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1 Processos Evolutivos Genética de Populações http://dreyfus.ib.usp.br/bio212/
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Genética de Populações (1)

Feb 19, 2016

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Page 1: Genética de Populações (1)

1

ProcessosEvolutivos

Genética dePopulações

http://dreyfus.ib.usp.br/bio212/

Page 2: Genética de Populações (1)

2

Genética de populações

A genética de populações e suas relações com a Evolução

Durante os últimos anos temos assistido a uma explosão na quantidade de

informações tanto sobre a variabilidade genética das populações como sobre a

quantidade de diferenciação genética existente entre as espécies atuais. Os dados

obtidos por técnicas de Biologia Molecular têm se avolumado de tal maneira que

existe um consenso entre os especialistas sobre a necessidade de métodos de análise

mais poderosos ou até mesmo de suporte teórico novo para se poder lidar com tamanha

massa de dados.

Por outro lado, a preocupação crescente com a diminuição da biodiversidade tem

levantado questões sobre tópicos como a fragilidade genética de populações

pequenas, estratégias genéticas para a conservação de espécies ameaçadas e

problemas correlatos, que naturalmente demandam informações sobre a estrutura

genética de populações naturais.

Estes problemas atuais necessariamente se baseiam numa área específica e

recente da Ciência como um todo, mas antiga se considerarmos o desenvolvimento da

genética: a genética de populações. A seguir traçaremos um pequeno histórico do seu

desenvolvimento.

O trabalho mais importante de Charles Robert Darwin (1809-1882), "A origem das

espécies", e o trabalho de Alfred Russell Wallace forneceram uma base

fenomenológica para o processo de evolução orgânica. "A origem", publicada em 1859,

quando o autor contava com 50 anos de idade, provocou, sem dúvida, um grande

impacto. A primeira edição da obra, com 1.250 exemplares, esgotou no primeiro dia

de publicação, 22 de novembro, e até 1876, somente na Inglaterra, já haviam sido

vendidos 16.000 exemplares. Isso não significa que Darwin só tenha recebido

aplausos; muito pelo contrário, esta obra encontrou violenta oposição, não

exatamente de natureza científica, mas de caráter emocional por parte da Igreja

Anglicana (liderada inicialmente pelo bispo Wilberforce) e por parte da sociedade

leiga, por não se admitir a idéia da origem do homem a partir de primatas. Essa

resistência persiste até hoje em alguns grupos de religiosos fundamentalistas,

principalmente os criacionistas, que defendem a interpretação bíblica "ipsis

litteris" da criação do mundo e dos seres vivos. A Igreja Católica admitiu, após

quase 100 anos de resistência, através da Encíclica Papal "Humanis Genesis" (1951),

a ascendência biológica do homem. Em 1997, através de comunicado do papa João Paulo

II, a Igreja Católica deixou de considerar a evolução biológica como uma teoria

científica e passou a considerá-la como um fato.

Na comunidade científica a teoria de Darwin foi aos poucos encontrando abrigo

e se tornando cada vez mais uma fonte de inspiração para o desenvolvimento de novas

pesquisas. Além disso, a teoria da evolução, com a devida complementação que mais

tarde a genética lhe emprestou, permitiu uma visão unificada de toda a Biologia. Os

primeiros grandes defensores e divulgadores da teoria da evolução foram Thomas H.

Huxley (avô do biólogo Julian Huxley e do escritor Aldous Huxley), na Inglaterra, e

Ernst H. Haeckel na Alemanha, onde o darwinismo foi ensinado pela primeira vez em

1860.

É importante salientar que o mecanismo da hereditariedade é fundamental para a

compreensão da teoria da evolução. Os trabalhos de Mendel (realizados praticamente

ao mesmo tempo em que Darwin formulava sua teoria) tornaram-se amplamente

conhecidos somente a partir de 1900. Apenas a partir daquele momento foi possível o

estabelecimento de ligações adequadas entre a teoria da evolução e a mecânica da

hereditariedade.

Antes disso, as idéias predominantes sobre a herança biológica eram oriundas

do pensamento de Francis Galton, um primo de Darwin que se dedicava ao estudo de

caracteres quantitativos através da aplicação de métodos estatísticos para

desvendar os princípios da hereditariedade. Em 1897 Galton propôs a lei da

ancestralidade que viria a provocar, no futuro, grande resistência à aceitação do

Page 3: Genética de Populações (1)

3

mendelismo; independentemente disso Galton foi um cientista muito importante por

ter criado uma escola de biometria, com cientistas do porte de Karl Pearson, que

desenvolveu métodos estatísticos usados até hoje.

A discrepância entre a teoria de Galton e a genética mendeliana só foi

resolvida mais tarde, graças principalmente aos trabalhos do dinamarquês Johanssen

sobre a herança de caracteres quantitativos (1909) e a um trabalho publicado em

1918 por Ronald Alymer Fisher.

Assim, no começo deste século, a teoria da evolução de Darwin sofreu o forte

impacto das novas descobertas da genética, iniciadas com a divulgação do trabalho

de Mendel. Tornou-se claro que a matéria-prima da evolução são os genes e as suas

leis de transmissão de uma geração a outra, ao nível populacional. A união das

idéias de Darwin com as noções exatas da mecânica da transmissão do material

hereditário originou a teoria moderna da evolução, também conhecida pelo nome de

neodarwinismo.

As grandes sínteses empíricas desta visão renovada da teoria de evolução foram

feitas nas décadas de 30 e de 40 por três importantes nomes da Ciência: Theodosius

Dobzhansky, na sua obra clássica "Genetics and the Origin of Species", cuja

primeira edição apareceu em 1937, seguida de várias reimpressões e edições revistas

e ampliadas; Julian Huxley em "Evolution, the Modern Synthesis", publicada em 1942,

e Ernst Mayr em "Systematics and the Origin of Species", de 1942.

A ausência de um bom conhecimento da genética no tempo de Darwin não o impediu

de elaborar a sua teoria sobre a origem das espécies, mas deixou um vazio que já

foi preenchido nas três primeiras décadas do século 20, com os conhecimentos que

viriam a se constituir naquilo que é chamado hoje de "genética de populações".

A genética de populações estuda as manifestações da herança no nível

populacional. Ela trabalha com modelos, ou seja, representações simplificadas da

realidade, usando para isso os elementos que participam do fenômeno (genes,

genótipos, fenótipos, gametas, etc.), representados simbolicamente e regras

operacionais capazes de traduzir os fenômenos que estão sendo estudados. Estas

regras operacionais, em geral, estão sujeitas a princípios matemáticos e

estatísticos, de modo que os modelos são chamados de modelos matemáticos. A grande

importância desses modelos é que partem de informações obtidas por biólogos através

de observação e experimentação. Os modelos fornecem meios de estimar parâmetros

corretamente e permitem fazer previsões que podem ser testadas experimentalmente.

Se os testes experimentais não estiverem de acordo com os modelos, estes serão

rejeitados ou modificados e outros modelos mais adequados serão formulados. A cada

nova informação, novos modelos podem ser estabelecidos.

Os modelos permitem, portanto, um tratamento quantitativo dos fenômenos, o

estabelecimento de previsões e uma maneira de testar hipóteses.

O conjunto de modelos acumulados desde os primeiros trabalhos feitos nesse

campo e sua maneira integrada de tratar os processos evolutivos permitem afirmar

que a genética de populações é hoje uma ciência à parte.

A primeira publicação relativa à genética de populações foi uma simples nota

publicada na revista Science, em 10 de julho de 1908, por Godfrey Harold Hardy, o

mais importante matemático inglês deste século. Esse trabalho se deve às questões

levantadas por um famoso estatístico, Yule, numa conferência pronunciada pelo

geneticista Punnett, na Royal Society of Medicine. Yule declarava que se um alelo

dominante fosse introduzido numa população, sua freqüência deveria aumentar até

atingir o valor 0,5, fazendo com que a relação entre os fenótipos dominantes e

recessivos fosse de 3:1. Punnett, não concordando com aquela afirmação, levou o

problema para Hardy, que analisou a questão e demonstrou que na ausência de

qualquer fator perturbador as freqüências gênicas devem permanecer constantes e a

distribuição das freqüências dos genótipos AA, Aa e aa dependerá das freqüências

gênicas de A e a, assumindo valores conforme a distribuição binomial. Esta

distribuição de freqüências de uma população em equilíbrio se tornou o ponto

fundamental de todo o desenvolvimento da genética de populações. Mais tarde,

verificou-se que o mesmo resultado já havia sido publicado em 13 de janeiro de 1908

por um médico alemão, Wilhelm Weinberg, num estudo sobre a herança da gemelaridade.

Page 4: Genética de Populações (1)

4

Assim, esse equilíbrio é hoje conhecido na literatura como "equilíbrio de Hardy-

Weinberg".

Um outro aspecto que preocupou os geneticistas da época, em termos

populacionais, foi o efeito do endocruzamento na distribuição das freqüências

genotípicas. Este aspecto foi tratado independentemente por H. S. Jennings e por R.

Pearl em uma série de trabalhos publicados entre 1912 e 1916. Algumas dúvidas sobre

a veracidade das proposições de Pearl levaram também o então jovem geneticista

americano Sewall Wright (1889-1988) a se envolver no problema de endocruzamento e

sistemas de cruzamento de um modo geral, o que culminou, em 1921, com a publicação

de uma série de trabalhos com o título "Systems of mating". Wright tornou-se um dos

mais importantes teóricos da genética de populações, juntamente com Ronald Alymer

Fisher (1890-1962) e John Burdon Sanderson Haldane (1892-1965). Fisher, além de ter

sido um pioneiro da genética de populações, também fez inúmeras contribuições

extremamente importantes à Estatística. Haldane, que era professor de Bioquímica em

Cambridge, desde cedo manteve interesse por problemas de genética e a partir de

1924 iniciou uma série de publicações sobre genética de populações, centradas no

estudo da seleção natural.

O estudo da genética vinha apresentando grandes progressos e cada vez mais os

problemas evolutivos eram analisados sob o ponto de vista genético, ficando claro

que a sede das mudanças evolutivas era o próprio material genético. Cada caráter

usado para definir uma população, raça ou espécie é, portanto, um caráter

hereditário; estudar as mudanças evolutivas a que estes caracteres estão sujeitos é

estudar as mudanças que ocorrem no próprio material genético. Trabalhando com genes

é possível estabelecer modelos matemáticos para estimar as freqüências dos mesmos e

prever as mudanças que podem ocorrer quando submetidos à ação dos agentes

evolutivos. Assim, a essência do processo evolutivo é retratada pela genética de

populações que, por volta da década de 30, já tinha suas bases completamente

estabelecidas. Em 1930, Fisher havia publicado seu livro "The genetical theory of

natural selection"; Wright, em 1931, publicava um longo artigo na revista Genetics,

intitulado "Evolution in Mendelian populations" e Haldane, em 1932, publicava o

livro "The causes of evolution". Outro grande impacto teórico experimentado pela

genética de populações foi sofrido no fim dos anos 60 e começo dos anos 70, devido

aos avanços da genética bioquímica. O problema apareceu com a descoberta de uma

quantidade inesperadamente alta de polimorfismos proteicos e a resposta, proposta

principalmente pelo biólogo japonês Motoo Kimura, foi a teoria neutralista da

evolução molecular, segundo a qual estes polimorfismos seriam uma espécie de ruído

de fundo do processo evolutivo. Esta questão teórica ainda aguarda solução. A

disponibilidade recente de informações sobre filogenias gênicas tem aberto novos

horizontes, especialmente com o desenvolvimento da teoria da coalescência. Em todos

estes avanços teóricos a linguagem usada, principalmente nas demonstrações

matemáticas e nas aplicações de estatística, não era acessível para quem não

tivesse algum tipo de preparo nestas áreas. O problema foi facilitado pelo

aparecimento de livros-texto, como os que citamos a seguir.

