OUTUBRO FORTISSIMO Nº 8 — 2015
OUTUBROFORTISSIMO Nº 8 — 2015
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Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais apresentam
SUMÁRIO
ALLEGRO
ALLEGRO
PRESTO
V IVACE
V IVACE
VELOCE
Quinta
Quinta
Quinta
Sexta
Sexta
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p. 8
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p. 20
02/10
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Fabio Mechetti, regenteBenedetto Lupo, piano
Fabio Mechetti, regenteBaiba Skride, violino
Christoph König, regente convidadoAlexandre Barros, oboéMarcus Julius Lander, clarineteCatherine Carignan, fagoteAlma Maria Liebrecht, trompa
RAVELSCRIABIN
TCHAIKOVSKY
SIBELIUSNIELSEN
GRIEGGRIEG
MOZART
BRUCKNER
Menuet AntiqueConcerto para piano em fá sustenido menor, op. 20Sinfonia nº 6 em si menor, op. 74, “Patética”
Suíte Karelia, op. 11Concerto para violino, op.33Suíte Lírica, op. 54Danças norueguesas, op. 35
Sinfonia concertante em Mi bemol maior, K. 297bSinfonia nº 6 em Lá maior
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Divulgamos hoje a programação da Temporada 2016 da Nossa! Filarmônica. Como sempre, teremos uma grande diversidade de repertório, solistas internacionais da maior qualidade, comemorações de aniversários de importantes compositores, além de uma celebração especial da obra e vida de Mozart. Convido todos vocês a explorarem nossas opções e renovarem suas assinaturas, ou se tornarem novos assinantes, mostrando seu continuado apoio e entusiasmo.
No mês de outubro prosseguimos com nossas comemorações de três aniversários importantes: 100 anos da morte de Scriabin, com seu Concerto para piano; 150 anos de Nielsen, com seu Concerto para violino; e de Sibelius,
CAROS AMIGOS E AMIGAS,
FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular
com sua Suíte Karelia. Recebemos mais uma vez o grande pianista italiano Benedetto Lupo, assim como apresentamos ao nosso público a jovem violinista Baiba Skride e o regente Christoph König.
De forma especial, dividiremos com todos vocês o talento ímpar de nossos músicos, que se unem para a interpretação da Sinfonia Concertante para sopros de Mozart e as duas Romanzas de Beethoven.
Tenho certeza que, com a divulgação da nova temporada e a programação especial pensada para vocês, a Filarmônica contribui para o espírito renovador e otimista da Primavera que se inicia.
Um bom concerto a todos.
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Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. Recentemente, tornou-se o primeiro brasileiro a ser convidado a dirigir uma orquestra asiática, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse, da Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra Sinfônica de
FABIOMECHETTI
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Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito destas duas últimas. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York. Realizou diversos concertos no México, Peru e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Na Europa regeu a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia e a Orquestra da Radio e TV da Espanha. Dirigiu também a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia. Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na
Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2015 dirigirá a Orquestra Sinfônica de Odense, também na Dinamarca. No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Così fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor. Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.
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ALLEGRO
V IVACE
Quinta
Sexta
01/10
02/10
PATROCÍNIO
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FABIO MECHETTI, regente
BENEDETTO LUPO, piano
PROGRAMA
Maurice RAVELMenuet Antique
Alexander SCRIABINConcerto para piano em fá sustenido menor, op. 20• Allegro
• Andante
• Allegro moderato
– INTERVALO –
Piotr Ilitch TCHAIKOVSKYSinfonia nº 6 em si menor, op. 74, “Patética”• Adagio – Allegro non troppo
• Allegro con grazia
• Allegro molto vivace
• Finale: Adagio lamentoso
BENEDETTO LUPO,piano
10 ALLEGRO E VIVACE
O pianista italiano Benedetto Lupo recebeu merecido reconhecimento em todo o mundo após conquistar a medalha de bronze no Oitavo Concurso Internacional de Piano Van Cliburn em 1989. É vencedor de inúmeros outros concursos internacionais, incluindo o Terence Judd Award (1982), Alfred Cortot Competition (1980) e Jaén Competition (1982), além de premiações nas competições Robert Casadesus e Gina Bachauer.
Lupo já se apresentou por toda a América do Norte, América do Sul
BENEDETTO LUPOFO
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e Europa e tocou com orquestras como a Filarmônica de Los Angeles, Orquestra da Filadélfia, sinfônicas de Seattle, New World, St. Louis, Chicago, Boston e Montreal; Filarmônica de Londres, Deutsches Symphonie-Orchester, orquestras Gewandhaus, Hallé e Nacional de Espanha, filarmônicas de Rotterdam, Monte Carlo, Bergen, Lodz, Stuttgart e Eslováquia; Bruckner Orchester Linz, Orchestre du Capitole de Toulouse, Sinfônica Brasileira, Sinfônica de Santa Cecilia e Orquestra Nacional da RAI de Turim. Foi solista nas celebrações do bicentenário de Liszt com a Orquestra Gewandhaus. Trabalhou sob a batuta de renomados maestros, incluindo Y. Abel, M. Andreae, G. Andretta, J. Axelrod, P. Bellugi, U. Benedetti Michelangeli, F. Biondi, D. Callegari, C. Campestrini, A. Ceccato, M. Conti, Y. David, G. Feltz, A. Grams, G. Guerrero, M. Harth-Bedoya, Ed Gardner, Lü Jia, V. Jurowski, J. J. Kantorow, P. Kogan, B. Labadie, L. Langrée, M. Letonja, A. Lombard, P. Maag, N. McGegan, F. Mechetti, J. Mena, K. Nagano, D. Oren, G. Pehlivanian, Z. Pesko, M. Plasson, J. Pons, L. Renes, C. Rovaris, J. Silverstein, S. Skrowaczewski, M. Stern, G. Vajda, A. Vedernikov, A. Wit, H. Wolff, K. Yamada e X. Zhang.
Habituado aos palcos mais ilustres do mundo, apresentou-se no Wigmore Hall, Royal Festival Hall, Salle Pleyel, Palais des Beaux Arts, Alice Tully Hall, Philharmonie, Teatro alla Scala, Teatro Comunale, San Carlo, Regio, Verdi e La Fenice. Participou dos festivais Tanglewood, Mostly Mozart Nova York, Grant Park Chicago, Enescu Bucareste, Istambul e Yokohama.
Com Peter Maag e a Orquestra RSI, Benedetto Lupo lançou um CD sob o selo ARTS com as obras completas para piano e orquestra de Robert Schumann, que incluiu a primeira gravação em CD da versão para piano do Konzertstiick op. 86. Ele também gravou pelos selos Teldec, BMG e VAI. Lupo registrou duas vezes o Concerto Soirée de Nino Rota, sendo que a segunda, pelo selo Harmonia Mundi France com a Orquestra da Cidade de Granada e Josep Pons, recebeu um Diapason d’Or.
Na infância, Lupo foi orientado por Nino Rota no Conservatório Niccolò Piccinní. Completou seus estudos com Michele Marvulli e Pierluigi Camicia. Ele ensina no Conservatório Nino Rota em Monopoli, Itália, ministra masterclasses por todo o mundo e é titular de Piano na Accademia Nazionale di Santa Cecilia.
12 ALLEGRO E VIVACE
Foi sempre um caminho para Ravel o flerte com realidades musicais relativamente distantes daquelas em que ele próprio se inseria. Nesses flertes, Ravel vislumbra possibilidades de escapar a um Romantismo crepuscular e decadente, a um sistema tonal já insuficiente para as novas demandas expressivas e às correntes demasiado acadêmicas de criação musical. Assim é que Ravel se volta, por vezes, às suas origens hispânicas, como no Bolero e na Alborada del Gracioso, ao jazz, como na Sonata para Violino e no Concerto em Sol para Piano e Orquestra, e ao seu próprio passado musical, recuperando
e reelaborando formas e gêneros antigos. Assim é que são geradas, por exemplo, obras como a Pavane pour une Infante Défunte, o Tombeau de Couperin e o Menuet Antique.
Não se trata, porém, de um resgate... Trata-se de uma apropriação! Ravel ressuscita esses gêneros, oriundos de um passado musical relativamente distante, para poder tornar-se moderno. Nesse passado ele vê possibilidades expressivas ainda não engessadas por um Romantismo já posto em xeque e uma distância temporal que se presta à releitura e à reelaboração.
MENUET ANTIQUE (1929)7 min
Maurice Ravel | França, 1875 – 1937
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INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, harpa, cordas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
O Minueto Antigo foi composto, como várias obras de Ravel, originalmente para piano: sua versão original data de 1895 e estreou-se três anos depois por Ricardo Viñes, pianista amigo do compositor, a quem a obra fora dedicada.
A versão orquestral, do próprio Ravel, data de 1929, trinta e quatro anos depois da versão original. É difícil saber, nesta obra, a que tipo de minueto Ravel faz referência: se à dança barroca, ou se à mesma dança, incorporada pelo Classicismo à sonata e à sinfonia, e mais tarde transformada por Beethoven
em Scherzo. Na verdade, esse não é o caminho mais genuíno para se abordar a obra. Nesse sentido, ela é um pretexto: um caminho que Ravel encontra para legitimar, em termos formais, sua própria necessidade criativa.
O Menuet Antique, em sua versão orquestral, foi estreado em janeiro de 1930 pela orquestra Lamoureux, de Paris, sob a batuta do próprio Ravel.
