FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE RICARDO DE LIMA LACERDA FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE OPERÁRIOS DE CURTUMES VOLTA REDONDA 2011
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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
RICARDO DE LIMA LACERDA
FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE OPERÁRIOS DE CURTUMES
VOLTA REDONDA
2011
FUNDAÇÃO OWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE OPERÁRIOS DE CURTUMES
Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente do UniFOA, para a obtenção de título de Mestre.
Aluno:
Ricardo de Lima Lacerda
Orientador:
Dra. Rosana Aparecida Ravaglia Soares
VOLTA REDONDA
2011
FOLHA DE APROVAÇÃO
Aluno: Ricardo de Lima Lacerda
FAST CHROM: KIT PARA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE
OPERÁRIOS DE CURTUMES
Orientadora:
Profa. Dra. Rosana Aparecida Ravaglia Soares
Banca Examinadora:
_________________________________________________
Profa. Dra. Rosana Aparecida Ravaglia Soares
_________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Baptista
_________________________________________________
Profa. Dra. Maria Auxiliadora Motta Barreto
Este trabalho é dedicado
A minha companheira e amiga Yanna,
pela compreensão e incentivo.
Aos meus queridos pais, por tudo.
E a Deus pela vida.
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Professora Rosana Ravaglia, que soube me levar
pelos caminhos dessa pesquisa.
Ao professor Mauro César Tavares, pelas orientações iniciais.
A todo o corpo docente do MECSMA, o qual admiro muito.
A toda a equipe do UniFOA, pelo espaço e tempo cedidos, que tornaram
possíveis esta dissertação.
A todos os amigos e colegas de jornada durante o mestrado, que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização dessa dissertação.
A todos que me ajudaram e incentivaram a prosseguir e chegar ao final.
RESUMO
O cenário produtivo atual traz novas exigências no que se refere à
qualificação do trabalhador. Nesse novo perfil de organização empresarial, é cada
vez mais importante ter funcionários pró-ativos, adaptados a nova realidade, e aptos
a lidar com imprevistos. Durante nove anos trabalhando na cadeia produtiva do
couro, observamos a necessidade do aperfeiçoamento dos profissionais do setor. O
presente trabalho tem por objetivo aplicar uma nova metodologia para auxiliar no
ensino de ciências do meio ambiente a operários de curtume. O experimento foi
realizado comparando a coloração dos banhos finais do curtimento com um kit
elaborado por nós contendo uma escala colorimétrica com o objetivo de transmitir
noções de educação ambiental aos operários de curtumes. Concluímos que o
ensino informal de operários de fábrica, baseado nos kits de escala colorimétrica,
pode ser muito útil tanto para o operário, que agrega mais conhecimentos a sua
formação, quanto para o empregador, que passa a dispor de operários mais
capacitados.
Palavras-chave: Ensino profissional, operários de curtume, meio
ambiente, redução de teor de cromo.
ABSTRACT
The current production scenario brings new requirements regarding the
qualification of worker. In this new profile of corporation organization is more and
more important to have pro-active employees adapted to new realities, and able to
deal with unforeseen. During nine years working in the leather supply chain, we
observed the need for improvement of industry professionals. This study aims to
apply a new methodology to assist in environmental education for workers in tannery.
The experiment was performed comparing the coloration of the final tanning baths
with a kit prepared by us containing a colorimetric scale in order to transmit notions of
environmental education to workers in tanneries. We conclude that the informal
education of factory workers, based on the colorimetric scale kits can be very useful
both for the worker, that adds more knowledge to their formation, and for the
employer, which now has more skilled workers.
Keywords: Professional education, tannery workers, the environment,
Figura 1: Estrutura química do orto-ftalato de sódio. ................................................ 32
Figura 2: Esquema da escala colorimétrica formada por tubos de ensaio com
diferentes concentrações de efluente de curtimento ................................................. 36
Figura 3: Valores de concentração de cromo no banho final do curtimento. ............ 39
LISTA DE ANEXOS
Fluxograma dos processos de curtimento e recurtimento ................................ 46
Fluxograma dos processos de pré acabamento e acabamento. ...................... 47
Foto do kit Fast chrom ...................................................................................... 48
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1-INTRODUÇÃO
O cenário produtivo atual tem incentivado, ao longo dos últimos anos,
uma intensa produção acadêmica, principalmente na área da sociologia do trabalho,
que procura esclarecer os novos vínculos entre as exigências da produção
reestruturada e o processo de qualificação do trabalhador. Nós educadores também
temos nos sentido desafiados pelas novas relações anunciadas entre trabalho e
educação (FERRETTI et al. 2003).
Observamos também um crescente interesse dos trabalhadores das
fábricas em se qualificar, pois entendem as mudanças no mercado e sabem que as
exigências em qualificação são cada vez maiores.
A realidade atual, em que estão presentes intensas mudanças, conhecimentos e avanços tecnológicos ocorridos nas duas últimas décadas, levam inevitavelmente à busca de alternativas mais humanas e equilibradas de viver em sociedade em harmonia com a natureza. Entre elas está o conceito e entendimento de sustentabilidade, que visa tratar equilibradamente economia, sociedade e meio ambiente (NEVES; BONIN, 2007, p.3).
A organização das empresas se dá agora de forma bastante distinta do
que costumava ser no passado (todo o século XX), que era fortemente hierarquizada
e verticalizada. As novas formas de organização empresarial tendem a transformar a
antiga organização em forma de pirâmide em modelos mais próximos a redes, que
trazem vantagens competitivas sobre as primeiras, principalmente quanto à
flexibilidade, pois elas podem ser reorganizadas, decompostas e redefinidas muito
mais facilmente (KOBER, 2002; PINHEIRO, 2001).
Nesse novo perfil de organização empresarial, é cada vez mais
importante ter funcionários pró-ativos, adaptados a nova realidade, e aptos a lidar
com imprevistos.
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Uma das qualidades mais importantes do “homem novo” e da “mulher
nova” é a certeza que têm de que não podem parar de aprender, e de que o novo
fica velho se não se renovar. A educação das crianças, jovens e adultos tem uma
importância muito grande na formação do “homem novo” e da “mulher nova”. Uma
educação pelo trabalho, que estimule a colaboração, que desenvolva espírito crítico,
criatividade, e que se fundamente na unidade entre a prática e a teoria. (FREIRE,
1989).
