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GESTÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE GASOLINA NA REGIÃO
SUDESTE: ESTUDO DA METODOLOGIA ECODRIVING
Área temática: Logística
Samara Vidal
[email protected]
Bruno Alves
[email protected]
Felipe Belmar
[email protected]
Úrsula Maruyama
[email protected]
Resumo: A escolha de uma estrutura de transporte adequada às necessidades organizacionais leva em conta um
processo de tomada de decisão que apresenta complexidade devido à quantidade de variáveis, subjetividade dos
envolvidos e poucos métodos de avaliação de desempenho adequados ao contexto do transporte de carga. As empresas
em geral que tem como objetivo a competitividade de mercado, devem sempre priorizar a estruturação do sistema de
transportes baseando-se em dois pilares: o socioambiental e o econômico financeiro. Quando se trata do transporte de
produtos perigosos a logística deve ser bem mais complexa e analítica, pois envolve toda uma questão legal. Além
disso, a fim de reduzir os gases de efeito estufa (GEE), o dióxido de carbono (CO2) e principalmente as emissões do
setor de transporte, a sociedade está pressionando cada vez mais a utilização de veículos mais eficientes e de processos
que possam gerar menos impacto ao meio ambiente. Nesse contexto, este trabalho compara a gestão de frota de
distribuição de Gasolina na Região Sudeste de uma empresa de distribuição de petróleo por meio do Estudo de Caso
para sugerir a metodologia ecodriving que baseia-se em decisões estratégicas, decisões táticas e as decisões
operacionais. Como resultado, apresenta-se por meio de estimativas, a indicação da aplicação metodológica para
melhoria do transporte e otimização de recursos para minimizar os custos financeiros e os impactos socioambientais.
Palavras-chaves:
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
O transporte é um dos principais componentes logísticos, representa em média 60% dos custos
logísticos, que pode corresponder a 3,5% do faturamento bruto das empresas, e em alguns casos, mais
que o lucro (FIGUEIREDO, FLEURY, WANKE, 2000). A necessidade do século XXI de ser não
apenas eficiente, mas também eficaz levou muitas empresas a buscarem novas alternativas de
gerenciamento de suas frotas.
É por meio desta abordagem de um transporte sustentável, que surgiu a ideia do ecodriving: a
utilização eficiente de energia, gestão eficaz dos veículos e seus condutores. Esse programa tem como
objetivo de minimizar os danos ao meio ambiente por meio de ações educativas aos motoristas e
prevenções operacionais dos veículos.
Devido à grande quantidade de veículos pesados nas estradas do Rio de Janeiro, deixa a situação do
trânsito fluminense e as condições do ar cada vez pior. Segundo Anuário da Industria Automobilística
Brasileira (ANFAVEA), edição 2013, foram produzidos cerca de 3,5 milhões de veículos automotores
no Brasil, durante o exercício de 2012, dos quais 135 mil são representados por caminhões, que são
movidos pela combustão do óleo diesel.
Devido à necessidade de redução de custos logísticos por parte das empresas distribuidoras de
produtos combustíveis no RJ apresentam gastos excessivos em sua cadeia logística, tão: Como a
abordagem ecodriving consegue gerar valor para o transporte de distribuição de combustíveis no
Estado do Rio de Janeiro?
O presente estudo utilizará de dados verídicos sobre uma empresa de combustíveis “Delta”, a fim de
estimar o grau de danos ao meio ambiente que esta possa ter causado para suprir a necessidade de
gasolina da região sudeste ao longo do ano de 2012. O estudo tem como foco principal o estado do Rio
de Janeiro, com sua base de distribuição localizada no município de Duque de Caxias, principal base
de distribuição para toda a região sudeste do Brasil.
1. Metodologia
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos a contextualização de pesquisa bibliográfica segundo
Gil (1991), a metodologia é qualitativa por meio de estudo de caso. A coleta de dados foi realizada
numa multinacional “Delta” e realizada pesquisa de campo no seu posto matriz – uma vez que este é o
modelo de operação para todos os demais postos do Brasil – procurou-se aplicar a abordagem. Ao final
da pesquisa na literatura o estudo utilizará uma proposta baseada na metodologia ecodriving
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apresentando os resultados obtidos caso a abordagem seja aplicada nas operações de transporte da
empresa “Delta”, com o enfoque na distribuição de combustíveis líquidos no estado do Rio de Janeiro.
2. Gestão logística
Ao iniciar um estudo acerca do processo logístico, é importante ressaltar aspectos no que concerne os
seus conceitos, dimensões, distribuição física, cenário atual brasileiro e os modais de transportes.
