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FESTAS, PROCISSÕES FEIRAS E ROMARIAS NO CONCELHO DA GOLEGÃ
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Festas, Procissões, Feiras e Romarias

Mar 22, 2016

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Antonio Cardoso

No Concelho da Golegã
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Page 1: Festas, Procissões, Feiras e Romarias

FESTAS, PROCISSÕES FEIRAS E ROMARIAS

NO CONCELHO DA GOLEGÃ

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Presidente da Câmara Municipal da Golegã, da Feira Nacional do Cavalo, e Romeiro-Mor da Confraria dos Romeiros de São Mar� nho

dia-a-dia de um período, de uma época. Pelo contrário, a

tradição é fruto de prá� cas e de comportamentos, que se

perpetuam pela repe� ção regular. É a temporalidade, na

qual se desenvolvem, que separa a tradição do costume.

Aqui na Golegã, Concelho, a tradição não é uma veleidade

passadista, mas sim uma experiência acumulada através

das gerações que nos precederam !!

A Golegã é na actualidade uma das Vilas de Portugal onde

esse legado inspirador - a tradição, tem um dos cenários e

sede mais marcantes. Ao invés do que vem acontecendo

em muitos locais do País, onde a “inventam”, na Golegã e

na Azinhaga é reinterpretada e reelaborada, complemen-

tando-a com a modernidade, sem confl itos. E isso conse-

gue-se através de acções de persuasão e de perseveran-

ça no sen� do de se respeitarem heranças vivas. De igual

modo, como respeitamos o património histórico edifi cado.

À semelhança da forma como também protegemos as nos-

sas urbes, aquando das suas reabilitações e requalifi cações,

de hábitos e de modismos passageiros, que na maioria das

vezes, em nome de um falso progresso, determinam prá� -

cas aberrantes e desenquadradas, que podem violar a har-

monia da nossa ruralidade. Por isso, através de uma árdua

tarefa diária, indicamos e promovemos a digna união da

arquitectura popular genuína, com a arquitectura erudita!

Porque um território como o nosso, onde a tradição é exal-

tada e integra um mundo rural digno, quer pela qualidade

ambiental, quer por uma agricultura próspera, tem assim,

condições ideais para um desenvolvimento sustentável.

Porque ainda, uma paisagem tradicional, ecologicamente

equilibrada e com marcos culturais que defi nem uma iden-

� dade muito própria, tem menor risco de ser despovoada.

Estes são os factores que elegemos e que determinaram

também o nosso crescimento económico, pois dis� ngui-

ram-nos e afi rmaram-nos. Mas trata-se, sobretudo, de um

legado às gerações vindouras, que nos deixa a serenidade e

a tranquilidade próprias de programações e de estratégias

cumpridas!

Dando prioridade às infra-estruturas e equipamentos pró-

prios do século XXI, que nos colocam, em algumas situa-

ções, acima da média da União Europeia e que concorre-

ram para que o Concelho da Golegã seja um dos lideres da

“Excelente Qualidade de Vida” em Portugal, assim como do

“Melhor Desempenho Ambiental”, nunca descurámos, an-

tes pelo contrário, foi sempre nossa preocupação que este

Concelho, de tradições genuínas, se tornasse um museu

vivo e dinâmico, cujos “actores” e espólio desfi lassem aos

olhos de quem nele vive e de quem o visita! Foi uma ca-

minhada iniciada em 1998 e que até hoje se percorre. Um

percurso que incluiu o es� mulo e a mo� vação daqueles ar-

tesãos, ar$ fi ces e ar� stas, desde o ferrador ao embolador,

passando pelo correeiro ao alfaiate até ao escultor, bem

como daqueles cujas lides tradicionais se desenrolam nos

nossos campos e borda d’água, tal o campino e o avieiro.