O primeiro livro-texto didático de genética de populações foi publicado por

Hogben, em 1946 e levava o título “An introduction to mathematical genetics”. Em

1948, seguiu-se “Population Genetics”, de autoria de Ching Chung Li, cuja segunda

edição, bastante ampliada, foi publicada em 1976 sob o título "First course in

population genetics". Li foi um grande divulgador da genética de populações, além

de contribuir também com vários trabalhos originais. Além dos livros de C. C. Li,

são conhecidas obras dos seguintes autores: Oscar Kempthorne publicou em 1957 "An

introduction to genetics statistics", um livro relativamente complexo, exigindo

conhecimentos de estatística; D. S. Falconer, em 1960, publicou "Introduction to

quantitative genetics", que é um clássico da genética quantitativa; P. A. P. Moran,

publicou, em 1962, "The statistical processes of evolutionary theory"; James F.

Crow e Motoo Kimura, publicaram "An introduction to population genetics theory" em

1970 e Regina C. Elandt-Johnson, "Probability models and statistical methods in

genetics", em 1971. Desta data para cá apareceram inúmeros outros trabalhos, muitos

dos quais apresentam o assunto com o mínimo de formalismo matemático. Entre os

Page 5: Genética de Populações (1)

5

livros que também abordam o impacto recente dos resultados de Biologia molecular

temos o de Masatoshi Nei, "Molecular evolutionary genetics", de 1987, de Daniel

Hartl e Andy G. Clark, "Principles of population genetics" (1989) e o de John

Maynard Smith, "Evolutionary genetics" (1989).

Embora essas obras abordem o assunto de modo mais profundo que o necessário

para um curso básico como o nosso, o registro das mesmas fica pela apresentação dos

autores e para aqueles que porventura se interessem pelo assunto.

EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG

Um dos aspectos importantes do estudo da Evolução é a análise da variabilidade

genética das populações e do seu comportamento ao longo das gerações. Esses

aspectos constituem a preocupação fundamental da Genética de populações, que

procura descrever a composição genética das populações bem como sua resposta frente

à atuação de fatores tais como o tipo de cruzamento, o tamanho da população, a

mutação, a migração e os vários tipos de seleção. A Genética de populações, por

quantificar os fenômenos evolutivos, fornece parâmetros para a análise da

variabilidade genética das populações, sua origem e manutenção.

Vamos, portanto, mostrar como essa variabilidade é caracterizada para fins do

estudo da Genética de populações.

Freqüências gênicas

A fim de conceituar freqüência gênica , vamos considerar inicialmente o que

ocorre com um par de genes autossômicos em organismos diplóides. Supondo que não

haja dominância, poderemos distinguir os três genótipos possíveis, representados

por AA, Aa e aa. Esses três genótipos corresponderão a três classes fenotípicas

diferentes. Assim, em uma população constituída de N indivíduos poderemos contar D

indivíduos AA, H indivíduos Aa e R indivíduos aa.

Os valores D, H e R são chamados de freqüências absolutas (note as letras

maiúsculas) enquanto que esses valores, divididos pelo total de indivíduos da

população (N) nos dão as freqüências relativas (representadas pelas mesmas letras,

só que minúsculas).

AA Aa aa

dD

N= h

H

N= r

R

N=

A soma das freqüências relativas é sempre 1.

D

N+

H

N+

R

N=

D+ H + R

N=

N

N= 1

As freqüências relativas podem ser interpretadas, no caso de amostragens muito

grandes, como probabilidades, ou seja, d é a probabilidade de se tomar "ao acaso"

um indivíduo AA desta população.

Podemos agora procurar saber quais as freqüências gênicas nessa população.

Neste caso, o método direto para estimar as freqüências gênicas é o da contagem

simples.

Dada a população:

Page 6: Genética de Populações (1)

6

AA Aa aa

D H R

N

contamos o número de alelos A e a e estimamos as freqüências gênicas. Por se tratar

de uma população diplóide vamos atribuir a cada indivíduo dois genes. A população

toda terá, pois, 2N genes. Os indivíduos AA terão 2D genes A e os indivíduos Aa

terão H genes A, perfazendo um total de 2D + H genes A em uma população com um

total de 2N genes; logo, a freqüência do alelo A será:

f (A) =2D + H

2N=

2D

2N+

H

2N= d +

h

2= p

Com o mesmo raciocínio veremos que a freqüência do alelo a será:

f (a) =2R + H

2N=

2R

2N+

H

2N= r +

h

2= q

pode-se verificar que:

p + q = d +h

2+

h

2+ r = 1

Uma vez calculada a freqüência de um alelo, a freqüência do outro pode ser

obtida pela diferença em relação à unidade, uma vez que

p + q = 1

p = 1 − q e q = 1 − p

Exercícios:

1. Determine nos casos que se seguem as freqüências relativas das classes

fenotípicas e as freqüências gênicas:

Page 7: Genética de Populações (1)

7

a) AA Aa aa

25 60 15

N =

d= h= r=

f(A) = p = f(a) = q =

b) AA Aa aa

320 0 80

N =

d= h= r=

f(A) = p = f(a) = q =

c) AA Aa aa

0 120 80

N =

d= h= r=

f(A) = p = f(a) = q =

d) AA Aa aa

10 180 810

N =

d= h= r=

f(A) = p = f(a) = q =

2. Determine, nos casos que se seguem, as freqüências absolutas das classes

genotípicas e as freqüências gênicas (para uma população de 1000 indivíduos):

a) AA Aa aa

D= H= R=

0,30 0,60 0,10

p= q=

b) AA Aa aa

D= H= R=

0,36 0,48 0,16

p= q=

c) AA Aa aa

D= H= R=

0,20 0,80 0,00

p= q=

d) AA Aa aa

D= H= R=

0,58 0,04 0,38

p= q=

O que você pode concluir a partir dos resultados do exercício 2?

Page 8: Genética de Populações (1)

8

EQUILÍBRIO (OU LEI) DE HARDY-WEINBERG

O que fizemos até o momento foi representar um par de genes autossômicos, sem

dominância, em uma população diplóide e estimar as freqüências dos alelos. Agora

verificaremos o que acontecerá com uma população desse tipo na geração seguinte.

Por isso consideramos uma população com reprodução sexuada, que se reproduza

por fecundação cruzada.

Vamos considerar, para simplificar o problema, um modelo com "gerações

discretas", ou seja, uma população na qual não haja cruzamentos entre indivíduos

pertencentes a duas ou mais gerações diferentes. Assim, temos uma população de N

indivíduos adultos:

AA Aa aa

D H R

N

Vamos supor que os cruzamentos nesta população ocorram ao acaso. Tal fenômeno

é conhecido como pan-mixia e diz-se que a população que se reproduz assim é pan-

mítica.

Pan-mixia significa que a probabilidade de um indivíduo de qualquer genótipo

cruzar com outro pertencente a qualquer genótipo depende apenas das freqüências

genotípicas. Isso é o mesmo que dizer que não há preferências, seja ela por

genótipos iguais ou diferentes, na escolha de parceiros.

Considerando as freqüências relativas dos genótipos como probabilidades,

podemos dizer que a probabilidade dos indivíduos AA , com freqüência relativa d ,

cruzar com outro indivíduo de mesmo genótipo é simplesmente dXd = d2.

Assim, podemos construir um quadro com as probabilidades, ou freqüências, dos

cruzamentos "ao acaso".

QUADRO 1 - Freqüências de cruzamentos "ao acaso".

machos AA Aa aa

fêmeas freqüênciasgenotípicas

d h r

AA d d2 dh dr

Aa h hd h2 hr

aa r rd rh r2

Lembre-se que a soma dessas probabilidades ou freqüências de cruzamentos será

sempre igual a 1, pois

(d + h + r ) × (d + h + r) = 1×1 = 1

Agora vamos verificar qual a descendência deixada por cada um desses

cruzamentos. Novamente teremos de fazer algumas considerações a respeito de como

calcular o número de descendentes. O número de descendentes por casal é variável,

mas podemos admitir que este número não dependa dos genótipos dos indivíduos que

formam o casal, sendo, em média, o mesmo.

Page 9: Genética de Populações (1)

9

Assim, podemos apresentar a freqüência de descendentes de cada classe de casal

pela própria freqüência dos cruzamentos. Podemos assim determinar os genótipos dos

descendentes de cada casal e suas respectivas freqüências.

Exercício : Complete o quadro abaixo, determinando os genótipos dos descendentes de

cada tipo de cruzamento e suas respectivas freqüências.

machos AA Aa aa

fêmeas d h r

AA dd

2 AA

dh/2 AAdh/2 Aa

Aa h

aa r

Para determinar as freqüências dos diferentes genótipos na nova geração basta

somar as freqüências das 3 classes genotípicas dos descendentes.

tipo de freqüênciade

Descendentes

cruzamento cruzamento AA Aa aa

AA X AA d2 d2

AA X Aa 2dh dh dh

AA X aa 2dr 2dr

Aa X Aa h2 h2/4 h2/2 h2/4

Aa X aa 2hr hr hr

aa X aa r2 r2

Total 1 (d+h/2)2 2(d+h/2)(r+h/2) (r+h/2)2

Lembrando que (d + h/2) = p e (h/2 + r) = q verificamos imediatamente que a

distribuição das freqüências genotípicas poderá ser expressa assim:

AA Aa aa

p2 2pq q

2 ou

p2 2p(1-p) (1-p)

2 ou

(1-q)2 2q(1-q) q

2

Page 10: Genética de Populações (1)

10

As duas últimas representações têm a vantagem de ter apenas uma variável de

freqüência gênica.

As freqüências gênicas não mudam, pois:

p1 = d1 +h1

2= p2 + pq = p2 + p − p2 = p

Note que uma série de condições foi imposta na elaboração do modelo, o que

levou a população ao equilíbrio. Estas condições são:

- população de tamanho infinito;

- reprodução sexuada, por fecundação cruzada;

- pan-mixia;

- ausência de mutação;

- ausência de migração diferencial;

- ausência de seleção.

Nestas condições, uma população não sofre alterações em suas freqüências

gênicas, ao longo das gerações, nas proporções:

p2 2pq q2

Estas proporções serão atingidas em uma única geração.

Alelos Múltiplos

O princípio visto acima pode ser estendido para qualquer número de alelos.

Sejam os alelos:

A1 A2 A3 ... AN, com as freqüências gênicas:

p1 p2 p3 ... pN

No equilíbrio, as freqüências dos genótipos homozigotos serão:

f A A p( )1 1 12= ; f (A2 A2) = p2

2; f (A3 A3 ) = p3

2 ... f (AN AN ) = pN

2

e as freqüências dos genótipos heterozigotos serão:

f (A1A2 ) = 2p1 p2; f (A1A3 ) = 2 p1 p3; f (A2 A3 ) = 2 p2 p3 ... f (AN−1 AN ) = 2 pN −1 pN

Caso de um par de genes autossômicos com dominância

Estimativa de freqüências gênicas

Muitos caracteres hereditários são determinados por genes alélicos que exibem

uma relação de dominância, ou seja, não é possível distinguir fenotipicamente os

homozigotos (AA) dos heterozigotos (Aa). Assim, a população seria representada por:

A _ aa

D R

Como já visto anteriormente no caso de herança sem dominância, se a população

estiver em equilíbrio, os valores d e r corresponderão, respectivamente, a (p2 +

Page 11: Genética de Populações (1)

11

2pq) e q2. Dada a impossibilidade de distinguir os indivíduos AA de Aa, não podemos

estimar as freqüências gênicas por contagem direta dos genes nos homozigotos e

heterozigotos. Entretanto, no caso de a população estar em equilíbrio, pode-se

estimar a freqüência do alelo a com base na relação

f (aa ) =R

N= r = q2

logo,

R N

= r = q = 1 − p .

Exercício:

Estimar as freqüências gênicas para as seguintes populações:

a) A_ aa

150 50N =

p = q =

b) A _ aa

220 80N =

p = q =

Algumas considerações sobre o equilíbrio de H.W.

O equilíbrio de H.W. pressupõe uma série de condições que raramente são

observadas na prática. Dificilmente será encontrada uma população natural em que

todas as condições estejam vigorando simultaneamente. A mutação, por exemplo, é um

fenômeno espontâneo, de ocorrência constante. Porém, como as taxas de mutação são,

em geral, muito baixas, da ordem de um para dez mil ou cem mil (10-4 ou 10

-5), seu

efeito sobre o equilíbrio, no instante em que a amostra for colhida, será

desprezível. Quando se observa um polimorfismo, os diversos fenótipos poderão ter

valores adaptativos diferentes, significando que a seleção natural está ocorrendo.