PARA OUVIR
CD Ravel – Piano Concertos; Menuet Antique;
Le Tombeau de Couperin; Fanfare –
Orquestra Sinfônica de Londres – Claudio
Abbado, regente – Martha Argerich e Michel
Béroff, piano – Deutsche Grammophon – 1989
Orquestra Sinfônica de Londres – Claudio
Abbado, regente – Acesse: fil.mg/rantique
PARA LER
Orbie Orenstein – Ravel: man and musician –
Dover Books – 2011
14 ALLEGRO E VIVACE
“(...) Eis que, no fim do século XIX, a multiplicação das alterações cromáticas, a emancipação da dissonância e a audácia das modulações conduzem à dissolução das funções em que repousa o sistema [tonal]. (...) Nos primeiros anos do século XX, todos os compositores confrontam-se com os problemas colocados por essa dissolução. (...) A maneira pela qual percebem a crise e organizam o universo da escala cromática determina as grandes orientações da música do século XX. Essas orientações são definidas, antes da Primeira Guerra Mundial, pela obra de quatro grandes músicos: Debussy, Ravel, Schoenberg e Stravinsky. (...) Alguns raros músicos, por seu não conformismo e pela originalidade de suas concepções estéticas, vão situar-se à margem das correntes históricas ou além delas. É o caso de Scriabin, Ives ou Varèse.”
É assim, precisa e sucintamente, que Roland de Candé situa o não-lugar de Scriabin no contexto das grandes correntes musicais do século XX. Esse músico estranho, encarnado em uma pessoa excêntrica, de forte tendência narcisista, percorreu sozinho um caminho que tem como
modelo e ponto de partida a estética de Chopin, a começar pelos gêneros que escolhe: estudos, mazurcas, noturnos e prelúdios para piano.
No entanto, a evolução de sua obra demonstra um percurso reto em direção a um sistema nitidamente atonal, de compleição própria, ideologicamente fundamentado em um curioso misticismo por ele elaborado: sua aproximação com a Teosofia, a sinestesia que desenvolveu, relacionando sons a cores, e uma espécie de erotismo (que preferia chamar de êxtase) que relacionava tanto aos jogos de tensão e distensão da música, quanto à própria existência humana, tudo isso o leva a reelaborar completamente seus modelos iniciais e a engendrar uma linguagem musical visionária, cujas iniciativas antecipam muitas investidas da “nova música”. É de novo Candé que nos revela quais são elas: “espírito de síntese, natureza essencialmente harmônica do sistema modal, substituição da temática tradicional por séries de ‘blocos sonoros’ harmônicos e rítmicos, substituição da tônica por uma série de eixos tonais escalonados por terças menores (o acorde de sétima diminuta
CONCERTO PARA PIANO EM FÁ SUSTENIDO MENOR, OP. 20 (1896)28 min
Alexander Scriabin | Rússia, 1872 – 1915
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INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
torna-se uma espécie de eixo tonal), rítmica vital não sujeita ao compasso”.
O Concerto para piano e orquestra, porém, pertence à primeira fase do compositor, ainda ligada à estética e linguagem chopinianas. É sua única obra do gênero e causou ao mesmo tempo admiração em poucos e repulsa a muitos: Prokofiev recusou-se a tocá-lo! Essa obra pode evocar a alguns a linguagem de Rachmaninoff, mas é plena de originalidade. Embora ainda se atenha à linguagem e padrões de um Romantismo tardio, já revela essa capacidade de síntese a que se referia
Candé... E um je ne sais quoi que revela uma raiz nitidamente russa.
Scriabin compôs seu concerto para piano aos vinte e quatro anos, em poucos dias, no outono de 1896. Completou sua orquestração, porém, em maio de 1897. Foi estreado em outubro de 1897, em Moscou, tendo o compositor como solista, e a primeira publicação deu-se no ano seguinte.
PARA OUVIR
CD Scriabin – Le Poème de L’Extase;
Piano Concerto; Prometheus – Orquestra
Filarmônica de Londres; Orquestra de
Cleveland – Lorin Maazel, regente – Vladimir
Ashkenazy, piano – London Records – 1989
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Estatal Russa – Mark
Gorenstein, regente – Vladimir Krainev, piano
Acesse: fil.mg/spiano
PARA LER
James M. Baker – The music of Alexander
Scriabin – Yale University Press – 1986
Roland de Candé – História Universal da
Música – Eduardo Brandão, tradução –
Martins Fontes – 1994
16 ALLEGRO E VIVACE
Diante da fria recepção pelos músicos à sua última sinfonia, após a estreia em 1893, Tchaikovsky escreve a seu sobrinho Vladimir Bob Davydov, a quem é dedicada a obra: “considero esta sinfonia a melhor de todas as obras que escrevi. Em todo caso, é a mais sincera. E eu a amo como jamais amei qualquer de minhas partituras”.
Nada mais verdadeiro: de fato, patéticas são tanto a obra quanto as circunstâncias pessoais em que Tchaikovsky se encontra quando a compõe e quando ele mesmo a executa pela primeira vez, em São Petesburgo, no mesmo ano, nove dias antes de sua morte. Esta, por sua vez, sempre foi revestida de um discreto mistério. Grassava em São Petesburgo, aquele ano, uma epidemia de cólera. Alguns biógrafos sugerem que o compositor se contaminou voluntariamente, bebendo água não fervida do rio Neva. A confusão das testemunhas, o diagnóstico algo impreciso, seu próprio estado emocional, tudo isso envolveu de boatos a História, que legou à posteridade um mistério insolúvel.
Por um lado, o compositor desfrutava da fase de maior sucesso profissional de sua vida. Em 1887 dá início a uma brilhante carreira de regente, que lhe permite fazer ouvir suas obras em toda a Europa. Em 1891, em turnê triunfal pelos Estados Unidos, participa da inauguração do Carnegie Hall. Em 1893, ano de sua morte e da composição da “Patética”, faz outra turnê triunfal, desta vez pela Europa.
Por outro lado, em 1890 ele rompe a estranha e platônica relação que estabelecera com Nadeja von Meck. Desde 1876, essa viúva de um rico proprietário e construtor de ferrovias proveu Tchaikovsky com uma subvenção que lhe permitia viver sem problemas materiais. A única condição imposta foi que nunca se encontrassem e só se comunicassem por cartas. A simpatia de Nadeja von Meck transformou-se em um amor silencioso... O compositor, por sua vez, via nela uma espécie de anjo protetor, uma substituta de sua mãe. Tratava-se, portanto, de uma relação que traria júbilo a qualquer alienista pós-freudiano. A desilusão desse rompimento faz Tchaikovsky escrever a seu editor: “toda a minha fé nos semelhantes, toda a minha
SINFONIA Nº 6 EM SI MENOR, OP. 74, “PATÉTICA” (1893)46 min
Piotr Ilitch Tchaikovsky | Rússia, 1840 – 1893
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INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
confiança no mundo ficaram reduzidas a nada. Perdi minha tranquilidade, e a felicidade que talvez o destino ainda me reservasse ficou envenenada para sempre”.
É claro que a tranquilidade a que se referia Tchaikovsky não era material: seu sucesso profissional lhe permitia, então, viver com fartura e ainda sustentar seu irmão. Ele via, nessa curiosa relação com Nadeja von Meck, um canal para sublimar as angústias que desde muito cedo o torturaram em relação à sua sexualidade, recalcada pela rígida moral do século XIX e transformada em neuroses e em uma saúde emocional frágil. “Uma criança de vidro” foi como o definiu a governanta que cuidou de sua educação. Tudo isso, porém, mais uma vez a História soube velar com discrição.
É, assim, entre extremos de sucesso e desilusão, que Tchaikovsky compõe a sua Sexta Sinfonia. O compositor a quis intitular “Sinfonia de Programa”. Na realidade, como as suas duas sinfonias precedentes, ela parece ser orientada por um programa preestabelecido. O
subtítulo “Patética”, porém, foi sugerido por Modesto, irmão do compositor. Tchaikovsky o julgou apropriado. Também aí, bem à maneira da moral oitocentista, a discrição impera. Escreveu sobre isso o próprio compositor: “(...) mas um programa que permanece inescrutável. Quem puder que o adivinhe”.
A estética de Tchaikovsky é alvo de divergências. Ele é venerado, pelos russos de nosso tempo, como uma espécie de pai da música russa. Mas, posta ao lado do Grupo dos Cinco, com quem Tchaikovsky conviveu, sua música soa um tanto ocidentalizada. Ele não se liga nem ao movimento nacionalista nem à tradição mais conservadora: permanece em uma região limítrofe, que, é claro, busca no folclore algo de suas fontes, mas que assimila bem as formas e as estruturas clássicas. Sua música de balé, de um encanto aliciador que beira o sentimentalismo duvidoso, não o traduz por completo. Tchaikovsky se insere sem muitos problemas na grande corrente musical do século XIX, mas não é um compositor de fácil definição e nem tem grande penetração estética ou histórica fora da Rússia.
18 ALLEGRO E VIVACE
A despeito disso, é um grande músico! A “Patética” o comprova. Se patético pode ser o primeiro movimento, com seus grandes contrastes ou com o belíssimo tema que, transmutado, perpassa também o segundo como elemento de unidade, mais patética ainda é a ousadia de, pela primeira vez na história da música, terminar uma obra do gênero com um Adagio Lamentoso.
A pujança emocional desse último movimento é inenarrável, não apenas pela subversão da tradição clássica, mas por si só. Patéticos
são, por isso, os dois extremos da obra: se o tema do primeiro movimento se revela liso, reto e terno, é ele que também fornece material para o tema angustioso que abre e rege o último movimento.
Se pudéssemos estar certos de que a morte de Tchaikovsky tenha sido suicídio, a sua Sexta Sinfonia teria sido a carta que ele nunca escreveu.
