-
COLEO "TERRAS E POVO')''
"A "volta terra" um engodo, uma impossibilidade. Mesmo a mn iH
radical das reformas agrrias nr10 pode resolver o problema do crPil
cimento demogrfco rpido c da assimilao das modernas tcmt'l'l
agrcolas. As cidades crescem por que a evoluo econmica, socinl c
demogrfica impe ste crescinum to. O problema principal est etl l
desenvolver nelas o emprgo. Na11 mais a urbanizao que est
-
PANORAMA DO
MUNDO ATUAL
-
Coleo TERRAS E r ovos
1 - P anmanui do M~unclo A.tna,l, de PIERRE GEORGE, 2.a edio
2 - Geografia elo Subdesenvolunento , de YVES LAOOSTE, 2.a
edio
i3 - Geog rafia dos Mares, de F RANOI8 D ou:\IEXGE
4 - A. Antrica. Andina, de PEDRO CuNILL
PIERRE GEORGE
PANORAMA DO MUNDO ATUAL
TRADUO DE P E D R O DE ALCANTARA FIGUEIRA
CAPA D E J E AN GUILLAUM E
2.a edico '
DIFUSO EUROPIA DO LIVRO
-
Do original francs:
Panorama dtt Monde Actttel
Vol. n.0 1 da Coleo "Magellan"
Presses Universitaires de :!!~rance
1 9 6 8
Copyright by
Presses Univ ersitaires de France, Paris
Direitos exclusivos para a lngua portugusa:
Difuso Europia do L imo, So Paulo
INTHODUO
NA EuROPA OciDENTAL, a apToxirnao do ano 1 000 encheu os homens
da angstia elo apocalipse e elo fim elo mundo. Nada, a no ser a
f?eqncia de catstrofes coletivas como as gue?Tas e as epidemias,
justificava objetivamente ste t emor. A ansiedade ?'eligiosa, a
vertigem do desconhecido, a atrao e, ao mesmo tempo, o temor ao
mistrio, o recurso magia, tanto na alquimia quanto na feitiaria,
alimentavam ste grande m clo coletivo.
Com a aproximao do ano 2 000 os homens se envolvem. na mesma
angstia, desta vez objetivamente justificada, dado que les esto de
posse dos meios m.ate?iais capazes ele ani-quilar dezenas de milhes
ele sres humanos em. alguns se-gundos, capazes ele esteTilizar
continentes inteiros em. con-seqncia dos efeitos da
raclioati1Jidade. O m.do agora m.ai01, tendo em vista q'ue as
contmdies oriundas dos acon-tecimentos histricos dos ltimos
cinqenta anos podem for-necer o pretexto para o desencadeam.ento
ele verdacleiTO apo-calipse: oposio entre pases capitalistas e
pases socialistas, comoes provocadas pela clescolonizao e pela
destruio do sistema de domnio mundial inventado pela G1-Bretanha no
sculo XIX e que parecia realizm-se em. benefcio de uma Eu1opa, em
verdade dividida, s vspems da primeira grande crise que revelo'u, a
fmgilidade do emp1eendimento, furaco clem.og?fico que atrapalha
tdas as previses . ..
O mundo de hoje est procura de um. equilbrio nvo. gle pode ser
tentado a atingi-lo pela aplicao de seus meios tcnicos de persuaso
e, a ento, devemos temer o cataclis-ma do ano 2 000. Pode
consegui-lo por uma srie de com-promissos, at mesmo de conflitos
limitados, sem recorrer aos processos de destruio em massa. E,
nesse caso, a capa-cidade tcnica oriunda das descobertas
extraordinrias dos
5
-
ltnos cinq-i.ienta anos de1ie-r ser apLicada na c:l"iado de
melhoTes condies de v ida e na transfo rmao da condio humana. Seja
como fr, os problemas a serem Tesolvidos pelo absurdo ou pela
01ganizao da sociedade e da unifi-cat;o da condio humana j esto
colocados a partir de agora. Somente a forma de solucion-los
desconhecida do futuTo. Cabe aos polticos determwT a opao desta
solutio e arca1em, conscientemente ou no, com a responsabilidade de
mergulhm a httmanidade no nada ou reaL-iza-r a "segunda" revoluo
industrial. Mas cabe aos gegrafos elabotar o qua-dro demonstrativo
do litgio do mundo attwl. ~ ste o obje-tivo da Coleo "Tenas e
Povos") sendo que o presente vo-lume, guisa de introduo, faz o
inventrio dos problemas colocados pela situao atual da evoluo de
tda grande comunidade do mundo atual e das relaes entre estas
mes-mas comunidades.
6
ORIGINALIDADE DO MUNDO ATUAL
-
CAPTULO I
A EXPLOSO DEMOGRAFICA E SEUS COROLAR.IOS
As CRISES DE FOME e as epidemias, que, por muito tempo, foram
consideradas maldies dos deuses ou manifestaes da fataldade,
desapareceraP1., em nossos dias, da face da terra, pelo menos em
sua forma crnica. Mas a humani-dade est tomando conscincia de uma
contradio impor-tante de nossa poca, ou sej a, aquela que ope o
desejo de constante melhoria de sua condico ao crescimento
acele-rado do nmero de indivduos a satisfazer. o homem um
consumidor a partir do momento em que vem ao mundo. Nem sempre
possvel dar-lhe as bases e os meios para que se torne um produtor,
isto , para que garanta, de sua parte, o equilbrio entre produo e
consumo. Ora, o problema coloca-se de maneira diferente h meio
sculo, porque os dois t rmos da contradii,o sofreram uma mutaco
quanti--tativa, e um dles uma ml..ltao qualitativa ao me~mo tempo.
As necessidades e desejos suscetveis de serem satisfeitos
tecnicamente cresceram em propores enormes no decorrer dos ltimos
decnios e os modos de existncia, sob todos os 1).spectos, das
populaes mais bem providas financeira e tecnicamente foram mais
tmnsformados no curso de uma gerao do que o foram no decorrer dos
quatro ou cinco sculos precedentes . Mas a possibilidade de
satisfazer estas novas necessidades e stes novos desejos s foi
realizada em benefcio de uma minoria. E, para o resto da
humanidade, tudo transcorre como se seu crescimento numrico se
acres-centasse aos obstculos ou, pelo menos, aos entraves que lhe
tornam inacessveis os modos de existncia dos mais avanados. O fsso
tanto mais profundo quanto mais cres-cem os efetivos de homens que
ocupam a margem maldita de onde vem voar os avies para os pases
felizes. Na realidade, a nica e imperiosa necessidade de assegurar
o mnimo aos constantes excedentes de populao entrava
9
-"- .. - ~--"-------------------------------
-
qualquer perspectiva de investimentos destinados a elevar o nvel
econmico e sociaL No plano estritamente financeiro e econmico, o
nmero apresenta-se antagnico ao progresso. As possibilidades ({;~
substituir o investimento tcnico e fi-nanceiro por um
investimeYJto-trabalho, embora no sendo desprezveis, penrH.mecem
limitadas e, na maior parte dos casos, o acesso ao bem-d tar
generalizado tanto mais difcil ou problemtico quanto maim fr o
dinamismo demogr-fico. A contradio agrava-se com a situao
aparentemente paradoxal dos pases tnais avanados; esta situao
pretende qutl, para stes, o crescimento populacional possa ser um
fator de l"iqueza, porque permite acelerar as rotaes
pro-duo-consumo e diversificar os ciclos de produo, enquanto que,
de imediato, os pases subdesenvolvidos parecem estar econmica e
socialmente esterilizados pela impetuosidade do dinambmo
demogrfico. Contradio, paradoxo, mas, talvez, tambm perspectiva de
ruptura dsse aparente ciclo infer~ nal atravs de t ransferncias de
meios. preeiso, ainda, antes de qualquer outra observao da
conjuntura, tomar conscincia clara dsse fenmeno nvo, especlfi
c:amente con-temporneo, que ~ t~xploso demogrfica do sculo XX.
I .. c . E~bo s-u1rwrw da d;trib Hico atuaL da popular/ o
mtlndzl
A populao total do globo, em 1 de janeiro de 1964, foi avaliada
em 3 bilhes e 200 milhes de indivduos. Um pouco menos de urn bilho
vive em pases de economia in~ dustrial: Europa Ocidental (145
milhes), Europa Meridio~ nal (150 milhes), Europa Central (145
milhes), Unio So-vijtica (225 milhes), Amrica do Norte (210 milhes)
, J apo (:15 milhes) - 970 milhes.
Mais de dois bilhes ocupam o resto do mundo : mais de 1 bilho e
700 milhes os pases asiticos, menos a Unio Sovitica e o Japo, 270
milhes a frica, 225 a 230 milhes a Aml"ica Latina, menos de 20
milhes a Ocenia.
As mais impressionantes acumulaes humanas esto, natural-mente,
na parte subdesenvolvida: 800 milhes nas plancies e n as bacias do
leste do continente asitico, na Ch ina, na Coria, no Vietn do Norte
e nos arquiplagos no industriais (Filipinas, so-bretudo) , 750
milhes nas planicies das pennsulas da Asia Meridio-nal: a metade da
humanidade em menos de um quinto das terras F' 10
cultivveis. E, para esta metade da humanidade, a agricultura
per-manece, no obstante, a nica fonte aprcivel de renda. No
con-tinente afr icano, a descontinuidade e a disper so do
povoamento constituem a regra geral: na Africa do Norte, dois
grupos de po-pulao, o Magrebe e o. Egito (aproximadamente 30 milhes
de habitantes cada) , a leste da Africa e ao sul do Saara, uma
alter-nncia de grupos r elativamente densos (Etipia, frica Or
iental, Nigria) e de zonas de ocupao espalhada . A Amrica do Sul
tem um povoamento perifrico: a populao est localizada na orla
atlntica e nos planaltos andinos; o centro do continep.te est
prticamente vazio, embora desigualmente repulsivo vida e explorao
humana: 170 a 180 milhes. Ao contr rio, a concen-trao populacional
reaparece na Amrica Central e nas Antilhas (50 milhes).
Com exceo da populao japonsa que, alis, com suas for-mas de
organizao e existncia, ocupa uma posio intermediria entre as
populaes de pases industriais e as de pases de econo-mia e de
sociedades pr-industriais, as populaes que participam de uma
atividade de estilo industrial - ou tcnica e econmica-mente
desenvolvida - esto menos maciamente amontoadas que as populaes
chinesa e sul--a sitica. As concentraes ligadas indstria so
concentraes urbanas em meio a campos mais ou menos ocupados, s vzes
quase vazios (leste da Amrica do Norte). A maior parte
distribbli-se de ambos os lados do Atlntico Norte e est polarizada
na. Europa Ocidental, que foi o ponto de p8rtida dos homens e dos
tcnicos : 400 milhes, no conj unto.
Na Europa Oriental e na U. R. S. S ., o povoamento muito mais
disperso e a massa global da populao integrada menos nu-merosa :
300 milhes de homem;. O resto das populaes de nvel industr ial est
disper so no oeste do continente norte-americano, na Amrica austral
temperada, na Austrlia.
Um pouco mais de um bilh.o e trezentos milhes de homens ocupam a
zona temperada do hemisfrio Nort, 1 bilho e 8 milhes a zona trrida,
60 milhes, apenas, a zona temperada do hemisfrio Sul. Mas o
povoamento est long de ser contnuo. Os principais fatres fsicos da.
descontinuidade so a distribuio das reas cli-mticas, das massas
montanhosas e das ~randes florestas equato-riais, sem que haja
jamais uma relao d0terminista simples. A ocupao contlwa do
territrio avana alm do hemisfrio Norte em dire;o s altas latitudes,
tanto da fachada ocidental dos con-tinentes quanto da fachada
oriental. A reduo da amplitude tr-mica, a regu.larida.de e a
abundncia de precipitaes permitem que a vida agrcola e a existncia
permanente d e uma atividade eco-nmica diver sificada a tinjBm, e
mesmo ultn1passem um pouco, o parale lo 60. (.2uatro inmdes ~ belas
cidades europias esto acima do paralelo 60 ou muito prximas a le :
Oslo, Estocolmo, Helsinque,
Lenin~rado . Na Amrica do Norte, Qu.ebec e Winnipeg passam por
cidades pioneiras subrticas acima dos paralelos 47 e 50, isto , na
mesma latitude de Nantes e ele Franforte. Na Unio Sov itica,
Konsomolsque considerada como cidade herica nos confins do ecmeno,
na latitude de Arras. Tudo se passa, portanto, como se, do ponto de
vista do povoamento, a zona de ocupao humana das
11
-
-.------------------------~-------------~-----------
latitudes temperadas se apresentasse de forma triangula~, indo a
abertura em latitude do paralelo 35 ao 62 a oeste e estreitando-se
ao sul do paralelo 50, ou mesn:o 45 a l~,s~e (leste ~a Am~rica do
Norte Manchria Extremo Onente sov1etlco). A d1stnbmao das massa's
montanho~as influi considervelmente sbre a do povoa-mento, mas de
maneira contraditria conforme a latitude. A mon-
FIG. 1 a. - Evoluo da populao do mundo, po1 continentes, 1650 -
1960
tanha alta, sobretudo a montanha alta de estrutura macia, tem
uma funo repulsiva nas altas latitudes e nas latitudes mdias. A
alta Asia, o n montanhoso da Asia mdia, os altos planaltos
norte-americanos, de maneira geral tdas as massas montanhosas pouco
articuladas, mas abertas pela rde de vales da Asia, da Euro-pa e da
Amrica do Norte, so zonas refratrias ao povoamento. Inversamente, a
altitude funciona como corretivo aos excessos e s insalubridades
dos climas quentes. A Africa Oriental, os planal-tos andinos, as
montanhas do Ceilo e da Indonsia so refgios e meios de existncia e
de produo para o homem. A grande flo-resta constitui,
aparentemente, sempre um obstculo ao povoamen-to, mas ela mais
rpidamente penetrada e utilizada nas regies orientais, como a
Indonsia, o Sul da ndia e Ceilo, do que nas bacias interiores onde
a ecologia mais propcia aos antagonismos da vida humana, Congo ou
Amaznia.