Desta forma, a logística empresarial e conceituada como:
[...] a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição
aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para
as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos
(BALLOU, 1993, p.17).
Os depósitos regionais ou instalações físicas de distribuição são um dos componentes da cadeia
logística e estão localizados em função da estrutura de transportes existente, este componente
representa um trade-off pois é um ponto crítico para a gestão de custos na cadeia logística. Portanto, a
logística propicia a redução de custos, agrega valor, melhora os níveis de serviço e consequentemente
maximiza a lucratividade. Em contrapartida uma logística ineficiente gera prejuízos financeiros
expressivos, comprometendo a própria sobrevivência da empresa.
A eficácia do sistema logístico é fundamental para o pleno desenvolvimento e estabelecimento do
planejamento estratégico da empresa. A grande utilidade da logística empresarial é promover essa
coordenação gerando uma gestão eficaz para se atingir este objetivo.
A eficiência operacional na gestão da cadeia logística de suprimentos é fator primordial para que a
percepção do cliente final seja a melhor possível, pois este é o elo mais próximo do consumidor.
Portanto é o fator diferencial na operação que gera a última imagem da empresa ao cliente, seja esta
uma imagem positiva através da eficiência operacional ou uma imagem negativa do processo
operacional de execução da cadeia produtiva.
4. Gerando valor através da logística
Gerar valor para o cliente tornou-se uma grande forma de conseguir vantagem competitiva. De acordo
com Christopher (1997) o valor é gerado quando "as percepções dos benefícios em uma transação
superam os custos totais de propriedade", ou seja, as percepções dos benefícios que são intangíveis
estão relacionadas a um valor tangível que é o monetário. O custo total de propriedade está relacionado
ao custo físico (tempo e energia dispendidos) e monetário.
Um produto perde seu valor quando não está ao alcance do cliente no momento e lugar por este
requerido (BALLOU, 2006). Com isso, ao disponibilizar um produto no tempo certo, cria-se ao cliente
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um valor único. Este valor é similar ao gerado pela produção de produtos ou serviços de qualidade ou
preço baixo.
5. O mercado de combustíveis
O Brasil vem registrando crescimento, a cada ano, no consumo de número de barris de petróleo
chegando ao número de 2,6 milhões de barris de petróleo por dia em 2010, isso representa 3% do
consumo mundial que em 2010 registrou 87,4 milhões de barris por dia (ANP, 2010). O consumo de
combustíveis no Brasil em 2012 cresceu 6,1% em relação ao ano interior, somando 129,6 bilhões de
litros, a gasolina registrou aumento de consumo de 11,9% em 2012, comparando com 2011, quando
somou 35,4 bilhões. Em 2012, o consumo chegou a 39,6 bilhões (ANP, 2012).
Com isso as distribuidoras tem como foco principal o investimento em projetos logísticos de melhoria,
além de expandir as bases operacionais para ter uma melhor distribuição em todo território nacional e
acompanhar o crescimento da demanda brasileira de consumo de combustíveis líquidos.
6. Distribuição logística dos combustíveis no Brasil
A história da distribuição logística de combustíveis no Brasil é dividida em três marcos: em 1912 é
instalada a primeira distribuidora de combustíveis e lubrificantes, a Standart Oil; em 1934, a destilaria
Rio Grandense de Petróleo, a precursora da Ipiranga, inicia a produção industrial de derivados no
Brasil, em Uruguaiana (RS); em 1953, ocorre o início do monopólio estatal do petróleo e a criação da
Petrobras (Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis – SINDICOM, 2013).
Após o término do refino e produção, o produto é enviado por meio de dutos para as bases de
distribuição, na maioria das vezes essas bases são administradas e de responsabilidade das companhias
distribuidoras. Nestas bases, os combustíveis se encontram armazenados em tanques e ficam a
disposição para o transporte.
As bases de distribuição são classificadas de acordo com as suas posições na cadeia de suprimentos: as
que recebem combustíveis diretamente da refinaria, por importação, cabotagem e duto, ou seja,
diretamente do fornecedor, são chamadas de bases primárias, enquanto as bases que recebem produtos
das bases primárias são chamadas bases secundárias. O abastecimento dessas bases secundárias pode
ser feito através do modal rodoviário ou ferroviário.
