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01
O papel do profi ssional de educao fsica na sociedade
Ricardo Catunda
Universidade Aberta do Nordeste
www.fdr.com.br/olimpiadaecidadania Universidade Aberta do
Nordeste e Ensino a Distncia so marcas registradas da Fundao
Demcrito Rocha. proibida a duplicao ou reproduo deste fascculo.
Cpia no autorizada Crime.
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2 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Apresentao
Caro Cursista,
O Brasil hoje uma das mais promissoras fronteiras econmicas do
mundo e vai receber nos prximos anos os dois maiores eventos
esportivos do planeta: Copa do Mundo de Futebol FIFA em 2014 e os
Jogos Olmpicos do Rio de Janeiro em 2016. Esses eventos sero
importantes vetores de modernizao do pas e impactam diversos
setores da sociedade como comunicaes, estrutura de aeroportos,
transporte urbano, turismo, energia, construo de arenas, entre
outros.
considerando este contexto de efervescncia social, econmica e
cultural que foi concebido e estruturado o projeto Olimpada e
Cidadania - Qualificao Integrada dos Profissionais de Educao Fsica
na formao de atletas e cidados. O projeto contempla um curso que se
destina aos Profissionais de Educao Fsica, inscritos no CREF 5
regio, que abrange os estados do Cear, Piau e Maranho.
O curso ser realizado na modalidade de educao a distncia, com
uso de recursos pedaggicos sncronos e assncronos, quais
sejam:Fascculos Impressos: 12 fascculos sobre temas elaborados por
especialistas da rea. Os fascculos sero encaminhados aos inscritos
no curso e registrados no CREF 5, para os endereos informados no
ato de inscrio. Para tirar dvidas, obter contedo extra, esclarecer
outras questes e realizar a prova on-line, o aluno dever acessar o
site do curso www.fdr.com.br/olimpiadaecidadania, mediante login e
senha recebidos no ato de inscrio. Videoaulas: 12 videoaulas,
desenvolvendo os mesmos temas abordados nos fascculos. As
videoaulas sero gravadas em 6 DVDs e encaminhadas para os cursistas
registrados na 5 Regio, e inscritos no curso juntamente com os
fascculos impressos. Ambiente Virtual de Aprendizagem: o curso
dispe de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) onde o aluno tem
vrias opes de interatividade para dirimir dvidas, realizar
atividades, consultar bibliografia complementar, etc. neste AVA que
o aluno realizar a prova on line.Linhas telefnicas, Fax e
Atendimento eletrnico: sero disponibilizadas as linhas (85)
3255.6326/6329/6330/6331/6343 e o fax (85) 3255 6271 para
atendimento ao cursista das 8:00 s 18:00, de segunda a sexta-feira.
O aluno contar tambm com linha 0800 280 2210 para atendimento ao
cursista das 8:00 s 18:00 horas, de segunda a sexta-feira. O
atendimento pode ser realizado atravs dos e-mails [email protected]
ou [email protected].
Ao final do curso os alunos devero realizar uma avaliao
constando de uma prova de conhecimentos, aplicada de forma randmica
e on line. A prova consta de 20 questes de mltipla escolha que so
retiradas de um Banco de Questes elaborado pelos professores
autores e pelos tutores. Obtendo nota maior ou igual a 6,0 o aluno
receber Certificado de Extenso Universitria com carga horria de 160
horas/aulas.
Voc pode obter informaes detalhadas sobre o curso e seu
funcionamento acessando o endereo:
www.fdr.com.br/olimpiadaecidadania
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3Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Introduo
ObjetivosDescrever o profissional de educao fsica como
protagonista de aes voltadas
ao desenvolvimento da sociedade.Apresentar a relao com a
responsabilidade social e a cultura para o cultivo de
um estilo de vida ativo e saudvel. Evidenciar o esporte como
fator de promoo humana e desenvolvimento de
valores da juventude.Expor a influncia da regulamentao para o
crescimento da profisso.
A educao fsica vem passando, na ltima dcada, por uma
reengenharia, da formao profissional interveno no campo social.
Essas mudanas evidenciam-se principalmente pelo reconhecimento
crescente de que as atividades fsicas e esportivas assumem carter
central na vida das pessoas. Assim, influenciam em seu estilo de
vida e so determinantes para a condio como indivduo saudvel.
Paralelo a todas essas mudanas que j vinham ocorrendo na educao
fsica brasileira, o Pas passa a participar mais ativamente do
roteiro mundial para a realizao de megaeventos esportivos. Esse
marco, iniciado com a realizao dos Jogos Pan-Americanos na cidade
do Rio de Janeiro em 2007, passar pela Copa do Mundo de Futebol em
2014 e se estender at 2016, com a realizao dos Jogos Olmpicos.
Esses acontecimentos prometem transformar toda a estrutura fsica do
esporte nacional. Apresentam outro grande desafio ao profissional
de educao fsica, que o agir efetivo nos legados
socioeducativos.
Para a profisso de educao fsica, a oportunidade que se apresenta
nica. Em nenhum momento da histria do Brasil, falou-se tanto sobre
o objeto de atuao, responsabilidade tcnica e tica na interveno
profissional da rea. Assim, evidenciada e colocada em posio de
destaque perante os diversos segmentos sociais, a educao fsica se
consolida como profisso.
Neste cenrio, o que ser evidenciado ser o agir profissional com
responsabilidade social, participando das diversas possibilidades
de interveno junto populao, sobretudo na formao da juventude. Pela
dinamizao das atividades prprias da profisso, a educao fsica
assume
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4 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
sua parcela de contribuio para que crianas, adolescentes,
adultos e idosos desenvolvam uma cultura para a adoo de um estilo
de vida ativo e saudvel.