Mas os fatres histricos do povoamento e de seu desenvolvi-mento
so, no final das contas, preponderantes. No existe nem
12
500
.......
...
.. ..
..
..
..
.
. ?>\. \-t' .
.....
..
'00 ~------ !')"'o---- -- - ~-----~-~---,-~=--
\950 1960 137[1 ISGO FIG. 1 b. - Evoluo da populao de alguns
pases ou grupos
de pases de 1950 a 1980 (previses)
fatalidade criadora nem fatalidade destruidora. As circunstncias
favoreceram em cada lugar, em dados momentos, opes ou coaes que
conduziram, mais ou menos demoradamente, a evoluo geral num sentido
determinante. Mas, seja qual fr esta evoluo, o fato atual mais
universal, mais dominante, porque o momento pre-sente no fornece
solues imediatas aos problemas que le prprio coloca, o crescimento
acelerado da populao mundial.
13
-
IL - A acelerao d o::; -rit1nos deTrWg?;iJicos
Calcular a populao mundial num passado r elativamen-te r ecuado
apresenta dificuldades bem conhecidas. Todavit. trabalhos histricos
m eticulosos permitiram aventar , cor u:na margem de rro
decrescente m edida que n os apro-ximamos dos tempos atuais, cifras
estimativas que expri-mem bem a evoluo do ritmo de crescimen to da
populao mundial. ,
Os historiadores pensam que, no in cio da er a cr ist, a populao
mundial elevava-se a 250 milhes e que levou v-rios milnios para
passar de 100 ou 120 m ilhes a ste n-:mero. Na metade do sculo
XVII, as estimativas so de 500 milhes; entre 1850 e 1860, os r
ecenseamentos e estimativas conduzem a uma cifra com preendida
entre 1 bilho e 100 milhes e 1 bilho e 200 m ilhes. Em 1950, a
populaco mun-dial elevava-se a 2 bilhes e 400 milhes. Em 1965>
ou 19G6 ter atingido 3 bilhes e meio. Em outras palavras, a po~
pulao do globo, provvelmente, dobrou entre a poca neo-ltica e a
poca romana, em alguns m ilnios . Dobrou, de nvo, em quinze sculs,
da poca de Dioclecian o de Lus X IV. Dobrou, ainda , entre o
reinado de Lus XIV c a me-tade do sculo XIX. Depois dobrou, de nvo,
entre a {poca de Napoleo IH, de Cavour, de Bismarck c da Gw rra d
f! Secesso e omomento atual, em um sculo. No r itmo a tual, dobrar
novamente em cinqenta anos .
Em todos os continentes, o ritmo no o m0smo. A po-pulao da
Europa, inclusive a parte asitica da Unio So-vitica, dobrou em um
sculo, de 1860 a 1960. Mas a da sia dobrou no decorrer dos ltimos
sessenta anos , a da Afr ica no mesmo tempo, a da Amrica do Norte
em quarenta anos, a da Amrica Latina em t1"inta anos. O pon to de
aceleraco do ritmo no se situa na mesma da ta para todos os pases,
como se pode ver em um quadro de distribuico dos efetivos dos
diversos con tinentes, em pcrcentlgem c .con1 intervalos
dr~ meio sculo. Os crescime~1 tos m ais cspetacuJ;:rrs so
-
16
~ l --. +,
~~' ~
-L- -------.~
~ o
/ ! -;:! i ~
-~ '-' /I ~ /~ u
- N Cf) ..f" Ui ! I r :~ ~~~ -~ ~ ''-~.2_{~----- ~~-~t~------~
-"=--~ -~ _-, _ _ . --- -- ~"~~ __ ' ___ ~: ~
limiar, que o da industrializao. Sem a criao de recursos ttovos
fora da agricultura, no poderia ser assegurada a base tconmica dste
povoamento e o crescimento demogrfico II : seria mais que m archa
para a catstrofe. A manuteno da populao doravante s poder ser
garantida por impor-taes macias de produtos alimentcios
provenientes de ou-tros continentes (principalmente da Amrica do
Norte). A t!Conomia saiu da fase de isolamento e tornou-se uma
eco-nomia mercantil, preocupada em equilibrar as importaes
indispensveis vida da populao.
A ndia conheceu, durante muito tempo, a mesma esta-bilidade
demogrfica aparente, feita de alternncias de en-saios de
crescimento e de catstrofes quase cclicas, come-
~;ando por um acidente m eteorolgico ou hidrolgico, sca, furaco,
inundao, rompendo um equilbrio aparente, de-sencadean do, confo rme
as r egies, escassez ou crise de fome seguidas de longo cortejo de
epidemias, de difcil eliminao. A populao, porm, tinha aumentado de
50 milhes por s-culo entre os sculos XVI e XIX. Atinge
aproximadamente 300 milhes no sculo XIX. As curvas regionais de
variao so representadas por senides cujo eixo de simetria
sub--horizontal o J . Cada concavidade corresponde a um ciclo de
fomes e de epidemias. A partir de 1920, o crescimento ace-lera-se:
400 milhes em 1941, 439 em 1951 (para ndia e Pa-quisto), 534 em
1961. O crescimento de 4 milhes por ano para o decnio 1951-1960 nos
dois pases: 18% da populao mundial em 140 milhes de hectares
cultivados, o que repre-senta uma densidade de 400 habitantes por
quilmetro qua-drado cultivado . Dado que as terras indianas so
menos ricas, m enos r egularmente irrigadas do que as terras
chine-sas, deduz-se que o limite de superpovoamento relativo
agr-cola j est de muito ultrapassado. A ndia vive graas s importaes
de trigo americano.
As projees demogrficas num futuro prximo levam a cifras que
parecem irreais: um bilho de homen s para a China em menos de vinte
anos (1983) - o equivalente da populao mundial h cem anos -, 560 a
680 milhes para a ndia, 150 milhes para o Paquisto em 1981, isto ,
para o conjunto da pennsula indiana e Ceilo, um total de 730 a 850
milhes.
(I) A. G EDDES, "Variability in Change of Population .. . with
example, In di a, Pakistan ... " Congresso Internacional de
Popula-o, Viena, 1959, pp. 578-586.
17
-
I
I
t i
li
Ora, si;E:entc o Japo quis e pde dm uma vigorosa freada ao
cr::scim cnto der,:ogrfico.
1930 1940 1950 1960 1970 1930
EVOLUCO E PERSPECTI VAS DE EVOLUC.\0 DA POPULAO J APONSA DESDE
1930 ATft 1980
G3,9 milhes 72,5 crescimento anual mdio 83,2 93 4
100' -105
14.5% 14 -12,2-7,1-5-
Sua populao con tinuar, entretanto, a crescer durante m ais de
vin te anos at 105-110 milhes de habitantes entre 1980 e 1990, se
se m antiverem as condies e os ritmos atuais de crescimento.
Os outros pases asiticos no parecem estar prximos de romoer o
ritmo de crescimento da mesma m an eira, com
exce~ da China de 2lgum tempo para c. A Indonsia, que tinha 7C)
m.ilhes de h abitantes em 1950 (95 milhes em 1961), ter, sem dvid l
, entre 120 e 140 milhes de habitantes em 1975; as Filipinas
passariam, no mesmo espao de tempo, de 20 milhes p3ra 45 milhes de
habitantes. Somente o Su-deste da Asia, onde o recenseamento (ou
estimativa) for -n ece u um tot al do 172 milhes em 1950, passar,
segundo as previses demogrficas da divisilo de populao das Naes
Unid~u, a ::iSO m ilhes de habit antes em 19801 1>.
A Afeica pa~cce um continente d.cmogrficamentc calmo em
comp.:-traco com a Asia, embora o crescim.ento seja o m esmo h
s~sscnta anos. que se trata, em verdade, de me.ssi.ls mcJ>Ds
nportantes . :Mas os fluxos demogrficos dos ltim os decnios so
impetuosos. A Africa, ao sul do Saara, tinha 115 milhes de h
abitantes em 19"10. Em 1961, seus efe-tivos elevaram-se a 171 m
ilhes : crescimento aproxim ado de 50 % em vinte anos (em nmeros
absolutos perto de trs rr..ilhes por ano) . A frica do Nmte oferece
bom exemplo d2 crescin cnto acelerado: em 1832, calculava-se para o
Egito uma popu lao de 7,5 milhes de habitantes. Em 1937, sua
po-pulao passala a aproximadamente 16 milhes. (15 900 000). Em
1961, j eram 26 600 000 de pessoas. O crescim ento anual
(I) O.N.U., Divio de Populao. Nova Iorque, 1960. Esti-mativa da
populao jut11ra ... IV relatrio: "A populao da As ia e do Extremo
Oriente, 1950-1 930".
18
ntdio foi , portanto, durante sses v inte c quatro Hnos, de '140
000 habitantes e de m ais de 2,5'/r, por ano em. m dia. A populao
muulman a da Acglia estava cstimnda, em I B56, em 2,3 milhes. Em
1936, o censo d 6 100 000 de pes-soas. Hoje, a populao ar gelina
eleva-se a 11 mi.lhes. Tam-bm aqui, a t axa anual de crescimento
para o ltimo decnio da ordem de 2,5rJc, . essas condic;es, as
previses para 1980, supondo constante o ri tmo, serilm de mais de
40 milhes para o Egito e de 17 a 18 milhes para a Arglia. Em 1980,
o Magrcbe poder ter entre 40 e 45 milhes de h abitantes.
A acelerao dem ogrfica mais surpleendente 6 a da Amrica L atina.
A surprsa tanto maior quanto a evolucilo da populao fra bastante
lenta at a metade do sculo XIX: em 1800, as diversas colnias d a
Amrica ao sul do Fio Gran-de totalizaVlm m enos de 25 milhes de h
abitant2S. Em 1850, contavam apenas 33 milhes . Bruscamente, a
porJUlnc;o do-bra quase em cinqenta anos: 63 milhes em 1900. Depois
vem a verdndeira exploso demogrfica da primeira metade do sculo XX:
162 milhes em 1950, 218 milhes em 1961. O cTescimento mdio anu;:\1
atinge a taxa excc~pcion al de 3,5% .
Um rnido eX1G50 52
11 ~/. 3,5 5
CRESCIMENTOS DE POPULAO DE ALGUNS P ASES DA Al'v!R! CA
CENTRAL
(EM MILHES)
Mxico ...... . . . ....... .. . . . 1920 14,5
1,:3 O,G 0,4
Guatemala Honduras Costa Rica .
1950 25 7 1,5 0,8
J. J61 73 14,5 10.3 7:5
lS'G l 36
:3,9 1 9
19
-
stes crescimentos, por mais impetuosos que paream em seu aspecto
geral, caracterizam-se, alm disso, por uma acelerao constante. No
Mxico, o crescimento anual mdio para os dez ltimos anos da ordem de
4% ! A curva de crescimento numrico bruto exprime uma progresso
seme-lhante progresso geomtrica. Nessas condies, as pre-vises de
167 a 194 milhes de habitantes para a Amrica do Sul tropical contra
45 em 1920 e 83 em 1950 e, para a Amrica Central, de 100 milhes
contra 30 milhes em 1920 e 51 em 1950. Somente o Brasil, que tinha
apenas 27 milhes de habitantes em 1920, ter de 98 a 113 milhes de
pessoas a alimentar em 1980. A Venezuela, que contava apenas 2,3
milhes de habitantes em 1920, dever suportar cinco a seis vzes
mais, sessenta anos mais tarde. No total, a Amrica Latina teria
aproximadamente 330 milhes de habitantes dos quais perto de 300
milhes somente para a Amrica tropical que dispe, atualmente, de
apenas uns cinqenta milhes de hectares cultivados. Aqui tambm no
estamos muito longe de um ponto crtico que, h muito, j foi
ultrapassado no N ardeste brasileiro.
