UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PALMEIRAS QUANTO Á TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO, SALINIDADE E TEMPERATURA Gisele Sales Batista Engenheira Agrônoma 2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PALMEIRAS QUANTO Á TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO, SALINIDADE E
TEMPERATURA
Gisele Sales Batista
Engenheira Agrônoma
2012
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP CÂMPUS DE JABOTICABAL
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PALMEIRAS QUANTO Á TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO, SALINIDADE E
TEMPERATURA
Gisele Sales Batista Orientadora: Profa. Dra. Kathia Fernandes Lopes Pivetta
Co-orientador: Prof. Dr. Hugh W. Pritchard
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Agronomia (Produção Vegetal)
2012
viii
Batista, Gisele Sales
B333g Germinação de sementes de palmeiras quanto à tolerância a dessecação, salinidade e temperatura / Gisele Sales Batista. – – Jaboticabal, 2012
ix, 56 f.; il.; 28 cm Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2012 Orientadora: Kathia Fernandes Lopes Pivetta Coorientador: Hugh W. Pritchard Banca examinadora: Maria Esmeralda Soares Payão Demattê,
Claudia Fabrino Machado Mattiuz, Marcelo Vieira Ferraz, Bruno Guilherme Torres Licursi Vieira
Bibliografia 1. Teor de água. 2. Estresse salino. 3. Temperaturas cardeais.
I. Título. II. Jaboticabal - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 635.924:631.531
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
x
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
GISELE SALES BATISTA - nasceu na cidade de Viçosa - MG em 19 de
março de 1982, filha de José Batista Teixeira e Rosilena das Graças Sales Batista.
Cursou o segundo grau no Colégio Ângulo na mesma cidade. Em março 2001,
ingressou no Curso de Agronomia na Universidade Federal de Viçosa, onde se
graduou em Agronomia em agosto de 2007. Durante o período de graduação,
estagiou no laboratório de Cultura de Tecidos e Plantas, no Laboratório de
Bacteriologia de Plantas e Controle Biológico, onde foi bolsista de Iniciação
Científica do CNPq, e no Laboratório de Melhoramento e Genética de Soja. De
janeiro de 2005 a julho de 2006, participou de um intercâmbio na empresa Gertens
Greenhouses em Minnesota - USA pelo programa CAEP (Communicating for
Agriculture Exchange Program). Em março de 2008, iniciou o Curso de Mestrado no
Programa de Pós-Graduação em Agronomia (Produção Vegetal) pela Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista - FCAV/UNESP,
Câmpus de Jaboticabal, sob orientação da Profa. Dra. Kathia Fernandes Lopes
Pivetta, sendo bolsista da CAPES, concluindo-o em julho de 2009. Em agosto de
2009, iniciou o Curso de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Agronomia
(Produção Vegetal) pela mesma Instituição e orientação da Profa. Dra. Kathia
Fernandes Lopes Pivetta, sendo bolsista do CNPq, concluindo-o em setembro de
2012. De setembro de 2011 a janeiro de 2012 participou do estágio Doutorado
Sanduíche no Exterior (PDSE) pela CAPES, no Royal Botanic Gardens, Kew,
Millennium Seed Bank, Wakehurst Place, Inglaterra.
xi
A estrada
“Você não sabe o quanto eu caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas antes de dormir
Eu não cochilei
Os mais belos montes escalei
Nas noites escuras de frio chorei..
A Vida ensina e o tempo traz o tom
Pra nascer uma canção
Com a fé no dia-a-dia
Encontro a solução
encontro a solução....”
Cidade Negra
xii
A minha família, em especial a minha amada mãe que sempre será a Rosa do
meu jardim.
Aos meus irmãos: Ralph e Maxwell.
Por todo Amor incondicional
DEDICO e OFEREÇO
xiii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por sempre guiar e iluminar meu caminho.
À Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, câmpus de
Jaboticabal (FCAV/UNESP) – Programa de Pós-Graduação em Agronomia
(Produção Vegetal), pela excelente formação.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelas
bolsas concedidas.
À minha querida Orientadora Profª. Drª. Kathia Fernandes Lopes Pivetta, pela
orientação, carinho, amizade, confiança e oportunidades para meu crescimento
profissional.
Ao meu coorientador Prof. Dr. Hugh W. Pritchard, ao Dr. Tim Marks e a toda
equipe do The Millennium Seed Bank, Royal Botanic Gardens, Kew, Wakehurst
Place, Ardingly, Inglaterra, pela supervisão, colaborações e apoio.
Aos meus pais José Batista Teixeira e Rosilena das Graças Sales Batista pela
educação e pelo amor incondicional.
Aos meus irmãos Ralph Sales Batista e Maxwell Rodrigo Sales Batista que
mesmo de longe torcem por mim e me amam com todo amor inteiro.
A todos os meus familiares, especialmente a família Sales que me apoiam em
todos os momentos da minha vida.
Aos amigos da pós-graduação: André Fadel, Adriana Castro, Bruno
Guilherme Torres Licursi Vieira, Clíssia Barboza, Gabriella Cintra, Giselle Feliciani
Barbosa, Gustavo de Nóbrega Romani, José Arantes Ferreira Junior, Lonjoré
Leocádio de Lima, Marcos Vieira Ferraz, Marilsa Aparecida Rodrigues, Miriam
Fumiko Fujinawa, Renata Bachin Mazzini, Renata Gimenes, Ronilda Lana Aguiar e
Saulo Strazeiro Cardoso, pelos maravilhosos momentos de convivência durante
estes anos.
Ao amigo Ricardo Soares Pimenta pela grande ajuda na coleta das sementes,
pelos conselhos e amizade.
Às amigas de república: Fabiana de Souza Pereira e Paula Regina de Oliveira
pela ótima convivência, amizade e paciência.
xiv
Aos membros da banca de Qualificação e de Defesa: Dr. Bruno Guilherme
Torres Licursi Vieira, Dra. Claudia Fabrino Machado Mattiuz, Dr. Eduardo Gasparino,
Dr. Marcelo Vieira Ferraz, Dra. Maria Esmeralda Soares Payão Demattê e Dr. Sérgio
Valiengo Valeri, pelas sugestões e correções para melhoria deste trabalho.
Aos funcionários do Departamento de Horticultura e Fitotecnia.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho.
vii
SUMÁRIO Página
RESUMO.....................................................................................................................
SUMMARY..................................................................................................................
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS..............................................................
1. Introdução...........................................................................................................
2. Revisão de Literatura.........................................................................................
2.1. Aspectos gerais das palmeiras...................................................................
2.2. Germinação de sementes de palmeiras.....................................................
2.2.1. Dessecação..........................................................................................
2.2.2. Salinidade.............................................................................................
2.2.3. Temperatura.........................................................................................
Referências.................................................................................................................
CAPÍTULO 2 - TOLERÂNCIA DE SEMENTES DE PALMEIRAS À DESSECAÇÃO E
À SALINIDADE DURANTE A GERMINAÇÃO ........................................................
Resumo...................................................................................................................
Introdução...............................................................................................................
Material e métodos.................................................................................................
Resultados e discussão.........................................................................................
Conclusão...............................................................................................................
Referências.............................................................................................................
CAPÍTULO 3 - EFEITO DA TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE
PALMEIRAS (Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis)..................................
Resumo...................................................................................................................
Introdução...............................................................................................................
Material e métodos.................................................................................................
Resultados e discussão..........................................................................................
Conclusão...............................................................................................................
Referências.............................................................................................................
viii
ix
1
1
2
2
5
5
6
9
11
18
18
19
20
22
30
31
39
39
40
41
44
53 54
viii
GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE PALMEIRAS QUANTO À TOLERÂNCIA A DESSECAÇÃO, SALINIDADE E TEMPERATURA
RESUMO - As palmeiras apresentam importância ornamental, ecológica e
sustentável. São multiplicadas comercialmente por sementes, porém, o processo de
germinação e o desenvolvimento das mudas ainda necessitam de estudos. O
primeiro objetivo deste trabalho foi verificar a tolerância de sementes de Carpentaria
acuminata (H. Wendl. & Drude) Becc., Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf,
Phoenix canariensis Hort. ex Chabaud e Ptychosperma elegans (R. Br.) Blume à
dessecação; e Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans à salinidade na
germinação. Diferentes teores de água, valores decrescentes de 5% a partir do teor
de água inicial e cinco concentrações de NaCl foram estudados na germinação
dessas espécies. Sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma canariensis
toleraram a secagem até mesmo a baixos teores de água, 5 e 8%, respectivamente,
comprovando serem tolerantes à dessecação, e Dypsis decaryi e Ptychosperma
elegans foram sensíveis à dessecação, mesmo em altos teores de água após a
secagem, 20 e 27%, respectivamente. O incremento nas concentrações salinas não
afetou significativamente a porcentagem e a velocidade de germinação das
sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans, demostrando
tolerância à salinidade. O segundo objetivo deste trabalho foi definir o regime de
temperatura em luz alternada que proporciona maior e mais rápida germinação de
sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis usando prato de
termogradiente de dois sentidos. Observou-se que as sementes de Carpentaria
acuminata e Phoenix canariensis germinaram em grande amplitude de temperatura.
O regime de temperatura que proporcionou maior porcentagem de germinação das
sementes de C. acuminata foi de 30,45/33 °C (dia/noite) e as temperaturas mínima,
ótima e máxima foram 9,13; 28,53 e 36,33 °C, respectivamente. Para a germinação
das sementes de Phoenix canariensis, foi de 29,77/17,93 °C (dia/noite), e as
temperaturas mínima, ótima e máxima foram 9,53; 28,03 e 35,43 °C,
respectivamente.
Palavras-chave: teor de água, estresse salino, temperaturas cardeais.
ix
GERMINATION OF PALM SEEDS IN RELATION TO TOLERANCE TO DESICCATION, SALINITY AND TEMPERATURE
SUMMARY - Palms have ornamental, ecological and sustainable importance.
Its propagation is done almost exclusively by seeds, however, the process of
germination and seedling development still need further studies. The first objective of
this study was to determine the tolerance of Carpentaria acuminata (H. Wendl. &
Drude) Becc., Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf, Phoenix canariensis Hort.
ex Chabaud and Ptychosperma elegans (R. Br) Blume seeds to desiccation, and
Carpentaria acuminata and Ptychosperma elegans to salinity during germination.
Different moisture contents, decreasing values of 5% from the initial moisture
contents and concentrations of NaCl were studied on germination of these species.
Carpentaria acuminata and Ptychosperma canariensis seeds tolerated drying even at
low moisture content, 5 and 8%, respectively, confirming be tolerant to desiccation,
and Dypsis decaryi and Ptychosperma elegans were sensitive to desiccation, even at
high moisture content after drying, 20 and 27%, respectively. The increase in salt
concentrations did not significantly affect the speed and germination percentage of
Carpentaria acuminata and Ptychosperma elegans seeds, showing tolerance to
salinity. The second objective of this study was to define better temperature regimes
at alternating light on germination of Carpentaria acuminata and Ptychosperma
canariensis seeds using two-way thermogradient plate. It was observed that the
Carpentaria acuminata and Phoenix canariensis seeds germinated in a wide
temperature range. The best temperature regime for germination of Carpentaria
acuminata seeds was 30.45/33 °C (day/night). The minimum, optimum and maximum
temperatures were 9.13, 28.53 and 36.33 °C, respectively. The best temperature
regime for the germination of Phoenix canariensis seeds was 29.77/17.93 °C
(day/night). The minimum, optimum and maximum temperatures were 9.53, 28.03
and 35.43 °C, respectively.
Keywords: moisture content, salt stress, cardinal temperatures.
1
CAPÍTULO 1 - Considerações gerais
1. INTRODUÇÃO
As palmeiras apresentam alto valor ornamental e são largamente utilizadas no
paisagismo; além disso, destacam-se ainda pela importância econômica, seja como
fonte alimentícia para o homem ou como fornecedoras de produtos para indústria.
São multiplicadas comercialmente por sementes; no entanto, este processo,
frequentemente, é dificultado, pois a germinação das sementes de maneira geral é
lenta e desuniforme.
A maioria das sementes de palmeiras é considerada recalcitrante, ou seja,
não toleram ser secas a baixo teor de água, e o conhecimento do teor de água
crítico e letal para cada espécie é muito importante para que não haja perda da
viabilidade das sementes.
As palmeiras, de modo geral, desenvolvem-se bem em condições salinas; no
entanto, há poucas informações disponíveis na literatura sobre os efeitos do
estresse salino na emergência e vigor de sementes destas plantas. Várias espécies
podem até mesmo ser favorecidas quando expostas a concentrações salinas de
NaCl (TESTER; DAVÉNPORT, 2003).
As sementes apresentam capacidade germinativa em limites bem definidos
de temperatura, variável de espécie para espécie, que caracterizam sua distribuição
geográfica (NASSIF et al., 2012).
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi verificar a tolerância de sementes
de Carpentaria acuminata, Dypsis decaryi, Phoenix canariensis e Ptychosperma
elegans à dessecação, e Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans à
salinidade na germinação, assim como definir o regime de temperatura em
alternância de luz que proporciona maior e mais rápida germinação de sementes de
Carpentaria acuminata e Ptychosperma canariensis usando prato de termogradiente
de dois sentidos.
2
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Aspectos gerais das palmeiras
As palmeiras são plantas da Família Arecaceae, sendo descritas mais de
3500 espécies reunidas em mais de 240 gêneros, espalhadas por todo o mundo,
principalmente nas regiões tropicais da Ásia, da Indonésia, das Ilhas do Pacífico e
das Américas (LORENZI et al., 2004).
Todas as palmeiras apresentam importância ornamental, ecológica (fornecem
alimento para a fauna) e sustentável (fornecem, no mínimo, material para
artesanato) e muitas fornecem ainda produtos de importância regional ou para a
indústria. No entanto, há dificuldades de encontrar mudas no mercado, por causa,
principalmente do desconhecimento sobre a germinação das sementes deste grupo
de plantas e ao lento desenvolvimento das mudas.
Várias espécies de palmeiras são descritas em Lorenzi et al. (2010), entre as
quais, as estudadas nesta pesquisa, citadas a seguir.
A) Carpentaria acuminata (H. Wendl. & Drude) Becc. - conhecida
popularmente como carpentária, é uma palmeira solitária, elegante, e pode atingir de
8 a 16 m de altura e é provida de palmito visível de cor verde-acinzentado.
