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GNEROS TEXTUAIS E LETRAMENTO CRTICO NAS PROPOSTAS DE
PRODUO ESCRITA NO LIVRO DIDTICO DE LNGUA INGLESA
Katia Bruginski Mulik (UFPR) 1
Introduo
A utilizao de livros didticos (doravante LD) como suporte para o
ensino e
aprendizagem uma prtica comum entre os educadores em seus mais
variados
contextos educacionais. Assim como o livro facilitador na
organizao do trabalho do
professor, auxilia o aluno a aprofundar seu conhecimento sobre
os assuntos trabalhados,
a esclarecer dvidas quando necessrio, a realizar suas lies e
etc. De acordo com
Nicolaides e Tlio (2011a) o LD poder ser uma excelente
ferramenta que auxilia no s
no desenvolvimento da autonomia do educando, mas tambm da
criticidade, se esses
forem desejveis por parte do aluno, j que no basta um material
adequado se os ideais
dos agentes do processo de ensino-aprendizagem no estiverem em
consonncia com a
proposta do mesmo. Os autores ainda advogam que a autonomia no
deve estar
limitada ao plano individual, mas voltada sempre para o social
de forma que o aprendiz
esteja consciente de seu papel scio histrico no grupo ao qual
est inserido
(NICOLAIDES e TLIO, 2011b, p. 290).
O Programa Nacional do Livro Didtico (doravante PNLD) apesar de
existir h
mais de dez anos, apenas em 2011 integra livros de lngua
estrangeira moderna para o
ensino mdio e fundamental reconhecendo a importncia da lngua
estrangeira moderna
(LEM) como componente curricular da educao bsica. O LD de LEM,
de acordo com
o PNLD (2011, p. 12-13), deve promover a formao de cidados
crticos e reflexivos,
1 Mestranda em Estudos Lingusticos pela Universidade Federal do
Paran na linha de pesquisa em Ensino, aquisio e aprendizagem de
lnguas estrangeiras com bolsa da Coordenao de Aperfeioamento de
Pessoal de Nvel Superior (CAPES); integrante do grupo de pesquisa
Identidade e leitura CNPQ/UFPR coordenado pela prof. Clarissa
Menezes Jordo; professora de lngua inglesa na rede pblica estadual
SEED-PR. Contato: [email protected]
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desprovidos de preconceitos, capazes de respeitar a si mesmos e
a outros, a sua prpria
cultura e as dos outros, partindo de experincias crticas e
reflexivas com a lngua
estrangeira.
O LD, assim como qualquer outro material didtico, precisa levar
em
considerao os pressupostos tericos que atendem as exigncias
atuais para o ensino
discutidas nas mais variadas pesquisas, congressos e simpsios de
lingustica aplicada e
ensino de lnguas elencando pressupostos tericos apresentados nos
documentos oficiais
tais como os PCNs e as DCEs, buscando estar em consonncia com os
objetivos
educacionais propostos para a educao bsica brasileira.
Tendo isso em vista, o propsito deste artigo consiste na
discusso e anlise das
propostas de produo escrita do LD Keep in mind (trinio
2011-2013) verificando se
estas propostas atendem aos pressupostos do ensino por
letramento crtico e se
procuram desenvolver no educando o despertar para a produo de
gneros textuais
compatveis com as possibilidades de uso dos alunos. Um dos
fatores que motivou a
escolha do livro para esta anlise deu-se pelo fato de que o
mesmo integra o
PNLD/2011 o que o torna comum como material de apoio em diversas
escolas pblicas
brasileiras. Alm disso, o referido LD utilizado pela autora
deste artigo em suas aulas
de lngua inglesa ministradas em uma escola pblica da rede
estadual do Paran. Outro
aspecto que chamou a ateno e despertou interesse foi em relao a
crticas em parecer
tcnico que a prpria Secretaria Estadual de Educao (SEED- PR) fez
ao referido livro
e que sero discutidas ao longo do texto. Como aporte terico
deste estudo
imprescindvel o tratamento de questes relacionadas ao conceito
de gneros textuais,
produo escrita na escola e letramento crtico que sero discutidos
nos pressupostos
tericos seguidos da seo de apresentao da obra, da anlise e das
consideraes
finais.