PARA OUVIR
CD Tchaikovsky – Symphonies 4, 5 & 6
“Pathétique” – Orquestra Filarmônica de
Leningrado – Evgeny Mravinsky, regente –
Deutsche Grammophon – 2006
PARA ASSISTIR
Orquestra Filarmônica de Viena – Herbert von
Karajan, regente | Acesse: fil.mg/tpatetica
PARA LER
Modest Tchaikovsky – The life and letters of
Peter Ilich Tchaikovsky – Rosa Newmarch,
tradução inglesa – Vienna House – 1973
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
BM002515-AD REVISTA ORQUESTRA FILARMONICA 15x25cm.indd 1 15/09/15 15:41
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CHRISTOPH KÖNIG, regente convidado
ALEXANDRE BARROS, oboé
MARCUS JULIUS LANDER, clarinete
CATHERINE CARIGNAN, fagote
ALMA MARIA LIEBRECHT, trompa
PROGRAMA
Wolfgang Amadeus MOZARTSinfonia concertante em Mi bemol maior, K. 297b• Allegro
• Adagio
• Andantino con variazioni
– INTERVALO –
Anton BRUCKNERSinfonia nº 6 em Lá maior• Maestoso
• Adagio: Sehr feierlich
• Scherzo: Nicht schnell – Trio: Langsam
• Finale: Bewegt, doch nicht zu schnell
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Christoph König é um maestro de profunda inteligência e musicalidade. Sua performance é marcada por uma abordagem energética e séria em parcerias musicais e pelo compromisso com programações inteligentes e estimulantes. Recentemente, ocupou o cargo de maestro principal na Orquestra Sinfônica do Porto Casa da Música (2009-2014) e é o atual diretor artístico e maestro principal da Solistes Européens, Luxembourg. Com a Sinfônica do Porto Casa da Música percorreu Brasil e Europa. Com a Solistes Européens, Luxembourg apresentou-se na Filarmônica de Colônia e no Festival de Música de Schleswig-Holstein.
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König é bastante requisitado como maestro convidado. Teve compromissos recentes com a Staatskapelle Dresden, Royal Philharmonic, orquestras de Paris, Nacional da BBC do País de Gales, da Rádio Norueguesa, Mozarteum de Salzburg, de Euskadi, da Rádio de Madrid, de Câmara Escocesa e Beethoven Orchester Bonn; sinfônicas Nacional Dinamarquesa, de St Gallen, de Barcelona, da Nova Zelândia e de Adelaide; filarmônicas Real da Galícia, de Dresden, da Rádio Alemã de Saarbrücken, da Holanda, de Stuttgart, de Tampere e Filarmônica Malaia; Orquesta y Coro de la Comunidad de Madrid e Sinfônica da BBC da Escócia, que regeu em uma turnê de grande sucesso pela China.
Desde sua estreia nos Estados Unidos em 2010, König conduziu, na América do Norte, as filarmônicas de Los Angeles e Calgary e as sinfônicas de Pittsburgh, Toronto, Nova Jersey, Houston, Cincinnati, Indianápolis, Baltimore, Vancouver, Oregon, Milwaukee, Bournemouth e Colorado.
A reputação de Christoph König como regente de ópera cresceu após aceitar um convite de última hora e dirigir com enorme sucesso a produção de Jonathan Miller
O Rapto do Serralho para a Ópera de Zurique em 2003. Também dirigiu a Ópera de Zurique em produções de A Flauta Mágica e Il Turco in Italia com Cecilia Bartoli e Ruggero Raimondi. Outras produções incluem O Rapto do Serralho no Teatro Real de Madrid, Don Giovanni na Staatsoper em Stuttgart e A Flauta Mágica e Rigoletto na Deutsche Oper Berlin.
Gravou Schoenberg, Prokofiev, Saariaho e Sibelius com a Orquestra Sinfônica do Porto Casa da Música; Melcer com a BBC Scottish Symphony Orchestra (Hyperion); Beethoven com a Malmö Symphony Orchestra (DB Productions); Prokofiev e Mozart com a Solistes Européens, Luxemburgo (SEL Classics).
König nasceu em Dresden, onde cantou no célebre Dresdner Kreuzchor. Estudou regência, piano e canto na Dresdner Musikhochschule. Entre outros, participou de masterclasses com Sergiu Celibidache e Sir Colin Davis, com quem trabalhou como regente assistente/Korrepetiteur na Dresden Opera/Sächsische Staatskapelle. König começou sua carreira profissional como Erster Kapellmeister na Ópera de Bonn.
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Nascido em uma família de músicos, Alexandre iniciou seus estudos musicais com o pai, Joaquim Inácio Barros. Ainda criança, acompanhava seu pai e irmãos em rodas de choro tocando flauta doce. Estudou flauta transversal e, aos dezessete anos, passou para o oboé, seguindo seus estudos com orientação dos professores Afrânio Lacerda, Gustavo Napoli, Carlos Ernest Dias e Arcádio Minczuk. Frequentou masterclasses com renomados oboístas internacionais, dentre eles os professores Ingo Goritzki, Alex Klein, François Leleux e Maurizio Colasanti.
ALEXANDREBARROS
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Alexandre sempre mostrou facilidade e intimidade com o instrumento, destacando-se rapidamente no cenário da música erudita no Brasil. Em 1993, como membro do Quinteto de Sopros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), recebeu o primeiro prêmio no V Concurso de Música de Câmara dessa instituição. Em 1996, integrando o Trio Jovem de Palhetas, obteve menção honrosa no Concurso Jovens Solistas da Faculdade Santa Marcelina de São Paulo. No mesmo ano foi premiado no Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e apresentou-se à frente da orquestra sob regência de Diogo Pacheco. Dois anos mais tarde conquistou o prêmio Eleazar de Carvalho no Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Como solista atuou com diversas orquestras, como a Sinfônica de Minas Gerais, Orquestra de Câmara Sesiminas e Orquestra Filarmônica Nova. Em 2010 foi solista à frente da Filarmônica de Minas Gerais, sob regência de Rodolfo Fischer.
De 1996 a 1997 integrou o naipe de oboés da Osesp e com a orquestra
realizou turnê por diversas cidades da Europa. A convite de Roberto Minczuk, atuou como primeiro oboé e foi solista da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, sob regência do maestro Minczuk. Regressando a Minas Gerais passou a integrar o naipe de oboés da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais até 2008.
Atualmente, é Primeiro Oboé da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Paralelamente, é professor do Curso de Formação e Aperfeiçoamento em Artes (Cefar). Foi convidado a lecionar em importantes festivais no Brasil, entre eles a Semana de Música de Ouro Branco e o Festival Internacional Sesc de Música de Pelotas.
Alexandre desenvolve intensa atividade camerística, em diversas formações. Em 2011 gravou um CD com o pianista Miguel Rosselini com importantes obras para oboé. Em duo com o pianista, apresentou-se em importantes salas de concerto no Brasil, no Festival Rio Folle Journée, na Semana de Música de Ouro Branco e no Projeto Quarta Erudita da Fundação Clóvis Salgado.
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MARCUS JULIUS LANDERFO
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Bacharel em Clarinete pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), na classe do professor Sérgio Burgani, Marcus Julius iniciou seus estudos em 1996 com Edmilson Nery na Escola Municipal de Música de São Paulo. Foi também aluno de Luis Afonso “Montanha” no curso de difusão da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) em 2001. Agraciado com uma bolsa de estudos por mérito no The Boston Conservatory, Estados Unidos, cursou parte de seu mestrado na classe do professor Jonathan Cohler no ano de 2008.
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O clarinetista atuou como spalla na Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo e como chefe de naipe das orquestras Jovem de Guarulhos, do Instituto Baccarelli e da Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Integrou ainda a Orquestra Acadêmica da Cidade de São Paulo e o Quarteto Paulista de Clarinetas. Foi também professor de clarinete e teoria musical no curso superior do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, professor assistente no projeto social Orquestra do Amanhã, oferecido pelo Instituto Baccarelli na comunidade de Heliópolis, São Paulo, e artista residente no II Festival de Verão Maestro Eleazar de Carvalho, na cidade de Itu.
Marcus foi bolsista de importantes festivais brasileiros, como o Internacional de Campos do Jordão e o Música nas Montanhas, em Poços de Caldas. Participou de masterclasses com renomados clarinetistas internacionais, como Paul Meyer, Michael Collins, Munfred Pries, François
Benda, Donald Montanaro e Michael Norsworthy.
Vencedor do Prêmio Isolisti (Brasil), na categoria Música Instrumental Erudita, retornou ao Brasil em 2009 e fixou residência em Belo Horizonte, onde integra a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Na Filarmônica, inicialmente atuou na função de Principal Assistente e em outubro de 2012 passou a Clarinete Principal.
No âmbito internacional, Marcus participou de concursos e audições nos Estados Unidos e França. Em viagens à China, foi artista residente no 8º Festival Internacional de Clarinete e Saxofone de Nan Ning em 2010, no Festival Internacional de Clarinetes de Pequim em 2014 – cujo Concerto de Gala se deu no anfiteatro da Cidade Proibida – e, no último mês de abril, foi professor palestrante nos conservatórios de Shenyang e Tai-Yuan.
Marcus Julius Lander é artista Gao Royal e D’addario Woodwinds.
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CATHERINE CARIGNAN
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Natural do Québec, Canadá, Catherine iniciou seus estudos de fagote aos doze anos. Entre 1998 e 2008, foi aluna de Michel Bettez, Mathieu Lussier, Mathieu Harel, Stéphane Lévesque, Nadina Mackie Jackson e Fraser Jackson. Em 2005, suspendeu seus estudos musicais para dedicar-se a um curso de tradução, mas continuou tocando como convidada em orquestras canadenses e organizando concertos de música de câmara na sua cidade natal. Voltou para o Conservatoire em agosto de 2006, passou em dezembro no concurso
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para segundo fagote da Victoria Symphony Orchestra, na costa oeste do Canadá, e concluiu bacharelado em Música em maio de 2007.
Entre 2006 e 2008, Catherine foi fagotista convidada da Winnipeg Symphony Orchestra, da Canadian Broadcasting Company Radio Orchestra (conhecida como National Broadcast Orchestra desde 2009) e participou do Aventa Ensemble, formação dedicada à música contemporânea. Com Aventa, em fevereiro de 2008, estreou a obra Dulcian Patterns, do compositor canadense Peter Hatch, que descreve a peça como “não exatamente um concerto para fagote em si, mas que frequentemente destaca seus timbres e registros”. Como solista independente, encomendou a obra para fagote e piano Three Conjoined Trifles, do compositor e dramaturgo canadense Alex Eddington, estreando-a em abril de 2008 com a pianista Allie Cortens. Meses depois, foi aprovada em audição na Filarmônica de Minas Gerais, tornando-se Fagote Principal da Orquestra.