A orientao nas atividades esportivas por profissional habilitado
o diferencial como ferramenta meio, e no um fim em si mesmo nas aes
sociais. O esporte elemento da cultura e influenciador na promoo
humana. Na proposio do ensino para crianas, tem seu fundamento no
ldico com caractersticas socializantes, promovida pelas relaes,
contatos corporais e por ser atividade grupal. Desenvolve aspectos
motores e habilidades essenciais ao desenvolvimento biopsicossocial
pleno e harmonioso.
Na adolescncia, assume carter significativo para os jovens, na
compreenso e transformaes do corpo e na consolidao do carter, sendo
decisivo para a autoaceitao e elevao da autoestima.
Para os adultos, como atividade fsica capaz de minimizar os
efeitos do estresse e do sedentarismo, contribui para combater os
danos causados pela inatividade da vida nas grandes cidades. Dentre
eles, a obesidade. Com as descobertas e avanos da medicina, o idoso
tem maior expectativa de vida. Como opo de lazer, as atividades
fsicas ocupam lugar de destaque e ajudam para a manuteno da sade e
a reduo das perdas pela mudana de rotina. Ressocializa e, de modo
geral, retarda os efeitos do envelhecimento, promovendo a
participao em novos grupos sociais.
Desse modo, os conhecimentos adquiridos pelo profissional so
fundamentais para que os setores envolvidos com a educao da
juventude comecem a identificar na atuao do profissional um fator
decisivo para que se trabalhe com os legados socioeducativos dos
megaeventos esportivos no Pas. Este fato baseado na premissa de que
o profissional, em sua prtica pedaggica, tem a oportunidade e a
capacidade de trabalhar a tica e a moral para o desenvolvimento dos
valores humanos, essenciais para o pleno exerccio cidado da
juventude.
Com toda essa responsabilidade para a interveno junto sociedade,
a organizao da profisso tem papel definidor na qualidade dos
servios a serem prestados aos beneficirios. O Brasil tem a profisso
de educao fsica regulamentada pela lei federal n 9.696, sancionada
pelo ento presidente da Repblica Fernando Henrique Cardoso em 1 de
setembro de 1998. O processo histrico e as razes para a
regulamentao foram sempre baseados na defesa da sociedade e na
fiscalizao do exerccio profissional.
So muitos os ganhos para a profisso, mas a sociedade que se
serve da prestao dos servios da educao fsica recebe hoje uma
orientao tcnica e tica qualificada. Isso contribui para que seja
legitimado o papel do profissional e para que a sociedade possa
desenvolver prticas corporais com segurana, amparada em princpios
cientficos.
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5Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Educao fsica: a responsabilidade social da profisso
dever do Estado fomentar prticas
esportivas formais e no-formais, como direito de
cada um.
O papel do profissional de educao fsica na sociedade reveste-se
de grande responsabilidade e conduta tica em sua interveno. Ao
utilizar as atividades corporais relacionadas ao esporte, ao lazer
e ao exerccio fsico como ferramenta de educao, ele faz pela
capacidade que possui de dar o trato pedaggico que a ao exige.
frequente, pelo senso comum, ouvirmos expresses como: esporte sade,
educar pelo esporte ou quem faz atividade fsica saudvel. No negamos
que essas aes podem ser verdadeiras. No entanto, quando realizadas
sem a orientao cientificamente qualificada do especialista, os
objetivos esperados esto comprometidos.
O fato que somente o profissional de educao fsica est habilitado
para transformar a atividade fsica em benefcio ao ser humano, que
tem essas atividades garantidas como direito constitucional. A
interveno profissional da Comisso de Educao Fsica Escolar (CONFEF,
2002) a aplicao dos conhecimentos cientficos, pedaggicos e tcnicos
sobre a atividade fsica, com responsabilidade tica.
Partimos de um princpio cidado, que faz parte das preocupaes
mundiais, como a Conveno sobre os Direitos da Criana. No artigo 31,
estabelece que os estados-partes reconheam o direito da criana ao
descanso e ao lazer, ao divertimento e s atividades recreativas
prprias da idade bem como livre participao na vida cultural e
artstica.
Alm disso, o artigo 217 da Constituio Federal cita: dever do
Estado fomentar prticas esportivas formais e no-formais, como
direito de cada um.
O Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA) tambm menciona a
preocupao com o esporte. Estes documentos afirmam que cada criana e
cada adolescente tm direito a um desenvolvimento pleno, envolvendo
tambm acesso ao esporte e ao lazer, somando-se educao, sade e
proteo.
A Carta Internacional da Educao Fsica e do Esporte, no artigo 1,
estabelece que a prtica da Educao Fsica e do Esporte um direito
fundamental de todos e que o exerccio deste direito:a) indispensvel
expanso das personalidades das pessoas; b) propicia meios para
desenvolver nos praticantes
aptides fsicas e esportivas nos sistemas educativos e na vida
social; c) possibilita adequaes s tradies esportivas dos pases,
aprimoramento das condies fsicas das pessoas e ainda pode lev-las a
alcanar nveis de performances correspondentes aos talentos
pessoais;d) deve ser oferecido, atravs de condies particulares
adaptadas s necessidades especficas, aos jovens, at mesmo s crianas
de idade pr-escolar, s pessoas idosas e aos deficientes, permitindo
o desenvolvimento integral de suas personalidades
(UNESCO,1978).
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6 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
neste contexto, momento histrico em que vivemos profundas
transformaes, que o profissional de educao est inserido. Como
educador, sujeito capaz de contribuir para que se construam novas
geraes com capacidade de agir de forma proativa como ser no mundo.
Sobre este profissional, percebemos uma contundente transformao em
seu perfil.
O crescimento da realizao de encontros, seminrios, convenes,
congressos e ps-graduaes no campo do esporte, atividade fsica,
sade, lazer e qualidade de vida despertam um maior interesse do
profissional de educao fsica que acompanha as exigncias atuais pela
formao continuada.