Gneros textuais, produo escrita e o PNLD de lngua
estrangeira
Segundo Marcuschi (2008) os estudos que enfatizam a questo dos
gneros
textuais no novo, e nas palavras do autor est na moda. O autor
explica que no
Ocidente estes estudos j tm pelo menos vinte e cinco sculos e
que se considerarmos
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observaes sistemticas estas iniciaram com a tradio potica de
Plato e a tradio
retrica de Aristteles. Marcuschi (2008, p. 149) afirma que a
anlise dos gneros
textuais engloba uma anlise do texto e do discurso e uma descrio
da lngua e viso
da sociedade, e ainda tenta responder a questes de natureza
sociocultural no uso da
lngua de maneira geral. A compreenso dos gneros se relaciona com
o trato da lngua
utilizada cotidianamente nas suas diversas formas que so
materializadas em gneros
orais e escritos.
Os gneros textuais possuem formatos prprios que, embora sejam
plsticos, ou
seja, mutveis ao longo do tempo e das transformaes
socioculturais, so produzidos
de maneira bem similar por diferentes usurios. Isso se explica
pelo fato de cada gnero
possuir um propsito comunicacional previamente definido e dessa
forma seus usurios
utilizam-se de estratgias convencias para atingir estes
propsitos. Este propsito alm
de definir o formato dos textos determina tambm sua esfera de
circulao, ou seja, o(s)
domnio(s) atuante(s) desse texto, quem sero seus leitores, onde
estaro esses leitores e
em que suporte tecnolgico esse texto ser fixado. Cada gnero tem
uma funo e uma
forma, mas a determinao se d muito mais em relao funo
comunicacional do
que da forma. O trabalho com gneros textuais nas aulas de LE
promove uma maior
conscincia lingustica nos aprendizes alm de promover usos reais
da lngua.
Koch e Elias (2007) apontam que o estudo da classificao e
levantamento dos
gneros textuais existentes de forma estanque no pode ser feito
devido prpria
dinamicidade dos mesmos, pois sendo prticas sciocomunicativas
sofrem variaes
constantes em sua composio/constituio. As autoras argumentam que
o
desenvolvimento da competncia metagenrica o que possibilita a
interao dos
indivduos nas diversas prticas sociais. Tal competncia
possibilita a produo e a
compreenso de gneros textuais, e at mesmo que os denominemos
(KOCH e ELIS,
2007, p. 102).
Em relao produo escrita, o PNLD (2011) apresenta alguns critrios
que
devem ser levados em considerao no que diz respeito escolha de
um LD adequado
neste quesito:
- Produo escrita encarada como processo interativo;
- Envolvimento de diferentes gneros textuais;
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- Abordagem de caractersticas scio-discursivas dos gneros,
explicitao do
contexto e condies de produo: interlocutores e suporte de
veiculao;
- Tomada de regras que regem o funcionamento lingustico:
ortografia, morfologia,
semntica, sintaxe, estilstica, retrica e etc;
- O trabalho recorre a utilizao de mecanismos de coeso e
coerncia inteligveis e
adequados ao contexto;
- Oportuniza a reflexo das etapas do processo de produo por
parte do aluno.
Letramento crtico em lngua estrangeira
H uma relao estreita entre o ensino por meio do letramento
crtico e a
utilizao de gneros textuais no ensino. O LC concebe lngua como
discurso, ou seja,
como prtica social e assim o texto visto como uma construo
discursiva scio e
historicamente situada. Assim o texto no tem valorao de sentido
em si mesmo, fora
das condies em que foi produzido dependendo totalmente do
propsito
comunicacional, da intencionalidade e dos participantes
envolvidos (interlocutores).
