessados, dando ciência de todas as propostas
de ações,
qualificando-os para a tomada de decisões e para a geração de
conhecimento mais
elaborado.
A escola deve ser gerenciada uma vez que a mesma tem que
acompanhar a
evolução da sociedade global, pois “as escolas atuais necessitam
de líderes
capazes de trabalhar e facilitar a resolução de problemas em
grupo, capazes de
trabalhar junto com professores e colegas, ajudando-os a
identificar suas
necessidades de capacitação e a adquirir as habilidades
necessárias”. Lembrando
que liderança é a dedicação, a visão, os valores e a integridade
que inspira os
outros a trabalharem conjuntamente para atingir metas
coletivas.
A liderança eficaz é a capacidade de influenciar positivamente
os grupos e de
inspirá-los a se unirem em ações comuns coordenadas. Deste modo,
é importante
que a liderança do gestor seja participativa, para que todos
compartilhem a gestão
da escola. A partir dos anos 90, o termo administração foi
substituído pelo termo
gestão. Essa substituição não significa uma mera mudança
terminológica, mas uma
alteração conceitual ou mesmo paradigmática, que tem sido alvo
de muitas
controvérsias.
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Atualmente se observa que a gestão escolar é um processo que se
relaciona
com a transposição do conceito do campo empresarial para o campo
educacional, a
fim de submeter a administração da educação à lógica de mercado.
Esse novo
conceito de gestão vai além do conceito de administração, uma
vez que envolve a
participação da comunidade nas decisões que são tomadas na
escola.
Outros, ainda, entendem que o conceito de administração é mais
amplo, já
que é “utilizado num sentido genérico e global que abrange a
política educativa”, ao
passo que o termo “gestão escolar” refere-se a uma “função
executiva destinada a
pôr em prática as políticas previamente definidas”
A palavra gestão etimologicamente deriva do latim gentio, que
advêm de
genere, trazer em si, produzir. A gestão é constituída por
princípios e práticas
decorrentes que afirmam ou desafiam os princípios que a geram.
Estes princípios,
contudo, não são intrínsecos a gestão como a concebia a
administração clássica,
mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação se
destina à promoção
humana. Assim a gestão administrativa pode ser definida como
direção, sendo
relacionada com atividade de alavancar uma organização,
levando-a a atingir seus
objetivos.
Consagrados pela Constituição Federal de 1988, a gestão
democrática da
educação, abrange as dimensões pedagógicas, administrativas e
financeiras das
unidades educacionais. A gestão democrática no que diz respeito
à participação dos
conselhos, restabelece o controle da sociedade civil sobre a
educação e a escola
pública introduzindo a eleição de dirigentes escolares e os
conselhos escolares
garantem a liberdade de expressão de pensamento, de criação e de
organização
coletiva na escola, facilita a luta por condições materiais para
aquisição e
manutenção dos equipamentos escolares assim como por salários
justos a todos os
profissionais.
A gestão democrática prevê a descentralização e um processo de
autonomia
para as instituições educacionais poderem chegar a um acordo
sobre questões
referentes ao seu plano pedagógico e material, de como
administrar os recursos
financeiros, além de transferir parte da responsabilidade sobre
a administração,
socializando todas as decisões referentes à melhoria das
escolas.
Os chamados conselhos escolares ou colegiados são formados a
partir da
participação dos diferentes segmentos da escola e devem se
constituir em um
ambiente de construção conjunta, sendo que, em determinado
momento os
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interesses distintos deverão se confrontar, em outro momento
será palco para as
denúncias, decisões ou propostas e em outros momentos abrirá
espaço para um
grupo de trabalho que pensa, cria e estabelece os caminhos que
deverão ser
percorridos por essa escola.
A implantação de uma gestão democrática significa que através da
união
aumentam as chances de encontrar direcionamentos que levem a
alcançar as
expectativas da sociedade sobre o papel da escola. Assim
elevando o número de
indivíduos atuantes dentro da vida escolar e torna mais viável
estabelecer relações
menos autoritárias e mais amenas entre a clientela escolar e os
educadores.
Dentro da proposta participativa o diretor deixa de representar
a autoridade
única da escola e deixa de ser o administrador burocrático,
passando a ser o grande
mentor das ações diante de cada segmento, o dirigente do projeto
político
pedagógico da escola, além de ser o incentivador na construção
do trabalho
educativo. Ao se instalar a gestão democrática, as ações
corretas para lidar com
sujeitos e ideias diferentes surgem diariamente. A participação
leva ao aprendizado,
isso porque as respostas começam a ser descobertas, uma vez que
o foco do grupo
é um problema de todos e precisa ser solucionado.
Em conjunto os problemas conseguem ser resolvidos de forma
mais
adequada e as respostas surgem mais rapidamente quando a
comunidade interage
com a escola. Problemas como a democratização do acesso,
questões de vagas e
critérios de matrícula, a reprovação e a evasão, podem ser
resolvidos de maneira
satisfatória se tratados de forma consensual entre as famílias e
a escola.
Ao efetivar a racionalização de decisões e a divisão de
responsabilidades, a
participação favorece a experiência coletiva. Estes
questionamentos pertencem ao
bojo da dimensão sobre a qualidade de ensino, mesmo que nem
todos percebam de
forma imediata a relação entre a gestão participativa e o ensino
de melhor
qualidade. É comum no início do processo que os responsáveis
criem expectativas
quanto aos resultados da aprendizagem escolar.
No decorrer de sua participação a chance dos mesmos se
desenvolverem
aumenta com o processo pedagógico quando pais, professores,
alunos, funcionários
e técnicos se envolvem nas discussões sobre os aspectos
educacionais, são
estabelecidas situações de aprendizagem que beneficiam a todos
pois ora a
comunidade influencia, ora é influenciada através das diretrizes
da escola.
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A promoção de ações da escola para a comunidade e desta para a
escola,
essa condição é de suma importância para que as escolas públicas
enfrentem novos
desafios, reduzam as desigualdades, aceitem trabalhar com as
diferenças e
construam o projeto pedagógico da escola.
Por meio da criação de ambientes de participação e decisões nos
quais a
comunidade escolar possa discutir criticamente a rotina escolar,
a democratização
no interior da escola poderá ser efetivado. Atuando desta forma
a instituição
educacional estará exercendo seu papel que é o de formar
indivíduos participativos,
criativos e críticos. Os autores afirmam que ao se construir uma
gestão democrática
é importante definir como os trabalhos e o tempo escolar será
organizado.
O questionamento sobre o tempo escola passa a ter dimensões
mais
elevadas ao se pensar nas consequências ocasionadas a partir da
forma em que ele
é organizado, e para aqueles que têm o direito de permanência
maior na escola, os
alunos. A democratização da escola não é uma via de mão única.
Existem várias
alternativas para sua implementação, resultantes dos embates e
das várias
possibilidades políticas desencadeadas coletivamente pelos
diferentes atores em
cada unidade escolar, em especial pelo gestor escolar.
Diante de tais discussões, afirma-se que uma gestão de boa
qualidade pode
produzir efeitos positivos na organização anual do sistema
ensino. Esses efeitos não
se resumem apenas a reformas de prédios, realização de eventos
ou a compra de
algum equipamento, mas sim a ênfase na aprendizagem dos
docentes,
planejamento e implementação do projeto político pedagógico,
além de outros
causam resultados importantes no âmbito da comunidade
escolar.
Na gestão democrática, todos os envolvidos no processo de
formação do
educando, membros integrantes da comunidade escolar devem
trabalhar juntos,
criando com isso, oportunidades para percorrer caminhos viáveis
na condução
correta da função social da escola. Aumentar o percentual
participativo das unidades
escolares é possível através das relações interpessoais, de
flexibilidade, de
solidariedade e menos autoritarismo entre educadores e clientela
escolar, que deve
ser proposto pelo gestor visando uma melhoria da qualidade.
É fundamental desenvolver as relações interpessoais em meio a
questões de
natureza político pedagógicas a serem desenvolvidas no ambiente
escolar, exige,
sobretudo, a compreensão de que este ambiente faz parte de um
sistema global e
não se refere apenas a situações específicas, mas refere-se
também a contextos
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como família, escola, sociedade e cultura. Para o autor nas
relações sociais estão
pautados juízos de valores que podem produzir resultados
significativos na
organização do trabalho coletivo, depende apenas que o gestor se
proponha a
estabelecer a atitude de interagir e motivar os demais atores
envolvidos no
processo. O indivíduo é a personalidade mais importante para o
bom funcionamento
da escola, na busca por obter os resultados planejados
antecipadamente, pois além
de necessitar que a estrutura orgânica esteja bem definida ou
que se disponha de
recursos materiais, tecnológicos e financeiros é imprescindível
que o elemento
humano seja participativo e principalmente motivado pelo senso
de colaboração.
