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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO
AMBIENTE
AVALIAÇÃO X REPETÊNCIA E OS REFLEXOS DO SISTEMA EDU CACIONAL
NO DESENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTES: UM ESTUDO REALI ZADO
COM ALUNOS DO INTERIOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS E DO
INTERIOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Josefina Elvira Novaes Rêgo de Araújo
Volta Redonda- RJ
2009
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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E
DO MEIO AMBIENTE
AVALIAÇÃO ESCOLAR X REPETÊNCIA E OS REFLEXOS DO SIS TEMA
EDUCACIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE ADOLESCENTES: UM ESTUDO
REALIZADO COM ALUNOS DO INTERIOR DO ESTADO DE MINA S GERAIS
E DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
Josefina Elvira Novaes Rêgo de Araújo
Volta Redonda, RJ
2009
Trabalho apresentado ao curso de Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente do Centro Universitário de Volta Redonda sob a orientação do Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves .
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A659a Araújo, Josefina Elvira Novaes Rêgo de. Avaliação x repetência e os reflexos do sistema educacional no desenvolvimento de adolescentes: um estudo realizado com alunos do interior do estado de Minas Gerais e do interior do estado do Rio de Janeiro / Josefina Elvira Novaes Rêgo de Araújo. – Volta Redonda: UniFOA, 2009. 117 f.: il., gráfico. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA. Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, 2009.
1. Educação em saúde – avaliação – Rio de Janeiro.
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Ao meu orientador Prof. Dr. Fábio Aguiar Alves
por sua delicadeza e atenção.
.
Ao meu marido e filhos que me incentivaram
em todos os momentos de desânimo.
Ao filho Guilherme por sua grande ajuda e paciência.
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Minha homenagem especial ao querido Mestre Marcelo Genestra que esteve presente em
todos os momentos do meu caminhar no mestrado, dando apoio, orientando, e assistindo
todas as apresentações que fiz, sempre com uma palavra de admiração e carinho. Agradeço
por esta presença marcante de homem ético, gentil e extremamente competente na vida de
todos nós. Tenho certeza que estará assistindo mais uma vez a apresentação deste trabalho
de onde estiver. Meu agradecimento do fundo do coração.
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“Comprometer-se com a desumanização é assumí-la
e, inexoravelmente, desumanizar-se também.”
(Freire, 1979, p. 19)
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------10
1. As formas de avaliação na realidade escolar-------------------------------------------14
1.1 Tipos de avaliação e sua aplicabilidade no cotidiano escolar------------------------17
1.2 A avaliação quantitativa e suas conseqüências----------------------------------------20
2. Repetência e evasão escolar no ensino brasileiro-------------------------------------22
2.1 O fracasso escolar visto como doença--------------------------------------------------24
2.2 O fracasso escolar um problema de nosso tempo-------------------------------------27
3. Fatores que influenciam uma boa escola-----------------------------------------------30
3.1 Avaliar para não excluir------------------------------------------------------------------31
4. Exercício de solidariedade e justiça----------------------------------------------------34
5. Algumas conseqüências da exclusão escolar precoce--------------------------------35
Objetivos-----------------------------------------------------------------------------------37
Metodologia------------------------------------------------------------------------------38
Resultados--------------------------------------------------------------------------------39
Discussão---------------------------------------------------------------------------------47
Conclusões-------------------------------------------------------------------------------52
Referências bibliográficas-------------------------------------------------------------54
Anexos-----------------------------------------------------------------------------------59
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RESUMO
A presente dissertação tem como objetivo mostrar a importância da avaliação na
formação e na vida dos estudantes. É uma prática necessária no trabalho do professor, que
deve estar sempre presente no processo ensino aprendizagem. A avaliação é uma reflexão
sobre o nível de qualidade do trabalho escolar e é importante para que a educação cumpra
seu papel. O professor deve oportunizar ao aluno refletir sobre o mundo e levá-lo a
construção de um conhecimento necessário a formulação e reformulação de hipóteses.
O que vemos na avaliação hoje é que ela está a serviço do autoritarismo do professor
desde os primórdios da educação no lugar de estar em benefício da educação. Esta prática
está vinculada a metodologia e práticas educativas tradicionais ligadas a um modelo
político social amplo. Não podemos esquecer que a escola faz parte da sociedade.
Existe ainda uma grande contradição entre o discurso e a prática da maioria dos
professores que ainda usam a avaliação classificatória e autoritária. Esta prática pode ser
explicada em parte por um reflexo de sua história de vida como aluno, o professor
reproduz inconscientemente a arbitrariedade e o autoritarismo que recebeu e que a
sociedade impõe. Temos que dar um novo significado à avaliação desligando-a do passado.
O exemplo mais vivo dessa pedagogia autoritária está no ensino médio, mais
especificamente no último ano, onde os alunos são treinados a resolver provas voltadas
para o vestibular. No ensino fundamental, onde está nosso foco de estudo, o sistema de
ensino está preocupado com os índices de aprovação dos educandos, e os pais interessados
que seus filhos “passem de ano”. Os alunos estão sempre preocupados com a situação de
serem aprovados ou reprovados. Nossa pedagogia está mais voltada a provas e exames do
que para o ensino- aprendizagem.
O resultado desta pedagogia é a exclusão do aluno, apesar de haver esforço
governamental em incluí-lo na escola, ele acaba sendo excluído pela forma que é feita a
sua educação e sua avaliação.
Palavras-Chave: Avaliação – Exclusão – Saúde
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ABSTRACT
The herein presented study has as main objective, to show the relevance of the evaluation
during the formation of a student. It is a needed practical within th actions for the teacher
work, being important in the learning process. The evaluation is a reflection of the quality
of the work performed by the school. The teacher should induce the interest of the student
about a reflection over the world and lead him to the knowledgement construction for
hypothesis formulation.
Since the begining of the education, the evaluation is related to authority by the
teacher, instead of being in benefit of education. This practice is associated to traditional
methodologies of education linked to a wide social-political model. We should not forget
that school is part of the society. There are still controversial between speech and practice.
Most of teachers still use authority and classifying evaluation. This practice can be
explained, in part, by a reflex of a story of a student life, the teacher reproduces
unconsciously the arbitrarily and authority received and that the society imposes. We need
to give a new meaning to evaluation, disconnecting it from the past. The live example of
this pedagogy is within the high school, more specifically in the last year, while the
students are trained to an examination (vestibular). For the fundamental school, where we
have the focus, the system is aware with approving index of students and the family and
students themselves, interested in not to fail. Our education is more directed to evaluation
than the learning.
The result of this pedagogy is the student exclusion, despite the efforts from the
government are to include them into school, and the student is excluded by the way the
evaluations actually are applied.
Key words: evaluation; exclusion and health.
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INTRODUÇÃO
A democratização do ensino implica no acesso escolar e a permanência do
aluno até um nível de terminalidade. Segundo o INEP/MEC (2001), de cada 100
alunos que ingressam na primeira série do ensino fundamental apenas 59 chegam
ao final da 8ª série, os outros 41 alunos param de estudar no meio do caminho. No
ensino fundamental, 39% dos alunos têm idade superior à adequada para série
que cursam. Na quinta série do ensino fundamental (sexto ano escolar) e na
primeira série do ensino médio localizam-se os maiores índices de atraso escolar.
Nestas séries as distorções idade série são de 50% e 56% respectivamente. É
cada vez mais difícil manter os alunos na sala de aula principalmente a partir das 5
ª e 6ª séries, (6º e 7º ano escolar) dos cursos noturnos.
Manter os alunos na escola deve ser a responsabilidade de cada unidade de ensino
e principalmente de cada professor. Segundo Jussara Hoffman:
a continuidade da ação pedagógica tem por referência, assim, o
processo vivido pelos alunos, interesses, avanços e necessidades. A
intervenção pedagógica do professor será mais consistente e
significativa à medida que este se questionar constantemente, sobre os
alunos procurando ampliar e complementar seu entendimento sobre a
trajetória percorrida por cada um e por todo o grupo, ajustando suas
ações educativas à multiplicidade de referências que uma situação de
aprendizagem acarreta. (HOFFMAN- 2002, p. 108).
A avaliação de rendimentos, validade e relevância social da aprendizagem
são sem dúvida, qualidades importantes e deverão ser perseguidas pelo educador.
Este estudo é relevante porque mostra que o professor ainda utiliza apenas
tarefas escritas e individuais como provas e testes para dar nota ao aluno. Este tipo
de avaliação puramente quantitativa ainda é muito utilizado nas escolas. Por esta
razão estudos e pesquisas sobre a avaliação ainda carecem de maior
aprofundamento.
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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394 de 1996,
estabelece que a avaliação deva ser contínua e priorizar a qualidade, isto é,
acompanhar o processo de aprendizagem ao longo do ano e não em uma prova ou
um só trabalho e é chamada de formativa pois se opõe à avaliação quantitativa ou
somativa.
A avaliação quantitativa ou somativa caracteriza-se por ser realizada ao final
de um programa com o objetivo de definir uma nota ou conceito, ou seja, dizer à
quantidade que o aluno aprendeu e ordená-los de acordo com esta nota obtida.
Serve também para concursos e vestibulares. A avaliação formativa ou qualitativa
deve ser usada no dia a dia do professor em sala de aula e serve como importante
instrumento para ajudar no ensino-aprendizagem. Deve também servir para
compreensão do estágio de aprendizagem em que o aluno se encontra levando em
consideração seu currículo oculto. A partir da avaliação diagnóstica o professor
tomará decisões que possam ajudar seu aluno a avançar na aprendizagem.