Essa afirmação é sustentada por Kober (2002, p.3):
Para que a flexibilização da produção e esse novo modo de organização e produção funcionem, é preciso um novo tipo de trabalhador. Não basta mais o trabalhador fordista que desempenha funções repetitivas, mecânicas e sem iniciativa. O trabalhador requerido hoje para dar conta da flexibilização dos processos de trabalho nas linhas de produção deve também ele ser flexível. Além de “fazer”, deve ser capaz de pensar, tem de dominar conhecimentos gerais relacionados ou não ao seu trabalho, ser capaz de interpretar textos, gráficos e tabelas, ter conhecimentos na área de computação, ter capacidade de interpretação de dados e de decisão, ter iniciativa e crítica e ser capaz de trabalhar em equipe. Em suma, as exigências foram ampliadas, não apenas no que se refere à educação formal, mas foram acrescidas em toda uma gama de habilidades relacionadas a novas tecnologias, bem como de atitudes e comportamentos
Durante nove anos trabalhando na cadeia produtiva do couro,
observamos a necessidade do aperfeiçoamento dos profissionais do setor, visando
esse aumento das exigências. Essa necessidade, apesar de ser comum a todas as
empresas do setor, é especialmente acentuada nos curtumes, onde se emprega
grande número de operários, e habitualmente não se oferece oportunidades de
aperfeiçoamento a essa classe de trabalhadores.
Kober (2002) atribui ao esforço exigido por trabalhar e estudar ao mesmo
tempo e as circunstâncias impostas pela vida adulta, uma das razões que acaba por
levar trabalhadores a não continuar os estudos. Assim, os operários de curtumes
que não recebem ensinamentos na empresa, acabam por não receber de nenhuma
fonte. Pensando nessa nova realidade, elaboramos um kit com escala colorimétrica,
de modo a facilitar com que eles possam entender os processos que estão
executando, e tenham capacidade de julgar o impacto ambiental causado pelos
processos produtivos, tendo assim melhor capacidade de ajudar no controle desses
poluentes.
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Existem momentos no processo de ensinar onde o objetivo é transmitir
informação de forma que o aprendiz possa refletir e entender, e outros, em que
certos automatismos devem ser fixados pelo aluno para a execução de sequências
rígidas de operações. Ambos os momentos são importantes, mas o que deve ser
priorizado é o objetivo fundamental da ação educativa, que consiste em desenvolver
a personalidade integral do aluno, sua capacidade de pensar e raciocinar, assim
como seus valores e hábitos de responsabilidade, cooperação, etc. (BORDENAVE,
1983). Assim, acreditamos que o treinamento “Fordista1” que até hoje se aplica em
muitas etapas do processo de produção de couros, deva ser associado a uma
metodologia de ensino que dê mais flexibilidade e autonomia aos operários,
colaborando para seu crescimento e formação.
Segundo Neves; Bonin (2007), para alterar a cultura específica de uma
organização é necessário um esforço contínuo para motivar as pessoas, que
precisam estar sempre aprendendo, aumentando os seus conhecimentos, se
reciclando e crescendo interiormente. É preciso que as próprias pessoas queiram se
modificar e, ao líder cabe motivá-las e conduzi-las nesse processo, e não modificá-
las.
Os mesmos autores acreditam que ao se compreender a qualidade como
um processo de adequação, pela lógica da melhoria contínua, o tema educação
surge como uma necessidade básica. A qualidade começa pela educação e acaba
na educação. Uma empresa que progride em qualidade é uma empresa que
aprende a aprender.
O aprendizado contínuo é especialmente positivo nas indústrias de
curtumes, visto que é um ramo de atividade industrial em processo constante de
mudanças, não apenas no que se refere a exigências contínuas de melhoria de
qualidade, para se adequar a parâmetros internacionais de exportações, como
também pela busca constante de melhorias ambientais, por se tratar de uma
indústria extremamente poluidora.
1 Falaremos sobre o Fordismo mais adiante no capítulo sobre ensino profissional.
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Maslow2 apresentou uma teoria da motivação segundo a qual as
necessidades humanas estão dispostas em níveis, como uma pirâmide, em uma
hierarquia de importância e influência. Na base da pirâmide estão as necessidades
mais baixas e no topo as necessidades mais elevadas. Segundo essa teoria, as
necessidades dos estratos superiores da pirâmide surgem quando as necessidades
mais baixas encontram-se relativamente satisfeitas (CHIAVENATO, 2003). Também
afirma que indivíduos motivados têm mais autoconfiança e se sentem mais úteis,
enquanto a desmotivação pode levar ao desânimo e baixa produtividade.
Tendo isso em base, acreditamos que com esse trabalho estamos
contribuindo com novas ferramentas para que a liderança possa motivar os
funcionários ao aprendizado contínuo, através de programas de capacitação e
processos que possam viabilizar o interesse dos trabalhadores pela melhoria
frequente.
Paralelamente, temos como objetivo que esses kits sirvam como método
para que eles possam avaliar as concentrações de cromo nos banhos de curtimento
de maneira rápida e confiável, sem precisar do laboratório de análises, o que levaria
a ganhos de produtividade.
Pinheiro (2001) afirma que os estudos de Mayo (1880-1949), concluíram
que quanto mais integrado socialmente no grupo de trabalho, tanto maior será a
disposição de produzir do trabalhador.
Parece óbvio que a educação de que precisamos, capaz de formar
pessoas críticas, de raciocínio rápido, com sentido do risco, curiosas indagadoras,
não pode ser a que executa a memorização mecânica. A que “treina” em lugar de
formar (FREIRE, 2000).
Acreditamos, portanto, que nosso trabalho ao reduzir as diferenças de
formação, incluir operários no entendimento de temas atuais como meio ambiente e
sustentabilidade e permitir aos operários se apropriarem das próprias funções,
poderá contribuir com um reflexo positivo na motivação dos trabalhadores, tendendo
a ter um desempenho mais adequado aos objetivos da empresa.
2 Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo americano conhecido pela proposta hierarquia de
necessidades de Maslow.
16
2-ENSINO PROFISSIONAL
2.1-História
O ensino profissional no Brasil é relativamente recente. Surge no século
XIX, aliado ao progresso científico-tecnológico da época. Inicialmente, tinha por
objetivo transformar em força de trabalho produtivo os homens livres, escravos e
índios, para atender às necessidades imediatas dos núcleos populacionais
emergentes (RUBEGA; PACHECO, 2000).
Esta origem do ensino profissional mostra que era direcionado apenas
para homens sem estudo formal prévio, levando a supor que era voltado apenas a
atividades mecanizadas, repetitivas ou braçais, onde as capacidades de análise
crítica e tomada de decisão não eram necessárias. Leva a supor também que não
tinha o objetivo de engrandecimento pessoal ou de melhoria educacional da
população como um todo, e sim de atender a demandas pontuais.
