Fibrilação Auricular - atualização para Medicina Geral e Familiar Trabalho realizado por Mariana Reis (interna de MGF 1º ano) Orientadora: Dra Margarida Marques UCSP Ruães 2 de Maio 2012
Fibrilação
Auricular- atualização para
Medicina Geral e Familiar
Trabalho realizado por Mariana Reis (interna de MGF 1º ano)
Orientadora: Dra Margarida MarquesUCSP Ruães
2 de Maio 2012
Epidemiologia
É a arritmia sustentada mais comum, ocorre em 1-2% da população.
Prevalência:
40-50 anos - <0.5%
80 anos - 5-15%
Estima-se que a sua prevalência duplique nos próximos 50 anos devido ao envelhecimento populacional.
1 em cada 5 AVCs é devido a FA
Condições associadas
Idade
HTA
IC sintomática
Taquicardiomiopatia
Doenças cardíacas valvulares
Cardiomiopatias
Defeito septal da aurícula
Outros defeitos congénitos cardíacos
Doença arterial coronária
Disfunção da tiróide
Obesidade
DM
DPOC
Apneia do sono
Doença renal crónica
Diagnóstico
Obrigatório ECG para confirmação
FA definida por estes 3 parâmetros:1. Intervalos R-R irregulares2. Ausência de ondas P distintas3. O intervalo entre duas atividades auriculares (quando
visíveis) é habitualmente variável e < 200ms
Tipos de FA
Primeiro episódio diagnosticado de FA
FA paroxística (até 7d)
FA persistente (> 7d ou requer cardioversão)
FA persistente de longa duração (≥ 1 ano até controlo do ritmo)
FA permanente (aceite)
- ECG- Ecocardiograma transtorácico- Hemograma com plaquetas- Função renal e eletrólitos- Função hepática- Função tiroideia- Perfil lipídico- Glicose- Estudo da coagulação
Investigação inicial
2010 Canadian Cardiovascular Society atrial fibrillation guidelines
Quando referenciar?
Duração da arritmia ?
< 48h > 48h ou não sabe
Enviar para o SU Medicar/ Referenciar para a Cardiologia
estávelinstável
Doente com FA
Terapêutica
Objetivos:
- reduzir os sintomas
- prevenir complicações severas - terapêutica antitrombótica- controlo da frequência ventricular- tratar as doenças cardíacas concomitantes
- cardioversão elétrica- fármacos anti-arrítmicos- terapia de ablação
Terapêutica antitrombótica
Antiagregante plaquetário
- Ácido acetilsalicílico (AAS)
Anticoagulantes orais (ACO)
- Varfarina (Antagonistas da vit K)
- Dabigatrano (Pradaxa®) (Inib diretos da trombina )
- Rivaroxabano (Xarelto®) (Inib fator Xa )
CHADS2
Fator de risco Pontuação
IC congestiva 1
HTA 1
Idade ≥ 75 1
DM 1
AVC/ AIT 2
Risco de tromboembolismo
(Apenas aplicáveis em FA não valvular)
Pontuação CHADS2
0
ACO
Sem fatores de risco
adicionais para AVC
Sexo feminino ou
doença vascular
≥ 65 anos ou sexo feminino
+ doença vascular
AASNenhum
antitrombótico
1 ≥2
ACO ou AAS, preferível ACO
2012 Canadian Cardiovascular Society Atrial Fibrillation Guidelines
(Apenas aplicáveis em FA não valvular)
Aumento do risco de tromboembolismo
Aumento do risco de
hemorragia
43,53
Níveis terapêuticos
2INR
Risco hemorrágico
Para FA não valvular:
Risco de queda. É de valorizar?
Necessárias 300 quedas/ano para que
o risco de hemorragia intracerebral
supere os benefícios da ACO
Risco hemorrágico
Risco hemorrágico
HAS-BLEDLetra Caraterística clínica Pontuação
H HTA 1
A Função renal e hepática anormal 1 ponto cada
S AVC 1
B Hemorragia 1
L INR lábil 1
E Idoso (>65A) 1
D Fármacos ou álcool 1 ponto cada
≥ 3 pontos
risco elevado
maior vigilância
risco elevado
ESC Guidelines 2010 on the management of atrial fibrillation (European Heart Journal)
Terapêutica paracontrolo da frequência e
controlo do ritmo
Controlo da frequência e controlo do ritmo
controlo do ritmo
controlo da frequência (alvo: FC ≤ 100)
+terapêutica antitrombótica
FA > 48h ou não sabe
FA sintomática apesar do controlo de frequência adequado
Controlo da frequência
FA
Estilo de vida sedentário Estilo de vida ativo
Doença associada
Nenhuma ou HTA IC DPOC
Digitálicoβ-bloqueador
DiltiazemVerapamilDigitálico
β-bloqueador Digitálico
DiltiazemVerapamil Digitálico
β-bloqueadores seletivos
ESC Guidelines 2010 on the management of atrial fibrillation (European Heart Journal)
Controlo da frequência
Administração IV Dose de manutenção oralβ-bloqueadoresMetoprolol CR/XL 2.5-5mg 100-200 mg qd (LP)Bisoprolol ------ 2.5-10 mg qdAtenolol ------ 25-100mg qdEsmolol 10 mg ------Propanolol 1 mg 10-40mg tidCarvedilol ------ 3.125-25mg bidAntagonistas dos canais do calcio não-dihidropiridinasVerapamil 5 mg 40mg bd até 360mg qd (LP)
Diltiazem ------ 60mg tds até 360mg qd (LP)
Digitálicos glicosidosDigoxina 5 mg 0.125 mg-0.5mg qdDigitoxina ------ 0.05mg-0.1mg qdOutros
Amiodarona 5 mg/Kg em 1h e 50 mg/h de manutenção
100mg-200mg qd
Dronedarona ------ 400mg bidESC Guidelines 2010 on the management of atrial fibrillation (European Heart Journal)
Varfarina vs novos ACO
A FAVOR
Varfarina
- maior experiencia no seu uso- mais barato- têm antídoto específico (situações de emergência)- teste simples para medir efeito anticoagulante- também está aprovado para FA valvular
Novos ACO
- dose fixa, sem monitorização analítica- melhor perfil hemorrágico- absorção não afetada por comida ou medicações
Varfarina vs novos ACO
Quando usar os novos fármacos?
- Se INR lábil
- Se grande dificuldade em o doente fazer a monitorização
- Alto risco de TE
- Se o próprio doente solicita o uso do novo fármaco
2012 Canadian Cardiovascular Society Atrial Fibrillation Guidelines
Se houver indicação para ACO, a maioria dos doentes deve receber dabigatrano, rivaroxabano (ou apixabano) preferencialmente à varfarina.A preferência nos novos ACO sobre a varfarina é menos evidente entre doentes já a receber varfarina com níveis de INR estáveis e sem complicações hemorrágicas.
Fim