Porque é a sua imaginação, cria� vidade, habilidade e arte,

porque são as suas formas e os seus dignos gestos, que re-

petem no dia-a-dia, divulgando os modos, os es� los e as

épocas, através do produto das suas mãos, que iden� fi cam

a nossa cultura e preservam a nossa iden� dade. Outro tra-

jecto e des� no desse “caminho” foi o de dignifi car aconteci-

mentos, que exaltam a tradição, como o que acontece com

a Feira de São Mar� nho e Feira Nacional do Cavalo, às quais

introduzimos, em 1999, a Feira Internacional do Cavalo Lu-

sitano, testemunhada no ano seguinte, por Sua Excelência

o Presidente da República. Um ano antes havíamos criado a

ExpoÉgua e a Mostra de Gastronomia Ribatejana. Também

testemunhada, mas por Sua Excelência o Presidente da As-

sembleia da República, foi a realização de Festa do Bodo, a

úl� ma do milénio, depois de duas décadas e meia de au-

sência. Nesse ano de 1999, a Câmara Municipal da Golegã,

que muito nos honra presidir, desde esse período até hoje,

associou-se então com a autarquia azinhaguense e com a

Comissão das Festas, decorrendo assim o evento com a dig-

nidade merecida e pedida pelos Azinhaguenses.

Actos, factos e momentos, como aqueles que irá descobrir

neste Festas, Procissões, Feiras e Romarias, o qual corro-

bora que “a tradição é a experiência dos povos consagrada

pelo tempo”.

Nós somos muito do que fo-

mos! Por isso, aqui respeitamos

a tradição, que não é sinónimo

de passado, como o não é de

an� go. Muitos ainda a associam

a costume, o que não corres-

ponde à realidade, já que este

é fl uído e irregular, dependendo

da dinâmica e da fl exibidade do

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Feira de São MartinhoNational Horse Fair (November)

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O Sol começa a deitar-se mais

cedo, tornando os dias mais

curtos e as noites mais longas.

As tardes ainda quentes são

amenizadas pelo vento fresco,

que começa a soprar ou pelos

chuviscos trazidos por nuvens

tão passageiras como a nossa

existência. Veste-se o céu de

tom acinzentado, perdendo o

azul, como as árvores se ha-

viam já despido das suas fo-

lhas, que agora esvoaçam pela

brisa que desfaz tapetes ama-

relos, laranjas e encarnados,

que a sua queda havia criado.

É o Outono em todo o seu es-

plendor! À calma do campo da

Golegã, que vem pelo rabisco

do milho, depois da azáfama

da sua colheita, junta-se-lhe

agora ao seu restolho, a me-

lancolia. No espargal, agitam-

-se as oliveiras, às quais lhes

resgatam as azeitonas, assim

como se agitam as ruas da

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Vila, pelo vaivém dos Goleganenses, que caiam e pintam fronta-

rias, que limpam pá� os e arrumos, sobre o olhar daqueles que

calcorreando ruas e travessas procuram ali albergue para si e para

os seus, mais além um espaço para a pernoita dos animais e ainda

acolá um lugar de negócio. E este movimento, sob uma cor � ngida

pelos fumos de um ou outro borralho, que imprimem um cheiro

próprio, outrora bem mais marcado pelo dos lagares, anuncia que

a serenidade da Golegã se re� ra, dando lugar à algazarra.

Eis a Feira da Golegã, também de São Mar� nho, ao qual pela sua

boa acção lhe devemos por vezes um Verão antes do Inverno. É

tempo de debute do poldro recolhido do campo, que foi apoiado

e desbastado. É espaço para com garbo e orgulho, e porque não

com algum espavento, mostrar a montada que está bem na mão

e entre as pernas, ensaiando aqui e ali uma pirueta, para após

um arranque, seguido de um estancar, ela entre em piaff é, tran-

sitando depois para passage e sair em passo descontraído, num

tom triunfal como tudo � vesse sido fácil, ou mesmo nada � vesse

acontecido.

