ECONOMIA 13 de Outubro de 2011 O MIRANTE EMPREGOS VII CLASSIFICADOS XVI Vindimas indicam ano de grande qualidade apesar de menor produção A Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Tejo prevê um ano de “excelência” na qualidade dos vinhos produzidos na região, embora registe uma quebra na quantidade que poderá rondar os 25 a 30 por cento, de- vido aos ataques de míldio registados no fi- nal da Primavera. José Gaspar, presidente da CVR Tejo, disse à agência Lusa que as vindimas, que na região começaram no início de Agosto, decorreram “muito bem”, com mostos a perspectivarem vinhos “muito equilibra- dos” e “frutados”. Segundo disse, as perdas nas cooperativas chegaram a rondar os 50 por cento, tendo sido bastante menores nos privados. José Gaspar realçou o facto de a região estar a registar um crescimento significati- vo nas exportações - um aumento de 52 por cento no primeiro semestre do ano em com- paração com o período homólogo -, o que atribuiu ao esforço de promoção externa que a CVR Tejo tem desenvolvido em par- ceria com os principais agentes económicos. Feira de Santa Iria em Tomar aposta nos usos e costumes genuínos De 14 a 23 de Outubro na Várzea Grande, em simultâneo com a “Feira das Passas” na Praça da República. O certame vai funcionar dentro dos moldes habituais, com os divertimentos, vendedores e exposições 2 Credores da Aquino Construções criam plano de recuperação da empresa 12 Identidade Profissional Gerir um negócio rodeado de animais Jorge Cinturão é proprietário da “Zooamazónia” 6 Empresa da Semana Libersucesso prepara abertura de novas lojas Uma empresa que forma comerciais para trabalhar no terreno 7 Três Dimensões Alistei-me na Força Aérea e ganhei alergia a fardas Joel Marques, presidente da Junta da Carregueira 10 Fusão de empresas dá origem a Moneris Risa O CEO do Grupo Moneris considera que esta fusão só traz vantagens e pretende consolidar a relação de proximidade com as empresas da região. Na foto Rui Pedro Almeida, CEO da Moneris (esq.), e Jorge Pires, Director Geral da Risa 11 Especial Inscrições abertas para formação de formadores na Nersant 11
Libersucesso prepara abertura de novas lojas Alistei-me na Força Aérea e ganhei alergia a fardas EMPREGOS VII O CEO do Grupo Moneris considera que esta fusão só traz vantagens e pretende consolidar a relação de proximidade com as empresas da região. Na foto Rui Pedro Almeida, CEO da Moneris (esq.), e Jorge Pires, Director Geral da Risa 11 Uma empresa que forma comerciais para trabalhar no terreno 7 Empresa da Semana Jorge Cinturão é proprietário da “Zooamazónia” 6 Especial
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Economia 13 de Outubro de 2011O MIRANTE
EMPREGOS VII
claSSificadOS xVI
Vindimas indicam ano de grande qualidade apesar de menor produção
a comissão Vitivinícola Regional (cVR) do Tejo prevê um ano de “excelência” na qualidade dos vinhos produzidos na região, embora registe uma quebra na quantidade que poderá rondar os 25 a 30 por cento, de-vido aos ataques de míldio registados no fi-nal da Primavera.
José Gaspar, presidente da cVR Tejo,
disse à agência Lusa que as vindimas, que na região começaram no início de agosto, decorreram “muito bem”, com mostos a perspectivarem vinhos “muito equilibra-dos” e “frutados”. Segundo disse, as perdas nas cooperativas chegaram a rondar os 50 por cento, tendo sido bastante menores nos privados.
José Gaspar realçou o facto de a região estar a registar um crescimento significati-vo nas exportações - um aumento de 52 por cento no primeiro semestre do ano em com-paração com o período homólogo -, o que atribuiu ao esforço de promoção externa que a cVR Tejo tem desenvolvido em par-ceria com os principais agentes económicos.