O apelo para que as pessoas participem de programas de atividade
fsica uma constante em diversos segmentos sociais, notadamente nas
mais variadas formas e meios de comunicao. Academias de ginstica,
clubes esportivos, escolas de iniciao esportiva e o fenmeno recente
das consultorias para treinamento
1 Que documentos citam o direito de crianas e adolescentes terem
acesso ao esporte e ao lazer? Liste cada um
mencionado no texto, descrevendo o que citam.
2 Como a educao fsica colabora para o estilo de vida
moderno?
Reflexo
esto mais presentes na vida das pessoas. A sociedade passa a
procurar, de maneira consciente, orientao profissional
especializada, na busca por segurana no desenvolvimento das
atividades e pela eficincia nos resultados.
O desenvolvimento social, econmico, tecnolgico e cultural,
dinmico nos dias atuais, impe uma mudana no estilo de vida da
populao. A atividade fsica, realizada anteriormente em tarefas
comuns no dia a dia, praticamente sumiu da rotina na sociedade
contempornea. Hoje, o ser humano adepto de todas as formas de
confortos que a tecnologia proporciona vida diria. Isso representa
um avano da civilizao, mas h um preo a ser pago.
O estilo de vida sedentrio associado a um grande nmero de doenas
que afligem as pessoas. Em particular, as que vivem nos centros
urbanos (BARROS, 2006). Esta mesma sociedade precisa constituir
novos mecanismos compensatrios que minimizem as perdas das
caractersticas bsicas do bem-estar humano.
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7Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Personal trainer pra qu?
Por Francine LimaVejamos o que aprendeu
na infncia, nas aulas de educao fsica. As atividades estavam
voltadas para o desenvolvimento das habilidades motoras, certo?
Brincadeiras com bolas, bancos, cones, pneus e muita gritaria eram
a tnica das aulas. Ali seu corpo experimentou um bocado de
movimentos, e voc foi ensinado a se comportar com relao aos
colegas, houvesse ou no competio. Muito bem. Mas por acaso voc
aprendeu a classificar o metabolismo energtico como gliclise,
beta-oxidao ou ATP? Aprendeu quantas repeties de quais exerccios
fazem crescer os msculos ou queimar gordura? Saiu da escola sabendo
como administrar a quantidade de sries, o tempo e a sobrecarga nos
treinos para ter os resultados desejados? No s no aprendeu nada
disso, como no sabe do que estou falando? Pois h educadores
propondo que as crianas aprendam esse tipo de coisa ainda no ensino
fundamental e no dependam de um personal trainer no futuro.
A professora Fabia Antunes, uma das autoras da proposta,
publicada na Revista Brasileira de Educao Fsica e Esporte no ano
passado, acredita que a educao fsica escolar deve servir no s para
educar o fsico, mas tambm a cabecinha das crianas. Na viso de
Fabia, hoje a meninada j vive numa cultura que valoriza o
corpo.
Eles frequentam academias, querem ficar fortes e sarados, e
muitos adolescentes j usam esteroides anabolizantes para conquistar
rapidamente seus objetivos estticos, ignorando os riscos que isso
representa para a sade. Se eles soubessem exatamente o que acontece
no corpo deles ao longo do seu desenvolvimento, sugere Fabia,
poderiam desde cedo tomar as decises certas.
O artigo de Fabia, escrito em conjunto com o professor Luiz
Dantas, da USP, procura estabelecer quais contedos deveriam ser
includos nas aulas de educao fsica do ensino fundamental para as
crianas terminarem a escola mais espertas com relao ao seu corpo.
Ou seja, mais fisicamente educadas. Em primeiro lugar, sugere o
artigo, elas deveriam ser capacitadas para refletir sobre conceitos
ligados ao corpo e cultura esportiva. Por exemplo: de onde vem o
ideal de beleza da nossa sociedade atual, e qual influncia ele
exerce sobre os jovens? Como cada um se sente em relao ao seu
corpo, s suas habilidades, e como isso interfere na autoestima? Por
que o futebol o esporte mais valorizado em nosso pas? Qual o motivo
para meninos normalmente no gostarem de bal?
Alm de refletir sobre questes culturais, o estudante deveria,
por exemplo, apropriar-se do conceito de frequncia cardaca e
aprender a manipular a intensidade do seu exerccio fsico de acordo
com suas necessidades
atuais e futuras; como, por exemplo, melhorar suas funes
cardiovasculares, perder peso ou simplesmente usufruir com segurana
de uma atividade prazerosa. Ser que papel da escola ensinar isso
aos alunos? Ser que esse aprendizado na escola hoje ajudaria a
reduzir a quantidade de adultos com doenas cardiovasculares e
obesidade em algumas dcadas?
Vamos supor que sim. Que, alm de promover a educao alimentar,
como comeou a acontecer nos ltimos anos, a escola assuma tambm a
responsabilidade de ensinar as crianas a fazer os exerccios certos
para ter o corpo que quiserem. Que, assim como aprendemos a ler,
escrever e fazer contas simples como somar e subtrair, aprenderamos
tambm a ler e calcular as necessidades do nosso corpo, com condies
de planejar as solues que dependessem apenas de uma mudana de
hbito. Que resultados teramos no futuro? [...]
Imagino que, se sassemos da escola sabendo melhor como cuidar de
ns mesmos, talvez menos pessoas precisassem ir ao mdico para s ento
descobrir que esto precisando se exercitar mais ou fazer uma dieta.
E voc? Acha que as escolas deveriam ensinar as crianas a planejar
seus exerccios, a ponto de elas se tornarem adultos independentes
de treinadores fsicos?
(FONTE: Adaptado de Revista poca Edio: 3 de maro de 2011).
Voc fisicamente educado?
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8 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
A polissemia da profisso
Esse fato mostra a mudana de paradigma das polticas
governamentais que outrora primavam pelo clientelismo ao inserir
pessoal sem formao e sem qualificao profissional frente dos
projetos.