Além disso, em muitas populações podem estar ocorrendo migrações e muitas

populações nem sempre terão um tamanho que permita considerá-las infinitamente

grandes. Ainda, nem sempre as populações são pan-míticas.

Apesar dessas observações, o equilíbrio de H.W. é extremamente importante e

extremamente útil em genética de populações. Ele se constitui de um modelo básico

muito simples, porque elimina todos os fatores que redundam em complicações. As

condições que são impostas são exatamente aquelas que poderiam promover mudanças

nas freqüências gênicas ou genotípicas e que implicariam em evolução. Por isso

podemos dizer que o equilíbrio de H.W. é conservador, pois ele descreve uma

situação de uma população que não está se modificando.

Para estudar as mudanças evolutivas, procura-se analisar o efeito que os

fatores isolada ou conjuntamente apresentam sobre o equilíbrio de H.W., chegando-

se, assim, a retratar as mudanças evolutivas.

Teste para verificar se a população está ou não em equilíbrio de H.W.

Dada uma amostra populacional com a identificação completa dos genótipos

feita, surge o problema: Esta pode ser uma amostra representativa de uma população

que está em equilíbrio de Hardy-Weinberg? Vamos estudar primeiramente o caso da

ausência de dominância, em um loco com dois alelos:

Page 12: Genética de Populações (1)

12

AA Aa aa

D H R

N

onde a freqüência do alelo A é p =2D + H

2N e a do a é q =

2R + H

2N

Note que esta estimativa não requer que a população esteja em equilíbrio.

Conhecidos os valores de p e q, podemos então estimar as freqüências das três

classes genotípicas, como se a população estivesse em equilíbrio. Essas freqüências

absolutas, como já vimos, são:

AA Aa aa

p2.N 2 pq.N q2.N , onde

N = D + H + R e p = 1 − q.

Exercício:

Calcule as freqüências gênicas e as freqüências genotípicas esperadas

(relativas e absolutas) para as seguintes amostras:

1. AA Aa aa

204 494 302

N =

p = q =

p2= 2pq= q

2=

p2.N= 2pq.N= q

2.N=

3. A Aa aa

40 220 240

N =

p = q =

p2= 2pq= q

2=

p2.N= 2pq.N= q

2.N=

2. AA Aa aa

20 50 30

N =

p = q =

p2= 2pq= q

2=

p2.N= 2pq.N= q

2.N=

4. AA Aa aa

80 100 120

N =

p = q =

p2= 2pq= q

2=

p2.N= 2pq.N= q

2.N=

Como temos os valores obtidos e os esperados, podemos ter uma idéia se a

população da qual a amostra foi retirada estava em equilíbrio ou não. Como foi

visto no exercício acima, aparece uma dificuldade: se os valores forem exatamente

iguais (o que, na prática, é pouco provável) concluimos que a população encontra-se

em equilíbrio, mas se isto não acontece, temos que lançar mão de um outro método

para tomar a decisão de forma objetiva. A estatística nos fornece a ferramenta

apropriada para a comparação de proporções: o teste do X2 (que se lê qui-quadrado).

Este teste só pode ser aplicado com os valores absolutos.

AA Aa aa Total

Valores observados (O) D H R N

Valores esperados (E) p2.N 2pq.N q

2.N N

Page 13: Genética de Populações (1)

13

O valor do X2 é dado por:

Χ2 =(observadoi − esperado i )

2

esperado ii=1

k

ou seja: Χ2 =D − p2 .N( )2

p2.N+

H − 2pq.N( )2

2pq.N+

R − q2 .N( )2

q2 .N

O valor obtido através dessa soma corresponde ao X2. Para saber se a população

está ou não em equilíbrio, ou seja, se a amostra foi ou não retirada de uma

população em equilíbrio, basta comparar este valor com os valores dados na tabela

do X2. O estabelecimento de um determinado valor de X

2 dependerá, inicialmente, da

escolha do "nível de significância", que consiste no risco que se corre, em termos

de probabilidade, de rejeitar uma hipótese verdadeira. Esse nível deve ser fixado

previamente e, em geral, para os experimentos biológicos usa-se o nível de

significância (alfa) de 0,05 (ou 5%).

Temos, entretanto, vários valores de X2 para 5%, cada um correspondendo a um

determinado número de graus de liberdade (primeira coluna da tabela). É através

desse valor que vamos procurar o X2 na tabela.

O número de graus de liberdade é dado pela quantidade de classes independentes

envolvidas na análise. No caso de três genótipos, temos apenas 1 classe

independente para o mesmo N e o mesmo p. Por exemplo, se existem 34 indivíduos AA

em um total de 100 e a freqüência do alelo A é 0,6, então as outras duas classes

estarão já determinadas: 52 Aa e 14 aa. Quaisquer outros valores de H e R alterarão

as freqüências gênicas ou o total, o que não é permitido. Então existe uma única

classe independente e, portanto, um único grau de liberdade.

Na prática, o número de graus de liberdade pode ser calculado assim:

g.l.= Número de classes-(número de parâmetros da amostra utilizados no teste para

calcular os esperados das classes)

No nosso caso, temos 3 classes e usamos dois parâmetros: a freqüência de um

alelo e o total. g.l. = 3 - 1 - 1 = 1.

Assim, vamos procurar na tabela simplificada, anexa, na linha correspondente

ao número de graus de liberdade 1 , o valor do X2 para 5%, que é 3,841. Se o valor

obtido for maior que 3,841, rejeitamos a hipótese de equilíbrio; se for menor

aceitamos a hipótese.

Exercício :

Aplique o teste do X2 para as populações do último exercício, e verifique

quais estão em equilíbrio.

Caso de dois alelos com dominância

Não é possível aplicar o teste do X2 para saber se a população está ou não em

equilíbrio no caso de características monogênicas com dominância. A justificativa é

muito simples: o cálculo da freqüência do alelo a , através da expressão q r= , é

baseado na condição de que a população esteja em equilíbrio, portanto, não há o que

testar.

Page 14: Genética de Populações (1)

14

Um outro argumento é que não sobra grau de liberdade para o teste. No caso de

dominância temos duas classes ( A - e aa ). Com esses dados estimamos o parâmetro q =

R/N. Logo o número de graus de liberdade será:

2(número de classes) - 1(total) - 1(freqüência) = 0 g.l., o que invalida o teste.

TABELA SIMPLIFICADA DE VALORES CRÍTICOS DO QUI-QUADRADO

Graus de liberdade Alfa = 0,05 Alfa = 0,01

1 3,841 6,635

2 5,991 9,210

3 7,815 11,345

4 9,488 13,277

5 11,070 15,086

EQUILÍBRIO PARA GENES LIGADOS AO SEXO

O processo de reprodução sexuada geralmente envolve a existência de dois sexos

que são determinados por um par de cromossomos. Um dos sexos é homogamético (dois

cromossomos sexuais iguais) e o outro é heterogamético (dois cromossomos sexuais

diferentes). Vamos utilizar arbitrariamente o sistema de determinação sexual XX XY,

onde indivíduos XX são fêmeas e XY são machos e que é o sistema mais comum entre os

animais. As conclusões permanecem válidas para sistemas ZZ ZW, bastando apenas

inverter os sexos. A genética dos cromossomos sexuais pode então ser de três tipos:

No caso de genes que estão situados na região de homologia entre os cromossomos X e

Y, continuam valendo as condições de herança autossômica. No caso de genes situados

na região não homóloga do cromossomo Y, ficam valendo os princípios da herança em

organismos haplóides, para os machos. O caso dos genes exclusivos do cromossomo X

merece um tratamento especial devido à haplo-diploidia, como veremos a seguir.

Tomemos uma população de fêmeas e machos, respectivamente, na geração 0:

AA Aa aa

D0 H0 R0

N f e

AY aY

S0 T0

Nm

onde D, H e R são as freqüências absolutas de cada um dos genótipos das fêmeas e S

e T as freqüências absolutas de cada um dos genótipos dos machos , Nf e Nm o número

de fêmeas e machos, respectivamente.

As freqüências alélicas entre as fêmeas são:

f A( ) = p f =2D0 + H0

2N f

= d0 +h0

2 e f a( ) = q f =

2R0 + H0

2N f

= r0 +h0

2

Entre os machos teremos: f (A) = pm =S0

Nm

= s0 e f (a) = qm =T0

Nm

= t0

Para verificar o que acontece na geração seguinte, g1, deixemos os indivíduos da

geração 0 reproduzirem-se através de cruzamentos pan-míticos:

Cruzamento Machos Fêmeastipo freq. AY aY AA Aa aa

AA-AY d0s0 d0s0 - d0s0

Page 15: Genética de Populações (1)

15

Aa-AY h0s0 h0s0

2

h0s0

2

h0s0

2

h0s0

2aa-AY r0s0 r0s0 r0s0

AA-aY d0t0 d0t0 d0t0

Aa-aY h0t0 h0t0

2

h0t0

2

h0t0

2

h0t0

2aa-aY r0t0 r0t0 r0t0

Total 1 (d0+h0/2) (r0+h0/2) s0(d0+h0/2) s0(r0+h0/2)+t0(d0+h0/2) t0(r0+h0/2)

As freqüências pm1 e qm1 dos alelos A e a , entre os machos, na geração

seguinte, serão:

pm1 = f ( A) = d0 +h0

2= p f 0 e qm1 = f (a) = r0 +

h0

2= q f 0

Isso quer dizer que as freqüências dos alelos A e a , entre os machos, nageração g

1, são idênticas às freqüências destes mesmos alelos entre as fêmeas, na

geração anterior g0. Isto é esperado, pois os machos recebem o cromossomo X

exclusivamente das fêmeas.As freqüências pf1 e qf1 dos alelos A e a entre as fêmeas, de acordo com o

obtido no quadro 1, serão:

p f 1 = f (A) = s0 d0 +h0

2

+

1

2s0 r0 +

h0

2

+ t0 d0 +

h0

2

e

q f 1 = f (a) = t0 r0 +h0

2

+

1

2s0 r0 +

h0

2

+ t0 d0 +

h0

2

Substituindo s0 e t0 por pm0 e qm0, e (d0+h0/2) e (h0/2+r0) por pf0 e qf0 teremos:

p f 1 = pm 0.p f 0 +1

2pm 0.q f 0 + qmo.p f 0( ) =

=2 pm0 .p

f 0+ pm0 .q

f 0+ qm 0.p f 0

2=

=pm0 . pf 0 + q f 0( ) + p f 0 . pm 0 + qm0( )

2=

=pm0 + p f 0

2

pois pf0 + qf0 = 1 e pm0 + qm0 = 1.

Com o mesmo raciocínio demonstra-se que q f 1 =qm 0 + q f 0

2

Page 16: Genética de Populações (1)

16

Isso quer dizer que pf1 é a média aritmética das freqüências do alelo A entre

os machos (pm0) e as fêmeas (pf0) da geração anterior g0, o que é intuitivo, pois

cada um dos dois cromossomos sexuais vem de um progenitor com sexo diferente.

EXERCÍCIO:

1. Determine a composição genética de uma população na geração g1, considerando que

a população g0 apresenta as seguintes composições:

a) | AA Aa aa | | AY aY | | | Nf=1000 | | Nm=1000

|810 180 10 | |900 100 |

b) | AA Aa aa | | AY aY |

| | | |

|0,50 0,40 0,10 | |0,50 0,50|

2. Determine quais as freqüências gênicas das populações parentais femininas e

masculinas que deram origem às seguintes populações:

a) | AA Aa aa | | AY aY |

| | | |

|0,35 0,50 0,15| |0,70 0,30|

b) | AA Aa aa | | AY aY |

| | | |

|0,06 0,58 0,36| |0,60 0,40|

Condições de equilíbrio

As condições de equilíbrio no caso da herança ligada ao sexo são duas:

primeira, que as freqüências gênicas sejam as mesmas, entre fêmeas e machos;

segunda, que entre as fêmeas a distribuição das freqüências genotípicas obedeça às

proporções p2:2pq:q

2.