Feira de Santa Iria em Tomar aposta nos usos e costumes genuínosDe 14 a 23 de Outubro na Várzea Grande, em simultâneo com a “Feira das Passas” na Praça da República. O certame vai funcionar dentro dos moldes habituais, com os divertimentos, vendedores e exposições 2
Credores da Aquino Construções criam plano de recuperação da empresa 12
Identidade Profissional
Gerir um negócio rodeado de animaisJorge Cinturão é proprietário da “Zooamazónia” 6
Empresa da Semana
Libersucesso prepara abertura de novas lojas
Uma empresa que forma comerciais para trabalhar no terreno 7
Três Dimensões
Alistei-me na Força Aérea e ganhei alergia a fardasJoel Marques, presidente da Junta da Carregueira 10
Fusão de empresas dá origem a Moneris Risa
O CEO do Grupo Moneris considera que esta fusão só traz vantagens e pretende consolidar a relação de proximidade com as empresas da região. Na foto Rui
Pedro Almeida, CEO da Moneris (esq.), e Jorge Pires, Director Geral da Risa 11
Especial
Inscrições abertas para formação de formadores na Nersant 11
13 OUTUBRO 2011 | O MIRANTEFEIRA DE SANTA IRIA -TOMAR| 2
FIM. O Poço da Morte marcou presença na última feira, numa das últimas actuações de Henrique Amaral
Feira de Santa Iria em Tomar aposta nos usos e costumes genuínosDe 14 a 23 de Outubro na Várzea Grande em simultâneo com a “Feira das Passas” na Praça da Repúblicaw
Presença anual do calendário das romarias da região, a Feira de Santa Iria regressa ao recinto da Várzea Grande, em Tomar, entre os dias 14 e 23 de Outubro. De um modo global, o certame vai funcio-nar dentro dos moldes habituais, com os divertimentos, vendedores e exposição de automóveis, motos e tractores agrícolas centrados na Várzea Grande enquanto a Praça da República acolhe mais uma vez a Feira das Passas. Este ano, de acor-do com a autarquia, há um acréscimo de comerciantes, com a presença de mais fazendeiros na Feira das Passas. Para além dos divertimentos e carrosséis da praxe, o programa de animação musical é vasto, com os espectáculos a decorrer num palco montado junto do Tribunal Judicial da cidade.
Um dos momentos mais aguardados tem lugar na quinta-feira, 20 de Outu-bro, dia de Santa Iria, com a evocação do martírio de Santa Iria através do lan-çamento de pétalas ao rio por mais de mil crianças dos jardins-de-infância e es-colas do 1º ciclo do concelho. Este ano a missa será na igreja de Santa Maria dos Olivais, pelas 10 horas, com o cortejo a partir dali pelas 11 horas, seguindo pe-la Rua de Santa Iria, Avenida General Norton de Matos, Avenida Ângela Ta-magnini, Rotunda Raul Lopes, Alameda Um de Março, Rua Marquês de Pombal e terminando na Ponte Velha com o lan-çamento de pétalas ao rio.
A organização do certame refere que “por mais anacrónica que esta feira” mercantil possa parecer nos dias de ho-
je, continua a arrastar muitos milhares de pessoas e a marcar o mês de Outubro em Tomar. Este ano a Feira de Santa Iria não vai ter Poço da Morte uma vez que o seu protagonista, Henrique Amaral, abandonou a actividade aos 81 anos mas não vão faltar os carrinhos de choque, as barraquinhas de algodão doce nem os tra-dicionais mercados de rua onde os feiran-tes tentam vender recorrendo à brejeiri-ce de certos pregões. Também os sabores da região voltam a marcar presença nas
tasquinhas, situadas no Mercado Muni-cipal. Registo ainda para a exposição de trabalhos escolares (do jardim-de-infân-cia ao ensino superior) que abordam, de forma original, toda a temática de Santa Iria. Esta exposição está patente na Casa dos Cubos, junto à Rotunda Alves Redol, sendo inaugurada por uma comitiva que irá visitar a Feira de Santa Iria no dia 14 de Outubro, às 17h30, data da inaugura-ção do certame.