Sendo assim, para que uma gestão democrática obtenha sucesso
são
necessárias a motivação e a determinação das responsabilidades.
Diante disso é
extremamente significativo que se reconheça as condições de
trabalho e sociais
atuantes no cotidiano dos discentes e dos docentes. O objetivo
geral desse estudo é
abordar os principais conceitos que envolvem a influência do
gestor na sala de aula.
Já, de forma específica pretende-se estudar: a) Analisar a
gestão escolar; b)
Investigar a história da função do gestor escolar; c) Estudar o
novo papel do gestor
escolar e sua interação na escola.
Como problemática do estudo, contempla-se a relação entre meios
e fins que
permite o crescimento de novas relações interpessoais e sociais
fundamentadas por
valores de solidariedade, justiça e cidadania que são os
alicerces para que uma boa
gestão seja efetivada. Portanto, para que a gestão da escola
seja condizente com a
tal necessidade se deve compreender o gestor como administrador,
e não como
mero articulador das ações pedagógicas para que venha contribuir
valorizando o
desenvolvimento integral da escola?
Em relação à administração escolar, se pode verificar uma
evolução desde as
funções burocráticas de escrituração e registros escolares até a
função
catalizadoras das interações humanas entre as pessoas que
convivem com a
organização escolar.
Da concepção de gestão ao longo da história escolar a qual
demonstra
apenas à visão do trabalho pedagógico. Sendo essa a principal
característica das
escolas atualmente. Nesse aspecto a pesquisa levanta as
possíveis causas que
influencia a problemática, ou seja, os laços existentes entre o
poder político e a
gestão das escolas públicas esta é a dimensão que entende quais
as formas
adotadas nas escolhas dos gestores. Assim a pesquisa segue
observando as
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mudanças que são emergentes e desafiadoras para alavancar a
formação dos
gestores, e que exerça uma reflexão sobre a incorporação de
novos paradigmas de
gestão escolar.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Gestão Escolar: conceitos
Esta segunda parte da pesquisa é dedicada à apresentação de
conceitos. Os
conceitos somente têm sentido quando nos permitem utilizá-los
para compreender o
mundo real. Eles são construções teóricas que têm validade
quando são
operacionalmente, empiricamente testados. Nessa perspectiva, a
razão desta parte
do trabalho é a de apresentar os conceitos que servem de base
para a análise dos
dados empíricos.
O segundo capítulo desta é dedicado à apresentação de conceitos
sobre a
direção escolar. A sua natureza de função política é apresentada
e nela são
discutidos os aparentes conflitos do fazer cotidiano do diretor
escolar, o qual estaria,
em princípio no cruzamento de uma dupla contradição: entre o
poder público e a
comunidade escolar, de uma parte, e entre as responsabilidades
administrativas e
pedagógicas, de outra. Também são debatidas as formas de escolha
dos diretores:
as indicações técnicas e políticas, os concursos públicos e as
eleições. Cada uma
dessas formas se articula com uma dada concepção do que
significa ser dirigente
escolar.
Considerando ser esta uma tentativa de compreender a gestão
escolar não
como ela pode ou deve ser, mas como ela demonstra ser,
considerando sobre o que
ela recai e com quais objetivos opera. A gestão é a execução da
política, através da
qual a política opera e o poder se realiza. Não é possível
separar a administração do
governo, como é impossível separar a prática da teoria. A
oposição tradicional entre
direito constitucional e direito administrativo, ciência
política e ciência administrativa,
política e administração procura mostrar um mundo onde a
execução está
absolutamente separada da decisão, em nível dos que exercem o
poder.
Essa representação que busca neutralizar a administração é
desmentida
todos os dias na real relação de dominação (Motta, 1986, p. 41).
Nesse sentido, a
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gestão é sempre um processo político, pois é uma “atividade meio
da política”
(Motta, 1986, p. 40), que lida diretamente com as relações de
poder “à medida que
poder se delega. Isto significa que, intermediária ou não, ela
age como sistema de
poder” (Motta, 1986, p. 49). Anísio Teixeira é outro autor que,
como se observa,
avalia não ser possível entender a ação administrativa
isoladamente do poder que
está sempre presente nela. Poder esse que se verifica nas
relações escolares
(pedagógicas, administrativas propriamente ditas,
institucionais, etc.) e através do
qual o controle sobre a instituição na busca de tais ou quais
objetivos se faz (1961,
p. 85). Isto é, o controle sobre o poder escolar garante a
definição dos ideais sobre
os quais se edificarão os processos de gestão e, ao mesmo tempo,
a própria gestão
é um processo de busca, conquista, disputa e/ou diálogo e
socialização do controle
desse poder de decisão sobre os rumos que a instituição
seguirá.
A coordenação da política escolar é, em última análise, o objeto
da gestão
escolar. Essa visão também parece ser compartilhada por Arroyo,
quando observa
que a face política da gestão se expressa nos conflitos entre os
que detêm o poder
de decisão e a população, demonstrando que a dimensão política
presente em todo
processo de gestão não será encoberta pela suas especificidades
técnicas, tão
lembradas pelos dirigentes de qualquer processo administrativo
quando desejam
descaracterizar sua atuação como política (Arroyo, 1979, p.39 e
seguintes).
Na medida em que a gestão escolar é uma espécie de braço
executivo da
política escolar e considerando que a política só existe porque
se vislumbra o poder,
cumpre perguntar: de que poder se trata? Inicialmente se
relaciona a poder de
mando, ou simplesmente dominação. Weber identifica poder com
política e vice-
versa, pois para ele só há política quando se vislumbra o poder.
Só há ação política
quando há luta por poder, quando o poder está em disputa. Nem
todo poder é
dominação, ela “é um caso especial de poder” (2004, p. 695).
Dominação implica
obediência. Poder implica imposição da vontade a outrem (2004,
p. 696).
Logo, a dominação é o poder obedecido, incorporado. A dominação,
para
Weber, é
um estado de coisas pelo qual uma vontade manifesta (“mandato”)
do “dominador” ou dos “dominadores” influi sobre os atos de outros
(do “dominado” ou “dominados”), de tal sorte que em um grau
socialmente relevante estes atos têm lugar como se os dominados
tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo
do mandato (“obediência”). (Weber, 2004, p. 699).
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Na escola, o diretor, dirigente do processo político da gestão
escolar e chefe
de uma repartição pública, é uma autoridade dominadora. É um
burocrata que
funcionalmente tem funções a desempenhar. O lugar de diretor30
em uma escola
não é feito por ele próprio (Pereira, 1976), mas para o seu
desempenho utiliza
centralmente a política e o conhecimento técnico.
Os demais sujeitos na escola reconhecem esta autoridade
dominadora e a
obedecem. Assim, o poder desempenhado pela condução da gestão
escolar é uma
forma de dominação. Então, governar uma escola implica dominar,
uma vez que
“toda dominação se manifesta e funciona em forma de governo.
Todo regime de
governo necessita do domínio em alguma forma, pois para seu
desempenho sempre
se devem colocar em mãos de alguém poderes imperativos” (Weber,
2004, p. 701).
2.2 A administração escolar
A gestão da escola, pela sua natureza política, é dominação,
pois “para a vida
cotidiana dominação é primariamente administração” (Weber, 2004,
p. 175). Assim,
para a condução cotidiana da escola, fundem-se a gestão e o
poder. Em outras
palavras, pode-se afirmar que, na escola, o domínio legítimo
sobre as relações de
poder é, de fato, o domínio sobre os processos de gestão
escolar.
A condução desta tarefa primeira dos dirigentes escolares não é
por eles
executada quando não detêm o domínio sobre as relações de poder.