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Figura 1 - Base Primária x Base Secundária
Fonte: elaborada pelos autores
As bases de distribuição são estrategicamente posicionadas. As primárias são localizadas próximas as
refinarias, onde são ligadas por dutos, para facilitar o transporte dos produtos refinados. Além disso, as
bases de distribuição tentam se localizar próximas a rodovias e ferrovias, a fim de facilitar o
deslocamento do produto para as bases secundárias e clientes. A seguir pode-se observar o mapa
logístico de distribuição.
Figura 2 - Logística de distribuição
Fonte: SINDICOM (2013)
Atualmente existem 290 bases de distribuição em 70 cidades. Em todo o país há 14 refinarias que
produzem os combustíveis necessários para o abastecimento, além do volume importado.
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7. Transportes
O transporte rodoviário é o principal meio para o deslocamento de cargas dentro do Brasil. Embora o
Governo Federal venha aumentando os investimentos nos outros modais, o rodoviário ainda é
responsável por quase 63% do TKU (toneladas por quilômetro útil) movimentado no País, tendo
transportado, em 2008, mais de 770 bilhões de TKU, volume 14% superior ao registrado em 2006,
segundo estudo do Instituto Ilos (2011).
A matriz de transportes brasileira é composta por cinco os modais de transporte de cargas: rodoviário,
ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo. Cada um possui custos e características operacionais
próprias, que os tornam mais adequados para certos tipos de operações e produtos.
Figura 3 - Matriz de Transportes do Brasil
Fonte: ILOS (2011)
Em 2008, os gastos com a movimentação de carga pelas rodovias brasileiras foram de R$ 164,5
bilhões, ou 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
8. Malha Rodoviária Brasileira
Apesar de ter uma das malhas rodoviárias mais extensas do mundo, o Brasil ainda está muito aquém
das principais economias do globo, com apenas 13% das rodovias pavimentadas (CIA, 2011; BRASIL,
2011a). Recente estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que o
estado geral das rodovias do país é deficiente. Quase 60% do trecho avaliado foram considerados em
mau estado, com problemas principalmente na geometria da via e na sinalização, além da má
conservação da pavimentação (CNT, 2010).
O excesso de buracos leva os veículos a reduzirem a velocidade, diminuindo o número de viagens
possíveis por dia e, consequentemente, aumentando o custo por viagem. Além disso, quanto pior o
estado de conservação da rodovia, maior o desgaste do veículo e maiores os custos variáveis, como
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combustível, peças, pneus, lubrificação e lavagem. Segundo a CNT (2010), o custo operacional da
frota nacional poderia ser reduzido em 25% caso todas as rodovias pavimentadas do Brasil estivessem
em ótimo estado de conservação.
9. Abordagem ecodriving
A mudança climática e a mudança de paradigma do consumidor final levaram à mudança das
organizações no seu modelo de operação, com o objetivo de amenizar os danos causados pelo sistema.
Sendo assim, as organizações buscaram na metodologia ecodriving, saídas que possibilitem a
diminuição de impactos ao meio ambiente.
O ecodriving inclui as decisões estratégicas (seleção e manutenção de veículos), decisões táticas
(seleção de rota e carga do veículo) e as decisões operacionais (comportamento do condutor), que
melhoram a economia de combustível do veículo e manutenção do mesmo, contribuindo também para
a redução de impactos à natureza (SIVAK e SCHOETTLE, 2012).
No sentido lato, o ecodriving é um termo usado para descrever iniciativas que apoiam o uso da energia
de forma eficiente nos veículos automotores (BORIBOONSOMSIN, VU., BARTH, 2010). É um modo
de condução que reduz o consumo de combustível e as emissões de gases do efeito estufa. Além disso,
também possui papel importante para aumentar a segurança nas estradas. As técnicas de condução
inteligente e segura podem levar a uma significativa redução nos gastos com combustível, e nos
índices de acidentes automotores.
Diferentes programas de ecodriving na Europa têm sido encontrado para produzir melhorias de
economia de combustível na ordem dos 5 a 15% (ONODA, 2009). No entanto, para que a
metodologia ecodriving seja aplicada com excelência é necessário focar no treinamento do motorista,
para que este coloque as práticas em execução de forma correta. Considerando que o ecodriving
“corresponde à utilização do veículo de modo a minimizar o consumo de combustível e as emissões”
(IEA/2010), são necessárias ações como (TOYOTA, 2012):
Planejar a viagem e evitar desvios;
Evitar deslocamentos curtos;
Verificar pressão dos pneus;
Fazer a manutenção do veículo de acordo com o manual do fabricante;
Mudar de marcha mais cedo para manter a rotação do motor baixa;
Utilizar acessórios elétricos apenas quando for necessário;
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Seguir e antecipar o trânsito;
Manter as janelas fechadas;
Desligar o motor se o veículo estiver parado por pais de 1 minuto.