Cartaz musical: Dos “Ganda Malucos” a Quim Barreiros
O programa de animação da Feira de Santa Iria conta com dois espaços distintos para acolher os espectáculos: a Praça da República (durante as tardes de fim-de-semana) e o palco da Feira, junto à Várzea Grande, em parte das noites. Assim, e por ordem cronológi-ca, na sexta-feira, dia 14 de Outubro, actuam os “Ganda Malucos” (21h30 no Palco da Feira). Já no sábado, 15, as actuações estão a cargo do Rancho Fol-
clórico do CIRE (15h30 horas, na Praça da República) e do Rancho “ Os Campo-neses de Minjoelho” (16 horas no mes-mo local), enquanto João Marcelo pisa o Palco da Feira às 21h30. No domingo, 16 de Outubro, será o Rancho Folclóri-co “ Os Canteiros da Pedreira” a actuar na Praça da República às 15 horas. Na quinta-feira, dia 20 de Outubro, desta-que para a actuação, no Palco da Feira, do popular Quim Barreiros, que come-ça a cantar pelas 21h30. Na sexta, 21, à mesma hora, pisa este mesmo palco a Tuna Templária. No sábado, 22, pas-sam pela Praça da República o Rancho Folclórico S. Miguel de Carregueiros (15 horas) e o Grupo de Cantares Regionais
“ Os Templários” (16 horas), enquanto a noite no Palco da Feira será de Nema-nus (21h30). Finalmente, no domingo, 23 de Outubro, actua pelas 16 horas na Praça da República, o Rancho Folcló-rico “Os Camponeses da Peralva” que encerra as festividades.
foto arquivo O MIRANTE
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ACTUAÇÃO. O Rancho do CIRE actua na Praça da República no próximo sábado
Um rancho folclórico muito especial Dezasseis adultos que superam as suas limitações quando dançam
A dança é uma actividade terapêutica para utentes do Centro de Integração e Reabilitação de Tomar (CIRE). Na Feira de Santa Iria sobem ao palco no próximo sábado pelas três da tarde, na Praça da República.
Fomos encontrá-los bem-dispostos, alinhados aos pares, prontos para mais um ensaio que decorre todas as segundas-feiras, pelas 14 horas, numa sala polivalente. Os 16 elementos do Rancho Folclórico do Centro de Integração e Reabilitação de Tomar (CIRE), oito homens e oito mulheres, começam a dar mostras do que já sabem segundos após Antó-nio Silva, animador cultural da instituição, colocar “As Pombinhas da Catrina” a soar na aparelhagem. Fazem uma roda e são observados de perto pelas monitoras Teresa Macedo e Teresa Duarte que os fazem acertar o passo. “Tiago, tens que bater as pal-mas três vezes. Nós vimos que bateste apenas duas vezes”, emendam. Os três ensaiadores deste rancho muito especial não possuem formação em folclore mas conseguem levar a bom porto os ensaios.
Todos os membros se empenham em dar o seu melhor como o público pode comprovar no próximo sábado, 15 de Outubro, pelas 15 horas, na Praça da República. Uma actuação que é feita no âmbito da Feira de Santa Iria deste ano, com o espectáculo a prometer emocionar a assistência. “Estamos a falar de pessoas com deficiência que estão a dançar em cima de um palco e fazem autênticas maravilhas. Se calhar nós não conseguimos dançar. Afinal quem é o deficiente?”, sublinha António Silva que, aos 64 anos, não abdica de trabalhar com “os seus meninos”.