A avaliação centrada em provas, exames e notas usadas pelo professor e
sua definição por um ensino baseado em tarefas escritas individuais, por alunos
ouvintes na maioria do tempo, fará o limite de sua observação sobre a
aprendizagem do estudante. Esta prática desestimulará o aluno, fará com que ele
obtenha notas que o façam ficar retido na série em que está estudando. O grande
índice de abandono escolar no ensino fundamental no Brasil e conseqüentemente a
exclusão social do aluno são fatos que devem ser estudados. Desta forma, é
necessário buscar novas concepções de avaliação e o repensar das práticas
pedagógicas atuais. É necessário reconfigurar o cenário educativo e as relações
professor-aluno. Este é o grande desafio da escola atual. A importância deste estudo
reside na convicção de que mudar é possível. É fundamental respeitar os alunos
como seres de múltiplas inteligências que devem ser estimuladas, facilitando assim
seu pertencimento na escola e socialmente. Procurar descobrir porque a avaliação
pode se tornar um fator de exclusão social e se a repetência escolar está ligada à
forma com que o aluno é avaliado é a meta deste trabalho.
Espera-se com este estudo contribuir para a melhoria do ensino que deve
ser a proposta de cada professor, diminuindo assim a repetência e a exclusão
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escolar precoce. Foi feita uma pesquisa para buscar dados para o
entendimento do fenômeno do ponto de vista dos observados. O estudo busca este
entendimento, através de um questionário de 13 perguntas a 97 alunos de 5ª e 6ª
séries,( 6º e 7ºano escolar), acima de 14 anos do curso noturno da rede pública de
ensino de duas cidades do interior de Minas Gerais e do interior do Estado do Rio de
Janeiro. A pesquisa bibliográfica uniu conceitos teóricos acerca do tema discutido.
Para estes alunos repetentes e excluídos, (78,4% já repetiram alguma
série escolar) nos turnos noturnos, foram elaborados materiais dissemináveis em
forma de cartilhas educativas sobre prevenção de DSTs e AIDS e sobre como cuidar
de um recém-nato. Estudos apontam para uma maior incidência de DSTs entre
jovens com baixa escolaridade e maior índice de mortalidade infantil entre bebês
cujas mães têm baixo nível de escolaridade.
Este trabalho estuda as formas de avaliação na realidade escolar, os tipos
de avaliação existentes e as conseqüências da avaliação quantitativa. A seguir,
aborda a repetência e a evasão escolar no ensino brasileiro, e o fracasso escolar
visto como doença. O terceiro item trata da prática da avaliação na quinta e sexta
série do ensino fundamental e como avaliar para não excluir. Finalmente, trata dos
fatores que influenciam uma boa escola e estuda as conseqüências da exclusão
escolar precoce.
Este projeto foi elaborado baseado em vários autores e principalmente
calcado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ou Lei número
9.394, aprovada em 1996, que determina em seu artigo 24 – inciso V: a avaliação
será contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais.
Luckesi diz que “o erro no lugar de ser fonte de castigo deve ser fonte de
virtude” ( 2005. p 48).
HOFFMAN diz que “a intervenção pedagógica deve adaptar-se ao processo de
construção do aluno, com situações de ensino-aprendizagem concebidas para
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superar desafios, que possam ser enfrentados pelos alunos e que possam fazê-los
avançar sempre”. ( 2002, p. 105)
LUCKESI e HOFFMANN estão ligados por pensamentos comuns. FREIRE,
o mestre de todos foi o quem mais desejou e praticou a democratização do ensino:
“Ensinar exige querer bem aos educandos, ensinar exige disponibilidade para o
dialogo” (1996, p. 159). LUCKESI diz que é preciso desejar ensinar de certa forma é
preciso ter paixão nesta atividade. Diz também que a avaliação deve estar para além
do autoritarismo. (1994, p. 117). Como FREIRE diz: “Não há educação do medo.
Nada se pode temer da educação quando se ama” (1979, p.29).
LIBÂNEO “entre outros conceitos vemos na prática docente o uso da
avaliação como recompensa a bons alunos e punição aos indisciplinados e
desinteressados” (1994, p. 199).
MORIN diz: “O problema da compreensão tornou-se crucial para os
humanos. E por esse motivo, deve ser uma das finalidades da educação do futuro”
(1994, p. 93). Como FREIRE, o amor, a compreensão e o diálogo são também as
metas de MORIN. Tantos especialistas bons e esperançosos farão com que este
trabalho também possa contribuir mesmo de forma pequena para alguma melhoria
na educação e conseqüentemente para a sociedade em que vivemos
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1- AS FORMAS DE AVALIAÇÃO NA REALIDADE ESCOLAR.
A avaliação é uma prática necessária no trabalho do professor e deve estar
sempre presente no processo ensino aprendizagem como reflexão sobre o nível de
qualidade do trabalho escolar.
Segundo Jussara HOFFMANN, avaliar nesse novo paradigma é
dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento
permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu
processo de aprendizado, reflexões acerca do mundo, formando seres
críticos, libertários e participativos na construção de verdades formuladas
e reformuladas. (HOFFMANN, 2002, p.19).
A ação avaliativa está intimamente ligada á compreensão do processo de
cognição. O professor deve oportunizar ao aluno refletir sobre o mundo e levá-lo a
construção de um conhecimento necessário a formulação e reformulação de
hipóteses, não há começo nem fim nesta construção.
O que se vê hoje na avaliação é que ela está a serviço do autoritarismo do
professor desde os primórdios, no lugar de estar em benefício da educação. Esta
prática está vinculada a metodologias educativas tradicionais ligadas a um modelo
político social mais amplo. Não podemos esquecer que a escola faz parte da
sociedade. Como diz Paulo FREIRE: “a escola não é uma ilha de pureza no interior
da qual as contradições e antagonismos de classes não penetram” (1979.p.13).
Existe uma grande contradição entre o discurso do professor e sua
atitude na maioria das vezes classificatória e autoritária. Esta atitude
pode ser explicada em parte por um reflexo de sua história de vida como
aluno. O professor reproduz inconscientemente a arbitrariedade e
autoritarismo que recebeu e que a sociedade impõe. (HOFFMANN,
2002, p. 12).
Desmistificar esta prática dando um novo significado à avaliação,
desligando-a do passado se faz necessário. O exemplo mais vivo dessa pedagogia
autoritária está no ensino médio mais especificamente no último ano onde os alunos
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são treinados a resolver provas voltadas para o vestibular. No ensino
fundamental, onde está o foco deste estudo, o sistema de ensino está preocupado
com os índices de aprovação e reprovação dos educandos, e os pais interessados
que seus filhos 'passem de ano'. Os alunos estão sempre preocupados em serem
aprovados ou reprovados. Esta pedagogia está mais voltada para provas e exames
do que para o ensino aprendizagem.
Um professor que está procurando desenvolver crianças
inteligentes não pode se contentar com a simples formação de
automatismos, respostas emitidas que não tem nenhum sentido. Uma
aprendizagem compreensiva requer que o professor conheça o processo
de pensamento do aprendiz, apresente problemas que lhe pareçam
interessantes e para as quais ele possa oferecer respostas. “Isto significa
em outras palavras, que o professor precisa sondar a prontidão da
criança antes de planejar o ensino”. (GOULART, 1884, p.16)
Decisões políticas encaminham a questão no sentido de eliminar das
escolas o fenômeno da reprovação nas séries iniciais. Tais medidas procuram
minimizar o prejuízo social decorrente da concepção de avaliação como função
burocrática, punitiva e obstaculizante ao projeto de vida de nossas crianças e
adolescentes. (HOFFMANN, 2002, p. 16).
Com as exigências da LDB nº 9.394/96, a maioria dos regimentos
escolares estão introduzidos por textos que enunciam objetivos ou
propósitos de uma avaliação contínua, mas estabelecem normas
classificatórias e somativas, revelando a manutenção das práticas
tradicionais.(HOFFMANN, 2002, p. 23).
Outro uso autoritário da avaliação escolar é sua transformação em
mecanismo disciplinador de condutas sociais. É uma prática comum, no meio
escolar, utilizar o expediente de ameaçar os alunos com o poder e o veredicto da
avaliação, caso a “ordem social” da escola ou das salas de aula seja infringida. Uma
atitude de “indisciplina”, por vezes, é imediatamente castigada com um teste
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relâmpago, que poderá reduzir as possibilidades de aprovação de um aluno; ou às
vezes, os alunos são advertidos, que “se vierem ferir a ordem social da escola”
poderão sofrer conseqüências nos resultados da avaliação, a partir de testes mais
difíceis e outras coisas mais. “De instrumento de diagnóstico para o crescimento, a
avaliação passa a ser um instrumento que ameaça e disciplina os alunos pelo
medo”. (LUCKESI, 2005 p.40).
A título de lembrete, pode-se ainda recordar os expedientes de conceder
“ um ponto a mais” ou o de “ retirar um ponto” da nota ou conceito do
aluno. O arbítrio do professor aqui é total. Ele decide, olimpicamente,
sem critério prévio e sem relevância dos dados, conceder ou retirar
pontos. A competência aí é desconsiderada. Vale a gana autoritária do
professor. (LUCKESI, 2005, p. 41).
“No cotidiano escolar, a única decisão que se tem tomado sobre o aluno
tem sido de classificá-lo num determinado nível de aprendizagem, a partir de
menções, sejam elas em notações numéricas ou notações verbais”. (LUCKESI,
2005, p. 76).
Sara PAIN diz que “se não houver uma forma de avaliar o que os alunos
aprendem a escola vai fracassar”. (PAIN, 1993, p. 23).
A avaliação deve ser contínua, permitindo que o aluno reflita sobre o que
não aprendeu e refaça sua aprendizagem. Na maioria das escolas isto não
acontece, pois a avaliação é feita sempre no final do bimestre, priorizando a
aplicação de provas, e o uso de pontos por participação, excluindo alunos tímidos,
punindo assim os que, por alguma razão, não fazem parte do 'rol dos participantes'.
A recuperação daquilo que o aluno deixou de aprender deveria ser paralela
ao ensino, mas somente é feita no final do bimestre, onde apenas é aplicada uma
nova prova, não recuperando o que o aluno deixou de aprender. Aliada a esta
prática errônea de avaliação, existe o medo que o aluno sente ao fazer provas ou
testes como foi constatado em pesquisa feita entre noventa e sete alunos de 5ª e 6ª
séries do ensino fundamental, onde eles optaram por serem avaliados diariamente
durante as aulas. O aluno ao ser avaliado desta forma é na maioria das vezes
reprovado, pois dos noventa e oito alunos pesquisados, setenta e seis já foram
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retidos em alguma série do ensino fundamental, apesar disto, ainda sonham
conseguir chegar ao ensino médio.