Os trs grandes grupos de populao afetados atualmen-te pelo mais
forte dinamismo demogrfico, a Asia, a Am-rica Latina e a Africa,
tiveram sua populao aumentada de aproximadamente meio bilho de
indivduos em dez anos :
CRESCIMENTOS DE POPULACO DE TRS CONTINENTES, DE 1951 A 960
Amrica Latina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . 56 milhes
Africa
Asia
o o o
o o o
TOTAL
61
337
454
A cada ano, as populaes da Asia, da Amrica Latina e da Africa so
acrescidas de um efetivo igual populao da Frana.
No mesmo perodo, a populao da Eu Topa (excetuando a U. R. S. S.)
aumentou smente de 35 milhes , a da Europa Ocidental (Gr-Bretanha,
Pases Escandinavos, Europa dos Seis) de aproximadamente dez milhes.
?O
PREVISES DE POPULACO PARA 1980 POR CONTIN EN TE(! )
Europa e U. R. S. S . ... .
Nmeros absolutos
em milhes 800
Percentagem da populao
mundial prevista para 1980
212 ~n:rica do Norte ..... .
s1a ................ .. . Africa do Norte 3 ...... .
Afr~ca ao sul do Saara .. . America Latina . ....... .
260 2 000
140 260 330
III. - Os fatTes da dinmica de populao
7 53
3,6 6,8 8,6
As ~ausas diretas, fisio]gi~as, das bruscas aceleraes de,
~~escimento de populaao. ~ao _bem conhecidas. A ao mem.ca, .o
~a~eamen!o de r,egwes msalubres, a organizao da d1~tnbmao de
VIveres as regies ameaadas pela fome ~eduziram em propores
considerveis a mortalidade e, po~ 1sso. mesmo, permitiram que a
natalidade aumentasse e pro-duzisse seus efeitos demogrficos.
Em verdade, a diminuio do nmero de bitos de adul-tos e,
principalmente, de mulheres em idade de serem mes repercute
diretamente no crescimento do nmero dos nas~ cimentos. Alm disso, a
ao mdica contra as endemias sob~etudo contra a doena do sono e
contra a malria, redu~ o numer? dos abortos espontneos, provocando
o aumento da na!ahdade na .mesm~ prol:'or~o. Ao mesmo tempo, a
r:duao da m?rtahdade mfanhl da um sentido demogrfico novo aos
nasc1m~nt?s que correspondiaJ:? recentemente ape-nas a uma magernma
esperana de v1da. Embora a vida human~ continue mais fr~gil nos
pases tropicais e, em geral, nos parses subdesenvolvidos do que nos
pases industriais a ~opulao jovem dsses pases tal que as taxas de
mor~ tahdade tendem a aproximar-se sensivelmente das taxas dos
pas~s. de populaes mais idosas da Europa Ocidental e da Amenca
do Norte. Na Africa, na Amrica Latina essas taxas esto
compreendidas, conforme os pases e conf~rme as re-
(1) Supondo que se mantenha o crescimento taxa dos anos
1960-63.
( 2) (3)
Europ~ menos U. R. S. S. 10, U. R. S. S. 11. Inclusive as
populaes da Etipia e do Sudo.
21
-
11 i I ~ li
I I
i I
I i
gwes entre 12 e 20~: . Na Asia, elas so m ais elevadas : ~5 a 27
~1a ndia, 17 a 20 na China. Na Europa, as taxa_s ma~s elevadas nos
pases onde a populao idosa, como a Austna e a Inglaterra, so iguais
s taxas mais baixas dos pases subdesenvolvidos: 12%o. Na maior
parte dos casos, elas gra-vitam em trno de 10. As populaes
canadenses e as dos Estados Unidos tm taxas de mortalidade
inferiores a 10.
As taxas de mortalidade mundial diferem, hoj e, na re-lao de 1 a
3, e mais freqentemente de 1 a 2. Mas as t axas de" natalidade est
o compreendidas (em t rmos de Estad?s ou de enormes conjuntos
regionais) entre 50 e 15: a relaao neste caso de 1 a mais de 3. A
estabilidade Telativ~ das populaes da Asia, da Africa, at o scu~o
XX, proce~1a de um equilbrio a longo prazo entre mortahdc:;,de e
natahd~de . A natalidade apresentava-se como um fenomeno
quanhta-tivamente quase constante, superior ~ mortalidade
dur::::n~e perodos mais ou, m~nos longos ~crescimento ~e
populaa.~~; brusca recrudescenc1a da mortalidade em segu1da a clma
Cl ,,_e de fome e epidemias suprimia o benefci'? do crcscir~wnto do
perodo imediatamente precedente. HoJe,. a mortahdad.e foi
estabilizada numa taxa constante ou ligeiramente declr -nante a
natalidade continua submetida ao livre jgo da na-turez~ e na mcdidn
em que a populao em idade de p ro-criar en~ontra-se em melhores
condies de sade e escapa s h ecatombes de antigamente, as t axas
atigem valres r e-cordes. Num efetivo de populao recentem ente r
c>no':'ad?, portanto de composio bastan~e jovem, el~s podei"?
~tmgn e m esmo ultrapassar 50;{ . Em Imensas r egwes da As1a e da
Amrica Latina esto compreendidas entre 40 e 50, o que corresponde,
po1: alto, a umas de: crianas vivas por m~lher em idade de
procriar. A r eduao da taxa de ~ortahd ade para menos de 20 ;{,
basta para provocar um crescimento na-tural de 30 :{ , por ano. A
diferena e_ntre os pases de forte crescimento e os pa~ses de fraco
crescimento tem c.omo cau~a fundamental a desigualdade das taxas
d,e natalidade: No detalhe vemos aparecer matizes entre pa1scs de
natalidade muito alta, de fraca m ortalidade, pases de a l~a taxa
de l!a-talidade e de m ortalidade bastante elevada CUJas populaoes
aumentam irregularmente, m as a oposio maior aquela que concerne
aos pases n o industriais onde a d1fer ena entre as taxas de
natalidade e de mortalidade permanece, sempre, em trno de .20 ou
superior a 20~ e ?s pase~ da velha cultura industnal onde permanece
m fenor a 20 %o e, no raro, a 10% . 22
As taxas de n atalidade que expressam l realidade demo-grfica
dos pases no industriais da Asia so de 40 a 45%c, levan~o em con~a
um,a ~itua? sanitria ger almente m que abrev1a a duraao med1a da
v1da das mulheres em idade de pr~cria~ e m~ltiplica os abor tos
espontneos . ]';a Afr ica, a.s estlmatlvas sao da m esma ordem. Na
Amrica Latina, as taxas elevam-se a aproximadamente 50.
Elas correspondem a uma fecundidade natu.ral em con-di~e~
~eterminadas de_ ndice de mortalidade e de condies samtanas das
populaoes. Se nada intervier no sentido de limitar esta fecundidade
natura l, as taxas de na talidade ten-d~ro a eleva~-se at um teto
fi siolgw que corresponda ao n~~ero de cn~nas postas no m undo por
mulher que tenha VIVIdo e mantido a fecundidade at a idade da
menopausa (sendo. que esta pode ser ligeiramente r etardada com uma
melhon;;t ~eral das con~ies de higien
-
li
I
I
Conforme o dinamismo demogrfico de cada pa~, a com-posio por
idades da popul2:o. senslvelrr:ente dif~rent~. Os pases que
suportam o mms viclento crescimento sao pm-ses "jovens", ou seja,
aqule~ em que, por ser recen~e o surto demogrfico, as classes de
Idades ~de menos de trmta anos representam a maioria da
populaao.
COMPOSICO POR IDADES DE ALGUMAS POPUL~ES DE pASES DE RPIDO
CRESCIMENTO DEM09RAFICO
NO DECORRER DO LTIMO QUARTEL DO SECULO
ndia Paquisto Amrica tropical
Menos de 15 anos ...... 39 15 a 29 anos 27 30 a 44 o o 18,2 45 a
59 ... . .. . o o 10,8 60 a 74 . . . . ' . . . . . 4,3 Mais de 75
anos o 0,6
Menos de 15 anos ...... . .. . . . .. . . . 15-24 anos
.......... . 25-34 .. o 35-44 .. o ' o o . o 45-54 . o o o . o o o
55-64 ....... o o o o o 65-74 o o . o o o o. Mais de 75 anos
........... . .. ... .
42 41 27 26,5 17 17,4 9,5 10,5 3,8 4 0,6 0,6
Repblica Popular da China
35,9 17 14,6 12
9,3 6,5 3,4 1
Os servicos pblicos, a organizao do emprgo, o ensino e a forma~
de quadros devem ser, adaptados ~ essa e~trutura por idades. Ela
implica, tambem, certa. at~tude di~n~e da vida, diferente daquela
de populaes cuJa Idade media mais elevada. ~
Os Estados europeus so demogrficament~ velhos, nao obstante os
efeitos, desiguais confo;me os _pa~ses, da reto-mada da natalidade
em alguns deles, prmcipalmente na Frana, no curso d~ perodo
posterior Segunda Guerra Mundial. 24
COMPOSIO POR IDADES DE ALGUMAS POPULAES EUROPIAS
Menos de 15 anos De 15 a 29 De 30 a 44 De 45 a 59 De 60 a 74
Mais de 75
24 20 21 20 11
4
23,5 21 18,7 19 12,7
5,1
i~:~ ~-.~- ~1391:~ -21,6 20,3 21 12,3 11,5
4,1 3,5
As observaes feitas sbre a composio profissional dessas populaes
mostram que a idade mdia dos chefes de emprsas agrcolas, dos chefes
de emprsas industriais, do pessoal poltico, muito mais elevada do
que nos pases "jo-vens". Resulta da outra maneira de conduzir os
negcios privados e pblicos, outra psicologia social em geral.
Quanto mais rara a criana, mais preciosa ela , mas a juventude
muito menos ouvida onde as pessoas idosas ou consideradas como tais
representam a maioria da populao.
A segunda situao implica conseqncias mais graves: os pases de
rpido crescimento demogrfico devem retirar antecipadamente da renda
nacional os investimentos neces-srios para garantir a manuteno, a
formao e a entrada em atividade profissional dos excedentes de
populao, pro-venientes das jovens geraes, mais numerosas do que
aque-las que as precederam. De acrdo com as estruturas econ-micas e
sociais, a parte familial e a do Estado so desiguais. Mas, no
total, as estimativas feitas para pases diferentes, de nvel tcnico
e econmico diverso, fornecem relaes quase constantes: um
crescimento anual de 1% custa- para man-ter a estabilidade do nvel
de vida - 5 a 8,5% da renda na-cional; um crescimento anual de 2 a
2,5% supe uma imo-bilizao de 12 a 22% da renda nacional. Em outras
palavras, os pases que possuem, hoje, um crescimento anual igual ou
superior a 3% deveriam poder consagrar mais de um quarto de sua
renda apenas ao investimento demogrfico.
Esta despesa inevitvel. Aplica-se a operaes de nvel e de
finalidade mais ou menos elevados, conforme os graus de
desenvolvimento das populaes interessadas. Mas, sob pena de no
poder assegurar a existncia material das ge-
2.5
-
raes ascendentes ou de provocar concorrncias, t:gic~s entre
geraes ela deve ser consentida. Do cont:ano, nao sendo aument~da a
renda naciona~, ~1o estando ~ JUve.r:t:de preparada para ingressar
numa atividade produtiva, baixa o quociente individual, agrava-se o
des~mpre~o . , , .
No se trata, evidentemet;t~, de mvestll'T!-entos ester~Is .
construir habitaes, disp~nsanos e matermd:des, esf~lai ectdios
novos empreend1mentos para oferec~r trab~ ~ ~ ula,..es mais
numerosas assegura, no plano qc:antltatlvo ~ ~o plano qualitativo
as condies de um crescimd ento da renda nacional. Com 'uma condi~_?