O Rancho Folclórico do CIRE existe, praticamen-te, desde que a instituição foi fundada, em Feverei-ro de 1976. No início, consistia em apenas dois ou três pares mas, quando a instituição passou a ter um Centro de Actividades Ocupacionais (CAO), em 1996, estes monitores decidiram que seria importan-te não só manter como alargar o número de parti-cipantes do rancho, todos com idade superior a 20 anos, que foram escolhidos por mostrarem estar à altura deste desafio.
Os ensaios do rancho duram em média 30 minu-tos. As “modas” dançadas são as típicas do folclo-re tradicional português mas a coreografia é quase sempre adaptada conforme a resistência física dos
elementos do grupo, muitos deles com Trissomia 21. No dia do espectáculo há um jogo entre dança e entretenimento. “Fazemos oito, nove danças, com algum palavreado pelo meio uma vez que sou eu que apresento, e assim passam os 20, 25 minutos”, explica António Silva. Em cima de um palco, o gru-po apresenta-se sempre vestido a rigor.. Elas vestem saias pretas e camisas de diversas cores, os rapazes com calça escura, colete, camisa branca e laço pre-to. Algumas peças são dos próprios utentes, outras são fornecidas pela instituição.
O mais gratificante, para a equipa destes três mo-nitores, é sentir o prazer que estes utentes do CIRE têm em dançar e actuar para o público onde, mui-tas vezes, se encontram rostos familiares. “Acaba por ser um trabalho onde desenvolvem as suas ca-pacidades nas vertentes social, motora, psicológica e física”, complementa.
“São tão capazes de fazer isto como os outros. Le-vam mais tempo a aprender, é certo, mas também conseguem dançar dentro do compasso e obedecer às coreografias”, aponta o monitor cultural que tra-balha no CIRE há 32 anos. Em média, o rancho ac-tua duas vezes, um pouco por todo o país, tendo já actuado no Pavilhão Atlântico.
Quando a música pára, todos se sentam em silêncio, a descansar, enquanto a nossa conversa se desenrola. É então que Eduardo Gomes, 26 anos, vem ao nosso encontro para tentar explicar porque gosta tanto de pertencer ao rancho. “É muito bonito e divertido”, solta, acrescentando que a sua dança preferida é “A Escovinha” e que também participa no grupo de te-atro. Mas a música de eleição de todo o grupo é “O Apanhar do Trevo”, diz Américo Pereira, 46 anos, um dos utentes mais antigos do CIRE.”Eles levam is-to muito a peito para fazer um trabalho como deve ser. É complicado às vezes mas muito recompensa-dor”, atalha Teresa Macedo, acrescentando que to-dos ficam felizes quando sentem que as danças são bem executadas.
Por norma, o público que assiste à exibição do Rancho do CIRE acaba sempre por aplaudir de pé e com lágrimas nos olhos. Talvez porque tenham acabado de presenciar um compasso acertado como nunca imaginaram ver.
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Júlio Figueiredo, 41 anos, Optometrista, Tomar
“A crise é apenas uma pedra no caminho”
O responsável pela Loja “Multiópticas” aberta há 11 anos na Alameda Um de Março, re-fere que, apesar da crise, toda a sua equipa mantém um espírito optimista. Não obstante admi-te que, de algum tempo a esta parte, adoptou alguns cuidados na gestão da loja, por exemplo, prestando mais atenção às lu-zes ligadas ou verificando se, no final do dia, as máquinas fi-cam desligadas. “Estamos aten-tos a estes pormenores porque os custos, hoje em dia, são um factor importante no negócio”, sustenta, acreditando que com trabalho e dedicação diária con-segue-se contornar a crise. A ní-vel pessoal refere que já controla mais as idas ao cinema ou os jan-tares em restaurantes. Quanto aos preços praticados na óptica, refere que a crise o levou a fazer “pequenos ajustes” mas seguiu a política da Multiópticas, ten-tando compensar o momento com uma oferta alargada em ter-mos de preços e desenvolvendo campanhas para todos os bolsos. “Não queremos que ninguém sinta que não pode comprar óculos porque são caros”, ates-ta. O que a crise não conseguiu foi afectar a sua boa disposição. “Acordo todos os dias, olho para o espelho e digo que vai ser um dia extraordinário. Não penso na crise. É apenas uma pedra no caminho”, refere. Já a Fei-ra de Santa Iria é, na opinião do nosso interlocutor, benéfica para a cidade, trazendo muitas pessoas de fora e fazendo com que os tomarenses se animem e sintam que a cidade “mexe” por estes dias.