Até dezembro de 1941, a organização do ensino industrial no Brasil era
bastante diferenciada e confusa no que se refere a objetivos. Havia a escola de
aprendizes artífices, mantidas pelo governo federal, ensinando ofícios a menores
que não trabalhavam, ao mesmo tempo em que ministravam o ensino primário. Não
se tinha um plano de metas ou objetivos claros. Seu rendimento era extremamente
baixo (CUNHA, 2005).
Vemos, portanto, que a pouca importância dada ao ensino industrial no
Brasil tem origens históricas, o que pode explicar a falta de preparo, de
metodologias e atraso na área, que perduram até hoje.
No intuito de padronizar o ensino de ofícios, o então ministro da Educação
Gustavo Capanema organizou uma comissão para elaborar um projeto das diretrizes
do ensino industrial em todo o país. Em fins de 1941, a comissão concluiu o
anteprojeto de “lei” orgânica do ensino industrial que foi submetido ao presidente da
17
república, em princípios de janeiro, juntamente com o projeto que criava o SENAI
(CUNHA, 2005).
No Brasil, no que diz respeito às modalidades de educação para o
trabalho não vinculadas aos sistemas públicos de ensino, consolidou-se
historicamente o monopólio do ensino profissional pelo empresariado. O Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, instituição criada em 1942, constitui,
hoje, ao lado do treinamento nas empresas, a principal opção nacional para
trabalhadores jovens e adultos empregados. É também uma importante plataforma
para o primeiro emprego (MORAES, 2000).
Atualmente já se verificam nas instituições de ensino, inclusive no SENAI,
aulas sobre educação ambiental, conservação do meio ambiente, descarte de
dejetos originários da produção industrial etc. Porém de forma pontual e aleatória, de
forma desconexa e sem um enfoque que traga esses conhecimentos para dentro da
realidade do trabalhador.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394/96 alterou a Educação Profissional (Cap. III, Artigos 39 a 42) ao separar a educação geral da educação profissional, que deverá ser feita de forma concomitante ou sequencial à primeira. Essas alterações foram estabelecidas pelo Decreto no 2.208/97 que regulamentou o §2o do art. 36 e os art. 39 a 42 da referida lei (RUBEGA; PACHECO, 2000, p.151).
A emergência dos “novos modelos produtivos” suscitou acirrado debate
sobre os novos requisitos de qualificação para o trabalho, debate este que persiste
até hoje, provocou reformulações no conceito tradicional de formação profissional e
tem levado a tentativas de redefinição das atribuições sociais da educação escolar,
ao estabelecimento de “relações orgânicas” entre escola e empresa (TANGUY, 1986
apud MORAES, 2000).
Isto é extremamente positivo e consideramos um grande avanço para a
educação de trabalhadores, porém novas idéias e propostas devem ser
constantemente buscadas, visto que ainda é grande o desinteresse em geral por
ensino de operários.
As mudanças que afetaram o “chão de fábrica” nas últimas décadas,
advindas, principalmente dos sistemas informatizados e das mudanças
organizacionais introduzidas, não revelam um consenso no que se refere à maior
18
facilidade ou dificuldade de se lidar com elas (FERRETTI et al., 2003). Porém
deixam claro que existem novas necessidades de habilidades por parte dos
trabalhadores, e, portanto novos desafios referentes ao ensino, em comparação com
a situação histórica inicial do século XIX.
Ao lado de transformações tecnológicas de base física, como maquinário
e informatização, houve introdução de profundas mudanças organizacionais e
ambas passaram a influenciar o processo, as relações e os conteúdos do trabalho. A
partir daí, as qualificações dos trabalhadores não deveriam responder tanto ao
trabalho prescrito, mas sim à imprevisibilidade (FERRETTI et al., 2003). Esta
observação ratifica a idéia de que mudanças em relação às exigências de
habilidades que devem ser desenvolvidas pelos trabalhadores são necessárias, já
que trabalhadores desqualificados, treinados apenas a executar tarefas pré-
estabelecidas, como máquinas, não são capazes de lidar com a imprevisibilidade.
Nas últimas décadas, em um contexto de crise econômica e globalização
dos mercados, de mudanças nos padrões tecnológicos e organizacionais, a
educação readquire importância central nas políticas governamentais e no discurso
do empresariado (MORAES, 2000). Porém na prática, essa importância dada à
educação não chega a todas as classes sociais, sendo que operários de “chão de
fábrica” ainda são treinados apenas para desempenharem suas funções, sendo os
ensinamentos mais abrangentes reservados aos funcionários posicionados nas
partes superiores do organograma.
19
2.2- A influência do Fordismo na Educação Profissional
Podemos considerar 1914 como a data inicial simbólica do fordismo,
quando Henry Ford introduziu seu dia de oito horas e cinco dólares como
recompensa para os trabalhadores da linha automática de montagem de carros que
ele estabelecera no ano anterior em Dearbon, Michigan (HARVEY, 2007).
Para Botelho (2008), o Fordismo é uma associação de normas tayloristas3
do trabalho (produção em massa) e o consumo em massa, o que levou o modo
capitalista de produção a regular o valor para muito além do movimento espontâneo
do mercado. Ford não se limitou a aperfeiçoar a peça intercambiável, como também
aperfeiçoou o operário intercambiável. Assim, cada trabalhador, em seu posto de
trabalho fixo, realizaria apenas uma tarefa específica.
Acreditamos que esse modelo, por não incentivar a motivação para o
trabalho, seja inadequado para as necessidades atuais, tanto dos trabalhadores,
quanto das empresas.
Essa afirmação é realçada por Medina; Gallegos; Lara (2008) que citam
vários autores que tratam sobre motivação de pessoal, como Maslow, McGregor,
McCelland, entre outros, realçando que quando se conta com pessoal motivado,
existe maior possibilidade de incremento do valor econômico4.
O que havia de especial em Ford (e que, em última análise, distingue o
Fordismo do Taylorismo) era sua visão, seu reconhecimento explícito de que
produção em massa deveria andar junto com o consumo em massa, como um
processo retroalimentado, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada,
modernista e populista (HARVEY, 2007).
Essa mecanização do trabalhador proposta por Taylor e aplicada por Ford
na linha de produção é exatamente o contrário do que propomos nesse trabalho.
A compreensão do processo de trabalho, do ato produtivo em sua
complexidade, da maneira como se organiza e desenvolve a produção, a
3 Taylor estudou os tempos e movimentos nos processos fabris e antecedeu Ford na teoria clássica da
administração. 4 O conceito de valor econômico é amplo e complexo, porém, apesar de ser subjetivo, demonstra que aumento
deste valor traz benefícios tanto para trabalhadores quanto para empresas.
20
necessidade de uma formação técnica do trabalhador, são temas fundamentais.