Ins� tuída por el-Rei D. Sebas� ão, no ano de 1571, a Feira depres-

sa se celebrizou, fi rmando a importância da Golegã na economia

e cultura nacionais. No século XVIII, em plena época do Marquês

de Pombal, era apresentada na Aula do Comércio como uma das

maiores feiras do País. Na verdade, teve sempre um papel angu-

lar no desenvolvimento da Golegã e por decreto régio do Rei D.

Luís, no ano de 1865, viu-lhe ser ins� tuído um Concurso Ofi cial

Nacional de Equinos. No primeiro confl ito mundial (1914-1918),

a Feira conhece então maior procura pela necessidade de cavalos

para a guerra, vindo a tornar-se ainda de relevante importância

aquando da II Guerra Mundial (1939-1954), nomeadamente pelo

racionamento de combus� veis e limitação da circulação motori-

zada, factores que promoveram a demanda de cavalos de sela,

mas sobretudo dos de � ro.

A evolução, o crescimento e a singularidade do evento, que se

vinha afi rmando dentro e fora das nossas fronteiras, mo� varam

o reconhecimento ofi cial, em 1972, ano no qual o Governo Por-

tuguês a decretou Feira Nacional do Cavalo, passando em 1999, a

incluir também a Feira Internacional do Cavalo Lusitano, período

durante o qual a Golegã, pelo reconhecimento nacional e estran-

geiro, do papel histórico do Cavalo na sua dis� nção, é proclamada

então como Capital do Cavalo, vindo a integrar, em 2005, a Rede

de Cidades Europeias do Cavalo (EUROEQUUS).

Em cada Novembro que passa, a Golegã “veste-se a rigor” e en-

galana-se o Arneiro para receber a sua Feira, a de São Mar� nho,

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a Feira Nacional do Cavalo e

a Feira Internacional do Ca-

valo Lusitano, enfi m, a Feira

da Golegã!

Uma mul� dão de nacionais

e de estrangeiros ruma à

Capital do Cavalo, para nela

ver desfi lar os valores tradi-

cionais e culturais, que con-

correm para a nossa iden-

� dade, chegados até nós,

transmi� dos de geração

em geração e que naqueles

dias, que se sucedem, pro-

porcionam uma contem-

plação con� nua e em cres-

cendo, de cor e movimento,

onde a beleza do Cavalo e

a arte de quem o doma, se

conjugam num espectáculo

único e verdadeiro .

Nesta Feira cruzam-se o

passado e o presente. O

São Mar� nho na Golegã é

fruto de um somatório de

vivências, de actos e de fac-

tos seculares, que ditaram a

sua personalidade ímpar, na

qual o Cavalo é rei e senhor,

sendo certamente a decana

das Feiras de Portugal. De

alma popular, senhora de

foros indestru� veis, é des-

� no de peregrinação devo-

tada e apaixonada. Ribate-

jana e cas� ça, revigorada de

ano para ano, sempre sob o

fumo dos assadores de cas-

tanhas e o aroma da água-

-pé, no século XXI a Feira é

feita de modernidade, mas

também, como sempre de

tradição!

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Festa do BodoDivine Holy Spirit Ceremony

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Na Azinhaga passaram já quatro anos sobre a úl� ma

Festa do Bodo e alguns séculos desde a primeira, que

ali se realizou, segundo rezam os escritos e os ditos,

que passam de geração em geração. Cinco dezenas de

dias após a Páscoa e eis Pentecostes, com as Festas

do Divino Espírito Santo ou do Bodo. Nomeado o Juiz

da Festa, na úl� ma, e depois de anunciadas pela Co-

missão que as organiza, inscreveram-se já mordomos

que fazem contas às dádivas que os obrigam a ves� r as

jovens raparigas solteiras, de azul, rosa e branco con-

forme os dias da procissão. Também incluídas estão as

rodilhas de onde caiem fi tas de seda estreitas e colori-

das, sobre as quais assenta o tabuleiro que leva o pão

ao Espírito Santo. A Guia, apesar de usar as mesmas

três cores, enverga-as em dias diferentes de todas as

outras. Já escolhido o parceiro, este ajudá-las-á no � -

rar e pôr do tabuleiro à cabeça. Aos meios-mordomos

assis� r-lhes-á metade da verba, bem como do pão.