Maria Hortense Leonardo, 55 anos, Esteticista, Tomar
“Quando as pessoas vão à Feira não estão a pensar na crise”
Os preços não subiram na clínica “Vénus” nos últimos dois anos e os clientes não di-minuíram. As suas rotinas tam-bém não se alteraram desde que a crise estalou, sendo obri-gada a almoçar todos os dias fora de casa uma vez que resi-de longe do local de trabalho. “Estou mais protegida nesta altura porque nunca fui além das minhas possibilidades. Não sou uma pessoa esbanjadora e tenho consciência do que real-mente preciso e do que é su-pérfluo. Além disso sou uma pessoa positiva”, refere. Traba-lhando num ramo muitas ve-zes considerado como um luxo, nunca necessitou de recorrer a uma empresa de cobranças di-fíceis, sublinhando a lealdade dos clientes neste ponto. “Só ti-ve uma cliente, de Lisboa, que me ficou a dever cem euros de tratamentos mas já foi há uns anos”, refere, acrescentando que quando as pessoas recebem a prestação dos seus serviços têm que estar conscientes das despesas que também tem com os fornecedores, renda, água ou luz. Em relação à Feira de Santa Iria considera que é uma “feira bonita, que atrai muita gente” embora gostasse mais de ver a Feira das Passas jun-to da Várzea Grande ao invés de ser na Praça da República. “Quando as pessoas vão à Fei-ra não estão a pensar na crise”, refere, soltando uma agradável gargalhada.
De um modo geral todos fazem o que faziam antes da crise
A Feira de Santa Iria não deve acabar porque para tristezas já basta o que basta e o povo precisa de alguma animação. Esta é uma das ideias que fica após as entrevistas feitas a alguns cidadãos de Tomar. Todas elas dizem que pouco mudou nas suas vidas desde que os meios de comunicação social e os políticos começaram a agitar o espantalho das “mil e uma desgraças”. E há uma revelação interessante. Todos garantem que já eram poupados e que não viviam acima das suas possibilidades. Que a Padroeira os proteja e os livre de caloteiros poderiam ser os desejos a endereçar a quem falou connosco.
Ana Marta Nunes, 38 anos, Técnica Oficial de Contas, Tomar
“Quando nos falta o chão temos que dar um passo em frente”
A crise não a levou a jogar mais vezes no Euromilhões nem a deixar de comprar jornais, por exemplo, mas mudou a sua vida noutros aspectos. Optou por re-duzir os gastos mais supérfluos e passou a dar mais atenção ao pre-ço dos bens alimentares optando muitas vezes por comprar produ-tos de “marca branca”. Faz tam-bém um esforço para consumir produtos de origem portuguesa e tem ainda o cuidado de reduzir gastos com electricidade e comu-nicações, passando a ser mais cri-teriosa no que concerne à escolha de seguradoras. “Se antes pedia um ou dois orçamentos, agora peço quatro ou cinco”, explica. A crise não a levou a aumentar o preço dos serviços que presta. “Apesar das nossas obrigações fis-cais serem superiores e o trabalho e o acompanhamento prestado aos clientes ser igual ou superior temos que atender que estamos em crise e todos temos que cola-borar e fazer com que se aguen-tem no mercado”, diz. Optimista, refere que a crise sempre existiu e, embora mais agravada, as pes-soas não podem baixar os braços e devem agarrar as oportunidades que lhes possam surgir. “Quando nos falta o chão temos que dar um passo em frente”, afirma. A Feira de Santa Iria de Tomar é, para a nossa interlocutora, um ponto de animação e dinâmica da cidade, trazendo visitantes de muitos lo-cais do país. A sua realização é, na sua opinião, positiva e, para além da dinâmica comercial, re-cria uma tradição de feira mer-cantil que deve ser preservada.