Essa formação, porém, não pode se esgotar em uma especialização estreita e
alienante (FREIRE, 1989).
Segundo Kober (2002), toda a gestão empresarial teve de ser
reformulada e novas estratégias foram incorporadas, especialmente as vindas do
modelo japonês. A antiga forma organizacional e gerencial do período fordista,
rígida, já não dava conta de produzir para um mercado crescentemente segmentado
e para a rápida ocupação de nichos especializados de consumo, numa velocidade
vertiginosa de inovações de produtos e de criação de novas necessidades.
Alguns elementos das propostas práticas de Taylor e Ford são: (a) destacados do conjunto de que historicamente faziam parte, bastando lembrar que Taylor nunca se interessou pelo ensino profissionalizante, ao passo que, no Brasil, nessa prática pedagógica se buscaram elementos para atribuir filiação “Taylorista” às iniciativas de Roberto Mange em seus cursos de formação de mão de obra ferroviária e que, para Ford, o processo de produção apresentava-se como indissociável da constituição da própria massa operária como mercado consumidor, elemento amplamente negligenciado nas menções a fordismo no Brasil [...]; (b) compatibilizados entre si, por meio de uma seleção de características que lhes retiram o que neles haveria de essencial; e (c) apresentados como um sistema coerente e coincidente com práticas de fato existentes nas relações de trabalho (ZANNETI; VARGAS 2007, p.12).
Segundo os mesmos autores, o taylorismo visa retirar do trabalhador o
domínio sobre seu ofício, ao mesmo tempo em que lhe subtrai aquela habilidade
específica adquirida no exercício de sua atividade, ou seja, sua qualificação.
O predomínio da produção fordista fortalecia, na época, os argumentos dos educadores, os quais, ao reivindicarem um distanciamento entre a educação escolar e as necessidades da produção, propunham para a escola uma função social abrangente, não apenas vinculada ao desempenho do indivíduo em um posto de trabalho, mas com ênfase na sua emancipação. Como se sabe, o modelo fordista, baseado “na fabricação em massa de bens padronizados através do uso de máquinas especializadas não flexíveis e com recurso a uma massa de trabalhadores semiqualificados” (HIRATA, 1994), requer do trabalhador simples conhecimentos técnicos, correspondentes a um determinado posto de trabalho, cabendo à gerência a tarefa de prescrever e controlar o modo concreto de execução de qualquer atividade. Nega, assim, outras potencialidades do trabalhador, tais como sua experiência e sua tradição (FERRETTI et. al., 2003, p.156).
Com base nesses princípios, pretendemos percorrer o caminho inverso,
ajudando operários agir proativamente, independente das diferenças de formação,
estando assim aptos para atuar em situações de imprevistos e até se relacionar
21
melhor com colegas e superiores, uma vez que entendem os procedimentos que
estão realizando.
22
2.3-Importância da Educação na Formação Profissional
Todos os processos educativos, assim como suas respectivas
metodologias e meios, têm por base uma determinada pedagogia, isto é, uma
concepção de como se consegue que as pessoas aprendam alguma coisa e, a partir
daí, modifiquem seu comportamento (BORDENAVE, 1983). Esta afirmação nos leva
a crer que operários que entendam o que estão fazendo, possam modificar seus
comportamentos, sendo mais colaborativos e atentos aos procedimentos e
processos que reduzam o impacto ambiental de suas atividades.
A história da humanidade confirma que toda grande mudança social
passa obrigatoriamente pelos caminhos do ensino e da aprendizagem, seja na rede
formal ou informal de educação (NEVES; BONIN, 2007). E a partir daí decidimos
formular um método de ensino informal, a ser aplicado em operários de fábrica que
não tiveram nenhuma base de ensino ambiental em seu ensino formal, visto que a
Política Nacional de Educação Ambiental é de 1998.
A observação cientifica mostra que as necessidades culturais são o produto da educação: a pesquisa estabelece que todas as políticas culturais [...] e as preferências [...] estão estreitamente associadas ao nível de instrução (avaliado pelo diploma escolar ou pelo número de anos de estudo) e, secundariamente, a origem social (BORDIEU, 2007, p.9).
Isso mostra a importância do ensino, do ponto de vista de elevar os níveis
de instrução (e incluímos ai os operários de fábrica e todos os outros trabalhadores
a que, anteriormente na era fordista, não se exigiam maiores habilidades), já que
este sobrepõe à origem social.
O ensino industrial-manufatureiro, destinado à formação de força de
trabalho diretamente ligada à produção (em diversos níveis funcionais), é um tema
que tem sido quase ignorado nos estudos sobre a gênese e as transformações da
educação brasileira (CUNHA, 2000).
Esta foi também uma das grandes dificuldades de nosso estudo, pois,
embora exista uma ampla base de dados, estudos, teses e dissertações acerca de
ensino de adultos, bem como sobre teorias de administração (e suas respectivas
relações com os operários), poucos são os trabalhos voltados ao ensino de
operários de “chão de fábrica”, menos ainda com o enfoque em meio ambiente.
23
Cunha (2000) acredita que esse “vazio” se explica, pelo menos em parte,
pelo fato de que os historiadores da educação brasileira se preocupam,
principalmente, com o ensino que se destina às elites políticas e ao trabalho
intelectual, deixando o trabalho manual em segundo plano – atitude consistente,
aliás, com sua própria formação.
Acreditamos que isso seja um grande erro, pois o trabalho intelectual, por
melhor que seja em termos de novas idéias, novas práticas e novos métodos, jamais
terá resultados consistentes se não for bem executado, sendo, portanto, urgente que
se dê maior atenção ao ensino e treinamento de quem executa.
O investimento em educação geraria retornos, em termos de
produtividade para as empresas, de consequente desenvolvimento econômico e
bem-estar social para o país, através do aumento de renda e possibilidade de
inserção social para o indivíduo (KOBER, 2002).
Tanto cientistas sociais, quanto biólogos, políticos e economistas, entre
outros profissionais, estão convictos de que mudanças urgentes precisam ser
implementadas, e crêem na possibilidade única que passa pela educação. Reformas
no sistema de ensino formal e ampliação de acesso ao ensino informal. O meio
ambiente sofre as ações do homem na sociedade de massa, consumista, quer por
questões de ordem econômica ou de valores culturais, que requerem ações políticas
e econômicas que só se tornam viáveis pelo conhecimento através da educação
(NEVES; BONIN, 2007).
Assim, o presente estudo pretende, através da utilização do kit, auxiliar os
operários no entendimento sobre o descarte de poluentes (cromo) nos rios.