Mas, a escola
é dominada de maneira racional-legal, ou tradicional, ou
carismática? Há pouco,
comentou-se que não há na escola (ou nas outras
instituições/organizações sociais)
nenhum tipo puro de dominação e consequentemente nenhuma forma
de
administração e funcionamento puros
Os estudos dos teóricos das organizações são voltados a
identificar, analisar
e compreender as formas pelas quais elas se constituem e são
conduzidas no
alcance de seus objetivos e, em particular, dedicam-se também a
apresentar as
formas através das quais essas organizações podem equacionar os
seus problemas
e atingir seus fins, com a perspectiva de um olhar marcadamente
normativo, em uma
busca por projetar as melhores formas organizacionais em dado
contexto e
estrutura.
Para os autores, a complexidade da sociedade pode ter levado à
crescente
formalização das organizações e à criação de novas organizações
formais. A
formalização e formalidade dessas organizações não implicam que
os sujeitos
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respondam a elas do jeito que se havia planejado/desejado. Ao
contrário, as
pessoas se organizam, agrupam-se, dispõem-se favorável e
contrariamente aos
interesses oficiais das organizações. Elas compõem organizações
dentro das
organizações.
2.3 Grupos de trabalho
Esses elementos estão vinculados às relações que transcendem as
relações
de trabalho: os grupinhos de conversa entre professores e demais
para críticas ao
diretor ou algo similar; os grupos de fumantes que se reúnem na
cozinha durante as
aulas; as panelinhas do diretor, formados por aqueles que lhe
são mais simpáticos;
etc. A maioria dessas e outras formações espontâneas apresentam
aspectos
disfuncionais à organização racional da escola, uma vez que não
são aproveitadas
positivamente por ela (Pereira, 1976, p. 100). Esses grupos
informais também
operam nas relações de poder, sendo, por vezes, determinantes
para a sua
compreensão (Santos Guerra, 1994, p. 199-202; Candido,
p.196-434).
Mesmo porque parte das crises políticas e institucional da
escola é passível
de ser explicada pela relação (ou falta de) entre a ação do
diretor e os
grupos informais, nos quais há costumes estamentais mais
arraigados e práticas
marcadamente patrimonialistas.
Segundo, Pereira (1976, p. 104):
Uma das manifestações do colapso da administração da escola está
na existência de grupos espontâneos formados pelos membros adultos
da escola, cujas reuniões e atividades implicam desvios das
obrigações profissionais e criam situações de conflito entre os
subordinados e o diretor, que não consegue controlá-los.
Blau & Scott observam que quanto mais formal é uma
organização, mais
engendra organizações informais, como reação e/ou mecanismos de
defesa dos
sujeitos que nela atuam. Essas organizações informais são
criadas para a solução
dos problemas mais cotidianos das pessoas e para facilitar o
convívio na rotina de
trabalho, levando mesmo à formalização de algumas dessas
organizações, quando
elas entram em acordo com os interesses de quem detém o poder na
organização
formal e quando, certamente, interessa aos seus
administradores.
-
19
Há que se ter em mente que não há organizações informais sem
organizações formais, e estas sempre terão dentro de si algum
tipo de organização
informal, como alerta Abrahamsson (1993, p. 27): “afirmar que os
processos
informais constituem a vida real de uma organização é apenas tão
inútil quanto dizer
que a organização formal é o único conteúdo significativo de
estudo”.
A compreensão sobre os processos de gestão dessas organizações
formais
somente se aproxima do que de fato ali acontece acerca das
relações de poder
quando os elementos atinentes às organizações informais são
reconhecidos.
O controle e o disciplinamento exercidos nas organizações sobre
os sujeitos
decorre de uma racionalidade formal, que toma a forma,
correntemente mas nem
sempre, de uma racionalidade econômica, pois afinal, como vimos,
a ação
organizacional está sempre voltada à busca de dados objetivos
com a utilização de
determinados recursos, isto é, trata-se de uma ação econômica
através da qual se
procura o alcance dos objetivos (eficácia), com o máximo da
produção e uma
mínima utilização dos recursos (eficiência).
Repousa no princípio de que a escola deve se pautar por regras
impessoais,
gerais, com condutas e comportamentos altamente organizados e
otimizados,
sustentando-se em uma divisão hierárquica do trabalho e dos
poderes de mando, na
qual os papéis de todos os sujeitos estão definidos e esses
sujeitos devem agir em
conformidade com aquelas regras, estabelecidas pelos postos
hierárquicos mais
altos (Weber, 1978; 2004).
A base do pensamento da gestão escolar burocrática está centrada
na idéia
de que há uma forma/técnica ideal (eficiente) de se realizar os
seus objetivos
(eficaz), em uma aparente mescla entre uma racionalidade técnica
e econômica, ao
mesmo tempo. Assim, tomando a burocracia como referência para a
organização e
gestão escolar, tem-se que entender que o conceito de gestão se
articula com os
poderes de mando e com a hierarquia, com o domínio dos saberes e
técnicas que
lhe seriam próprios mediata e imediatamente e com a definição,
mais uma vez
hierárquica, de regras. A escola, com as suas diferentes formas
de organização e
gestão, parece estarem para além de uma organização estritamente
burocrática. Ela
está entre o caos ou o casuísmo e a extrema racionalidade ou
organização
burocrática, isto é, tem-se a escola como uma instituição que
está organizada a
partir desses dois amplos aspectos, que por vezes se apresentam
como
antagônicos, mas que por vezes também convivem no mesmo
estabelecimento.
-
20
Lima (2001) apresenta um modelo para o conhecimento das formas
de
organização escolar que considera os objetivos e os métodos
empregados na
condução das ações e o explicita em uma matriz que se expressa
através daquilo
que o autor chama de Modo de Funcionamento Díptico da Escola
como
Organização e que contempla essas faces aparentemente tão
diversas.
Figura 01 - Modo de funcionamento díptico da escola como
organização (da
anarquia organizada à burocracia racional, entre outras
metáforas).
Fonte: LIMA, Licínio. A escola como organização educativa. São
Paulo: Cortez, 2001, p. 48.
Em análise visual do estudo, observa-se de um lado, a
administração
burocrática, como o tipo mais puro de dominação racional-legal,
que é “a forma mais
racional de se exercer uma dominação; e o é nos sentidos
seguintes: em precisão,
continuidade, disciplina, rigor e confiança (…)” (Weber, 2004,
p. 178).
Administração essa que domina as formas modernas de organização.
De
outro lado, a anarquia organizada, com uma definição um tanto
ambígua dos
objetivos e processos, formas pouco organizadas (ou ausentes) de
planejamento,
pouco consenso (Lima, 2001, pp. 30 e 46), problemas com a
fluidez das
-
21
informações, articulação débil (SANTOS GUERRA, 2000). São
extremos que,
mesmo contraditórios, compõem-se. Lima, inclusive, sugere a
hipótese de que a
burocracia pode ser, ela mesma, responsável pelo
surgimento/incremento de certa
desconexão na organização (LIMA, 2001, p. 47), o que pode,
revelar o lado
anárquico da gestão escolar.
Esse crescimento da burocracia se apresenta no discurso da
ótima
organização, que se sustenta basicamente em quatro pontos: a) a
racionalidade dos
meios, ou tecnocracia; b) uma hierarquia que dá base para uma
lógica de autoridade
e de tomada de decisões; c) a presença de uma tradição ou
cerimonial pré-
determinado; d) os dirigentes ficam ocultos por trás das ações
de direção (CHAUÍ,
1997, p. 9).
Esse discurso é levado a toda e qualquer organização ou
instituição da
sociedade, buscando tornar as ações ideológicas em ações
impessoais, anônimas.
Esse discurso tornou-se o discurso da burocracia, ou da
cientificidade, ou ainda do
conhecimento (CHAUÍ, 1997, p. 11). A burocracia, no modelo de
Lima, que expressa
as formas mais racionais de organização e gestão, leva essa
nomenclatura porque
“embora o modelo racional não seja exclusivo da burocracia,
prefiro designá-lo por
modelo burocrático – um modelo que estuda as organizações como
organizações
burocráticas” (LIMA, 2001, p.21).
No modelo, o autor identifica que os objetivos da organização
escolar são
consensuais, as normas são abstratas e as estruturas são
formais, o que constitui
uma racionalidade instrumental/técnica da gestão escolar (LIMA,
2001, p. 24). O
modelo burocrático é o preferido nos estudos sobre a gestão
escolar, mas alerta o
autor para o fato de que utilizar a burocracia como roteiro para
esta análise não é
um procedimento dos mais fáceis, pois, a despeito da
burocratização da
administração escolar, as escolas não são organizações puramente
burocráticas. Na
anarquia, a escola é tida como um sistema debilmente articulado,
ou seja, “como
uma organização em que muitos dos seus elementos são desligados,
se encontram
relativamente independentes, em torno de intenções e de ações,
processos e
tecnologias adaptados e resultados obtidos, administradores e
professores,
professores e professores, professores e alunos, etc.” (LIMA,
2001, p. 33).