O resultado desta pedagogia é a exclusão do aluno, apesar do esforço
governamental em incluí-lo dentro da escola, ele acaba sendo excluído pela forma
como é feita sua educação e avaliação.
Um educador, que se preocupe com que sua prática educacional esteja
voltada para transformação, não poderá agir inconsciente e irrefletidamente. Cada
passo de sua ação deverá ser marcada por uma decisão clara e explícita do que
está fazendo e para onde está encaminhando os resultados de sua ação. A
avaliação, neste contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao contrário, terá de
ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e
decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida
social (LUCKESI, 2002, p. 46)
1.1 Tipos de Avaliação e sua Aplicabilidade no Coti diano Escolar
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96),
estabelece que a avaliação deva ser contínua, priorizar a qualidade, isto é,
acompanhar o processo de aprendizagem ao longo do ano e não em uma prova ou
um só trabalho. Esta avaliação que prioriza a qualidade é chamada de formativa e
se opõe à avaliação quantitativa ou somativa (classificatória). A avaliação deve
também ser diagnóstica e será estudada em primeiro lugar.
A avaliação diagnóstica como o próprio nome diz serve para que o
professor faça uma avaliação prévia do estágio de conhecimento que o aluno tem
sobre determinado assunto. Isto significa que a avaliação deverá ser vista e
assumida como um instrumento de entendimento da aprendizagem em que o aluno
se encontra, para tomar decisões que o levem a avançar de forma satisfatória. O
papel do professor é compreender este estágio de aprendizagem do aluno e que
avance com ele em busca de conhecimentos necessários a formulação de novas
hipóteses. “Professor e aluno buscando coordenar seus pontos de vista, trocando
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idéias, reorganizando-as” (HOFFMANN, 2002, p.63). Quando determinado
conhecimento ou habilidade é essencial na aprendizagem do aluno, ele deverá
adquiri-la, pois faz parte do acúmulo de conquistas da humanidade e não poderá
ser negada a ele para que esta avaliação seja realmente inclusiva. Sendo assim, a
avaliação não seria apenas um instrumento de aprovação e reprovação dos
alunos, mas sim, uma forma de diagnosticar a sua situação, tendo em vista um
encaminhamento adequado para sua aprendizagem. Se um aluno encontra-se
defasado em certo nível de conhecimento não há que pura e simplesmente,
reprová-lo e mantê-lo nesta situação.
Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e
realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica histórico-crítica. A
avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe de uma forma solta e isolada. É
condição de sua existência a articulação com uma concepção pedagógica
progressista (LUCKESI, 2002, p.82).
A avaliação formativa ou qualitativa está intimamente ligada a uma
aprendizagem que tenha perspectiva crítica, que leve o aluno a apropriar-se do
conhecimento de forma contextualizada e não de forma isolada do meio em que
vive. Deve ser “promotora de uma democracia participativa, exigida para fazer face
aos novos problemas que desafiam a escola de massas numa época de
globalização”.(STOER,1992, p.74). Esta forma de propor a avaliação faz com que
ela seja um instrumento auxiliar na aprendizagem e não um instrumento de
aprovação ou reprovação. Por esta razão, a avaliação formativa está
comprometida com uma proposta pedagógica que deve vir junto a uma auto-
compreensão do professor do sistema de ensino em que está inserido. “A primeira
condição para que um ser possa assumir um ato comprometido está em ser capaz
de agir e refletir” (FREIRE, 1979, p.16).
A avaliação formativa deve ser variada e constante. Da análise diária do
professor dos trabalhos dos alunos surgem maneiras de fazer com que todos
aprendam. Podemos então, dizer, que a avaliação escolar é um componente do
processo de ensino que visa através da qualificação dos resultados obtidos em
provas, testes, trabalhos em aula, trabalhos em grupo, observação do aluno e
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outras atividades, verificar a correspondência destes resultados com os objetivos
propostos e daí orientar as decisões em relação às atividades seguintes.
“Nos diversos momentos do processo, fazem parte da avaliação: a verificação,
qualificação, e a apreciação qualitativa ”(LIBÂNEO, 1994, p. 196).
Verificação é a coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos através
de provas, exercícios, tarefas individuais e em grupo, entrevistas e outras
atividades.
Qualificação é a comprovação dos resultados alcançados em relação aos
objetivos propostos e, conforme o caso atribuição de notas e conceitos.
Apreciação qualitativa é a avaliação propriamente dita dos resultados,
referindo-se aos padrões de desempenho esperados.
Ao se comprovar sistematicamente os resultados do processo ensino-
aprendizagem evidencia-se a necessidade ou não do professor, reavaliar o seu
trabalho junto aos alunos e o trabalho dos alunos, para tomar iniciativa no sentido
de refazer quando necessário, o processo, para que a aprendizagem exista
realmente. Com isto, o professor levará o aluno a ter uma atitude responsável em
relação aos estudos assumindo-o como um dever social, além de contribuir para
assimilação e fixação de conteúdos. A correção dos erros cometidos feitos de
forma conjunta possibilita o aprimoramento, ampliação de conhecimentos e
habilidades de forma democrática e ética, desenvolvendo as capacidades
cognitivas dos alunos.
A avaliação quantitativa ou somativa é aquela que se limita a ter uma
função de controle, mediante a qual se faz uma classificação quantitativa dos
alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. “Os professores não têm
conseguido usar os procedimentos de avaliação, que sem dúvida, implicam o
levantamento de dados por meio de testes, trabalhos escritos, etc. - para atender a
sua função educativa” (LIBÂNEO, 1994, p. 198).
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1.2- A avaliação Quantitativa e suas Consequências
A prática da avaliação na maioria das escolas tem sido quantitativa e
classificatória, utilizando as notas obtidas pelos alunos em testes e provas. O
professor reduz a avaliação à cobrança do que o aluno memoriza e usa a nota
como instrumento de controle. Ainda hoje o poder de aprovar ou reprovar o aluno
agrada o professor que faz disso sua prática diária. Ouvimos dizer que em tal
escola o ensino é muito 'puxado', poucos alunos conseguem aprovação, como se
isto fosse normal. Estas atitudes ignoram a complexidade de fatores que envolvem
o ensino. Ao fixarem critérios unilaterais, o professor avalia os alunos pelo seu
mérito individual, pela sua capacidade de se ajustar aos seus objetivos, ignorando
fatores externos e internos que interferem no rendimento escolar.
Pedagogicamente a atenção é centrada nos exames, o que não auxilia na
aprendizagem. Psicologicamente, é útil para desenvolver personalidades
submissas. Usa a recompensa aos bons alunos, como pontos extras, e pune aos
desinteressados indisciplinados como arma de intimação, tirando pontos. Aplicam
provas quando a turma está indisciplinada para mostrar poder e vingar-se.
Sociologicamente esta forma de avaliar é útil para os processos de seletividade
social. Se os procedimentos de avaliação estivessem articulados ao processo de
ensino-aprendizagem não haveria possibilidade de dispor-se deles como se bem
entende. Estariam ligados a procedimentos de ensino e não conduziriam ao
arbítrio. Neste caso a avaliação está mais articulada à reprovação do que com a
aprovação auxiliando a seletividade social, que já existe independente dela. Esta
prática, aparentemente ingênua e inconsciente, hoje se realiza dentro de um
modelo teórico de compreensão que pressupõe a educação como mecanismo de
conservação e reprodução da sociedade.
A avaliação classificatória não auxilia em nada o crescimento e o avanço
do aluno. Somente com uma função diagnóstica e formativa ela servirá a este
objetivo. É necessário modificar as práticas rotineiras e automatizadas a partir de
uma tomada de consciência coletiva do significado desta prática.
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Para PERRENOUD, é preciso cada vez mais o trabalho em equipe e a
cooperação entre colegas que ensinam em outros níveis.
O verdadeiro desafio é o domínio da totalidade da formação de um ciclo
de aprendizagem, e se possível, da escolaridade básica, não tanto para
ser capaz de ensinar indiferentemente em qualquer nível ou ciclo, mas
para inscreverem-se cada aprendizagem em uma continuidade em longo
prazo, cuja lógica primordial é contribuir para construção das
competências usadas ao final do ciclo ou da formação.
(PERRENOUD, 2000, p.46)
A recuperação é usada após a prática da avaliação quantitativa aplicando-
se testes que já foram feitos, oportunizando trabalhos sobre temas já estudados
para a recuperação das notas. Várias escolas estipulam semana de recuperação
em seus calendários com liberação dos alunos já aprovados no período. A
dificuldade da escola como um todo e dos professores de instituírem a verdadeira
recuperação que é chamada de paralela por ser feita durante o processo ensino-
aprendizagem é muito grande. O professor que trabalha com turmas numerosas,
neste caso, é por não saber como parar e voltar a explicar a alguns que não
acompanham a aprendizagem enquanto os outros esperam. É mais prático para a
escola e seus professores fazerem uma recuperação no final do bimestre, mesmo
sabendo que seu efeito é fictício. Como diz LUCKESI, Cipriano:
o médico receita o remédio e o paciente fica curado. O aluno não se
recupera nunca, pois, a sua nota é somada e dividida com a que havia
tirado antes da prova de recuperação. Portanto, até mesmo a nota do
aluno de recuperação é sempre duvidosa e relativa. Isso tudo sem falar
na aprendizagem que fica sempre defasada. (LUCKESI, 2005, p.77)
O ato de avaliar exige a entrega do professor à construção satisfatória da
experiência, deve ser integrativo e inclusivo. Para que isso aconteça, deve-se
separar avaliação de julgamento e vê-la como um diagnóstico que tem por objetivo
a inclusão e não a exclusão, elevando sempre em conta o que diz FREIRE:
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“ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no
mundo.”