24
2.4-Ensino informal
O objetivo essencial que está por detrás da abordagem pluralista não é o de substituir um conjunto de regras por outro conjunto do mesmo tipo, mas argumentar no sentido de que todos os modelos e metodologias, inclusive as mais óbvias, têm vantagens e restrições (LABURU; ARRUDA; NARDI, 2003, p.251).
O aprendizado ocorre não apenas em um lugar geográfico chamado
"escola", mas em todos os locais onde o indivíduo exerça alguma espécie de
participação, interação com o meio, através da construção de novos conhecimentos
(NEVES; BONIN, 2007).
Essa opinião é também observada em Freire (1989), que afirma que não
importa que o estudo seja feito no momento e no lugar do nosso trabalho, não
importa que o estudo seja feito em outro momento e em outro local. Em qualquer
caso, o estudo exige sempre esta atitude séria e curiosa na procura de compreender
as coisas e os fatos que observamos.
Acreditamos com isto, que nosso estudo realizado dentro de uma
empresa, orientando funcionários (todos operários), a avaliar concentrações de
poluentes e seu impacto ambiental, seja de grande aproveitamento pelos mesmos e
de grande importância para o meio ambiente, pois esses funcionários terão melhor
capacidade de controlar os níveis de resíduos industriais poluentes.
Todos os trabalhos listados indicam que os estudantes variam em suas motivações e preferências, no que se refere ao estilo ou ao modo de aprender, e mesmo na sua relação com o conhecimento. Isso sem mencionar as suas habilidades mentais específicas, ritmos de aprendizagem, nível de motivação e interesse para uma determinada disciplina, persistência dedicada a um problema, experiências vividas pelo grupo social a que pertencem. Esses fatores que podem vir a ser colocados numa sala de aula, certamente influenciam, entre outros, a qualidade e a profundidade da aprendizagem, como, também, a decisão do emprego da estratégia metodológica. Portanto, é questionável uma ação educacional baseada num único estilo didático, que só daria conta das necessidades de um tipo particular de aluno ou alunos e não de outros (LABURU; ARRUDA; NARDI, 2003, p.251).
Como os trabalhadores de qualquer fábrica tendem a ser heterogêneos,
com diferentes origens, níveis culturais e econômicos, podemos concluir que um
método de ensino baseado em sala de aula não seria o método ideal para todos.
Dessa forma desenvolvemos um método próprio, de fácil compreensão, que após
25
ser explicado pode ser repetido por todos, e cujos ensinamentos podem ser
introduzidos na sua prática diária.
É importante observar a mudança de comportamento em relação àquele
que os estudantes têm em sala de aula. É possível que isso se deva a outras
habilidades que são estimuladas nesses eventos (LESTINGE; SORRENTINO,
2008).
Freire (1989) compartilha dessa mesma opinião, quando afirma que não
podemos duvidar de que a prática nos ensina, e que conhecemos muitas coisas por
causa de nossa prática, e isso é estimulante.
Isso também pode ser verificado por Maia e Justi (2008, p.432):
O processo de investigação na ciência merece especial atenção em sua abordagem no ensino, por se tratar do processo de construção da própria ciência. Os estudos conduzidos sobre o ensino do processo de investigação científica apontam para a necessidade de inserção do aluno em atividades que promovam o desenvolvimento desse conhecimento de maneira ativa, isto é, atividades em que o aluno conduza ativamente uma investigação. Isto pode permitir não só o desenvolvimento do conhecimento sobre como a ciência é construída, mas também pode proporcionar o desenvolvimento de habilidades durante a condução do processo. Identificar princípios da ciência e usá-los no processo de investigação são práticas científicas essenciais requeridas para a aprendizagem sobre a ciência.
Sabe-se que a formação mais completa do trabalhador, não será
desenvolvida pela empresa, pois contém elementos contraditórios aos interesses
patronais. Poderá, evidentemente, realizar-se na empresa. Também não será
completamente concretizada pela escola. No entanto, como educadores, nossa
preocupação nodal deve ser esclarecer qual o papel da instituição escolar na
construção da qualificação profissional (FERRETTI et al.2003).
É difícil precisar desde quando se realizam atividades de campo com
finalidade didática, mas seguramente esse tipo de atividade vem de muito tempo, de
décadas, e mesmo de séculos atrás. No entanto, ela é praticada em algumas
escolas ainda hoje, mesmo que aquém do desejado pelos estudantes, que em geral
se interessam por aulas em espaços diferenciados. Existe ai um desequilíbrio entre
a oferta, que é feita pelas escolas e educadores e a demanda dos educandos, por
um ensino melhor, mais contextualizado, que faça referência a uma realidade
26
contemporânea, sobretudo aos temas ligados à questão ambiental (LESTINGE;
SORRENTINO, 2008).
A transmissão das propostas ambientais não pode ficar presa e restrita à
escola. Os meios e os instrumentos de divulgação precisam ser planejados em
conjunto com os diferentes agentes, adequando-se aos serviços prestados, aos
objetivos pretendidos e às características do público alvo, como faixa etária, nível
intelectual, interesses, etc. (NEVES; BONIN, 2007).
Sendo assim, acreditamos que o ensino de noções de ciências do meio
ambiente, através de metodologia própria, pode ser de grande valia para os
trabalhadores que participaram dessa pesquisa, bem como para as empresas em
que trabalham, sendo uma forma de somar competências as já desenvolvidas pelos
treinamentos prévios.
Esperamos que este trabalho seja uma valiosa contribuição nesse
aspecto, visto que o tema meio ambiente está demandando atenção cada vez maior
da comunidade científica, e o ensino de operários que executam funções cruciais em
indústrias poluidoras pode contribuir para a redução de emissão de poluentes.
27
2.5-Educação ambiental
Conforme a Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, entende-se por educação
ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para
a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade. (Artigo 1º). A educação ambiental é um
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente,
de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não-formal. (Artigo 2º). (BRASIL, 1999)
A Lei Federal Nº 9795/1999, conhecida também como Política Nacional
de Educação Ambiental, prevê a Educação Ambiental, obrigatória para todos os
níveis de ensino, mas não como disciplina à parte, e sim como um processo para
construir valores sociais, contextualizada na realidade contemporânea,
conhecimentos, atitudes e competências, visando à preservação ambiental (SILVA;
MACHADO, 2008).
Vemos mais uma vez a importância da educação ambiental, como um
valor intrínseco, que deve ser ensinado a todos, independente de origem social e
área de atuação.