Apresenta caule ereto e cilíndrico, anelado, acinzentado, de cerca de 10 cm de
diâmetro. As folhas são pinadas, fortemente arqueadas, longas, pêndulas na
extremidade, com pecíolo curto. As pinas são numerosas, verde-escuras na face de
cima e verde-azuladas na de baixo, compactamente distribuídas na raque,
recurvadas em forma de V, largas e afuniladas em direção ao ápice, truncadas com
vários recortes ou dentes. As inflorescências são grandes, densas, ramificadas,
dispostas abaixo do palmito, formadas ao mesmo tempo com várias outras. Os
frutos são ovóide-globosos, vermelhos, vistosos, com sementes elipsóides, que
podem causar irritação à pele durante o manuseio. É uma palmeira tropical rústica e
de muito rápido crescimento, bem adaptada às nossas condições climáticas,
tolerando inclusive o frio invernal dos subtrópicos. Também é adequada para cultivo
a pleno sol e aceita transplante de exemplares adultos. É originária do Norte da
Austrália, nas margens de rios e córregos em florestas inundáveis. Esta espécie é
3
ainda pouco cultivada no País, apesar de suas características ornamentais notáveis,
representadas principalmente pelo porte elegante e frutos vistosos. Até atingir o
porte adulto final, suas folhas são dispostas espaçadamente ao longo do tronco,
vindo a formar a copa pequena com o palmito apenas quando atingir a altura
máxima. Adequada para parques e jardins, isoladamente e em grupos. A frutificação
abundante ocorre durante os meses de verão.
B) Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf - conhecida popularmente como
palmeira-triângulo. É solitária, monóica e pode atingir de 3 a 6 m de altura.
Apresenta caule ereto, anelado, de cor cinza, de 30 a 40 cm de diâmetro. As folhas
são em número de 18 a 24 contemporâneas, dispostas em três direções distintas
(trísticas), arqueadas e torcidas em redor da raque, de 1,5 a 3 m de comprimento,
com bainha aberta de 30 a 45 cm. As pinas são estreitas em número de 55 a 95 de
cada lado da raque, as basais transformadas em longos filamentos pendentes, de
cor verde-azulada ou acinzentada, de 60 a 90 cm de comprimento. As
inflorescências são interfoliares, ramificadas até o nível de terceira ordem, com
pedúnculo de 50 a 60 cm de comprimento. Os frutos são globosos, com 1,5 a 2,2 cm
de diâmetro, de cor amarelo-esbranquiçada (cerosa) quando maduros. Essa espécie
é muito rústica e de crescimento lento; contudo, pouco tolerante a geadas invernais.
É tolerante a solos arenosos e salinos e à maresia. É originaria de Madagascar, em
florestas ou savanas secas sobre terrenos pedregosos, em altitudes compreendidas
entre 80 e 600 m. Essa palmeira é relativamente difundida no País, principalmente
nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo muito ornamental pela
característica singular de distribuição trística das folhas de cor acinzentada. É
adequada para jardins e parques, plantada isolada, agrupadas ou em fileiras.
Apresenta frutificação abundante no outono-inverno na região sudeste do País.
C) Phoenix canariensis Hort. ex Chabaud - conhecida popularmente como
tamareira-das-canárias. É solitária, robusta, desprovida de palmito visível e com
raízes fasciculadas expostas na base, podendo atingir de 12 a 15 m de altura. O
caule é ereto, espesso, de 35 a 50 cm de diâmetro quando adulta, visivelmente
marcada por cicatrizes e pela base das folhas já caídas que permanecem aderentes
por muitos anos. As folhas são numerosas, pinadas, de 3 a 5 m de comprimento
compactadas, verde-escuras, ascendentes, formando copa densa, com pecíolo curto
4
e robusto. As pinas são numerosas e pontiagudas, distribuídas de maneira compacta
sobre a raque e voltadas para cima, as da base da folha transformadas em
espinhos. As inflorescências são dispostas entre as folhas, ramificadas, unissexuais,
amarelo-alaranjadas, com flores masculinas e femininas em plantas diferentes. Os
frutos são ovóides, amarelo-alaranjados, produzidos mesmo na ausência de planta
masculina. É uma palmeira rústica, de pleno sol e de lento crescimento, capaz de
tolerar as geadas invernais dos climas sub-tropicais e temperado ameno. É originaria
das Ilhas Canárias, em áreas costeiras de vegetação aberta em terrenos pedregosos
e secos. Espécie de introdução antiga no País, mas não muito difundida, de
características ornamentais notáveis pelo volume e porte da planta. Cultivada em
parques, principalmente naqueles cinquentenários, isoladamente em grupos ou em
fileiras. Permite fácil transplante, mesmo de exemplares adultos. As plantas
possuem algumas variações resultantes de hibridações. Seus frutos são
comestíveis. A frutificação abundante ocorre nos meses de verão.
D) Ptychosperma elegans (R. Br.) Blume - é popularmente conhecida como
palmeira-solitária. É solitária, elegante, provida de pequeno palmito verde, podendo
atingir de 7 a 10 m de altura. O caule é colunar, nitidamente anelado, verde na
juventude e posteriormente acinzentado, de cerca de 10 cm de diâmetro. As folhas
são pinadas, levemente arqueadas, em número de 10 a 20 contemporâneas, de
cerva de 1,5 m de comprimento e posicionadas de maneira oblíqua, formando uma
copa em forma de funil. As pinas são largo-lanceoladas com ápice chanfrado e
denteado, dispostas uniformemente e num mesmo plano sobre a raque. As
inflorescências são inseridas abaixo do palmito e muito ramificadas. Os frutos são
pequenos, ovóide-globosos, de cor vermelha intensa quando maduros, contendo
sementes que apresentam três sulcos profundos. Essa palmeira é rústica, de pleno
sol e de rápido crescimento, capaz de tolerar geadas invernais em regiões
subtropicais. É também tolerante às condições salinas do solo e da umidade do ar
prevalecentes em regiões litorâneas. É originaria do Nordeste da Austrália, em
regiões costeiras de vegetação aberta. Essa espécie é razoavelmente difundida no
País e apresenta atributos ornamentais notáveis. É adequada para cultivo, na
juventude em vasos, para decoração de interiores. Na fase adulta, é ótima para o
paisagismo de parques e jardins em geral, plantada isoladamente, em grupos ou
5
fileiras. Apresenta frutificação abundante durante os meses de inverno e primavera.
2.2. Germinação de sementes de palmeiras
Germinação é uma sequência de eventos fisiológicos, influenciada por fatores
internos e externos, podendo estes atuar por si ou em interação; os internos são os
hormônios e substâncias inibidoras não hormonais, enquanto os externos que mais
influenciam são umidade, temperatura, luz e oxigênio (BORGES; RENA, 1993).
A propagação das palmeiras é feita, quase exclusivamente, por meio de
sementes; no entanto, a germinação, de modo geral, é considerada lenta,
desuniforme e, frequentemente, em baixa porcentagem, com grande variação no
processo germinativo, influenciado por diversos fatores, como o grau de
maturação, a presença ou não do pericarpo, o tempo entre a colheita e a
semeadura, a temperatura do ambiente, o substrato, entre outros (MEEROW,
1991; BROSCHAT, 1994, PIVETTA et al., 2007).
2.2.1. Dessecação
Muitas espécies de plantas produzem sementes que perdem a viabilidade
com a desidratação, sendo consideradas “sensíveis à dessecação”
(FARNSWORTH, 2000; TWEDDLE et al., 2003). A tolerância à dessecação é
variada entre as espécies (SUN, 1999; BERJAK; PAMMENTER, 2008) e é
determinada também pelo teor de água crítico, que conduz a uma perda de
viabilidade, e de igual importância é o tempo de persistência que uma semente pode
resistir à dessecação antes da morte; pouco se sabe ainda sobre a forma como
sementes inteiras perdem água e se os padrões de perda de água são consistentes
em todas as espécies (HILL et al., 2010).
Neste aspecto, as sementes podem ser classificadas como ortodoxas,
recalcitrantes e intermediárias, de acordo com o nível de tolerância à dessecação
(ROBERTS, 1973; KRAAK, 1993). As sementes ortodoxas podem ser seguramente
desidratadas a baixos níveis de umidade, geralmente, em média, a 5%. De maneira
geral, a longevidade das sementes ortodoxas aumenta com a redução do teor de
6
água. Sob baixas temperaturas e umidade relativa do ar, as sementes ortodoxas
podem ser armazenadas por muitos anos, sem que haja perdas significativas de
viabilidade (SEIFFERT et al., 2006).
As sementes recalcitrantes não toleram ser secas a baixo teor de água, nem
armazenadas em baixa temperatura, e a perda da viabilidade ocorre em algumas
semanas ou meses (ROBERTS, 1973). Uma terceira categoria de sementes, de
comportamento intermediário, pode sobreviver sob secagem moderada, geralmente
até um limite de 12% de umidade. Essas sementes podem ser armazenadas por um
tempo razoável (SEIFFERT et al., 2006).
Para sementes de palmeiras, cuja maioria é considerada recalcitrante, a
viabilidade é reduzida quando o teor de água atinge valores inferiores àqueles
considerados críticos; quando iguais ou inferiores àqueles considerados letais, há
perda total da viabilidade (PROBERT; LONGLEY, 1989; PRITCHARD, 1991; HONG;
ELLIS, 1992; MARTINS et al., 1999a); esses teores críticos e letais são variáveis
com a espécie, porém são considerados altos, da ordem de 27 a 38% (CHIN, 1988;
FERREIRA; SANTOS, 1992; EIRA et al., 1994; ANDRADE; PEREIRA, 1997) e de 12
a 22% (BOVI; CARDOSO, 1978; PRIESTLEY; WILIAMS, 1985; FERREIRA;
SANTOS, 1992; ANDRADE; PEREIRA, 1997), respectivamente. O conhecimento
dos teores de água crítico e letal de uma espécie é indispensável para o
planejamento e a execução da secagem e do armazenamento das sementes
(MARTINS et al., 1999a).
O teor de água de sementes de Euterpe espiritosantensis Fernandes foi
considerado crítico na faixa de 40,7 a 51,4% e letal de 13,4 a 15,8% (MARTINS et
al., 1999a). O teor de água crítico de sementes de Euterpe oleracea Mart. foi de 34,2
a 36,4% e letal, de 17,4 a 18,9% (MARTINS et al., 1999b); para o teor de água de
sementes de Bactris gasipaes H.B.K., foi considerado crítico o de 23 a 28% e letal o
de 13,9 a 15% (BOVI et al., 2004).
2.2.2. Salinidade
A germinação é uma fase crítica no ciclo de vida de plantas em ambientes
salinos e, muitas vezes, garante a alta produtividade das plantas. Nesta etapa, as
7
plantas são mais sensíveis ao estresse ambiental do que em outras fases.
Condições ambientais de estresses abióticos, como salinidade, seca e temperatura,
são atualmente os principais fatores que reduzem a produtividade das culturas em
todo o mundo. Esses fatores podem atuar como estresse que leva à lesão e, em
casos extremos, à morte da plântula (JALEEL et al., 2007).
O alto teor de sais no solo, especialmente de cloreto de sódio (NaCl), pode
inibir a germinação, primeiramente, em razão do efeito osmótico. Também, o
incremento na concentração salina produz um aumento na porcentagem de
plântulas anormais, em virtude da ação tóxica dos sais sobre as sementes (LIMA et
al., 2005).
A sensibilidade de espécies a ambientes com alta concentração de sais no
substrato, durante a fase de germinação, pode ser crítica para estabelecimento das
plantas (DITOMMASO, 2004).
O sucesso no processo germinativo depende do movimento de água através
dos tecidos que envolvem a semente, e a presença de sais interfere no potencial
hídrico do solo, reduzindo o gradiente deste potencial entre o solo e a superfície de
contato da semente, restringindo sua captação de água (LOPES; MACEDO, 2008).
A salinidade, tanto dos solos como das águas, é uma das principais causas
da queda de rendimento das culturas (FLOWERS, 2004), em decorrência dos efeitos
de natureza osmótica, tóxica ou nutricional (VIANA et al., 2004). Entretanto, os
efeitos dependem, ainda, de outros fatores, como espécie, cultivar, estádio
fenológico, tipos de sais, intensidade e duração do estresse salino, manejo cultural e
da irrigação e condições edafoclimáticas (TESTER; DAVÉNPORT, 2003).
As palmeiras, de modo geral, desenvolvem-se bem em condições salinas; no
entanto, há poucas informações disponíveis na literatura sobre os efeitos do
estresse salino na emergência e vigor de sementes destas plantas.
Para muitas espécies de palmeiras, tem sido demonstrada a possibilidade de
cultivo em solos salinos, irrigados ou não com água salina, como Cocos nucifera L.
(FERREIRA NETO et al., 2002; MARINHO et al., 2005); Bactris gasipaes
(FERNANDES et al., 2003) e Copernicia prunifera (Miller) H.E. Moore (HOLANDA,
2011), sendo a tolerância às concentrações mais elevadas de salinidade variável
com a espécie.
8
No entanto, pouco se conhece sobre as concentrações adequadas de Cl e
Na, na solução, que possam interferir na germinação das sementes e/ou estimular o
crescimento e promover maior equilíbrio nutricional ou limitar o crescimento das
diferentes espécies de palmeiras.
Estudos com as palmeiras Bactris gasipaes (FERNANDES et al., 2003),
Copernicia nucifera (MARINHO et al., 2005) e Corpenicia prunifera (HOLANDA,
2011) mostraram que o sistema radicular foi a parte da planta mais afetada pela
salinidade, diferentemente do que acorre na maioria das espécies, em que a parte
aérea é a mais sensível ao estresse salino do que a raiz. Os autores comentaram
que estes resultados podem estar relacionados a mecanismos fisiológicos e
características morfológicas, típicas de plantas xerófitas.
Várias espécies podem até mesmo ser favorecidas quando expostas a
concentrações salinas de NaCl (TESTER; DAVÉNPORT, 2003). Determinadas
plantas são beneficiadas pela salinidade durante a germinação, o que lhes confere
maior capacidade de adaptação à salinidade durante o restante do ciclo (VIANA et
al., 2004).
As espécies da família Arecaceae têm apresentado características favoráveis,
tendo em vista que seu crescimento tem sido estimulado e sua produção aumentada
pela presença do sódio, e que quantidades elevadas do cloreto têm sido requeridas
por estas espécies para expressar todo o seu potencial produtivo (FERNANDES et
al.,2003).
Segundo Taiz e Zeiger (2009), as plantas de ambientes salinos podem ser
divididas em dois grandes grupos de tolerância: halófitas - as que vivem em solos
com alta concentração de sais, e glicófitas - as que apresentam menor resistência à
salinidade. As halófitas apresentam tolerância ao sal em decorrência de sua
capacidade de compartimentalização dos íons no vacúolo da célula. Esta resistência
à salinidade deve-se à habilidade de evitar que elevadas quantidades de sal,
provenientes do substrato, alcancem o protoplasma e, por meio de regulação salina,
de tolerar os efeitos tóxicos e osmóticos associados ao aumento na concentração de
sais (LARCHER, 2000). As glicófitas, quando submetidas a altas concentrações de
sais, indicam sinais de inibição do crescimento, descoloração foliar e perda de
9
massa de matéria seca, sendo a inibição do crescimento o sintoma mais
característico (MUNNS, 2002).
2.2.3. Temperatura
A germinação depende de fatores internos e externos à semente, dentre os
quais a água, a temperatura, o oxigênio e a luz são os mais importantes (SANTOS et
al., 2004).