No Brasil, Catherine vem desenvolvendo atividades de
performance, ensino e pesquisa paralelas à sua atuação na Filarmônica. Participou das duas primeiras edições do Encontro Internacional de Oboé e Fagote da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, como palestrante e recitalista; foi professora substituta de fagote na Universidade Federal de Minas Gerais em 2013; orienta alunos de maneira independente em Belo Horizonte desde 2008 e mantém uma colaboração estreita com músicos brasileiros, desenvolvendo pesquisas extra-acadêmicas sobre o fagote na música brasileira. Catherine tem participado de apresentações de choro com colegas da Filarmônica e com o Clube do Choro de Belo Horizonte.
Esta é a terceira vez que Catherine se apresenta como solista da Filarmônica. Em 2011, executou com o clarinetista Dominic Desautels o Duett-Concertino de Richard Strauss, sob regência do maestro Marcos Arakaki; em 2013, com o violinista Rommel Fernandes, a violoncelista Elise Pittenger e o oboísta Alexandre Barros, apresentou a Sinfonia Concertante em si bemol maior de Joseph Haydn, sob regência do maestro Fabio Mechetti.
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ALMA MARIA LIEBRECHT
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O envolvimento de Alma com a música começou em seu estado natal, Maryland, nos Estados Unidos. Primeiro através do violino, quando tinha seis anos de idade, e depois com a trompa, aos doze, sob orientação de Olivia Gutoff. De 2002 a 2006, estudou com Jerome Ashby no Curtis Institute of Music. De 2006 a 2008, estudou com William Purvis na Escola de Música da Universidade de Yale, completando em 2008 o mestrado em Música.
Nos verões de 2003 a 2005, participou do Festival de Música
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do Pacífico, no Japão, onde estudou com Gunter Högner e Wolfgang Tomböck, ambos da Filarmônica de Viena. De 2008 a 2010, Alma foi bolsista do Ensemble ACJW do Carnegie Hall. Em 2010, ela ajudou a fundar o grupo de câmara Decoda, coletivo dedicado ao engajamento comunitário através da música. Integrou-se à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais como Trompa Principal em 2013.
Alma tem se apresentado como solista com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, New York Symphonic Arts Ensemble, Ensemble 212 e o Curtis Chamber Ensemble. Tocando música de câmara, tem se apresentado no Festival Artes Vertentes e na Semana de Música de Câmara da Fundação de Educação Artística. Nos Estados Unidos, apresentou-se no Savannah Music Festival e com os grupos Chamber Music Society of Lincoln Center, New York Wind Soloists, Jupiter Chamber Players,
North Country Chamber Players, Sebastian Chamber Players, Music from Angel Fire, Argento New Music Project e Talea Ensemble. Também realizou concertos de música de câmara no Festival Wien Modern em Viena, Áustria, no Centro Niemeyer em Avilés, Espanha, no Contempuls Festival em Praga, República Tcheca, e, junto com músicos da Filarmônica de Viena, em Sapporo e Tokyo, no Japão.
Enquanto vivia em Nova York, Alma manteve uma prolífica carreira de freelancer, apresentando-se com a Orquestra de Câmara Orpheus, a Orquestra da Ópera da Cidade de Nova York, as sinfônicas de Princeton, Delaware, Richmond e Harrisburg, o Ballet de Pennsylvania, a Orquestra de Câmara da Filadélfia e o Gotham Chamber Opera. Alma também apresentou-se por seis semanas como Trompa Principal convidada junto à Sinfonietta de Hong Kong em 2011.
PRESTO E VELOCE32
SINFONIA CONCERTANTE EM MI BEMOL MAIOR, K. 297B (1778) 30 min
Se se pode dizer que o espírito do século XVIII quis fazer uma espécie de faxina no que considerava excessos da linguagem barroca, uma visão moderna pode enxergar que a linguagem clássica conserva muitos elementos daquela que a precedeu. Já não se mencionem aspectos gramaticais, por assim dizer, que poderiam gerar controvérsias e discussões. Digam-se, portanto, de formas, procedimentos e estruturas. Ora, a sonata, por exemplo, tradução exponencial da mentalidade musical clássica, surge no Barroco, para se dizer o mínimo. Assim é que a música clássica faz também uma releitura de certas formas ou procedimentos anteriores, transmutando-os para a sua própria gramática. O concerto é uma dessas releituras.
Ao contrário do que se estabelece pelo senso comum, o modelo de concerto, formado por um único instrumento solista acompanhado por um grupo orquestral, como abraçado francamente pelo Classicismo, não era a prática mais frequente nem a mais cara ao músico barroco. Esse modelo, que tem em Vivaldi seu maior representante, foi a base do concerto clássico, aos moldes vienenses, que mais tarde varou a história da música até o século XX. Ao músico barroco, porém,
Wolfgang Amadeus Mozart | Áustria, 1756 – 1791
parecia melhor e mais interessante o concerto grosso: o diálogo de dois ou mais solistas com o grupo orquestral.
O Classicismo soube fazer uma engenhosa releitura desse procedimento para a sua própria mentalidade musical, transportando-o para a forma sonata e delegando-o à orquestra sinfônica: eis aí a sinfonia concertante. Já Johann Christian Bach realiza esse movimento. Natural que Mozart, que teve contato muito próximo com o filho mais jovem de Johann Sebastian Bach, também o fizesse.
São duas as principais obras do gênero compostas por Mozart: a Sinfonia Concertante para violino e viola, K. 364, e a Sinfonia Concertante para clarinete, oboé, trompa e fagote, K. 297b. A concepção original desta segunda obra, ao que parece, foi para flauta, oboé, trompa e fagote. A partitura dessa versão, no entanto, nunca foi encontrada: sabe-se dela apenas pelas cartas de Mozart. É sabido, porém, que ele tinha certa idiossincrasia em relação à flauta e grande predileção pelo clarinete, instrumento criado no próprio século XVIII. Talvez daí a versão que se perpetuou e que é comumente executada hoje. Esta, aliás, já teve a sua autenticidade questionada.
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É de se notar o fato excepcional de que os três movimentos estão no mesmo tom de Mi bemol maior.
A despeito de tudo isso, observe-se ainda, na obra de Mozart, a importância que tomam tantas vezes os instrumentos de sopro. Para citar um mínimo exemplo, veja-se a expressividade do trabalho com a flauta, o oboé e o fagote no Et incarnatus est da Grande Missa em dó menor, sem falar de algumas óperas ou sinfonias. Essa atenção especial aos instrumentos de sopro gerou obras significativas, como o Quinteto para clarinete e cordas, o Concerto
para flauta e harpa e a Sinfonia Concertante em Mi bemol maior.
Assim como a História nos negou a data precisa de composição dessa obra (pode-se deduzir da correspondência de Mozart que foi antes de 25 de abril de 1778, em Paris), é também impossível identificar a data exata de sua estreia, como quase tudo antes do século XIX, por razões óbvias.
INSTRUMENTAÇÃO 2 oboés, 2 trompas, cordas.
MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista,
Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa,
professor da Universidade do Estado de Minas
Gerais e da Fundação de Educação Artística.
PARA OUVIR
CD Mozart – Sinfonie Concertanti – Orquestra
Filarmônica de Berlim – Karl Böhm, regente –
Deutsche Grammophon – 2003
PARA ASSISTIR
West-Eastern Divan Orchestra – Daniel
Barenboim, regente – Mohamed Saleh, oboé –
Kinah Azmeh, clarinete – Mor Biron, fagote –
Sharon Polyak, trompa | Acesse: fil.mg/msinfconc
PARA LER
Emily Anderson (org.) – The letters of
Mozart and his Family – Norton – 1989
PRESTO E VELOCE34
A Sinfonia nº 6 foi concluída no início de setembro de 1881, no deslumbrante mosteiro barroco de São Floriano. Nesse mesmo convento, situado em uma paisagem bucólica e repleto de maravilhosas obras de arte, Anton Bruckner, aos treze anos, fora admitido como aluno, na condição de órfão pobre e bom cantor para o coro. Bruckner recordaria com carinho esses anos felizes – durante toda a vida permaneceu devotado e submisso aos ensinamentos religiosos dos monges que o educaram e nunca deixou de visitar com frequência o mosteiro, onde gostava de tocar órgão e buscava serenidade espiritual para compor.
O principal impulso de sua música sempre foi a religiosidade: “um místico gótico extraviado no século XIX” (nas palavras de Wilhelm Furtwängler). Bruckner criou, com idêntico espírito sacro, missas e sinfonias. Sua maneira de compor em blocos sonoros de colorações diferenciadas se inspira, claramente, na escrita para o órgão, instrumento religioso por excelência. Escreveu música para a glória de Deus, com a dedicação de um artífice e a certeza bíblica de
que o trabalho enobrece o homem. Sob esse aspecto, a arte de Bruckner lembra a de Bach, a de César Franck; e antecede a de Messiaen.
Em contraste com sua prodigiosa inteligência musical, o compositor aparentava inaptidão quase patológica para as coisas práticas da vida. Ingênuo, protagonizou episódios comicamente ridículos que suscitaram preconceitos e sarcasmos ofensivos.
Quando conheceu a obra de Wagner, Bruckner, perto dos quarenta anos, iniciou com entusiasmo juvenil um novo período de experiências e ensaios. Embora dificilmente se possa imaginar um discípulo cuja personalidade fosse mais diametralmente oposta à do mundano e culto mestre de Bayreuth, a admiração de Bruckner por Wagner se transformou em veneração. Mais que uma influência, Tristan und Isolde significou para ele uma libertação, pois passou a assumir as próprias inovações. Entretanto, Bruckner manteve-se alheio às preocupações filosóficas e literárias da arte wagneriana, da qual só assimilou a ousadia harmônica e
SINFONIA Nº 6 EM LÁ MAIOR (1881) 56 min
Anton Bruckner | Áustria, 1824 – 1896
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a ciência da orquestração. Mesmo assim, a admiração por Wagner rendeu-lhe a crítica cruel dos antiwagnerianos (entre outros, Hanslick e Brahms) e a alcunha de Sinfonista de Bayreuth. Suas obras, com destaque para as sete missas, o Te Deum e as nove sinfonias, nunca conseguiram ganhar a aprovação unânime de seus contemporâneos, apesar do empenho de regentes ilustres como Gustav Mahler e Hans Richter. A Sexta Sinfonia, por exemplo, só estreou sua versão integral no ano de 1901, em Stuttgart, após a morte do compositor.