Os Azinhaguenses com fervor e bairrismo limpam e

caiam os alçados principais das suas casas, que orna-

mentam, e engalanam as ruas, cujo chão cobrem de

“tapetes” de fl ores coloridas, por onde passará o cor-

tejo. E fazem-no para que as suas sejam as melhores, já

que no fi nal da Festa certamente serão as premiadas.

A azáfama, a que se junta alguma euforia própria de

quem gosta de brilhar, sublima a ansiedade de quem

semeou o milho, que agora se “sacha” ou plantou o

tomate, que anda a ser “curado”. Às gentes da an� ga

Azzancha quando se lhe entranha no seu espírito

uma crença ou devoção, não há ideia

que as dissuada. Nos campos e no es-

pargal da Azinhaga, onde o calor e as

trovoadas fazem fl orescer pastagens,

as éguas e os poldros arredondam-se

e compõem-se pela “comida”, ao mes-

mo tempo que mudam o pêlo. Noites

quentes e abafadas, dias grandes e lu-

minosos, que fazem da lezíria mo� vo

ideal de poemas, de can� gas e de pin-

tura - a tela polícroma do Ribatejo. E

os trabalhos con� nuam mesmo para

além do Sol se esconder para lá da

Charneca de Miranda, parecendo

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adormecer no Bairro, para depois

acordar para lá do Tejo, dando início

a uma nova jornada de preparação

da Festa, para a qual todo o tempo é

pouco, pois não tarda em chegar. São

dias de gargalhadas e até certamen-

te de desavença para que tudo fi que

como a Azinhaga merece e brilhe aos

olhos de quem a visita. E também sur-

ge o silêncio, próprio da bonança que

se segue à “tempestade” do trabalho,

próprio de quem mira e observa mudo

e quedo a obra que está no fi m e à

qual se emprestou tanto sen� mento e

emoção.

Os foguetes anunciam o começo da

Festa, ouvindo-se a Banda da Socie-

dade Recreio Musical Azinhaguense

1º de Dezembro que se dirige à Ca-

pela do Espírito Santo, que ali se er-

gue desde os tempos quinhen� stas.

De linhas simples e puras, de uma

graciosidade ímpar, própria da rus� -

cidade dignifi cada está também ela

engalanada, para a pompa do cortejo

e para a circunstância do dia. Todos e

tudo para aquele local sagrado e de

culto, confl uem! Depois do primeiro

acto, com solenidade, o da recepção

ao Juíz, inicia-se então o desfi le, tão

esperado e desejado, pelas ruas dos

mordomos, em cujas casas se vai re-

colhendo o pão.

A Azinhaga abre assim as suas portas,

para que os seus espaços pitorescos,

carregados de história e de tradição,

sejam invadidos por uma plêiade de

visitantes, que irão desfrutar dos seus

hábitos e costumes, vivendo uma

panóplia de acontecimentos que in-

cluem entre outros, as tradicionais

largadas de touros e as � picas anima-

ções musicais.

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Achega-se Maio, mês de Maria, com os seus dias mais

longos, expressivos da Primavera em toda a sua ple-

nitude, também pelas novas cores e pelos novos aro-

mas, que a natureza faz ressurgir. Na Golegã é tempo

de ExpoÉgua, de Romaria e de enaltecer os produtos

mais genuínos da terra, o Vinho, o Vinagre e o Azeite,

que por aqui acompanham e condimentam, sopas de

cagarrinhas, de saramagos, açordas de sável, ou ainda

migas de peixe, ícones da gastronomia local.