Vamos verificar a seguir como as freqüências alélicas de um gene ligado ao

sexo entram em equilíbrio. Para isto, utilizaremos a quantidade d, que mede a

diferença entre as freqüências alélicas entre os machos e as fêmeas.

d = qf - qm

como q f 1 =q f 0 + qm0

2 e qm1 = q f 0 ,

d1 =q f 0 + qm 0

2− q f 0 =

q f 0 + qm 0 − 2q f 0

2=

qm 0 − q f 0

2;

d1 é portanto −d0

2, que é o mesmo que dizer que a diferença entre as freqüências

dos dois sexos cai pela metade em cada geração, em termos absolutos, e que essa

diferença muda de sinal, também a cada geração.

A diferença tende a 0 e, em equilíbrio, a freqüência gênica será

ˆ q = ˆ q f = ˆ q m , sendo que em cada geração:

Page 17: Genética de Populações (1)

17

qq q

nmn fn=

+ 2

3, que é a média ponderada pelo número de cromossomos X de cada sexo

e representa a freqüência do alelo na população total (machos e fêmeas).

EXERCÍCIO:

3. Verifique como a população tende ao ponto de equilíbrio calculando, a partir da

constituição inicial dada abaixo, as freqüências gênicas e genotípicas e o valor de

d em pelo menos 4 gerações consecutivas. Represente graficamente os valores destas

freqüências. Calcule também o valor médio das freqüências gênicas em cada uma das

gerações:

| AA Aa aa | | A a |

| | | |

|0,10 0,40 0,50| |0,70 0,30|

Estimativa das freqüências gênicas

Para estimarmos as freqüências gênicas de um gene ligado ao sexo com a

finalidade de verificarmos se a população está ou não em equilíbrio, fazemos uma

única estimativa, a da freqüência de um dos alelos na população total:

AA Aa aa

D H R

N f

AY aY

S T

Nm

p = f (A) =2D + H + S

2N f + Nm

; q = f (a) =2R + H + T

2N f + Nm

Para o teste de X2, teremos 5 classes, dois totais independentes (um total

para machos e outro para fêmeas) e uma freqüência estimada a partir da amostra

total; portanto teremos 5 - 2 - 1= 2 graus de liberdade.

Genes ligados ao sexo com dominância

No caso de haver dominância, podemos estimar as freqüências gênicas através de

uma equação que será fornecida sem comentários, pois sua dedução exige

conhecimentos mais avançados de matemática:

A _ aa

D R

N f

AY aY

S T

Nm

q =−S + S2 + 4(2N f + Nm ). 2R + T( ).

4N f + 2 Nm (quando há dominância em herança ligada ao

sexo)

O valor de q estimado pela equação acima somente corresponderá ao valor

verdadeiro se a população estiver em equilíbrio. Podemos mesmo assim verificar a

condição de equilíbrio pelo emprego do teste de X2, pois teremos 4 classes - 2

totais - 1 freqüência gênica, o que resulta em um grau de liberdade.

EXERCÍCIO:

Page 18: Genética de Populações (1)

18

O resultado da análise de uma dada geração de uma caixa de populações de

drosófila com olhos vermelhos (w+_) e brancos (ww) foi:

| w+w+ w

+ ww | | w

+y wy |

| | Nf | | Nm |280 170 50 | 500 | 400 100| 500

Calcule a freqüência do alelo para olhos brancos (w) entre as fêmeas, entre os

machos e na população total.

Suponha, agora, que nesta mesma amostra não se saiba quantas fêmeas de olhos

vermelhos são homozigotas. Usando o estimador apropriado, estime a freqüência do

alelo w para essa população e compare com a estimativa anterior. Faça o teste do X2

para verificar se esses dados estão de acordo com o esperado em equilíbrio. Suponha

que você tenha apenas 300 machos, mas que as freqüências gênicas sejam as mesmas

(w+y = 240; wy = 60). Estime de novo a freqüência do alelo w , usando esse dado, em

lugar de 400 e 100, e verifique que alterações isso acarreta na estimativa.

DESVIOS DA PAN-MIXIA: CRUZAMENTOS PREFERENCIAIS EENDOCRUZAMENTO

Entre as várias condições que são impostas para que o equilíbrio de Hardy-

Weinberg (H.W.) se verifique, uma delas é que a população seja completamente pan-

mítica, isto é, os cruzamentos devem ocorrer totalmente ao acaso.

Acontece, porém, que podem haver inúmeras maneiras diferentes dos indivíduos

se associarem em acasalamento. Essas diferentes maneiras dependem da própria

biologia do organismo, devido a determinadas características morfológicas,

fisiológicas ou comportamentais. Podemos lembrar, por exemplo, que existem

organismos monóicos, como o caso da ervilha, em que a autofecundação é praticamente

obrigatória. Por outro lado, alguns organismos, embora sendo monóicos ou

hermafroditas, dispõem de mecanismos que evitam a realização da autofecundação. Em

determinadas plantas, como a Nicotiana tabacum, existe um sistema regulado por umloco com vários alelos (S1, S2, S3, ...) que determinam a auto-esterilidade. O

pólen S1 é incapaz de produzir o desenvolvimento do tubo polínico no estigma de uma

planta cujo genótipo tenha o alelo S1. O mesmo acontece para qualquer outro alelo,

de tal forma que a autofecundação nunca deixa descendência e também nunca se formam

homozigotos para quaisquer dos alelos do loco.

Os sistemas de cruzamentos podem também ser alterados artificialmente pelo

homem, que interfere seletivamente na escolha dos cruzamentos de plantas e animais

domésticos.

Em ambos os casos, teremos alterações na distribuição das freqüências

genotípicas das populações. Conseqüentemente, devemos procurar analisar os vários

modelos que produzem desvios da pan-mixia e determinar quais as conseqüências que

acarretam na estrutura genética da população.

Basicamente distinguimos duas categorias de alterações da pan-mixia, uma delas

devida a um maior índice de cruzamentos consangüíneos, fenômeno esse chamado de

endogamia ou de endocruzamento , e a outra categoria corresponde aos cruzamentos

preferenciais, positivos e negativos, com relação a um dado caráter genético.

Cruzamento preferencial totalmente negativo

Cruzamento preferencial totalmente negativo é aquele em que os cruzamentos só

ocorrem entre indivíduos de fenótipos (ou genótipos) diferentes. Considerando

fenótipos determinados por mecanismo monogênico, as alterações que esse tipo de

cruzamento determina na constituição genética da população serão apenas em relação

a esse par de genes.

Page 19: Genética de Populações (1)

19

Vamos supor um par de alelos A , a , com dominância, que determina um caráter

para o qual só ocorra cruzamento preferencial totalmente negativo, ou seja,

indivíduos com o fenótipo dominante só cruzam com os de fenótipo recessivo. Assim,

a população:

AA Aa e aa

passaria logo a:

Aa aa

já que os indivíduos AA ou Aa só se cruzariam com aa .

Este tipo de cruzamento preferencial negativo é o que ocorre, por exemplo, na

reprodução sexuada com relação aos cromossomos X e Y.

Cruzamento preferencial totalmente positivo

Diz-se que há cruzamento preferencial totalmente positivo, em relação a um

dado caráter, quando há cruzamentos apenas entre os indivíduos fenotipicamente

iguais.

Seja, pois, um par de genes A , a , com dominância, responsáveis por um caráter

em relação ao qual somente ocorram cruzamentos preferenciais totalmente positivos.

Assim, em relação a esse par de genes, temos a população:

genótipos: AA Aa aa Total

freqüências: d h r 1

Lembrando que

f(A) = (d + h/2) e f(a) = (r + h/2)

Como os indivíduos com o fenótipo dominante só se cruzam entre si, as

freqüências de cruzamentos serão expressas em relação ao total de indivíduos desta

classe, que é

d + h = 1 - r

A Tabela abaixo fornece a descendência dos cruzamentos possíveis. (Observar

que d, h e r são freqüências genotípicas quaisquer, independente de equilíbrio de

H.W.)

Tipo de Freqüência de Descendênciacruzamento cruzamento AA Aa aa

AA X AA d2

1 − r

d2

1 − r

__ __

AA X Aa 2dh

1 − r

dh

1 − r

dh

1 − r__

Aa X Aa h2

1 − r

h2

41 − r

h2

21 − r

h2

41 − r

aa X aa r

r

2 __ __ r 2

r

Page 20: Genética de Populações (1)

20

Totais 1 d + h2( )[ ]2

1− r

h d + h2( )[ ]

1 − r

h2( )2

1 − r+ r

Nesta tabela, as duas "sub-populações" de fenótipos idênticos estão destacadas por

linhas duplas. Note que a transferência entre as subpopulações resulta do

cruzamento entre heterozigotos.

A freqüência do alelo A , nesta nova geração, será:

f (A) =d + h

2( )[ ]2

1 − r+

h2. d + h

2( )1 − r

=d + h

2( ). d + h( )1− r

Como d + h = 1 - r, temos:

f(A) = [d + (h/2)],

que é igual à freqüência deste alelo na geração anterior.

EXERCÍCIO :

1) Analise o que acontece com as freqüências gênicas, genotípicas e fenotípicas

AA Aa aa

Pop. 1 0,45 0,35 0,20

Pop. 2 0,10 0,30 0,60

em duas gerações consecutivas, no caso de cruzamentos preferenciais totalmente

positivos.

Endocruzamento ou endogamia

Considera-se endocruzamento ou cruzamento endogâmico quando os indivíduos que

se cruzam apresentam ancestrais comuns próximos. Se admitirmos que a população é

pan-mítica, pode-se esperar uma determinada freqüência de cruzamentos endogâmicos.

Quando a freqüência de cruzamentos endogâmicos observada for maior do que a

freqüência esperada (pela pan-mixia), então se diz que está ocorrendo endogamia. A

população será, então, endogâmica.

Endogamia é, portanto, o desvio da pan-mixia devido ao excesso de

endocruzamentos (ou cruzamentos endogâmicos) na população.

O endocruzamento ou endogamia corresponde ao termo inglês "inbreeding"; o

produto de um "inbreeding" é chamado "inbred".

A conseqüência da ocorrência de endocruzamento numa população será o aumento

da freqüência dos indivíduos homozigotos e a redução da freqüência dos

heterozigotos na população.

Para entender melhor o que acontece quando há cruzamento endogâmico, vamos

comparar duas situações diferentes, uma com endocruzamento e outra sem:

1)

Page 21: Genética de Populações (1)

21

Aa AA

AaAA AAAa

Aa Aa

aa

2)

Aa AA AA Aa

Aa Aa

aa

No caso 1 podemos verificar que o homozigoto aa é constituído por dois genes

a , sendo que ambos são cópias do mesmo gene original existente num dos bisavós. No

caso 2, também temos um homozigoto aa , formado, porém, por cópias de dois genes a

presentes nos avós, de origens independentes. No primeiro caso, diz-se que os dois

alelos são iguais por descendência (i.p.d.) e, no segundo, iguais pela origem

(i.p.o.). Cotterman chamou os homozigotos com i.p.d. de autozigotos e os

homozigotos com genes i.p.o de alozigotos .

O importante será determinar quantitativamente o efeito dos cruzamentos

endogâmicos sobre a estrutura da população. É claro que o grau de endogamia pode

variar e, conseqüentemente, o efeito que acarreta para a estrutura da população

também variará.

Para se ter uma idéia mais objetiva da conseqüência do endocruzamento na

população vamos inicialmente analisar o que ocorre em uma população que se reproduz

por autofecundação. A autofecundação corresponde ao grau máximo de endogamia.Consideremos um par de genes autossômicos. Assim, na geração inicial g

0 a

população é :

g0

AA Aa aa

D0 H0 R0

N

em que f (A) =D0 + H0

2N

= p e f aR H

Nq( ) =

+=0

02

Admitindo, como foi feito anteriormente, que o número médio de descendentes

por entidade reprodutora seja o mesmo e representando esse número pelo próprio

número de cruzamentos ocorridos, podemos ver que, nas gerações seguintes, a

população terá as seguintes constituições:

geração AA Aa aa

0 d 0 h0 r0

1d

h0

0

4+ h0

2r

h0

0

4+

Page 22: Genética de Populações (1)

22

2d

h h0

0 0

4 8+ +

h0

4r

h h0

0 0

4 8+ +

... ... ... ...

nd0 + h0 .