, entretanto, e qu~ ~ te-ritrio nacional esteja em cond1oes de
receber, proyeJ.to sn~ent'-' 0 afluxo populacional considerado . A
9-uesta_o co-l~ca-se ~portanto de modo diferente , conforme a
mter:sid~~e da re~so dos efetivos de populao sJ;>re a econom1a.
A a , pais difcil de ser abordada nos pa1ses de subemprego ~rruico
e potencial bruto limitado, d? que naqueles emt que efetivos novos
podem permitir a cnao de novos se ores
eo rficos ou tcnicos de l?rodyo .. Em todos os casos, o
gr"'fcimento demogrfico exige mvestlmentos a longo prazo cu"' so
infinitos se a populao continuar a au:mentar. Sur-qp e assim uma
incompatibilidade entre cresc1mel?-to demo-g;~fico e ~levaco do
nvel de vida mdio .. Se cons1de~armos g ue sobretudo ,nos pases
pouco desenvolvidos,_ a m~ugem da ienda nacional suscetvel de ser
bloqueada a f1r~ de, au.~~ntar os meios de produo no pode na
ultrap~ssur "-um e r o do total tornar-se-ia impossvel, c_aso o
_crescnnen co natural ultra a;sasse 3%, fazer qualquer
mvestlme:r:-to de ~esen;:ol~
pto pois tda a parcela da renda nacwnal d1spon. ue. VImen ' "d 1
d as "damo oara investimentos seria absorvi a pe as ~spes '; ; -
rficas". Alm disso, tda vez q~e. a pressao. dem~graLca ~briga a
transpor um limiar tecnolog1c? n~ eq:-upam:--nto na-
. onal po- exemolo criao de novas mdustr~as, ex1ste pro-~~bidad~
de exed~r a taxa mdia dos invest:mentos demo-grficos: a formao dos
jovf!ns torna~se m_a1s dem?rad:o: .e mais dispendiosa, os meios de
produao ex1~em _a ln;_~~lhL.a :o de fundos mais importantes, de
amortlzaao me'-" ou
" menos lenta. " , . . Se verdade, em trmos absolutos, _ q'-:e
as un;cas n-- homens" e que a popula('ao e uma forca de quezas sao
os , =< t , 0 u produo por excelncia, segue-se que um cresc1men
o .P P -
lacional contnuo implica um constante aum e.r:to dos
mve:-timentos demogrficos tirad~s da r;nda nacwnal, ap~p-"'s para a
garantia de conservaao do mvel de renda antet lor-
26
mente conquistado, com a ressalva de que o meio natural ou o
espao nacional disponvel se preste a uma mobilizao contnua de novos
meios de existncia. Existe, portanto, an-tagonismo entre
crescimento demogrfico e desenvolvimen-to, na m edida em que se d a
esta palavra no o sentido de simples aumento das produes brutas,
mas o de uma pro-moo qualitativa da produo que implique num aumento
do quociente individual da renda. A presso demogrfica fator de
estagnao da renda per capita. Limita a opo dos investimentos e,
conseqentemente, pode ser fator de agra-vamento do atraso tcnico,
pois afasta as disponibilidades financeiras das operaes de
progresso tcnico e da criao de novas formas de produo.
Ora, basta recordar as observaes feitas sbre a distri-buio
geogrfica dos mais fortes crescimentos de populao (fig. 2) para ver
que so precisamente todos os pases sub-desenvolvidos os que possuem
os mais fortes crescimentos. De acrdo com as observaes e as
estimativas numricas precedentes, podemos considerar que todo
crescimento supe-rior a 2,5 ou a 3% por ano implica um verdadeiro
bloqueio do desenvolvimento. Pode haver crescimento da produo em
funo simplesmente da capacidade de produzir dos efe-tivos
crescentes de populao, mas no existe desenvolvi-mento, pois o nvel
econmico e social da populao per-manece estacionrio. Foram tentados
paliativos em diversas modalidades de mobilizao de trabalho
gratuito (investi-mento-trabalho) para reduzir a parte do esfro
propriamen-te financeiro no investimento exigido para a absoro dos
excedentes demogrficos ou para o desenvolvimento. Atin-giu-se logo
um ponto de saturao. Em verdade, o dilema sobremaneira grave, visto
que pe em confronto o cres-cimento demogrfico e a independncia
econmica dos pases interessados. No existe desenvolvimento possvel
para pa-ses de forte crescimento demogrfico sem ajuda financ eira
estrangeira, seja atraindo crditos de ajuda e de investimento, seja
alienando recursos nacionais vendidos ao exterior a fim de aumentar
a renda nacional.
Inversamente, a lentido do crescimento demogrfico nos pases
industriais e o envelhecimento das populaes colocam outros
problemas econmicos. A Europa Ocidental, onde as taxas de
natalidade baixaram considervelmente durante a primeira metade do
sculo XX, mas onde as condies sa-nitrias melhoraram constantemente,
suporta a cargaJde con-tingentes numericamente importantes de
pessoas idosas que
27
-
I li I
r'
lr/J
I
l i
no podem e no desejam mais .exercer qua~quer ~tividade
profissional. A Frana,A qL!-e,reg1strou. a mais co~t~nua _das
correntes de "recrudescencw da natalidade, deve ra"'er frel:--te no
curso do perodo atual, dupla obrigao de garantir co'ndies de vida
satisfatrias a mai~ de 17_'/ de pessoas cot;n mais de 60 anos e de
proceder aos mvestu!lentos demo~r~ficos correspondentes ao
excedente de nascimentos dos 1flh-mos quinze a vinte anos. A
procura ~e trabalho em.p~nodo de expanso econmica e desenvolvimento
das a~IVldades de servios pblicos superior of~rt~. Resulta da1 o.
aban-dono das profisses reputadas ma1s mgratas ou. ma1s mal
remuneradas. Os pases industriais de fraco crescimento de-mogrfico
recru!am tr.ab~lhad_ores para certos set~res de sua economia
atraves da 1m1graao: mmas, construao e obras pblicas, trabalho~
perigosos ou insalubres. . . M~~mo a eco-nomia norte-amencana que,
entretanto, se benef1c1a de uma fecundidade bem superior da Europa,
obrigada a recorrer aos prto-riquenhos ...
Seramos tentados a ver, nesta necessida~e de mo-de--obra das
economias industriais de fraco crescimento demo-grfico, uma
perspectiva de compe!lsao dos excedentes ~e populao dos paises
subdese_nvolv1dos. Mas, a. despropor_ao entre o gigantismo do
crescimento demogrB:fiCo dos pm~es subdesenvolvidos e a exigidade
das necessidades de mao--de-obra suplementar das economias
industriai_s d.e ta) .or-dem que n~ :r::ode haver ne_?huma
compensaao .antmeti~a. No resta duv1da que a Gra-Bretanha re~ruta.
hmdu~ ~ Ja-maicanos, a Frana, africanos, todos os pm~es mdustna1s
.do Noroeste europeu, italianos, para det~rmmadas categonas de
trabalhos. Trata-se, todavia, de efetivos da ordem de al-gumas
centenas de milhar~s, s vze~ de milhe::s. Os ex.ce-dentes de
populao da As1a, da Afnc~, ~a Amenca Latma podem ser estimados em
dezenas de mllhoes.
28
CAPTULO II
UMA NOVA REVOLUO INDUSTRIAL
As .RELAES ECONMICAS E sociAIS, at a Segunda Guerra Mund1al,
foram definidas em funo de tcnicas oriundas da 11tilizao da mquina
a vapor e do alto forno. Com efeito (J trmo revoluo industrial
torna-se cada vez mais impr~ prio, na medida em que se trata de uma
fase de transfor-mao ~ontr:u.a e aceler~da e no d~ um simples
acidente, por ma1s dec1s1vo que seJa na evoluao das tcnicas da
eco-nomia e da sociedade. '
bem ve~dade q.ue a introduo do carvo, da mquina a vapor, da
siderurgia, da navegao a vapor e da estrada de ferr? sub_verteu as
relaes sociais e gerou a sociedade 'ndustna_L ~ verdade, tambm, que
a acelerao dos pro-gressos tecmcos aumenta as contradies e as
oposies entre classes de produtores e classes de trabalhadores na
medida ('m que a definio essencial da sociedade a d~ uma socie-dade
de produtores, isto , de uma economia que trabalha, :111tes de
t~do, para o equipamento, para a criao de meios d~ p~oduao . Mas
surge outra contradio entre o progresso lccmco e o trabalho. E,
nesse momento estamos em con-dies de perguntar se no se realiza
outra revoluo por-
-
ao mdica apropriada, as condies de rompimento do equilbrio de
uma populao estacionria. Em outros tr-mos, a revoluo industrial o
duplo fruto do desenvolvi-m ento da cincia aplicada no domnio das
tcnicas de mi-
nera~? e,.metalurg~a e no ~a medi~ina. A "revoluo de-mografica
teve aqm um carater particular, ao mesmo tempo que uma significao
circunstancial muito importante. O fato nvo a brusca reduo da
mortalidade, especialmente da mortalidade infantil, libertando o
movimento ascensional impulsionado por uma natalidade que continua
elevada, so-bretudo nos campos. Durante meio sculo, a Europa
Oci-dental conheceu crescimentos naturais prximos a 1% por ano
(~atalidade compreendida entre 25 e 35, mortalidade de 15 a 2b%c ).
Esta presso demogrfica alimentou o nvo mer-cado de mo-de-obra,
nascido com o desenvolvimento indus-
tl~ial, e forneceu efetivos importantes (que diminuam me-dida
que aumentava a procura da indstria) emigrao, a qual assegurou as
bases da ampliao dos mercados indus-triajs e as f~cilida,d~s de
abastecimento em matrias-primas e generos ahmenhcws para a nova
sociedade industrial. Em
segui~a, ste movimento moderou-se, em conseqncia da reduao geral
da natalidade na Europa Ocidental (taxa m-dia de 15% entre as duas
guerras mundiais), exatamente no momento (~no sem que ten~a havido
algumas relaes de
ca~sa e efeito) em que as pnmeiras grandes crises econ-micas
provocavam o desemprgo e reduco do mercado de trabalho. ,
1. CARACTERSTICAS ORIGINAIS DA REVOLUO INDUSTRIAL DO SCULO
XIX
O ~esenvolvim:=nto das novas indstrias: minerao, si-~erurgi_a,
metalu~g1a pesada para pro,duo de equipamento mdustnal, de
eqmpamento de obras publicas (estruturas me-tlicas de pontes), de
equipamento de transporte (trilhos va-g_es, lo~om,otiv:as,
n~vi_os), de g~indastes para as docas, po~tos, mmas, mdustna
qmmiCa, nascida de transformao da hulha em coque para a siderurgia,
a renovao das tcnicas das indstrias tradicionais como a indstria
txtil, vm acompa-nhadas de poderosa mobilizao de mo-de-obra na
indstria e nas novas modalidades de transporte. Somente na Franca a
populao empregada na indstria passou de 4 600 000 em 1366 para
~proximadamente 8 milhes em 1911; o Imprio alemao, apos 1871,
conheceu um recrutamento ainda maior 30
de sua populao para as fbricas e minas. Em 1913 mais de 40
milhes de alemes em 65 milhes vivem do tr~balho de 10 milhes de
operrios da indstria e de empregados em transportes martimos,
ferrovirios e fluviais. Na Gr-Bre-tanha, a populao ativa empregada
na indstria e nos trans-portes elevou-se, em menos de um sculo, de
3 para 7 ou 8 milhes. No total, a revoluo industrial mobilizou, na
Euro-pa Ocidental, em duas ou trs geraes, mais de 20 milhes de
operrios. A populao operria total eleva-se, s vs-peras da Primeira
Guerra Mundial, a uns trinta milhes de indivduos, sustentando uma
populao de mais de 100 mi-lhes de pessoas e dando um poderoso
impulso ao desenvol-vimento das profisses comerciais. Em 1929, ano
que pode ser tomado como o de maior plenitude de empregos
resul-tante das caractersticas e processos especficos da primeira
fa?e da industrializao da Europa, a populao ativa indus-tnal eleva
.. se a aproximadamente cinqenta milhes de tra-balhadores e a
populao que vive de salrios industriais a 200 milhes de
pessoas.
Os dois grandes fatos so, portanto, o crescimento rpido da
produo de equipamentos e de meios de produo de deslocamento e de
comunicao de tipo completamente nvo em relao s tcnicas e formas de
vida do sculo XVIII e a formao de uma classe operria que, somente
ela. tem Lantos representantes no incio do sculo XX quantos 'eram
os habitantes no mesmo espao geogrfico um sculo antes.