( FREIRE, 1997, p. 110)
2- REPETÊNCIA E EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO BRASILEI RO
O Brasil não está conseguindo vencer, no ritmo desejado, o combate
contra o que é considerado por muitos educadores o maior mal de nossa
educação: a repetência. Dados recém tabulados pelo Ministério da Educação por
meio do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) mostram
que um em cada estudante do ensino fundamental e médio repetiu em 2002, a
mesma série cursada em 2001. Dados recentes indicam que houve uma queda
após três anos. Na passagem de 1998 para 1999, o índice estava em 21,7% e em
2001 e 2002 recuou para 20%. Em números absolutos, forma 7 milhões de alunos
que não conseguiram avançar para a fase seguinte. Apesar da queda no último
ano, as taxas do ensino fundamental ainda podem ser consideradas absurdas se
comparadas a índices internacionais. Um relatório da Unesco divulgado em 2006
mostrou que o percentual de reprovados no Brasil se assemelhava ao de nações
muito pobres, como Moçambique, e era superior inclusive ao de outras bem menos
desenvolvidas, como Camboja, Haiti ou Ruanda.
Além de ser prejudicial ao aluno a repetência no Brasil tem também um
alto custo para o governo. Se o estudante leva 10 anos em vez de 8 anos para
completar o ensino fundamental o poder público terá de investir 25% a mais nesse
aluno para que ele consiga atingir o nível de ensino desejado. O MEC estima em 7
bilhões o gasto anual com repetência no ensino fundamental. Esse valor leva em
conta o número de estudantes com mais de 14 anos, idade esperada para a
conclusão do ensino fundamental que ainda estão neste nível de ensino. (
INEP/MEC) As altas taxas de repetência no Brasil ainda poderiam ser justificadas
se os jovens chegassem ao final do ensino médio com um bom nível de ensino.
Mas as avaliações internacionais mostram que isto não acontece de fato. Estamos
nos últimos lugares no PISA ( sigla em Inglês para Programa Internacional de
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Avaliação de Alunos). Para a secretária do ensino infantil e fundamental do MEC
Maria José Féres:
“apesar desses índices altos de repetência, o SAEB (exame do MEC que avalia a
qualidade do ensino) mostra que 59% das crianças na 4ª série não sabem ler e
52% ainda não sabem fazer operações matemáticas simples”.(2006, p. 21)
O modelo de avaliação escolar vigente no país não apenas reprova, mas
faz um número significativo de crianças em idade própria não querer estudar,
porque não reconhece na escola espaço para desenvolver sua capacidade de
aprendizagem. Conhecer esta realidade deve ser o ponto de parida para adequar a
prática pedagógica ao aluno nela inserido, e não como vem sendo feito, usar este
conhecimento como motivo para eximir a escola de seu papel na produção do
fracasso escolar.
Será necessário definir o fracasso escolar? Ao ser pronunciada a
palavra, não deixa ninguém indiferente; todos repassam uma a uma,
suas lembranças, felizes ou infelizes, em que se misturam desgostos,
nostalgia... às vezes rancor. Existem aqueles cujo fracasso escolar não
impedir que fossem bem sucedidos na vida e que se vangloriam disso;
há os que jamais se refizeram dele; e os que felizmente em maior
número, nunca o conheceram. Está em situação de fracasso escolar a
criança que não 'acompanha' pois na escola, é preciso acompanhar:
primeiro o programa que diz o que é necessário aprender, em que
ordem, em quanto tempo; depois, acompanhar sua turma, não se
distanciar do rebanho (CORDIÉ, 1996, p.11)
Os primeiros passos para resolver o problema do fracasso escolar e da
evasão é o professor conhecer bem os alunos e saber quais as suas
necessidades. Muitas vezes, o professor esquece que seu trabalho é feito para o
aluno e se prende a conteúdos e atividades repetitivas transformando a sala de
aula em local de tortura. A partir do momento em que o professor sabe quem é seu
aluno, ele passa a utilizar a realidade do mesmo para se aproximar dele buscando
alternativas que despertem a vontade de permanecer na escola, descobrindo
aplicação na sua vida prática daquilo que a escola oferece.
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2.1 O Fracasso Escolar Visto Como Doença
“Essencial é respeitar a criança para acabar com essa escola em que os
professores reprovam alunos e saem de férias.” (LIMA, Lauro de Oliveira. 1996,
p.12)
A exclusão no dia a dia da sala de aula tem sido uma constante na história
de nossas escolas. A exclusão dos alunos que apresentam uma dificuldade de
aprendizagem vem sendo praticada desde o século passado. Ao longo dos anos,
alunos são condenados ao fracasso, justamente aqueles que mais precisam
aprender. É uma longa história de culpa como vemos a seguir: no século XIX e
início do século XX, a dificuldade de aprendizagem é taxada como anomalia
fisiológica. O comportamento humano é objeto de estudos em laboratório com o
desenvolvimento das ciências médicas e biológicas, sobretudo a psiquiatria. Na
década de trinta o médico Arthur Ramos atribui o fracasso escolar a desajustes
familiares. O aluno com dificuldades passa a ser chamado de criança-problema e o
médico propõe que ela seja educada longe de casa. Na década de sessenta as
causas do insucesso ainda são atribuídas somente a fatores orgânicos e
psicológicos. Quem tem dificuldade de aprendizagem continua a ser encaminhado
ao médico e psicólogo. Na década de setenta estudiosos afirmam que as
dificuldades de aprendizagem advêm das péssimas condições de vida da criança.
É a teoria da privação cultural. Surge a tendência de questionar a responsabilidade
da escola. Em 80 e 90, pesquisas e trabalhos concluem que o erro não está na
criança, mas na escola e professores que estão despreparados para lidar com a
realidade de seus alunos. Para a psicopedagoga MANTOVANINI, Maria Cristina
Labate “quando o professor retoma sua potência e assume seu papel, ele não
exclui nenhum aluno”(2000,p. 21). Após estudar durante um ano os critérios
utilizados por uma escola da periferia de São Paulo para classificar os alunos em
bons e maus, MANTOVANINI conclui:
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“são os educadores que discriminam os 'problemáticos' isolam-nos num canto da
classe e não os chamam ao quadro negro. O pior é que as crianças assumem
integralmente o julgamento de fracassadas e passam a acreditar que são de fato
incapazes”(2000, p. 22)
O trabalho de MANTOVANINI revelou que os dois grupos e dos 'bons' e dos 'maus'
tinham a mesma capacidade intelectual. A diferença era gritante, no entanto, no que
diz respeito à auto-estima:
O professor idealiza o estudante que não existe, sem problemas
familiares, é como se, ao se dar conta de que é impossível trazer de
volta o pai que partiu ou tornar a mãe mais presente na vida do filho, o
educador assina uma sentença definitiva: 'esse não tem jeito'.
Professores de escolas públicas e particulares excluem, de forma
inconsciente e indiscriminada, toda vez que não se sentem valorizadas.
(Nova Escola, 2000, p.22)
É necessário que o professor deixe de agir com preconceito evitando
julgamentos prematuros, afastando-se de idéias estereotipadas, como por
exemplo: “ele é preguiçoso porque é de tal estado do país, de tal religião, de tal
etnia, de tal raça, pobre etc”.Neste momento, é fundamental considerar como
premissa básica, o direito do outro de ser incluído no mundo do aprender e realizar
um trabalho pautado na crença das possibilidades infinitas de transformações do
ser humano, sem limitar suas ambições e sem classificá-lo em categorias
estanques e imutáveis. “E necessário darmos oportunidade para que os educandos
sejam eles mesmos. Caso contrário, domesticamos o que significa a negação da
educação. Um educador que restringe os educadores a um plano pessoal impede-
os de criar”. (FREIRE, 1979, p. 33)
Para que uma aprendizagem ocorra, deve ser significativa,o que exige que
seja vista como a compreensão de significados, relacionando-se às experiências
anteriores e vivências pessoais dos alunos, permitindo a formulação de problemas
de algum modo desafiantes, que incentivem o aprender mais, o estabelecimento
de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos, acontecimentos, noções e
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conceitos, desencadeando modificações de comportamentos e contribuindo para a
utilização do que é aprendido em diferentes situações.
Falar em aprendizagem significativa é assumir que aprender possui um
caráter dinâmico que exige ações de ensino, direcionadas para que os alunos
aprofundem e ampliem os significados elaborados mediante suas participações
nas atividades de ensino-aprendizagem. Nessa concepção, o ensino é um conjunto
de atividades sistemáticas, cuidadosamente planejadas, em torno das quais,
conteúdo e forma articulam-se inevitavelmente e nas quais o professor e o aluno
compartilham parcelas cada vez maiores de significados com relação aos
conteúdos do currículo escolar. O professor guia ações para que o aluno participe
de tarefas e atividades que o façam se aproximar cada vez mais dos conteúdos
que a escola tem para lhe ensinar. Uma aprendizagem significativa está
relacionada à possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos e
formas de inteligências, permitindo aos estudantes usar diversos meios e modos
de expressão. De fato, se analisarmos os princípios da aprendizagem significativa
já não parece ter lugar a concepção dominante de inteligência única, que possa ser
quantificada e que sirva como padrão de comparação entre pessoas diferentes,
para apontar suas desigualdades
A aula deve ser um fórum de debate e negociação de concepções e
representações da realidade, um espaço de conhecimento compartilhado no qual
os alunos sejam vistos como indivíduos capazes de construir, modificar e integrar
idéias. Funciona como oportunidade de interagir com outras pessoas, com objetos
e situações que exijam envolvimento, dispondo de tempo para pensar e refletir
acerca de seus procedimentos, de suas aprendizagens, dos problemas que têm
que superar. É inegável a importância da intervenção e mediação do professor e a
troca com os pares para que cada um vá realizando tarefas e resolvendo
problemas, que criem condições para desenvolverem competências e
conhecimentos.