Neste grupo de ações está inserida uma grande variedade de possibilidades, que vão desde a gestão da
frota até a gestão da movimentação. Há uma série de fatores que podem ajudar na diminuição da
emissão de gases CO2 e na consequente economia no custo de transporte, dentre eles podemos citar:
Tecnologias on board
Gestão de fluxos e movimentação
Gestão da capacidade de transporte
Gestão da idade da frota
Contudo, para garantir os resultados dessa abordagem é necessário um acompanhamento próximo do
desempenho dos motoristas, já que eles são os responsáveis em pôr essas atividades em prática.
10. Estudo de caso
No setor de distribuição de derivados de petróleo há uma empresa Delta localizada no bairro de
São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro. Essa distribuidora possui um posto de combustíveis no
qual é denominado Posto Matriz, este posto é considerado modelo, ou seja, que deve ser guiado como
exemplo de posto pela marca.
Atualmente esse posto comercializa os seguintes produtos: Etanol hidratado, Gasolina original
C, gasolina original C aditivada, gasolina original premium aditivada e óleo diesel B S10 original
aditivado. São movimentados nesse posto em média de 283 m³ de combustíveis por mês, ou seja,
3.400 m³ por ano. Dentro do volume de 283 m³ consumidos em média mensalmente são divididos
entre os produtos apresentados na tabela abaixo:
Tabela 1 – Média do volume mensal enviado ao Posto Matriz
Produto Volume (m3)
Etanol hidratado 30
Gasolina C 128
Gasolina original C
aditivada 72
Gasolina premium 8
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aditivada
Diesel B S10 aditivado 45
Total 283
Fonte: Elaborada pelos autores
O posto matriz possui capacidade de recebimento de caminhões truck (15 m³) e carretas (20 m³, 25 m³,
32 m³ e 45 m³). No ano de 2012, o posto matriz da empresa Delta apresentou o seguinte resultado da
tabela abaixo:
Tabela 2 - Consumo de diesel por tipo de caminhão em 2012
Faixa de
Capacidade
%
movimentação Volume
entregue (m3)
Distância
(km)
Consumo
(l)
Truck 6,32% 215 455,73 126,55
Carreta até 32k 76,32% 2.595 5.500,57 2.023,84
Carreta acima de
32k
17,35% 590
1.250,61 506,75
Bitrem 0 0 0 0
Total 100% 3.400 3,6% 2.657,13
Fonte: Relatório de Emissão empresa Delta (2012)
Como se pode observar, nesse ano foram percorridos pelos caminhões de entrega 7.206,91km e
consumidos nesse percurso 2.657,13 litros de diesel. Com isso foram entregues ao posto matriz 3.400
m³ de combustíveis. Para o cálculo da distância percorrida pelos caminhões foi considerada ida e volta.
O consumo do diesel é calculado através da distância percorrida vezes a eficiência total do caminhão.
A empresa Delta é associada ao programa GHG Protocol (Greenhouse Gas Protocol), através desse
programa é possível medir a emissão de Gases de Efeitos Estufa (GEE) lançados na atmosfera. As
empresas associadas a esse programa (e identificadas pelo selo indicado a seguir) calculam e
protocolam as emissões desses gases.
A empresa Delta utiliza como base dos seus cálculos, fatores de emissão divulgados pelo GHG
Protocol (2012). Por meio desses fatores, das distâncias percorridas e diesel consumido é possível
calcular quanto de gás carbônico foi lançado na atmosfera: 2,54kg de CO2; 0,000132kg de CH4;
0,00132kg de N2O; 2,581011kg de CO2; 0,12kg de CO2bio.
Portanto, consolidando os dados expressados, de consumo de diesel e de distância percorrida pelos
caminhões para o abastecimento do Posto Matriz, observa-se que foram emitidos de CO2 6,74
toneladas, e, portanto: 7.206,91 km percorridos; volume de 3.400m3; consumo total de 2.657,13 litros.
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Esses dados coletados foram coletados e enviados ao GHG Protocol, no qual gera um inventário que é
divulgado para a acessibilidade de todos.
Figura 4 - Inventário Empresa Delta
Fonte: Site GHG Protocol (2013)
A empresa Delta possui programas de compensação de emissões, porém não possui nenhum programa
para reduzir as emissões.
