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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS www.revistaparoquias.com.br | março-abril 2010 administraçãoeclesial Q uero tratar, sob o enfoque da Sociologia, um dos grandes dilemas enfrentado por boa parte dos párocos no exercí- cio da arte de administrar uma paróquia: saber equilibrar os “dois pilares” de sustentabilidade ecle- sial que são os bens materiais e os bens simbólicos. De um lado, os bens mate- riais, entendidos como o patrimônio da paróquia, isto é, seus bens móveis e imóveis, o financeiro e todas as re- lações administrativas que ele desencadeia. Relações e procedimentos que fa- zem da paróquia, pe- rante o governo, uma empresa do terceiro setor e que, como tal, deve ser administrada cum- prindo com todas as suas obrigações empresariais e encargos sociais. Por outro, os bens simbólicos. Pierre Bourdieu definiu por bens simbólicos, entre outras coisas, os bens de salvação: a cura das almas, o atendi- mento dos fiéis, a administração dos sacramentos, enfim, os trabalhos pas- torais que se configuram na ação do pastor, isto é, do pároco. GERENCIADOR A tática de uma administração eficaz está em lidar com a burocracia como uma missão e di- mensão missionária, com menos burocracia Invista na missão da administração de sua paróquia equilibrando as funções POR PE. JOSÉ CARLOS PEREIRA, CP DO SAGRADO Paróquias & CASAS RELIGIOSAS www.revistaparoquias.com.br | março-abril 2010 16
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Gerenciador do sagrado

Mar 10, 2016

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Invista na missão da administração de sua paróquia equilibrando as funções
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Paróquias & CASAS RELIGIOSAS 16 www.revistaparoquias.com.br | março-abril 2010

administraçãoeclesial

Q uero tratar, sob o enfoque da Sociologia, um dos grandes dilemas enfrentado por boa parte dos párocos no exercí-cio da arte de administrar

uma paróquia: saber equilibrar os “dois pilares” de sustentabilidade ecle-sial que são os bens materiais e os bens simbólicos. De um lado, os bens mate-riais, entendidos como o patrimônio da paróquia, isto é, seus bens móveis e

imóveis, o financeiro e todas as re-lações administrativas que ele

desencadeia. Relações e procedimentos que fa-

zem da paróquia, pe-rante o governo,

uma empresa do terceiro setor e que, como tal, deve ser administrada cum-prindo com todas as suas obrigações empresariais e encargos sociais. Por outro, os bens simbólicos.

Pierre Bourdieu definiu por bens simbólicos, entre outras coisas, os bens de salvação: a cura das almas, o atendi-mento dos fiéis, a administração dos sacramentos, enfim, os trabalhos pas-torais que se configuram na ação do pastor, isto é, do pároco.

GERENCIADOR

“A tática de uma administração eficaz está em lidar com a burocracia como uma missão e di-mensão missionária, com menos burocracia”

Invista na missão da administração de sua paróquia equilibrando as funçõesPOR PE. JOSÉ CARLOS PEREIRA, CP

DO SAGRADO

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VISÃO DE CONJUNTOO segredo da boa administração

está em equilibrar estes dois lados apa-rentemente opostos, mas que na ver-dade estão interligados. Fazer da ad-ministração paroquial, uma ação que contemple estas duas dimensões tão distintas, porém, indissociáveis, não é tarefa para qualquer um. A tática de uma administração eficaz está em li-dar com a burocracia como uma mis-são e dimensão missionária, com me-nos burocracia.

É comum, por diversos motivos, que alguns padres deem prioridade à dimensão pastoral e deixe em segun-do plano a dimensão administrativa, o financeiro. Porém, essa pode ser uma falha no próprio processo de for-mação do padre que não o preparou para lidar com estes dois lados de uma paróquia.

O padre é, sem dúvida, primor-dialmente, pastor de almas, mas não pode esquecer que a alma de seus fiéis é parte de um corpo humano, que é parte de um corpo social, que é parte de uma comunidade paroquial com necessidades de diversas categorias, inclusive a econômica. No entanto, para responder a tais necessidades, a paróquia carece do econômico tanto quanto carece de espiritualidade. As-sim sendo, há um entrelaçamento de dependências que vão das necessida-

des sociais às necessidades espirituais e que tratar uma sem contemplar a outra é, no mínimo, falta de visão eclesiológica.