João Lourinho, 74 anos, empresário, Tomar
“Se não fazem a Feira de Santa Iria é uma carga de trabalhos”
O fundador da Avicentro - Sociedade de Produtos Aví-colas em Tomar, diz que faz praticamente a mesma vida desde que a crise se acentuou uma vez que sempre fez da poupança uma máxima de vi-da, limitando-se a viver dentro das suas possibilidades. “Con-forme amealhava, investia”, refere, acrescentando que co-nhece bem as dificuldades da vida pois teve que recomeçar do zero há mais de trinta anos quando perdeu tudo o que ti-nha em África. Confessa que a actual situação o surpreendeu numa fase em que já contava com maior estabilidade. “Se for preciso ainda arregaço as mangas e agarro numa máqui-na para limpar mato”, afiança para mostrar a sua determina-ção mas confessa que está apre-ensivo. Com alguns créditos a receber, ainda não recorreu a uma empresa de cobranças di-fíceis preferindo recorrer aos tribunais, apesar de achar que de pouco vale porque as pes-soas estão falidas e a despesa com o advogado acaba por ser penalizadora. Em relação à Fei-ra de Santa Iria diz que pode contribuir para que as pessoas esqueçam as amarguras uma vez que é bastante apreciada pelas populações. “Se não fa-zem a Feira de Santa Iria é uma carga de trabalhos. O dinheiro pode faltar para tudo mas para a festa tem que haver”, aponta, apesar de considerar que mui-tos visitantes vão à Feira mais para ver do que para comprar.
Celso Carvalho, 33 anos, técnico agrícola, Tomar
“Feira de Santa Iria ajuda a desanuviar o ambiente”
Considera que muitas pesso-as ainda não têm a noção real da crise que está instalada e que, neste momento, toda a gente devia poupar. Celso Carvalho, que trabalha na manutenção de herdades agrícolas, sente na pe-le o que é a crise há muito tem-po e, nos últimos tempos, ain-da mais. “Deixei de sair tanto à noite ou de ir tantas vezes ao café”, exemplifica. O tomarense considera que as empresas, nu-ma situação de incumprimento devem recorrer ao diálogo ao invés de contratarem serviços de cobranças. “Há muita gente com a corda na garganta que vende os seus bens ou faz em-préstimos para pagar as dívidas. Penso que deve haver compre-ensão nesta situação e tentar entrar num acordo”, refere. Apesar da crise, refere que ain-da consegue ver “a vida a cores” pelo que tenta viver o dia-a-dia com base no dinheiro que tem, conseguindo ainda ter dinheiro para sobreviver. “Sei de pessoas que davam bens alimentares a instituições e agora são elas que recorrem à ajuda das mesmas”, diz. A Feira de Santa Iria deve realizar-se, na sua opinião, to-dos os anos mais que não se-ja para ajudar a desanuviar o ambiente e trazer movimento à cidade. Apesar de sentir que as pessoas vão mais à Feira pa-ra ver do que para comprar, o que antigamente não aconte-cia. “As pessoas podem comprar um brinquedo para os filhos ou um saco de pipocas mas não vai além disso”, lamenta.