11. Proposta de redução de emissão de co2 com o ecodriving
Tendo como base o estudo de caso apresentado, foi realizada uma simulação da metodologia
Ecodriving, de forma que venha a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ampliar a eficiência
energética da empresa. Baseado nos princípios da apresentados por Toyota (2012) possui
diversas práticas e métodos a serem utilizadas para atingir os objetivos citados, dentre elas, foram
adaptadas para este projeto:
Planejar a viagem e evitar desvios;
Evitar deslocamentos curtos;
Verificar pressão dos pneus;
Fazer a manutenção do veículo de acordo com o manual do fabricante;
Mudar de marcha mais cedo para manter a rotação do motor baixa;
Utilizar acessórios elétricos apenas quando for necessário;
Seguir e antecipar o trânsito;
Manter as janelas fechadas;
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Desligar o motor se o veículo estiver parado por pais de 1 minuto.
Como resultado da aplicação dessas práticas espera-se a redução de no mínimo 2,3 % do consumo de
diesel de acordo com o estudo realizado por uma empresa europeia do ramo de logística (SIMÕES,
2009) e de no máximo 15% segundo estudo de Onoda, (2009). Para tanto, foram criados três cenários
para a aplicação do estudo, o cenário pessimista, o cenário provável e o cenário otimista:
Cenário pessimista: Utilizando os resultados obtidos pela empresa europeia do ramo de logística, Luis
Simões, redução de 2,3 % no consumo de diesel.
Tabela 3 - Consumo de diesel no envio ao Posto Matriz
Faixa de Capacidade %
movimentação
Volume
entregue (m3)
Distância
(km)
Consumo
(l)
Truck 6,32% 215 455,73 126,55
Carreta até 32k 76,32% 2.595 5.500,57 2.023,84
Carreta > 32k 17,35% 590 1.250,61 506,75
Total 100% 3.400 3,6% 2.657,13
Fonte: Adaptado do Relatório de Emissão empresa Delta (2012).
Tabela 4 – Simulação de consumo de diesel utilizando a redução da empresa europeia
Faixa de
Capacidade % movimentação
Volume
entregue (m3)
Distância
(km)
Consumo
(l)
Redução do
consumo em
2,3%
Truck 6,32% 215 455,73 126,55 123,64
Carreta até 32k 76,32% 2.595 5.500,57 2.023,84 1.977,29
Carreta > 32k 17,35% 590 1.250,61 506,75 495,09
Total 100% 3.400 7.206,91 2.657,13 2.596,02
Fonte: Adaptado do Relatório de Emissão empresa Delta, 2012.
Portanto, se utilizarmos os mesmos dados de distância percorrida pela empresa Delta em 2012, e
aplicássemos a metodologia utilizada pela empresa europeia, obteríamos os seguintes resultados: com
a aplicação da metodologia no exemplo dado, pode-se observar uma redução de 61,11 litros no
consumo de diesel na mesma distância percorrida sem a aplicação das práticas do ecodriving.
Como consequência da redução do consumo de diesel ocorre também a redução da emissão dos GEE
para 6,59ton de CO2 para 2.596,02 litros consumidos. Com o estudo demonstrado, pode-se perceber
que há uma redução de 0,152 ton, ou seja, 152 quilogramas de gás carbônico a menos na atmosfera por
ano.
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Cenário provável: Utilizando uma média aritmética dos estudos de Onoda e da empresa Simões,
redução de 8,65% no consumo de diesel. Consumo de 2.427 litros e 6,16 toneladas de CO2.
Se utilizarmos os mesmos dados de distância percorrida pela empresa Delta em 2012 e aplicássemos a
média aritmética dos dois estudos, obteríamos os seguintes resultados: consumo total de 2.427 litros e
6,16 toneladas de CO2, obtendo redução de 229,84 litros no consumo de diesel na mesma distância
percorrida sem a aplicação das práticas do Ecodriving. Como consequência da redução do consumo de
diesel ocorre também a redução da emissão dos GEE. Como podemos observar na tabela abaixo:
Tabela 5 - Redução da emissão de GEE, média aritmética e de Onoda e Simões
Faixa de
Capacidade
%
movimenta
ção
Volume
entregue
(m3)
Distância
(km)
Consumo
(l)
8,65% do
consumo
Redução
do
consumo
em 8,65%
Truck 6,32% 215 455,73 126,55 10,95 123,64
Carreta até 32k 76,32% 2.595 5.500,57 2.023,84 175,06 1.977,29
Carreta > 32k 17,35% 590 1.250,61 506,75 43,83 495,09
Total 100% 3.400 7.206,91 2.657,13 229,84 2.427,29
Fonte: Adaptado do Relatório de Emissão empresa Delta (2012)
Com o estudo demonstrado, pode-se perceber que há uma redução de 0,582 ton, ou seja, 582
quilogramas de gás carbônico a menos na atmosfera por ano.