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2.2. Fracasso Escolar – Um Problema Do Nosso Tempo
Cada época produz suas patologias. Houve a peste e o cólera, e
mais próximos de nós a tuberculose e a sífilis. Se os antibióticos deram
conta dessas doenças, se as vacinações extinguiram muitas epidemias,
outros males, no entanto, apareceram, fazendo fracassar o médico, tal
como a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), que vem nos
lembrar os limites da medicina e o triunfo derradeiro da morte (CORDIÉ,
1996, p.15)
Assim como a medicina busca nova alternativa a cada patologia que
emerge, o professor também deve encarar o fracasso escolar como um desafio,
uma patologia que pode ser curada e extinta das salas de aula.
O fracasso escolar é um problema recente. Com a instauração da
escolaridade obrigatória no fim do século XIX e tomou um lugar considerável nas
preocupações de nossos contemporâneos em conseqüência de uma mudança
radical da sociedade (CORDIÉ, 1996, p. 17) e é a partir dos anos sessenta que
esse problema mais se manifesta. Foi a partir daí que se começou a exigir que as
escolas, por razões econômicas e igualitárias, encontrassem formas de garantir o
sucesso escolar de todos os seus alunos. A culpa do seu insucesso escolar
passou a ser assumida como um fracasso de toda comunidade escolar.
Muitas vacinas anti - fracasso escolar têm sido aplicadas em massa, mas
os resultados ainda são lentos. Esse mal é, antes de tudo, um problema social
complexo, cuja solução requer decisões políticas importantes e atuações de muitos
membros e instituições da sociedade.
Grande parte dos alunos, confrontados com situações avaliativas,
especialmente frente às atividades escritas podem ser influenciados pelas atitudes
apresentadas pelo professor, muitas vezes, chegam à sala de aula com toda sorte
de traumas e medos, pelas mais diversas situações familiares e ou de experiências
negativas absorvidas por fracassos em anos anteriores. Cabe ao professor levar o
aluno a superar seus medos e enfrentar as situações surgidas com confiança,
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evitando que este aluno corra o risco de ser um excluído do saber escolar e um
excluído da sociedade tornando-se um doente social.
Para SOARES “A escola transforma a cultura e a linguagem dos grupos
dominantes em “saber escolar legítimo e impõe tal saber aos grupos
dominados”(1993, P.54). Uma das principais causas do fracasso escolar é o
conflito que há entre a linguagem utilizada pela escola e a que o aluno traz de casa
e das ruas. O aluno se sente constrangido por não compreender a linguagem
escolar e mais ainda por não saber como utilizá-la. Segundo Bourdieu, “funciona
como um mercado lingüístico onde se constrói a legitimação da língua oficial, que
sendo obrigatória em espaços oficiais, como a escola, torna-se norma teórica pela
qual todas as práticas lingüísticas são objetivamente medidas”(1996, p.32). É
importante que a escola se interesse e utilize aquilo que a criança já sabe, já
conhece e necessita ter valorizado. As pessoas muitas vezes aplicam no seu
cotidiano, saberes que deveriam ser transmitidos pela escola, mas que na verdade,
o mundo ensina. É preciso saber desenvolver a leitura de mundo dos alunos e
tornar mais práticos os conteúdos escolares.
Muitas vezes os alunos não sabem a aplicação dos fundamentos
ensinados na escola. Os alunos então vão perdendo a motivação e se sentindo
realmente incapazes de aprender e vão se resignando com o fracasso. Surgem
então as reprovações e o abandono à escola.
Desse modo, poucas são as alternativas para essa grande maioria que se
vê excluída da escola, que acabam por se convencer de que fracassaram porque
são menos capazes. E guardam da escola, apenas a lembranças de um lugar de
onde fizeram de tudo para se livrar.
O fracasso escolar comumente é atribuído a criança, que na verdade é a
vítima, e a sua família, mas não se deve deixar de atribuir à escola a sua parcela
de responsabilidade pelo fracasso escolar. Existe uma preocupação central entre
os professores em exercer controle e contenção da conduta dos alunos.
A avaliação da aprendizagem é predominantemente realizada utilizando-se
provas escritas, por isso as reprovações sucessivas que dão lugar a grandes
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desníveis entre a idade cronológica do aluno e o nível escolar levam a evasão e ao
fracasso.
Há uma expectativa dos professores quanto ao aluno ideal o que o afasta
completamente da realidade, e consideram o aluno como o principal responsável
pelo seu fracasso escolar. A relação entre a escola e a família é fragmentada e
pouco cooperativa.
Sem dúvida, as dificuldades que o aluno tem na vida interferem no
desempenho escolar, mas a escola deve se adaptar às suas necessidades,
compensando os efeitos da dificuldade em que vivem, levando em conta o trabalho
da criança, suas experiências, suas linguagens. Da forma como a escola está
organizada o fracasso é inevitável, tratar da mesma maneira alunos que se
encontram em situação desigual, afirmando que todos têm a mesma possibilidade
de aprender o que a escola ensina, significa não apenas manter a desigualdade,
mas até aumentá-la. Logo depois do aluno, a família, e a condição social, terem
sido apontadas como culpadas pela reprovação e insucesso, descobriu-se que o
nó estava principalmente na escola e na incapacidade dos sistemas de atender as
diferentes necessidades de aprendizagem. O sistema optou então para as classes
de aceleração. Consiste em reunir em uma mesma turma, durante um ano,
estudantes em defasagem e aplicar um programa para os alunos reconquistarem a
confiança em sua capacidade de aprender. As redes que reduziram a distorção
investiram na capacitação de toda equipe pedagógica, conseguindo o
compromisso de todos no sucesso escolar.
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3 - FATORES QUE INFLUENCIAM UMA BOA ESCOLA
Uma boa escola é aquela que permite a entrada do aluno e sua
permanência nela até ao seu nível de terminalidade. A escola é uma instituição
fundamental para promover a igualdade, proporcionar o desenvolvimento de
saberes básicos, contribuindo para a inclusão social e econômica do cidadão,
independente de sua origem social, promovendo o aprendizado de qualidade para
todos. É preciso implementar políticas públicas que impactem o cotidiano da
escola, onde o aprendizado efetivamente aconteça.
“Uma prática educativa centrada no educando, torna-o como centro de
atenção e ponto de partida para toda e qualquer decisão que se venha tomar
pedagogicamente.”(LUCKESI, 2006)
O clima da sala de aula deve promover o aprendizado, os alunos devem
ser conduzidos a um bom relacionamento coletivo, produtivo e prazeroso. Os
professores devem acreditar em seus alunos (a boa expectativa do aprendizado do
aluno influencia diretamente sobre os seus resultados). A escola deve ter um
projeto pedagógico feito coletivamente e direcionado para as evoluções da escola
e para a sua integração com a comunidade. O professor precisa dominar o
conteúdo de sua disciplina e estar aberto para interagir com a coletividade. Sua
remuneração deve ser condizente para que possa viver com dignidade, comprar
livros e poder reciclar seus conhecimentos.
As instalações da escola devem ser dignas, com biblioteca e materiais
pedagógicos adequados. A direção precisa ter qualificação especifica para gestão
escolar e qualidades pessoais de liderança para bem acompanhar todo corpo
docente e discente.
A reprovação e o abandono escolar são fatores que interferem na
aprendizagem, segundo o SAEB (2005) os alunos que nunca foram reprovados se
saem melhor quando avaliados do que aqueles que já foram reprovados ou
abandonaram a escola por mais de uma vez. O atraso escolar, conseqüência da
reprovação e do abandono são fatores de baixo desempenho nas avaliações.
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São muitos os fatores que influenciam para se obter uma boa escola, onde
a inclusão é sua meta. Algumas estão citadas aqui, mas outras mais poderiam ser
estudadas e utilizadas para que houvesse uma mudança mais significativa na
educação do país.
3.1 Avaliar Para Não Excluir
“O que meu aluno compreende? Porque não compreende? ” (Hoffmann,
2002, p.61) Estas perguntas fornecerão suporte para que o professor auxilie o
educando no seu crescimento, ajudando-o na apropriação de conteúdos
significativos e no seu processo de crescimento como pessoa e cidadão,
articulando-o com o coletivo, porque a escola tem uma grande responsabilidade
social.
A avaliação da aprendizagem neste contexto é um ato amoroso, na
medida em que inclui o educando no seu curso de aprendizagem, cada
vez com qualidade mais satisfatória, assim como na medida em que o
inclui entre os bem sucedidos, devido ao fato de que esse sucesso foi
construído ao longo do processo de ensino aprendizagem o sucesso não
vem de graça..(LUCKESI, 2005,p. 175)
Desta forma, a avaliação deve ter como objetivo, averiguar o rendimento
do aluno certificar-se de que o conteúdo foi aprendido, corrigir possíveis distorções
ou deficiências no processo de ensino-aprendizagem. Estas têm sido as
justificativas, comumente apresentadas, para a aplicação de testes e provas nas
diversas instituições de ensino. Dificilmente nos deparamos com uma reflexão
profunda acerca dos objetivos da avaliação, todavia a incerteza dos instrumentos
adequados que reflitam com clareza o desenvolvimento do aluno é um nó difícil de
desatar no laço que amarra a avaliação ao processo de aprendizagem.
O pior é ao aluno o que realmente acaba interessando é a nota, com isso
ele acaba estudando para 'ser promovido'. Procura já de início saber quais os
mecanismos da nota para tentar obtê-la mais facilmente e se enquadra nos
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padrões de sucesso de ser um 'bom aluno'. Segundo LUCKESI (1994, p. 23) “as
notas são operadas como se nada tivessem a ver com a aprendizagem”.