O primeiro dstes fatos introduz uma discriminao sem precedentes
entre dois conjuntos de pases e de homens: aqules que fabricam e
que possuem os novos meios de pro-duo, de comunicao e tambm de
destruio e aqules que no os possuem e esto sujeitos, a curto prazo
a supor Lar a lei dos primeiros. '
O segundo tem como resultado uma reclassificao geo t~rfica e
social das populaes. A indstria criada no sculo X~X sempre uma
indstria geogrficamente concentrada, seJa condensada nas regies
mineiras que lhe fornecem ener-!{ia (bacias carbonferas), mais
raramente nas bacias de mi-nrios m etlicos (siderurgia lorena), ou
tenha proliferado c ~m t~rno _de centros de convergnci~ de
~ransportes, que Lamb':m sao ~~rcad_os e cen.tr?s de
fu1_anciamento. As po-
pulaoe~ operanas sao, contranamente as populaes rurais,
populaoes concentradas, populaces urbanas densamente co!llprimidas
nos espaos industriais, nos conj~ntos de casas mmeiras e nos
bairros operrios construdos rpidamente,
31
-
;\ I li li
li
li
li
li
\\ I li i' \1 I i 1: I i
! 1 I
~i
';
no menor espao possvel c a .preos baixos. Ale rcvolu_o
industrial o motor do crescimento das c1dadcs era o comer-cio e em
'alauns casos a iniciativa militar e administrativa do pbder. A
partir da' m etade do sculo XIX, a cidade, n_a Europa Ocidental,
passa a ser um pr~du!o do dcsen_volvl-mento industrial. Ou
constitui uma cnaao total da mdus-trializao: as cidades das bacias
mineiras da Gr-Breta~ha, as do Rur as da bacia carbonfera
franco-belga, as clda-des da indstria txtil do Lancashire ingls
etc., ou ento uma cidade antiga submerge na expanso de seus anexos
industriais.
As populaes oper~ias aglomeradas nos no_vos bairros operrios ou
nas novas c1dade~ :_ndustnms ~onshtuem mas-sas, uniformes, dadas as
cond1oes e rela~oes de . traball~o, dado 0 nvel econmico, o
habitat. A soc1edade mdustr~al toma uma configurao radicalrr:-ente
diferente, das ~oc~edades rurais anteriores e das soc1edades dos
paises nao m-dustriais contemporneos. Mas ela vai ~ms~ar. s~us
efetivos nas camadas rurais, que as formas de d1stnbmao _da renda
nacional c a desigualdade dos inves~imentos_ de eqUtpa~ento
castigam de tal m aneira, que se yeem ob~Igadas ao exodo.
Uma organizao sempre mais co~pt~cada do ~ercad_o aumenta o nmero
de empregos de dueao comerc1al e fl-nanceira. O Estado toma a seu
cargo um nmero sempr_e m aior de servios. A populao ativa empr~g~da
nas admi-nistraes pblicas, no setor privado. da~ at_1v_1dades
_c0~11erciais e financeiras aum enta. Mas a d1stnbmao prof1ss1onal
da populao d, sempre, uma prepondernc~a bem maior s atividades
produtivas ou que contnbuam diretamente para a produo_ (obras
pbl~cas, transportes) .. Entre 1926 e 1929, para o conJunto dos
pmses da Europa Oc1dental, as popula-es ativas agrcolas,
industriais e emprega~as e~ trans-portes representam 70 % do total
das populaoes ativas (Es-tados Unidos da Amrica 66 % ).
2. APARECIMENTO DE UMA NOVA SOCIEDADE INDUSTRIAL
A crise da dcada de 1930 contribuiu para estim_?lar pes~ quisas
- destinadas a reduzir os cust?s de produ_ao e pro-vocar aumento do
consumo- com o flto de reduztr o t empo de trabalho e, em
conseqncia, o nmero _?e trab':llhadores empregados para realizar_
uma dad~ produao. Ela maug~ra , primeiro nos Estados Umdos, depo1s
na _Eu::opa, um peno_?o de novas transformaes dos processos tecmcos
de produao,
32
que vo ser acelerados pelo esfro industrial ligado Se-l(unda
Guerra Mundial e a suas conseqncias (guerra fria ~~uerra da Coria
etc. ) . '
Tdas as caractersticas da revoluo industrial do s-culo XIX vo
ser postas de nvo em questo: o modo de mcorporaioo da quantidade e
da qualidade do trabalho no processo de elaborao do produto acabado
a natureza e a t'orma_o ~a m o-de-obra empregada, a proporo entre
po-p~laao ahva d1retamente produtiva e populao ativa no d1retamente
produtiva, os princpios e as modalidades de implantao geogrfica das
emprsas e do desenvolvimento urbano, sem que estas modificaes levem
a uma nova es-trutura da economia e da sociedade industriais. Estas
trans-l:ormaes apenas do incio a novos processos, cujos pontos de
chegada so ainda difceis de definir, mas dos quais j se sabe que so
profundamente diferentes na essncia e na eficcia, daqueles que os
precederam. '
_ Primeir o_ t em a de transf~:mnao: o m odo de incorpora-(;ao
da quantidade e da qualidade do trabalho nos processos de elaborao
dos produtos acabados. O t cmno de trabalho exigido para as operaes
brutas de produo no mais se compara com os tempos de trabalho
exigidos h vinte anos pelas mesmas operaes. Esta reduci..o
denominada aumen-to da produtividade - ou melhor, "do rendimento -
do tra-balho. Mas a condio para essa tnmsformaco o inves-timento de
capitais e de trabalho, inclusive um" trabalho alta-me~te
qua!iiicado de pesquisa para a realizao de novos t:news m ecamc?s
cl~ produo. A diviso do trabalho para fabncar um obJeto e cada vez
mator, mas de agora em diante ela se efetua em vrios nveis tcnicos
e funcionais diferen-tes, geralmente dentro de emprsas igualmente
diferentes. Assistimos a uma espcie de proletarizao dos fabricantes
d.e pro?-utos aca)Ja~os em relaC? s emprsas poderosamente
fmanc1adas e ~ecmcamente mUlto bem equipadas, as quais produzem ou
tn'l.:cntam os novos engenhos e os novos pro-cessos de
fabricao.
. Muda a m;turez~ da mo-de-obra empregada. A unifor-mldade
proletana da lugar a uma sociedade industrial cada vez mais
hierarquizada, embora conservando-se fundamen-talmente dependente
da posse do capital pelos "mestres-de-
-~?ras", muito mais do que no passado, dado o aumento
fre-quentemente gigantesco do volume dos investimentos neces-
sr~os. Esta nova ~ociedad~ industrial conta sempre com mais
quadros e mms pesqmsadores de alta especializao,
33
-
j
recrutados entre os a~u_nos sados das U~iversidade~ ;e das
grandes Escolas espec1ms, com qu~dro~ med1os proven.entes do ensino
tcnico aps uma escolanzaa~ de pelo menos one anos e com opernos suj
eitos ~ ?:eer~oes de com:ndo e ~ contrle que exigem grande
vigllancw, mas, em t~o~a , me nores esforos fsicos e movimentos. Os
trapal?os n c::o qua-lificados so trabalhos de condutore,s d_e
maqumas simples. Continuam a exigir aes desagradaveis a:eenas em
algu~s setores cada vez mais limitados da construao, das obras
pu-bl'cas das minas. Existem cada vez menos pessoas, nas
so-ci~dacles industriais, que queiram faz~r s~es tra~a~hos , que
passam a ser, em todos os grandes pa1ses mdu~tnars, ~raba~ lhos de
imigrantes. A estrutura da socied":de 1~dustnal f01 alterada
profundamente. A melhor ~rova disso e que os con-flitos do trabalho
no so mais con_:Irontos en~re o proleta-riado e um patronato
tradicional. Estes confhtos poem em questo 0 problema global da
distribuio das ren~as da produo entre a rend.a dC? cap~t_al, o
orame11:to. ~o ~stado e um conjunto bastante d1versiflca~o d.e
proflssw:0a1s, que recebem remuneraes bastante desiguais em funao
de sua posio no esquema tcnico da emp:'sa o~ d.o complexo de
emprsas complementares e de ser~nos pubhcos. .
Os trabalhos de pesquisa - mclusive os de pesqms.a pura,
indispensvel para ~lim~ntar ~e temas novos a pesqm-sa aplicada -,
as operaoes fmanceir as ,cada vez mms com-plicadas simplesmente por
causa do .desdobramento ~os ~ro: cessos industriais em esquemas
mais complexos a 1pteg~ar grande nmero de emprsas. diferentes e a
yers~r sobre m-vestimentos com prazo desigual de am_?rtlzaao, m~s .
em geral long?, a di\.:ersifica_o das PEoduoes a comerc.lahza~ e a
necessidade d e uma mformaao sempre mms ~lfer~~ ciada sbre a evoluo
da oferta de produtos e a ~Ivers.Iflcao de meios de produo so,
entre o_utros, fat~r~s Im-portantes de desenvolv~me_nto de n~vos
t1pos de atlvid~de~ profissionais, indispens~v:e1s ao eqmp~m~nto .
dAas empresa., das operaes industn ms, mas que na? mter v~m
c~ncretamente nos processos de produo. A senedade d
-
_/ ' - -
-7- / ;/ /_ rA i I - - - - -/ -I I I ,f D 'c::/ 7 I I ! ' f I /,
I I / ' / / _, I I I FIG_ 3 a. - Produo mundial de energia em
1913
Tdas as fontes de energia convertidas em equivalentes-hulha.
Ctfras em milhes de toneladas de equivalentes-hulha
FIG. 3 b.- Produo mundial de energia em 1963 Tdas as fontes de
energia convertidas em equi valentes-hulha. Cifras em milhes de
toneladas
'-"> de equivalentes-hulha -..;)
-
I I jll
! 11
I 111 li I
\
na f brica, e dos futuros oper rios no se ex ige outra pr
e-parao alm de uma correta instruo pr imr ia elementar. A evoluo
tecnolgica do sculo XIX consiste, essen cial-mente, em reduzir a
complexidade dos m ovimen tos e gestos, com uma maior diviso do
trabalho e com uma estandardi-zao das operaes (taylorizao, t r
abalho em cadeia, cro-nometragem das operaes etc.). Os rendim entos
do t r a-balho aumentam, sobretudo nas grandes fbricas organizadas
segundo mtodos elaborados n a Amrica, m as n o ex iste alterao
propriamente dita na essncia do trabalho, que permanece sendo um
conjunto - decomposto em gr ande nmero de unidades elementares - de
gestos que contri-buem diretamente para a elaborao progressiv a do
produto fabricado. "Trabalho em migalhas" Ol , mas deix ando
perce-ber, na gra~de maioria dos casos, o efeito do gesto pr
odu-tivo. A mquina ou a mquina-ferramenta sem pre, como seu nome
indica, um instrumento que aumenta a eficcia do gesto do operrio,
introduz, entre seu impulso e seu efeito , o multirilicador da
aplicao da energia m ecn ica, mas con-tinua a fazer o trabalho de
uma "ferramenta".
Em menos de meio sculo, por uma sucesso de muta-es bruscas,
vemos surgir novas fontes de ener gia, novas matrias-primas, uma
quantidade cada vez maior de produ-tos fabricados, que se vo
eliminando reciprocamente por meio de processos de concorrncia
tcnica e comercial em que o vencedor quase sempre a indstr ia
qumica. A m -quina deixa de ser um simples auxiliar do h omem para
trans-formar-se num substituto do homem e, em casos extrem os,
ultrapass-lo, realizando operaes que le incapaz de fazer no prprio
domnio dos mecanismos e criaes da intelign-cia (ordenadores
eletrnicos). O espao conquistado nas trs dimenses por meios de
comunicao e de r elao que tendem para a instantaneidade
(deslocamentos e com unica-es com velocidades supersnicas) . Na m
edida em que o homem inventa e constri mquinas que ultrapassam de
longe seus prprios ritmos de realizao e de trabalho, a prpria noo
de trabalho posta novamente em questo.
1. MOBILIZAO DE NOVAS FONTES DE ENERGIA E DE NOVAS
MATRIAS-PRIMAS
Em 1913, o conjunto da indstria mundial assentava-se num consumo
de 1 213 milhes de toneladas de carvo. A Amrica do Norte produzia
menos de 550 milhes de t oneladas, a Eur opa Oci-
(1) G. FRIEDM ANN, Paris, 1956.