Ela possui quatro movimentos – Majestoso, Adagio, Scherzo e Finale. Contrariando seus hábitos, Bruckner nunca a retocou e deu-lhe o apelido de Die Keckste (a mais ousada), em referência a seu caráter experimental. Em toda a Sinfonia, os diversos parâmetros – ritmos, alturas, tonalidades, linhas melódicas – são pensados seletivamente, explorando as possibilidades dialéticas da tensão repouso/dinâmica.
No início do Maestoso, as cordas estabelecem o motivo rítmico que dominará toda a partitura. O tema
principal, Largo, surge em piano, nos violoncelos e contrabaixos. Após uma resposta das trompas, ele reaparece fulgurante em fortissimo orquestral. A flauta introduz um segundo motivo, em andamento muito mais lento. O desenvolvimento usa, sobretudo, elementos do primeiro tema. A reexposição conduz à brilhante Coda com o tema principal em todo esplendor e destaque para a marcação rítmica dos trompetes.
O Adagio, cuja solenidade é frequentemente suavizada pelas luzes pálidas do colorido orquestral, constrói-se sobre três temas. O tema principal, misterioso, aparece nos primeiros violinos e obtém melancólica resposta do oboé. A trompa e as madeiras fazem a transição para o sereno segundo tema nos violinos com um contracanto do violoncelo. O terceiro tema, de caráter sombrio, quase fúnebre, é novamente confiado aos primeiros violinos. A reexposição se faz nos moldes clássicos, e a Coda conduz aos harmoniosos acordes conclusivos dos violinos e das violas.
O belo Scherzo inspira-se em antigas melodias nórdicas que lhe
INSTRUMENTAÇÃO 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.
PRESTO E VELOCE36
conferem um fantástico clima lendário. Sobre as cordas graves e um curto motivo das violas e segundos violinos aparece o tema principal, compartilhado entre as madeiras e os primeiros violinos. Um clímax de grande intensidade antecede expressiva pausa. O lento Trio central é muito breve, com destaque para um maravilhoso motivo das trompas. Uma lembrança nas madeiras do tema inicial da Quinta Sinfonia do compositor antecede o retorno formal ao Scherzo.
O Finale possui três temas principais. O primeiro se desenvolve amplamente nos violinos sobre o pizzicato das cordas graves e um leve
trêmulo das violas. A serenidade desse grupo é perturbada pelos violentos metais. O segundo tema, de caráter rítmico, aparece nas trompas. O lírico terceiro tema, confiado às cordas, apresenta um expressivo contracanto dos segundos violinos. O desenvolvimento orienta-se do tom maior para o menor. Após a reexposição temática, a Coda entrega o tema inicial aos retumbantes trombones.
PAULO SÉRGIO MALHEIROS DOS SANTOS Pianista,
Doutor em Letras, professor na UEMG, autor
dos livros Músico, doce músico e O grão
perfumado – Mário de Andrade e a arte do
inacabado. Apresenta o programa semanal
Recitais Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.
PARA OUVIR
CD Bruckner – Symphonies nos 6 e 7 – Royal
Concertgebouw Orchestra – Mariss Jansons,
regente – RCO Holanda 14005 – 2015
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica de Chicago –
Georg Solti, regente | Acesse: fil.mg/bsinf6
PARA LER
Otto Maria Carpeaux – O livro de ouro da
história da música – Edições de Ouro – 2009
(reedição de Uma nova história da música)
François-René Tranchefort – Guia da Música
Sinfônica – Nova Fronteira – 1990
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FABIO MECHETTI, regente
BAIBA SKRIDE, violino
PROGRAMA
Jean SIBELIUSSuíte Karelia, op. 11• Intermezzo: Moderato
• Ballade: Tempo di menuetto
• Alla marcia: Moderato
Carl NIELSENConcerto para violino, op. 33• Prelúdio: Largo – Allegro cavalleresco
• Poco adagio – Rondó: Allegretto scherzando
– INTERVALO –
Edvard GRIEGSuíte Lírica, op. 54• O jovem pastor
• Marcha norueguesa (Gangar)
• Noturno
• Marcha dos trols
Edvard GRIEGDanças norueguesas, op. 35• Allegro marcato
• Allegretto tranquillo e grazioso
• Allegro moderato alla marcia
• Allegro molto
BAIBA SKRIDE,violino
40 ALLEGRO E VIVACE
A musicalidade natural de Baiba Skride tornou-a estimada entre alguns dos mais importantes maestros e orquestras em todo o mundo, sendo convidada por suas interpretações agradáveis, sensibilidade e deleite na música. Entre as orquestras de prestígio com quem trabalhou estão a Filarmônica de Berlim, Sinfônica de Boston, Sinfonieorchester des Bayerischen Rundfunks, Orquestra de Paris, Filarmônica de Londres, Filarmônica Real de Estocolmo, Sinfônica de Sydney e Sinfônica NHK. Entre outros, Skride colabora
BAIBASKRIDEFO
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com regentes notáveis como Christoph Eschenbach, Paavo e Neeme Järvi, Andris Nelsons, Yannick Nézet-Séguin, John Storgårds e Mario Venzago.
Após sua estreia no BBC Proms com a Filarmônica de Oslo e Vasily Petrenko, apresentando o Concerto nº 1 de Szymanowski, Geoff Brown, do The Times, observou: “a violinista letã Baiba Skride navegou sobre a floresta mágica da orquestra com longas linhas de melodia, ressonantes e doces”. Convidada a retornar ao Proms 2014, apresentou o Concerto de Stravinsky com a Sinfônica da BBC e Ed Gardner.
Em temporadas recentes, apresentou-se com a Orquestra Gewandhaus de Leipzig, Filarmônica da Radio France, Orchestre de la Suisse Romande, Orchestre National de Lyon, sinfônicas da Cidade de Birmingham, de Xangai e Nacional de Taiwan, além de um concerto no Konzerthaus de Viena. Nos Estados Unidos, retornou à Sinfônica de Boston para executar Offertorium de Gubaidulina com o violino com o qual o concerto foi originalmente escrito. Também retornou à St. Paul Chamber Orchestra e à Utah Symphony.
Na música de câmara, apresentou-se no Schubertiade Schwarzenberg com
Sol Gabetta e Bertrand Chamayou e, em dueto com sua irmã, a pianista Lauma Skride, no Concertebouw de Amsterdam, Maastricht e Eindhoven. Com Alban Gerhardt e Brett Dean, em quinteto, esteve no Wigmore Hall de Londres, Bad Kissingen e Festspiele Mecklenburg-Vorpommen.
Seu quarto disco sob o selo Orfeo contém os concertos de Szymanowski com a Filarmônica de Oslo e Petrenko, bem como Mythes de Szymanowski com Lauma Skride. Outras gravações incluem Schumann com a Danish National Symphony e John Storgårds; Stravinsky e Frank Martin com a Orquestra Nacional BBC do País de Gales e Thierry Fischer; Brahms com a Filarmônica de Estocolmo e Sakari Oramo; Tchaikovsky com a Sinfônica da Cidade de Birmingham e Andris Nelsons; Schubert, Beethoven e Ravel em duo com sua irmã.
Skride nasceu em uma família musical letã em Riga, onde iniciou seus estudos, transferindo-se para o Conservatório de Música e Teatro em Rostock. Em 2001 ganhou o primeiro prêmio do Concurso Rainha Elisabeth. Desde 2010 apresenta-se com o Stradivarius ‘’Ex Baron Feilitzsch’’, um violino de 1734 generosamente emprestado por Gidon Kremer.
42 ALLEGRO E VIVACE
SUÍTE KARELIA, OP. 11 (1893) 14 min
Não foi por acaso que a Suíte Karelia tornou-se uma das obras mais conhecidas de Sibelius. Essa peça leve e encantadora guarda o frescor da música folclórica finlandesa do final do século XIX. Na última década do século, os movimentos políticos e artísticos de cunho nacionalista surgidos na Finlândia tinham a província de Carélia como alvo de veneração. Situada no sudeste da Finlândia, próxima à fronteira com a Rússia e não muito longe de São Petersburgo, essa província, especialmente a região em torno da cidade de Viipuri (hoje Vyborg, na Rússia), era considerada, na época, como o local que melhor preservava as tradições musicais e poéticas finlandesas.
No verão de 1892, Sibelius e sua esposa passaram parte da lua de mel em Carélia, onde o compositor tomou conhecimento da música folclórica local e teve a oportunidade de anotar inúmeras melodias. No ano seguinte ele recebeu uma encomenda da Associação dos Estudantes de Viipuri da Universidade de Helsinki (na época Universidade Imperial Alexander) para compor música para uma peça de teatro de caráter
Jean Sibelius | Finlândia, 1865 – 1957
folclórico/patriótico que retratava eventos históricos de Carélia. Compôs uma abertura e oito movimentos, um para cada episódio, fortemente inspirados na música folclórica da região. A apresentação em Helsinki, no dia 13 de novembro de 1893, foi um sucesso estrondoso, embora o compositor tenha ficado com a impressão de que ninguém realmente ouvira a sua música. O frenesi foi tão grande que o público bateu os pés e as mãos durante toda a apresentação. Insatisfeito com o resultado musical, Sibelius desmembrou a música e a adaptou em uma abertura (Abertura Karelia, op. 10) e uma suíte em três movimentos (Suíte Karelia, op. 11). O restante da obra ficou abandonado, vindo a ser descoberto após a morte do compositor e restaurado em 1997 – mais de cem anos após a sua composição.