No campo das atividades esportivas, os megaeventos que sero
realizados no Brasil hoje nos colocam no centro da ateno do esporte
mundial. Os Jogos Mundiais Militares (2011), a Copa das Confederaes
(2013), a Copa do Mundo de Futebol (2014) e os Jogos Olmpicos e
Paraolmpicos (2016) apresentam grande oportunidade para o
profissional de educao fsica. Haver grande volume de investimentos
no esporte nacional, melhoria da estrutura esportiva do pas e, o
mais importante para a profisso que se colocar como protagonista,
os legados socioeducativos. Esperamos que as melhorias estruturais
das cidades envolvidas, a educao esportiva e o olimpismo contagiem
toda a nao, a fim de proporcionar efetivas transformaes na dinmica
social do Pas.
O profissional hoje percebe o seu papel na sociedade e reflete
sobre os novos desafios e metas da profisso. J analisa qual formao
ou atualizao necessita para desenvolver sua atividade de modo para
melhor atender
seus beneficirios. Portanto, o conhecimento cientfico e a formao
profissional tm fundamental importncia para que se construa uma
cultura com um estilo de vida ativo. So importantes tambm para que
valores humanos sejam evidenciados no esporte e, assim, ocorra a
esperada melhoria da qualidade de vida.
Essa condio intelectual e responsvel do profissional influencia
o campo de trabalho, que amplo, oferecendo diversas oportunidades
em educao fsica e esportes. Isso inclui educao fsica escolar,
preparao fsica, orientao de exerccio corporal, treinamento
esportivo, tcnico esportivo, administrao esportiva, iniciao
esportiva e outros servios especializados desenvolvidos nas
diversas instituies da sociedade (BARROS, 2000).
Como intelectual, o profissional desenvolve ao permanente na
formao humana. Este comportamento, alm de influenciar aqueles que
participam das atividades, cria cultura capaz de desenvolver
atitudes e valores. Os intelectuais orgnicos so as clulas vivas
dentro da comunidade; a escola a principal encarregada de sua
formao. O intelectual tem a misso de formular e levar at as massas
e difundir as ideologias, elevando o nvel
As facilidades resultantes do avano das tecnologias, o estresse
prprio de uma sociedade competitiva, como a brasileira, e o aumento
nos ndices de obesidade j na infncia so aspectos que apontam a
necessidade e a importncia da interveno do profissional de educao
fsica. Fator que tambm se apresenta favorvel ao especialista da rea
a implantao de polticas pblicas voltadas ao esporte e lazer.
O Ministrio do Esporte, em parceria com as Secretarias
Municipais e Estaduais de Esportes, vem protagonizando mudanas na
qualidade dos programas. Atualmente exige a presena do profissional
de educao fsica na dinamizao, na coordenao e, em muitos casos, na
gesto dos projetos.
o conhecimento cientfico e a
formao profissional tm fundamental importncia para
que se construa uma cultura com um estilo
de vida ativo.
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9Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
cultural. O intelectual/professor de educao fsica representa a
unio entre teoria e prtica (SILVA, 2001).
Desse modo, o profissional de educao fsica deve contribuir para
as mudanas necessrias que o mundo moderno hoje impe s novas geraes,
promovendo olhares e condutas ousadas para o pleno exerccio como
cidado. este profissional o especialista que lida
Responsabilidade com o desenvolvimento de um estilo de vida
saudvel
Ouvimos, com certa frequncia, as pessoas falarem que uma vida
saudvel e a manuteno de um estilo de vida ativo so fundamentais
para atingir o equilbrio entre corpo e mente. So programas
televisivos, redes sociais, revistas especializadas e sites
jornalsticos que abordam a temtica. Enfim, vivemos um bombardeio de
informaes sobre ser fisicamente ativo e saudvel.
Essas informaes so valiosas, medida que a populao bem informada
pode buscar modificar hbitos em prol de bem-estar. Tendo a mdia
como aliada diria com informaes populao, os profissionais da rea da
sade, e de modo especial da educao fsica, contribuem de forma
significativa, para que, no controle de seus comportamentos, o
homem possa vincular a sade ao seu estilo de vida.
A Organizao Mundial da Sade (OMS), em 1940, define seu objeto de
estudo como um estado de completo bem-estar fsico, mental, social e
espiritual, e no somente a ausncia de doenas ou enfermidades. A
partir desse marco, as cincias da sade e os profissionais da rea
passariam a tratar do homem, e no mais da doena.
O conceito atual de sade , portanto, mais abrangente, holstico e
at mais rigoroso.
1 Quais aes podem ser citadas como determinantes para uma atuao
com responsabilidade no ambiente social?
2 O profissional de educao fsica poder intervir para evidenciar
e priorizar os legados dos megaeventos. Escreva um texto
apresentando reflexes sobre a necessidade de essa ao ser
desencadeada com prioridade nos legados socioeducativos.
Reflexo
com o desenvolvimento das habilidades motoras e conscincia
corporal, pois com o corpo que o ser se faz presente no mundo e por
este corpo que age para transform-lo. Assim, busca intervir de
forma competente em sua ao na educao fsica e na sociedade, quando
assume responsabilidades com as diversas manifestaes corporais.
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10 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
ativa e saudvel na populao passa de forma inequvoca pela escola.
Para que isso ocorra, j se iniciam transformaes de ordem
metodolgica na abordagem dos contedos. Se hoje a prioridade o
ensino do esporte, alm da reengenharia desse modo de abordagem,
outras temticas passam a fazer parte do cotidiano escolar. A prtica
do esporte, aliada a outras atividades de danas, lutas, jogos e
ginsticas, oferece oportunidade de vivenciar o corpo em movimento
consciente. Viabiliza, assim, a promoo dos benefcios que se espera
atingir com as atividades corporais na escola, como: aptido fsica,
conscincia corporal, desenvolvimento das habilidades motoras,
sociabilidade, crescimento pessoal e cultura de um estilo de vida
saudvel.