38
dental aproximadamente a m . . ~~np~~~o~lo malis de 100
milhe~sd: t6~~1;daasdeo, o resto do mundo . eo e evava-se a consumo
mu d' 1
pamg:to !:lidreltrico dav~~:e~ss ~r7 IT_1 ilhes de toneladas e 0
~q~~de do~~qbD~t_a andos mais tar de, o ~~~~~!,~s~: no _N _?rts dos
Alpes. ind . oes. e toneladas - ~a.t v ao e da ordem me;:;~r~l qtue
ef mais do dbro d.f~: 1~~a defl
-
I~
I I I
, . f t de energi.a com relao - Reduo do pso da maten~t~;\!ves
de petrleo, dos quais
potncia clesen??olvtda. - Os f?d o na aviao 0
querosene, 0 mais conhecido, POf s~a. uI Iza om relao a ;eu
pl\so. Oscar-desenvolvem U!fl!l potencia Imensa cro ulso dos
foguetes e das n~burantes ~spec:ms empregad?Ja~~ ~in~a maior. So
obtidos rendi-vcs espaciais tem uma capacl ados a partir do urnio,
sobretudo mentos teric?s, bem mars t/v -o total (urn io 235) , mas
a van-em forma de. J.sotopos d~ u .. I tha~~co neste caso,
contrariada pe~o tagem energetlca do ma erra -o c~ntra as r adiaes.
Se o uramo pso dos revestimentos.d~ pro;e
-
li '
I ,.,
~ ri
li 'I ~ i, I
I .i I i li : ;[ ' :
I
i li
1
1
1
11 11
I ! I. J i
2400
2000
.
-
' l l~ l I H .[1'11 l ljt\1 I .. j;j f ''l'l .. ,, ~I! 'i ij, ~I
,,r,J i 4~ , ,
. ~~I t/,, ,;1
I .I i+ iil ~i I+ ~ ~' 111 1, ,1,
1.~ llu i''' j lil lilll
~ ~Ji l'' '"il
I~ ~"~! I''' h!
! I~ I ~~~~~~ i' ~ .. ~,
I.' ,~1 ""!11:1 I .~,, .qlll,ili
1411 Ih I ' I 1 1 11 ~ !
\ ' 1\
!1 1, 11:1'\'
~~~i ' li~ .w~=
l;,,,,,,lilo ilii., ll'ill lll lll !
llol ~ ,1111\ .11111
liiJ .~1\ .lj~ . Jidll 1\ju, '1!~\
, ,~~~ ~~1 . r
,q,\1.,,11 111~1
! .;; ;;~1 \1 I .h1i,:l
Enquanto as produes minerais clssicas quase que c~obraram em 10
ou 15 anos (1948-1963) - ferro, mangane?, cobre, cromo, chumbo,
nquel ... - a procura de cobalto }r_l-plicou, o consumo de alumnio
quadruphcou, a de magnes10 val"iou , segundo a conJuntura e os
preos do m ercado , de 1 a 10 .
"' "' '"d ~ "' ~ ?00 s "' 't
"' "' o ;S ~
tC O
FIG. 4 c. - Evohto da produo de ao d e 1913 a 1964
2. A DIVERSIFICAO DOS PRODUTOS E A IMPORTN CIA CRESCENTE DA
QUMICA
A lista de produtos industriais aum enta constantemen~e. No
somente 0- nmero de peas que intervm n a construsao de uma m quina
ou de um aparelho - e em _ seu conserto
aumenta em fun o da crescente complexidade das fa-
44
bricaoes e dos efeitos da concorrncia. mas tambn:t o ca-tlogo de
produo de uma determinada indstria torna-se, a cada ano que passa,
m ais completo.
Dois fatres intervm nesta proliferao da produo: a ~?mphcaao ,
dos processos de fabricao industrial, que utlhzam um numero sempre
m aior de ferramentas de pro-du_o, e _o aumento do nmero de
produtos industriais postos no c1rcmto dos bens de uso coletivos ou
individuais: mate-rial de transporte, aparelhos domsticos,
equipamento para residncias, comrcio, escritrios . . .
No plano tcnico, o uso da eletricidade contribuiu
par-ticularmente para a diver sificao e a vulgarizao do em-prgo da
m quina, porque permite acionar, a qualquer ritmo, os m ais diver
sos m ecanismos, indo da mquina r egistradora a? aparelho de t
eleviso, do or denador geladeira, mas tam-bem do eletr om de grande
potncia ao mais simples dos aparelhos de contrle. Mas o papel mais
importante cabe qumica que,_ P?r . suas qualidades de sntese,
forma, prti-cal;nente ao 1~hmto , novos corpos, conforme as
aplicaes p1_:at1cas 9-ue deles decorrem . A qu1m1ca moderna por
pouco na o reahzou o sonho dos alquimistas da Idade Mdia ao elabor
ar as matrias industriais mais diversas a part: de produtos de base
os mais comuns, como o carvo a linhita o p~trleo , o _gs, na~ural
?u . a rr:adeira. A ve:dadeira origi ~ nalrdade da mdustna qmm1ca e
que ela esta presente em tod?s os processos de fabricao e fornece
produtos de u so ou m strumentos de produo a tdas as atividades
humanas de uma civilizao tcnica. No exist e separao tecnol"ica
entr~ a qumica e a metalurgia diferenciada; a qumica'"in-tervem em
todos os processos de purificao da energia est prese~te no
trata!ll~nto do petrleo, dos gases, como n~ ela-bor_aao das
_condroes de produo de energia atmica . Por mew dos do1s grandes
ramos de colorantes e deter O"entes e da fabricao de matrias
plsticas, a qu mica pen~tra em to,dos os gArau~ da vida quot!diana,
s~~ge, primeiro, nas in-
~ustnas texte~s como substanc1a aux1har na preparao de tmturas e
polimentos. Hoje em dia, ela se coloca entre os fornecedores de
matrias-primas. Amplia constantemente seu merc~d
-
iniciativa do produtor menos aparece, dada a riqueza de recursos
das t cnicas e dado que a oferta pode sel' &rande-mente
diferenciada em espcies de produtos e, tambem, em preos de
fornecimento.
3. NOVAS TCNICAS DE PRODU...O
provvel que o perodo ::tual ven_ha a ser ca:acteri-zado,
sobretudo, por uma muta~o ~ssencial ?as r elaoes res-pectivas entre
o homem e .a m aquma .. s~ e _verdade ,qu~ o operrio tem, sempre;
tem:do ,que a uhhzaao da maquma o reduza ao desemprego, nao e menos
_yerdade que as rel~es entre o homem e a ~quina estao mudando. A
J?~quina do sculo XIX ~eduzm a som~ de ~r.ab~lho nece~sano para
realizar detennmada taref~~ s1mpllflcando, a ~ao do homem e
aumentando sua capacwade. Mas a m aquma con-tinuou sendo sua
auxiliar. Sem a presena do homem, ela era inerte e sem eficcia.
Atualmente, processos co:np~etos de p~od~o ou ~e ma-nipulao so
confiados Il!aquma. O propno controle ~as operaes mecanizadas feito
por aparelhos. O hom~m m-tervm apenas de longe para telecomandar as
operaoes de encadeamento e de desencadeamento dos processo~
meca-nizados. igualmente avisado distncia, por. teietrans-misso,
dos incidentes que podem acontec;~. TIVemos de-monstrao disso no
contrle re~oto dos satehte~ e _das p.av~s espaciais, at mesn1o
fora. do ecumen_o. Mas~ t ec.mca, e ~ph~ cada diriamente nas mais
recentes mstalaoes. s1~eru~g1cas, em grandes desvios de_ estradas
~e. ferro, na mdustna :m~cnica ... e em operaoes burocratlcas
bastante conhec1dc.s com o nome de antomatiza,o.
Podemos lembrar duas formas expressivas de ~u.tom~tizaco: o
emprgo das mqninas-fermmenta
-
'"'I''''' li , I' 111''' ,1,111
automatizao lucrativa. Nesse a produtivid~de ~resc~ muito menos
rpidamente. Sobretud?, a a':ltomatlzaao ex1~e um nvel tcnico e uma
reserva de mvestlmento que constitue~, como tambm para a pesquisa
atmica, pTivilgio das socw-dades mais intensamente
i.ndustrializadas.
Sero estas sociedades as primeiras a terem que resolver os
problemas coloc~d?s pela ne~essi,dade de ~r~entar para novos
setores de atividade - nao somente atividades I?ro-dutivas mas
tambm atividades de consumo, que atraiam novos processos de produo
e de servios -:- o tempo dis-ponvel de uma populao liberta das
antigas forl?as de trabalho. Keocapitalismo, para uns, passagem do
socialismo ao comunismo, para outros? O problema .tem seus as~ec!os
e suas incidncias doutrinrias. Para o geografo de hoJe, ele exige
uma discriminao atenta entre pases para os ~uais a automatizao pode
provocar, a curto prazo, numerc:_sas mutaces na geografia da produo
e do consumo e. aqu_eles pases que, estando ainda muito longe de
poder :;tssimlla-.la, tero que procurar formas diversas .de
colaboraao e de 1:1-tercmbio com os pases mais mecamzados. Em
v~rda_de, sao mal calculadas as conseqncias de ui?a autoi?ati~aao,
pr~matura - alis perfeitamente improvo.vel devido a aus~nc1a de
fundos para investimento - nos. pases qu~ regurgltam de mo-de-obra
desempregada e CUJa populaao dobr~ e_m um gerao. Para dizer a
verdade, nunca o mundo fm tao profundamente diferenciado, enquanto
tantas coisas se uni-formizam ...
48
CAPITULO III
FRACASSO DO IMPERIALISMO DO SCULO XIX
OMUNDO TOMA, hoje, conscincia de sua exigidade, exa-tamente no
momento em que acabam de desaparecer os ltimos vestgios do primeiro
ensaio de unificao do pla-nta, tentado em proveito e sob a
autoridade dos pases que primeiro se industrializaram. Por tcla
parte os problemas polticos interferem com aq ules que so colocados
pela ex-ploso demogrfica e pelas transformaes ela tcnica. Mas mesmo
stes decorrem, em grande parte, do malgro de um grande sonho
mundial que foi pretender fazer do mundo um grande imprio
anglo-saxo ou, a rigor, um condomnio da cntente cOTdiale. A Europa
perdeu sua preeminncia. O nvo herdeiro dste poder, a Amrica do
Norte, renunciou esperana de realizar o sonho anglo-saxo, porque a
revo-luo socialista estendeu-se a grande parte do globo e um dos
dois ou trs grandes problemas do presente o da pro-cura de um nvo
sistema de relaes com os antigos pases coloniais em busca de um
equilbrio poltico, econmico e social, difcil de ser encontrado.
I. - O declnio da Europa e a entrada em cena dos Estados
Unidos
1. A GNESE DO SISTEMA
A revoluo industrial abriu perspectivas novas para a Europa elo
sculo XIX. At ento a conquista de meios de transporte em escala
mundial pela materializao das des-cobertas e das tcnicas postas em
funcionamento com as
49
-
"grandes descobertas martimas" dos sculos XV e XVI re-sultaram
apenas numa economia mercantil, que explorava ao mximo o carter de
produtos Taras dos produto~ exticos, a tal ponto que era apreciado
tudo o que podia contribuir para manter a escassez dsses
produtos.
O desenvolvimento da inctstria criou novos meios de transportes
e de circulao, que substituem relaes aleat-rias por meios de
comunicao cada vez mais regulares e mais numerosos. No se trata
mais de jogar com a difi-culdade, mas de explorar a facilidade de
transporte entre os continentes. Ora, esta possibilidade de uma
nova forma de explorao correspondia, desde a segunda metade do
sculo XIX, a uma srie de necessidades. As bases tcnicas do
desenvolvimento industrial existentes na Europa torna-ram-se logo
demasiado exguas para permitir a acelerao do ritmo que a acumulao
de capitais e, em muito setores, a abertura de novos mercados
estimulavam.