O primeiro movimento inicia-se tranquilo, com o tema principal nas trompas. A calmaria do início aos poucos se transforma numa corrente de festividade, no momento em que a música se torna cada vez mais dançante. Ao final retornamos ao caráter do início.
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No segundo movimento a orquestra é reduzida a apenas dois oboés, um corne inglês, dois clarinetes, dois fagotes e cordas. Ou seja, não apenas a ausência das flautas é percebida, como de todos os metais e percussão. Trata-se de uma música meditativa e ligeiramente melancólica. À medida que nos aproximamos do fim, ouvimos o corne inglês, que, com suas características sonoras ímpares, confere ainda mais melancolia ao tema principal.
O terceiro movimento inicia-se com leveza, quase como uma
valsa, e torna-se, aos poucos, uma marcha imponente e majestosa. Aqui temos a orquestra completa novamente, mas sem o corne inglês e com acréscimo do flautim. Uma orquestra com toda a sua pujança para uma música que se torna cada vez mais vigorosa, porém sem perder o frescor de uma composição realizada por um jovem que tinha apenas 28 anos de idade na época.
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor
em Música pela Unicamp, professor na Escola
de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Sibelius: The 7 symphonies; Finlandia;
Kullervo; Valse triste and more – London
Symphony Orchestra – Sir Colin Davis,
regente – RCA Red Seal – 2004
PARA ASSISTIR
Radio Kamer Filharmonie – Michael
Schønwandt, regente | Acesse: fil.mg/skarelia
PARA LER
David Burnett James – Sibelius: illustrated lives
of the great composers – Omnibus Press – 1989
Andrew Barnett – Sibelius – Yale University
Press – 2010
44 ALLEGRO E VIVACE
CONCERTO PARA VIOLINO, OP. 33 (1911) 34 min
Carl Nielsen foi um dos mais importantes compositores europeus da virada do século XIX para o XX. Tido como um dos responsáveis pela renovação do gênero sinfônico no início do século XX, Nielsen foi também exímio violinista e um importante pedagogo. Seu reconhecimento internacional veio somente após sua morte. Em vida, foi reconhecido apenas como professor, o que o obrigou a lecionar na Academia Real Dinamarquesa de Música até os seus últimos dias.
O rótulo de “compositor dinamarquês” foi sempre ambivalente, pois que serviu, ao mesmo tempo, para promover sua obra e para restringi-la. Pensá-la em termos dinamarqueses é tentar enquadrá-la, à força, em uma cultura rica e dinâmica, porém, em muitos momentos, plena de traços semelhantes aos de outros povos. Dito de outra maneira, é tentar ver a qualquer preço a comunhão de seu estilo com estilos populares aparentemente originários de seu país e pertencentes apenas a ele. No entanto, vê-la nessa moldura nacionalista parece ser a imagem mais óbvia. Não à toa, é a mais
Carl Nielsen | Dinamarca, 1865 – 1931
repetida. Mas essa visão traz consigo o perigo dos reducionismos fáceis – e isto vale para praticamente todo compositor fora do eixo Alemanha/França/Itália. Quando nos esquecemos, por um momento, da localização geográfica de seu nascimento e conseguimos vê-lo em uma perspectiva mais ampla, que abrange a cena musical erudita na virada do século XX em toda a sua totalidade, nos damos conta do quão original e moderna é a sua música. Obviamente que, para tal, precisamos duvidar da primazia de certas correntes musicais e de certos centros de produção e difusão da música que, por muito tempo, nos foram apresentados como os representantes máximos da cultura ocidental.
A escrita solística do Concerto para violino é virtuosística, e sua estrutura, incomum: dois movimentos divididos, cada um, em duas partes, uma lenta e a outra rápida. O primeiro movimento inicia-se com o – às vezes dramático, às vezes lírico – Prelúdio (Largo) e desemboca no Allegro cavalleresco, uma intensa seção em que a meditação cede lugar à vivacidade. O momento mais contemplativo do Concerto
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acontece no Poco adagio, primeira seção do segundo movimento. O Rondó (Allegretto scherzando), segunda seção, é um alegre scherzo com certo sabor cigano, especialmente na cadência.
Nielsen iniciou a composição do Concerto para violino no verão de 1911, na Noruega, na velha cabana onde o compositor Edvard Grieg compôs muitas de suas obras. Naquele verão ele recebeu o convite da viúva do compositor, Nina Grieg, para passar alguns dias em Troldhaugen, a casa de verão que eles possuíam
na cidade de Bergen. Nos jardins da casa, hoje um museu, encontra-se a pequena cabana onde Grieg passava longas temporadas compondo. A obra ficou pronta apenas em meados de dezembro, e a bem-sucedida estreia se deu no dia 28 de fevereiro de 1912 em Copenhague, com o violinista Peder Møller e a Orquestra Real Dinamarquesa sob a regência do compositor.
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.
GUILHERME NASCIMENTO Compositor, Doutor
em Música pela Unicamp, professor na Escola
de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos
floridos não voam e Música menor.
PARA OUVIR
CD Nielsen – The complete concertos –
Danish National Radio Symphony Orchestra –
Michael Schønwandt, regente – Kim Sjøgren,
violino – Chandos – 1990
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica Nacional Dinamarquesa –
Thomas Søndergård, regente – Baiba Skride,
violino | Acesse: fil.mg/nviolino
PARA LER
Daniel M. Griley – Carl Nielsen and the
idea of modernism – Boydell – 2011
Robert Simpson – Carl Nielsen
symphonist – Kahn & Averill – 1986
46 ALLEGRO E VIVACE
SUÍTE LÍRICA, OP. 54 (1891, versão para piano / 1905, orquestrada pelo compositor)17 min
A produção musical de Edvard Grieg é predominante e caracteristicamente alemã e dinamarquesa até os anos de 1864 e 1865, muito em função de seus estudos musicais em Leipzig e de sua criação numa classe média norueguesa culturalmente à sombra de Copenhague. Seria o contato com os músicos Rikard Nordraak e Ole Bull o fator determinante em seu redirecionamento estético para a música nacional a partir daqueles anos. Enquanto Bull apresentou-lhe a música camponesa da Noruega, Nordraak, à frente do movimento nacionalista norueguês, convenceu-o a associar-se ao movimento.
O nacionalismo de Edvard Grieg vai além da promoção da cultura norueguesa, ao desafiar setores mais conservadores da crítica musical europeia da época. Estes consideravam que a grandeza musical só poderia ser encontrada através da composição de sinfonias que abordassem temas universais. Em contraste, a força de seu nacionalismo deve-se precisamente à expansão da linguagem harmônica pela livre exploração de tradição e temática regionais, em gêneros de menores proporções como a canção,
Edvard Grieg | Noruega, 1843 – 1907
as miniaturas e as suítes. A música de Grieg vai além das fronteiras locais e é recebida por outros compositores como um modelo para a elaboração musical de suas próprias identidades nacionais, como no caso de seu amigo Alberto Nepomuceno, um dos precursores do nacionalismo musical brasileiro.
Entre 1867 e 1901 Edvard Grieg compôs 66 pequenas peças para piano nomeadas em seu conjunto Peças Líricas. Essas miniaturas contribuíram para a popularização da obra do compositor, uma vez que eram facilmente consumidas por músicos amadores e não menos admiradas pelos profissionais. O opus 54, quinto livro da coleção, foi composto em 1891 e marca o que se considera o início de seu segundo nacionalismo – mais radical na exploração de temas noruegueses, embora mais inventivo e resiliente. O ciclo reúne seis peças – O jovem pastor, Gangar (dança camponesa norueguesa), Marcha dos trols, Noturno, Scherzo e Soar dos sinos – das quais apenas o Scherzo não explora uma temática nacional. Em 1894 Anton Seidl orquestra quatro peças do ciclo para um concerto com a New York Philharmonic.
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Uma cópia da partitura da Suíte Norueguesa, como foi batizada por Seidl, viria parar, em 1903, nas mãos de Grieg. Este, dois anos mais tarde, decide fazer, segundo seu próprio gosto, algumas alterações na orquestração do regente húngaro e mesmo, no caso de algumas das peças, orquestrá-las novamente. Assim surge a Suíte Lírica, uma orquestração e reordenação de seu opus 54. Enquanto O jovem pastor traz nas cordas e na harpa um tema folclórico, Gangar retrabalha a tradicional dança camponesa norueguesa de dois tempos, na qual os dançarinos
marcham pelo salão. O Noturno evoca as noites de verão norueguesas, combinando erotismo e misticismo numa referência ao escritor Sigbjørn Obstfelder. E a Marcha dos trols retrata as grotescas criaturas do folclore nórdico que vivem isoladas em rochas e montanhas, além de sugerir, em sua lírica seção central, o lamento da princesa aprisionada, figura comum das lendas nórdicas.
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
IGOR REYNER Pianista, Mestre em Música pela
UFMG, doutorando de Francês no King’s College
London e colaborador do ARIAS/Sorbonne
Nouvelle Paris 3.
PARA OUVIR
CD Grieg – Orchestral Works – Norwegian
Dances; Lyric Suite; Symphonic Dances;
Fra Holbergs tid – Halle Orchestra – Sir John
Barbirolli, regente – EMI Classics
0724358651355 – 2005
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica de Holland – Johannes
Müller-Stosch, regente | Acesse: fil.mg/glirica
PARA LER
Donald Jay Grout e Claude Palisca – História
da Música Ocidental – Gradiva – 2011
48 ALLEGRO E VIVACE
DANÇAS NORUEGUESAS, OP. 35 (1881, versão para piano / 1891, orquestrada por Hans Sitt)15 min
Edvard Grieg | Noruega, 1843 – 1907
Edvard Grieg é a principal personalidade musical da Noruega. A fim de despertar a atenção mundial para a música norueguesa, fundou a União Musical de Cristiânia – atual Oslo –, da qual fizeram parte intelectuais nacionalistas, dentre eles o célebre escritor Henrik Ibsen, autor do libreto de Peer Gynt. Aclamada por gerações de aficionados do mundo inteiro pela qualidade melódica e vitalidade inerente, a música de Grieg parece tão repleta de frescor hoje quanto no momento da composição. Sua obra, quando não se baseia claramente em melodias folclóricas, está repleta de elementos originários da música popular norueguesa. Há, por exemplo, as escalas modais e irregulares, o uso característico de ornamentos, ritmos ponteados, pedais, dissonâncias agudas e, sobretudo, a fórmula Grieg: intervalo melódico descendente de segunda seguido de uma terça. Grieg assimilou tais componentes de maneira natural e orgânica, combinando-os com ideias surgidas de sua fértil imaginação: “o reino da harmonia sempre foi o meu mundo imaginário”, confessou o compositor; “a relação entre meu sentido harmônico e as músicas
folclóricas norueguesas é um mistério até para mim. Descobri que as sombrias profundezas das nossas melodias se devem à sua especial riqueza e às inesperadas possibilidades de sua harmonia”.