A anarquia organizada desafia o modelo bem instalado da
burocracia
racional, não por procurar sobrepor-se lhe, mas por procurar
competir com ele na
análise de certos fenómenos e de certas componentes das
organizações. Ao modelo
-
22
sério, quase sagrado, da racionalidade tradicional, o modelo
anárquico opõe a
“loucura sensata” (LIMA, 2001, p. 35).
Mas, como ressaltado anteriormente, a organização e gestão
escolar não
pode ser analisada apenas a partir de um desses modelos, tendo
em vista que a
escola é uma instituição rígida, departamentalizada,
especializada, com regras
universais (LIMA, 2001, p. 28), de um lado, debilmente
articulada, com muitas
normas informais, com um sistema de comunicação ineficiente, por
outro lado.
O autor nos chama a atenção para esse aspecto da necessidade de
não nos
limitarmos a analisar a escola apenas sob um modelo, ao afirmar
que “uma
sociologia das organizações não poderá quedar-se pelo estudo
apenas da
morfologia organizacional, das estruturas formais do poder, terá
de considerar
também a estrutura informal (...), a ‘rede informal’ das
organizações” (LIMA, 2001, p.
28).
A principal contribuição do modelo de Lima está centrada menos
em
potencialmente permitir observar a escola pelo seu bom ou mau
funcionamento, isto
é, pelo grau de aproximação ou distanciamento que a gestão
escolar tem da
burocracia, mas pela possibilidade de se explicar, dentre outros
aspectos, as razões
das disputas na política escolar se darem de forma pouco
centradas no domínio do
conhecimento técnico e os porquês das decisões coletivas serem
pautadas por
interesses por vezes concorrentes aos objetivos escolares.
Ou seja, há um conjunto de motivações que levam as pessoas a
se
posicionarem das formas como o fazem que transcendem os limites
das explicações
mais racionais ou pelo menos das explicações mais evidentes44. E
o conhecimento
sobre essas razões é importante para o desvelamento das relações
de poder no
interior da escola.
Em suma, as pessoas, individual e coletivamente, agem
politicamente
na/sobre a escola com o intuito de conquistar e manter o poder
de mando sobre as
outras pessoas e grupos. A compreensão sobre as formas pelas
quais elas
procedem nessas ações, bem como sobre os modos de funcionamento
da escola
podem ser analisados dentre aquele espectro amplo delimitado no
modelo de Licínio
Lima, destacando-se que o condicionante político da gestão
escolar sempre estará
presente.
Mas, se trata sempre de poder de mando? O poder em disputa na
escola é
sempre uma forma explícita de dominação legítima? Não. Há outras
faces do poder
-
23
na escola que pautam as disputas, que precisam ser observadas. O
poder simbólico
é uma dessas faces. Face obscura sempre presente, legítima, mas
de percepção
menos evidente, o poder simbólico é “esse poder invisível o qual
só pode ser
exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que
lhe estão sujeitos
ou mesmo que o exercem” (BOURDIEU, 2004, p. 7-8). O poder que o
coletivo de
professores tem em relação ao discurso pedagógico para os
familiares dos alunos é
uma forma de poder simbólico.
A presença do diretor da escola na reunião do conselho
manifesta, em si, o
poder simbólico. Isto é, esse tipo de poder é vivenciado
cotidianamente nas escolas
nas disputas por espaço, imposição de ideias e influência na
definição dos rumos a
serem perseguidos pela instituição.
2.4 A importância da linguagem na gestão escolar
A linguagem é uma das ferramentas para o poder simbólico45. O
discurso
competente é uma expressão da reprodução dessa forma de poder. A
forma como
as culturas dominantes estabelecem o domínio sobre as culturas
dominadas
também é uma manifestação do poder simbólico. Na construção da
cultura escolar,
mesmo sendo um processo de embate e que se sintetiza em um
consenso mais ou
menos artificial, fabricado, há presença desse tipo de
poder.
Isto é, dependendo de quem seja o propositor de algum argumento,
o peso
desse argumento se modifica, pois a representação política,
institucional, ou mesmo
pessoal do propositor tem um significado importante para os
demais sujeitos, por
vezes ainda mais importante do que o significado do próprio
argumento (Chauí,
1997), pois “o que faz o poder das palavras e das palavras de
ordem, poder de
manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das
palavras e
daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da
competência das
palavras” (Bourdieu, 2004, p. 15).
A análise da gestão escolar burocrática pode auxiliar a explicar
aquilo que é
explícito, uma vez que “o modelo burocrático concentra-se quase
exclusivamente no
estudo das ‘versões oficiais da realidade’” (LIMA, 2001, p. 28).
Mas, a falta de
controle pela maioria das pessoas sobre as ações políticas na
escola, portanto sobre
a gestão escolar, não pode ser explicada apenas pelo respeito à
hierarquia e à
ordem estabelecidas pela organização burocrática.
-
24
3 A GESTÃO ESCOLAR
3.1 O contexto da gestão escolar
Embasados nos quatro pilares da Educação ser, fazer, conhecer e
conviver. a
LDB 9394/96 apresenta cinco eixos importantes que devem nortear
o trabalho dos
gestores. São eles: Flexibilidade, Autonomia, Responsabilidade,
Planejamento e
Participação. Espera-se que os atuais gestores devem desempenhar
suas funções
com o objetivo de oferecer um trabalho de qualidade em prol da
melhoria da
educação nas instituições onde trabalham contribuindo assim para
uma mudança no
panorama educacional do país.
O grande avanço das ciências e das tecnologias provocou
mudanças
profundas na sociedade com reflexo na vida pessoal e nas
organizações. Tornou-se
evidente a relatividade e a provisoriedade do conhecimento,
exigindo atualização
constante. O conhecimento é a questão central e a sua
apropriação depende de um
processo de busca incessante, facilitado pelo fato de as
informações estarem
disponíveis em toda parte, embora seja preciso saber onde e como
obtê-las e
selecioná-las.
Dessa forma a função transmissora deixa de ser exclusiva e
peculiar da
escola, exigindo que ela atue em outro nível, ela deve garantir,
portanto, a produção
de um conhecimento mais elaborado que utilize todas as
experiências adquiridas,
para tanto, é importante criar ambientes de aprendizagem
instigadores que
corroborem para o processo de elaboração e reconstrução das
experiências
propiciando o desenvolvimento da capacidade de continuar
aprendendo por si
mesmo. O maior desafio para a Educação neste século é a
mobilização dos
-
25
profissionais da educação para que haja interatividade com a
família e toda
comunidade com o intuito de fazer uma educação interativa.
É necessário que os gestores adquiram um novo perfil já que
normas muito
rígidas ou demasiadas são obstáculos para uma adaptação da
escola a novas
situações como exige o mundo atual. As atitudes e ações dos
gestores devem
perpassar por todas as situações e contar com o mínimo de tempo
para resolução
de problemas existentes, pois o gestor vem assumindo uma
importância muito
grande, mesmo nessa situação as tarefas e responsabilidades
devem ser
descentralizadas, as atribuições devem ser redefinidas para que
não ocorram
choques de competências.
3.2 Estilos de gestão
Considerando os três estilos de gestão: • Democrática •
Autocrática •
“Laissez-faire” Percebe-se, no entanto, que uma boa parceria
entre o estilo
Democrático e “Laissez-faire” pode conduzir qualquer gestor a um
bom
desenvolvimento de sua função e por que não dizer ao sucesso? A
atualidade exige
gestores que sejam capazes de conduzir as mudanças
organizacionais como a
flexibilização do currículo, inclusão de dinâmicas que motivem e
incentivem o grupo,
que busquem integração entre conteúdos e tecnologias e acima de
tudo que tenham
domínio técnico-pedagógico no contexto ensino aprendizagem.
A gestão Escolar deve ser compartilhada, participativa, isto é,
democrática.
Com a Constituição de 1988 a gestão democrática se fortificou, a
partir de então
teve a liberdade de discussão e debate sobre um projeto
pedagógico de acordo com
esse tipo de gestão. As escolas democráticas possuem algumas
características
dentre elas pode-se citar: Autonomia; Participação geral;
Descentralização.