O efeito da temperatura na germinação afeta a velocidade de absorção de
água pelas sementes e pode alterar, entre outros aspectos, a porcentagem total, a
velocidade e a uniformidade de germinação (BEWLEY; BLACK, 1996; CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000; CASTRO; HILHORST, 2004).
Há uma faixa térmica característica para cada espécie e com temperatura
cardeal mínima e máxima, acima ou abaixo das quais pode não ocorrer a
germinação das sementes (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000); além disso, dentro
dessa faixa, a temperatura também atua sobre o tempo necessário para atingir o
máximo de germinação (BEWLEY; BLACK, 1985).
Copeland e Mcdonald (1999) afirmaram que a germinação de sementes
envolve uma sequência de eventos fisiológicos controlada por vários fatores. Cada
espécie exige condições específicas para que a germinação ocorra, principalmente
quanto à temperatura e presença de luz.
As sementes de determinadas espécies apresentam melhor comportamento
germinativo quando submetidas à alternância de temperatura. Essa alternância de
temperatura corresponde às flutuações naturais encontradas no ambiente, com
temperaturas noturnas mais baixas e diurnas mais altas. No entanto, existem
espécies em que a germinação de suas sementes é favorecida quando estas são
submetidas a temperatura constante (COPELAND; McDONALD, 1995; SALOMÃO et
al., 1995; LIMA et al., 1997).
As sementes apresentam capacidade germinativa em limites bem definidos
de temperatura, variável de espécie para espécie, que caracterizam sua distribuição
geográfica (NASSIF et al., 2012).
10
Para as espécies da Família Arecaceae, há variações de temperatura desde
24 até 35 ºC (MEEROW, 1991; BROSCHAT, 1994; LORENZI et al., 2004).
Embora a maioria das palmeiras seja de origem tropical, cujas sementes
germinam de forma natural em temperaturas elevadas, as maiores porcentagens de
germinação são encontradas em diferentes temperaturas para as mais diferentes
espécies, como 25 ºC para Rhapis excelsa Henry ex Rehder (AGUIAR et al., 2005);
25 ºC ou 30 ºC para Phoenix roebelenii O’ Brien (IOSSI et al., 2003); 25-35 ºC para
Livistona rotundifolia Mart. (VIANA, 2003) e Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J.
Dransf. (LUZ et al., 2008). A temperatura de 30 °C foi determinada para muitas
espécies, como para oito palmeiras tropicais do gênero Phoenix e Syagrus
(PRITCHARD et al., 2004), quatro espécies do gênero Ravenea (Arecaceae)
(RAKOTONDRANONY et al., 2004) e Dypsis leptocheilos (Hodel) Beentje & J.
Dransf. (PIMENTA, 2009).
11
REFERÊNCIAS
AGUIAR, F. F. A.; BILIA, D. A. C.; KANASHIRO, S.; TAVARES, A. R.; BARBEDO, C.
J. Germinação de sementes de Rhapis excelsa (Thunb.) Henry ex Rehder: efeitos da
temperatura, luz e substrato. Hoehnea, São Paulo, v.32, n.1, p. 119-126, 2005.
ANDRADE, A. C. S.; PEREIRA, T. S. Comportamento de armazenamento de
sementes de palmiteiro (Euterpe edulis Mart.). Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.32, n.9-10, p. 987-991, 1997.
BERJAK, P.; PAMMENTER. N. W. From Avicennia to Zizania: seed recalcitrance in
perspective. Annals of Botany, Oxfort, v.101, n.2, p. 213-228, 2008.
BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Physiology and biochemistry of seeds. Berlim:
Springer - Verlag, 1985, 540 p.
BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination.
New York: Plenum Press, 1996, 445 p.
BORGES, E. E. L.; RENA, A. B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I. B.; PIÑA-
RODRIGUES, F. C. M.; FIGLIOLIA, M. B. Sementes florestais tropicais. Brasília:
ABRATES, 1993, p. 83-135.
BOVI, M. L. A.; CARDOSO, M. Conservação de sementes de palmiteiro (Euterpe
edulis Mart.). Bragantia, Campinas, v.37, n.1, p. 65-71, 1978.
BOVI, M. L. A.; MARTINS, C. C.; SPIERING, S. H. Desidratação de sementes de
quatro lotes de pupunheira: efeitos sobre a germinação e o vigor. Horticultura Brasileira, Brasília,DF, v. 22, n.1, p. 109-112, 2004.
12
BROSCHAT, T. K. Palm seed propagation. Acta Horticulturae, Wageningen, n.360,
p. 141-147, 1994.
CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.
ed. Jaboticabal: Funep, 2000. 588 p.
CASTRO, R. D.; HILHORST, H. W. M. Embebição e reativação do metabolismo. In:
FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. (Ed.). Germinação: do básico ao aplicado. Porto
Alegre: Artmed, 2004. p.149-162.
CHIN, H. F. Recalcitrant seeds: a status report. Rome: IBPGR, 1988. p. 3-18.
COPELAND, L. O.; McDONALD, M. B. Principles of seed science and technology. London: Kluwer Academic Publishers, 1999. 409 p.
DITOMMASO, A. Germination behavior of common ragweed (Ambrosia
artemisiifolia) populations across a range of salinities. Weed Science, Lawrence, v.
52, n. 6, p. 1002-1009, 2004.
EIRA, M. T. S.; SALOMÃO, A. N.; CUNHA, R.; CARRARA, D. K.; MELLO, C. M. C.
Efeito do teor de água sobre a germinação de sementes de Araucaria angustifolia
(Bert.) O. Kuntze - Araucariaceae. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 6,
n.1, p. 71-75, 1994.
FARNSWORTH, E. The ecological and physiology of viviparous and recalcitrant
seeds. Annual Review of Ecology and Systematics, Palo Alto, v. 31, n.1, p. 107-
138, 2000.
FERNANDES, A. R.; CARVALHO, J. G.; CURI, N.; GUIMARÃES, P. T. G; PINTO, J.
E. B. P. Crescimento de mudas de pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K) sob
diferentes níveis de salinidade. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 27, n. 2, p.
278-284, 2003.
13
FERREIRA NETO, M.; GHEYI, H. R.; HOLANDA, J. S. de; MEDEIROS, J. F. de;
FERNANDES, P. D. Qualidade do fruto verde de coqueiro em função da irrigação
com água salina. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 6, n.1, p. 69-75, 2002.
FERREIRA, S. A. N.; SANTOS, L. A. Viabilidade de sementes de pupunha (Bactris
gasipaes Kunth). Acta Amazônica, Manaus, v. 22, n. 3, p. 303-307, 1992.
FLOWERS, T. J. Improving crop salt tolerance. Journal of Experimental Botany,
Oxford, v. 55, n. 396, p. 307-319, 2004.
HILL, J. P.; EDWARDS, W.; FRANKS, P. J. How long does it take for different seeds
to dry. Functional Plant Biology, Collingwood, v. 37, n. 6, p. 575-583, 2010.
HOLANDA, S. J. R.; ARAUJO, F. S.; GALLÃO, M. I.; MEDEIROS FILHO, S. Impacto
da salinidade no desenvolvimento e crescimento de mudas de carnaúba (Copernicia
prunifera (Miller) H. E. Moore). Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 15, n. 1, p. 47-52, 2011.
HONG, T. D.; ELLIS, R. H. Optimum air-dry seed storage environments for Arabic
coffee. Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 20, n.3, p. 547-560,1992.
IOSSI, E.; SADER, R.; PIVETTA, K. F. L.; BARBOSA, J. C. Efeitos de substratos e
temperaturas na germinação de tamareira-anã (Phoenix roebelenii O’Brien). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 25, n. 2, p. 63-69, 2003.
JALEEL, C. A.; GOPI, R.; MANIVANNAN, P.; PANNEERSELVAM, R. Antioxidative
potentials as a protective mechanism in Catharanthus roseus (L.) G. Don. plants
under salinity stress. Turkish Journal of Botany, Kavaklidere, v. 31, n. 1, p. 245-
251, 2007.
14
KRAAK, H. L. Physiological aspects of storage of recalcitrant seed. In: SOMÉ, L. M.;
KAM, M. de (Ed.). Tree seeds problems, with special reference to Africa. Leiden:
[s.n.], 1993. p. 239-253.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RiMa, 2000. 531 p.
LIMA, C. M. R.; BORGHETTI, F.; SOUSA, M. V. Temperature and germination of the
Leguminosae Enterolobium contortisiliquum. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Lavras, v. 9, n. 2, p. 97-102, 1997.
LIMA, M. G. S.; LOPES, N. F.; MORAES, D. M.; ABREU, C. M. Qualidade fisiológica
de sementes de arroz submetidas a estresse salino. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 27, n. 1, p. 54-61, 2005.
LOPES, J. C.; MACEDO, C. M. P. Germinação de sementes de couve chinesa sob
influência do teor de água, substrato e estresse salino. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 30, n. 3, p. 079-085, 2008.
LORENZI, H.; NOBLICK, L.; KAHN, F.; FERREIRA, E. J. L. Flora Brasileira: Arecaceae (Palmeiras). Nova Odessa: Plantarum, 2010. 384 p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M.; COSTA, J. T. M.; CERQUEIRA, L. S. C.; FERREIRA,
E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Plantarum, 2004.
416 p.
LUZ, P. B.; PIMENTA, R. S.; PIZETTA, P. U. C.; CASTRO, A.; PIVETTA, K. F. L.
Germinação de sementes de Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf.
(Arecaceae). Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 5, p. 1461-1466, 2008.
MARINHO, F. J. L.; GHEYI, H. R.; FERNANDES, P. D. Germinação e formação de
mudas de coqueiro irrigadas com águas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 9, n. 3, p. 334-340, 2005.
15
MARTINS, C. C.; NAKAGAWA, J.; BOVI, M. L. A. Tolerância à dessecação de
sementes de palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis Fernandes). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 391-396, 1999a.
MARTINS, C. C.; NAKAGAWA, J.; BOVI, M. L. A.; STANGUERLIM, H. Teores de
água crítico e letal para sementes de açaí (Euterpe oleracea Mart. - Palmae).
Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 21, n. 1, p. 125-132, 1999b.
MEEROW, A. W. Palm seed germination. Florida: Cooperative Extension Service,
1991. 10 p. (Bulletin, 274).
MENDONÇA, M. S.; ARAÚJO, M. G. P. A semente de bacaba (Oenocarpus bacaba
Mart ARECACEAE): aspectos morfológicos. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 21, n. 1, p. 122-124, 1999.
MUNNS, R. Comparative physiology of salt and water stress. Plant, Cell and Environment, Oxford, v. 25, n. 2, p. 239-250, 2002.
NASSIF, S. M. L.; VIEIRA, I. G.; FERNADES, G. D. Fatores externos (ambientais) que influenciam na germinação de sementes. Piracicaba: IPEF/LCF/ESALQ/USP,
1998. Disponível em: < http://www.ipef.br/tecsementes/germinacao.asp>. Acesso
em: 26 ago. 2012.
PIMENTA, R. S. Germinação e aspectos morfológicos de sementes de Dypsis leptocheilos (Hodel) Beentje & J. Dransf. (ARECACEAE). 2009. 56 f. Tese
(Doutorado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquito Filho”, Jaboticabal, 2009.
PIVETTA, K. F. L.; BARBOSA, J. G., ARAÚJO, E. F.; DEMATTÊ, M. E. S. P.
Propagação de palmeiras e strelitzias. In: BARBOSA, J. G.; LOPES, L. C.
Propagação de plantas ornamentais. Viçosa: UFV, 2007. p. 43-70.
16
PRIESTLEY, D. A.; WILIAMS, S. E. Changes in cotyledonary lipids during drying of
cocoa (Theobroma cacao L.) seeds. Tropical Agriculture, Trindad e Tobago, v. 63,
p. 65-67, 1985.
PRITCHARD, H. W. Water potential and embryonic axix viability in recalcitrant seeds
of Quercus rubra. Annals of Botany, Oxford, v. 67, n. 1, p. 43-49, 1991.
PRITCHARD, H. W.; DAWS, M. I.; FLETCHER, B. J.; GAMENE, C. S.; MSANGA, H.
P.; OMONDI, W. Ecological correlates of seed desiccation tolerance in tropical
African dryland trees. American Journal of Botany, St. Lowis, v. 91, n. 6, p. 863-
870, 2004.
PRITCHARD, H. W.; WOOD, J. A.; MANGER, K. R. Influence of temperature on
seed germination and the nutritional requirements for embryo growth in Arum
maculatum L. New Phytologist, Oxford, v. 123, n. 4, p. 801-809, 1993.
PROBERT, R. J.; LONGLEY, P. L. Recalcitrant seed storage physiology in three
aquatic grasses (Zizania palustris, Spartina anglica and Portesia coarctata). Annals of Botany, Oxford, v. 63, n. 1, p. 53-63,1989.
RAKOTONDRANONY, G. L.; SACANDE, M.; WOOD, C. B.; PRITCHARD, H. W.
Seed storage responses in four species of the threatened genus Ravenea
(Arecaceae). Seed Science and Technology, v. 34, n. 2, p. 513-517, 2004.
ROBERTS, E. H. Predicting the storage life of seeds. Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 1, n. 3, p. 499-514, 1973.
SALOMÃO, A. N.; EIRA, M. T. S.; CUNHA, R. The effect of temperature on seed
germination of four Dalbergia nigra Fr. Allem - Legumenosae. Revista Árvore,
Viçosa, MG, v. 9, n. 4, p. 588-594, 1995.
17
SANTOS, C. M. R.; FERREIRA, A. G.; ÁQUILA, M. E. A. Características de frutos e
germinação de sementes de seis espécies de Myrtaceae nativas do Rio Grande do
Sul. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 14, n. 2, p. 13-20, 2004.
SEIFFERT, M.; ALVARENGA, A. A.; GUIMARÂES, R. M.; CASTRO, E. M.;
CARDOSO, M. G.; PAIVA, R.; DOUSSEAU, S.; VIEIRA, C. V. Efeito da secagem e
de diferentes temperaturas na germinação de sementes de Protium widgrenii Engler.
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 1, p. 35-42, 2006.
SUN, W. Q. Desiccation sensitivity of sixty-four tropical, subtropical and temperate
recalcitrant seeds. Asian Journal of Tropical Biology, Singapore, v. 3, p. 9-13,
1999.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 719 p.
TESTER, M.; DAVENPORT, R. Na+ tolerance and Na+ transport in higher plants.
Annals of Botany, Oxford, v. 91, n. 3, p. 503-527, 2003.
TWEDDLE, J. C.; DICKIE, J. B.; BASKIN, C. C.; BASKIN, J. M. Ecological aspects of
seed desiccation sensitivity. Journal of Ecology, Oxford, v. 91, n. 2, p. 294-304,
2003.
VIANA, F. A. P. Estudos sobre germinação e morfo-anatomia do diásporo e da plântula de Livistona rotundifolia (Lam.) Mart. (Arecaceae). 2003. 76f.
Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, “Júlio de Mesquita filho”, Jaboticabal,
2003.
VIANA, S. B. A.; FERNANDES, P. D.; GHEYI, H. R.; SOARES, F. A.; CARNEIRO, P.