Souza (2011, p. 288) ao definir linguagem coloca que sua
construo social e
cultural, [...] nunca abstrata, descontextualizada, [...] nunca
a mesma para toda a
nao, todo um mundo, todo um cosmos [...], a escrita uma
atividade de construo
social de significados.
A efetivao de prticas de letramento em sala de aula implica no
trabalho com
leitura de textos que faam sentido aos sujeitos aprendizes, tal
conceito de texto no se
restringe ao verbal falado ou escrito, mas tambm ao imagtico,
sonoro, oral, visual e ao
hipertexto. Diante da prpria concepo de texto, a concepo de
leitura tambm se
expande como um processo interpretativo. Como proposta
educacional o letramento
expande a ideia de leitura crtica da palavra para leitura crtica
do mundo. No h
mundo sem palavras e nem palavras sem mundo, assim as palavras
so capazes de
construir mundos (EDMUDO, 2010).
Consoante a Souza (2011) o fenmeno da globalizao traz consigo o
desafio do
enfretamento das diferenas e de situaes de conflito, assim cabe
aos professores
preparar aprendizes para confrontos com diferenas de toda espcie
[...] que pode ser
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alcanado atravs do letramento crtico (SOUZA, 2011 no paginado).
O letramento
crtico prope que as verdades e os valores so atrelados as
comunidades e as suas
histrias. O enfretamento de situaes de conflito pede o
aprendizado da escuta, ou seja,
escutar o outro e aprender a escutar a si mesmo ouvindo o outro
e as implicaes desses
processos.
Em relao ao processo de leitura e como este entendido na
perspectiva do
letramento crtico, Souza (2011 no paginado) advoga que o
processo de ler
criticamente envolve aprender a escutar no apenas o texto e as
palavras que o leitor
estiver lendo, mas tambm [...] aprender a escutar as prprias
leituras de textos e
palavras. Dentro dessa tica, cabe ao aluno percepo de como o
autor produziu
determinados significados no texto, os quais tm origem em um
contexto especfico, e
como esse contexto se torna integrado ao contexto em que o texto
foi lido e aos
significados que foram construdos nessa leitura. Nessa trama,
tanto o autor quando o
leitor produtor de significado os quais so feitos por meio da
linguagem. Tais
significados e valores tem sua gnese nas comunidades em que os
sujeitos pertencem.
Para Shor (1997) o letramento crtico questiona a construo social
de si mesmo,
assim, o sujeito letrado criticamente, examina o seu
desenvolvimento no mundo, bem
como seu posicionamento subjetivo que d sentido e o faz agir no
mundo. O
conhecimento nessa perspectiva parcial e incompleto ao passo que
construdo dentro
de culturas, experincias e contextos. Alm disso, o letramento
crtico no se refere a
noo dominante do certo e do errado (ANDREOTTI, 2008), mas d
possibilidade de
construo e transformao do conhecimento e dos modos de agir e de
pensar o mundo.
Apresentao de obra
O livro Keep in mind possui quatro volumes (do 6 ao 9 ano do
ensino
fundamental). Para a anlise, neste artigo optou-se por trabalhar
com o volume do 9
ano, em razo da prpria apresentao dos volumes na Assessoria
Pedaggica da
coleo. Os autores entendem que a produo textual em lngua inglesa
e lngua
materna depende de conhecimentos relativos organizao textual e a
construo
apropriada de sentenas e contedo, ou seja, so poucos gneros
textuais que podem ser
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elaborados com to pouco conhecimento vocabular e organizacional.
Tendo isso em
vista, os autores preferem fornecer esses subsdios aos alunos ao
longo do ensino
fundamental e por isso, preconizam, nos primeiros volumes,
atividades de escrita que se
limitam a produo de frases ou preenchimento de informaes
adotando o que eles
chamam de desenvolvimento de micro-habilidades da escrita
(micro-skills for writing).