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Vítor Luta, 57 anos, tipógrafo, Tomar
“As pessoas já deixaram de ter vergonha de dever dinheiro”
Habituado a ser poupado desde criança, não mudou os seus hábitos devido à crise eco-nómica apesar de optar por ser ainda mais cuidadoso com as compras que faz fora de casa. Gerente da Tipografia Tipomar, confessa que ainda não recorreu a nenhuma empresa de recupe-ração de créditos mas a ideia já esteve mais longe da sua cabeça. “A parte pior deste, e penso que de qualquer outro ramo, é con-seguir cobrar o que nos devem pelos trabalhos que fazemos. As pessoas já deixaram de ter ver-gonha de dever dinheiro e isto tem tendência para piorar”, re-fere. O problema da acumula-
“Já vivia em crise antes de haver crise”
Garante que mantém os mesmos hábitos desde que a crise veio para ficar. “Já vivia em crise antes de haver cri-se”, confessa bem-humorado, acrescentando que tendo nas-cido numa família de origens humildes e financeiramente pouco abonada foi educado a viver apenas com o fruto do suor do seu trabalho. “Sou bastante comedido no que diz respeito a gastos porque acho que temos que ter o cuidado de antever as situações e de preve-
“Tento ver a vida o mais colorida possível”
O pai ensinou-a a ser poupa-da e o ensinamento nunca foi es-quecido, pelo que não modificou a sua vida desde que a crise ficou mais evidente em Portugal. “O facto de ter estudado fora e o nascimento de duas filhas con-tribuiu para que soubesse dar ainda maior importância à pou-pança”, refere. Mesmo assim dá por si a desligar as luzes e a pe-dir às filhas que tomem banhos mais curtos. A crise também se
ção de dívidas de clientes, que chegam aos três e quatro anos, passa por também lhe ser mais difícil cumprir os seus compro-missos aos seus fornecedores. “Esses não me perdoam. Che-ga aquele dia e se eu não pago cortam o fornecimento”. Rela-tivamente à Feira de Santa Iria considera a sua realização po-sitiva embora sinta que “já não é o que era dantes”, recordan-do que muitas pessoas do cam-po vinham, de propósito, para comprar roupa para o Inverno. “Hoje as pessoas vêm à Feira de Santa Iria, sobretudo, para pas-sear e ver quem está a passear. As compras, essas, fazem-nas nas grandes superfícies”, afirma.
referindo que, num estado que se quer democrático, não faz sentido fazer justiça pelas pró-prias mãos. Como nunca quis dar um passo maior do que as pernas diz que a crise não afec-tou nem a sua saúde física nem a moral. “Ainda não precisei de antidepressivos mas há muitos que talvez já o tenham feito. O problema maior desta crise resulta no facto das pessoas cometerem excessos e viverem acima das suas possibilidades, acabando sobre endividados”, refere. Em relação à Feira de Santa Iria considera que é uma data “extraordinária” no calen-dário anual das festas e roma-rias de Tomar.
João Sousa, 45 anos, pedreiro, Porto Mendo (Madalena) Tomar
nir o futuro”, avisa. Em tempos teve que recorrer ao Tribunal de Trabalho para conseguir que lhe pagassem o ordenado,
Maria João Fael, 37 anos, Médica Veterinária, Tomarrepercutiu no seu negócio uma vez que teve que incluir nos pre-ços praticados a subida do IVA.
Apesar disso não mexeu nos pre-ços uma vez que, na sua opinião, a crise faz-se sentir ainda mais numa cidade como Tomar. Ape-sar de nunca ter recorrido a uma empresa de cobranças, confessa que a ideia já lhe passou pela cabeça, embora a contratação destes serviços também seja dispendioso. Não se sente deprimida porque tenta ver sempre a vida o mais colorida possível. Em relação à Feira de Santa Iria, a Maria João considera que pode ser-vir para animar o estado de ânimo das pessoas,
tal como outros eventos que têm ocorrido em Tomar. “É sempre bom ter cultura e movimento numa cidade tão bonita como a nossa mas que tem elevados riscos de ficar estagnada com esta crise”, considera.