T. Índices morfofisiológicos e de produção de alface sob estresse salino. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 8, n. 1, p. 23-
30, 2004.
18
CAPÍTULO 2 - Tolerância de sementes de palmeiras à dessecação e à salinidade durante a germinação
RESUMO - As sementes sensíveis à dessecação perdem água muito
rapidamente; isto é um fator determinante em sua capacidade de tolerar períodos de
seca sazonal. O excesso de sais solúveis na germinação das sementes provoca
redução do potencial hídrico do substrato, induzindo menor capacidade de absorção
de água pela semente. Portanto, o objetivo deste trabalho foi verificar a tolerância de
sementes de palmeiras à dessecação e à salinidade na germinação. Diferentes
teores de água, valores decrescentes de 5% a partir do teor de água inicial, foram
estudados em sementes de Carpentaria acuminata (H. Wendl. & Drude) Becc.,
Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf, Phoenix canariensis Hort. ex Chabaud e
Ptychosperma elegans (R. Br.) Blume, e cinco concentrações de NaCl (0; 25; 50; 75
e 100 mM) na germinação de sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma
elegans. Para todos os experimentos, o delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, com quatro repetições de 25 sementes cada. A porcentagem de
germinação e o Índice de Velocidade de Germinação foram avaliados. Sementes de
Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis toleraram a secagem até mesmo a
baixos teores de água, 8 e 5%, respectivamente, comprovando serem tolerantes à
dessecação, e Dypsis decaryi e Ptychosperma elegans foram sensíveis à
dessecação, mesmo em altos teores de água após a secagem, 20 e 27%,
respectivamente. O incremento nas concentrações salinas não afetou
significativamente a porcentagem e a velocidade de germinação das sementes de
Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans, demostrando tolerância à
salinidade.
Palavras chave: teor de água, recalcitrante, Arecaceae, estresse salino,
condutividade elétrica.
19
INTRODUÇÃO
Muitas espécies de plantas produzem sementes que perdem a viabilidade
com a desidratação, sendo consideradas “sensíveis à dessecação”
(FARNSWORTH, 2000; TWEDDLE et al., 2003). A tolerância à dessecação é
variada entre as espécies (SUN, 1999; BERJAK; PAMMENTER, 2008) e é
determinada também pelo teor de água crítico, que conduz a uma perda de
viabilidade, e de igual importância é o tempo de persistência que uma semente pode
resistir à dessecação antes da morte; pouco se sabe ainda sobre a forma como
sementes inteiras perdem água e se os padrões de perda de água são consistentes
em todas as espécies (HILL et al., 2010).
Para sementes de palmeiras, cuja maioria é considerada recalcitrante, a
viabilidade é reduzida quando o teor de água atinge valores inferiores àqueles
considerados críticos; quando iguais ou inferiores àqueles considerados letais, há
perda total da viabilidade (PROBERT; LONGLEY, 1989; PRITCHARD, 1991; HONG;
ELLIS, 1992; MARTINS et al., 1999a).
O conhecimento dos teores de água crítico e letal de uma espécie é
indispensável para o planejamento e a execução da secagem e do armazenamento
das sementes (MARTINS et al., 1999a).
A salinidade, tanto de solos como de águas, é uma das principais causas de
queda do rendimento das plantas devida aos efeitos de natureza osmótica, tóxica
e/ou nutricional, afetando processos metabólicos vitais, como fotofosforilação, cadeia
respiratória, assimilação do nitrogênio e metabolismo das proteínas (MUNNS, 2002;
TESTER; DAVENPORT, 2003); entretanto, os efeitos dependem de muitos outros
fatores, como espécie, cultivar, estádio fenológico, características dos sais,
intensidade e duração do estresse salino, manejo cultural e da irrigação, e condições
edafoclimáticas (TESTER; DAVENPORT, 2003).
Várias espécies podem até mesmo ser favorecidas quando expostas a
concentrações de NaCl (TESTER; DAVENPORT, 2003). Determinadas plantas são
beneficiadas pela salinidade durante a germinação, o que lhes confere maior
capacidade de adaptação à salinidade durante o restante do ciclo (VIANA et al.,
2004).
20
Diversas pesquisas comprovaram a importância da manutenção do teor de
água nas sementes de espécies recalcitrantes, sendo que cada espécie apresenta
um comportamento diferente quanto à tolerância à dessecação, além de mostrar
correlação positiva entre o teor de água e a germinação de sementes de palmeiras.
Pouco se conhece a respeito das concentrações de NaCl na germinação de
sementes de palmeiras, que possam ser prejudiciais ou estimular o crescimento e
promover maior equilíbrio nutricional das plantas de diferentes espécies.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento das
sementes das espécies de palmeiras Carpentaria acuminata (H. Wendl. & Drude)
Becc., Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf, Phoenix canariensis Hort. ex
Chabaud e Ptychosperma elegans (R. Br.) Blume quanto a tolerância à dessecação;
e sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans quanto à salinidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Frutos de Carpentaria acuminata, Phoenix canariensis e Ptychosperma
elegans foram coletados de diferentes matrizes, em Limeira (SP), latitude 22°33’54’’,
longitude 47°24’09’’e altitude de 588 m, e frutos de Dypsis decaryi foram coletados
de diferentes matrizes no Câmpus da UNESP-Jaboticabal (SP), latitude 21°15’2’’,
longitude 48°16’47’’ e altitude de 600 m, em março de 2011. O trabalho foi
conduzido, logo após a coleta, no Laboratório de Sementes de Plantas Hortícolas do
Departamento de Produção Vegetal - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
(UNESP/FCAV), Câmpus de Jaboticabal (SP).
Como a presença do pericarpo é um dos maiores fatores limitantes na
germinação de sementes de palmeiras (ANDRADE, 2001; EHARA et al., 2001;
GONZÁLEZ-BENITO et al., 2006; CHIEN; CHIEN, 2008; JIMÉNEZ et al., 2008), para
facilitar a remoção da polpa, os frutos foram colocados em água, por 24 horas, e
despolpados manualmente antes de iniciar os testes de germinação das sementes.
Depois de despolpadas, o teor de água inicial das ‘sementes’ (botanicamente um
pirênio) foi determinado gravimetricamente em estufa com circulação de ar forçado a
103 °C, por 17 horas (ISTA, 2009), utilizando duas amostras de 10 sementes para
21
Dypsis decaryi e Phoenix canariensis, e duas amostras de 20 sementes para
Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans.
Caracterização do lote das sementes
Numa amostra de 100 sementes (MENDONÇA; ARAÚJO, 1999; GENTIL;
FERREIRA, 2005; MENDONÇA et al., 2008), foram anotados os dados biométricos
(largura e diâmetro) com o uso de paquímetro digital graduado em milímetros, da
marca Mitutoyo, modelo 500-321 CD-G. Foram determinados, também, o número de
sementes por quilograma e a massa de 1.000 sementes (BRASIL, 2009).
Dessecação
Foram estudados diferentes teores de água em quatro espécies de sementes
de palmeiras: Carpentaria acuminata: oito diferentes teores de água nas sementes
(43; 38,46; 33,42; 28; 23; 18; 13 e 8%); Dypsis decaryi: dez diferentes teores de
água nas sementes (56,25; 50,93; 45; 40; 35; 30; 25; 20; 15 e 10%); Phoenix
canariensis: nove diferentes teores de água nas sementes (45; 40,97; 35,23; 30; 25;
20; 15; 10 e 5%), e Ptychosperma elegans: oito diferentes teores de água nas
sementes (42,86; 37,40; 32; 27; 22; 17; 12 e 7%).
As sementes de cada espécie foram colocadas em dessecadores com sílica-
gel e, periodicamente, foi determinado o teor de água das sementes, pelo método da
estufa a 103 °C, por 17 horas (ISTA, 2009), até alcançar valores decrescentes de
5% a partir do teor de água inicial (determinado logo após a colheita). A sílica-gel foi
trocada sempre que se observou mudança da cor azul para a cor rosa, indicativo de
umidade na sílica.
Salinidade
Cinco soluções com diferentes concentrações de NaCl - 0; 25; 50; 75 e 100
mM, com condutividade elétrica de 0,65; 2,15; 4,31; 6,32 e 8,0 dS m-1,
respectivamente, foram usadas para umedecer o substrato vermiculita no teste de
germinação das sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans e a
condutividade elétrica, nas cinco concentrações salinas, foi medida com um
condutivímetro.
22
O teor de água nas sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma
elegans foi de 38,46±2,7 e 37,4±3,1%, respectivamente, determinado pelo método
da estufa a 103 °C, por 17 horas (ISTA, 2009).
Para todos os experimentos, o delineamento experimental foi inteiramente
casualizado, com quatro repetições de 25 sementes cada uma. As sementes foram
semeadas em caixas de plástico (11 x 11 x 3,5 cm) tipo “gerbox”, preenchidas com
vermiculita fina e colocadas em germinadores tipo B.O.D, à temperatura alternada
de 20-30°C, com fotoperíodo de 16 horas de luz e 8 horas de escuro.
A contagem de germinação foi realizada a cada dois dias, até a estabilização
do processo, para a determinação da porcentagem de germinação, calculada pela
fórmula segundo BRASIL (2009), e os dados foram transformados em arcseno
(x/100)1/2, e do Índice de Velocidade de Germinação (IVG), calculado, utilizando-se
da fórmula proposta por MAGUIRE (1962), com dados não transformados.
O critério de germinação utilizado para todas as espécies foi o aparecimento
do botão germinativo.
Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o software
SAS (SCHABENBERGER & PIERCE, 2001; DELWICHE & SLAUGHTER, 2003), e
foi realizada a análise de regressão polinomial a fim de verificar o comportamento
das características avaliadas em função do teor de água e da concentração salina
na germinação das sementes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dessecação
Observaram-se, para todas as espécies estudadas, altos teores de água nas
sementes logo após a colheita, os quais afetaram negativamente a porcentagem de
germinação e o Índice de Velocidade de Germinação (Figuras 1-3), na qual não
houve ajuste significativo somente para as sementes de Carpentaria acuminata
(Tabela 1); provavelmente, no momento da colheita, os frutos não estavam ainda em
plena maturidade fisiológica.
23
Tabela 1 - Análise de variância dos dados de porcentagem de germinação (%G) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG) das sementes de Carpentaria acuminata, Dypsis decaryi, Phoenix canariensis e Ptychosperma elegans em diferentes teores de água.
Fonte de variação Quadrado médio
Espécies %G IVG Linear 44,41ns 0,0006ns
Carpentaria acuminata Quadrática 321,88ns 0,039ns
Cúbica 250,91 ns 0,030ns
Linear 649,28ns 0,880ns
Dypsis decaryi Quadrática 1130,95** 1,60**
Cúbica 992,39** 1,29**
Linear 47,06ns 3,76**
Phoenix canariensis Quadrática 429,89** 1,94ns
Cúbica 302,28ns 1,48ns
Linear 10223,0** 2,84**
Ptychosperma elegans Quadrática 7433,69** 1,77**
Cúbica 5693,44** 1,53** **Significativo pelo teste F, a 1 % de probabilidade. NS - não significativo. Os dados de porcentagem de germinação foram transformados em arcseno (x/100)1/2 para análise estatística.
A porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de Germinação nas
sementes de Carpentaria acuminata não foram afetados, significativamente, pelos
diferentes teores de água, mantendo-se em alta porcentagem, independentemente
do grau de secagem das sementes, ou seja, acima de 70% de germinação. Sendo
assim, não foram observados teores de água crítico e letal para as sementes desta
espécie. Mas, de maneira geral, as sementes de Carpentaria acuminata germinaram
mais lentamente do que as das demais espécies estudadas.
À medida que diminuiu o teor de água nas sementes de Dypsis decaryi, de
56,25 para 25%, a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de
Germinação aumentaram, sendo a maior porcentagem e a germinação mais rápida
observadas no teor de água de 25%; abaixo deste teor de água, as variáveis
decresceram gradativamente. Dentre os teores de água estudados para esta
espécie, o teor de água crítico foi de 10 a 15%, não sendo observado teor de água
letal nas sementes (Figura 1).
24
Para as sementes de Phoenix canariensis, a porcentagem de germinação
aumentou à medida que diminuíram os teores de água de 45 até 35,23%; abaixo
deste teor, a porcentagem de germinação decresceu gradativamente. No entanto,
a porcentagem de germinação manteve-se alta, acima de 76%; portanto, não foram
observados teores de água crítico e letal para esta espécie. Mas, à medida que
diminuiu o teor de água nas sementes, estas germinaram mais lentamente (Figura
2).
Figura 1. Porcentagem de germinação (%) e Índice de Velocidade de Germinação
(IVG) para os diferentes teores de água nas sementes de Dypsis decaryi.
Figura 2. Porcentagem de germinação (%) e Índice de Velocidade de Germinação
(IVG) para os diferentes teores de água nas sementes de Phoenix canariensis.
25
À medida que diminuiu o teor de água nas sementes de Ptychosperma elegans,
de 42,86 para 32%, a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de
Germinação aumentaram, sendo a maior porcentagem e a germinação mais rápida
observadas no teor de água de 32%; abaixo deste teor de água, as variáveis
decresceram gradativamente. Os teores de água crítico e letal para essa espécie
foram de 17 a 22% e de 7 a 12%, respectivamente (Figura 3).
Figura 3. Porcentagem de germinação (%) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG) para os diferentes teores de água nas sementes de Ptychosperma elegans.
Sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis mantiveram
alta porcentagem de germinação até mesmo a baixos teores de água, 5 e 8%,
respectivamente, comprovando serem tolerantes à dessecação, e Dypsis decaryi e
Ptychosperma elegans demonstraram ser sensíveis à dessecação, pois a
porcentagem de germinação diminuiu gradativamente mesmo a partir de altos
teores de água após a secagem, 20 e 27%, respectivamente.
A sensibilidade das sementes recalcitrantes à dessecação depende da
espécie, assim como os teores de água crítico e letal; esses teores não foram
observados para todas as espécies deste estudo. No entanto, vários autores
encontraram estes teores para as sementes de Euterpe espiritosantensis, da
ordem de 40,7 a 51,4% e de 13,4 a 15,8%, respectivamente (MARTINS et al.,
1999a); para as sementes de Euterpe oleracea, de 34,2 a 36,4% e de 17,4 a
18,9%, respectivamente (MARTINS et al., 1999b), e para as sementes de Bactris
26
gasipaes, de 23 a 28% e de 13,9 a 15%, respectivamente (BOVI et al., 2004).
No entanto, Carvalho e Müller (1998) observaram que os níveis de
tolerância e letal de teor de água para sementes de Bactris gasipaes foram de 30 e
12%, respectivamente. De acordo com Ferreira e Santos (1992), a viabilidade das
sementes de Bactris gasipaes foi afetada pela umidade; abaixo do nível de 38%, a
geminação e o vigor das sementes diminuíram rapidamente, e o teor de água de
17%, ou abaixo obteve taxa de germinação muito baixa.