A Golegã é de novo ponto de encontro daqueles cuja

paixão é o Cavalo, daqueles que o criam, que o des-

bastam e o montam. De muitos que experimentam o

Verão de São Mar� nho, em Novembro, e que querem

que este período seja como que um São Mar� nho de

Verão, aproveitando para exaltar, premiar e elevar as

mães e fi lhas do efec� vo equino de todas as raças cria-

das em Portugal.

Eis a ExpoÉgua, o Salão do Vinho, do Vinagre e do Azei-

te, a Mostra de Gastronomia Ribatejana e a Romaria

a São Mar� nho, que a Golegã vem habituando quem

nela vive e quem a visita.

A ExpoÉgua, criada em 1998, surgiu pela necessidade

de corroborar o entendimento sobre a Égua, que con-

trapunha a rela� va subes� ma a que foi votada a algu-

mas décadas atrás. A maioria das Éguas eram e foram

instrumentos de trabalho de lavoura, gradando a ter-

ra quase todo o ano, sendo em regra pequenas, mas

resistentes, sub-alimentadas e mal resguardadas do

tempo. O trabalho era a prova natural de funcionali-

dade, e se exaus� vo o era, mais grave ainda o serem

“empregues” no seu período de crescimento. Com o

aparecimento e a evolução da mecânica agrícola, al-

gumas éguadas, cujo produto era des� nado somente

à lavoura ex� nguiram-se ou viram diminuídos os seus

efec� vos, apostando os criadores noutros objec� vos.

Só um muito reduzido número não “explorou” a Égua

como instrumento de agricultura, limitando-a ao seu

papel de mãe. Se aqueles que as u� lizavam na agricul-

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tura � nham a funcionalidade provada, outros limita-

vam-se à prova morfológica, salvo raras excepções. Se

sempre assis� u aos criadores de gado bravo, a tradição

de “tentarem” as futuras mães, já a maioria dos Criado-

res de Cavalos não montava, nem sen� a as suas Éguas.

Felizmente melhorou-se o nível de nutrição, a selecção

tem orientação cien� fi ca e além da nobre missão de

mãe, hoje vêem-se éguas toureias, saltadoras de obs-

táculos, “raidistas”, entre outras, atribuindo-se-lhes o

mérito devido. Os criadores conscientes do património

gené� co que herdaram, que possuem, têm hoje uma

deferência pela Égua, considerando-a e es� mando-a,

implicando-se com a Golegã, por esta nobre Vila ter

feito nascer a ExpoÉgua, a qual já se afi rmou como o

seu espaço de eleição e dis� nção.

Desde há muito que o Homem deu expressão à sua

busca de Deus, através de orações, sacri� cios, medi-

tações, procissões e romarias. As romarias são indiscu-

� velmente uma manifestação � pica da nossa cultura

secular e popular, com o objec� vo de cumprir um voto

de agradecimento ou para obtenção de uma graça. As

Romarias são caras ao povo português, crente e reina-

dio, que lhes imprime uma dupla função: religiosa e

social. Nelas par� cipam os fi lhos da terra pela sua fé

e ligação à Igreja, nas quais corroboram as raízes que

os unem ao local onde nasceram, donde vêm, criando

novas amizades e fortalecendo as an� gas.

Em Maio, desde 2001, a Confraria dos Romeiros de São

Mar� nho com a sua indumentária, parte do Arneiro,

seguindo o Romeiro-Mor e o Romeiro-Mestre, ruman-

do a um local sagrado, como a Matriz ou as Ermidas

de São Caetano, da Piedade, da Brôa e do Paúl, e na

presença da fi gura de São Mar� nho, cumpre os seus

votos e as suas devoções, após os quais, surge um sa-

lutar e fraterno convívio com os parentes, amigos e co-

nhecidos, ao redor da mesa, comendo, bebendo, logo

depois cantando e dançando no recinto da ermida ou

em pleno campo, exprimindo a sua alegria, dando lar-

gas ao entusiasmo da sua presença, num encontro que

lhes parece ser um dom de Deus gratuito e absoluto.