Da, surge um grande problema, pois o esporte sendo utilizado
como um fim em si mesmo, como desenvolvido hoje nas escolas,
dificilmente produzir os benefcios citados. Destacamos o fato de o
esporte se constituir, quando no observamos os pressupostos
pedaggicos do ensino, em um elemento com forte apelo de excluso.
Dessa maneira, elimina e/ou afasta grande nmero de alunos sem muita
aptido e com pouca habilidade. Ou seja, quem mais deveria ser
beneficiado com as prticas corporais esportivas fica de fora
(CATUNDA, 2003).
Assim, ser saudvel no sculo XXI, segundo Saba (2003) tornou-se
incomum. Pois, mesmo que no se manifeste nenhum sintoma especfico
de doena grave, uma pessoa pode no ser considerada saudvel se no
estiver na sua mais plena capacidade de produzir e exercer suas
atividades dirias. Desse modo, ao procurar agir a favor da sade, um
dos pontos sempre citados pelos especialistas a manuteno do corpo
ativo com a prtica de exerccios regulares.
Dentro desse contexto, o profissional de educao fsica,
devidamente reconhecido pelo Conselho Nacional de Sade (CNS), a
partir da resoluo n 218, de 6 de maro de 1997, est qualificado e
legalmente habilitado para intervir no seu campo profissional
prevenindo doenas, promovendo a sade e contribuindo para a
qualidade de vida (CONFEF, 2002).
Resoluo do Conselho Nacional de Sade (CNS) n 218/1997
Reconhece como profissionais de sade de nvel superior as
seguintes categorias: assistentes sociais, bilogos, profissionais
de educao fsica, enfermeiros, farmacuticos, fisioterapeutas,
fonoaudilogos, mdicos, mdicos veterinrios, nutricionistas,
psiclogos e terapeutas ocupacionais.
(FONTE: www.datasus.gov.br)
Muito se discute sobre a importncia de um estilo de vida
saudvel. Apesar de todas as evidncias cientficas acumuladas, muitas
pessoas parecem ainda estar desinformadas ou desinteressadas a
respeito da prtica de atividades fsicas regulares, de uma nutrio
equilibrada e de outros componentes relacionados sade. Nesse
aspecto, a responsabilidade e a funo educacional do profissional de
educao fsica se revestem de um vis pedaggico, ao promover aes
preventivas na rea da sade e ao estimular a formao de bons hbitos
de vida e a alimentao equilibrada em todas as faixas etrias e
segmentos sociais. Desse modo, o profissional contribui para a
formao de uma sociedade em que os indivduos cultivem um estilo de
vida ativo e saudvel.
A responsabilidade em desenvolver hbitos de vida
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11Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
A educao fsica escolar tem a realizar significativa transformao
em seu modo de estar na educao, utilizando-se da sua condio e
especificidade. de sua competncia a abordagem corporal na escola.
Torna-se importante salientar tal abordagem, devido grande
quantidade de estudos cientficos que demonstram a associao entre
hbitos de exerccios fsicos sistematizados e sade. E, de forma
particular, a manuteno saudvel das condies cardiorrespiratrias
(NAHAS, 2000). A educao para a vida ativa, que aqui defendemos,
segue uma tendncia internacional para a incluso nos programas de
educao fsica, de informaes sobre aptido fsica, exerccio fsico,
atividade fsica e sade.
Assim, percebemos a necessidade urgente de mudanas, pelo fato de
que, nas escolas brasileiras, os professores adotam um currculo
horizontalizado, no qual de tudo se oferece um pouco. Com essas
atitudes, a devida preocupao com a progresso dos contedos e, por
conseguinte, das aprendizagens prejudicada. O pouco tempo dedicado
aos objetivos propostos nas aulas, em muitos casos, torna-os
inalcanveis para a maioria. Isso desmotiva os alunos. Esperamos,
com as devidas mudanas, que as respostas
e o benefcio surjam de maneira satisfatria e global.
Os pesquisadores Haywood e Corbin propem um currculo vertical.
Nele, h um planejamento sequencial e progressivo, em que objetivos
e experincias de aprendizagem tornam-se pr-requisitos para um novo
estmulo a seguir. Assim, a progressividade das atividades
funcionaria tambm como um estmulo para a superao dos limites por
parte dos alunos. Isso faz com que cada srie reserve um perodo de
tempo mais significativo, havendo a concentrao em poucos ou apenas
em um objetivo mais especfico. Esse tipo de foco em poucos
objetivos se torna mais relevante para cada fase em
desenvolvimento. Propicia maiores possibilidades de aprendizagem e
reteno para futuras e mais avanadas experincias. a sequncia lgica e
progressiva de contedos uma motivao para o interesse dos
alunos.
[...] Nessa direo, assumimos a importncia de se conhecer as
dimenses e implicaes biopsicossocioculturais do movimento humano
como um dos meios para que o indivduo adquira autonomia no
gerenciamento das suas prprias atividades. O conhecimento
declarativo na educao fsica est presente tanto nas dicas essenciais
para a execuo de uma habilidade motora, no significado
sociocultural de uma determinada atividade motora, ou ainda nas
orientaes sobre o gasto energtico a ser despendido num certo
exerccio fsico.
Estudos realizados por Antunes e Dantas (2010) apontam a
necessidade de uma maior reflexo sobre o significado do que se
ensina na escola sobre a educao fsica.
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12 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Inmeras so as formas de ensinar sobre atividade fsica e sade nos
programas de educao fsica. Definies abrangentes de sade e aptido
fsica pressupem relevante matria pedaggica para o bem-estar
individual e para a sade pblica, e no somente uma preocupao mdica.
Sade no pode mais ser tratada como uma questo exclusivamente da
medicina, mas sim pedaggica. Nada pode fazer mais sentido hoje,
quando se constata que as principais doenas e causas de morte esto
relacionadas com o estilo de vida das pessoas.
Nos estudos sobre estilo de vida, encontramos o Pentculo do
Bem-Estar (PBE).