A educação ambiental, nessa concepção é entendida como esforço para
que o homem busque formas de desenvolvimento contínuo que sejam compatíveis
com a natureza, sendo portanto sustentável, promovendo o menor impacto
A relação entre educação ambiental e educação em saúde, deve ser alvo
de esforços por parte de entidades governamentais e não-governamentais que
visem ações educativas formais e informais relativas a tais temas. É necessário o
entendimento da relação existente entre ambiente e saúde e de se estabelecer uma
visão ecocêntrica em relação ao ambiente e uma ótica mais ampla em questões de
saúde coletiva. Em outras palavras, os esforços deveriam ser direcionados no
sentido de que seja compreendido que a educação ambiental é, de fato, uma sub-
área da educação em saúde (ANDRADE; SOUZA; BROCHIER, 2004).
28
A persistência de um ensino básico tradicional, abstrato e
compartimentado, não tem encorajado a análise dos problemas locais
(contextualização). Além disso, a educação ambiental e a educação em saúde,
ainda continuam a ser consideradas, apesar das recomendações oficiais, da
responsabilidade dos professores de ciências (além de tratadas como áreas
distintas). O ensino formal, ao manter horários letivos sobrecarregados e grade
curricular organizada de forma disciplinar, não propicia experiências
interdisciplinares, como requerem a educação em saúde e a educação ambiental,
colaborando para que os problemas locais, ainda que conhecidos por boa parte dos
professores, não sejam vistos como questões a serem discutidas em sala de aula
(GRYNSZPAN, 2011).
A educação ambiental deve eliminar fronteiras entre escola e
comunidade, e tomar como eixo do trabalho pedagógico a problemática
socioambiental. Os espaços/tempos educativos que acontecem dentro e fora da
escola, são considerados como lócus privilegiado, integrado e essencial para a
criação de processos colaborativos de resolução de problemas locais, num
movimento essencial em sintonia com temas da contemporaneidade, associados
com a crise ambiental em escala planetária. A escolha e seleção de temáticas
ambientais e as identidades dos sujeitos locais envolvidos são componentes
pedagógicos fundamentais e fatores relevantes na construção de práticas
educativas e criação de situações de aprendizagens calcadas na experiência e na
vivência (JACOBI; TRISTAO; FRANCO, 2009).
Somente através do estabelecimento de um programa de educação
ambiental que mobilize todos os seus integrantes, e não apenas gestores, será
possível implantar uma política ambiental que estimule aos seus funcionários a
busca da melhoria contínua (NEVES; BONIN, 2007).
Pretendemos observar bem a diferença entre educação e treinamento,
pois consideramos o aprendizado como um processo ativo e colaborativo, diferente
dos treinamentos normalmente oferecidos pelas empresas onde o operário é apenas
“condicionado” a exercer a sua função.
29
3-O CURTIMENTO DE COURO
O Brasil possui um relevante papel no segmento do couro, pois é o maior
produtor e exportador de couros do mundo, com processamento anual na faixa de
44 milhões de unidades e faturamento estimado em U$2,5 bilhões (CICB, 2007).
Todas essas peles passam por um processo industrial denominado
“curtimento”. O curtimento consiste na transformação das peles em material estável
e imputrescível. Com o curtimento ocorre o fenômeno de reticulação das proteínas,
que constituem a pele animal, por efeito dos diferentes agentes empregados. Pela
reticulação, resulta aumento da estabilidade de todo o sistema colágeno, o que pode
ser evidenciado pela determinação da temperatura de retração5 (HOINACKI;
GUTHEIL,1978).
As características mais importantes conferidas pelo curtimento são: O
aumento da temperatura de retração, a estabilização face às enzimas, a diminuição
da capacidade de intumescimento do colágeno, a transformação do substrato “pele”
em material imputrescível, bem como a estrutura revelada ao microscópio eletrônico.
Essas características são justificadas pela teoria da estabilização da proteína da
pele, através da formação de enlaces transversais6 (HOINACKI; GUTHEIL,1978).
Os produtos químicos utilizados nesse processo são denominados
“curtentes”. São vários os curtentes empregados na fabricação de couros, e podem
ser divididos em três grupos principais, de acordo com sua constituição química:
Curtentes poliaromáticos, curtentes minerais e curtentes alifáticos (BASF, 1995).
Curte-se atualmente entre 80% e 90% das peles para vestuário e para
sapato com produtos de cromo (pertencente ao grupo dos curtentes minerais). Os
5 Quanto mais alta a resistência a temperatura, mais estáveis estão as estruturas protéicas. Portanto o teste da
temperatura de retração é um dos critérios que atestam o grau sucesso de um processo de curtimento. 6 O colágeno é formado por três aminoácidos que em sequência formam três cadeias de polipeptídeos
entrelaçadas que se mantém unidas por potes de hidrogênio.
30
couros ao cromo são fáceis de fabricar com um mínimo de tempo, leves e sólidos à
luz7, fáceis de tingir, de acabar e de trabalhar na indústria do calçado, além de terem
alta temperatura de retração, o que evidencia alto grau de estabilidade (BAYER,
1954).
Atualmente é grande o número de pesquisas na intenção de eliminar ou
minimizar o uso do cromo devido às dúvidas que esse composto ainda desperta
quanto à sua segurança.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1996), a
presença de cromo no solo é frequentemente resultante da atividade humana. O
cromo de valência (VI) ou hexavalente, é mais extensamente absorvido pelo trato
gastrointestinal, penetra facilmente na membrana da célula, é teratogênico,
mutagênico e cancerígeno, enquanto o cromo de valência (III) ou trivalente, que é o
utilizado nas indústrias de curtumes, não apresenta tais características, embora seja
também cumulativo tanto quanto o hexavalente.
Atualmente, o uso dos sais de cromo para o curtimento de couros é cada
vez mais questionado, tendo em vista os possíveis efeitos danosos que pode
ocasionar à saúde e ao meio ambiente. A possibilidade da conversão do cromo (III)
presente no couro para o cromo (VI) faz com que todo material contendo esse metal,
tais como efluentes líquidos e produtos acabados, estejam sujeitos a uma rigorosa
legislação quanto ao seu tratamento e disposição final (GONÇALVES, 2007).
A princípio, devido aos efeitos na saúde serem determinados pela
valência do cromo, diretrizes diferentes para valores de cromo (III) e (VI) deveriam
ser tomadas. Entretanto, métodos analíticos atuais favorecem limites para o cromo
total, até que informações adicionais estejam disponíveis e o cromo possa ser
reavaliado (OMS, 1996).
A utilização dos sais de cromo no curtimento gera resíduos sólidos e
efluentes líquidos com presença de cromo trivalente. O efluente líquido consiste no
banho residual de curtimento. Para reduzir o teor de cromo no efluente, a otimização
do processo de curtimento em termo de oferta de óxido de cromo é uma
7 Solidez a luz é a capacidade do couro de manter suas características, principalmente cor, mesmo após
exposição a fontes luminosas.
