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A GEOMETRIA EM QUADRINHOS
Clia Barros Nunes1 -
UNEB CAMPUS X Teixeira de Freitas, BA
[email protected]
COMO TUDO C0MEOU. . .
Ao realizar o ltimo bimestre letivo na escola a qual eu
lecionava, CDP2, em Itabuna,
sul da Bahia, percebi que meus alunos da 1 srie do ensino mdio
estavam inquietos,
desconcentrados e alguns at desmotivados em relao disciplina
Geometria. Isso se
deve ao fato de que alguns alunos j estavam aprovados na
disciplina, visto que a escola
adota o sistema de nota cumulativa. Por outro lado, outros por
estarem numa suposta
recuperao final achavam tolice se concentrar nas aulas, pensavam
que
aprenderiamna recuperao e alguns outros alunos simplesmente no
se sentiam
motivados pelas aulas. Desses fatos mencionados pode-se imaginar
que as aulas
estavam se tornando catastrficas, sem dinamismo.
Durante as aulas cheguei a flagrar alunos lendo revistas em
quadrinhos e foi nesse
momento que surgiu a idia de realizar com eles a elaborao de uma
revista em
quadrinhos explorando os contedos trabalhados em Geometria
durante o perodo
letivo, tais como: ngulos, paralelismo, polgonos (tringulos e
quadrilteros) relaes
trigonomtricas no tringulo retngulo, dentre outros, desde que
usassem a criatividade
e a arte.
A atividade proposta tinha como objetivos: estimular o interesse
do aluno pelo contedo
abordado, por intermdio de atividades significativas,
instigando-os a pensar,
raciocinar, criar, descobrir, bem como permitir ao aluno uma
atitude de investigao,
possibilitando-o a enxergar a Geometria em situaes do
dia-a-dia.
1 Mestra em Matemtica Pura - UFBA/ Salvador 2 CDP - Colgio
Divina Providncia
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Para a execuo do trabalho foi delimitado aos alunos um perodo de
aproximadamente
30 (trinta) dias e claro que a professora estaria disposio para
qualquer dvida. A
turma foi dividida em grupos e cada grupo desenvolveria atravs
da revista em
quadrinhos um contedo de Geometria que foi estudado durante ao
ano letivo. O gibi
deveria conter, alm de uma histria, passatempo, diverses,
caa-palavras, etc. Defini
que todos os elementos do grupo deveriam intervir no trabalho,
sendo claros e bastante
criativos e, alm disso, propus que, na revista, um ou dois
elementos do grupo criassem
a sua histria.
Posteriormente, feita a anlise e avaliao o trabalho seria
exposto na feira de cultura a
realizar-se no final do perodo letivo. Este fato motivou-os
bastante a se
desempenharem nessa atividade, pois alm dos conhecimentos
geomtricos que
deveriam ter na elaborao do gibi seria necessria muita imaginao,
criatividade, arte
e esprito crtico .
Uma outra exigncia imposta por mim era a no utilizao de certos
recursos
tecnolgicos na criao do personagem da revista em quadrinhos,
como por exemplo o
computador, j que um dos pr-requisitos de avaliao seria a ARTE.
evidente que
nem todas as pessoas tm o dom para o desenho artstico,
entretanto, alguns grupos
fizeram colagem de personagens dos gibis da Luluzinha, Mnica,
Cebolinha
e outros.
A partir do momento em que foi lanada a proposta da revistinha ,
as aulas de
Geometria ganharam outro rumo, tornaram-se mais atraentes,
prazerosas, interessantes e
participativas. Houve uma significativa melhora na postura dos
alunos em relao
disciplina, passaram a ser alunos mais ativos, questionadores.
Comearam a se
entusiasmar e notei algumas mudanas de atitudes perante a
disciplina.
No intuito de modificar a minha prtica e uma grande disposio de
conhecer e aprender
novas descobertas significativas atravs da arte, juntamente com
meus alunos,
disponibilizei horas de atendimento para orient-los no que
sentissem necessidade e o
retorno foi gratificante. Alunos que j estavam aprovados se
dedicaram com entusiasmo
ao trabalho proposto, no porque tal fato fosse muito importante
para a obteno da nota
e sim pelo simples fato de acharem divertido e prazeroso a
confeco da revistinha.
Alm disso, meus alunos estavam criando suas histrias, e com
isso, construindo seus
prprios conhecimentos.
Para ONAGA (2003) O fundamental em qualquer que seja a
metodologia
desenvolver uma postura que permita aos alunos explorarem,
organizarem,
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reelaborarem seus conhecimentos de acordo com suas vivncias,
experincias,
competncias cognitivas e caminhem em direo s suas reais
necessidades.