A figura uma demonstrao grfica dos resultados obtidos a partir
do questionrio do perfil do estilo de vida individual. Esta
representao destaca caractersticas nutricionais, nvel de estresse,
atividade fsica habitual, relacionamento social e
comportamentos
nutrio
controle de stress
atividade fsica
relacionamento social
comportamento preventivo
preventivos. demonstrada em figura no formato do pentculo
(estrela), com intuito de facilitar a visualizao dos seguimentos
abordados (NAHAS, 2000).
Quanto atividade fsica habitual, as orientaes so para que se
realizem 30 minutos de atividades fsicas (moderadas/intensas) de
forma contnua ou acumulada, cinco ou mais vezes por semana.
Realizar exerccios que envolva fora e alongamento muscular duas
vezes na semana. No dia a dia, caminhar ou pedalar como forma de
transporte e, preferencialmente, utilizar escada em vez de
elevador.
A educao para um estilo de vida ativo representa uma das tarefas
educacionais fundamentais
que a educao fsica tem de realizar por meio de uma
eficiente interveno do profissional. importante, cita Nahas
(2006), construir currculos que atendam s necessidades dos
1 Com relao atividade fsica habitual, desenvolva, em forma de
projeto, um programa que atenda s necessidades e fornea orientaes
para que o indivduo seja considerado fisicamente ativo.
2 Quais as implicaes da educao fsica escolar quanto ao
desenvolvimento de um estilo de vida saudvel?
Reflexo
indivduos, tanto as atuais como as futuras [...]. Se um dos
objetivos fazer com que os alunos incluam hbitos de atividades
fsicas em suas vidas, fundamental que compreendam os conceitos
bsicos relacionados com a sade e aptido fsica. Tambm essencial que
sintam prazer na prtica de atividades fsicas e que desenvolvam
certo grau de habilidade motora, o que lhes dar a percepo de
competncia e motivao para essa prtica. Parece ser uma funo
educacional relevante e de responsabilidade que o profissional de
educao fsica assume com a sociedade.
o profissional de educao fsica que desenvolve conhecimentos para
tratar da corporeidade dos alunos. Faz isso pela via da eficincia
motora, manifestaes esportivas e recreativas, atividades de
expresso, como as danas, ginsticas, linguagens corporais e sade, e
na busca de criao de uma cultura para um estilo de vida ativo e
saudvel.
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13Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Levante-se j da cadeira e ganhe anos de vida
por Adriana Toledo
Quem faz ginstica e sua a camisa pelo menos trs vezes por semana
na certa respira aliviado, com a sensao de ter escapado do rtulo de
sedentrio. Mas agora vem um outro lado da histria, mostrando que
essa pode ser uma concluso precipitada. Porque, segundo
pesquisadores do American Cancer Society, no basta alcanar essa,
digamos, cota semanal de atividade fsica se, no restante do tempo,
a pessoa passa boas horas sentada seja na frente do computador,
empacado no trnsito, seja curtindo uma televiso. Eles acompanharam
nada menos do que 120 mil indivduos pelo longo perodo de 14 anos.
Ficaram de olho em sua rotina, de acordo com questionrios que os
participantes preenchiam regularmente.
E fizeram observaes de cair o queixo: as mulheres que gastam
pelo menos seis horas por dia grudadas na cadeira apresentam um
risco 37% maior de morrer por uma doena quando comparadas quelas
que no ultrapassam trs horas sentadas. J os homens que vivem
sentados tm um risco apenas 17% maior de sofrer de um problema
fatal vai saber o porqu! De fato, no adianta malhar pra valer
durante uma hora e dedicar o restante do dia a dormir ou relaxar na
poltrona,
de uma srie de enzimas e hormnios responsveis por metabolizar
acar e gordura, esclarece Zogaib. A consequncia se reflete no
aumento de colesterol, de triglicrides e das taxas de glicose, que
se acumulam nos vasos, aumentando as chances de obstru-los,
esclarece Zogaib.
O mdico do esporte Roberto Carlos Burini, da
Universidade Estadual de So Paulo, a Unesp, em Botucatu, no
interior paulista, complementa. E, muito tempo sentadas, as pessoas
no consomem tantas calorias. O excesso de energia fica, ento,
depositado no tecido adiposo. E ele produz substncias inflamatrias,
como as citocinas, que afetam as
artrias. Um ltimo argumento para botar as pernas
para trabalhar: um artigo publicado pelo Instituto Karolinska,
na Sucia, sugere uma associao entre a inrcia do dia a dia e o
cncer. Ora, se no h como escapar do trabalho ou do trnsito, fica o
primeiro conselho para o tempo livre: abandonar o controle remoto e
sair para dar um passeio a p.
(FONTE: Revista Sade! vital Edio de fevereiro 2011 n 334)
deixando os msculos inativos e o metabolismo lento, justifica o
fisiologista Paulo Zogaib, da Universidade Federal de So Paulo,
para quem o resultado no assim to espantoso. Enquanto estamos
sentados, economizamos energia, o que favorece a obesidade, com
todos os prejuzos que ela traz ao organismo, acrescenta a SADE! a
epidemiologista americana Alpa Patel, que liderou a investigao.
Outro estudo este australiano, assinado por cientistas do Baker
IDI Heart and Diabetes Institute, corrobora com essa tese. Eles
monitoraram 8.800 pessoas e descobriram o seguinte: quem assiste TV
por mais de quatro horas dirias 80% mais propenso a morrer do
corao. A falta de exerccio muscular afeta o funcionamento
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14 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
O esporte como fator de promoo humana
busca de objetivos comuns, que podem j estar definidos (ou no),
defendendo causas, criando projetos, desenvolvendo aes sociais,
conversando e interagindo com o outro. O filsofo portugus Manuel
Srgio declarou: O homem se realiza no outro! Pela convivncia com o
outro, concretizamos nossa existncia, produzindo, recriando e nos
realizando pelas relaes que estabelecemos.