Como reduzir conhecimentos transmitidos de meses em uma simples folha
de papel? A prova em si não mostra o quanto o aluno aprendeu. Não mostra se o
aluno tem condições de fazer relações do que ele aprendeu com outras matérias
ou até com a própria vida. A prova não possibilita ao professor um conhecimento
mais individual do seu aluno. Não permite ao professor respeitá-lo de maneira
correta. Respeitá-lo no sentido de lembrar que embora esteja lidando com uma
turma, essa turma não é homogênea. A heterogeneidade dos alunos não pode ser
negada. Conforme já dissemos, cada um tem um modo de aprender. Uns mais
lentos outros mais rápidos. Esse é o ponto chave da questão. Entender de que
maneira o aluno constrói o conhecimento. Analisar esse caminho percorrido, quais
as suas dificuldades, suas vitórias, enfim, compreender o processo.
A avaliação por mais bem formulada que seja não garante a qualidade do
pensamento. “Vale lembrar, desde já, que o mecanismo ação, reflexão, ação é
importante para que a avaliação cumpra seu papel vamos dizer ontológico”
(LUCKESI, 1994, p.172). Estabelecer a dialética entre ação e reflexão, entre meios
e fins é um dos desafios de uma educação comprometida com uma aprendizagem
significativa.
Resgatar o sentido do avaliar como um processo, pois esta, nunca deveria
ser referida a um único instrumento, nem restrita a um só momento, ou a uma
única forma. Somente múltiplos recursos de avaliação podem possibilitar canais
adequados para a manifestação de múltiplas competências e de redes de
significados, fornecendo condições para que o professor, analise, provoque,
acione, raciocine, emocione-se e tome decisões junto a cada aluno. Assim, a
avaliação no contexto de uma aprendizagem significativa ocorre no próprio
processo de trabalho dos alunos, no dia-a-dia da sala de aula, no momento das
discussões coletivas, da realização de tarefas em grupos ou individuais. Nesses
momentos, o professor pode perceber se os alunos estão ou não se aproximando
dos conceitos e habilidades considerados importantes, localizar dificuldades e
auxiliar para que elas sejam superadas através de intervenções, questionamentos,
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complementando informações, buscando novos caminhos que levem à
aprendizagem. Em razão disso, cabe a nós, educadores, avaliar novos
procedimentos a fim de que cumpramos o trabalho de ajudar a desvendar os
signos da construção do homem, do conhecimento e da cultura.
Mas o que há de novo nessa idéia? Não se servem todos os professores
da avaliação durante o ano para ajustar o ritmo e o nível global de seu ensino?
Não se conhecem muitos professores que utilizam a avaliação de modo mais
individualizado, para melhor delimitar as dificuldades de certos alunos e tentar
remediá-las?O diagnóstico é inútil se não der lugar a uma ação apropriada. Uma
verdadeira avaliação formativa é necessariamente acompanhada de uma
intervenção diferenciada, com o que isso supõe em termos de meios de ensino, de
organização dos horários, de organização de grupos de monitores, até mesmo de
transformações radicais das estruturas escolares. É preciso desmistificar e
resignificar vários processos educacionais.
A idéia de processo não é fácil de ser assimilada. Porém, é o seu
entendimento que determina o quanto se pode compreender sobre os vários
aspectos e as várias dimensões que a avaliação possui. A avaliação na escola
ainda precisa ganhar, realmente, a preocupação dos coletivos constituídos. Sair do
campo de preocupação individual, da angústia de cada um e ganhar as dimensões
dos grupos de trabalho, de toda a escola. O enfoque sobre os conteúdos, a
maneira de professores e alunos se relacionarem, os projetos de trabalho
desenvolvidos, os objetivos do projeto da escola, pensando este como resultado
dos desejos do coletivo, estão ligados à concepção de avaliação que se vai
trabalhar. Ela é uma dos componentes do sistema da Escola, não está separada
de outros elementos. Não deve ser discutido em separado, não é mais importante
que discutir regras de convivência ou como criar maneiras mais eficazes de
ensinar, ou ainda como trabalhar a inter-relação das várias áreas do conhecimento,
(interdisciplinaridade).
Avaliar não significa necessariamente medir e nem o referencial
quantitativo significa necessariamente objetivo. A prática de uma educação
positivista deixou-nos esse ranço. Aliás, quando tentamos traduzir em números ou
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'conceitos' frios, o que é incomensurável, as aberrações são evidentes. Que tipo de
avaliação tem um aluno que 'tirou' 5 ou C? Significa 'suficiente', mas suficiente para
que? O que ele não sabe, não vai fazer falta? A avaliação medida mais esconde do
que mostra. E não adianta transformar nota em conceito, pois o que tem que
mudar é o objeto da avaliação.
4. EXERCÍCIO DE SOLIDARIEDADE E JUSTIÇA
“Faz parte igualmente do pensar certo, a rejeição mais decidida a qualquer forma de
discriminação. A prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a
substantividade do ser humano e nega radicalmente a democracia”( FREIRE,1996,
p. 40).
Não é justo que um aluno seja ajudado e outro seja abandonado a sua
própria sorte. Também não é justo que sejam dadas atividades que agradem a uns
e desagradem a outros, que o professor confie em uns alunos e fiscalize os outros.
O aluno 'queridinho' do professor vive na lembrança em muitos de nós. “É preciso
destacar que violência, preconceitos, abusos de poder, injustiças, faz sentido. As
competências distinguidas para a clareza da análise fazem parte de um conjunto
coerente”. (PERRENOUD. 2000 p.153)
Solidariedade e justiça andam de mãos dadas com a responsabilidade.
Faz-se necessário romper com uma pedagogia que traduz os anseios de uma
sociedade conservadora e autoritária que oprime o educando impedindo seu
crescimento. Isto depende de uma consciência crítica do professor que não é
neutro, mas ideologicamente comprometido, pois ninguém é indiferente ao mundo
em que vive. O ser humano é um ser que avalia em todos os instantes de sua vida
e estará sempre tomando uma posição mais simples ou mais complexa, portanto,
nunca será um ser neutro.
A responsabilidade de um ser crítico é que levará o professor à busca da
justiça e solidariedade na sua prática em sala de aula, lembrando sempre que
educar é um ato de amor.
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5- ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA EXCLUSÃO ESCOLAR PRECOC E.
Existe uma profunda ligação entre educação, qualidade de vida e saúde.
Quando falamos em educação para saúde estamos pensando em práticas que
devem ser aplicadas pela escola para transformar e promover em seu espaço o
que é um direito do aluno e um desafio da escola atual. Segundo a Organização
Mundial da Saúde as escolas que fazem diferença são as que contribuem para
promoção da saúde de seus alunos.
O acesso à educação e os melhores níveis de saúde estão interligados e
verifica-se isto em muitas situações como, por exemplo: as taxas de mortalidade
infantil são inversamente proporcionais ao número de anos de escolaridade da
mãe no ensino básico em diferentes realidades. A comunicação verbal e escrita
prioridade no ensino fundamental é muito importante na saúde: quando se
compreende mensagens dos programas educativos e da mídia em geral, quando
se lê uma prescrição médica ou uma bula de remédio. O processo educativo
favorece a autonomia e leva a uma busca de melhor qualidade de vida com saúde.
A baixa escolaridade está ligada ao maior índice de gestação na
adolescência e início sexual precoce. “Se o adolescente tivesse mais oportunidade
de estar nas escolas e se estas escolas fossem mais sedutoras este quadro
poderia ser revertido.” (JAKOB, 2008).
“Também a morte fetal está associada à baixa escolaridade materna, como
mostrado em trabalho com mais de oitocentos mil nascimentos, o qual se utilizou
de um banco de dados do Centro Latino-Americano de Perinatologia, entre 1985 e
1997” (CONDE et al., 2000).
As doenças sexualmente transmissíveis também têm seu índice
aumentado em jovens de baixa escolaridade. A influência da escolaridade sobre as
condições de saúde foi evidenciada pelos resultados da Pesquisa sobre Padrões
de Vida (PPV), realizada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) analisando as variáveis sócio-econômicas no estado de saúde
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de indivíduos como: anos de estudo, ocupação e renda mensal, observou-se que a
variável “anos de estudo” foi a segunda mais relevante. (FONSECA, et al.,1999).
Segundo IBGE os filhos de mulheres com pouca escolaridade ( até 3 anos
de estudo) têm 2,5 mais riscos de morrer antes de completar 5 anos de idade do
que as crianças cujas mães estudaram por oito anos ou mais.( 2006, p. 42).
Os dados da publicação “Aids no Mundo” mostram um aumento da Aids
na faixa etária de 20 a 25 anos aponta para a urgência de programas de prevenção
efetivos destinados a jovens pois a infecção, dado o longo período de incubação ,
ocorre na maioria dos casos, na adolescência e início da vida adulta. Os fatores
que contribuem para esta vulnerabilidade são a pobreza, a violência, deficiência
dos serviços e programas de saúde e educação. É primordial, portanto o trabalho
da escola como local privilegiado para o trabalho preventivo e para a promoção da
saúde.
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OBJETIVO GERAL
Orientar a instituição escolar sobre a necessidade de mudanças na forma de
avaliação, auxiliando assim na inclusão escolar e social do aluno.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar o significado da avaliação para os alunos de 5ª e 6ª séries(6º e 7º ano
escolar) do turno noturno do ensino fundamental.
Relacionar a baixa escolaridade com a maior incidência de DST e mortalidade
infantil.
Elaborar cartilha informativa sobre como cuidar de um bebê, para adolescentes,
possíveis mães com baixa escolaridade.
Elaborar cartilha informativa sobre DSTs e AIDS para jovens com pouca
escolaridade.
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METODOLOGIA
A pesquisa feita foi de natureza qualitativa. Foram aplicados 97 questionários
em turmas de 5ª e 6ª séries do ensino fundamental de duas escolas públicas no
interior de Minas Gerais e no interior do Estado do Rio de Janeiro. As duas
localidades são fronteiriças e possuem apenas uma escola de ensino fundamental.
As séries pesquisadas são de turno noturno. Os dados por meio de questionário
foram tabulados e analisados um a um, de forma a equiparar semelhanças e
disparidades, permitindo assim a análise das respostas.
Foi feito amplo levantamento bibliográfico sobre os temas relevantes para
este estudo, permitindo assim o embasamento teórico necessário para o trabalho.