31
possibilidade, embora limitada, visto que as indústrias já utilizam o mínimo possível
de cromo. Além disso, existem no mercado alguns produtos que provocam a
modificação no sal de cromo ou na fibra de colágeno, aumentando a reatividade
entre eles, com isso melhorando a fixação e consequentemente o esgotamento dos
banhos8 (GONÇALVES, 2007).
Em nosso trabalho, realizamos uma prova química com um desses
produtos, o orto-ftalato de sódio, com a intenção de reduzir os teores de cromo no
banho final do curtimento. Desse modo, poderemos mostrar aos operários desse
processo essa redução, através de uma comparação da coloração dos líquidos com
mais ou menos poluentes, ilustrando assim as noções de educação ambiental.
Conforme a Resolução no 357 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente) de 17 de março de 2005 (Brasil, 2005), a concentração do elemento
Cromo (Cr) não pode ultrapassar 0,05 mg/L em efluentes a serem despejados em
águas doces. Portanto, quanto menos cromo residual nos banhos do processo de
curtimento, menor será a dificuldade da estação de tratamento de resíduos para
alcançar os parâmetros.
8 Esses produtos são conhecidos como mascarantes de cromo e seu princípio fundamental é o fato de que
quanto mais cromo se consiga fixar no couro, menos cromo vai sobrar no banho de curtimento.
32
4-METODOLOGIA
4.1-A Prova química
Realizamos um teste com um produto químico, orto-ftalato de sódio, que
age como mascarante de cromo, melhorando a fixação de cromo no couro, assim
reduzindo as concentrações desse composto no banho final do curtimento, com
intuito de fazer com que os operários vissem na prática as reduções de
concentrações de poluentes.
A figura 1 mostra a estrutura química do orto-ftalato de sódio
Figura 1: Estrutura química do orto-ftalato de sódio.
O estudo foi realizado em uma indústria curtidora localizada no município
de Juazeiro-BA. A empresa é um curtume de porte médio, com 481 funcionários e
com produção diária de 1000 peles por dia (bovinos) e 8000 peles por dia (entre
caprinos e ovinos).
Os testes foram realizados no período de 29 de Junho a 24 de Julho de
2009 apenas em peles bovinas integrais9. Analisamos 20 partidas da produção, cada
partida contendo 400 peles, sendo que em 10 delas foi usado o processo normal do
Curtume e nas outras 10 partidas apenas adicionamos no final do processo o orto-
ftalato de sódio, sem qualquer outra alteração, de modo a minimizar vieses. Esse
teste químico serviu de base para o ensino dos trabalhadores.
9 Chama-se integral a pele que não passa pelo processo de divisão da camada dérmica em superior e inferior.
33
Os operários foram instruídos sobre o teste, seus objetivos, a importância
para o meio ambiente (descrito no item 4.2) e a utilizar os kits de verificação
(descrito no item 4.3).
As fórmulas utilizadas tiveram suas porcentagens baseadas no peso em
tripa10, conforme as tabelas 1 e 2, onde a tabela 1 representa a fórmula padrão do
curtume e a tabela 2 a fórmula proposta.
Tabela 1: Fórmula padrão do curtume.
% Produto Tempo Observação
60 Água
6 Sal 20 min
0,4 Ácido Fórmico 20 min
0,7 Ácido Sulfúrico 1h pH 2,0
7 Sal Básico de Cromo 4h Corte atravessado
60 Água 45oC 5 min
0,7 Óxido de Magnésio 2h
+4h Aquecimento até 50oC
0,1 Fungicida 2h pH 3,8
Descarregar / Lavar
10
Antes do curtimento as peles passam por um processo denominado “caleiro” onde adquirem peso extra devido à grande absorção de cal e água. Nesse momento são chamadas de “tripa”.
34
Tabela 2: Fórmula Proposta.
% Produto Tempo Observação
60 Água
6 Sal 20 min
0,4 Ácido Fórmico 20 min
0,7 Ácido Sulfúrico 1h pH 2,0
7 Sal Básico de Cromo 4h Corte atravessado
60 Água 45oC 5 min
0,7 Óxido de Magnésio 2h
+4h Aquecimento até 50oC
0,1 Fungicida
0,7 Orto-Ftalato de Sódio 2h pH 4,0
Descarregar / Lavar
Pela norma interna da empresa, toda partida finalizada na produção, tinha
uma amostra coletada e enviada para o laboratório de análises químicas, onde se
constatado uma concentração de cromo (Cr2O3) MENOR que 4,5 g/l, a partida era
descarregada (processo finalizado), e o banho seguia para a estação de tratamento
de efluentes (onde ainda passará por processos para se adequar a resolução
CONAMA 357 para despejo de efluentes nos rios). Caso a concentração de cromo
fosse MAIOR que 4,5 g/l, essa partida tinha que continuar em processamento até
atingir o padrão. Esse padrão da empresa é decidido internamente, pois não
depende de legislação, visto que se trata de banhos que vão seguir para tratamento
posterior na estação de tratamento de efluentes. Porém, vale lembrar, que quanto
menores forem os valores de concentração de poluentes alcançados nesse
processo, menores serão as dificuldades enfrentadas pela estação de tratamento
para adequar o efluente nos padrões legais definidos pela resolução CONAMA 357
(Brasil, 2005).
Para cada partida finalizada, eram realizadas as comparações com a
escala colorimétrica dos kits elaborados e os testes laboratoriais de determinação de
cromo.
35
4.2-Ensino aos operários
Os operários, em sala de aula e com utilização de projetor, foram
introduzidos nos assuntos pertinentes ao trabalho em questão, tais como:
Noções básicas de educação ambiental
Concentrações de substâncias
Tratamento de efluentes
Custos operacionais
Metodologia do trabalho a realizar
Isso tudo de maneira rápida, simples e superficial, pois o objetivo era que
o aprendizado se desse através do uso dos kits e não por aulas convencionais.
Porém essa etapa foi necessária apenas para possibilitar o entendimento do
trabalho a realizar.
Nessa etapa já ficou bem claro o interesse dos funcionários pelo
entendimento do processo. Faziam muitas perguntas, se interessavam em questões
ambientais como um todo e questões específicas do processo de curtimento que
realizaríamos.
Além disso, explicamos como confeccionaríamos os kits e como os
mesmos seriam utilizados. Os operários foram convidados a participar da elaboração
dos kits.