No esporte, estas questes humanas esto bastante evidenciadas. O
profissional de educao fsica, conhecedor dessas caractersticas,
coloca-se a servio da formao dos valores humanos. Porque compreende
que a ferramenta eficiente para o desenvolvimento de padres ticos
de
No ensino dos esportes, o profissional de educao fsica assume o
compromisso com a formao humana. Fenmeno desenvolvido por meio da
cultura, o esporte abarca as atividades fsicas e esportivas cujas
manifestaes, geralmente, apresentam a expresso maior criada pelo
povo, reforando seus valores morais. Como fenmeno social, a
importncia do esporte para o desenvolvimento da juventude assume
significncia, medida que incorpora prticas e hbitos saudveis no
cotidiano e polticas pblicas e sociais so criadas para o
atendimento dessa demanda.
O ser humano, por natureza, identificado como um ser que tem
como caracterstica social a vivncia em grupo. por meio de grupos
que se organiza na
comportamento. Utiliza tcnicas pedaggicas e contedos especficos
como instrumentos mediadores do desenvolvimento da personalidade do
indivduo, pois lida com valores humanos, social e culturalmente
construdos.
O carter ldico do qual se reveste o ensino do esporte o que o
torna atraente para quem aprende. Isso ocorre pela possibilidade de
fazer uso de metodologias que transcendam o gesto tcnico e valorize
a capacidade que o ser humano tem de aprender. por esta
aprendizagem, pela via das experincias concretas, pelas situaes
vividas no cotidiano socializador do esporte, que a memria corporal
age na formao de atitudes positivas.
A vida um permanente exerccio de socializao.
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15Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Temos oportunidade de partilhar com o outro o convvio desde o
nascimento at a morte. desse modo que evolumos certo que, em maior
ou menor intensidade, temos o potencial a ser desenvolvido. Essa
evoluo vai depender das vivncias a ns oferecidas e da qualidade do
nosso envolvimento. Somos seres de relaes, de dilogos, de
participao e de comunicao, que se revela em nosso cotidiano em
grupos. Segundo Charles Fourier, o homem, pela sua natureza
psicolgica, um ser social, mais exatamente um ser grupal.
Socializar-se uma das buscas do ser humano para desenvolver-se.
A prtica esportiva orientada por profissional habilitado oferece
esta oportunidade como uma das suas principais caractersticas. No
jogo, discute-se e aprende-se o sentido da regra. O aprendizado de
tal ao pode refletir na formao do carter na infncia e adolescncia,
possibilitando a criao de um cidado mais consciente de seus
direitos e deveres. No ensino dos esportes, exercita-se a
convivncia com as competncias e habilidades individuais e com os
limites, o que contribui para o respeito ao corpo e o
autoconhecimento.
A vivncia da prtica esportiva estimula a participao coletiva
com
as diferenas individuais, oriundas do contato com o outro. Essa
situao contribui para o desenvolvimento do senso de respeito e
justia s pessoas fato necessrio formao humana para uma convivncia
social harmoniosa. Enfim, o contato permitido nas prticas
esportivas com a diversidade, sob a orientao do profissional de
educao fsica, oferece uma segura contribuio para a formao
humana.
Na infncia, para que se atinjam os objetivos das atividades
corporais, o profissional de educao fsica apresenta contedos que
propiciam a criana um conhecimento maior sobre a cultura do
movimento corporal. Usa atividades de cunho pedaggico especfico da
rea, tais como: prticas de sensibilizao corporal, jogos simblicos,
jogos de construo, jogos de regras, rodas cantadas, brincadeiras
populares, ginstica geral, danas folclricas, lutas, jogos
pr-desportivos, atividades de fundamentao do esporte, atividades de
percepo corporal, relaxamentos, alongamentos, dentre outras que
envolvam o conhecimento do corpo e o movimento consciente.
Para que essas aes se concretizem, o profissional se apropria de
um conhecimento tcnico cientfico para compreender
as transformaes e as necessidades da criana. ele, como educador,
que deve estimul-la. E, acima de tudo, contribuir para assegurar,
nas vivncias corporais, a qualidade e a tica. Cultiva princpios,
atitudes e valores a fim de que a criana possa desenvolver-se
harmoniosamente, guardando para a vida adulta uma autoestima que
lhe permita uma viso positiva de seu corpo. Este fato relevante se
levarmos em considerao os distrbios de ordem psicolgica, como
distoro da imagem corporal, geradores de adoecimento e a crescente
onda de obesidade j na populao infantil.
Em documento organizado pela Comisso de Educao Fsica Escolar, a
Confef (2007) recomendou-se que o trato especializado na conduo do
ensino pelo profissional de educao fsica oferece de modo seguro o
pleno desenvolvimento infantil. Isso ocorre porque proporciona:o
oferecimento das vivncias em uma ambincia ldica favorvel s
atividades que apresentem predominncia: cooperativa, participativa,
organizacional, criativa e estimuladora de superao pelos desafios
que oferece;por meio da fase em que se encontra o desenvolvimento
motor infantil, nfase nas atividades corporais de sistematizao
do
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16 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
ILUSTRAO Mostrar crianas se exercitando. Pode ser um jogo de
futebol (tipo uma escolinha) em que meninos e meninas esto jogando.
Ou uma aula de ginstica tambm para crianas.
conhecimento por meio de prticas esportivas em forma de jogos
recreativos;o conhecimento do corpo em uma abordagem anatmica e
fisiolgica para o movimento consciente e a prtica sistemtica de
exerccios ao longo da vida;uma abordagem das atividades adequadas s
necessidades das faixas etrias das crianas, oferecendo, assim, um
trabalho com qualidade e segurana; os cuidados necessrios para que
a atividade no prejudique a formao psicossocial da criana ou cause
alguma leso durante as sesses prticas;o carter incentivador da
vivncia de habilidades necessrias para que se possa concretizar a
educao, e que seja promotora de sade e de um estilo de vida ativo
pelos esportes, jogos, lutas e ginsticas; atividades rtmicas e
expressivas; conhecimento sobre o corpo, sendo esse ltimo bloco
relacionado com alguns conceitos sobre o funcionamento do
organismo, atividades corporais na natureza entre outras
manifestaes da cultura no processo educacional global da criana;a
valorizao e o conhecimento do corpo a partir da conscincia do
movimento, realizada necessariamente sob o prisma pedaggico;
a formao de conhecimentos, atitudes e valores de carter
permanentes, que possibilitem a prtica de comportamentos benficos
sua sade individual e social.