HISTRIA EM QUADRINHOS N 1 - GEOMETRIA DE UM NOVO NGULO:
Nesta histria o grupo relata conceitos e propriedades
relacionadas a ngulos de forma
divertida. Estes detalhes podem ser percebidos atravs dos
desenhos das formas
geomtricas existentes na natureza e nas construes forjadas pela
atividade humana.
Observa-se nas figuras3 abaixo situaes cotidianas da presena de
ngulo, como por
exemplo, no "balano" quando se fala da congruncia dos ngulos, na
abertura de um
"leque" quando se classifica os ngulos quanto a abertura.
(Observem na histria
abaixo). Ficou evidente na histria a presena dos ngulos formados
por duas retas
paralelas e uma transversal, o qual est muito bem explicado na
histria, pelo
Cebolinha. notrio a a arte e a contextualizao criada pelo
grupo.
Segundo os PCNs4 deve-se proporcionar ao aluno das sries
iniciais atividades de
explorao do espao fsico em que esto inseridos, que possibilitem
a representao,
interpretao e descrio desse espao.[1]
3 Para se ter acesso 'as histrias envie e-mail para
[email protected] 4 Nos PCNs, o contedo de Geometria
encontra-se dividido em dois blocos: "Espao e Forma" e "Grandezas e
Medidas".
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HISTRIA EM QUADRINHOS N 2 DEU A LOUCA NA GEOMETRIA:
A histria tem como personagens centrais o Bidu e alguns entes da
Geometria como: O
tringulo, o quadrado, o crculo, as retas paralelas, o trapzio.
Bidu inicia lendo um livro
de Geometria e passa a vivenci-la com esses entes geomtricos
citados e com isso ele
fica todo atrapalhado. O interessante na estria que h expresses
incorporadas s
linguagens de outros campos do conhecimento ou do falar
cotidiano, ou seja, h figuras
de linguagem que podero ser encontradas no texto, representado
pelas figuras abaixo
tais como: tringulo amoroso, crculo vicioso, sair pela tangente,
quadriltero
isomtrico, quadradice, plano imaginrio.
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Observa-se nitidamente que certas expresses da linguagem
corrente: tringulo
amoroso, crculo vicioso, etc., esto intimamente relacionadas a
elementos do mundo da
geometria. FONSECA (2001) adverte, no entanto, que tais
expresses da linguagem
corrente atua como um pretexto para introduzirmos uma reflexo
sobre formas de
insero da Geometria na nossa cultura, e portanto em nossa
vida.
Esse aspecto mostra a importncia de se ensinar Geometria nas
escolas desde as sries
iniciais.
PASSA-TEMPO:
Esta atividade est relacionada com ngulo quanto a sua
classificao em relao a
abertura, ngulos complementares e suplementares. Vejamos:
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HISTRIA N 3 DEPENDE DO NGULO QUE SE V:
A histria se passa num shopping onde trs colegas de escola se
renem depois de um
dia exaustivo de aula, segundo eles. Resolvem passear pelo
shopping em direo praa
de alimentao e durante este passeio, devido as aulas de
Geometria, comeam a
observar as formas geomtricas que ali se encontram. Ao pedirem
uma pizza observam
que com um pedao da pizza possvel perceber as regies internas e
externas de um
ngulo, ou melhor, a regio cncava e convexa, respectivamente
Continuando o passeio
pelo shoping observam atravs das formas dos objetos que ali se
encontram os tipos de
ngulo quanto a abertura. Ainda passeando pelo shopping percebem
os ngulos
complementares e suplementares, ngulos opostos pelo vrtice e
ngulos congruentes.
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Na histria, durante o passeio pelo shopping interessante
observar que os alunos ficam
surpresos ao perceberem a diversidade das formas geomtricas que
ali se encontram e se
sentem realizados por conseguirem perceber, visualizar e nomear
as formas geomtricas
relativas a ngulos.
Na viso de Lcia Maia (2000, p 32) preciso que o ensino da
Geometria salvaguarde a
prtica de uma Geometria que garanta um movimento constante entre
o desenho e a
figura, entre o desenho e uma texto, pelo menos no ensino
fundamental. Isto facilitaria a
passagem da Geometria da realidade Geometria da abstrao.
HISTRIA N 4 - A CIDADE TRINGULO:
A histria desenvolvida pelo grupo inicia na casa do personagem
Pelezinho o qual ao
acordar, para seu espanto, percebe algo estranho em sua casa,
isto , sua casa estava
toda triangularizada. Depois de conversar com sua me e ainda
muito assustado com o
que estava acontecendo, resolve ir casa de sua amiguinha
Luluzinha e no caminho
observa que toda a cidade tambm est triangularizada, inclusive a
casa da Luluzinha.