Foi necessrio procurar fora da Europa novas bases de minrios,
produtores de matrias-primas que o velho con-tinente no mais era
capaz de oferecer em quantidades su-ficientes. A concorrncia, que
supe a reduo dos custos de produo a fim de assegmar aos produtores
uma margem substancial de lucro, exige a procura dos mais baixos
preos de produo, tanto para as matrias-primas industriais quan-to
para as mercadorias cujo preo pesa sbre os salrios e, por um outro
processo sbre os custos de produo industriais. A economia europia
foi levada, pela prpria lgica de sua organizao, a procurar fora da
Europa os fornecimentos de produtos no elaborados a baixo preo. Com
efeito, as lutas sociais que se seguiram industrializao, a
necessidade de conjurar os riscos de cri 'S pelo aumento do consumo
na-cional, aumentaram, agressivamente, o custo da mo-de--obra,
sobretudo nos ases mais industrializados. Apesar de uma forte
distorf.b entre a remunerao do trabalho in-dustrial e a do
trJlbalho da terra, elevaram-se os preos dos produtos agrcolf~de
stinados indstria, como o linho, a l, as oleaginosas, u alimentao,
como o trigo e a carne. Essa elevao f i tanto maior quanto a
industrializao fa-voreceu simult eamente uma "revoluo demogrfica" e
a concentrao de ma proporo crescente de consumidores nas regies
industriais mais fortemente urbanizadas. No fim do sculo XVIII, 25
milhes de franceses, 12 milhes de inglses viviam, em grane parte,
em regime de autarcia 50
camponesa . O comrcio dos produtos agrcolas limitava-se a
pequenas parcelas das colheitas. Um seculo mais tarde havi
- A realizao dsses trs t~p_os de_ operao: :riao d.e condies de
produo de matenas-pnmas e de g~ner?s ali-mentcios venda de produtos
manufaturados (nao so pro-dutos de ~quipamento como. material para
estradas ~e ferro , construo de portos, de cidades modernas e, mms
tarde, obras de eletrificaco como tambm produtos de uso e de
consumo), investimento e fundao de ~iliais indu~tr~a~s ,. r~queria
condies polticas que de~sem l.Ivre curso as miciatl-vas e garantias
de segurana aos mvestimentos. A ordem eu-ropia deveria ser
estabelecida nos pases integrados no espa-o geogrfico da economia
europia. Dependendo ~as forr?-~s de organizao poltica de cada pas ,
os Es~ados ~ndustnais europeus conceberam e experimentaram tipo~
~Iversos ~e relaes que lhes permitissem realizar ~eus ob]etlv'?s
econo-micos. O mais radical o que se baseia na conq~usta e na
apropriao pura e simples: Este tipo apresenta ?o.ls gran~es
inconvenientes: em pnmeuo lugar, eleva ao maximo a VIr-tualidade
dos conflitos nacionais entre os pases dependentes e a "metrpole"
colonial; em segundo lugar, p ro_voca uma competio entre Estados
eAuror:eus p~la ap~opnaao dos ter-ritrios de ultramar. Aquele tipo
fm cons1derado como ne-cessrio naqueles pases em que no existiam
g~werpo~ res-ponsveis capazes de garantir libe:dad~ ~e aao tecms_a
e econmica aos europeus, ou onde nao ex1sha nenhuma fora poltica
disposta a faz-lo e suscetvel de ser lev~da ao P?der por uma r
evoluo adequada ~ _oportuna. _Assim surgira.m as r elaes
propriamente coloma1s que do!llmaram, na .As1a, a nd1, a Insulndia,
a pennsula indo-chmesa, na Af~-Ica, a Arglia e quase totalidade do
continente ao sul do Egito, ;Ja Etipia e do SaarJ-( na Am:i~a , as
Guianas . A :nesma for-mula foi aplicaqa aos terntonos sem
yopulaao, onde a apropriao oy' era acompanhada, no seculo XVIII, de
UI? incio de operaes de povoamento pelos europeus: C~nad:; ,
Austrlia. A i/egunda frmula era a do protetora.d'?, Isto_ e, a
tutela de um govrno nacional e de sua adm:._ms~raao, mais ou mends
controlada e melhorada pela potencia pro-tetora. Aps -~ Primeira
Guerra Mundia~ ~oi crjada u.ma variante sob a ~orma de m andatos de
admmistra.ao terr~t
-
I j, l
I
outro lado, as rivalidades profundas e dramticas entre os
protagonistas da revoluo industrial, as grandes potncias
industriais europias. A Europa favoreceu o desenvolvimento dos
Estados Unidos, pois, durante um sculo, foi seu melhor cliente,
fornecendo-lhes, pelo menos inicialmente, os homens. as tcnicas, os
capitais para a mobilizao de seu potencial econmico. Os Estados
Unidos no podiam atender de-manda da Europa sem assegurar seu
equipamento. les tra-balharam simultneamente para o mercado e para
si mesmos e tomaram conscincia de uma situao excepcional fei ta de
riquezas naturais e de extraordinria liberdade. Ambos os elementos
desta situao guardam. alis, certa relao entre si. Advm, em graus
diferentes, de ser a Amrica r elativa-mente jovem em relao Europa.
No fim do sculo XIX, falava-se comumente de "pases novos" com relao
aos es-paos continentais que a Europa tinha psto a seu servio, ao
equipar e povoar terras livres na zona temperada, a fim de
assegurar melhores preos para seus fornecimentos, de produtos no
acabados e semi-acabados. O que se queria, essencialmente, dsses
pases novos era que seus custos de produo fssem muito mais baixos
do que os preos euro-peus. Uma vez que a natureza ajudava, no houve
hesitao em fazer os necessrios investimentos, com o fito de r
ealizar sses custos de produo. Foram estabelecidas, formadas,
mo-bilizadas condies materiais de primeira ordem, cuja impor-tncia
na preparao dos lucros da economia europia era bem difcil de
limitar indefinidamente. Alis, por um lado, as concorrncias
internas da Europa perturbaram um siste-ma que s estava seguro na
medida em que mantido sob uma nica dire-o e, por outro lado, a
necessidade de aban-donar parte do ucro aos colaboradores de base
criou condi-es para um apitalismo independente nos pases novos. e
isto aconteceu ainda mais rpidamente porque as condies naturais
perm tiam realizar, na agricultura e na explorao de minrios, t xas
de lucros elevadas.
A domina o do mundo pela Europa, por iniciativa dos capitalistas
an o-saxes, seguida e invejada com incontes-tvel grandeza :rela
Frana e pela Alemanha, contribua infalivelmente pa~a dar seu
brilhantismo beHe poque. A Primeira Guerra ~ndial, conseqncia e
revelao dZJ.s con-tradies internas do-capitalismo europeu, consagra
a perda da preeminncia mundial da Europa. Dois grandes
aconteci-mentos j esboavam uma nova imagem do mundo: a as-54
----~-----~~- -----------~----------------~-------~=.-,
censo dos Estados Unidos, detida em 1930 por uma crise cujos
ensin~mentos inspiraro uma nova poltica ao capita-li~mo, e a cria~~
de uma economia socialista em condies, nao raro dramatlcas, mas com
uma continuidade inegvel, a da U. R. S. S. A decadncia do poderio
de seus senhores no podia deixar indiferentes os povos coloniais a
cada dia ~ais num,ero.sos e se.duzidos pela possibilidade, p~ra alm
da mdependencra, de tJrar vantagens da poltica de emulao e .de
concorrncia ~ur:,dial do~p~otagonis~as dos dois grandes SIStemas de
orgamzaao econom1ca e soc1al, que se desafiam no mundo atual.
2. A HORA AMERICANA
A Primeira Guerra Mundial fra mais que uma guerra de esgotamento
dos recursos da Gr-Bretanha, da Alema-nha, da Frana e de seus
aliados. Foi a revelao da diviso e da fragilidade da Europa. Foi,
tambm, um poderoso esti-mulante para a economia americana, chamada,
em primeiro lu?ar,. a contribuir com sua ajuda para uma luta que,
pela pnme1ra vez, tomara a forma de uma guerra industrial e log? a
seguir, para realimentar com gneros alimentcios ~ mews de produo
financeiros e materiais aquelas economias qt:e t inha~? sido
duramente atingidas pela guerra . A econo-mia amencana recebeu um
impulso excepcional e a certeza de que, doravante, podia superar
individualmente, e mesmo globalmente, aquelas economias que tinham
sido favorecidas por ela e das quais ela era fornecedor e
banqueiro.
Dois avisados observadores dessa conjuntura Albert Demangeon e
Andr Siegfried, sentiram e analisarm indi-vidualmene e em t rmos
diferentes, essa reviravolta' deci-siva_ na histri~ do
imperialism?1. E~ta construo anglo--saxa de que P1erre
Leroy-Beauheu fez as melhores descri-es na. Frana, esta construso,
que teimaram em copiar e co:r;tranar. fr~nceses e alemaes, apenas
deixava para trs, apos a pnmerra guerra, uma carcaa vazia. Seu
contedo evaporara-se durante a guerra. Os capitais investidos fora
da Europa tinham sido alienados; os mercados europeus a co-mesar
J?el? mer~ado ingls do carvo, e~ta':am perdidos. A mdustna 1aponesa
ocupava o lugar da mdustria inglsa no Extremo-Oriente. A "vitria"
era a derrota do sistema mun-
( 1) A. DE~ANGEON. Le d clin de I'Europe, P aris, 1920; A.
SIEGFRIED, La cnse de I'Europe, Paris, 1935.
55
-
dial da Gr-Bretanha e da Frana. A entente cMdiale obti-vera uma
vitria de Pirro. Tinha vencido, mas perdera todos os elefantes. ..
-
O fato mais surpreendente e mais nvo nessa conjun-tura que o
principal beneficirio, os Estados Unidos, tor-navam-se no smente a
primeira potncia econmica do globo, mas se inseriam to
profundamente na economia euro-pia, que suas dificuldades iam
tornar-se dificuldades gene-ralizadas e, por isso, a crise
americana da dcada de 1930 iria repercutir trgicamente nas
economias europias, tanto entre os vencedores quanto entre os
vencidos de 1918. Em geral, foram muito mal calculadas as
conseqncias desas-trosas da guerra de 1914-1918. A economia europia
foi, literalmente, esvaziada de seu contedo, de tal modo que
nenhuma recuperao foi possvel, tanto do lado dos Aliados quanto do
lado da Alemanha, sem financiamento americano. Mas, em compensao, a
crise americana ps novamente em questo tda a economia europia e tal
fato est relacionado com o avano obscuro e progressivo em direo a
uma nova catstrofe, que desvalorizar ainda mais a economia
europia.
Os Estados Unidos tomaram conscincia de suas possi-bilidades
exatamente no momento em que o mundo ficou vago devido concentrao
de todo esfro tcnico e eco-nmico dos pases que realizaram a revoluo
industrial sbre uma operao de seleo que se revelaria, no final das
contas, intil: a destruio de mais de cinco milhes de ho-mens apenas
no setor ocidental e a devastao de regies inteiras no terminou com
a eliminaco de um dos rivais de 1914 e nem mesmo modificou
sensivelmente a correlaco de fras. o esfro de participao na guerra
permitiu aos Estados Unidos eliminar algumas das barreiras que
bloquea-vam sua economia. Setores importantes do mundo tornaram--se
acessveis s suas mercadorias e a seus servicos ou os soli-citaram.
A indstria americana parece atingir a' prosperidade por volta dos
anos 1928-1929. Ao mesmo tempo que primei-ros produtores mundiais,
les se tornaram os banqueiros da Europa, com uma poltica ecltica,
pois financiaram tanto a restaurao econmica da Alemanha quanto o
reerguimento das economias aliadas. A Europa, especialmente os
vencedo-res de 1918, conservam, aparentemente, a direo poltica e
administrativa dos imprios construdos no sculo XIX. Mas as
dificuldades internas agravam-se ainda mais consideran-do-se que ao
seu carter especfico se acrescenta a perda de influncia das
metrpoles, por muito tempo desviadas de 56
suas funes de vigilncia, obrigadas a recorrer aos contin-gentes
"coloniais" para garantir a salvaguarda de sua inde-pendnc~a e de
sua supremacia. Albert Demangeon, j em 1922, assmalava a
fragilidade do Imprio Britnico sobretudo a fragilidade da so~erania
da coroa sbre as ndiad. Ora, esta Europa, enfraquecida em suas
construes do sculo XIX tornou-se scia da economia americana. Seus
mercados s~ direta ou indiretamente alimentados por crditos
america-nos. A crise americana , a curto prazo, uma crise europia -
e mun_?ial. As Blsas de Londres e de Paris seguem Wall Street, s~o
suspensas ,as listas de pedidos das emprsas, o desemprego europeu e
um eco do desemprgo americano. Mas, P.ara os pases subordinados
Europa, a crise traduz-se em cnse de prestgio europeu. A Amrica sai
ganhando tanto na crise quanto na prosperidade. Ao mesmo tempo, os
Estados Unidos tm necessidade, a fim de se defenderem de novas
recesses (sinnimo de crises desde 1938 a fim de co:hj~rar na opinio
pblica o ~feito de pnico da' palavra), de cnarem novos mercados mms
para a colocao de capitais do que vender seus produtos.
Preocupam-se tambm em poupar para as horas difceis seus recursos
bsicos (~inrios metlic~s, fontes de energia, inclusive o urnio).