36
4.3-Elaboração dos kits
Os kits consistem em 6 tubos de ensaio translúcidos preenchidos da
seguinte maneira:
Tubo 1 - Água destilada
Tubo 2 - Banho de cromo a 1g/l
Tubo 3 - Banho de cromo a 2g/l
Tubo 4 - Banho de cromo a 3g/l
Tubo 5 - Banho de cromo a 4g/l
Tubo 6 - Banho de cromo a 5g/l
Desse modo formando uma escala colorimétrica como esquematizado na
figura 2:
Figura 2: Esquema da escala colorimétrica formada por tubos de ensaio com diferentes concentrações de efluente de curtimento
Denominamos posteriormente esses kits de “Fast Chrom”, devido a
possibilidade de determinar rapidamente a concentração de cromo no banho final do
curtimento.
Ao fim de cada partida, o próprio operário poderia julgar, sem precisar de
auxílio, se poderia descarregar (finalizar) a partida ou não, comparando a cor do
líquido efluente colhido com a escala confeccionada (Kit). Se o banho coletado
37
estivesse mais claro que o tubo contendo 4g/l, a partida estava pronta para ser
descarregada (pois mesmo sem a análise laboratorial, se saberia que a
concentração estaria menor que o padrão da empresa que é de 4,5g/l), caso
estivesse entre 4g/l e 5g/l, ele deveria levar para o laboratório para a determinação
exata da concentração de cromo, e acima de 5g/l ele deixava a partida por mais
tempo em processo, e faria a comunicação ao químico responsável.
38
5-RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1-Análises Laboratoriais
As análises das concentrações de cromo residual nos banhos de
curtimento foram feitas no próprio laboratório do Curtume e seguiram as normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2001).
A tabela 3 mostra os resultados dos testes.
Tabela 3: Resultados obtidos.
Data Fulão Identificação pH Cromo (Cr2O3) em g/l
29/06/2009 1 Padrão 4 5,63
30/06/2009 1 Teste 4,01 1,89
01/07/2009 3 Padrão 3,89 5,48
02/07/2009 1 Teste 3,92 2
03/07/2009 1 Padrão 3,83 4,77
06/07/2009 1 Teste 4,11 1,79
07/07/2009 2 Padrão 3,79 4,22
08/07/2009 5 Teste 4,04 1,84
09/07/2009 5 Padrão 4,38 2,85
10/07/2009 5 Teste 4,22 1,72
13/07/2009 5 Padrão 4,01 5,2
14/07/2009 1 Teste 3,94 1,92
15/07/2009 1 Padrão 4,05 4,41
16/07/2009 1 Teste 4,21 1,77
17/07/2009 1 Padrão 4,07 4,01
20/07/2009 4 Teste 4,12 1,75
21/07/2009 1 Padrão 4,01 4,95
22/07/2009 1 Teste 4,18 1,88
23/07/2009 1 Padrão 4,03 4,41
24/07/2009 1 Teste 4,01 2,11
39
A análise dos dados mostra uma média de concentração de cromo de
4,59g/l no procedimento padrão, e de 1,87g/l no procedimento teste, o que significa
uma redução de 59,26%, ou seja, no processo testado, a concentração de poluentes
que ainda restou no final da produção foi bem menos que a metade.
A figura 3 mostra os mesmos valores da tabela 3, porém em forma de
gráfico, para facilitar a visualização dos operários, onde a concentração de cromo no
efluente (banho final de curtimento) do processo padrão da empresa aparece em
azul, e nosso teste com finalidade de baixar os teores de cromo no efluente aparece
em vermelho. A figura mostra os 10 testes comparativos, realçando uma
considerável redução de poluentes no fim do processo de curtimento.
Figura 3: Valores de concentração de cromo no banho final do curtimento.
40
5.2-Comparação com os Kits
A proposta dos kits foi de ampliar o conhecimento dos operários, ao
proporcionar uma experiência prática de visualização da diminuição da concentração
dos poluentes, expressa pela diferença na escala colorimétrica, que facilita muito o
entendimento, quando comparada ao uso de tabelas numéricas e gráficos.
O uso dos kits de comparação colorimétrica não mede em valores exatos
a concentração de cromo em cada banho, portanto não é possível elaborar tabelas
ou gráficos comparando os testes com o procedimento padrão, como fizemos com
os resultados laboratoriais. Entretanto, seu uso como método de mensuração das
concentrações de cromo por visualização na escala colorimétrica (Kit) funciona, e os
operários, de acordo com nossas observações, entenderam pela primeira vez os
objetivos do trabalho que realizam há anos, sem saber exatamente o que e por que
estavam fazendo.
Além disso, os operários utilizando esse método puderam avaliar as
concentrações de cromo no resíduo (efluente), de maneira rápida e confiável, sem
precisar do laboratório de análises. Neste aspecto consideramos os kits plenamente
satisfatórios, pois, embora não medissem com precisão as concentrações, a
mensuração pelos kits, em todas as amostras coletadas, corresponderam aos
resultados das análises laboratoriais, dentro da graduação de 1g/l oferecida pelo kit.
Apenas as amostras onde o kit indicava concentrações entre 4g/l e 5g/l, as análises
laboratoriais eram indispensáveis para o seguimento da produção.
41
6-CONCLUSÃO
Concluímos com esse trabalho que ao disponibilizarmos o kit Fast Chrom
aos operários de curtumes, facilitamos o entendimento do processo de curtimento de
uma maneira mais ampla e consequentemente a percepção da importância de
descartar ou não aquele efluente dentro dos parâmetros especificados.
Verificamos que a possibilidade do operário de se apropriar da própria
função (o ato dele mesmo conferir as concentrações denota aumento de
responsabilidade e autonomia), proporcionada pelo kit Fast Chrom, favoreceu um
aumento da motivação para o trabalho, fato que foi facilmente observado.
Observamos também que os operários disseminaram o conhecimento
entre si, visto que em visitas posteriores verificamos que operários que não
participaram do processo (por terem sido contratados posteriormente), estavam
realizando a comparação da coloração do efluente com o kit, procedimento que
aprendeu com os outros operários.
Verificamos também que o kit Fast Chrom, ao tornar mais dinâmico o
processo de avaliação das concentrações de cromo nos banhos finais do curtimento,
levou a um ganho de produtividade, pois diminuiu tempos de espera por análises
laboratoriais.
Não pudemos mensurar esses ganhos de produtividade devido à
sazonalidade da produção, tendo em vista que a produção de couros é dependente
da demanda e essa demanda faz com que os processos sejam direcionados para
diferentes artigos (sapatos, bolsas, acessórios etc). Apesar da impossibilidade de
quantificar os ganhos de produção, estes ficaram claros.
Acreditamos que o resultado final desse trabalho, bem como o produto
(kit) poderá ser utilizado para ampliar ou para ilustrar o ensino de operários de
curtumes.
42
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46
8 – Anexos
Fluxograma dos processos de curtimento e recurtimento
47
Fluxograma dos processos de pré acabamento e acabamento.