Segundo Martins et al. (2003), o teor de água abaixo de 31,5% em
sementes de Archontophoenix alexandrae (F. Muell.) H. Wendl. & Drude reduziu
significativamente a taxa de germinação, e a perda total de germinação ocorreu
com teor de água de 15,1%.
Alguns estudos têm mostrado uma correlação positiva entre o teor de água
e a germinação de sementes de palmeiras, assim como observado neste estudo.
Para sementes de Oenocarpus mapora H. Karst., Carvalho et al. (1988) obtiveram
germinação de 86% com teor de água de 31,8%, imediatamente após a colheita,
enquanto Nascimento et al. (2002) obtiveram germinação acima de 92% com teor
de água de 41,3%.
As sementes de Dypsis decaryi foram as maiores dentre as espécies
estudadas e as sementes de Ptychosperma elegans foram as menores (Tabela 2).
Com base na literatura revisada, parece haver uma relação entre o tamanho
das sementes e a tolerância à dessecação. Sementes sensíveis à dessecação
foram relatadas como sendo, em média, maiores do que sementes tolerantes à
dessecação (DAWS et al., 2005). Por exemplo, Dickie e Pritchard (2002) relataram
que a massa média de sementes de 205 espécies de árvores e arbustivas,
sensíveis à dessecação, foi de 3.958 mg, comparada com 329 mg para 839
espécies tolerantes à dessecação. No entanto, neste trabalho, as sementes de
Dypsis decaryi foram as maiores dentre as espécies estudadas e foram sensíveis à
dessecação; mas, por outro lado, embora as sementes de Ptychosperma elegans
tenham sido menores, também foram sensíveis à dessecação. Portanto, somente
esta característica não é suficiente para avaliar o comportamento das sementes
quanto à sensibilidade à dessecação.
Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis mostraram-se tolerantes à
27
dessecação. Tem sido sugerido que a tolerância à dessecação é o estado
ancestral em sementes se perdendo ao longo do tempo (FARNSWORTH, 2000;
OLIVER et al., 2000; DICKIE; PRITCHARD, 2002); no entanto, a capacidade de
tolerar a dessecação é claramente vantajosa, permitindo que as sementes
persistam por longos períodos de tempo em ambientes relativamente áridos
(PAMMENTER; BERJAK, 2000).
Já Dypsis decaryi e Ptychosperma elegans demonstraram ser sensíveis à
dessecação. Segundo Pritchard et al. (2004) e Daws et al. (2005), a sensibilidade à
dessecação também pode ser vantajosa, por causa da rápida germinação destas
sementes, podendo reduzir a duração de exposição a predação a sementes. No
entanto, para as sementes de Phoenix canariensis, embora tolerantes à
dessecação, o tempo médio para a germinação foi 13 dias, e as sementes de
Ptychosperma elegans, Dypsis decaryi e Carpentaria acuminata germinaram em
17; 40 e 92 dias, respectivamente (Tabela 2).
Tabela 2. Características dos lotes de sementes das espécies de palmeiras estudadas.
Espécies
Dimensões das
sementes (LxD, mm)
Número de
sementes em 1kg
1.000 sementes
(g)
Teor de água inicial (%)
Teor de água final (%)
TMD (dias)
TMS (dias)
Carpentaria
acuminata 12,8x8,5 1.280±4,8 781±2,8 43±0,7 8±0,3
92 123
Dypsis decaryi
8,4x16,1 198±5,6 5.050±4,1 56,25±0,8 10±0,2
40 -
Phoenix canariensis 15,7x5,2 671±3,9 1.490±3,5 45±0,6 5±0,1 13 -
Ptychosperma elegans 8,7x5,1
4.057±5,3 246±2,7 42,86±0,4 7±0,2
17
23
*L – largura; D – diâmetro; TMD – tempo médio para germinação da dessecação; TMS - tempo médio para germinação da salinidade.
28
Salinidade
O incremento nas concentrações salinas não afetou significativamente a
porcentagem e a velocidade de germinação das sementes de Carpentaria acuminata
e Ptychosperma elegans, que apresentaram, respectivamente, médias de 80% e
0,180; 71% e 0,804, demonstrando, portanto, serem tolerantes à salinidade (Tabela
3).
As sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans
demonstraram ser tolerantes à salinidade, mantendo altas porcentagens de
germinação em todas as concentrações salinas, respectivamente, da ordem de 80 e
71%. O alto teor de sais no solo, especialmente de cloreto de sódio (NaCl), pode
inibir a germinação, primariamente, em razão do efeito osmótico. Também, o
incremento na concentração salina produz aumento na porcentagem de plântulas
anormais, em virtude da ação tóxica dos sais sobre as sementes (LIMA et al., 2005).
Mas várias espécies podem até mesmo ser favorecidas quando expostas a
concentrações de NaCl (TESTER; DAVENPORT, 2003), na germinação, o que lhes
confere maior capacidade de adaptação à salinidade durante o restante do ciclo
(VIANA et al., 2004).
Tabela 3 - Análise de variância dos dados de porcentagem de germinação (%G) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG) das sementes de Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans em diferentes concentrações salinas.
Fonte de variação GL
Quadrado médio %G IVG Regressão polinomial 1 7,15ns 0,00018ns Carpentaria acuminata Erro padrão 18 38,50 0,00098 Média geral 80 0,180 Coeficiente de variação (%) 7,75 4,14 Regressão polinomial 1 91,14ns 0,00010ns Ptychosperma elegans Erro padrão 18 57,70 0,0043 Média geral 71 0,804 Coeficiente de variação (%) 10,66 8,16 NS - não significativo. Os dados de porcentagem de germinação foram transformados em arcseno (x/100)1/2 para análise estatística.
29
Fernandes et al. (2003), citando vários autores, comentaram que as espécies
da família Arecaceae têm apresentado características favoráveis, tendo em vista que
seu crescimento tem sido estimulado e sua produção aumentada pela presença do
sódio, e que quantidades elevadas do cloreto têm sido requeridas por estas
espécies para expressar todo o seu potencial produtivo.
Semelhantemente, para sementes de Cocos nucifera, Marinho et al. (2005)
observaram que o incremento da CEa não influenciou significativamente a
porcentagem de germinação da semente, que variou de 80 a 97,5%. Mas, por outro
lado, afetou a velocidade de germinação e o crescimento das plântulas, e na fase de
sementeira, a salinidade afetou a fitomassa total a partir de 5,4 dS m-1. No entanto,
neste estudo, a salinidade não afetou a velocidade de germinação das sementes;
mas, sementes de Ptychosperma elegans germinaram mais rápido (23 dias) quando
comparadas com as de Carpentaria acuminata (123 dias) (Tabela 2).
Martín Alemán et al. (1999), estudando diferentes concentrações salinas na
germinação de sementes de Phoenix canariensis e Sabal palmetto (Walter) Lodd. ex
Schult. & Schult. f., de 0 até 27,5 e de 0 até 19,9 dS m-1, respectivamente,
observaram que a germinação das sementes decresceu nas condutividades elétricas
de 4,9 e 1,6 dS m-1, respectivamente, evidenciando que as sementes de Sabal
palmetto são mais sensíveis à salinidade do que as sementes de Phoenix
canariensis.
Analisando conjuntamente o comportamento das espécies estudadas quanto
a tolerância à dessecação e salinidade, verifica-se que os fatores se mostraram
independentes, já que as sementes de Carpentaria acuminata foram tolerantes à
desidratação e foram também tolerantes à salinidade, mas as sementes de
Ptychosperma elegans não foram tolerantes à secagem e foram tolerantes à
salinidade. De forma semelhante, porém, trabalhando com mudas formadas, Sané et
al. (2005) analisaram o comportamento de algumas variedades de Phoenix
dactylifera L. com relação à tolerância à seca e à salinidade, e também verificaram
que estes dois fatores foram independentes.
Ramoliya e Pandey (2003), estudando a salinidade do solo e da água nas
mudas de Phoenix dactylifera, observaram que esta espécie é tolerante à salinidade
no estádio de germinação de sementes, e até mesmo na fase de mudas, elas
30
crescem bem até a salinidade do solo de 12,8 dS m-1, sendo que esta espécie é uma
halófita e se adapta a condições de estresse de sal pela evolução de um mecanismo
de osmorregulação
Desta forma, Carpentaria acuminata e Ptychosperma elegans também podem
ser consideradas halófitas.
CONCLUSÃO
Sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis foram tolerantes
à dessecação, enquanto sementes Dypsis decaryi e Ptychosperma elegans foram
sensíveis. Em relação à salinidade, as sementes de Carpentaria acuminata e
Ptychosperma elegans foram tolerantes.
31
REFERÊNCIA
ANDRADE, A. C. S. The effect of moisture content and temperature on the longevity
of heart of palm seeds (Euterpe edulis). Seed Science and Technology,
Bassersdorf, v.29, p. 171-182, 2001.
ANDRADE, A. C. S.; PEREIRA, T. S. Comportamento de armazenamento de
sementes de palmiteiro (Euterpe edulis Mart.). Pesquisa Agropecuária Brasileira,
Brasília, v.32, n.9-10, p. 987-991, 1997.
BERJAK, P.; PAMMENTER. N. W. From Avicennia to Zizania: seed recalcitrance in
perspective. Annals of Botany, Oxfort, v.101, n.2, p. 213-228, 2008.
BOVI, M. L. A.; CARDOSO, M. Conservação de sementes de palmiteiro (Euterpe
edulis Mart.). Bragantia, Campinas, v.37, n.1, p. 65-71, 1978.
BOVI, M. L. A.; MARTINS, C. C.; SPIERING, S. H. Desidratação de sementes de
quatro lotes de pupunheira: efeitos sobre a germinação e o vigor. Horticultura Brasileira, Brasília,DF, v. 22, n.1, p. 109-112, 2004.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília, DF, Secretaria de Defesa Agropecuária, 2009, 399 p.
CARVALHO, J. E. U.; MÜLLER, C. H. Níveis de tolerância e letal de umidade em
sementes de pupunheira, Bactris gasipaes. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v. 20, n. 3, p. 283-289, 1998.
CARVALHO, J. E. U.; NASCIMENTO, W. M. O.; MÜLLER, C. H. Características
físicas e de germinação de sementes de espécies frutíferas nativas da Amazônia.
Belém: Embrapa-CPATU, 1988, 18p. (Boletim de Pesquisa).
32
CHIEN, C.T.; CHIEN, S.Y. Effects of seed moisture content and temperature on the
storability y of Phoenix hanceana (Arecaceae). Seed Science and Technology,
Bassersdorf, v. 36, n. 3, p. 781-787, 2008.
CHIN, H. F. Recalcitrant seeds: a status report. Rome: IBPGR, 1988. p. 3-18.
DAWS, M. I; GARWOOD, N. C; PRITCHARD, H. W. Traits of recalcitrant seeds in a
semi-deciduous forest in Panama´: some ecological implications. Functional Ecology, Oxford, v. 19, n. 5, p. 874-885, 2005.
DELWICHE, L. D.; SLAUGHTER, S. J. The little SAS book: a primer. Cary: SAS
Institute, 2003. 268 p.
DICKIE, J. B.; PRITCHARD, H. W. Systematic and evolutionary aspects of
desiccation tolerance in seeds. In: BLACK, M.; PRITCHARD, H. W. (Ed.).
Desiccation and survival in plants: drying without dying, Wallingford, CAB
International, 2002. p. 239-259.
DITOMMASO, A. Germination behavior of common ragweed (Ambrosia
artemisiifolia) populations across a range of salinities. Weed Science, Lawrence, v.
52, n. 6, p. 1002-1009, 2004.
EHARA, H.; MORITA, O.; KOMADA, C.; GOTO, M. Effect of physical treatment and
presence of thepericarp and sarcotesta on seed germination in sago palm
(Metroxylon sagu Rottb.). Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 29, n. 1,
p. 83-90, 2001.
EIRA, M. T. S.; SALOMÃO, A. N.; CUNHA, R.; CARRARA, D. K.; MELLO, C. M. C.
Efeito do teor de água sobre a germinação de sementes de Araucaria angustifolia
(Bert.) O. Kuntze - Araucariaceae. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 6,
n.1, p. 71-75, 1994.
33
FARNSWORTH, E. The ecological and physiology of viviparous and recalcitrant
seeds. Annual Review of Ecology and Systematics, Palo Alto, v. 31, n.1, p. 107-
138, 2000.
FERNANDES, A. R.; CARVALHO, J. G.; CURI, N.; GUIMARÃES, P. T. G; PINTO, J.
E. B. P. Crescimento de mudas de pupunheira (Bactris gasipaes H.B.K) sob
diferentes níveis de salinidade. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 27, n. 2, p.
278-284, 2003.
FERREIRA, S. A. N.; SANTOS, L. A. Viabilidade de sementes de pupunha (Bactris
gasipaes Kunth). Acta Amazônica, Manaus, v. 22, n. 3, p. 303-307, 1992.
GENTIL, D. F. O.; FERREIRA, S. A. N. Morfologia da plântula em desenvolvimento
de Astrocaryum aculeatum Meyer (Arecaceae). Acta Amazônica, Manaus, v. 35, n.
3, p. 337-342, 2005.
GONZÁLEZ-BENITO, M. E.; HUERTAS-MICÓ, M.; PÉREZ-GARCÍA, F. Seed
germination and storage of Chamaerops humilis (dwarf fan palm). Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 34, n. 1, p. 143-150, 2006.
HILL, J. P.; EDWARDS, W.; FRANKS, P. J. How long does it take for different seeds
to dry. Functional Plant Biology, Collingwood, v. 37, n. 6, p. 575-583, 2010.
HONG, T. D.; ELLIS, R. H. Optimum air-dry seed storage environments for Arabic
coffee. Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 20, n.3, p. 547-560,1992.
ISTA. International Seed Testing Association. International rules for seed testing,
Switzerland, 2009. Chap. 9, p.1-20.
34
JALEEL, C. A.; GOPI, R.; MANIVANNAN, P.; PANNEERSELVAM, R. Antioxidative
potentials as a protective mechanism in Catharanthus roseus (L.) G. Don. plants
under salinity stress. Turkish Journal of Botany, Kavaklidere, v. 31, n. 1, p. 245-
251, 2007.
JIMÉNEZ, V. M.; GUEVARA, E.; HERRERA, J.; ALIZAGA, R.; BANGERTH, F.
Changes in hormone concentrations during dormancy release of oil palm (Elais
guineensis) seeds. Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 36, n. 3, p. 575-
587, 2008.
KRAAK, H. L. Physiological aspects of storage of recalcitrant seed. In: SOMÉ, L. M.;
KAM, M. de (Ed.). Tree seeds problems, with special reference to Africa. Leiden:
[s.n.], 1993. p. 239-253.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RiMa, 2000. 531 p.
LIMA, M. G. S.; LOPES, N. F.; MORAES, D. M.; ABREU, C. M. Qualidade fisiológica
de sementes de arroz submetidas a estresse salino. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 27, n. 1, p. 54-61, 2005.
LOPES, J. C.; MACEDO, C. M. P. Germinação de sementes de couve chinesa sob
influência do teor de água, substrato e estresse salino. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 30, n. 3, p. 079-085, 2008.