Reunidos, pensam em descobrir uma forma de inverter tal situao.
Ao retornar para
casa ouve uma conversa de uma criana com sua me dizendo que se
tornaria heri a
pessoa que desvendasse o problema da cidade tringulo. Ento,
Pelezinho resolve pedir
ajuda a Luluzinha que entende Geometria, e assim comeam a
estudar uma forma de
desvendar tal mistrio. Ao se fundamentarem nas aulas anteriores
de Geometria relativa
a Relaes trigonomtricas no tringulo retngulo" , conseguem
solucionar o problema
da cidade triangular.
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A Geometria oferece um vasto campo de idias e mtodos de muito
valor quando se
trata do desenvolvimento intelectual, do raciocnio lgico do
aluno e de dados concretos
e experimentais para os processos de abstrao e generalizao.
HISTRIA N 5 O PROGRAMA EDUCATIVO:
O cenrio desta histria ocorre na casa da Mnica, onde ela e seus
amiguinhos assistem
a um programa educativo pela TV. Este programa se fundamenta nas
propriedades do
tringulo retngulo, especificamente, no Teorema de Pitgoras e
suas aplicaes.
A caracterstica do trabalho realizado pelo grupo que nele se
desenvolve as
propriedades do tringulo retngulo, onde os alunos mostram de
forma atrativa e
criativa estas propriedades,deixando claro a cumplicidade entre
a Geometria e a
lgebra. OLIVEIRA(2002, p 39) ilumina este comentrio quando diz
que possvel
lermos e interpretarmos argumentos matemticos nos valendo do
raciocnio geomtrico.
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CONSIDERAES FINAIS:
O relato aqui mencionado no um manual de regras, mas sim o
resultado de uma
vivncia prtica em prol de uma melhor formao matemtica,
especificamente a
Geometria. Em minha prtica educativa sempre abordei a Geometria
Euclideana
procurando desenvolv-la sob quatro aspectos que devem estar
interligados e
relacionados mutuamente e que so essenciais para o aprendizado:
a percepo, a
construo, a representao e a concepo. Trabalhando dessa forma com
certeza
nossos alunos tero capacidade de explorar o espao em que vivem,
fazer descobertas,
identificar as formas geomtricas, etc. Alm disso, permite ao
aluno estabelecer
conexes entre a Matemtica e outras reas do conhecimento. Sendo
assim, pode-se
perceber que nenhum desses aspectos pode ser considerado
isoladamente, pois corremos
o risco de trabalharmos em demasia um em detrimento do
outro.
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importante ressaltar que a Geometria apesar de ser considerada
como um contedo
que tem uma forte relao com a realidade, na prtica, ela ,
sobretudo, trabalhada na
sua verso mais abstrata. Portanto, o presente relato quis
mostrar uma alternativa de se
estudar geometria a forma de ensinar Geometria, de forma
contextualizada e
interdisciplinar. Para isso, preciso se permitir trilhar
caminhos novos e tolerar
possveis erros e mudanas de um rumo.
Finalmente, posso dizer que no importa a forma de se ensinar
Geometria, mas sim que
ela se torne uma atividade agradvel, visto que este fascinante
ramo da Matemtica
possui dois atrativos especiais: o prazer da beleza das formas e
o ldico do construir
figuras e objetos.
PALAVRAS-CHAVE:
Geometria. Arte. Criatividade.
REFRENCIAS BIBLIOGRFICAS:
FONSECA, Maria da Conceio et alii. O ensino da Geometria na
Escola
Fundamental: Trs questes para a formao do professor nos ciclos
iniciais. Belo
Horizonte. Autntica Editora, 2001.
MAIA, Lcia de Souza Leo. O ensino da Geometria analisando
diferentes
representaes. In A Educao Matemtica em Revista, Sociedade
Brasileira de
Educao Matemtica, 2000, n 8, pp. 24-32.
OLIVEIRA, Ana Teresa de C.C. Reflexes sobre a Aprendizagem da
lgebra. In A
Educao Matemtica em Revista, Sociedade Brasileira de Educao
Matemtica, 2002,
n 9, pp. 35-39.
ONAGA, Dulce Satiko. Trabalhando com os alunos: subsdios e
sugestes.
htpp//www.udemo.org.br 08/08/2003.
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SO PAULO (Estado). Secretaria de Educao. Coordenadoria de
Estudos e Normas
Pedaggicas. Atividades Matemticas. Ciclo Bsico (4 volumes), 4
ed.
So Paulo: SE/CENP, 1991.
SO PAULO (Estado). Secretaria de Educao. Coordenadoria de
Estudos e Normas Pedaggicas. Proposta Curricular para o ensino de
Matemtica: 1 grau. 4 ed. So Paulo: SE/CENP, 1992.