O nacionalismo norueguês fixa sua raiz nos contos populares tradicionais coletados por Jorgen Moee nas músicas folclóricas montanhesas, selecionadas por Ludvig Mathias Lindeman. O professor de Grieg, o dinamarquês Niels Gade, já havia orientado seu discípulo a buscar na rica cultura norueguesa inspiração para suas melodias, mas foi Rikard Nordraak, amigo e compatriota de Grieg, quem o impeliu a cultivar uma arte especificamente nacional. Grieg compôs cerca de setenta canções e danças folclóricas norueguesas para piano, entre elas dezessete harmonizações de Slåtter – danças camponesas norueguesas para violino de Hardanger ou hardingfele, instrumento no qual soam quatro cordas enquanto outras quatro ou cinco vibram por ressonância.
Grieg compôs as Danças norueguesas em Hardanger durante o verão de
49
INSTRUMENTAÇÃO piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.
1881. Elas se baseiam no Halling, dança folclórica norueguesa na qual os homens saltam atleticamente para acertar um chapéu a dois metros de altura. Tais composições surgiram para atender à demanda de obras nacionalistas em forma de dança, como as Danças Húngaras de Brahms e Danças Eslavas de Dvorák: todas originais para piano a quatro mãos. O dinamarquês Robert Martin Henriques foi o primeiro a orquestrar duas das Danças norueguesas de Grieg. Ao que se sabe, o autor criticara a rítmica insuficiente
apresentada naquela instrumentação. A orquestração que deu fama à obra foi realizada pelo compositor tcheco Hans Sitt. Ele baseou-se na instrumentação realizada por Grieg a partir de outras obras para piano a quatro mãos, como a Suíte Holberg, as Duas melodias nórdicas, as Variações sobre uma antiga melodia norueguesa e as Danças Sinfônicas, também inspiradas em temas noruegueses.
MARCELO CORRÊA Pianista, Mestre em Piano pela
Universidade Federal de Minas Gerais, professor
na Universidade do Estado de Minas Gerais.
PARA OUVIR
CD Grieg – Norwegian & Symphonic
Dances – Gothenburg Symphony Orchestra –
Neeme Järvi, regente – Deutsche
Grammophon, Hamburgo – 1990
PARA ASSISTIR
Orquestra Sinfônica da Rádio de
Frankfurt – Paavo Järvi, regente
Acesse: fil.mg/gnorueguesas
PARA LER
Daniel M. Grimley – Grieg: Music, Landscape
and Norwegian Cultural Identity – The Boydell
Press – 2006
50
CONCERTOS PARA A JUVENTUDE
Realizados em manhãs de domingo,
são concertos dedicados aos jovens
e às famílias, buscando ampliar
e formar público para a música
clássica. As apresentações têm
ingressos a preços populares.
CLÁSSICOS NA PRAÇA
Realizados em praças da Região
Metropolitana de Belo Horizonte, os
concertos proporcionam momentos
de descontração e entretenimento,
buscando democratizar o acesso da
população em geral à música clássica.
CONCERTOS DIDÁTICOS
Concertos destinados a grupos de
crianças e jovens da rede escolar
e a instituições sociais, mediante
inscrição prévia. Seu formato busca
apoiar o público em seus primeiros
passos na música clássica.
FESTIVAL TINTA FRESCA
Com o objetivo de fomentar a criação
musical entre compositores brasileiros e
gerar oportunidade para que suas obras
sejam apresentadas em concerto, este
Festival é sempre uma aventura musical
inédita. Como prêmio, o vencedor recebe
a encomenda de outra obra sinfônica
a ser estreada pela Filarmônica no
ano seguinte, realimentando o ciclo da
produção musical nos dias de hoje.
ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM OUTRAS SÉRIES DE CONCERTO
LABORATÓRIO DE REGÊNCIA
Atividade pioneira no Brasil, este
laboratório é uma oportunidade
para que jovens regentes brasileiros
possam praticar com uma orquestra
profissional. A cada ano, quinze
maestros, quatro efetivos e onze
ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e
ensaios com o regente Fabio Mechetti.
O concerto final é aberto ao público.
TURNÊS NACIONAIS E INTERNACIONAIS
Com essas turnês, a Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais
busca colocar o estado de Minas
dentro do circuito nacional e
internacional da música clássica.
TURNÊS ESTADUAIS
As turnês estaduais levam a música de
concerto a diferentes cidades e regiões de
Minas Gerais, possibilitando que o público
do interior do Estado tenha contato direto
com música sinfônica de excelência.
CONCERTOS DE CÂMARA
Realizados para estimular músicos
e público na apreciação da música
erudita para pequenos grupos. A
Filarmônica conta com grupos de
Metais, Cordas, Sopros e Percussão.
51
PRÓXIMOSCONCERTOS
Aqui estão todas as apresentações da Filarmônica no mês corrente, a partir do segundo concerto das séries de quinta e sexta, depois que o Fortissimo começa a circular. Havendo espaço, divulgaremos também os concertos do mês seguinte. Para programação completa, visite www.filarmonica.art.br.
Outubro
DIAS 8 E 9, PRESTO 9, VELOCE 9
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisChristoph König, regente convidado
Alexandre Barros, oboé
Marcus Julius Lander, clarinete
Catherine Carignan, fagote
Alma Maria Liebrecht, trompa
MOZART / BRUCKNER
DIAS 15 E 16, ALLEGRO 10, VIVACE 10
quinta e sexta, 20h30, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente
Baiba Skride, violino
SIBELIUS / NIELSEN / GRIEG
DIA 17, CONCERTOS DE CÂMARA
QUARTETO DE CORDAS
sábado, 20h30, Basílica Nossa Senhora do Pilar, Ouro PretoLACERDA / BORODIN
DIA 18, CONCERTOS DE CÂMARA
QUINTETO DE SOPROS
domingo, 11h, Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, ItabiraIBERT / AMERICANO / HAYDN / K-XIMBINHO /
FARKAS / CALLADO
DIA 24, FORA DE SÉRIE 7
sábado, 18h, Sala Minas GeraisFabio Mechetti, regente
Rommel Fernandes, violino
Ara Harutyunyan, violino
BEETHOVEN
DIAS 27 E 28, CONCERTOS DIDÁTICOS
terça e quarta, 9h30 e 14h30, Sala Minas GeraisCONCERTOS FECHADOS
Marcos Arakaki, regente
TCHAIKOVSKY / PROKOFIEV
DIA 29, CONCERTOS DE CÂMARA
QUARTETO DE CORDAS
quinta, 19h e 20h30, Memorial Minas Gerais ValeLACERDA / BORODIN
52
DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR
Fabio Mechetti
REGENTE ASSOCIADO
Marcos Arakaki
* principal ** principal associado *** principal assistente **** principal / assistente substituto ***** músico convidado
Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
PRIMEIROS VIOLINOS
Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes –
Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Zivkovic
Arthur Vieira Terto
Bojana Pantovic
Dante Bertolino
Hyu-Kyung Jung
Joanna Bello
Marcio Cecconello
Roberta Arruda
Rodrigo Bustamante
Rodrigo Monteiro Braga
Rodrigo de Oliveira
SEGUNDOS VIOLINOS
Frank Haemmer *
Leonidas Cáceres ***
Gideôni Loamir
Jovana Trifunovic
Luka Milanovic
Martha de Moura
Pacífico
Mateus Freire
Radmila Bocev
Rodolfo Toffolo
Tiago Ellwanger
Valentina Gostilovitch
Andrea Campos *****
Rudá Alves *****
VIOLAS
João Carlos Ferreira *
Roberto Papi ***
Flávia Motta
Gerry Varona
Gilberto Paganini
Juan Díaz
Katarzyna Druzd
Luciano Gatelli
Marcelo Nébias
Nathan Medina
VIOLONCELOS
Philip Hansen *
Robson Fonseca ****
Camila Pacífico
Camilla Ribeiro
Eduardo Swerts
Emilia Neves
Eneko Aizpurua Pablo
Lina Radovanovic
Francisca Garcia *****
CONTRABAIXOS
Colin Chatfield *
Nilson Bellotto ***
Brian Fountain
Marcelo Cunha
Pablo Guiñez
Wallace Mariano
FLAUTAS
Cássia Lima *
Renata Xavier ***
Alexandre Braga
Elena Suchkova
OBOÉS
Alexandre Barros *
Ravi Shankar ***
Israel Muniz
Moisés Pena
CLARINETES
Marcus Julius Lander *
Jonatas Bueno ***
Ney Franco
Alexandre Silva
FAGOTES
Catherine Carignan *
Victor Morais ***
Andrew Huntriss
Francisco Wellington
da Silva
TROMPAS
Alma Maria Liebrecht *
Evgueni Gerassimov ***
Gustavo Garcia Trindade
José Francisco dos Santos
Lucas Filho
Fabio Ogata
TROMPETES
Marlon Humphreys *
Érico Fonseca **
Daniel Leal ***
Tássio Furtado
TROMBONES
Mark John Mulley *
Diego Ribeiro **
Wagner Mayer ***
Renato Lisboa
TUBA
Eleilton Cruz *
TÍMPANOS
Patricio Hernández
Pradenas *
PERCUSSÃO