Foram confeccionadas duas cartilhas educativas ilustradas sobre “Como prevenir
DSTs” e “Como cuidar de um recém nato” para jovens de baixa escolaridade com o
objetivo de ajudar na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e na
prevenção de mortalidade infantil. Estas cartilhas foram aplicadas para 20 jovens do
ensino fundamental do turno noturno do Colégio Santos Dumont, Volta Redonda,
RJ.
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RESULTADOS
A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO NA 5ª E 6ª SÉRIE DO ENSINO F UNDAMENTAL
Foram respondidos 97 questionários em turmas de 5ª e 6ª série do ensino
fundamental noturno de duas escolas públicas no interior do Estado do Rio de
Janeiro e no interior de Minas Gerais. As duas localidades são fronteiriças e
possuem apenas uma escola de ensino fundamental.
97 Questionários Respondidos
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%
5ª série (40,2%) 6ª série ( 59,8%)
Responderam ao questionário 97 alunos sendo 32 alunos entre 13 e 14 anos e 65
alunos com mais de 14 anos, 39 alunos são de 5ª série e 58 de 6ª série
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Idade
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
13 a 14(33,0%)
mais de 14(67,0%)
Pergunta: Como é a avaliação em sua escola?
94 alunos responderam que é através de provas. 69 alunos responderam que
através de trabalhos em grupo, 46 alunos disseram que recebem pontos por
participação e 30 alunos disseram que com trabalhos individuais. Podemos concluir
que apesar de trabalhos diversificados serem feitos, a grande maioria dos
professores adotam a prova como forma de avaliação e distribuem pontos de
participação. Isto é uma forma de punir ou premiar o aluno de acordo com seu
comportamento, mais disciplinado ou menos, mais participativo ou mais tímido, e
daí por diante.
Como é a Avaliação em sua Escola?
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
120,00%
Sem provas(0,0%)
Com provas(100,0%)
Pergunta: Onde são feitos os trabalhos passados pelo professor?
Obteve as seguintes respostas: 57 alunos responderam que eram feitos com o
professor em sala de aula. Em casa, individual ou em grupo 47 alunos. Em sala de
aula com o grupo 45 alunos.
- 40 -
Page 41
Onde são feitos os trabalhos passados?
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
Em sala de aulacom o professor
( 38,3%)
Em casa ( 31,5%) Em grupo nasala de aula (
30,2%)
Ao responderem se teriam material de pesquisa em casa, apenas 19 disseram que
sim e 79 alunos responderam não. Demonstrando que a grande maioria dos alunos
não tem recursos para fazer trabalhos de pesquisa fora da escola.
Você tem material de pesquisa em casa?
0,00%20,00%40,00%60,00%80,00%
100,00%
Sim(19%,4%)
Quando perguntados se a avaliação ajuda para que ele aprenda melhor 69 disseram
que sim e somente 28 disseram não.
- 41 -
Page 42
Você acha que a forma de avaliação, facilita a continuidade dos seus estudos
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
Sim (69,1%
Não(30,9%)
Apesar destas respostas na questão seguinte onde foram perguntados se já foram
reprovados em alguma série, 76 alunos disseram sim e 21 disseram não. Estas
questões também demonstram a total falta de conhecimento do aluno de sua
situação e de um senso crítico que deveria ser desenvolvido pela própria escola
para o próprio exercício da cidadania. É alto o índice de alunos que já foram
reprovados e que estão fora da idade limite na série.
Você já foi reprovado em alguma série?
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
Sim(78,4%)
Não (21,6%)
Pretendem chegar até a 8ª série 38 alunos e 59 intencionam fazer o ensino médio.
- 42 -
Page 43
Você pretende estudar até que série?
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
8ª Série(39,2%)
EnsinoMédio
(60,8%)
Os motivos que os levam a parar com os estudos foram 5 respostas dizendo: que
eram as provas, 2 disseram que eram as aulas, 28 que eram por notas baixas e 67
por motivos pessoais.
Quais motivos levaram a parar o estudo?
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%
Aulas eProvas(6,9%)
NotasBaixas(27,5%)
MotivosPessoais (
65,7%)
Pergunta: Como é feita a recuperação em sua escola?
Setenta e dois alunos disseram que era no final do bimestre e apenas 25 disseram
que era durante o bimestre, demonstrando que a Lei de n.º 9.394/96 Diretrizes e
Bases da Educação Nacional não é seguida quando estabelece que a recuperação
do aluno deve ser feita paralela ao período letivo, para os casos de baixo rendimento
escolar.
- 43 -
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Como é feita a recuperação em sua escola?
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
No final do Bimestre( 57,7%)
Durante o Bimestre(25,8%)
No final do Semestre( 16,5%)
Pergunta: Como se sente ao fazer provas?
Sessenta e nove alunos responderam que ficam nervosos e com medo, 3 ficam
indiferentes, 25 ficam tranqüilos e seguros. Isto demonstra como a prova não pode
ser considerada o único meio de avaliar o aluno e que seus dados não podem ser
considerados isoladamente e com grande relevância, como é usada até hoje em
nossas escolas.
Como se sente ao fazer a suas provas?
0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%
Nervoso ecom medo
(71,1%)
Indiferente,tranquilo e
seguro (28,9%)
Pergunta: Como você gostaria de ser avaliado?
Apenas 11 alunos responderam com provas, 38 alunos com trabalhos em grupo e
56 alunos gostariam de ser avaliados durante as aulas, mostrando que o aluno se
sente mais à vontade sendo avaliado diariamente como sugere a Lei de Diretrizes e
Bases 9394/96 no artigo V. Esta lei diz que avaliação deve ser contínua e cumulativa
do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais.
- 44 -
Page 45
Como você gostaria de ser avaliado?
-10,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Com Provas10,5%
ComTrabalhos emGrupo 36,2%
Diariamentedurante as
Aulas 46,7%
Foi aplicada a cartilha de DST em 20 alunos do ensino fundamental
noturno da seguinte forma: aplicou-se um questionário para diagnosticar o
conhecimento dos alunos sobre doenças transmitidas pelas relações sexuais
obtendo-se os seguintes resultados: a primeira pergunta foi sobre o que eram
DSTs. 3 alunos disseram ser a doença transmitida por não se usar camisinha. 17
alunos não responderam. Foi pedido que citassem algumas doenças que
conhecessem. 20 alunos citaram a AIDS, 5 citaram AIDS mais gonorréia e 2
alunos citaram AIDS, Gonorréia e Sífilis.. Quando perguntados se usavam
camisinha 6 alunos responderam não e 14 alunos responderam sim. A pergunta
que dizia se era importante conhecer o parceiro antes de se relacionar
sexualmente, todos os 20 alunos disseram sim. Perguntados se conversam sobre
sexo com alguém da família 9 alunos responderam sim e 11 disseram não.
Após a aplicação da cartilha e feita a discussão sobre as informações
contidas nela, aplicou-se outro questionário para verificar a eficácia do estudo. Ao
serem perguntados se a linguagem usada na cartilha estava de fácil entendimento,
os 20 alunos responderam sim. Ao serem perguntados se o estudo sobre DSTs foi
esclarecedor todos responderam sim., e se tomariam mais cuidado a partir deste
estudo ao se relacionarem sexualmente, todos os 20 alunos responderam que sim.
Foi perguntado por último se gostariam de saber mais sobre o assunto. Um aluno
gostaria de saber mais sobre a sífilis, 6 disseram que gostariam de ter mais aulas
como esta porque gostaram das informações e 13 alunos responderam que o
estudo foi satisfatório.
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Page 46
Foi feito também um estudo com 20 alunos do ensino fundamental noturno
(EJA) com a cartilha: “A Felicidade do bebê”. Aplicou-se um questionário
diagnóstico para verificar o que os alunos sabem sobre o assunto. Ao serem
perguntados se tem irmãos menores, 11 alunos disseram que não e 9 alunos
disseram sim. Foi perguntado se já presenciaram alguém cuidar de um bebê, 18
alunos disseram sim e 2 disseram não. Perguntados se já assistiram a um parto, 5
responderam sim e 15 alunos responderam não. Quando perguntados se já
presenciaram o banho de um recém nascido 12 disseram sim e 8 disseram não.
Foi solicitado que citassem alguns cuidados que sabem ser necessário para a
saúde de um bebê. Foi citado: 1-lavar os seios antes de amamentar, 1-lavar as
mãos, 3-dar banho no bebê, 1-cuidar do umbigo, 1-não dar comida estragada, 1-
não andar com o bebê na chuva. Sobre amamentação no peito, 9 alunos disseram
ser bom para a saúde do bebê e onze não opinaram. Após o estudo com a cartilha
foi feito outro questionário para verificar a eficácia das informações contidas na
cartilha. Perguntados se as informações foram claras e de fácil entendimento, 20
responderam que sim. Sobre a validade de se estudar o assunto, 19 disseram sim
e um aluno disse não. Dezoito alunos disseram não serem necessárias outras
informações e 2 disseram que sim. Dezoito alunos pretendem usar as informações
em seu dia a dia e 2 disseram que talvez.
- 46 -
Page 47
DISCUSSÃO
De acordo com a pesquisa realizada em 97 alunos de 5ª e 6ª série do
ensino fundamental do curso noturno de duas escolas públicas, pode-se concluir
que a realidade da avaliação utilizada é completamente oposta à filosofia da
educação problematizadora, tão necessária em nossas escolas. A maioria dos
alunos entrevistados está fora da faixa etária para a série em que estão cursando,
demonstrando que já foram reprovados em alguma série ou abandonaram os
estudos em alguma época de suas vidas. A forma que os alunos são avaliados não
está de acordo com o que dita a LDB 9.394/96, onde a avaliação deve ser
diagnóstica, formativa e priorizar a qualidade. É necessário acompanhar a
aprendizagem do aluno ao longo do processo, oportunizando refazer o seu
conhecimento, através da recuperação paralela que deve acompanhar todo o
processo de ensino- aprendizagem. Observa-se que as escolas fazem a
recuperação de seus alunos no final do bimestre ou semestre contrariando o que a
LDB estabelece em seu artigo 24 – incisoV.