1

4+

1

8+ ...+

1

2.2n

hn0

2r0 + h0 .

1

4+

1

8+ ...+

1

2.2n

No equilíbrio, teremos:

ˆ d = d0 +h0

2 ; ˆ h = 0 e ˆ r = r0 +

h0

2 , pois lim

i→ ∞

1

2ii =1∑ = 1

Portanto, na enésima geração, a população estará em equilíbrio e será

constituída apenas pelas duas classes homozigotas.

Em equilíbrio, a composição genética da população será:

AA Aa aa

p q0

Como se pode ver, não ocorreram mudanças nas freqüências gênicas, mas apenas

nas freqüências genotípicas, sendo que o valor da classe heterozigota foi

diminuindo e os valores das classes homozigotas, aumentando. A endogamia não produz

modificação em freqüências gênicas, mas pode ser importante, por exemplo, na

eliminação mais rápida de genes letais ou detrimentais da população, quando

associada à seleção natural.Podemos definir um índice de heterozigose da população, h

n/h0, chamado por

Wright de índice de pan-mixia, P :

P =hn

h0

No exemplo que acabamos de examinar, o índice de heterozigose P , é zero,porque h

n é zero; isso significa que, nessa população, não há qualquer parcela que

seja pan-mítica, isto é, ela é totalmente formada por indivíduos que se cruzam por

autofecundação.

O complemento de P , isto é, (1-P), é o coeficiente de endocruzamento F :

F = 1 − P = 1 −hn

h0

=h0 − hn

h0

O coeficiente de endocruzamento F pode variar entre 1 (quando hn for igual a

zero) e zero (quando hn for igual a h0):

h0 − 0

h0

= 1 h0 − h0

h0

= 0

Podemos interpretar o coeficiente F como sendo um fator de proporcionalidade

que divide a população em duas partes, uma fração F, na qual haveria endocruzamento

total, e uma fração 1-F, completamente pan-mítica.

Assim, poderíamos dizer que uma população

AA Aa aa

Page 23: Genética de Populações (1)

23

em que existisse um coeficiente de endocruzamento F, constante ao longo das

gerações, seria constituída por uma fração F de indivíduos autozigotos

AA Aa aa

p 0 q

e uma fração 1-F constituída por indivíduos alozigotos

AA Aa aa

p2

2pq q2

Ou então:

(1 − F).(p2 + 2 pq + q2 ) + F(p + 0 + q)

Se desdobrarmos esses termos e efetuarmos a soma, teremos:

p2 + 2 pq + q2 − Fp2 − 2Fpq − Fq2 + Fp + Fq

que, reescrito, dará

p2 − Fp2 + Fp + 2pq − 2Fpq + q2 − Fq2 + Fq

que será igual a:

p2 + Fp(1 − p) + 2pq − 2Fpq + q2 + Fq(1 − q) == p2 + Fpq + 2 pq − 2Fpq + q2 + Fpq= p2 + Fpq + 2 pq(1 − F) + q2 + Fpq

ou seja:

AA Aa aa

p2+Fpq 2pq(1-F) q

2+Fpq

Essa é a distribuição de freqüências de uma população com coeficiente de

endocruzamento F. Essa população está num equilíbrio conhecido pelo nome de

equilíbrio de Wright, uma vez que esse tipo de equilíbrio foi demonstrado, pela

primeira vez, por esse autor.

EXERCÍCIOS:

1)Dadas as populações pan-míticas, com a constituição abaixo,

AA Aa aa

Pop. 1 356 713 356

Pop. 2 523 698 232

Pop. 3 544 467 100

Pop. 4 40 316 632

quais seriam as suas composições genotípicas se passassem a um regime de

endocruzamento com um coeficiente F = 0,10? e com F=0,25?

2) Calcule os coeficientes F de endogamia das seguintes populações:

Page 24: Genética de Populações (1)

24

AA Aa aa

Pop. 1 672 256 72

Pop. 2 43 125 182

Pop. 3 243 298 113

Pop. 4 258 661 258

Mutações

Toda variabilidade genética existente origina-se por mutações, que podem serinduzidas ou espontâneas. Em ambos os casos, podemos considerar que as mutações sãorecorrentes, ou seja, não são eventos únicos. Seja para sítio de nucleotídeo,aminoácido ou para genes inteiros, a probabilidade de ocorrência de mutação é achamada taxa. No caso de processos evolutivos, as mutações importantes são aquelasque envolvem a linhagem germinativa, na produção de gametas. No entanto, os modelosvistos a seguir podem ser facilmente modificados para mutações somáticas, tais comoaquelas que envolvem a origem de tumores, ou no caso de propagação vegetativa. Astaxas de mutação são expressas em termos de proporção de gametas mutantes queaparecem por geração por gene (ou por sítio). O modelo a seguir considera um lococom dois alelos, A e a.

Sendo µ a taxa de mutação de A para a , e p0 e q0 as respectivas freqüênciasgênicas na geração inicial, então podemos escrever:

p1 = p0 (1 − µ)

p2 = p1(1 − µ) = p0 (1 − µ)(1− µ) = p0 (1− µ)2

da mesma forma:

p3 = p2 (1− µ) = p0(1− µ)2(1− µ) = p0 (1 − µ)3

pn = p0 (1 − µ)n

logo:

p

p

q

qn n n

0 0

1

11= −

−= −( )

( )( )µ

multiplicando µ por n/n e substituindo p por 1-q temos:

( )

( )( )

1

11

0

−−

= −q

q

n

nn nµ

A função exponencial (ex) é definida por ex =lim

n → ∞1 +

x

n

n

e se considerarmos um número grande de gerações,

( )

( )

1

1 0

−−

≅ −q

qen nµ

tomando os logaritmos naturais (na base e) de ambos os lados da equação:

−nµ ≅ ln(1 − qn ) − ln(1− q0)

Portanto podemos calcular aproximadamente quantas gerações são necessárias para que

um determinado gene mude de freqüência com um determinado ∆q, sabendo-se suafreqüência inicial e sua taxa de mutação:

Page 25: Genética de Populações (1)

25

nq qn≅ − − −ln( ) ln( )1 10

µ

Mutação reversa

É possível que o alelo A mute para a com taxa µ e que o alelo a mute para A com taxa v :

A µ → a

A ν← a

Assim, em cada geração teremos uma variação nas freqüências dos alelos, quepode ser expressa por:

∆q p q= −µ ν. .

Haveria equilíbrio quando ∆q = 0. Neste caso:

µp = vq sendo p = 1-q, segue

µ(1-q) = νq

µ - µq = νq

µ = (µ + ν)q

Logo, q (em equilíbrio) = $q =+µ

µ ν Note que para este equilíbrio ser alcançado,

o número de gerações é muito grande, pois as taxas são muito pequenas.

Efeitos das migrações e suas aplicações

Abordaremos este assunto primeiramente examinando o modelo proposto por Glasse Li (1953). Sejam:q0 - freqüência original de determinado alelo na população que recebe os migrantes.

Q - freqüência do mesmo alelo na população migrante;qn - freqüência do mesmo alelo na população resultante na geração n;

m - fração do “pool” gênico que é substituída a cada geração por genes demigrantes, através do inter-cruzamento.

Temos, portanto:

q m q mQ1 01= − +( )

[ ]q m q mQ m q mQ m2 12

01 1 1 1= − + = − + + −( ) ( ) ( )

q3 = (1 − m)q2 + mQ = (1 − m)3 q0 + mQ 1 + (1 − m) + (1 − m)2[ ]...

qn = (1− m)n q0 + mQ 1 + (1− m) + (1 − m)2 ...+ (1− m)n−1[ ]Entre colchetes temos uma soma de termos de uma progressão geométrica, onde o

primeiro termo (a1)=1; o último termo (an)=(1-m)n-1

e a razão (q)=(1-m)A fórmula geral para a soma dos termos dessa progressão é:

Page 26: Genética de Populações (1)

26

a1qi

i =1

n

∑ =an × q − a1

q −1

portanto:

qn = (1− m)n q0 + mQ(1− m)n−1 × (1 − m) −1

(1 − m) −1

=

= (1− m)n q0 + mQ(1− m)n −1

−m

= (1− m)n q0 + Q 1 − (1− m)n[ ] =

= (1− m)n q0 + Q − Q(1 − m)n = (1− m)n (q0 − Q) + Q

q Q m q Qnn− = − −( ) ( )1 0

q m q Q Qnn= − − +( ) ( )1 0

( )( )

( )1

0

− = −−

mq Q

q Qn n

ln(1− m)n = ln(qn − Q)

(q0 − Q)

n ln(1 − m) = ln(qn − Q)

(q0 − Q)

e n =

ln(qn − Q)

(q0 − Q)

ln(1− m)=

ln(qn − Q) − ln(q0 − Q)

ln(1− m)

Exercícios:

1. Uma população tem um alelo em um loco autossômico com freqüência 0,2. Passa areceber uma proporção fixa de 10% de migrantes de outra população cuja freqüênciadeste mesmo alelo é 0,8. Após 5 gerações, qual será a freqüência deste alelo napopulação que recebeu os migrantes? Após quantas gerações este alelo terá afreqüência 0,65? E após quantas gerações este valor será 0,78?

DERIVA GENÉTICA

Seja uma população de tamanho finito N, constante ao longo dasgerações; sejam ainda p

0 e q

0 as freqüências dos alelos A e a de um loco

autossômico na geração 0; como o tamanho da população é constante, a geração 1 éformada da união de 2N gametas ao acaso dentre os indivíduos da geração 0:

(p0+q0)2N;

q1 pode tomar, portanto, qualquer um dos (2N+1) valores seguintes:

0

2

1

2

2

2

2 2

2

2 1

2

2

2N N N

N

N

N

N

N

N; ; ; .. .; ; ;

− −

Page 27: Genética de Populações (1)

27

A probabilidade de que q tome o valor particular qj = j/2N é

2N

j

.p2 N − j .q j =

2N

j

.(1 − q)2 N − j .q j

Onde 2N

j

=

(2N)!

j!(2N − j)! (combinação de 2N elementos j a j)

Seja o seguinte exemplo: N = 2, 2N = 4 genes; p0 = q0 = 1/2

f(A) = p = 1 3/4 1/2 1/4 0 f(a) = q = 0 1/4 1/2 3/4 1estado j = 0 1 2 3 4

As probabilidades de que a população 1 esteja nos estados j = 0, 1, 2,3 ou 4 são, respectivamente,

0: (1/2)4 = 1/16

1: 4(1/2)3(1/2) = 1/4

2: 6(1/2)2(1/2)2 = 3/8

3: 4(1/2)(1/2)3 = 1/4

4: (1/2)4 = 1/16

o que define o vetor da linha

Q(1) = (1/16 1/4 3/8 1/4 1/16).

Se a população 1 estiver no estado j = 0 (p1 = 1, q1 = 0), o que ocorre

com uma probabilidade de 1/16, as probabilidades de que a população 2 esteja nosestados j = 0, 1, 2, 3, 4 são, respectivamente,

0: 1 1: 0 2: 0 3: 0 4: 0.

Se a população 1 estiver no estado j=1 (p1 = 3/4, q1 = 1/4), o que

ocorre com uma probabilidade de 1/4, as probabilidades de que a população 2 estejanos estados j = 0, 1, 2, 3, 4 são, respectivamente,

0: (3/4)4 = 81/256

1: 4(3/4)3(1/4) = 27/64

2: 6(3/4)2(1/4)2 = 27/128

3: 4(3/4)(1/4)3 = 3/64

4: (1/4)4 = 1/256.

Se a população 1 estiver no estado j=2 (p1 = q1 = 1/2), o que ocorre

com uma probabilidade de 3/8, as probabilidades de que a população 2 esteja nosestados j=0, 1, 2, 3, 4 são respectivamente,

0: (1/2)4 = 1/16

1: 4(1/2)3(1/2) = 1/4

2: 6(1/2)2(1/2)2 = 3/8

3: 4(1/2)(1/2)3 = 1/4

4: (1/2)4 = 1/16.