Observa-se que para a escola atual é necessário um gestor
democrático e inovador
que tenha habilidades de trabalhar em equipes utilizando
estratégias de inovação
como mobilização, comunicação, negociação e parceria superando
os limites da
formalização para que a escola esteja sempre inserida na
comunidade, o gestor
deve ser um facilitador e estimulador da participação dos pais e
alunos.
Na educação sistematizada e em especial na Administração Escolar
pode-se
verificar uma evolução democrática, até na sua função
catalisadora, socialmente
definida dentro dos parâmetros educacionais onde buscam ações
que fortaleçam
-
26
uma cultura de participação e envolvam a comunidade escolar. A
escola assim está
envolvida no processo de burocratização a serviço ideológico do
poder hegemônico,
ou seja, a escola se restringe a um limitador do homem e
descaracteriza o
verdadeiro papel do administrador escolar, pois o mesmo exerce o
cargo a serviço
da ideologia dominante, contradizendo esta postura com a própria
função da escola.
Atualmente o gestor escolar não pode ser visto como um mero
aplicador de leis ou
provedor de recursos materiais para a escola deve ser pensado
como criador de
novas atitudes, o estimulador do progresso e o mediador da
solução de problemas e
dificuldades dos vários elementos da escola.
O equilíbrio da organização escolar deve ser o objetivo máximo
da ação
administrativa. Para tanto, deve haver uma preocupação com os
aspectos materiais
da organização, do funcionamento da escola e com os aspectos
psicológicos e
sociais que assegurem melhor condição de trabalho aos docentes
e, maior
aproveitamento para os alunos. Manter um clima de harmonia e
participação entre
esses elementos é condição para assegurar a eficiência do
trabalho educativo. Esse
trabalho poderá ser iniciado quando o gestor for percebido como
formador de
decisão e não apenas como executor de ordens superiores,
iniciador de novas
estruturas e novos procedimentos, ao invés de Mantenedor da
situação existente, ou
seja, quando assumir a liderança efetiva do trabalho
escolar.
3.3 O poder na escola
A questão do poder no cotidiano da Escola pública sempre nos
sensibilizou,
por constituir um elemento próprio da atuação do direito e um
instrumento da
fluência ou da obstrução das propostas pedagógicas. O poder
determina vontades,
perscrutar intimidades e projetos, está presente em todas as
relações, em parte,
especialmente nos nichos. Perpassa a cotidianidade, como o ar
que nos circunda,
cria teias que enredam pessoas, oculta-se em manobras promove
perdedores
inconformados, gera ira, provoca a inveja e, ao exercer-se
construir a liberdade ou a
submissão. Nesse sentido, o controle do espaço público requer do
administrador
capacidade de articulação a construção.
A escola pública, portanto, embora os que nela convivem nem
sempre se
apercebem, é um espaço para viabilidade da compreensão de um dos
traços
marcantes do poder? O fato de ele aparecer dissimulado. No
interior da escola, o
diretor acredita possuir o gerenciamento da verdade educacional
ou, pelo menos,
-
27
isso lhe é atribuído. Traz impregnada em si a função
controladora, a ponto de ser
considerar o principal executor das leis dentro da instituição
escolar.
Compreender a “tramalidade” das relações de poder presentes no
tecido
social e caracteristicamente na escola significa deslindar as
diversas ações internas
da instituição, que, ao serem analisadas meticulosamente,
permitem detectar em
seu interior uma multiplicação de tensões integrantes do pró ser
da ação.
Por isso,
“... o poder só pode ser captado de modo realista se de partida
não acreditamos em sua manifestação externa, que sempre usa para
mascarar. Pode realmente importante, efetivo, é aquele que sabe
esconder-se, precisamente para mandar sem percebido.” (Foucault
apud Demo, 2010, p..20).
Esse disfarce nos convida a assumir uma posição de observador,
de onde se
possa espreitar e determinar os “poderes” exercidos no cotidiano
escolar. É preciso
observar, investigar, perscrutar, reter as palavras, ideias,
disfarces e astúcias, capta-
los na teia dos acontecimentos que se apossam do universo
escolar, como se o
oculto exercesse uma força o nível das paixões, ódios, amores,
vaidades,
dedicação, lutas resistência e vislumbrar até que ponto o
conflito é saudável e
democrático, ou quando se torna encontrável.
O desvelamento dessa tramalidade pode evidenciar
“... que cada luta se desenvolve em torno de um foco particular
de poder... E se designar os focos, denunciá-los, falar deles
publicamente é uma luta... força a rede de informação
institucional... designar o alvo – é uma primeira inversão do
poder, é um primeiro passo para as outras lutas contra o poder.”
(Foucault, 1981, p.76).
Esta trama que arquiteta o poder nos remete as considerações de
Foucault
quando verificar sua onipresença;
“O poder seta em toda parte; não porque englobe tudo e sim
porque provém de todos os lugares. E ‘o’ poder, no que tem de
permanente, de repetitivo, de inerte, de auto-reprodutor, é apenas
efeitos de conjuntos, esboçado a parti de todas essas mobilidade
encadeamento que se apoia em cada uma dela e, em troca. Procura
fixá-las. Sem dúvida, devemos ser nominalista: o poder não é uma
instituição e em uma estrutura, não é certa potência de que algumas
sejam dotadas: é o nome dado a uma situação estratégia complexo
numa Sociedade determinada.” (1980, p.89)
Os símbolos descritos retratam a dinâmica do poder, sempre em
construção e
movimento. Canalizar a fluência desse poder numa ação educativa
parece constitui
um desafio para o diretor da escola, articulador por função de
todas as forças no
interior da instituição. Cabe então refletir sobre o atual
modelo de gestão e repensar
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28
sua estrutura de poder. Para que isso aconteça é preciso
preparar um novo gestor,
libertando-o de suas marcas de autoritarismo e
anti-educativo.
3.4 Relações de poder na escola
Uma força especificada de conceber o poder revela-se no papel
do
administrador, neste caso, o direito de escola pública,
envolvido por situações
conflitivas para as quais terá de encontrar soluções. Essa
difícil tarefa leva-o a
caracterizar-se por um perfil de mediador, que exige equilíbrio
profissional para lidar
com as tensões entre alunos, corpo docente, comunidade e Estado.
Administrar é
um processo complexo de gerir negócios, com características
próprias, decorrentes
da instituição mantenedora.
Em se tratado do Estado, como é o caso da escola pública, o
administrador
escolar assume um compromisso de oferecer à população um serviço
de qualidade.
O modo como o poder é exercido na escola vincula-se à ideologia
e ao quadro de
valores dos seus dirigentes e dirigido, afetando as relações de
trabalho dentro da
instituição. Dependendo do perfil ideológico do profissional é
que se desenvolverá o
processo administrativo, de forma mais ou menos democrática ou
centralizada.
Nesse sentido, porem-se distinguir dois tipos de poder: o
adquirido, enquanto
capacidade para ação, que se concretiza através da competência
técnica, e o
auferido ou concedido, enquanto direito de deliberar, agir e
mudar. Quando o poder
se concentra na direção, nas instituições onde há uma gestão
autoritária, a
resistência manifesta-se por confrontos, transparentes ou não,
na tentativa de
subverter o grupo que o detém. Foucault caracteriza essa reação
como contrapoder.
Na resistência isolada, ou por meio de coalizões, manifesta-se a
emergência,
para que ocorra o processo de transformação e o surgimento de
novas ideias e de
uma pratica democrática das relações na escola.
Desenvolver ensino não se torna fato isolado, mas redunda de ato
de
convivência ente educador, aluno, sociedade, também é muito os
questionamentos
que o educador e a escola se fazem diante de um contingente
escolar tão
heterogêneo socioculturalmente tanto na zona urbano quanto na
zona rural.
Entre outros sugerem os que se seguem:
Como autogerir essa instituição de ensino?
-
29
Como torna a escola e as aulas mais atraentes?
Como avaliar as possibilidades dos alunos de uma serie?
Diante de tantos alunos, como compreender a cada um?
Como propiciar aos alunos experiências reais na escola,
permitindo, a cada
um uma oportunidade satisfatória?