MAGUIRE, J. D. Speed of germination aid in selection and evaluation of seedling
emergence and vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n. 1, p. 176-177, 1962.
MARINHO, F. J. L.; GHEYI, H. R.; FERNANDES, P. D. Germinação e formação de
mudas de coqueiro irrigadas com águas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 9, n. 3, p. 334-340, 2005.
35
MARTÍN ALEMÁN, N.; LEÓN HERNÁNDEZ, A. M.;RODRÍGUEZ PÉREZ, J. A. Effect
of salinity on germination of Phoenix canariensis and Sabal palmetto (ARECACEAE).
Acta Horticulturae, n. 486, p. 209-213, 1999.
MARTINS, C. C.; BOVI, M. L. A.; NAKAGAWA, J. Desiccation effects on germination
and vigor of King palm seeds. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 21, n. 1, p. 88-
92, 2003.
MARTINS, C. C.; NAKAGAWA, J.; BOVI, M. L. A. Tolerância à dessecação de
sementes de palmito-vermelho (Euterpe espiritosantensis Fernandes). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 391-396, 1999a.
MARTINS, C. C.; NAKAGAWA, J.; BOVI, M. L. A.; STANGUERLIM, H. Teores de
água crítico e letal para sementes de açaí (Euterpe oleracea Mart. - Palmae).
Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 21, n. 1, p. 125-132, 1999b.
MENDONÇA, M. S.; ARAÚJO, M. G. P. A semente de bacaba (Oenocarpus bacaba
Mart ARECACEAE): aspectos morfológicos. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 21, n. 1, p. 122-124, 1999.
MENDONÇA, M. S.; OLIVEIRA, A. B.; ARAÚJO, M. G. P.; ARAÚJO, L. M. Morfo-
anatomia do fruto e semente de Oenocarpus minor Mart. (ARECACEAE). Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 30, n. 1, p. 90-95, 2008.
MUNNS, R. Comparative physiology of salt and water stress. Plant, Cell and Environment, Oxford, v. 25, n. 2, p. 239-250, 2002.
NASCIMENTO, W. M. O.; OLIVEIRA, M. S. P.; CARVALHO, J. E. U.; MÜLLER, C. H.
Influência da posição de semeadura na germinação, vigor e crescimento de
plântulas de bacabinha (Oenocarpus mapora Karten-Arecaceae). Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 24, n. 1, p. 179-182, 2002.
36
OLIVER, M. J.; TUBA, Z.; MISHLER, B. D. The evolution of vegetative desiccation
tolerance in land plants. Plant Ecology, Dordrecht, v. 151, p. 85-100, 2000.
PAMMENTER, N. W.; BERJAK. P. Evolutionary and ecological aspects of
recalcitrant seed biology. Seed Science Research, Cambridge, v. 10, n. 3, p. 301-
306, 2000.
PRIESTLEY, D. A.; WILIAMS, S. E. Changes in cotyledonary lipids during drying of
cocoa (Theobroma cacao L.) seeds. Tropical Agriculture, Trindad e Tobago, v. 63,
p. 65-67, 1985.
PRITCHARD, H. W. Water potential and embryonic axix viability in recalcitrant seeds
of Quercus rubra. Annals of Botany, Oxford, v. 67, n. 1, p. 43-49, 1991.
PRITCHARD, H. W.; DAWS, M. I.; FLETCHER, B. J.; GAMENE, C. S.; MSANGA, H.
P.; OMONDI, W. Ecological correlates of seed desiccation tolerance in tropical
African dryland trees. American Journal of Botany, St. Lowis, v. 91, n. 6, p. 863-
870, 2004.
PROBERT, R. J.; LONGLEY, P. L. Recalcitrant seed storage physiology in three
aquatic grasses (Zizania palustris, Spartina anglica and Portesia coarctata). Annals of Botany, Oxford, v. 63, n. 1, p. 53-63,1989.
RAMOLIYA, P. J.; PANDEY, A. N. Soil salinity and water status affect growth of
Phoenix dactylifera seedlings. New Zealand Journal of Crop and Horticultural Science, Singapore, v. 31, n. 4, p. 345-353, 2003.
ROBERTS, E. H. Predicting the storage life of seeds. Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 1, n. 3, p. 499-514, 1973.
37
SANÉ, D.; KNEYTA, M. O.; DIOUF, D.; BADIANE, F. A.; SAGNA, M.; BORGEL, A.
Growth and development of date palm (Phoenix dactylifera L.) seedlings under
drought and salinity stresses. African Journal of Biotechnology, Lagos, v. 4, n. 9,
p. 968-972, 2005.
SARASAN, V.; RAMSAY, M. M.; ROBERTS, A. V. In vitro germination and induction
of direct somatic embryogenesis in ‘Bottle Palm’ [Hyophorbe lagenicaulis (L. Bailey)
H.E. Moore], a critically endangered Mauritian palm. Plant Cell Reports, Heidelberg,
v. 20, n. 12, p. 1107-1111, 2002.
SCHABENBERGER, O.; PIERCE, F. J. Contemporary statistical models for the plant
and soil sciences. New York: CRC Press, 2001. 738 p.
SEIFFERT, M.; ALVARENGA, A. A.; GUIMARÂES, R. M.; CASTRO, E. M.;
CARDOSO, M. G.; PAIVA, R.; DOUSSEAU, S.; VIEIRA, C. V. Efeito da secagem e
de diferentes temperaturas na germinação de sementes de Protium widgrenii Engler.
Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 1, p. 35-42, 2006.
SUN, W. Q. Desiccation sensitivity of sixty-four tropical, subtropical and temperate
recalcitrant seeds. Asian Journal of Tropical Biology, Singapore, v. 3, p. 9-13,
1999.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 719 p.
TESTER, M.; DAVENPORT, R. Na+ tolerance and Na+ transport in higher plants.
Annals of Botany, Oxford, v. 91, n. 3, p. 503-527, 2003.
TWEDDLE, J. C.; DICKIE, J. B.; BASKIN, C. C.; BASKIN, J. M. Ecological aspects of
seed desiccation sensitivity. Journal of Ecology, Oxford, v. 91, n. 2, p. 294-304,
2003.
38
VIANA, S. B. A.; FERNANDES, P. D.; GHEYI, H. R.; SOARES, F. A.; CARNEIRO, P.
T. Índices morfofisiológicos e de produção de alface sob estresse salino. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 8, n. 1, p. 23-
30, 2004.
39
CAPÍTULO 3 - Efeito da temperatura na germinação de sementes de palmeiras (Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis)
RESUMO – Cada espécie de palmeiras apresenta sementes com capacidade
germinativa em limites bem definidos de temperatura. O objetivo deste trabalho foi
definir o regime de temperatura em luz alternada que proporciona maior e mais
rápida germinação de sementes de Carpentaria acuminata (H. Wendl. & Drude)
Becc. e Phoenix canariensis Hort. ex Chabaud usando prato de termogradiente de
dois sentidos. Este prato permitiu 64 combinações de temperaturas alternadas e
constantes, sendo temperaturas de 6,97 a 36,42 ºC para sementes de Carpentaria
acuminata e de 7,96 a 35,94 ºC para sementes de Phoenix canariensis, com
fotoperíodo de 12h, alternando a luz ora em temperaturas mais baixas ora nas mais
altas. As sementes foram semeadas em placas de Petri (25 x 9 cm) contendo ágar
água a 1%. Regressões lineares foram estimadas para determinar as temperaturas
cardeais. Em adição, após 50 dias, as sementes não germinadas no prato de
termogradiente de dois sentidos foram transferidas para incubadora tipo B.O.D. a 30
°C. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias, comparadas
pelo teste de Tukey (P ≤ 0.05). O programa Sigma Plot 9.0 (2004) foi usado para
plotar os dados de germinação com a amplitude de temperatura. Observaram-se que
as sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis germinaram em
grande amplitude de temperatura. A maior porcentagem e taxa de germinação de
sementes de Carpentaria acuminata foi observada na temperatura alternada de
30,45/33 °C (dia/noite). A maior porcentagem de germinação de sementes de
Phoenix canariensis foi observada na temperatura alternada de 29,77/17,93 °C
(dia/noite) e a maior taxa de germinação variou a temperatura alternada de
29,93/25,88 °C (dia/noite). As temperaturas mínima, ótima e máxima na germinação
de sementes de Carpentaria acuminata foram 9,13; 28,53 °C e 36,33 °C,
respectivamente. As temperaturas mínima, ótima e máxima na germinação de
sementes de Phoenix canariensis foram 9,53; 28,03 e 35,43 °C, respectivamente.
Palavras chave: temperaturas cardeais, prato de termogradiente, palmeiras
exóticas.
40
INTRODUÇÃO
As palmeiras são plantas da Família Arecaceae, sendo descritas mais de
3500 espécies reunidas em mais de 240 gêneros, espalhadas por todo o mundo,
principalmente nas regiões tropicais da Ásia, da Indonésia, das Ilhas do Pacífico e
das Américas (LORENZI et al., 2004). Segundo Ulh e Dransfield (1987), as
palmeiras encontram-se distribuídas em praticamente todas as regiões tropicais e
subtropicais, não ocorrendo em áreas desérticas ou semidesérticas, exceto quando
há água próxima à superfície, formando oásis, sendo apenas poucas as espécies
ocorrem nas regiões temperadas.
A palmeira Carpentaria acuminata (H. Wendl. & Drude) Becc. é originaria do
Norte da Austrália, das margens de rios e córregos em florestas inundáveis, e a
palmeira Phoenix canariensis Hort. ex Chabaud é originaria das Ilhas Canárias,
Espanha, de áreas costeiras de vegetação abertas em terrenos pedregosos e secos
(LORENZI et al., 2010). Embora sejam exóticas, essas espécies são muito utilizadas
no paisagismo brasileiro.
A propagação das palmeiras é feita, quase exclusivamente, por meio de
sementes; no entanto, a germinação, de modo geral, é considerada lenta,
desuniforme e, frequentemente, em baixa porcentagem, com grande variação no
processo germinativo, influenciado por diversos fatores, como o grau de maturação,
a presença ou não do pericarpo, o tempo entre a colheita e a semeadura, a
temperatura do ambiente, o substrato, entre outros (MEEROW, 1991; BROSCHAT,
1994, PIVETTA et al., 2007).
O efeito da temperatura na germinação afeta a velocidade de absorção de
água pelas sementes e pode alterar, entre outros aspectos, a porcentagem total, a
velocidade e a uniformidade de germinação (BEWLEY; BLACK, 1996; CARVALHO;
NAKAGAWA, 2000; CASTRO; HILHORST, 2004). Há uma faixa térmica
característica para cada espécie e com temperatura cardeal mínima e máxima,
acima ou abaixo das quais pode não ocorrer a germinação das sementes
(CARVALHO; NAKAGAWA, 2000); além disso, dentro desta faixa, a temperatura
também atua sobre o tempo necessário para atingir o máximo de germinação
(BEWLEY; BLACK, 1985).
41
As sementes de determinadas espécies apresentam melhor comportamento
germinativo quando submetidas à alternância de temperatura. Essa alternância de
temperatura corresponde às flutuações naturais encontradas no ambiente, com
temperaturas noturnas mais baixas e diurnas mais altas. No entanto, existem
espécies em que a germinação de suas sementes é favorecida quando submetidas
à temperatura constante (COPELAND; McDONALD, 1995; SALOMÃO et al., 1995;
LIMA et al., 1997).
As sementes de cada espécie de palmeira germinam sob uma determinada
amplitude de temperatura que pode ser definida pelo seu local de origem. O estudo
dessa amplitude é muito importante para a distribuição geográfica das espécies.
O objetivo deste trabalho foi definir o regime de temperatura em luz alternada
que proporciona maior e mais rápida germinação de sementes de Carpentaria
acuminata e Phoenix canariensis usando prato de termogradiente de dois sentidos.
MATERIAL E MÉTODOS
Frutos despolpados de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis foram
adquiridos de empresa comercial em Londres, Inglaterra, em novembro de 2011.
Os experimentos foram realizados no departamento de conservação de
sementes dos laboratórios do Millenium Seed Bank, Royal Botanic Gardens, Kew,
Wakehurst Place, UK.
Os teores de água dos lotes das sementes, bem como o teor de água dos
embriões de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis, foram de 18,13±1,7 e
19,12±2,1%; 10,32±1,3 e 18,24±2,9%; respectivamente, determinado pelo método
da estufa a 103 °C, por 17 horas (ISTA, 2009).
O teste de germinação foi conduzido conforme metodologia do laboratório do
Millenium Seed Bank. Inicialmente, as sementes foram lavadas em hipoclórito de
sódio a 2% durante 10 minutos em suave agitação manual. Em seguida, as
sementes foram lavadas três vezes em água destilada e semeadas em placas de
Petri (25 x 9 cm) contendo ágar água a 1%, foi utilizado 20 sementes por placa de
Petri para cada temperatura, sendo 64 combinações de temperaturas, para cada
espécie.
42
As placas de Petri foram colocadas no prato de termogradiente de dois
sentidos em esquema fatorial 8x8. Dois gradientes de temperatura foram
programados inicialmente para variar de 4 a 40 °C. O prato de termogradiente de
dois sentidos variou a temperaturas de 6,97 a 36,42 ºC para sementes de
Carpentaria acuminata e de 7,96 a 35,94 ºC para sementes de Phoenix canariensis,
com fotoperíodo de 12 horas (luz com um fluxo de fótons de 50-100 W / m) em uma
direção durante o dia e em cima da mesma gama de temperatura na direção
perpendicular à noite. As temperaturas alternadas (dia/noite) originaram uma linha
de temperatura constante, a partir do canto inferior esquerdo (sempre frio) para o
canto superior direito (sempre quente) (Figura 1 A e B).
quente/dia36,33 36,2/8,55 36,24/12,33 36,27/16,11 36,31/19,89 36,35/23,66 36,39/27,44 36,42/31,22 35,7332,44 32,29/8,29 32,34/12,08 32,38/15,87 32,42/19,66 32,47/23,44 32,51/27,23 31,78 32,59/34,8128,56 28,39/8,02 28,44/11,82 28,48/15,62 28,53/19,42 28,58/23,21 27,82 28,67/30,81 28,73/34,6124,67 24,48/7,76 24,54/11,57 24,59/15,38 24,64/19,19 23,84 24,75/26,80 24,8/30,61 24,86/34,4220,79 20,58/7,50 20,64/11,32 20,69/15,14 19,86 20,81/22,77 20,88/26,59 20,93/30,41 20,99/34,2316,9 16,67/7,24 16,74/11,07 15,85 16,87/18,73 16,93/22,55 17/26,38 17,06/30,21 17,12/34,0413,01 12,77/6,97 11,82 12,9/14,65 12,98/18,49 13,04/22,32 13,12/26,16 13,18/30 13,26/33,849,13 7,78 8,94/10,56 9,01/14,41 9,09/18,26 9,16/22,10 9,24/25,95 9,31/29,80 9,39/33,65
7,63 11,45 15,26 19,08 22,88 26,7 30,51 34,33frio/dia
quen
te/n
oite
frio/
noite
Figura 1 A. Distribuição das temperaturas no prato de termogradiente de dois sentidos utilizado para avaliar as respostas de germinação de sementes de Carpentaria acuminata durante 50 dias.
quente/dia
35,43 34,71/7,96 34,92/11,95 35,12/15,94 35,33/19,93 35,53/23,92 35,74/27,91 35,94/31,90 36,0231,73 31,24/8,03 31,38/11,99 31,52/15,95 31,66/19,91 31,8/23,87 31,94/27,83 31,93 32,22/35,7528,03 27,76/8,10 27,84/12,03 27,91/15,96 27,99/19,89 28,07/23,82 27,95 28,22/31,68 28,3/35,6124,33 24,29/8,17 24,3/12,07 24,31/15,97 24,32/19,87 24,05 24,35/27,67 24,36/31,57 24,37/35,4720,63 20,82/8,24 20,77/12,11 20,71/15,98 20,23 20,6/23,71 20,55/27,58 20,49/31,45 20,44/35,3216,93 17,35/8,31 17,23/12,15 16,55 16,99/19,83 16,87/23,66 16,75/27,50 16,63/31,34 16,51/35,1813,23 13,87/8,38 12,94 13,5/16 13,32/19,81 13,14/23,61 12,96/27,42 12,77/31,23 12,59/35,04
9,53 9,42 10,15/12,22 9,9/16,01 9,65/19,79 9,41/23,56 9,16/27,34 8,91/31,12 8,66/34,908,21 12,09 15,98 19,86 23,74 27,63 31,51 35,4
frio/dia
quen
te/n
oite
frio/
noite
Figura 1 B. Distribuição das temperaturas no prato de termogradiente de dois sentidos utilizado para avaliar as respostas de germinação de sementes de Phoenix canariensis durante 50 dias.