Se a população 1 estiver no estado j=3 (p1 = 1/4, q1 = 3/4), o que

ocorre com uma probabilidade de 1/4, as probabilidades de que a população 2 estejanos estados j = 0, 1, 2, 3, 4 são, respectivamente,

Page 28: Genética de Populações (1)

28

0: (1/4)4 = 1/256

1: 4(1/4)3(3/4) = 3/64

2: 6(1/4)2(3/4)2 = 27/128

3: 4(1/4)(3/4)3 = 27/64

4; (3/4)4 = 81/256.

Se a população 1 estiver no estado j=4 (p1 = 0, q1 = 1), o que ocorre

com uma probabilidade de 1/16, as probabilidades de que a população 2 esteja nosestados j=0, 1, 2, 3, 4 são, respectivamente,

0: 0 1: 0 2: 0 3: 0 4: 1.

Page 29: Genética de Populações (1)

29

Logo, as probabilidades de que a população 2 esteja nos estados j = 0,1, 2, 3, 4 são, respectivamente,

0: 1/16 x 1 + 1/4 x 81/256 + 3/8 x 1/16 + 1/4 x 1/256 + 1/16 x 0 = 85/512 = 0,166016

1: 1/16 x 0 + 1/4 x 27/64 + 3/8 x 1/4 + 1/4 x 3/64 + 1/16 x 0 = 27/128 = 0,210938

2: 1/16 x 0 + 1/4 x 27/128 + 3/8 x 3/8 + 1/4 x 27/128 + 1/16 x 0 = 63/256 = 0,246094

3: 1/16 x 0 + 1/4 x 3/64 + 3/8 x 1/4 + 1/4 x 27/64 + 1/16 x 0 = 27/128 = 0,210938

4: 1/16 x 0 + 1/4 x 1/256 + 3/8 x 1/16 + 1/4 x 81/256 + 1/16 x 1 = 85/512 = 0,166016

o que define o vetor de linha

Q(2) = (85/512 27/128 63/256 27/128 85/512).

Sob forma matricial, as operações podem ser reescritas como

1

16

1

4

3

8

1

4

1

16

×

1 0 0 0 081

25627

6427

1283

641

256116

14

38

14

116

1256

364

27128

2764

81256

0 0 0 0 1

= 85512

27128

63256

27128

85512[ ]

ou, abreviadamente, Q(1). T = Q(2), em que T é uma matriz transicional deprobabilidades condicionais (matrizes desse tipo caracterizam-se por suas linhassomarem 1).

Generalizando, Q(n). T = Q(n+1).

O que foi visto foi a análise de um processo em que, dadas as condiçõesde uma determinada população (tamanho e freqüência), podemos determinar asprobabilidades da população estar na mesma condição (freqüências gênicas iguais) ouem condições diferentes. Como a deriva genética é um processo de amostragem casual,não podemos prever o que pode acontecer com a freqüência gênica de uma determinadapopulação pequena.

O que pode ser feito, no entanto, é estudar o comportamento de umnúmero muito grande de populações com mesmo tamanho, em que podemos esperar quealgumas aumentem as freqüências gênicas, outras diminuam e outras permaneçam comfreqüências gênica iguais.

A teoria da Estatística nos fornece meios de prever a dispersão dasfreqüências gênicas em muitas populações. Para isso, usamos a medida da variância,na enésima geração, em um grupo de populações que na geração 0 têm as mesmasfreqüências gênicas. A previsão da variância no decorrer das gerações exigeconhecimentos avançados de Estatística, mas está representada abaixo apenas parailustração:

Na geração 0, não há variação, todas as freqüências são idênticas, portanto:

σ02 = 0

Na primeira geração (da distribuição binomial):

σ12 =

q0 (1 − q0 )

2N

A média das freqüências é igual a esperança:

Page 30: Genética de Populações (1)

30

E(q1) = q0 = q

e a variância:

σ12 = E(q1

2 ) − q2 = E(q12 ) − q0

2

∴ E(q12 ) = σ1

2 + q02 = q0

2 +q0 (1 − q0 )

2N

A proporção de heterozigotos esperada na geração 1 é:

h1 = E(2 p1q1) = 2E(q1) − 2E(q12 ) = 2q0 − 2q0

2 −2q0 (1 − q0 )

2N=

2q0(1 − q0 ) −2q0(1− q0 )

2N= 2q0 (1 − q0 ) 1 −

1

2N

=

h0 1 − 1

2N

como a proporção de heterozigotos de uma geração é a multiplicação da quantidade deheterozigotos da geração seguinte por uma constante, na n-ésima geração:

hn = h0 1 −1

2N

n

A variância na n-ésima geração:

σn2 = E(qn

2 ) − q02

Colocando o termo E(qn2 ) em termos de hn(que já conhecemos) e q0:

hn = E(2 pnqn) = E 2qn (1 − qn )[ ] = 2E(qn ) − 2E(qn2 ) = 2q0 − 2E(qn

2 )

E(qn2 ) = 2q0 − hn

2

σn2 = q0 −

hn

2− q0

2 = q0 − q02 − q0 (1 − q0 ) 1−

1

2N

n

=

= q0(1 − q0 ) − q0(1 − q0 ) 1−1

2n

n

=

= q0(1 − q0 ) 1 − 1−1

2N

n

σn2 = p0q0 1− 1 −

1

2N

n

O limite de σ n2 quando n tende a infinito é q

0(1-q

0).

A Tabela abaixo mostra, para um número infinito de populaçõescompostas, cada uma, por N = 2 indivíduos com p

0 = q

0 = 1/2 na geração inicial, os

Page 31: Genética de Populações (1)

31

valores das probabilidades dos estados j = 0, 1, 2, 3, 4 e da variância σ n2,

calculados segundo os métodos mostrados anteriormente.

j 0 1 2 3 4 σ n2

geração0 0,000000 0,000000 1,000000 0,000000 0,000000 0,000000

1 0,062500 0,250000 0,375000 0,250000 0,062500 0,062500

2 0,166016 0,210938 0,246094 0,210938 0,166016 0,109375

3 0,248962 0,160400 0,181274 0,160400 0,248962 0,144531

4 0,311670 0,120506 0,135647 0,120506 0,311670 0,170898

5 0,358748 0,090399 0,101706 0,090399 0,358748 0,190674

10 0,466480 0,021453 0,024124 0,021453 0,466480 0,235922

15 0,492046 0,005091 0,005727 0,005091 0,492046 0,246659

20 0,498112 0,001208 0,001359 0,001208 0,498112 0,249207

25 0,499552 0,000287 0,000323 0,000287 0,499552 0,249812

∞ 0,500000 0,000000 0,000000 0,000000 0,500000 0,250000

Seleção Natural

"I have called this principle, by which each slight

variation, if useful, is preserved, by the term

Natural Selection, in order to mark its relation to

man's power of selection."

(Denominei este princípio, pelo qual cada variação

diminuta, se útil, é preservada, com o termo Seleção

Natural, com a finalidade de salientar sua relação com

o poder humano de seleção.)

Darwin, The origin of Species, cap III.

Quando Darwin estabeleceu o conceito de seleção natural comparou-a com a

prática da seleção genética de animais e plantas (domesticação), que vinha sendo

realizada com sucesso desde há muito tempo. A seleção artificial era sempre

direcionada para o desenvolvimento de características desejáveis pelos seres

humanos, chegando a satisfazer até mesmo caprichos bizarros. Em princípio, o que se

fazia era escolher os organismos que apresentassem caracteres interessantes para

serem os reprodutores. Darwin raciocinou acertadamente que, na natureza, aqueles

indivíduos que apresentassem atributos que aumentassem a chance de deixar mais

descendentes deixavam mais descendentes. Se estes atributos fossem hereditários e

variáveis, os descendentes dos indivíduos "mais aptos" apresentariam, com maior

probabilidade, as características de sucesso. Este raciocínio é correto uma vez que

as chances de sucesso dependem de fatores extrínsecos aos organismos, os chamados

fatores ambientais, que podem ser, inclusive, outros organismos, tais como

predadores, parasitas, competidores, etc. A dependência com relação ao ambiente

confere significado ao que se conhece como "valor adaptativo". A variação não

genética (ou variação ambiental) por não ser herdada, não influencia o valor

adaptativo. A potencialidade genética para responder ao ambiente, por ser herdável,

também é passível de seleção.

O valor adaptativo, além de ser dependente dos fatores ambientais, é de

natureza estatística. Um indivíduo com um genótipo que apresenta características

vantajosas para uma determinada situação ambiental pode ter insucesso reprodutivo,

enquanto outros não geneticamente favorecidos podem deixar proles enormes. Neste

caso, diferenças entre valores adaptativos são diferenças entre médias apresentadas

pelos diversos indivíduos de cada genótipo.

O valor adaptativo, por ser um parâmetro que depende de genótipo, é sempre

relativo aos outros genótipos.

Page 32: Genética de Populações (1)

32

Cálculo do valor adaptativo .

O valor adaptativo é calculado geralmente a partir da divisão dos indivíduos

em classes genotípicas com relação a apenas uma fração da variação genética

existente, considerando que a variação restante tem efeito igual sobre os genótipos

a ser analisados. Exemplificando: se quisermos verificar o efeito sobre o sucesso

reprodutivo que a variação em um loco com dois alelos exerce, dividimos os

indivíduos em três classes: AA, Aa e aa. Dentro de cada uma destas classes haverá

variantes em outros locos (BB, Bb e bb; CC, Cc e cc, etc.), mas como a divisão não

considera estes locos, pode-se admitir que eles atuam de forma semelhante sobre

o(s) loco(s) cujas classes genotípicas serviram de base para a divisão.

Aqui cada classe genotípica pode ser analisada quanto a qualquer componente do

valor adaptativo, por exemplo, número de ovos, sementes, taxa de fertilidade, etc.,

mas a avaliação global do valor adaptativo são as próprias relações entre

freqüências de duas gerações consecutivas.

Sejam as freqüências genotípicas na geração inicial:

AA Aa aa d0 h0 r0

e na geração seguinte:

AA Aa aa d1 h1 r1

os valores adaptativos serão:

w1(genót. AA)=d

d1

0 w2(genót. AA)=

h

h1

0. w1(genót. aa)=

r

r1

0

como são valores relativos, os valores adaptativos podem ser normalizados

dividindo-se cada um deles pelo maior, que passará a valer 1.

Exemplo: Tomou-se uma população de 1000 indivíduos que foi observada por duas

gerações obtendo-se os resultados:

AA Aa aa

250 500 250

360 480 160

Os valores adaptativos para cada um dos genótipos são, portanto:

w1 = 360 =1,44 w2= 480 =0,96 w3= 160 = 0,64

250 500 250normalizando:

w1= 1,44 = 1,00 w2= 0,96 = 0,67 w3 = 0,64 = 0,44

1,44 1,44 1,44

Assim, os indivíduos de genótipo Aa deixam, em média 67% de descendentes com

relação aos de genótipo AA e os de genótipo aa deixam apenas 44%, com relação ao

mais adaptado (AA).

O modelo geral de seleção .

Page 33: Genética de Populações (1)

33

O conceito de valor adaptativo nos permite fazer previsões com relação à

composição genética de populações naturais, desde que aplicadas a modelos

matemáticos adequados. Supondo um sistema de cruzamento ao acaso (pode-se modelar

com outros sistemas, sendo que a seqüência de procedimentos é a mesma). Supõe-se

também um loco com dois alelos e com valores adaptativos constantes ao longo do

tempo. Temos:

Genótipos AA Aa aa Total

valores

adaptativos

W1 W2 W3

freqüências antes

da seleção p2 2 pq q2 1

contribuição

proporcional p2.w12 pq.w2 q2.w3

w

freqüências após

seleçãop2.w1

w

2 pq.w2

w q2.w3

w 1

O valor adaptativo médio - w - (Atenção, w NÃO é uma média aritmética

simples, é a média ponderada dos valores adaptativos dos genótipos pelasfreqüências genotípicas) nos mostra o quanto a população como um todo estáadaptada. Por ser uma média ponderada pelas freqüências genotípicas, com valoresadaptativos iguais, o valor adaptativo médio pode assumir diversos valores.