Rafael Alberto *
Daniel Lemos ***
Sérgio Aluotto
Werner Silveira
HARPA
Giselle Boeters *
TECLADOS
Ayumi Shigeta *
GERENTE
Jussan Fernandes
INSPETORA
Karolina Lima
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Débora Vieira
ARQUIVISTA
Sergio Almeida
ASSISTENTES
Ana Lúcia Kobayashi
Claudio Starlino
Jônatas Reis
SUPERVISOR DE
MONTAGEM
Rodrigo Castro
MONTADORES
André Barbosa
Hélio Sardinha
Jeferson Silva
Klênio Carvalho
Risbleiz Aguiar
53
Conselho Administrativo
PRESIDENTE EMÉRITO
Jacques Schwartzman
PRESIDENTE
Roberto Mário Soares
CONSELHEIROS
Angela Gutierrez
Berenice Menegale
Bruno Volpini
Celina Szrvinsk
Fernando de Almeida
Ítalo Gaetani
Marco Antônio Pepino
Marcus Vinícius Salum
Mauricio Freire
Mauro Borges
Octávio Elísio
Paulo Brant
Sérgio Pena
Diretoria Executiva
DIRETOR PRESIDENTE
Diomar Silveira
DIRETOR
ADMINISTRATIVO-
FINANCEIRO
Estêvão Fiuza
DIRETORA DE
COMUNICAÇÃO
Jacqueline Guimarães
Ferreira
DIRETORA DE
MARKETING E
PROJETOS
Zilka Caribé
DIRETOR DE OPERAÇÕES
Ivar Siewers
DIRETOR DE
PRODUÇÃO MUSICAL
Kiko Ferreira
Equipe Técnica
GERENTE DE
COMUNICAÇÃO
Merrina Godinho Delgado
GERENTE DE
PRODUÇÃO MUSICAL
Claudia da Silva
Guimarães
ASSESSORA DE
PROGRAMAÇÃO MUSICAL
Carolina Debrot
PRODUTORES
Geisa Andrade
Luis Otávio Rezende
Narren Felipe
ANALISTAS DE
COMUNICAÇÃO
Andréa Mendes
(Imprensa)
Marciana Toledo
(Publicidade)
Mariana Garcia
(Multimídia)
Renata Gibson
Renata Romeiro
(Design gráfico)
ANALISTA DE
MARKETING DE
RELACIONAMENTO
Mônica Moreira
ANALISTAS DE
MARKETING E
PROJETOS
Itamara Kelly
Mariana Theodorica
ASSISTENTE DE
MARKETING DE
RELACIONAMENTO
Eularino Pereira
ASSISTENTE DE
PRODUÇÃO
Rildo Lopez
Equipe Administrativa
GERENTE
ADMINISTRATIVO-
FINANCEIRA
Ana Lúcia Carvalho
GERENTE DE
RECURSOS HUMANOS
Quézia Macedo Silva
ANALISTAS
ADMINISTRATIVOS
João Paulo de Oliveira
Paulo Baraldi
ANALISTA CONTÁBIL
Graziela Coelho
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Flaviana Mendes
ASSISTENTE
ADMINISTRATIVA
Cristiane Reis
ASSISTENTE DE
RECURSOS HUMANOS
Vivian Figueiredo
RECEPCIONISTA
Lizonete Prates
Siqueira
AUXILIAR
ADMINISTRATIVO
Pedro Almeida
AUXILIARES DE
SERVIÇOS GERAIS
Ailda Conceição
Márcia Barbosa
MENSAGEIROS Lucas Lima
Serlon Souza
MENOR APRENDIZ
Diego Soares
Sala Minas Gerais
GERENTE DE
INFRAESTRUTURA
Renato Bretas
GERENTE DE OPERAÇÕES
Jorge Correia
TÉCNICO DE
ILUMINAÇÃO E ÁUDIO
Rafael Franca
ASSISTENTE
OPERACIONAL
Rodrigo Brandão
Instituto Cultural Filarmônica
FORTISSIMO
outubro nº 8 / 2015
ISSN 2357-7258
EDITORA Merrina
Godinho Delgado
EDIÇÃO DE TEXTO
Berenice Menegale
FOTO DA CAPA: EUGÊNIO SÁVIO ILUSTRAÇÕES: MARIANA SIMÕES
GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Fernando Damata Pimentel
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE
MINAS GERAIS
Antônio Andrade
(OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAIS
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE
MINAS GERAIS
Bernardo Mata Machado
54
COMIDAS E BEBIDAS
Seu consumo não é permitido no
interior da sala de concertos.
PARA APRECIAR UM CONCERTO
PONTUALIDADE
Uma vez iniciado um concerto, qualquer
movimentação perturba a execução
da obra. Seja pontual e respeite o
fechamento das portas após o terceiro
sinal. Se tiver que trocar de lugar ou
sair antes do final da apresentação,
aguarde o término de uma peça.
CONVERSA
A experiência do concerto inclui o
encontro com outras pessoas. Aproveite
essa troca antes da apresentação e
no seu intervalo, mas nunca converse
ou faça comentários durante a
execução das obras. Lembre-se de
que o silêncio é o espaço da música.APARELHOS CELULARES
Confira e não se esqueça, por
favor, de desligar o seu celular ou
qualquer outro aparelho sonoro.
FOTOS E GRAVAÇÕES EM ÁUDIO E VÍDEO
Não são permitidas na sala de concertos.
CUMPRIMENTOS
Após a apresentação, caso queira
cumprimentar os músicos e convidados,
dirija-se à Sala de Recepções, à
esquerda do foyer principal.
TOSSE
Perturba a concentração dos músicos
e da plateia. Tente controlá-la com
a ajuda de um lenço ou pastilha.
APLAUSOS
Aplauda apenas no final das obras.
Veja no programa o número de
movimentos de cada uma e fique de
olho na atitude e gestos do regente.
CRIANÇAS
Caso esteja acompanhado por
criança, escolha assentos próximos
aos corredores. Assim, você
consegue sair rapidamente se
ela se sentir desconfortável.
CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOS
Fortissimo, além de seu programa mensal de concertos, é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Para evitar o desperdício, pegue apenas um exemplar ao mês. Caso não precise dele após o concerto, devolva-o nas caixas receptoras.
O programa se encontra também disponível em nosso site, na agenda de concertos. www.filarmonica.art.br
55
OLÁ, ASSINANTE
ASSESSORIA DE RELACIONAMENTO
3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h) www.filarmonica.art.br
FOT
O:
ALE
XA
ND
RE
REZ
END
E
ASSINATURAS! Você recebeu a programação da Temporada 2016 com o
Guia de Assinaturas e deve ficar atento aos PRAZOS e PASSOS
para garantir o melhor lugar na Sala Minas Gerais: o seu.
de 23 de outubro a 9 de novembro – TROCA
Este é o momento de visualizar o mapa da
Sala e escolher, entre os lugares disponíveis,
o mais adequado a você. Se não encontrar,
você pode renovar sua assinatura atual.
de 1º a 19 de outubro – RENOVAÇÃO
Nesse período, caso queira manter os mesmos
lugares e séries, basta realizar o pagamento.
Mas se você quiser mudar de cadeira ou série, não se esqueça:
você precisa indicar este desejo no período de renovação
para conseguir acessar a fase de efetivação de
troca. Sua assinatura atual fica reservada para o
caso de você não encontrar a troca que deseja.
Ao efetuar o pagamento, seu lugar estará garantido.
NÃO É POSSÍVEL REALIZAR NOVAS TROCAS APÓS O DIA 9 DE NOVEMBRO.
56
A montagem de um palco, distribuição
dos instrumentos, cadeiras e estantes
é pensada em função do estilo da
obra. Quando as obras sinfônicas
passaram a exigir um maior número de
instrumentos e ficaram mais longas,
surgiu o momento de se repensar
o mobiliário de palco. Atualmente,
empresas de arquitetura e design
cuidam para que cada elemento do
palco atenda a exigências acústicas,
de ergonomia e de funcionalidade,
permitindo elegância e bem-estar na
interpretação musical.
Na montagem do palco da Filarmônica
você verá quatro tipos de cadeiras.
As cadeiras dos contrabaixos são mais
altas, possuem regulagem de altura e
inclinação de assento, assim como de
encosto. Os apoios de pés são separados
para possibilitar diferentes regulagens
para o pé direito e para o esquerdo. As
cadeiras da percussão são parecidas,
Mobiliário de palcoSALA MINAS GERAIS
PERCUSSÃO
VIOLAS, VIOLINOS, MADEIRAS E METAIS
VIOLONCELOS
mas, em função do deslocamento
constante dos músicos, o apoio para os
pés é constituído por uma peça única.
As cadeiras dos violoncelos têm
algumas particularidades como altura
variável e inclinação do encosto e ainda
servem ao apoio do espigão. Já as
cadeiras das violas, violinos, madeiras
e metais possuem a possibilidade de
regulagem de altura e inclinação do
assento. Em todas, o estofamento é
em fibra de borracha, distribuído sobre
uma base de madeira perfurada para
permitir ventilação.
São detalhes da organização de uma
orquestra e sua sala de concertos, o
que logicamente escapa ao público
no momento da apresentação. Mas,
sem eles, dificilmente seria possível
criar as condições necessárias para
a interpretação da música em nível
de excelência.
CONTRABAIXOS
FOT
OS:
MA
RIA
NA
GA
RC
IA
SALA MINAS GERAIS
Rua Tenente Brito Melo, 1.090 | Barro Preto | CEP 30.180-070 | Belo Horizonte - MG
(31) 3219.9000 | Fax (31) 3219.9030
WWW.FILARMONICA.ART.BR
/filarmonicamg @filarmonicamg /filarmonicamg/filarmonicamg
APOIO INSTITUCIONAL
REALIZAÇÃO
DIVULGAÇÃO
MANTENEDORA
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