Assim, apenas no vol. do 9 ano que a produo de gneros textuais
encarada e
exigida efetivamente: no 9 ano que se concretiza por completo a
noo de produo
escrita como processo (process writing), como uma prtica
intensiva por parte dos
alunos no qual se refere organizao textual (CHIN e ZAOROB, 2009,
p. 41).
Em parecer tcnico destinado aos professores de LEM com relao
escolha dos
LD, a SEED-PR afirmou que ambas as colees direcionadas ao ensino
fundamental
no eram condizentes com as propostas e a concepo de lngua
defendida nas
Diretrizes Curriculares Estaduais LEM:
As duas colees, Keep in Mind e English for teens links no
apresentam aproximaes com as orientaes contidas nas Diretrizes
Curriculares de lngua Estrangeira Moderna do Estado do Paran, ou
seja, no concebem a lngua como discurso, como prtica social. No
contemplam as prticas discursivas - oralidade, escrita e leitura -
e o trabalho com a lngua se estabelece, to somente, com o
desenvolvimento das habilidades de ler, escrever, falar e ouvir.
Nas abordagens de anlise da lngua no h reflexo quanto s escolhas
lingustico-discursivas feitas para compor os textos, nem sobre a
importncia destas escolhas para a compreenso do texto e da
estrutura da lngua alvo (PARAN, 2010 - online).
Realmente a concepo de lngua que a coleo Keep in mind adota no
a
mesma proposta pelas DCE-LEM. Na Assessoria Pedaggica da coleo
posto que os
autores trabalham com a lngua como sistema e como prtica scio
discursiva assim
defendido que:
os alunos dificilmente conseguiro se engajar em atos discursivos
em ingls sem se apropriar de fundamentos bsicos dessa lngua,
inversamente, de nada lhes servir aprender o ingls sem desenvolver
a competncia discursiva necessria para interagir com os outros por
meio dele. Com efeito, se a lngua a base sobre a qual se constri o
discurso, o processo discursivo o meio pelo qual se realiza o
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potencial significador da lngua, ou seja, o meio pelo qual se
produz sentido com ela (CHIN e ZAOROB, 2009, p. 8).
Embora a coleo apresente uma viso de lngua um pouco distinta do
que as
DCE-LEM propem notvel que a sugesto de propostas que enfatizam a
elaborao
de gneros textuais se materializa nas atividades de produo
escrita. Com isso, a
anlise desse artigo se justifica em razo da possibilidade de
investigar a natureza
desses gneros sugeridos, bem como se estes possibilitam prticas
de letramento
levando em considerao os alunos usurios desse LD.
Anlise e discusso dos dados
A anlise das propostas de produo escrita no LD Keep in mind
deu-se com
base em alguns princpios norteadores que regem a produo de um
gnero textual tais
como: indicao do gnero, tratamento de um possvel destinatrio
propsitos
comunicacionais e orientaes especficas de elaborao. Alm desses
princpios
discute-se se as prticas textuais sugeridas condizem com a
proposta do ensino por
letramento crtico.
O volume escolhido para anlise composto por 12 unidades sendo
que cada
uma delas trabalha com atividades de lintening, speaking,
reading e writing. Como j
foi dito anteriormente, sero focalizados nesse artigo os
aspectos relacionados s
atividades de escrita, mais especificamente as propostas de
produo. Para isso,
selecionou-se trs propostas da seo Lets write do livro em questo
buscando verificar
os aspectos supramencionados.
A primeira proposta sugere a produo de uma biografia (short
biography), o
tema apropriado pelo fato de que nas duas unidades anteriores so
trabalhados
aspectos relacionados aos verbos no passado e a organizao de
fatos nesse tempo
verbal. A proposta se divide em trs etapas. Inicialmente
sugerida aos alunos a escrita
de uma biografia de um de seus antepassados (av, av, bisav ou
bisav). Na primeira
etapa propem-se a coleta de informaes sobre os eventos da vida
da pessoa escolhida
a serem preenchidas em uma tabela tambm fornecida no exerccio.