A quantidade de seleção sofrida por cada um dos genótipos também pode ser

expressa através do valor complementar ao do valor adaptativo, o coeficiente de

seleção:

s1 = 1 - w1 s2 = 1 - w2 s3 = 1 - w3

Casos especiais

I. Seleção contra homozigotos recessivos

( w1 = w2 > w3)

obs : como só existe um coeficiente de seleção, ele será, neste caso, designado

apenas por s.

Genótipos AA Aa aa Total

valores

adaptativos

1 1 (1 − s)

freqüências antes

da seleção p2 2 pq q2 1

contribuição

proporcional p2 2 pq q2 (1− s) w = 1 − sq2

Page 34: Genética de Populações (1)

34

freqüências após

seleçãop2

1 − sq2

2 pq

1 − sq2

q2 (1− s)

1 − sq2 1

a freqüência do alelo a na próxima geração será (r+h/2):

q1 =q2 − sq 2 + pq

1− sq 2=

q2 − sq2 + q(1 − q)

1− sq2=

q2 − sq2 + q − q2

1− sq2=

q − sq 2

1 − sq2

A variação da freqüência gênica de a, ∆ q será:

∆q = q1 − q0 =q − sq2

1 − sq2− q =

q − sq 2 − q(1 − sq 2)

1 − sq 2= −

sq2 + sq3

1 − sq2

∆q = −sq2 (1 − q)

1 − sq2 (seleção contra homozigotos recessivos)

Como s e q são quantidades positivas e menores que 1, q será sempre negativo, ou

seja, haverá seleção até a extinção do alelo a.

Se a seleção for total (s=1), poderemos prever a freqüência do gene a (q) para a n-

ésima geração:

q1 =q − q2

1 − q2=

q 1 − q( )1 + q( ) 1 − q( )

=q

1+ q

q2 =q1

1+ q1

, reaplicando =

q

1 + q

1+q

1 + q

=

q

1+ q1 + q + q

1+ q

=q

1 + 2q

assim

q3 =q0

1 + 3q0

e qn =q0

1+ nq0 (quando há seleção total contra homozigotos

recessivos)

Se n fica muito grande, q tende a zero, ou seja, a população tende a ficar sem o

gene recessivo.

Page 35: Genética de Populações (1)

35

II. Seleção favorecendo heterozigotos.

(w1<w2>w3)

Genótipos AA Aa aa Total

valores

adaptativos

(1 − s1) 1 (1 − s3 )

freqüências antes

da seleção p2 2 pq q2 1

contribuição

proporcional p2 1− s1( ) 2 pq q2 (1− s3 ) w = 1 − s1p2 − s3q

2

freqüências após

seleçãop2(1− s1 )

w

2 pq

w q2 (1− s3 )

w 1

a freqüência do alelo a na próxima geração será (r+h/2):

q1 =q2 − s3q

2 + pq

1− s1p2 − s3q

2=

q2 − s3q2 + q − q2

1 − s1p2 − s3q

2=

q − s3q2

1− s1 p2 − s3q2

a diferença entre duas gerações consecutivas (∆q) será:

∆q = q1 − q =q − s3q

2 − q(1 − s1 p2 − s3q2 )

1 − s1 p2 − s3q2

=q − s3q

2 − q + s1 p2q + s3q3

1− s1 p2 − s3q2

=

=s1p

2q + s3q3 − s3q

2

1− s1p2 − s3q

2=

q(s1 p2 + s3q2 − s3q)

1 − s1p2 − s3q

2=

q s1p2 − qs3 (1 − q)[ ]

1 − s1 p2 − s3q2

=

=q s1 p2 − qs3 p( )1− s1 p2 − s3q

2=

∆q =pq(s1 p − s3q)

1− s1 p2 − s3q2 (para seleção a favor de heterozigotos)

Este valor (∆q) assumirá um valor negativo ou positivo dependendo das freqüências

gênicas. Isto significa que existe um valor de equilíbrio onde as freqüência

gênicas não mudarão. No equilíbrio, portanto as relações serão constantes:

p1

p=

q1

q ; substituindo:

p − s1 p2

w p=

q − s3q2

w qentão:

p(1− s1 p)

w p=

q(1 − s3q)

w q

1 − s1 p = 1 − s3q ; portanto s1 p = s3q ; s1(1− q) = s3q

Page 36: Genética de Populações (1)

36

ˆ q =s1

s1 + s3 (somente em equilíbrio, com superioridade do heterozigoto)

este é o valor da freqüência genica q, em equilíbrio, significando que esta depende

apenas das intensidades dos coeficientes de seleção contra os homozigotos.

Equilíbrio entre mutação e seleção

Mutações dominantes deletérias são imediatamente eliminadas assim que surgem

na formação de heterozigotos. Mas as mutações recessivas se mantêm nos

heterozigotos. Para estudarmos o equilíbrio entre mutação recorrente para um gene

recessivo deletério, podemos combinar os modelos de seleção contra homozigotos

recessivos com o modelo de mutação.

A proporção de genes recessivos novos que entra em cada geração por mutação é:

µ.(1 − q)

A proporção de alelos que é eliminada por seleção contra homozigotos é:

∆q = −sq2 (1 − q)

1 − sq2

Se o coeficiente de seleção for alto, ou seja, se o alelo em homozigose for

deletério, este ocorrerá em freqüência baixa, de tal forma que 1-q será um valor

próximo de 1. Neste caso, 1-sq2 será praticamente 1. Podemos escrever então:

No equilíbrio: µ(1 − q) = sq2 (1 − q)

µ = s

) q 2 ∴ ˆ q 2 =

µs

Podemos estimar, então, no equilíbrio entre mutação e seleção:

ˆ q =µs e no caso de s=1 (gene letal): ˆ q = µ

Estas equações têm sido utilizadas na estimativa indireta de taxas de mutação em

organismos diplóides.

Page 37: Genética de Populações (1)

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Exercícios de Genética de Populações

1. Em uma população, as freqüências genotípicas absolutas são as seguintes:

AA Aa aa 100 300 380Responda:a)quais são as freqüências gênicas e genotípicas relativas?b)esta população está em equilíbrio de Hardy-Weinberg com relação a este par dealelos?c)qual é a freqüência esperada de cruzamentos AA x aa ?d)dentre os indivíduos aa da próxima geração, que proporção será oriunda apenas decruzamentos aa x aa?

2. Dada a distribuição de freqüências genotípicas:

AA Aa aa d h rpara uma população pan-mítica, qual é a freqüência esperada de cruzamentos:a) machos aa x fêmeas AAb) machos aa x fêmeas Aac) entre indivíduos AA e Aaindique, em cada caso, a freqüência de descendentes machos de genótipo Aa (lembre-se que há descendentes machos e fêmeas).

3. Dada a população:

AA Aa aa 200 300 500qual será a distribuição de freqüências genotípicas na geração seguinte, admitindo-se que os cruzamentos ocorrerão totalmente ao acaso?

4. Em uma população em equilíbrio de Hardy-Weinberg, existem 2 vezes maishomozigotos de um dos tipos que heterozigotos, para um loco autossômico com doisalelos. Quais são as freqüências dos alelos?

5. Temos, em um laboratório, duas populações de uma mesma espécie, com as seguintescomposições de um caráter codominante:

AA Aa aapopulação I 36 48 16população II 40 120 97

Juntando-se estas duas populações, que deverão se comportar como uma únicapopulação pan-mítica, pergunta-se:a)quais são as freqüências gênicas e genotípicas das duas populações quandoseparadas e quando juntas?b)quais serão as freqüências genotípicas da geração seguinte na população juntada.

6. Das populações abaixo, qual delas não se encontra evidentemente em equilíbrio deHardy-Weinberg? Por quê?

AA Aa aa Npop. 1 143 632 225 1000pop. 2 340 483 177 1000

7. De uma população de uma espécie de inseto, foram analisados 1000 indivíduosquanto à pigmentação do tórax. Destes, 40 eram granulados, 640 estriados e 320uniformes. Considerando equilíbrio de H.W., aponte o genótipo heterozigoto, supondoherança codominante e um par de alelos.

8. Construa 4 populações com 1000 indivíduos com genótipos formados pelos alelos'A' (freqüência=0,6) e 'a' (freqüência=0,4), que NÃO estejam em equilíbrio de H.W.Demonstre isto com o emprego do teste de qui-quadrado.

9. Demonstre, gráfica ou algebricamente, que uma população com dois alelos nãopoderá ter freqüência de heterozigotos superior a 0,5, se em equilíbrio de H.W.

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10. Um sistema genético é constituido por 4 alelos autossômicos codominantes,designados pelas letras A,B,C e D. Se uma população é pan-mítica e as freqüênciasdos alelos são respectivamente 0,1; 0,2; 0,3 e 0,4 quais são as freqüênciasgenotípicas esperadas?

11. Em uma população de Prochilodus scrofa (curimbatá), Galhardo (1989), estudandoum polimorfismo de transferrinas do plasma sanguíneo, encontrou 5 alelos (TfA, TfB,TfC, TfD e TfE), assim distribuídos nos genótipos:

genótipo Tf AA AB AC AD AE BB BC BD BE CC CD CE DD DE EE

N. indivíduos 22 19 17 13 12 29 25 29 12 34 22 25 29 23 28

Calcule:a)as freqüências genotípicas relativas de cada genótipob)as freqüências absolutas esperadasc)o número de graus de liberdade para um teste de qui-quadrado

12. Com n alelos em um loco autossômico, quantos genótipos homozigotos sãopossíveis? E heterozigotos?

13. Que proporção de crianças MN tem mães MN?

14. Que proporção de pessoas MM tem ambos os progenitores MM?

15. Numa população em equilíbrio de H.W. existem 10 vezes mais genótipos MN que NN.Qual é a freqüência do alelo N?

16. Um indivíduo é falsamente acusado de haver cometido um roubo. O verdadeiroladrão, ao arrombar o cofre, machucou a mão. Isso permitiu determinar que o ladrãopertencia aos grupos sanguíneos M do sistema MN e O (genótipo ii) do sistema ABO.Qual é a chance de que, uma vez determinados os grupos sanguíneos MN e ABO doindivíduo falsamente acusado, ele seja excluído dessa acusação? Sabe-se que afreqüência do gene M é 0,55 e a freqüência do gene i é 0,65.

17. Qual a probabilidade de uma mãe Rh- ter um filho Rh+?

18. Em algumas variedades de carneiros, a presença de chifres é determinada por umalelo que é dominante nos machos e recessivo nas fêmeas. Se 96% dos machos têmchifres, qual é a proporção de fêmeas que os apresentam?

19. Usando o programa SUPERPOP (exercícios 19-23), na opção de genes ligados aosexo, inicie algumas populações com freqüências gênicas iguais e diferentes para osdois sexos - pf igual a pm,e pf diferente de pm, onde pf é a freqüência do gene Anas fêmeas e pm é a freqüência do mesmo alelo nos machos. Simule pelo menos 2situações para freqüências iguais e 3 para diferentes. Tente obter também umasituação na qual as freqüências iniciem com valores diferentes para machos e parafêmeas e que se obtenha no final pf=pm=0,4. Tente novamente, só que com freqüênciafinal pf=pm=0,8. Em seguida, procure responder as seguintes questões:

20. Considerando a geração genérica t (em relação à geração t-1), qual é afreqüência pf (das fêmeas)?

21. Qual é a freqüência pm (dos machos)?

22. Este modelo é válido se a razão sexual for diferente de 1:1? Por quê?

23. Para as freqüências gênicas iniciais pf0=0,80 e pm0=0,20, calcule as freqüênciaspara machos e fêmeas durante 6 gerações de cruzamentos ao acaso.

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24. Na Drosophila melanogaster, a característica Bar (olho com um número reduzidode omatídeos) é condicionada por um gene b (na verdade uma duplicação gênica),situado no cromossomo X. As fêmeas heterozigotas Bb apresentam o fenótipo“reniforme”. Uma população é constituída por:320 fêmeas com olho normal236 fêmeas com olho reniforme 44 fêmeas com olho Bar174 machos com olho normal126 machos com olho BarCalcule, admitindo pan-mixia, nesta geração e na geração seguinte as freqüênciasgênicas:

a) entre machos e fêmeas separadamenteb) na população total

Verifique se a população encontra-se em equilíbrio para genes ligados ao sexo.