A avaliação mais utilizada é a quantitativa ou somativa, baseada em
provas e distribuição de pontos. Verificou-se a falta de recursos dos alunos para
ampliarem seus conhecimentos fora da escola (em casa), por não possuírem
material de pesquisa para seus estudos. Portanto, não é exagero dizer que a
evasão escolar e conseqüentemente a exclusão social dos alunos é uma epidemia
em nossas escolas e pode ser considerada uma doença, mediante tudo que esta
exclusão, através da reprovação, pode causar ao indivíduo, impedindo-o de
exercer plenamente sua cidadania.
Avaliar é um ato extremamente complexo, cuja responsabilidade não é
competência única do professor, mas sim de todos os elementos integrantes do
processo educacional (alunos, pais e administradores). Essa centralização no
professor apenas consolida o modelo sócio-econômico mundial e suas relações de
poder, plenamente exercidas em nossas escolas e está a serviço do autoritarismo,
vinculada a uma pedagogia tradicional. Sara Pain, diz que se não houver uma
- 47 -
Page 48
forma de avaliar o que os alunos aprendem, a escola vai fracassar. ( PAIN,1993,
p.23). A avaliação como a aprendizagem deve ser compreendida como um
processo que deve facilitar a construção do conhecimento do aluno. Para que isto
seja possível, é necessário que o professor se pergunte sempre: “o que o meu
aluno compreende? Porque não compreende? (HOFFMANN, 2002, p.61)
O sistema sócio-econômico atual não preconiza a educação de todos,
pois se trata de um sistema excludente, que não está preocupado com a
totalidade, vendo a educação, e conseqüentemente suas formas de avaliação de
desempenho, como meio para agilizar o desenvolvimento econômico, e não como
compromisso ético com as pessoas.
Assim sendo, a dinâmica de estrutura das sociedades de classes dominantes
utiliza a educação como um instrumento de dominação. As sociedades são
governadas por grupos dominantes e a cultura é postulada conforme o interesse
desses grupos, enfatizando essa influência na escola, por sua condição de
produção de saber por excelência.
Além da atribuição de notas, outras questões comprometem o sistema
tradicional de avaliação. Não há pior agressão à auto-estima do aluno
que obrigá-lo, no caso de uma recuperação ou de uma repetência, a
rever todo o conteúdo da mesma forma como se tentou ensiná-lo na
primeira vez. "A repetição não significa evolução. O professor tem de
identificar por que o aluno não aprendeu e procurar novas estratégias,
(HOFFMANN,,2007)
O fracasso escolar é visto então, como uma questão individual, própria de
cada aluno e seus problemas. No entanto, não se pode responsabilizar somente o
aluno, nem tão pouco o professor, que muitas vezes não é preparado para esta
outra função – a de avaliador. É necessário, sobretudo, rever os paradigmas da
avaliação de desempenho escolar, bem como da educação como um todo, para
que a aprendizagem do aluno possa ir além da sala de aula.
O modelo classificatório de avaliação, onde os alunos são considerados
aprovados ou não aprovados, oficializa a concepção de sociedade excludente
- 48 -
Page 49
adotada pela escola. De acordo com o INEP/MEC (2002) sete milhões de alunos
repetiram a série escolar em que estudavam em 2001.
A baixa escolaridade está associada ao aumento dos índices de gestação
precoce, doenças sexualmente transmissíveis e mortalidade infantil. (Centro Latino
Americano de Perinatologia, 1997, IBGE). Os filhos de mulheres com pouca
escolaridade (até três anos de estudo) têm 2,5 mais risco de morrer antes de
completar 5 anos de idade do que as crianças cujas mães estudaram por oito anos
ou mais (IBGE, 2006).
Foi possível, ainda, observar na aplicação da cartilha sobre DSTs que os
alunos que participaram do estudo desconhecem a maioria das doenças
transmitidas pelo sexo, somente a AIDS é conhecida por todos os alunos, além de
gonorréia e a sífilis. Os mesmos desconhecem o termo DST e muitos não se
previnem com o uso de preservativos e nem conversam sobre sexo com familiares.
Pode-se concluir deste questionário diagnóstico que as informações que os alunos
possuem ainda são precárias pois somente a AIDS é de conhecimento de todos.
Ainda podemos ver que vários jovens não usam camisinha se expondo ao perigo
contrair inúmeras doenças. A conversa sobre sexo dentro da família ainda é um
tabu inexistindo para a maioria dos jovens. Após o estudo com a cartilha os alunos
responderam um questionário sobre o que acharam do estudo. Todos os alunos
acharam que a linguagem usada estava de fácil entendimento e que o estudo foi
esclarecedor. Disseram que tomarão mais cuidado ao se relacionarem
sexualmente. A maioria achou o estudo satisfatório, mas muitos alunos gostariam
de ter mais aulas sobre este assunto o que mostra que são desinformados e que
gostariam de ser orientados a respeito. Constatou-se que apesar dos parâmetros
curriculares estarem apontando para que os alunos tenham orientação sexual na
escola o assunto ainda não é prioridade. Foi perguntado por último, se gostariam
de saber mais sobre o assunto. Um aluno gostaria de saber mais sobre a sífilis,
enquanto outros preferiam ter mais informações abrangendo o conteúdo como um
todo, porém a maioria se apresentou satisfeita com o conteúdo apresentado.
- 49 -
Page 50
Todos demonstraram grande interesse no assunto, evidenciando a utilidade e a
melhoria sobre a desinformação a respeito do assunto.
Finalmente, foi aplicada a cartilha: “A Felicidade do bebê” e através dos
questionários respondidos observou-se que apesar da maioria dos alunos já terem
presenciado cuidados com um bebê, muitos não conheciam os cuidados de
higiene corretos para evitar doenças como mostrou as respostas dadas pelos
participantes a respeito do assunto. Poucos alunos disseram que a amamentação
materna é primordial para a saúde do bebê, demonstrando que esta informação,
importante para prevenir a mortalidade infantil, não é de conhecimento de todos. A
maioria achou as informações claras e de fácil entendimento, acreditando na
relevância dos conhecimentos adquiridos e que pretendem usar as informações
que receberam.
Deve-se observar que estes alunos, que estudam em turnos noturnos do
ensino fundamental, tanto do primeiro seguimento quanto do segundo seguimento,
adquirem as informações práticas para sua vida de forma muito receptiva como se
vê nas respostas da maioria dos alunos a respeito do estudo com as cartilhas. Por
esta razão, a educação deve estar de acordo com a realidade de vida destes
educandos, para que desperte seu interesse pelo conhecimento e pela escola. A
educação mudará o futuro de cada jovem e o fará exercer sua cidadania de forma
plena. O jovem bem informado agirá dentro de sua família e da comunidade
auxiliando na prevenção de DSTs e diminuindo o índice de mortalidade infantil,
alta entre os jovens com baixa escolaridade. Deve-se preocupar principalmente
com a avaliação destes jovens, que repetem vários anos a mesma série e acabam
abandonando a escola por muitas reprovações seguidas. Muitos destes alunos
voltam mais tarde aos estudos em turnos noturnos porque geralmente trabalham
durante o dia.
Rever a concepção de avaliação é rever, sobretudo, as concepções de
conhecimento, de ensino, de educação e de escola. Impõe pensar em um novo
projeto pedagógico, apoiado em princípios e valores comprometidos com o
crescimento do cidadão. Segundo LUCKESI, “avaliar a aprendizagem escolar
implica em estar disponível para acolher nossos educandos, no estado em que
- 50 -
Page 51
estejam, para, a partir daí, poder auxiliá-los em sua trajetória de
vida.”(LUCKESI,2004). Somente após uma consciente revolução pedagógica é
que a avaliação será vista como função diagnóstica e transformadora da
realidade.
- 51 -
Page 52
CONCLUSÕES
O processo avaliativo é oposto à filosofia da educação problematizadora que vê a
avaliação como um processo, e como tal, deve ser acompanhada diariamente,
permitindo uma autocrítica do trabalho do professor e ao aluno uma reflexão sobre o
que não aprendeu.
Avaliação usada nas situações atuais do país, não condiz com o que dita a LDB
9.394/96, não podendo ser restrita a um só momento ou forma. A idéia da avaliação
como processo não é fácil de ser assimilada, porém é o seu entendimento que
determina o quanto se pode compreender dos vários aspectos que a avaliação
possui;
Os 97 alunos pesquisados estão fora da idade escolar normal, demonstrando que
78,4% alunos já foram reprovados e 21,6 abandonaram a escola em alguma
época;
Os índices de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce e mortalidade
infantil são mais prevalentes em indivíduos jovens de baixa escolaridade. Existe uma
grande ligação entre educação, qualidade de vida e saúde.
Entre os alunos avaliados na aplicação das cartilhas sobre DSTs e cuidados do
bebê, foi observado o desconhecimento das doenças causadas por relações
sexuais, com exceção da AIDS e a falta de atenção sobre o uso de preservativos e
ignorância sobre procedimentos básicos de saúde e higiene dos bebês.
A escola deve estar próxima da realidade dos alunos e da sociedade observando as
necessidades do ensino para buscar uma melhoria de vida do educando e da
sociedade em que está inserida a escola, ficando atentos às necessidades surgidas.
Rever a concepção de avaliação é rever, sobretudo, as concepções de
conhecimento, de ensino, de educação e de escola. É impositivo pensar em um
novo projeto pedagógico apoiado em princípios e valores comprometidos com a
educação do jovem para o exercício de sua plena cidadania.
- 52 -
Page 53
“A sala de aulas é um lugar especial para trabalhar com nossos estudantes na sua
formação, como sujeitos, cuidadores de si mesmos, e como cidadãos cuidadores de
si, dos outros e do meio ambiente, ao mesmo tempo.” ( LUCKESI, 2007)
- 53 -
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