Cenário Otimista: Utilizando os resultados obtidos por Onoda (2009), redução de 15% no consumo de
diesel.
Se utilizarmos os mesmos dados de distância percorrida pela empresa Delta em 2012 e
aplicássemos o estudo de ONODA, obteríamos os seguintes resultados consumo total 2.258,56 litros e
5,73 toneladas de CO2. Com a aplicação da metodologia no exemplo dado, pode-se observar uma
redução de 398,57 litros no consumo de diesel na mesma distância percorrida sem a aplicação das
práticas do Ecodriving. Como consequência da redução do consumo de diesel ocorre também a
redução da emissão dos GEE.
Tabela 6 - Redução da emissão de GEE, utilizando o estudo de Onoda - Posto Matriz
Faixa de
Capacidade
%
movimentação
Volume
entregue (m3)
Distância
(km)
Consumo
(l)
15% do
consumo
Redução
do
consumo
em 8,65%
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Truck 6,32% 215 455,73 126,55 18,98 107,57
Carreta até 32k 76,32% 2.595 5.500,57 2.023,84 303,58 1.720,26
Carreta > 32k 17,35% 590 1.250,61 506,75 76,01 430,73
Total 100% 3.400 7.206,91 2.657,13 398,57 2.258,56
Fonte: Adaptado do Relatório de Emissão empresa Delta, 2012
Finalmente, com o estudo demonstrado, pode-se perceber que há uma estimativa de redução para
1,012 toneladas, ou seja, 1.012 quilogramas de gás carbônico a menos na atmosfera por ano.
12. Considerações finais
A realização do presente trabalho contemplou um estudo acerca da logística e distribuição atual dos
combustíveis no estado do Rio de Janeiro e seus impactos ao meio ambiente. Foram realizadas
consultas à literatura logística. Também foram consultados profissionais na área, por meio de
questionários semiabertos e entrevistas informais com especialistas de meio ambiente e área
operacional. Segundo estas entrevistas há elevados níveis de gás carbônico emitidos pelo modal
rodoviário, utilizado pela empresa Delta. O problema é agravado devido à ausência de um programa de
redução de emissão durante o processo de transporte.
O diagnóstico apresentado para esse tipo de problema, pode ser mitigado com a implementação da
metodologia ecodriving. Além disto, aspectos relacionados à escolha do tipo de frota que será
utilizado para agregar à metodologia ecodriving a fim de impactar na redução de custos operacionais
são recomendados como desdobramentos desta pesquisa.
Como futuros profissionais da administração, destacamos a relevância do presente estudo para o meio
acadêmico e sociedade, de modo que haja a possibilidade de utilizar meios mais eficazes ao meio
ambiente, no âmbito dos transportes por um crescimento contínuo e sustentável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANFAVEA , Anuário da Industria Automobilistica Brasileira, Ed. 2013.
Disponível em: http://www.anfavea.com.br/anuario.html Acesso em 07/05/2013
ANP. Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis, ANP 2012. Disponível
em: http:// www.anp.gov.br/?dw=14162. Acesso em: 18 mai. 2013.
ANP. Abastecimento em números. Boletim Gerencial. ANP. ANO 8. Nº 42. 2013 Disponível em:
http://www.anp.gov.br > Abastecimento > Legislação e Boletins > Boletim Abastecimento em
Números>Acesso em: 02 dez. 2013.
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ANP. Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural, ANP, Setembro 2013. Disponível em:
www.anp.gov.br/?dw=68673. Acesso em: 02 dez. 2013.
ANP. Estudo Temático: Evolução do mercado de combustíveis e derivados 2000-2012, ANP, 2013.
Disponível em: www.anp.gov.br/?dw=64307 . Acesso em: 02 dez. 2013.
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/ Logística Empresarial. 5ª edição. São
Paulo: Editora Bookman, 2004.
BORIBOONSOMSIN. K., VU. A., BARTH, M. Eco-Driving: Pilot Evaluation of Driving Behavior
Changes Among U.S. Drivers. Califórnia: University of California Transportation Center, 2010
CHRISTOPHER, M. – Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. São Paulo: Thomson
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