3.5 Estado, Democracia, Sociedade Civil e Escola
A Discussão sobre Estado, democracia e sociedade civil é
antiga,
antecedendo a Era Cristã e refletida um movimento em busca da
organização e da
qualificação da vida humana. A história das teorias e doutrinas
a respeito do Estado
confunde-se com a das lutas sociais, políticas e ideológicas,
entre as quais as
formas de pensar o Estado procuram legitimar-se.
Segundo Carnoy, as teorias do Estado são teorias políticas.
Considera
fundamental para a compreensão das diferentes estratégias
político-econômicas de
mudanças e controle sociais, bem como das atuais abordagens
sobre o estado, a
visão tradicional e clássica do “bem comum” e as posturas
marxistas sobre o estado
e as diferenças internas de cada uma delas (1999, p. 11).
É nesse caminho que, principalmente a parti dos séculos XVIII e
XIX,
associadas a polêmicas discussões sobre igualdade e liberdade,
surgem diferentes
tendências sobre as quais o estado se organiza e conduz suas
opções políticas,
fundamentando-se, cada uma delas, numa correspondente concepção
de
democracia. São formulações polemicas, com divergências
internas. Mas a relação
entre elas é por vez antitética, apesar do esforço de alguns em
buscar uma síntese
que as integre. Geralmente, a formulação de uma implica na
expressão criticada
outra, mesmo nos dias atuais.
Sem desconsiderar as diferenças internas e os recentes
acontecimentos dos
Leste Europeu, parece que continuam sendo nítidas as duas
tendências básicas
sobre as quis o Estado se organiza e direcionar suas estratégias
políticas.
Associada a cada uma delas formula-se uma correspondente
concepção de
democracia que funciona como argumento de defesa e sustentação
mútua. Embora
sejam formulações polemicas, com divergências internas,
principalmente entre os
marxistas, observa-se em ambas as tendências, certo deslocamento
no foco de
-
30
abordagem da democracia. Antes, predominantemente percebida como
um meio e
como tarefa primordial do Estado passa atualmente a ser vista
também como um
fim, devendo emergir e produzir-se cotidiana da população.
Paul Singer, em seu artigo (1989, p.21-26), faz considerações
sobre o
assunto, mostrando, por exemplo, como nos países industrializado
da Europa, no
século passado, as lutas e conquista da democracia política
foram um “meio” de a
classe trabalhadora ocupar espaço dentro do poder estatal.
Na conjuntura dos séculos XVII e XVIII, quando a tendência
revolucionaria era
romper um longo período da história em que a lei divina definia
as relações entre os
indivíduos, os intelectuais, comprometidos com mudanças
políticas, estavam
interessados em procurar uma nova organização do Estado baseada
em um novo
conceito de homem. Estes ideais revolucionários os vislumbravam
na democracia
representativa um excelente caminho para a garantia dos direitos
individuais e a
construção do bem comum.
O Estado ideal era no qual o poder no qual o poder político era
estendido a um grupo amplo, deixando que o mercado livre cuidasse
da distribuição da riqueza a da renda. [...] a democracia era
necessária para limitar os excessos inatos dos funcionários através
da vontade geral (1990, p.47).
Neste contexto John Stuart Mil defendia que a desigualdade
existia, mas era
acidental, remediável e não inerente ao capitalismo. Apontava a
democracia como o
processo que contribuirá para o desenvolvimento humano, pois
ela, por princípio,
era incompatível com a desigualdade. Mais uma vez a democracia é
usada como
um meio da superação das dificuldades que, nestas
circunstâncias, é deslocada das
relações econômicas para as relações políticas, numa nítida
separação entre a
organização do Estado, como uma organização política, e a
organização da
economia, como uma produção capitalista regulada pelo mercado
livre. Na
realidade, esses intelectuais evitaram questionar aquele modelo
de sociedade que,
apesar de seu crescente índice de produtividade material,
produzia inevitável
desigualdade social pela inerente dicotomia entre capital e
trabalho. No dizer de
Carnoy, Adam Smith nunca respondeu satisfatoriamente as questões
“sobre as
relações entre os objetivos econômicos dos indivíduos e o bem
público” (CARNOY,
1990, p. 43).
O estado liberal privilegia e defende os interesses do capital,
ou seja, da
classe e acumula seu capital pela relação de exploração do
trabalho assalariado.
-
31
Assim, sua democracia modelada sobre o mercado e a desigualdade
econômica
acaba, segundo a crítica de Marilena Chauí, por ser uma “farsa
bem-sucedida, visto
que os mecanismos por ela acionados destinam-se apenas a
conservar a
impossibilidade efetiva da democracia” (CHAUÍ, 1989, p.
141).
É importante esclarecer que estas leituras têm por base a matriz
marxista
mais clássica segundo o qual o Estado é um instrumento de
dominação de classe,
ou seja, um aparato repressivo e jurídico-político que torna
possível o controle da
sociedade por um grupo ou classe social determinada. Numa
sociedade de classes
antagônicas, como é o caso do capitalismo, o Estado represente,
primordialmente,
os interesses da burguesia (MAX, 1987).
Comungam desta visão, entre outros, Poulantzas (1990), em sua
segunda
fase provocada pelas críticas de Miliband; Offe (1984), que não
vê sobre o Estado o
controle direto da classe capitalista, mas definições
estruturais que o mantém
enquanto o Estado capitalista e que impedem medidas
anticapitalistas e, ainda,
Gramsci (1981), que, dotando uma abordagem ampliada sobre o
Estado, considera
o poder da classe dominante como exercido a parti da sociedade,
e não
necessariamente pelo uso dos aparelhos estritamente jurídicos ou
repressivos
segundo ele, estes funcionariam como uma espécie de garantia
material da
dominação, em última instância.
Carlos Nelson Coutinho explica, em seu estudo Os marxistas e a
questão
democrática, que “na democracia plenamente explicitada,
desapareceria a alienação
na esfera política; o Estado democrático seria a expressão do
homem socializado”
(COUTINHO, 1987, p.93). Também para Saviani, que raciocina na
mesma linha de
Coutinho, “a democracia só se consolida na medida em que cada um
dos seus
membros esteja capacitado para participar das decisões, para
opinar sobre os
rumos da sociedade, para interferi, para apresentar seus
próprios pontos de vista
diversos” (SAVIANI, 1986, p.76).
Diante dessas observações, intriga-me saber por que, apesar de
sua instável
características, o ideal democrático não morre, nem para os
indivíduos, nem para os
grupos. O que o mantém vivo? Mesmo não se dando conta, como os
sujeitos lidam
com essa incerteza democrática? Como transitam nessa permanente
incompletude
e inclusão da tarefa democrática? A busca de um referencial para
estas questões
conduziu-me no novamente à psicanálise, especificamente à
abordagem freudiana
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sobre psicanálise de grupo, que, sem, muitas pretensões,
passaremos a expor em
seguida.
3.6 Gestões Administrativas
Gestão é administrativa, é direção, relaciona-se com atividade
de impulsionar
uma organização a atingir seus objetivos, cumprir sua função
desempenhar seu
papel. Segundo FERREIRA (2000) a Gestão constitui-se de
princípios e práticas
decorrentes que afirmam ou desafiam os princípios que geram.
Estes princípios,
entretanto não são intrínsecos a gestão como a concebia a
administração clássica,
mas são princípios sociais, visto que a gestão da educação se
destina à promoção
humana (p.197).
No entanto, a passagem de uma administração autoritária para
uma
administração democrática e participativa é complexa e terá de
enfrentar vários
desafios ou superar vários obstáculos, antes de produzir os
resultados esperados, e
um dos maiores e mais difícil desafio a ser resolvido, é fazer
com que a
administração escolar nas instituições de ensino atinja grau
satisfatório de
autonomia, que lhes garanta recursos e condições capazes de
permitir a
implantação de novas ideias pedagógicas e administrativas
surgida no coletivo.
Logo, sabendo da complexidade e da dificuldade que as
mudanças
provocam, uma vez que para se mudar de uma ideia/ação que não
corresponde com
a realidade vigente, para outra nova ideia/ação que exige a
ruptura histórica na
prática administrativa da escola, requer tempo e muita
conscientização dos
profissionais. O exemplo disso LUCK (2000) nos diz: (...) nem
sempre os membros
da escola estiveram preparados para formas complexas de ação e
passam a
simplificá-la e a estereotipá-las.