Na segunda etapa
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sugerido que os alunos faam a escrita da biografia tendo como
base as informaes
completadas anteriormente. Por fim, na terceira etapa, sugerida
a discusso do texto
com os colegas e a leitura do mesmo fazendo comparaes e a
reflexo sobre a vida no
futuro.
Diante disso, possvel verificar que a proposta considera a
escrita como
processo, pois sugere a coleta de dados iniciais antes da
produo. Alm disso, focaliza
um gnero textual definido que possui leitores reais (os colegas
da classe). No entanto,
no so informadas as caractersticas desse gnero nem mesmo
retomadas, no caso de j
terem sido trabalhas anteriormente. Tambm no informada a extenso
que esse texto
deve ter (quantidade de linhas possveis para a produo), j que
delimitada como uma
short biography, os aspectos que devem ser mencionados no texto,
nem mesmo o tipo
de linguagem que pode/ deve ser adotada, ou seja, no sugerido um
momento de
reflexo do prprio uso da linguagem. Como essas orientaes no so
postas para os
alunos, provavelmente a efetivao da produo ser composta de
frases isoladas feitas
na pr-escrita, pois o aluno no ter base sobre como compor sua
produo se no
houver auxlio e sugestes de como faz-lo. Pode-se dizer que as
lacunas de reflexo
quanto ao uso da linguagem e o posicionamento do aluno enquanto
produtor de textos e
construtor de significados empobrece a produo sugerida e
desfavorece ao aluno a
adoo de um posicionamento crtico e letrado.
A segunda proposta escolhida para anlise sugere o trabalho com o
gnero
recado (telefone message). Nesta proposta os alunos precisam
ouvir alguns recados
deixados na secretaria eletrnica e posteriormente escolherem uma
mensagem para
fazerem anotaes do que ouviram no caderno. A produo consiste em
trs etapas: a
escuta das mensagens, a transcrio da mensagem escolhida e o
compartilhamento do
que foi ouvido e transcrito com os colegas de classe.
Verifica-se que a produo escrita
esta sendo compreendida nessa proposta como a transcrio de
informaes. Embora
essa prtica seja constante nas prticas sociais cotidianas visto
que no se exige a
produo real, criativa e autntica por parte do aluno. Esse
exerccio poderia se
enquadrar melhor se estivesse na seo de listening do livro (Lets
listen) uma vez que
no houve produo do gnero textual, com destinatrio pr-definido, a
escrita no
encarada como processo e no h espao na atividade para a reflexo
do uso da lngua.
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Nesse sentido a proposta no favorece na produo de prticas de
letramento pelo fato
de conceber a produo textual como transcrio de informaes, uma
vez que no h
espao para o posicionamento do aluno enquanto construtor do
texto e agente
modificador desse texto atravs de suas experincias e
interpretaes nesse tipo de
atividade.
A terceira proposta analisada sugere a produo de uma resposta no
Yahoo!
Answers. A pergunta se refere a um turista que deseja visitar o
Brasil nas frias de julho
e quer saber quais so os melhores lugares para visitar e que
tipo de roupas deve trazer.
A produo da resposta se divide tambm em trs etapas.
Primeiramente os alunos
devero ler a questo, em seguida se preparam para a produo atravs
da discusso das
informaes que precisam fornecer ao turista com os colegas da
classe. Nessa etapa h
uma tabela para auxiliar nessa produo em que se deve completar
os lugares (pontos
tursticos), o clima (temperatura desses lugares no ms de julho)
e as roupas apropriadas
para usar. Preenchida a tabela e realizada essas duas etapas, os
alunos so convidados a
fazerem um rascunho da resposta para finalmente postarem o texto
no Yahoo! Answers.