FIDELIDADE NA MISSÃOAssim sendo, o primeiro passo é

saber que para o desenvolvimento de um bom trabalho pastoral, missioná-rio, a paróquia carece de bens mate-riais: boa infra-estrutura de suas de-pendências, salas equipadas, templo bem mantido, materiais litúrgicos atualizados, etc. Tudo isso depende do recurso financeiro. Para isso o pá-roco, ou quem faz a sua vez, deve ser um administrador bom e fiel, como aquele da parábola bíblica (Mt 25, 14-30), a quem foram confiados cinco talentos e com os quais soube lucrar outros cinco. Ele deve ter visão de empreendedor e não enterrar os ta-lentos que Deus lhe confiou em uma paróquia, cuidando apenas de uma de suas dimensões. Nenhum atendimen-to pastoral será de boa qualidade se não houver recursos que supram as necessidades pastorais. Para isso é preciso saber equilibrar a administra-ção dos bens, sejam eles materiais ou simbólicos.

Como manter esse equilíbrio? Não existe uma receita mágica, mas algu-mas atitudes poderão ajudar na arte de administrar uma paróquia.

7 FUNÇÕES IMPRESCINDÍVEIS PARA A GESTÃO EM SUA PARÓQUIA

1. DISTRIBUA FUNÇÕES: sozinho nenhum pároco consegue ir muito longe nos seus trabalhos, por mais boa vontade que ele tenha. É preciso distribuir funções, seja na pastoral, seja na administração ou no planeja-mento paroquial.

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administraçãoeclesial

2. TENHA BONS ASSESSORES: tanto na dimensão pastoral quanto na dimensão administrativa, é fundamen-tal que o pároco esteja bem assessorado. Bons coordenado-res de pastoral farão da paróquia uma célula viva da Igreja. Pessoas íntegras e qualificadas na administração farão com que a paróquia tenha sempre recursos para a missão.

3. INVISTA NA PASTORAL DO DÍZIMO: o dízimo é a pastoral que está na fronteira entre o material e o simbólico, a administração e a missão. Ao mesmo tempo em que o dízimo é uma pastoral, ele é também o responsável pelos recursos finan-ceiros de nossas paróquias. Recursos que irão suprir as outras necessidades, tanto da parte burocrática, quanto da missão. Pa-róquias que não priorizam a pastoral do dízimo como parte da sua missão evangelizadora, tendem a ficar presas a formas arcai-cas de captação de recursos para a sua manutenção.

4. TENHA UMA BOA EQUIPE DE FESTAS: infelizmen-te nem só do dízimo sobrevive a maioria das paróquias. Se esse for o caso de sua paróquia, procure montar uma boa equipe de festas ou promoções. Eles se encarregarão de orga-nizar e realizar os eventos que irão arrecadar fundos para a paróquia. Porém, não esqueça de cuidar para que esses even-tos não desvirtuem as suas finalidades que devem ser essen-cialmente de manutenção e pastorais.

5. CONTE COM A AJUDA DE PROFISSIONAIS: tanto na área pastoral quanto na administrativa, contar com pessoas bem preparadas é fundamental. Convide bons assessores, nas mais diversas áreas, para dar formação para os agentes de pas-toral. Contrate profissionais que ajudem a resolver problemas administrativos. O mesmo vale para outros serviços que envol-vam bens materiais e patrimoniais da paróquia.

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Estes são alguns pontos que pode-rão ajudar a manter unida a adminis-tração patrimonial, financeira e a mis-são evangelizadora na paróquia. O

padre, como gerenciador do sagrado, tem nas mãos a responsabilidade de buscar o equilíbrio entre o material e o espiritual, o humano e o divino.

Pe. José Carlos Pereira, CP é Doutor em So-ciologia e Autor de diversos livros, dentre eles “Assembleia Paroquial. Roteiro de preparação e realização”, pela Editora Vozes e “Religião e ex-clusão social”, pela Editora Santuário.Contato: [email protected]

6. MANTENHA A ORGANIZAÇÃO: em qualquer uma das dimensões da administração paroquial a organização é fundamental. Mantenha um calendário pastoral, com reuni-ões e eventos que sustentarão acesa a chama da missão. Este-ja atendo para o cumprimento desse calendário.

7. EQUILIBRE AÇÃO E ORAÇÃO: nenhuma paróquia so-brevive somente de oração ou de ação. A fé sem obras é morta, diz Tiago (2, 26), mas a ação sem oração se transforma em um ativismo vazio. Manter esse equilíbrio é primordial para o bom gerenciamento paroquial. É ele que fará da paróquia uma ins-tituição diferente de qualquer outra.

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