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4 A INFLUÊNCIA DA RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA APRENDIZAGEM
“Este desenvolvimento do ser humano, que se desenrola desde o
nascimento até a morte, é um processo dialético que começa pelo
conhecimento de si mesmo para se abrir, em seguida, a relação com o
outro. Neste sentido, a educação é antes de mais nada uma viagem
interior, cujas etapas correspondem as da maturação contínua da
personalidade (...)” (DELORS, 2010).
Nos dias atuais, o mundo é regido por mudanças que ocorrem
numa
velocidade acelerada, aumentando a competição entre as pessoas.
O convívio
social tem se tornado cada vez mais complicado. Buscando
melhorar as relações
interpessoais, devemos inicialmente compreender que cada
indivíduo tem sua
complexidade e personalidade própria, que é construída ao longo
de sua vida.
Os traços morais distintos de uma pessoa são influenciados pelo
ambiente
familiar em que o indivíduo vive, nos aspectos culturais da
sociedade em que está
inserido, pela idade ou estágio de amadurecimento, herança
genética, dentre outros
fatores. Por sermos indivíduos diferentes uns dos outros,
pensamos e agimos de
forma única.
4.1 O ouvir ativo: recurso para criar um relacionamento de
confiança
Gordon fez uma tentativa de operacionalizar as atitudes básicas
de Rogers
(1985): autenticidade, consideração positiva e empatia,
propostas como condições
para um relacionamento construtivo. Segundo, MARONEY, Abigail
Alvarenga (2002,
p. 68) O ouvir ativo revela ao estudante o “querer compreender”
da parte do
professor. Portanto o ouvir ativo é captar o que está por trás
da fala. É ouvir não só a
fala, mas o que o corpo está revelando. Captando, o que está
envolvido na
mensagem da fala, especialmente os sentimentos presentes naquela
dada situação.
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Assim, Rogers refere-se a esse tipo de pessoa como: “Pessoas que
foram
capazes de perceber o significado do que eu dizia um pouco além
do que eu era
capaz de dizer. Estas pessoas me ouviram sem julgar,
diagnosticar, apreciar,
avaliar. Apenas me ouviram, esclareceram-me em todos os níveis
em que eu me
comunicava” (1983, p.08).
É nesse ponto que se observa a importância do professor ser um
bom ouvinte
e bom observador, para fazer a leitura do corpo e captar as
emoções e os
sentimentos. De acordo com Gordon (2012) enfatiza que para o
ouvir ativo ser
autêntico, algumas atitudes são essenciais:
a. Um senso profundo de confiança na habilidade de o aluno
resolver seus próprios
problemas;
b. Aceitar genuinamente os sentimentos expressos pelos
estudantes, não importa
quão diferentes possam ser;
c. Entender que sentimentos são transitórios;
d. Querer ajudar seus alunos com seus problemas;
e. Estar com os alunos com seus problemas e manter uma
identidade separada;
f. Entender que raramente os alunos são capazes de compartilhar
seus problemas
de “forma real”;
g. Respeitar a natureza confidencial das revelações do
aluno.
Entende-se que o ouvir ativo não é mágica, e sim um método
específico para
colocar em prática um conjunto de atitudes com relação ao aluno,
e seus problemas
e a seu papel como facilitador. É uma habilidade a ser
aprendida, como muitas
outras.
4.2 As bases teóricas das relações interpessoais na escola
Conforme Moacyr Silva (2002, p.79) “A construção da identidade,
conforme
sabemos hoje, está vinculada às vivências grupais, às relações
sociais e, portanto, a
processos caracterizados por tensões e equilíbrios”. A
construção da identidade do
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docente é, portanto, uma história de relações com outros,
constituída pelas
interações face a face e por relações interpessoais mais
amplas.
Parafraseando Rui Cenário (1998) a escolha habitualmente pensada
como
um lugar no qual os alunos aprendem e os professores ensinam,
constitui uma ideia
simplista, pois não apenas os professores aprendem, como
aprendem, aliás, aquilo
que é verdadeiramente essencial: aprendem a sua profissão.
Foucault (2001), destacando a escola como uma das principais
instituições de
repressão e controle, se faz importante salientar que o
cotidiano de sua dinâmica
interna é marcado pela constante comunicação formal e informal,
espontânea ou
intencional, entre todos os seus segmentos, e é nesse processo
de comunicação
que se constroem e reconstroem as ideologias, os valores, os
conhecimentos.
Um grupo formado de empatia, de responsabilidade mútua de
preocupação
com o “eu” e como o “outro”, que assegura a participação sem
medo de arriscar, de
escolher, de se envolver, favorece um clima de pertencer, de
compartilhar, em
direção ao crescimento de todos, mobilizando toda a escola para
a conquista, em
direção ao crescimento de todos, mobilizando a conquista de seus
objetivos e a
satisfação de suas expectativas (Pichon-Riviére, 1988).
4.3 Aprendizagem e não-aprendizagem
Segundo Beatriz Scoz (2002, p. 91) Na formação de professores,
pouco se
tem considerado o processo de construção da identidade composta,
ao mesmo
tempo, por uma dimensão coletiva, traços específicos e histórias
sui-generis. Dessa
forma não se considera que o professor leva a prática das
ideias, os sentimentos e
as representações que constituem seu universo conceitual do que
seja aprender e
ensinar. O ser humano é submetido às mais variadas situações de
aprendizagem.
Nesse intercâmbio contínuo, a criança assume papéis, atitudes e
o próprio mundo
do outro absorvendo suas formas de ser e de crer. Então supõe-se
que os modelos
de ensinar repercutem nos modelos de aprender.
Conforme Beatriz Scoz (2002, p. 92) afirma que, o resgate da
história de vida
e de aprendizagem dos professores pode elucidar quais
significados eles
construíram em relação aos processos de aprender e de ensinar e
as modalidades
de aprendizagem que constituíram em reciprocidade às modalidades
de seus
ensinantes. Talvez assim, o professor possa repensar seu modo de
ser e de estar
no mundo e ressignificar algumas práticas na escola.
-
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4.4 As transformações
As transformações sociais têm sido cada vez mais frequentes em
nosso
cotidiano, tanto dentro das próprias famílias quanto na escola.
O jovem passa a
receber estímulos variados que o envolvem e que começam a fazer
parte de sua
vida, sem o questionamento necessário para que esses estímulos
sejam benéficos
para o seu desenvolvimento integral.
Muitas vezes, se esses estímulos não forem trabalhados de forma
adequada,
podem ser incorporados de forma negativa às necessidades desses
jovens,
trazendo consequências como o mau aproveitamento de
oportunidades, o
empobrecimento de valores, o desinteresse escolar, indisciplina,
entre outros. Como
educadores e gestores, devemos assumir um papel de não
indiferença perante esta
realidade, salientando a cada dia a importância e o valor de
cada indivíduo dentro da
escola, estimulando de forma positiva e significativa os
educandos para que eles
realmente aproveitem as oportunidades que lhes são oferecidas e
que a cada dia
dignifiquem seu aprendizado e aprimorem seu desenvolvimento
escolar.
A sociedade tem passado por grandes desafios, desenvolvendo
projetos e
tecnologias que procuram modificar o cenário grotesco e
desencorajador, próprio
deste tempo de ameaças, violências e desesperança. Com essa
complexidade se
torna cada vez mais difícil educar os jovens e as crianças, pois
recebem influências
diferentes, especialmente do mundo da comunicação; tendências
que influenciam
fortemente seus comportamentos. O mundo tecnológico é cada vez
mais presente,
condicionando a mente e os anseios de nossos jovens.
Com as inovações tecnológicas as pessoas se tornaram menos
comunicativas e sociáveis, tanto em sociedade quanto na própria
escola, perdeu-se
um pouco do contato físico e presencial. Isso tudo não nos deixa
indiferentes
porque, de fato, determina certa maneira de pensar a vida e o
relacionamento entre
os indivíduos e a sociedade, que incide sobre todos,
particularmente, sobre os mais
jovens. Para que haja uma educação completa que favoreça este
objetivo é
necessário compreender o papel do professor nesta luta.
Segundo Uchoa (2000, p.23), muitas vezes nos deparamos com
pessoas
aparentemente empobrecidas de qualidades e ao invés de
questionarmos o motivo
de serem tão desvalidas seria mais justo perguntarmos sobre o
motivo de lhes ter
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faltado oportunidades de enriquecimento pessoal ou de não as
terem aproveitado
convenientemente.