A proposta bem completa e contextualizada, pois parte de um
texto autntico
inserido em um suporte tecnolgico real e com um leitor real. A
produo sugerida em
etapas as quais proporcionam a reflexo do contedo em que deve
ser produzido, sendo
que o mesmo discutido colegas. O texto original no colocado no
livro ( colocado
um texto adaptado em termos de formato com o mesmo contedo) o
que acaba sendo
uma perda em termos de trabalho com o formato do gnero. O
endereo para a
postagem da pergunta, bem como o lugar de onde foi retirada
tambm no fornecido,
porm em uma nota para o professor colocado que as perguntas no
Yahoo tm
rotatividade, ou seja, so retiradas aps certo tempo, mas que
caso isso tenha ocorrido o
professor pode criar uma pergunta e fornecer o endereo para os
alunos.
Dentro das trs propostas analisadas, a terceira a que mais se
adequa dentro do
que o trabalho com gneros textuais e o que a perspectiva do
letramento crtico prope.
As trs propostas analisadas apresentam caractersticas comuns.
Primeiramente por ter
em mente o trabalho com um gnero textual, segundo pelo fato de
ser sugerida a
realizao em etapas. Nas trs propostas a questo da reflexo da
linguagem, algo que
deixa a desejar, pois se discute mais o contedo do que o resgate
de como a lngua ou
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pode ser utilizada nesses textos. O gnero como principio
norteador contribui para a
reflexo sobre a materializao da lngua o que corrobora com
prticas de letramento.
No entanto, no basta que eles sejam sugeridos ou sirvam de apoio
na produo, pois
assim a texto se transforma em pretexto e no contedo lingustico.
preciso cuidado
ao se afirmar que se esta ensinando a trabalhar com gneros
textuais se no h um
estudo sobre seus aspectos e se no h exigncia quanto produo
autntica e criativa
por parte do aluno, pois dentro das trs propostas apenas a
terceira enfatiza essa
produo e d alguns subsdios para que ela ocorra favorecendo no
posicionamento do
aluno enquanto produtor de significados.
Consideraes finais
A partir da anlise das propostas de produo do LD - Keep in mind
foi possvel
perceber que o trabalho com gneros textuais se faz presente no
material e nesse sentido
o livro cumpre com o que propem na Assessoria Pedaggica. No
entanto, essas
propostas de produo, embora sugiram o trabalho com gneros, no se
efetiva nos
enunciados das produes a reflexo sobre o uso da lngua, bem como
o possvel
destinatrio tendo algumas vezes a produo escrita concebida como
o reporte de
informaes. claro que isso tambm trabalhar com a lngua e
utiliz-la em situaes
reais, porm se o momento (leia-se a seo de produo escrita Lets
write)
destinado para que os alunos produzam textos esse tipo de
abordagem acaba no sendo
adequado. Assim o gnero textual que indicado na seo utilizado de
forma
camuflada.
Dentro dessa perspectiva possvel afirmar que as propostas de
produo textual
no LD analisado so parcialmente adequadas atentando ao fato de
no levar em
considerao aspectos elementares na produo de gneros textuais
assumindo certa
artificialidade na produo uma vez que o aluno pode se sentir
desmotivado a produzir
textos que estejam fora de sua realidade, alm de as propostas
desfavorecerem, em
algumas situaes, o uso real da lngua que conduz a prticas de
letramento. Diante
disso, sugere-se ao professor usurio deste e de qualquer outro
LD a reflexo e anlise
do que se coloca nas propostas metodolgicas e da efetivao dessas
propostas
-
materializadas nas atividades. Para isso, fazem-se necessrias
anlises e estudos em
parcerias com outros professores no momento de escolha do LD alm
de uma postura
crtica por parte do professor que no pode se deixar enganar por
propostas que na
teoria postulam uma coisa, mas nas atividades materializam
outras.
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