ExpoÉgua Saint Martin’s Pilgrimage (May)

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Romeiros bordejando o Tejo, entre a Golegã e São Caetano The Pilgrims along the Tagus River from Golegã to São Caetano

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Festas de S. Pedro Saint Peter’s Feast

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Em Marvila, cedo começa a labu-

ta daqueles que preparam o São

Pedro. Na sede da Sociedade

Filarmónica Goleganense 1º de

Janeiro ensaiam-se as marchas,

depois de estudadas as músicas

e as letras, sonham-se ves� dos,

imaginam-se arcos e balões e

convidam-se padrinhos.

A “peça” está montada, que co-

mece a Festa! Que o desfi le saia

com a banda do Largo da Câma-

ra, pois os Goleganenses já saí-

ram à rua para o ver passar. Pela

Rua D. Margarida Relvas chegará

ao pequeno largo, onde ao San-

to, em pedra, lhe quebrará o si-

lêncio, naquela noite de 28 para

29 de Junho. A alegria e a reina-

ção tomam conta daquele bair-

ro da Golegã. Os sons da música

que convida à bailação ecoam

pela Vila, quase se ouvindo na

Praça. Como não pode deixar de

ser a assar estão as sardinhas,

pois o vinho e o resto não falta-

rão.

Em 15 de Agosto, a Golegã ve-

nera Nossa Senhora da Guia. Foi

um ritual que se esvaneceu, mas

que a iden� dade fez ressurgir.

Os Soldados da Paz da Associa-

ção Humanitária dos Bombeiros

Voluntários da Golegã seguram

o andor encarnado, dourado a

folha de ouro, que leva a Guia

do Povo de Deus e dos Homens,

com a sua túnica branca e man-

to azul, segurando o Menino Je-

sus, também ele coroado como

sua Mãe. O calor aperta, mas

ninguém esmorece até se cum-

prir a tradição.

Festas de Nossa Senhora da Guia 15th August

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“Viva o Santo António, Viva o São João, Viva o 10 de Junho e a

Restauração!”

Nos princípios de Junho ornamenta-se o Largo 5 de Outubro,

enfi m, o largo da Capela de Santo António, para receber os fes-

tejos do Santo Casamenteiro, ao qual os Goleganenses sempre

manifestaram grande devoção. Preparam-se a procissão, de fo-

gaças, a quermesse e o arraial popular, que quando chegadas as

fes� vidades, será entremeado pela tradicional sardinha assada

que aguça o vinho, sobretudo o � nto, que é “guloso”, bebido

sob o olhar do Santo que foi Doutor da Igreja, e que da mansão

onde residem os espíritos celestes, dará a Sua bênção à Golegã

e a quem a visita de 12 para 13 de Junho.

Na Baralha, à Capela de São João, os Goleganenses e quem a

eles sempre se junta, de 23 para 24 de Junho saltam à fogueira,

“em número ímpar e pelo menos três vezes para fi carem por

todo o ano protegidos de todos os males”. Até altas horas da

madrugada queimam-se pela animação e pela dança os exces-

sos do caldo verde, da batata cozida, da sardinha ou da fêvera

de porco.

No Domingo de Ramos sai a solene procissão,

num público testemunho dos Goleganenses de

amor e gra� dão a Cristo-Rei, que “sofreu por nós,

deixando-nos o exemplo, para que sigamos os

seus passos”.

Depois de abençoados os Ramos inicia-se a cami-

nhada com algumas orações, rumo à Igreja Ma-

triz, onde será celebrada a Paixão de Cristo.

Procissão de Ramos Ramos Procession

Festas de S. João Saint John’s Feast

Festas de S. AntónioSaint Anthony’s Feast

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Terminaram os tempos de re� ro, de refl exão e de muita

oração. Os templos cristãos deixaram os panos e os man-

tos roxos, que eram sinal de luto e de penitência. Acabou

a Quaresma, acabaram as suas rezas e os seus jejuns, pre-

liminares do Mistério Pascal.