Cada um de nós tem potencialidades, mas devemos ter as
condições
necessárias para que possamos utilizá-las e efetivá-las. Por
isso a relação
educador- educando é primordial a qualquer tipo de educação.
Cabe ao professor
assumir um compromisso real e efetivo com seu ato educativo.
“ o conceito de ação educativa como relacionamento
inter-pessoal, implica a existência de dois agentes que cooperam no
ato da educação, cooperação essa que deve ser livre”.( MODESTI,
1975, p.69:).
É preciso estimular os alunos de forma amigável a se envolverem
também
com o seu próprio processo de aprendizagem, devem tomar
consciência do caminho
a ser percorrido. Com este envolvimento haverá a cooperação
necessária para o
êxito de nosso projeto educacional, ficando assim mais próximo e
real. Uma das
principais características de uma educação preocupada com o
desenvolvimento
integral dos educandos é a “presença”, presença essa não só
física mais sim, uma
presença efetiva e afetiva capaz de fortalecer e enriquecer a
relação professor-
aluno, tornando-a mais significativa. (COSTA,1997)
Estar presente e fazer-se perceber junto ao jovem é um dos
passos
importantes para a construção do laço que se deve formar.
Permanecer junto ao
aluno e trabalhar nele aspectos de mudança e esperança, tudo
isso deve fazer parte
daquilo que se espera do educador enquanto um incentivador. É
preciso saber que a
relação de ajuda presente no ato educativo procura promover o
crescimento e o
desenvolvimento de uma outra pessoa.
O educador deve estar sempre presente e fazer sua presença
significativa,
para que o educando se sinta seguro e saiba que o educador está
presente e não
lhe é indiferente. A empatia é um dos principais facilitadores
do entendimento, assim
como o respeito, que é a capacidade de acolher o outro
integralmente.
4.5 Relações interpessoais no meio escolar
O equilíbrio é a dose correta para que se obtenha os melhores
resultados em
tudo. No meio escolar não é diferente. Segundo Mentes (1997, p.
13), “a
aprendizagem mediada permite ao indivíduo desenvolver
habilidades de
pensamento eficientes, possibilitando-o tornar-se aprendiz
independente e
autônomo. A aprendizagem mediada e a cognição podem fazer o
trajeto da
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aprendizagem efetiva”. Assim, a boa relação entre professor e
aluno é um dos
princípios fundamentais para se desenvolver equilíbrio no
sucesso do ensino
aprendizagem, mediando as apreensões e as dúvidas
existentes.
As relações interpessoais e a aprendizagem possuem uma
característica em
comum Para que venham a acontecer é necessário pelo menos duas
pessoas.
Nesta relação ocorre a troca de experiências, em que o aluno
aprende os conteúdos
programáticos e permite aos professores a tomada de ações que os
conduzam a
reflexões sobre suas práticas pedagógicas, proporcionando, deste
modo, um
aprimoramento e uma adequação destas ações.
As práticas pedagógicas devem sempre estar pautadas em objetivos
claros,
que conduzam os educandos a construir seus próprios
conhecimentos e saberes, a
partir dos conceitos anteriormente estabelecidos.
Dessa forma, para a construção de novos conhecimentos é
importante que o
aluno estabeleça conexões com experiências anteriores,
vivências, leituras, e
atribua significados ao que está aprendendo. Os conhecimentos
prévios, além de
permitirem realizar um contato com o novo conteúdo, são
imprescindíveis para que o
aluno construa o seu conhecimento. (MIRAS,1999).
Constantemente ouvimos alunos afirmando adorar o professor mas
não
gostar do conteúdo. Quando o educador está atento a isso, pode
aproveitar a boa
relação que tem com o estudante para envolvê-lo numa estratégia
que vise à
construção do interesse pela disciplina. A simpatia que os
alunos possuem pelo
professor impulsiona-os a gostar daquilo que ele faz. Segundo
D’Ambrosio (1999,
p.89), “aprendizagem é a aquisição de capacidade de explicar, de
aprender e
compreender, de enfrentar, criticamente, situações novas. Não é
o mero domínio de
técnicas, habilidades e muito menos a memorização de algumas
explicações e
teorias”.
Agir dentro desta ideia só é possível quando gostamos do que
fazemos, ou
seja, o professor precisa gostar do que faz. Isso faz toda a
diferença na forma como
nos relacionamos com os alunos e como iremos preparar nossas
metodologias, pois
quando não gostamos das atividades do nosso dia a dia, o
trabalho torna-se um
sofrível castigo que é transferido ao aluno, mesmo de forma
inconsciente. A auto
avaliação é um meio para que possamos averiguar se estamos no
caminho certo de
uma prática produtiva e efetiva. Educar é uma arte que se ensina
com amor, sendo
que um professor que ama o que faz está sempre motivado.
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Para ensinar precisamos nos comprometer (FREIRE, 2001) e,
como
educadores, temos a missão de direcionar os caminhos, orientar,
motivar,
aconselhar, instruir, incentivar, mediar, compreender, criar
espaços alternativos e
estimular cada um dos alunos, para que alcancem o aprendizado,
valorizando as
habilidades e competências de cada um, tornando assim a educação
e o ambiente
escolar mais prazeroso.
As situações de aprendizagem oportunizadas pelo professor devem
primar
pela interação, trocas de experiências e diálogos entre os
sujeitos. Proporcionando a
possibilidade de livre expressão dos alunos, o professor
incentiva-os a exporem
suas ideias e, também, ao confronto de opiniões. Não há como
existir aprendizagem
sem ao menos duas pessoas atuantes. Antunes (2003) destaca que
se há conversa
entre os alunos, isso é bom. Devemos saber fazer desta notável
qualidade humana
uma “ferramenta” de ensino. Precisamos usar da conversa do
aluno, que é o que ele
tem de mais valioso em sua vida, como instrumento para um
trabalho pedagógico
essencial. Devemos conversar com nossos alunos e deixá-los
conversarem entre si.
É muito normal ouvir um professor dizer que a aula excelente é
aquela em
que não se ouve uma só conversa. É uma ideia ultrapassada, pois
se os alunos não
se expressam, pela conversa, consequentemente a aula não é
produtiva. Em aulas
assim os alunos ficam apenas copiando aquilo que lhes é
apresentado. Os
monólogos, proporcionados pelos professores, com uma fala longa
e reflexiva,
produzem sono nos alunos. Atitudes assim não propiciam um
ambiente para a
aprendizagem. Na maioria das escolas encontramos as crianças
sentadas em
fileiras, recebendo dos professores, que “despejam” sobre eles,
listas de exercícios
e teorias sem sentido nas suas concepções.
Assim como o livro didático que é utilizado, em algumas
situações, de forma
que os alunos fiquem ocupados, sem levar em consideração os
objetivos reais da
sua utilização. No entanto, para que haja um bom aprendizado,
sabemos que é
essencial uma boa relação de ambas as partes, sempre embasada
pelo diálogo, de
modo que o aluno consiga confiar no professor. É necessário uma
libertação dos
professores de seus condicionamentos, e para isso devemos
primeiramente fazer
uma reflexão profunda de nossa prática pedagógica, compreender
nossos
sentimentos e saber como agir e reagir diante deles, tendo
coragem de nos
lançarmos sobre o desconhecido da prática e da atualização.
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Um dos papéis do professor é assumir-se como expositor de
desafios,
instigador de perguntas, e isso só acontece quando revemos as
nossas práticas. O
professor que avalia sua prática, sempre busca uma nova forma de
trabalhar os
conteúdos com possibilidades de melhoria da qualidade do ensino,
devendo ser um
“ser” transcendente, ativo, atualizado, inovador, indagador, com
atitudes
emancipatórias, responsabilidade social e que sempre se
questione em relação a
sua prática, envolvendo e cativando seu aluno pela
argumentação.
A base para um ambiente propício no ensino e aprendizagem é o
respeito. O
ambiente da sala de aula estará em harmonia se houver respeito
de ambas as
partes, tanto do professor em relação ao aluno quanto do aluno
em relação ao
professor. Vale ressaltar ainda a importância do trabalho
coletivo para que haja
socialização entre os alunos. Eles precisam expressar suas
ideias e saber ouvir, de
maneira que venham a respeitar as ideias dos demais colegas.
Em sala de aula, é comum ouvirmos as expressões “eu não sei
fazer” ou “eu
não consigo fazer”. Como educadores precisamos nos relacionar
com o aluno de