43
O prato de termogradiente de dois sentidos permitiu 64 combinações de
temperaturas, sendo 8 temperaturas constantes e 76 temperaturas alternadas; cada
combinação representou um regime de temperatura (alternadas e/ou constantes)
sem repetição. No entanto, com o propósito de analisar estatisticamente os
resultados da germinação das sementes das duas palmeiras nos regimes de
temperaturas, agruparam-se algumas combinações de temperaturas para se
obterem as repetições. Oito grupos de oito repetições foram usados para a análise,
considerando condições extremas e centrais de temperaturas, com até 5 °C de
diferença entre as repetições.
Para as duas espécies estudadas, a germinação das sementes foi avaliada
baseada na emissão do botão germinativo com avaliação da germinação a cada
dois dias, durante 50 dias. Ao término deste período, a proporção de germinação foi
plotada para produzir um mapa de contorno da germinação 'landscape' para realçar
as condições ótimas de germinação. Como progrediu com o passar do tempo, a
porcentagem média da germinação também foi calculada para as temperaturas
constantes, ou seja, do canto esquerdo do fundo do prato para o canto direito de
cima do prato.
A taxa de germinação ou velocidade de germinação também foi avaliada,
expressada como 1/T50, que é o tempo em dias para se atingir 50% da porcentagem
de germinação final.
Regressões lineares foram estimadas usando os valores da taxa de
germinação para determinar a temperatura base (Tb) e a temperatura máxima (Tm)
(COVELL et al., 1986). A temperatura ótima (To) foi estimada pela interseção entre
as duas linhas de regressões (HARDEGREE, 2006).
Em adição, no final do experimento, as sementes não germinadas no prato de
termogradiente de dois sentidos foram transferidas para incubadora tipo B.O.D. a 30
°C com fotoperíodo de 12h de luz, com o objetivo de verificar se as temperaturas
extremas (baixas ou altas) causaram estresse nas sementes, ou seja, se foram
letais.
Os dados de porcentagem de germinação foram transformados em arcseno
(x/100)1/2 e foram submetidos à análise de variância, e as médias, comparadas pelo
44
teste de Tukey (P ≤ 0.05). O programa Sigma Plot 9.0 (2004) foi usado para plotar os
dados de germinação com a amplitude de temperatura.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que as sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix
canariensis germinaram em grande amplitude de temperatura no prato de
termogradiente de dois sentidos. Embora, as sementes dispostas nos regimes de
baixa temperatura, ou seja, as sementes que foram colocadas próximo ao canto
inferior esquerdo (sempre frio), com temperaturas próximas de 7,78 e 9,42 °C,
respectivamente, não tivessem germinado (Figuras 2 a 3).
Carpentaria acuminata
40
40
40
40
4030
50
50
40
40
50
50
5050
50
50
50
40
50
50
50
40
40
40
7060
60
30
30
30
30
30
30
20
40
40
4040
40
2020
20
20
0
10
10
10
10
40
50
50
5060
0
0
50
30
0
0
20
40
Temperatura de dia (°C)10 15 20 25 30
Tem
pera
tura
de
noite
(°C
)
10
15
20
25
30
35
Figura 2A. Porcentagem de germinação de sementes de Carpentaria acuminata no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. Os números representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
Carpentaria acuminata
0.120.10
0.12
0.10
0.08
0.160.14
0.12
0.12
0.12
0.12
0.10
0.10
0.10
0.10
0.08
0.08 0.08
0.08
0.08
0.080.06
0.120.10
0.10
0.08
0.12
0.06 0.06
0.06
0.06
0.06
0.04 0.04
0.04
0.04
0.040.02
0.02
0.02
0.02
0.100.08
0.08
0.10
0.06
0.12
0.120.12
0.10 0.10
0.100.10
0.10
0.14
0.00
0.00
0.00
0.00 0.00
0.12
0.02 0.02
0.080.060.04
0.08
Temperatura de dia (°C)
10 15 20 25 30
Tem
pera
tura
de
noite
(°C
)
10
15
20
25
30
35
Figura 3A. Taxa de germinação (1/T50) (dias-
1) de sementes de Carpentaria acuminata no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. Os números representam a taxa de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
45
A principal gama de germinação das sementes de Carpentaria acuminata nas
temperaturas alternadas concentrou-se entre 24 e 34 °C durante o dia e entre 10 e
36 °C durante a noite. Nas temperaturas constantes, ocorreu principalmente entre 20
e 36 °C (Figuras 2A e B). As sementes germinaram mais rápido nas temperaturas
mais quentes, principalmente no canto superior direito (sempre quente) (Figuras 3A
e B).
A principal gama de germinação das sementes de Phoenix canariensis nas
temperaturas alternadas concentrou-se entre 22 e 35 °C durante o dia e entre 10 e
35°C durante a noite. Nas temperaturas constantes, ocorreu principalmente entre 18
e 35 °C. Observou-se 100 % de germinação nas temperaturas alternadas de 24 a 32
Figura 2B. Porcentagem de germinação de sementes de Carpentaria acuminata no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. As cores representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
Figura 3B. Taxa de germinação (1/T50) (dias-
1) de sementes de Carpentaria acuminata no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. As cores representam a taxa de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
46
°C durante o dia e 22 °C durante a noite (Figura 4A e B). As sementes germinaram
mais rápido nas temperaturas mais quentes, principalmente entre as temperaturas
alternadas de 24 a 32 °C durante o dia e entre 27 a 32 °C durante a noite (Figura 5A
e B).
Phoenix canariensis
8060
80
60
100
8080
80
80
80
80
60
60
60
6040
40
40
40
0
0
0
20
20
20
80
60
Temperatura de dia (°C)
10 15 20 25 30 35
Tem
pera
tura
de
noite
(°C
)
10
15
20
25
30
35
Figura 4A. Porcentagem de germinação de sementes de Phoenix canarienis no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. Os números representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
Phoenix canariensis
0.40.3
0.2
0.6
0.5
0.5
0.5
0.5
0.5
0.5
0.5
0.5
0.4
0.4
0.4
0.4 0.4
0.30.2
0.5
0.5
0.5 0.40.4
0.6
0.6
0.6
0.6
0.3
0.3
0.3
0.3
0.2
0.2
0.2
0.2
0.60.5
0.1
0.1
0.1
0.1
0.5
0.4
0.6
0.0
0.0
0.0
0.50.40.3
0.2
0.4
Temperatura de dia (°C)10 15 20 25 30 35
Tem
pera
tura
de
noite
(°C
)
10
15
20
25
30
35
Figura 5A. Taxa de germinação (1/T50) (dias-1) de sementes de Phoenix canariensis no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. Os números representam a taxa de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
47
Figura 4B. Porcentagem de germinação de sementes de Phoenix canarienis no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. As cores representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
Figura 5B. Taxa de germinação (1/T50) (dias-
1) de sementes de Phoenix canariensis no prato de termogradiente de dois sentidos com 12 horas de fotoperíodo, durante 50 dias. As cores representam a taxa de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos no mapa de contorno.
Houve diferença significativa entre as amplitudes de temperaturas para a
porcentagem de germinação das sementes de Carpentaria acuminata. A maior
porcentagem (41,75±2,63%) de germinação foi observada na temperatura alternada
de 30,45 durante o dia e 33 °C durante a noite, que não diferiu das temperaturas
alternadas de 31,20/9,83; 30,45/17,64; 30,39/25,43; 15,02/24,35 e 15,15/32,02 °C.
Nas temperaturas alternadas de 14,49/9,28 e 14,65/16,92 °C, não foi observada
germinação (Figura 6).
As sementes de Carpentaria acuminata germinaram mais rápido na
temperatura alternada de 30,45°C durante o dia e 33 °C durante a noite, que não
diferiu das temperaturas alternadas de 30,45/17,64; 30,39/25,43 e 15,15/32,02 °C
(Figura 7).
48
Observou-se diferença significativa entre as amplitudes de temperaturas para
a porcentagem de germinação e a taxa de germinação das sementes de Phoenix
canariensis (Figuras 8 e 9). A maior porcentagem (73,07±6,23%) de germinação foi
observada na temperatura alternada de 29,77 durante o dia e 17,93 °C durante a
noite, que não diferiu das temperaturas alternadas de 29,55/10,04; 29,93/25,88;
30,17/33,74; 14,77/29,37 e 14,62/33,20 °C. Nas temperaturas alternadas de
15,32/10,47 °C e 15,11/18,02 °C não foi observada germinação (Figura 8).
A maior taxa de germinação ocorreu na temperatura alternada de 29,93
durante o dia e 25,88 °C durante a noite, que não diferiu das temperaturas
alternadas de 29,55/10,04; 29,77/17,93; 30,17/33,74; 14,77/29,37 e 14,62/33,20 °C
(Figura 9).
As sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis germinaram
em amplitudes de temperatura diferentes. A origem tropical e sub-tropical,
respectivamente, determinaram as temperaturas ideais à sua germinação.
Semelhantemente, estudos preliminares do efeito da alternância e
temperatura constante, usando prato de termogradiente de dois sentidos, revelaram
grandes diferenças entre as sementes de palmeiras Washingtonia filifera e Ravenea
rivularis, baseadas na ascendência. Ravenea rivularis é encontrada em Madagascar
e sua origem tropical determina a germinação de sementes, em temperaturas mais
quentes (entre 20 e 35 ºC). Em contraste, a espécie sub-tropical Washingtonia filifera
têm sementes que podem germinar a temperaturas muita baixas. Além disso, até
mesmo temperaturas frias (<10 ºC) não têm nenhum efeito prejudicial na qualidade
da semente acima de algumas semanas de exposição, considerando que as
sementes de Ravenea rivularis exibem danos causados pelo congelamento (HW
Pritchard, comunicação pessoal).
Verificou-se que tanto as sementes de Carpentaria acuminata quanto as
sementes de Phoenix canariensis não germinaram nos regimes próximos às
temperaturas extremas (sempre frias), mas as sementes de ambas as espécies
germinaram nos regimes próximos às temperaturas extremas (sempre quentes).
Sandoval (2011), estudando regime de temperatura de 5,8 a 36,3°C no prato
de termogradiente de dois sentidos, em sementes de Browningia candelaris (Meyen)
Britton & Rose (Cactaceae), observou que nas temperaturas extremas, também não
49
36,3
3 29
,79±
11,7
9%
39,5
3±9%
38
,97±
4,72
%
41,7
5±2,
63%
32
,44
31,2
0/9,
83 °
C
30,4
5/17
,64
°C
30,3
9/25
,43
°C
30,4
5/33
°C
28
,56
(a)
(a)
(a)
(a)
24,6
7
20
,79
0%
0%
27,4
4±17
,56%
36
,97±
8%
16,9
0 14
,49/
9,28
°C
14
,65/
16,9
2 °C
15
,02/
24,3
5 °C
15
,15/
32,0
2 °C
13
,01
(b)
(b)
(a)
(a)
9,13
7,
63
11,4
5 15
,26
19,0
8 22
,88
26,7
30
,51
34,3
3
Te
mpe
ratu
ra d
e di
a (°
C)
Figu
ra 6
. P
orce
ntag
em d
e ge
rmin
ação
de
sem
ente
s de
Car
pent
aria
ac
umin
ata
no p
rato
de
term
ogra
dien
te d
e do
is s
entid
os c
om 1
2 ho
ras
de f
otop
erío
do,
dura
nte
50 d
ias.
Cad
a cé
lula
rep
rese
nta
a m
édia
de
oito
tem
pera
tura
s al
tern
adas
e c
onst
ante
s. L
etra
s di
fere
ntes
indi
cam
di
fere
nça
e sta
tístic
a en
tre a
s te
mpe
ratu
ras
pelo
test
e Tu
rkey
a 1
% d
e pr
obab
ilidad
e .
36,3
3 0,
064±
0,03
9 0,
093±
0,04
3 0,
085±
0,01
8 0,
117±
0,02
4 32
,44
31,2
0/9,
83 °
C
30,4
5/17
,64
°C
30,3
9/25
,43
°C
30,4
5/33
°C
28
,56
(b)
(a)
(a)
(a)
24,6
7
20
,79
0 0
0,06
2±0,
039
0,09
2±0,
021
16,9
0 14
,49/
9,28
°C
14
,65/
16,9
2 °C
15
,02/
24,3
5 °C
15
,15/
32,0
2 °C
13
,01
(c)
(c)
(b)
(a)
9,13
7,
63
11,4
5 15
,26
19,0
8 22
,88
26,7
30
,51
34,3
3
Tem
pera
tura
de
dia(
°C)
Figu
ra 7
. Ta
xa d
e ge
rmin
ação
(1/
T 50)
(di
as-1)
de s
emen
tes
de
Car
pent
aria
acu
min
ata
no p
rato
de
term
ogra
dien
te d
e do
is s
entid
os
com
12
ho
ras
de
foto
perío
do,
dura
nte
50
dias
. C
ada
célu
la
repr
esen
ta a
méd
ia d
e oi
to t
empe
ratu
ras
alte
rnad
as e
con
stan
tes.
Le
tras
dif e
rent
es in
dica
m d
ifere
nça
esta
tístic
a en
tre a
s te
mpe
ratu
ras
pelo
test
e Tu
rkey
a 1
% d
e pr
obab
ilidad
e.