Estamos em plena Primavera, a estação da esperança! É

segunda-feira de Páscoa. Aparecem os músicos da Socie-

dade Recreio Musical 1º de Dezembro, a Banda da Azinha-

ga, e logo se inicia a procissão. Na frente dois tocheiros

ladeiam quem leva a Cruz. O andor com Nossa Senhora da

Piedade, é olhado em silêncio, com respeito e veneração,

pelas gentes que o acompanham e o seguem. O desfi le

imponente sai da Azinhaga, passando o Cabo das Casas

em direcção à Capela da Piedade. Orações, pensamentos

e desejos rezam-se e formulam-se ao longo daquela santa

caminhada, ao mesmo tempo que se contemplam as no-

vas cores e se cheiram os novos aromas, com que o campo

agracia aquela passagem. Os plátanos que assistem uma

vez mais àquela peregrinação, reconfortam com a fres-

cura das suas sombras, os devotos caminhantes. Alguns

pensam na chegada, que lhes é merecida. Nossa Senhora

da Piedade já voltou à casa que é Sua há mais de meio

milénio. Mais abaixo, entre a Ermida e o Almonda a lezí-

ria verdejante espera por todos aqueles que a elegem em

dia de Bateiras para a desfrutar. Uma sombra aqui, outra

acolá, mais a da maracha do rio. Montaram-se mesas para

aqueles que delas não prescindem, as quais rapidamen-

te se cobrem de farnéis trazidos, com pe� scos e manjares

apetecíveis e que o vinho rega como manda a sede e a tra-

dição. O Sol já se escondeu, mas ainda se mostra a alegria.

Procissão e Arraial de Nossa Senhora da Piedade Easter’Monday

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Rodopiam as bonitas mulheres e as alegres “cachopas” (rapa-

rigas em ribatejano), fazendo rodar as suas saias, num bailado

acompanhado pelos seus pares garbosos e viris. A tocata dita-

-lhes o ritmo e a cantadeira ou o cantador anima-os a con� nu-

ar. Batem o pé os campinos fazendo tremer o chão. O mesmo

bailaram e cantaram seus pais e seus avós. É que povo sem me-

mória, não existe!!

Anualmente surgem na Golegã e na Azinhaga, através dos seus

“ranchos”, nomeadamente dos federados, fes� vais de folclore.

Na Golegã, o seu Rancho Folclórico, tal como antropólogo so-

cial, estuda, pesquisa e interpreta hábitos e costumes de antão

que depois de muito vividos se sedearam na sua terra. Recriam

então a apanha da azeitona, as vindimas ou os tradicionais tra-

balhos na eira, não descurando as diversas vestes, conforme

a faina, não se cingindo aos “bailaricos”, aos “verdes gaios” e

à “roda”. De igual forma, os Campinos de Azinhaga mostram

trajes que remontam à época român� ca, seja a ceifeira endo-

mingada ou o campino de barrete verde (ou azul se for de maio-

ral real) de carapinha encarnada, que faz reluzir os metais das

suas esporas ou os botões da jaleca e dos calções, ao longo do

“fadinho ba� do”, da “moda dos dois passos” e do “vira de seis”.

Ao som do acordeão, do reco-reco, da viola portuguesa, do to-

que no cântaro e dos ferrinhos, todos cantam, dançam e encan-

tam quem assiste às suas exibições. Em comum a arte e a mes-

tria, e porque não o orgulho do brio, para além do “fandango”.

Mas no Concelho outras manifestações concorrem para o pro-

mover, divulgar, dignifi car e exaltar. Seja o Concurso Internacio-

nal de Atrelagem de Tradição, seja o Na Golegã, fora de Época,

Carros sem Cavalo, ou ainda o Concurso de Traje Português de

Equitação, entre muitos outros, como a Mostra de Gastronomia

Ribatejana e o Salão do Vinho, do Vinagre e do Azeite, em Maio.

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