Tor-nam-se coT? Is~o, concorrentes da Europa como compradores no
mundo mteiro de produtos de base, que permitem reduzir o ritmo de
explorao de seus prprios recursos. E, em certos casos -
principalmente no caso do petrleo - suas organizaes tcnicas e
comerciais permitem-lhes in~inuarem-se como intermedirios entre o
produtor asitico ou sul-americano e o consumidor europeu. Os
investimentos an;.ericanos no se limitam aos pases no industriais,
pos-smdores de bases de produo de matrias-primas ou de fonte~ ?e
energia. les in!er":'m, igualmente, nos pases in-dustnais.
europeus. Contnbmram de maneira decisiva para o reer:gmme!lto da
economia alem aps a Segunda Guerra Mundial. E grande a competio
dles no domnio das i~
-
por excepcionais condies ~a!urai~,. e economias j e::~elhecidas
e limitadas por cond1oes fls1cas e pelas consequen-cias de heranas
histricas.
II. - A revoluo socialista
A inaugurao da concorrncia entre Estados Unidos e Europa, a
afirmao do poderio tcnico e econmico ameri-cano e a criao de
economias socialistas constituem os fatos dominantes do perodo
1913-1950. Esta representa, dentro do mesmo sentido, um golpe
decisivo contra a emprsa mono-polista iniciada pela Europa ~o fim
_?o ~cul? XIX em escala mundial. Em verdade, em c1rcunstancws nao
raro confusas e contraditrias, as relaes comerciais foram
interrompidas ou considervelmente reduzidas entre os pases de
economia capitalista e os pases de economia ~ocialista, .a tal
po~to. que tudo se passa como se a implantaao de regimes soc1ahstas
reduzisse o nmero de pases objeto dos mercados interna-cionais. Ao
mesmo tempo, o equilbrio de fras entre os Estados modifica-se com o
surgimento de novas economias industriais ou em vias de
industrializao acelerada. No pe-rodo de entre-guerras, o setor
socialista identificou-se com a Unio Sovitica: 170 milhes de
habitantes pelo censo de janeiro de 1939, e uma economia industrial
ainda modesta. Aps a Segunda Guerra Mundial, o setor socialista
esten-deu-se para ambos os lados de uma Unio Sovitica oue revelara
e aumentara seu poderio. Na Europa Oriental e Central o socialismo
engloba oito Estados, totalizando 120 milhe~ de habitantes. Na sia,
a China popular, a Mon-glia exterior, a Coria do Norte, o Vietn do
Norte _POssu~m mais de 750 milhes de habitantes. Apesar das
d1ssensoes tericas entre a U. R. S. S. e a China, o conjunto dos
Estados socialistas forma um aglomerado bem distinto dos pases
capitalistas e se apia em mais de um bilho de indivduos, ou seja,
aproximadamente um tro da populao do globo. Mas as diferenas so
importantes no interior dste grupo.
1. A CRIAO DE UMA ECONOMIA SOCIALISTA SUAS CARACTERSTICAS
A revoluco de 1917 rompeu a unidade econmica e social do mundo
contemporneo, ao instaurar novas formas de desenvolvimento e de
relaes sociais. A U. R. S. S. 58
liberta-se da subordinao econmica e tcnica da Europa Ocidental,
empreendendo, em condies bastante difceis, a construo de uma
economia nacional. Para tanto, aplica, a partir de 1928, planos a
curto prazo (cinco anos, tendo o pnmeiro se realizado em quatro
anos e o ltimo, se conver-tido em plano setenal, 1959-1965). Salvo
quanto a quantida-des mnimas de produtos, materiais e servios,
escapou tanto Europa quanto aos Estados Unidos a oportunidade de
ven-der equipamentos aos podres do antigo Imprio russo em processo
de industrializao.
Apesar do ceticismo que acompanhou a faanha sovi-tica nos pases
capitalistas no perodo que precedeu a Se-gunda Guerra Mundial, a
Unio Sovitica recuperou o grave atraso tcnico do Imprio Russo e
rpidamente se aproximou dos padres e quocientes de produo
industrial dos pases mais avanados. A guerra de 1941-1945 revelou
esta pujana, mas conteve violentamente seu desenvolvimento. Depois
da guerra, a construo do socialismo, tendo como leitmotiv a
preparao da passagem do socialismo ao comunismo, reto-mou um ritmo
que se acelerou rpidamente. A Unio Sovi-tica beneficiou-se com a
ruptura do isolamento de sua econo-mia, que integrou, em seu espao
econmico as Repblicas Populares com a criao de um mercado
socialista interna-cional (Conselho Econmico de Ajuda Mtua).
Surgiram, ento, disparidades, e mesmo contradies, no seio do
con-junto dos pases socialistas.
A primeira conseqncia da criao de economias socia-listas est em
ampliar o domnio geogrfico dos pases indus-triais. O primeiro
objetivo dos esforos tcnicos e econmicos dos pases socialistas, a
comear pela Unio Sovitica no perodo 1917-1939, est em criar uma
poderosa indstria denominada "pesada", capaz de fornecer meios de
produo a todos os setores da economia nacional. A criao do mer-cado
socialista permitiu, sobretudo aps 1955, limitar o es-fro global de
cada pas com a organizao do sistema de complementos e de trocas
baseadas nestes complementos. Mas o objetivo almejado a implantao
das bases tcnicas e econmicas de uma sociedade industrial nova em
escala universal dentro do setor socialista. A importncia da
eco-nomia chinesa e as divergncias de pontos de vista sbre a
maneira de construir e de fazer respeitar o socialismo reco-menda
tratar separadamente, no momento atual, de um lado o caso da Unio
Sovitica e das Repblicas Populares euro-pias e, de outro, o
problema dos pases socialistas asiticos.
59
- 'rrata-se, do lado europeu, de uma. ec_?nomia. in~ll;strial com
uma populao de mais de 300 mllhoes. d~ mdrvrduos, onde se produzia,
em 1913, menos de 10. mi~hoe.s de ;toi?-e-ladas de ao, muito pouco
cimento e a mdus~n~ qmmr.ca ainda estava em sua infncia. A uma
economia mdustnal embrionria, limitada a alguns pontos de imp~c~o.
das e~prsas ocidentais (Donetz, Petersburgo, Alta Sllesra,
baci
-
naqueles setores antes entregues exclusivamente economia
pri-vada (construo de habitaes, por exemplo). Resultam disso
fe-nmenos de convergncia com o socialismo na esfera da organiza-o,
apesar da diferena de objetivos.
O segundo tipo de problemas est relacionado com o poderio,
principalmente com o poderio militar dos dois campos, pois, aqui,
convm que usemos o trmo "campo". Na medida em que os pases
socialistas e, sobretudo, a Unio Sovitica, atingirem um nvel
eco-nmico e tcnico que os tornem capazes de igualar ou superar o
poderio dos mais equipados dos pases industriais, stes se
consi-deram obrigados a consagrar uma parte crescente dos
investimentos a despesas, em parte improdutivas, de prestgio e de
fra estra-tgica. No cabe aqui insistir sbre o carter dramtico e
absurdo dessa competio na produo e no armazenamento de meios de
destruio global da humanidade. De um lado e de outro, ela gera uma
contradio entre o investimento de prestgio e o desenvol-vimento da
economia de consumo.
O terceiro tipo de problemas diz respeito influncia que os pases
socialistas podem exercer sbre os pases que a Europa e, sob formas
diferentes, os Estados Unidos colocaram sob sua depen-dncia
econmica, ou econmica e poltica, durante o perodo de ascenso do
imperialismo. A competio entre pases capitalistas e pases
socialistas no se limita, em verdade, nem a uma corrida de ritmos
de desenvolvimento, nem a uma comparao de nvel de vida e de condies
sociais em ambos os lados. Ela tem, tambm_, por tema a escolha de
um estilo de desenvolvimento dos pases sub-desenvolvidos. Ora,
deparamos de nvo aqui com um problema de mercado. A medida em que a
influncia dos pases socialistas se estende ao "Terceiro Mundo", a
economia capitalista se estreita cada vez mais. Esta pode
conformar-se com a descolonizao en-contrando vrias formas de nova
cooperao tcnica e econmica com os antigos pases coloniais, os quais
no podem resolver, com seus prprios meios e recursos, o problema do
desenvolvimento. lVias ela estaria em perigo se grande nmero dsses
pases entrassem no mercado dos pases socialistas, a menos que os
dois mercados deixassem de ser estranhos mutuamente, iniciando uma
nova fase de desenvolvimento tcnico de nvel altamente superior ao
da fase que foi denominada perodo da "primeira revoluo industrial"
O).
III. -- - A descolonizao
Em menos de dez anos, ruiu o edifcio colonial construdo no sculo
XIX pelas grandes potncias industriais. E, para-lelamente, so as
relquias de imprios mercantilistas, con-servadas por metrpoles
econmicamente atrasadas, que sobrevivem temporriamente ao
desaparecimento dos imp-
(1) Alguns autores propuseram introduzir no vocabulrio
es-pecializado de economia os trmos paLeotcnico e neotcnico a fim
de distinguir duas fases de desenvolvimento que no implicam,
ne-cessriamente, nas mesmas formas de estruturas e de relaes. Cf.
pp. 29-38.
62
---------------------------------------
r.~os coloniais, (colnias portugusas e espanholas da irica). 1\J
a Asw, a descolomzao angiu, entre 191:1:5 e em trno de 700 milhes
de homens, na Airic2, entre e 1962, um pouco menos de 150 milhes,
ou seja, uma quarta parte da populao do globo.
, A d
-
lonial, como tambm corresponde a determinada equiva lncia - na
complementaridade - dos respectivos desen-volvimentos. Esta
equivalncia no exclui contradies mais ou m enos duradouras, pois,
neste caso, a descolonizao de-semboca na concorrncia imediata. Dado
que ste, essen-cialmente, o mecanismo de libertao dos domnios do
Im-prio Britnico das antigas formas de dependncia para com a
Gr-Bretanha, o problema da descolonizao, neste caso, identifica-se
com o da solidariedade da Commonwealth bri-tnica.
Os processos correspondentes descolonizao de pases de povoamento
no europeu so mais complicados e a he-rana colonial marca mais
profundamente. O ponto de par-tida uma economia dominada por
intermdio de uma colaborao poltica. Os diferentes sistemas
coloniais elo s-culo XIX tm em comum o fato de que a administrao
europia, em nveis diversos, estava apoiada numa estrutura social e
poltica indgena, que ela consolidou ou at mesmo completou. Os
movimentos de libertao nacional tm como alvo a metrpole colonial e
seus pontos de apoio nacionais. Um jgo inteligente de oportunismo
permitiu que as estru-turas sociais anteriores se integrassem, no
momento adequa-do e em maior ou m enor escala, no movimento
nacional. Mas nem tudo pde ser salvo - nem pessoas nem bens -e a
descolonizao vem acompanhada, pelo menos em parte, de uma mudana da
classe dirigente.
A situao atual dos pases descolonizados difere con-forme as
condies em que se efetuou a conquista da inde-pendncia. Alm destas
condies, tem, tambm, importn-cia o tempo de preparao da libertao. A
guisa de sim-plificao, podemos distinguir trs casos:
1.0) o dos pases onde a colonizao constitui o desfecho de um
longo e lento processo de degradao do sistema co-lonial, terminando
por sua liquidao pacfica;
2.0 ) o dos pases onde a descolonizao foi o resultado de um
processo acelerado, mas sem luta violenta;
3.0 ) o dos pases cuja libertao realizou-se ao trmo de conflitos
armados prolongados.
Podemos comparar o primeiro caso com um processo de reformismo,
durante o qual as instituies e as estruturas sociais se adaptaram,
progressivamente, a uma transferncia de autoridade. O movimento
nacional vai buscar suas ori-gens na iniciativa de uma burguesia
que se confunde com uma intelligentsia formada nas disciplinas de
universidades 64
de metrpol~s emop~ias. Esta burguesia colocou o problema
da~ndep~ndencia e,ao ~es~nvolvimento- no caso, da indus-tric,Jiza~o
- face ,a mer?ra consentida da administrao co-lomal e .a
complace'?-c1a aa aristocracia de terras semifeudal ou parafeudal
assoc1ada ao poder colonizador. No raro ela !omo,u a vanguarda ~o
~ampo econmico ao fundar emprsas emulas, o~ mesmo nvars, das
emprsas europias . ~ste e o p:ocesso d_l ~escolonizao da ndia e,
tambm, o da mdep~nden~Ia tumsma e marroquina. Malgrado as va-gas
sucessivas ae represso do movimento nacional ste d_esen_volveu-se e
fo~mou os q~adros futuros da indepe~dnCia, amd.a .sob o reg1me
~olon:al - com alguns episdios de clandestm1dade e de ~m1gra~ao de
quadros correspondentes aos momentos de tensoes mais violentas.
Mesmo muito antes do epl.9go, no mais havia dvida quanto ao
desfecho desta evoluao. A