35,4
3 62
,98±
13,4
9 %
73
,07±
6,23
%
72,0
2±5,
76 %
71
,14±
9,48
%
31,7
3 29
,55/
10,0
4 °C
29
,77/
17,9
3 °C
29
,93/
25,8
8 °C
30
,17/
33,7
4 °C
28
,03
(a)
(a)
(a)
(a)
24,3
3
20
,63
0%
0%
69,4
4±17
,32%
69
,72±
10,1
3 16
,93
15,3
2/10
,47
°C
15,1
1/18
,02
°C
14,7
7/29
,37
°C
14,6
2/33
,20
°C
13,2
3 (b
) (b
) (a
) (a
) 9,
53
8,21
12
,09
15,9
8 19
,86
23,7
4 27
,63
31,5
1 35
,4
Tem
pera
tura
de
dia
(°C
) Fi
gura
8.
Por
cent
agem
de
germ
inaç
ão d
e se
men
tes
de
Pho
enix
ca
narie
nsis
no
prat
o de
term
ogra
dien
te d
e do
is s
entid
os c
om 1
2 ho
ras
de f
otop
erío
do,
dura
nte
50 d
ias.
Cad
a cé
lula
rep
rese
nta
a m
édia
de
oito
tem
pera
tura
s al
tern
adas
e c
onst
ante
s. L
etra
s di
fere
ntes
indi
cam
di
fere
nça
esta
tístic
a en
tre a
s te
mpe
ratu
ras
pelo
test
e Tu
rkey
a 1
% d
e pr
obab
ilidad
e.
35,4
3 0,
316±
0,13
7 0,
472±
0,08
3 0,
513±
0,05
7 0,
462±
0,13
2 31
,73
29,5
5/10
,04
°C
29,7
7/17
,93
°C
29,9
3/25
,88
°C
30,1
7/33
,74
°C
28,0
3 (a
) (a
) (a
) (a
) 24
,33
20,6
3 0
0 0,
394±
0,19
4 0,
389±
0,13
5 16
,93
15,3
2/10
,47
°C
15,1
1/18
,02
°C
14,7
7/29
,37
°C
14,6
2/33
,20
°C
13,2
3 (b
) (b
) (a
) (a
) 9,
53
8,21
12
,09
15,9
8 19
,86
23,7
4 27
,63
31,5
1 35
,4
Tem
pera
tura
de
dia
(°C
) Fi
gura
9.
Taxa
de
germ
inaç
ão (
1/T 5
0) (
dias
-1)
de s
emen
tes
de
Pho
enix
can
arie
nsis
em
pra
to d
e te
rmog
radi
ente
de
dois
sen
tidos
em
12
ho
ras
de
foto
perío
do,
dura
nte
50
dias
. C
ada
célu
la
repr
esen
ta a
méd
ia d
e oi
to t
empe
ratu
ras
alte
rnad
as e
con
stan
tes.
Le
tras
dif e
rent
es in
dica
m d
ifere
nça
esta
tístic
a en
tre a
s te
mpe
ratu
ras
pelo
test
e Tu
rkey
a 1
% d
e pr
obab
ilidad
e.
49
50
ocorreram germinação ou foi muito baixa. A germinação das sementes dessa
espécie nas temperaturas alternadas concentrou-se mais entre 17 a 31 °C durante o
dia e entre 6 a 28 °C durante a noite. E na temperatura constante concentrou-se
De forma semelhante, Asomaning et al. (2010) observaram para sementes de
Khaya anthotheca (Meliaceae), quando submetidas a regime de temperatura de 5 a
40°C no prato de termogradiente de dois sentidos, que nos regimes próximos às
temperaturas extremas, não ocorreu germinação, e na temperatura alternada de 5
°C durante o dia e 30 °C durante a noite, a germinação foi 100%.
Ao contrário, Pritchard et al. (1993), estudando regimes alternados em torno
de 15 °C e com amplitude máxima de 26 °C no prato de termogradiente de dois
sentidos, em sementes de Arum maculatum L., verificaram que não ocorreu
germinação das sementes durante 4 meses em nenhum dos regimes de
temperatura; somente após uma pré-incubação em temperaturas frias de 3 a 7 °C, a
germinação ocorreu acima de 70%. Longos períodos de tempo a baixas
temperaturas são um pré-requisito para a germinação dessa semente.
De acordo com estes modelos, a temperatura ótima para a germinação de
sementes de Carpentaria acuminata foi de 28,53 °C, a temperatura mínima foi de
9,13 °C e a temperatura máxima, de 36,33 °C (Figura 10). Para sementes de
Phoenix canariensis, a temperatura ótima foi de 28,03 °C, a temperatura mínima, de
9,53 °C e a temperatura máxima, de 35,43 °C (Figura 11).
As sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis apresentaram
temperatura ótima aproximadamente de 28 °C para a germinação. No entanto, tem
sido comprovado por vários autores que temperaturas próximas a essa são
favoráveis para a germinação de sementes de muitas espécies de palmeiras.
Lorenzi et al. (2004) comentaram para a germinação de sementes de várias
espécies de palmeiras, que são consideradas temperaturas favoráveis aquelas entre
24 e 28°C, com umidade relativa do ar de aproximadamente 70%. Já Broschat
(1994) observou que muitas sementes de palmeiras germinaram melhor na faixa de
30 a 35°C.
Temperaturas constantes de cerca de 30 ºC também promoveram a
germinação de sementes de oito palmeiras tropicais do gênero Phoenix e Syagrus
(PRITCHARD et al., 2004). Em geral, foi observado que a germinação foi rápida,
51
sendo completa em um a dois meses. Semelhantemente, sementes de quatro
espécies de Ravenea (Arecaceae) germinaram rapidamente a 30 °C com um
período médio para germinar de 12 - 22 dias; esse período não foi em função da
massa da semente (RAKOTONDRANONY et al., 2004).
Observou-se que as sementes de Carpentaria acuminata que estavam no
canto inferior direito [temperaturas alternadas de 14,49/9,28 e 14,65/16,92 °C
(dia/noite)] no prato de termogradiente de dois sentidos não germinaram. Ao serem
transferidas para a temperatura constante de 30 °C (temperatura próxima ao ideal
de germinação, que foi de 28,53 °C), apresentaram de 10 a 40% de germinação
(Figuras 12A e B).
Efeito semelhante foi observado para as sementes de Phoenix canariensis.
As sementes que estavam no canto inferior direito [temperaturas alternadas de
15,32/10,47 e 15,11/18,02 °C (dia/noite)] no prato de termogradiente de dois
sentidos não germinaram; ao serem transferidas para a temperatura constante de 30
°C (temperatura próxima ao ideal de germinação, que foi de 28,03 °C),
apresentaram 80% de germinação (Figura 13A e B). Carpentaria acuminata
10
0
10
20
10
10
10
10
10 10
10
10
10
1010
10
10
10
10
10
10
10
20
20
10
10
20
20
20
20
20
10
0
0
20
4040
30
3030
3030
20
10
20
40
40
20
30
10
2010
Temperatura de dia (°C)10 15 20 25 30
Tem
pera
tura
de
noite
(°C
)
10
15
20
25
30
35
Figura 12A. Porcentagem de germinação de sementes de Carpentaria acuminata na incubadora tipo B.O.D. a 30 °C com 12 horas de fotoperíodo. Os números representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos.
Phoenix canarienisis
4020
0
0
20
40
0
0
0
0
0
0
20
20
20
20
0
0
0
040
40
40
40
0
60
60
6080
80
0
0
20
80
80
80
Temperatura de dia (°C)
10 15 20 25 30 35
Tem
pera
tura
de
noite
(°C
)
10
15
20
25
30
35
Figura 13A. Porcentagem de germinação de sementes de Phoenix canariensis na incubadora tipo B.O.D. a 30 °C com 12 horas de fotoperíodo. Os números representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos.
52
Figura 12B. Porcentagem de germinação de sementes de Carpentaria acuminata na incubadora tipo B.O.D. a 30 °C com 12 horas de fotoperíodo. As cores representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos.
Figura 13B. Porcentagem de germinação de sementes de Phoenix canariensis na incubadora tipo B.O.D. a 30 °C com 12 horas de fotoperíodo. As cores representam a porcentagem de germinação e as curvas mostram os limites entre os resultados obtidos.
Os regimes próximos às temperaturas frias neste estudo não foram letais às
sementes de Carpentaria acuminata e Phoenix canariensis, mesmo expostas às
temperaturas baixas durante 50 dias. Quando expostas à temperatura ideal, estas
germinaram.
No caso das palmeiras, em que as sementes são consideradas recalcitrantes,
Roberts (1973) e Sarasan et al. (2002) comentaram que as sementes não podem ser
expostas a baixa temperatura, pois a perda da viabilidade ocorre em algumas
semanas ou meses. Isto ocorre em decorrência da alta umidade nas sementes das
palmeiras, na qual pode ocorrer congelamento das células e, então, a destruturação
celular, e consequentemente não ocorrer germinação.
Esse fato não ocorreu nestas espécies, provavelmente por causa do baixo
teor de água nos dois lotes das sementes, 18,13±1,7 e 10,32±1,3%,
53
respectivamente. Para muitas sementes de palmeiras, esses teores são
considerados críticos, mas estas sementes têm sido relatadas (no capítulo anterior
desta tese) como sendo tolerantes a dessecação, ou seja, o baixo teor de água nas
sementes não afetou sua germinação.
CONCLUSÃO
O regime de temperatura que proporcionou maior porcentagem de
germinação das sementes de Carpentaria acuminata foi de 30,45/33 °C (dia/noite) e
as temperaturas mínima, ótima e máxima foram 9,13; 28,53 e 36,33 °C,
respectivamente. Para a germinação das sementes de Phoenix canariensis, foi de
29,77/17,93 °C (dia/noite), e as temperaturas mínima, ótima e máxima foram 9,53;
28,03 e 35,43 °C, respectivamente.
54
REFERÊNCIAS
ASOMANING, J. M.; SACANDE, M.; OLYMPIO, N. S. Germination responses of
Khaya anthotheca seeds to a range of alternating and constant temperatures
provided by the 2-way grant’s thermogradient plate. Ghana Journal of Forestry,
Kumasi, v.26, n.1, p. 74-88, 2010.
BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Physiology and biochemistry of seeds. Berlim:
Springer - Verlag, 1985, 540 p.
BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination.
New York: Plenum Press, 1996, 445 p.
BROSCHAT, T. K. Palm seed propagation. Acta Horticulturae, Wageningen, n.360,
p. 141-147, 1994.
CARVALHO, N. M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.
ed. Jaboticabal: Funep, 2000. 588 p.
CASTRO, R. D.; HILHORST, H. W. M. Embebição e reativação do metabolismo. In:
FERREIRA, A. G.; BORGHETTI, F. (Ed.). Germinação: do básico ao aplicado. Porto
Alegre: Artmed, 2004. p.149-162.
COPELAND, L. O.; McDONALD, M. B. Principle of seed science and technology.
New York: Chapmen & Hall,1995. 409 p.
COVELL, S.; ELLIS, R. H.; ROBERTS, E. H.; SUMMERFIELD, R. J. The influence of
temperature on seed germination rate in grain legumes. A comparison of chickpea,
lentil, soyabean and cowpea at constant temperatures. Journal of Experimental Botany, Oxford, v. 37, n. 5, p. 705-715, 1986.
55
HARDEGREE, S. P. Predicting germination response to temperature. III. model
validation under field-variable temperature conditions. Annals of Botany, Oxford, v.
98, n. 4, p. 827-834, 2006.
ISTA. International Seed Testing Association. International rules for seed testing,
Switzerland, 2009. Chap. 9, p.1-20.
LIMA, C. M. R.; BORGHETTI, F.; SOUSA, M. V. Temperature and germination of the
Leguminosae Enterolobium contortisiliquum. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, Lavras, v. 9, n. 2, p. 97-102, 1997.
LORENZI, H.; NOBLICK, L.; KAHN, F.; FERREIRA, E. J. L. Flora Brasileira: Arecaceae (Palmeiras). Nova Odessa: Plantarum, 2010. 384 p.
LORENZI, H.; SOUZA, H. M.; COSTA, J. T. M.; CERQUEIRA, L. S. C.; FERREIRA,
E. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Plantarum, 2004.
416 p.
MEEROW, A. W. Palm seed germination. Florida: Cooperative Extension Service,
1991. 10 p. (Bulletin, 274).
PIVETTA, K. F. L.; BARBOSA, J. G., ARAÚJO, E. F; DEMATTÊ, M. E. P.
Propagação de palmeiras e strelitzias. In: BARBOSA, J. G.; LOPES, L. C.
Propagação de plantas ornamentais. Viçosa: UFV, 2007. p. 43-70.
PRITCHARD, H. W.; DAWS, M. I.; FLETCHER, B. J.; GAMENE, C. S.; MSANGA, H.
P.; OMONDI, W. Ecological correlates of seed desiccation tolerance in tropical
African dryland trees. American Journal of Botany, St. Lowis, v. 91, n. 6, p. 863-
870, 2004.
56
PRITCHARD, H. W.; WOOD, J. A.; MANGER, K. R. Influence of temperature on
seed germination and the nutritional requirements for embryo growth in Arum
maculatum L. New Phytologist, Oxford, v. 123, n. 4, p. 801-809, 1993.
RAKOTONDRANONY, G. L.; SACANDE, M.; WOOD, C. B.; PRITCHARD, H. W.
Seed storage responses in four species of the threatened genus Ravenea
(Arecaceae). Seed Science and Technology, v. 34, n. 2, p. 513-517, 2004.
ROBERTS, E. H. Predicting the storage life of seeds. Seed Science and Technology, Bassersdorf, v. 1, n. 3, p. 499-514, 1973.
SALOMÃO, A. N.; EIRA, M. T. S.; CUNHA, R. The effect of temperature on seed
germination of four Dalbergia nigra Fr. Allem - Legumenosae. Revista Árvore,
Viçosa, MG, v. 9, n. 4, p. 588-594, 1995.
SANDOVAL, A. C. Germination behaviour of Browningia candelaris (Meyen) Britton & Rose, and other four vulnerable cacti of Chile. 2011, 57 f, Dissertação (
Mestrado), University of Sussex, School of Life Sciences, Brighton, England, 2011.
SARASAN, V.; RAMSAY, M. M.; ROBERTS, A. V. In vitro germination and induction
of direct somatic embryogenesis in ‘Bottle Palm’ [Hyophorbe lagenicaulis (L. Bailey)
H.E. Moore], a critically endangered Mauritian palm. Plant Cell Reports, Heidelberg,
v. 20, n. 12, p. 1107-1111, 2002.
SIGMA PLOT. Systat Software. Version 9.0. [s.l.]: Exact Graphs for Exact Science;
version 9.0 New Orleans, 2004.
UHL, N. W.; DRANSFIELD, J. Genera Palmarum: a classification of palms based on
the work of Harold E. Moore, Jr. Lawrence: Allen Press, 1987. p. 215.