25. Numa amostragem de 150 homens e 300 mulheres, Tönz e Rossi (1964) verificaram aseguinte distribuição de genótipos quanto à deficiência de G6PD (enzima codificadapor um gene ligado ao cromossomo X):

Genótipo N

XAY 137

XaY 13

XAXA

247

XAXa

50

XaXa

3

Estime a freqüência do alelo Xa na população masculina, na população feminina e na

população total. Verifique se a distribuição dos genótipos está em equilíbrio paragenes ligados ao sexo.

26. Usando o programa SUPERPOP, verifique os casos 1,2 e 3 de cruzamentospreferenciais, usando valores diferentes de freqüências genotípicas iniciais(cruzamento preferencial totalmente positivo, com dominância - caso 1 - cruzamentopreferencial totalmente positivo sem dominância - caso 2 - e cruzamentopreferencial totalmente negativo sem dominância - caso 3). Para cada um deles,responda:

a. Existe mudança nas freqüências gênicas?b. Quais são os valores de equilíbrio (para freqüências genotípicas)c. Em que os valores de freqüências genotípicas iniciais influem nas

freqüências genotípicas de equilíbrio?

27. Baseado nos resultados obtidos no exercício anterior, com relação aosresultados do caso 3, responda:É estável um sistema de três sexos, cada um determinado por um dos genótipospossíveis de um loco com dois alelos, onde cada sexo só pode se cruzar com qualquerdos outros dois?

28. Verifique o que acontece com as freqüências genotípicas na população seguintedurante 4 gerações de autofertilização:

AA Aa aa0,1225 0,455 0,4255

29. Qual seria o coeficiente F de endogamia se ele fosse estimado após a segundageração de autofertilização da população acima?

30. Uma população tem dois alelos segregando em um loco, A e a. A freqüência doalelo A é 0,46. O coeficiente de endocruzamento é 0,3. Calcule, para 1200indivíduos, as freqüências genotípicas absolutas esperadas, no equilíbrio deWright. Faça o teste de equilíbrio de Hardy-Weinberg.

31. Quantas gerações são necessárias para que a freqüência de um genótipo recessivopasse de 1/10.000 para 1/1.000 se a taxa de mutação para a formação deste generecessivo é de 10-6? (não considerar mutação reversa)

Page 40: Genética de Populações (1)

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32. Um biólogo analisa três populações de uma espécie de peixe ao longo de um rio,separadas por barragens. A população A está rio acima e não recebe migrantes. Apopulação B é intermediária e recebe migrantes da população C que está rio abaixomas não da população A. A população C apenas fornece migrantes para a população B.A freqüência de um alelo é 0,32 na população A, 0,65 na população B e 0,80 napopulação C. As populações A e B formavam uma única população antes da construçãodas barragens e a população C passou a fornecer migrantes para a população B depoisda construção das barragens, em 1960. Este peixe tem uma única geração por ano.Imaginando que a única fonte de alteração de freqüência deste gene se deve àmigração, responda:a) Qual é a taxa de migração anual que a população B recebe?b) Sabendo-se que os tamanhos das populações são constantes e que a população Brecebe 14 migrantes por ano, qual é o tamanho da população B?c) Se a taxa de migração que a população B recebe fosse de 4% ao ano, qual seria afreqüência gênica atual?

33. Uma população é composta por dois indivíduos heterozigotos (Aa). A cadageração, a população é substituída por uma progênie também de dois indivíduos, ummacho e uma fêmea. Pergunta-se:a) Qual é a freqüência gênica do alelo A na população inicial?b) Quais são as probabilidades de, na geração seguinte, a população possuirfreqüências do alelo A igual a 1, 3/4, 1/2, 1/4 e 0?c) Qual é a chance da população na geração 1 ter freqüência gênica exatamente igualà da geração 0?d) Qual é a chance da população, na geração 1 alterar a freqüência gênica emrelação à existente na geração 0?e) Se a população na geração 0 fosse composta por 8 indivíduos heterozigotos Aa e otamanho da população fosse constante ao longo das gerações, qual é a chance deocorrer alteração na freqüência gênica na geração 1?

34. Spiess e colaboradores estudaram genótipos de Drosophila persimilis everificaram a sobrevivência relativa de cada um deles, obtendo os seguintesresultados:

Genótipo SobrevivênciaEm baixa densidade Em alta densidade

WT/WT 37,3% 41,0%WT/KL 48,3% 47,8%KL/KL 50,0% 38,4%

Baseado nisto, responda:a) quais são os valores adaptativos e os coeficientes de seleção nas duas condiçõesambientais?b) Quais serão as freqüências dos alelos na condição de equilíbrio nas duascondições ambientais?

35. Uma população, na geração 0, ao nascimento, tem a seguinte composiçãogenotípica:

AA Aa aa0,16 0,48 0,36

Para cada uma das combinações de valores adaptativos abaixo, calcule as freqüênciasgenotípicas ao nascimento (ou seja, após a população sofrer seleção e sereproduzir, com cruzamentos ao acaso), na geração seguinte e após um número muitogrande de gerações (tendendo ao infinito).

AA Aa aacaso 1 1 1 0,5caso 2 1 0,8 0,5caso 3 0,3 1 0,8

36. Uma população possui um alelo recessivo que é letal em homozigose. A freqüênciaao nascimento dos genótipos homozigotos recessivos é 1/160.000. Supondo-seequilíbrio entre mutação e seleção, qual é a taxa de mutação para o alelorecessivo? Consegue-se uma droga que cura parcialmente a doença provocada pelogenótipo homozigoto. Com esta droga, a letalidade passa a ser de 50%. Noequilíbrio, quais serão as novas freqüências gênicas e genotípicas?

Page 41: Genética de Populações (1)

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Projeto 1. Simulação de deriva genética.

Utilizando o programa SUPERPOP, seu grupo deverá simular o processo de derivagenética. Como se trata de um fenômeno em que processos meramente casuais atuam empopulações biológicas, não é possível fazer previsões a respeito do resultado emtermos de direção (por exemplo, não é possível saber se uma freqüência gênicaaumentará ou diminuirá). Entretanto, a magnitude da variação pode ser prevista apartir da variância teórica esperada:

σe2 = p0q0 1 − 1 −

1

2Np

t

onde δe2 é a variância esperada, p0 e q0 são as freqüências gênicas iniciais, Np é

o tamanho da população e t é o número de gerações.

Temos também a equação de estimativa da variância (δo2, variância observada ou

experimental) a partir de dados observados que é:

σo2 =

pi − p ( )2

i =1

N

∑Na

esta fórmula é algebricamente equivalente a:

σo2 =

pi2

i =1

Na

∑ −pi

i=1

Na

2

Na

Na

, que é mais fácil de usar com uma calculadora,

onde pi é a i-ésima freqüência após t gerações, p é a média das freqüências

observadas após t gerações e Na é o número de freqüências abservadas após tgerações.

O objetivo deste projeto é comparar as variâncias observadas e as variânciasteóricas após 15 gerações em populações com tamanhos diferentes: 20, 50, 100, 200 e500 indivíduos. O programa ilustra graficamente a variação da freqüência de um dosalelos durante todas as gerações, mas os dados a serem utilizados serão apenas osda geração 15. Utilize sempre a mesma freqüência p inicial para todas as simulações(entre 0,33 e 0,66).

A comparação entre as variâncias experimentais e as variâncias teóricas podeser feita com o teste da razão, onde se estima o parâmetro F que é comparado com ovalor crítico:

F o

e

= σσ

2

2

O F crítico é obtido de uma tabela de valores F críticos, com nível designificância (alfa) de 0,5; bicaudal, com 10 graus de liberdade no numerador einfinitos graus de liberdade no denominador:

Fcritico0 05 2 10 2 05, ( ) , ,× =

Page 42: Genética de Populações (1)

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Tamanho freqüências obtidas p inical=

p1= p6= p =N=20 p2= p7=

p3= p8= σ e2 =

F= p4= p9=F =

p5= p10= σ o2 =

p1= p6= p =N=50 p2= p7=

p3= p8= σ e2 =

F= p4= p9=F =

p5= p10= σ o2 =

p1= p6= p =N=100 p2= p7=

p3= p8= σ e2 =

F= p4= p9=F =

p5= p10= σ o2 =

p1= p6= p =N=200 p2= p7=

p3= p8= σ e2 =

F= p4= p9=F =

p5= p10= σ o2 =

p1= p6= p =N=500 p2= p7=

p3= p8= σ e2 =

F= p4= p9=F =

p5= p10= σ o2 =

Com os dados obtidos com o emprego do programa SUPERPOP, preencha a tabela acima eresponda:

1. A evolução observada através do processo de deriva genética é também chamada deevolução não darwiniana. Por quê?

2. A variabilidade genética é uma medida que reflete a quantidade de variaçãogenética em um determinado grupo de organismos. Se neste grupo existem muitosalelos com freqüência alta, há muita variabilidade genética. Numa população grandeque se fragmenta em muitas sub-populações pequenas, o que ocorre, depois de muitotempo na variabilidade genética:a) em cada uma das subpopulações.b) na população como um todoc) justifique.

Page 43: Genética de Populações (1)

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Page 44: Genética de Populações (1)

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Projeto 2. Simulação de seleção natural.

A seleção natural é considerada como o único processo modulador da evolução.Ela atua sempre no sentido de levar as populações a um estado de maioradaptabilidade. Dentro dos processos conhecidos que atuam na evolução dosorganismos, a seleção natural pode ter tanto a sua intensidade como sua direçãoestabelecidas. A seleção natural é um processo estatístico, ou seja, ela atuaquando existem diferenças de probabilidades de que determinados genótipos oufenótipos deixem descendência viável. É importante salientar que a intensidade daatuação da seleção natural é relativa, ou seja, um determinado genótipo pode serbem adaptado com relação a outros genótipos, mas pode não sê-lo se comparado a umgenótipo até então não existente.

Um modelo de seleção que pode ser utilizado para uma introdução ao assuntoé o elaborado por Sewall Wright e que analisa os efeitos de valores adaptativos (oucoeficientes de seleção) para cada um dos três genótipos de um loco autossômico comdois alelos. O programa SUPERPOP para micros simulará a mudança nas freqüênciasgênicas em vários casos deste modelo.

PROCEDIMENTOS:

O programa precisa dos seguintes dados:a) a freqüência inicial do alelo A. Comece sempre com um valor alto (ex. 0.9).Isto simularia uma situação na qual este alelo estaria quase monomórfico e o aleloa surgisse por migração. Use também, para cada caso, valores iniciais diferentes.b) o coeficiente de seleção para cada um dos três genótipos. obs: como se tratade um valor relativo, um dos genótipos deverá apresentar o coeficiente de seleçãoigual a zero.c) o número de gerações.

As seguintes situações deverão ser simuladas:

situação valores adaptativos coeficientes deseleção

classificação(complete)

1wAA = WAa > Waa sAA = sAa < saa

seleção contrahomozigotosrecessivos

2wAA = WAa < Waa sAA = sAa > saa

3wAA < WAa = Waa sAA > sAa = saa

4wAA > WAa = Waa sAA < sAa = saa

5wAA > WAa > Waa sAA < sAa < saa

seleção contrahomozigotos eheterozigotos

6wAA < WAa < Waa sAA > sAa > saa

7wAA < WAa > Waa sAA > sAa < saa

seleçãofavorecendoheterozigotos

8wAA > WAa < Waa sAA < sAa > saa

Page 45: Genética de Populações (1)

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As situações de número 7 e 8 deverão ser repetidas várias vezes com os mesmosvalores, modificando-se apenas a freqüência gênica inicial.

Questões:

1. Qual é o comportamento do valor adaptativo médio em todas as situaçõesanalisadas? Por quê?

2. Compare todas as situações salientando as diferenças e semelhanças em:a) Há tendência de extinção de um alelo? Qual?b) O processo é mais rápido ou mais lento? Atenção: para poder responder esta

questão, é importante que se utilize coeficientes de seleção de mesmaordem de magnitude.

c) Há apenas equilíbrio trivial (quando há extinção de um alelo) ou há algumtipo de equilíbrio não trivial (quando os dois alelo se mantêm emcertas freqüências)?

3. Utilize o programa SUPERPOP para responder as questões 34 e 35 da lista deexercícios.