Os princpios e valores que devem alicerar o ensino do esporte
so: incluso, diversidade, qualidade de vida, democratizao e
universalizao. Assim, o compromisso com o associativismo, a
solidariedade, a tolerncia e o respeito pelo outro so aspectos
valorizados na formao cidad. So passveis de desenvolvimento por
meio de um ensino pelo profissional de educao fsica, que deve fazer
a diferena no momento da
UM ALERTA!No mundo, as mudanas no estilo de vida das crianas
caminham para a diminuio de oportunidade de prticas corporais
participativas e ativas. ocasionada por diversos fatores, como:
1 dficit na socializao pela pouca oportunidade de vivncia das
necessidades ldicas;
2 diminuio dos espaos com a urbanizao, antes privilgio de
grandes cidades, agora muito comum em cidades de menor porte;
3 reduo das vivncias de brincadeiras populares e jogos
esportivos na rua de modo espontneo;
4 precoce aparecimento de doenas crnico-degenerativas e aumento
de ndices de obesidade infantil;
5 imobilismo a que as crianas so submetidas na escola, pela
inadaptabilidade do ambiente ao corpo em movimento e, nos lares,
pelo excesso de tempo de uso de meios audiovisuais.
orientao, fundamentada na qualidade tcnica, na tica e no
compromisso social.
Na infncia, a adoo de valores a serem praticados socialmente uma
ao fundamental para a formao da cidadania. com a chegada educao
formal que a criana inicia o confronto dos valores vividos no
ambiente familiar com os difundidos por professores.
Partindo dessas preocupaes e da responsabilidade que o
profissional de educao fsica deve assumir para com a formao das
crianas, atentamos para a orientao qualificada desse profissional
para que os ganhos possam ser concretizados.
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17Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Levando em considerao os altos ndices de obesidade e de
sedentarismo infantil que nos desaponta e j que ouvimos falar muito
na frase: as crianas so o futuro do pas, temos que nos voltar para
a importncia da atividade fsica nessa idade, que primordial para o
desenvolvimento de um ser humano saudvel fsico e mentalmente.
Da, a indispensvel importncia da Educao Fsica Escolar, onde se
tem a oportunidade de desenvolver cada criana com suas
particularidades, respeitando sempre seu nvel de maturao psicolgica
e fsica. A criana no uma miniatura de adulto e sua mentalidade no s
quantitativa, mas tambm qualitativamente diferente da do adulto, de
modo que a criana no s menor, mas tambm bem diferente.
A prtica esportiva para crianas tem o grande papel de promover o
desenvolvimento motor bsico, fazer com que ela se integre, descubra
e discuta sobre o mundo em que vive, entenda seu corpo e seus
limites; melhore sua autoestima, sua autoconfiana, melhore sua
expressividade e em termos fisiolgicos reduza as condies para o
desenvolvimento de doenas crnicas ligadas ao sedentarismo como a
presso alta, doenas do aparelho respiratrio, entre outras.
indispensvel que cada fase seja desenvolvida, olhando a
prtica de atividades esportivas e fsicas, j que na Educao Fsica
Escolar tambm se pode observar o despertar de talentos
individuais.
Levando em considerao que
o sedentarismo afeta 70% da populao brasileira,
mais que a obesidade, a hipertenso, o tabagismo, o diabetes e o
colesterol alto, pode-se considerar que a causa de pelo menos 54%
dos riscos de morte ocorridas em nosso pas. Para mudar um sistema,
necessrio agir na sua base, e a base da sociedade a famlia,
conscientizar que sade o fator de maior importncia dentro dela e
que preciso combater nas nossas crianas o sedentarismo para que
tenhamos adultos com uma qualidade de vida melhor, pode ser um
conceito ensinado em cada aula pelo professor, pois percebermos que
viver mais e melhor depende exclusivamente dos nossos hbitos.
(FONTE: Revista Bem de Sade. Disponvel em:
www.bemdesaude.com)
criana como um ser em nvel de maturao, de descobrimento, e no
como um atleta profissional em que o objetivo so resultados a curto
prazo.
Criar oportunidades de crescimento e descoberta individual
usando o esporte e a atividade fsica como ferramentas o que cabe ao
professor de Educao Fsica nas suas aulas. muito comum vermos
crianas obesas com uma alimentao totalmente imprpria e
desequilibrada com uma rotina onde os computadores e o videogame
tomam o lugar do correr, saltar, brincar como era feito dcadas
atrs, onde ainda no tnhamos esse tipo de tecnologia.
necessrio que os pais e os profissionais da Educao Fsica estejam
atentos e preparados para agir em conformidade com as mudanas do
meio, sempre fazendo com que a criana conhea os benefcios que a
atividade fsica traz na sua vida. Benefcios esses que ajudaro a
formar seu carter e direcionar a vida de outras pessoas que
interagem com eles. Por isso, estimul-las a serem fisicamente
ativas algo que no pode ser deixado de lado.
necessrio ver a prtica de atividades e exerccios fsicos como uma
questo de sade pblica priorizando sempre a ludicidade sobre o
esporte de competio, especialmente quando se tratar de crianas,
pois a cobrana demasiada pode fazer com que peguem averso
Atividade fsica na infncia
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18 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
e desproporcional vem acompanhado de dificuldades na percepo
espao temporal. A imagem corporal, ainda no definida, traz momentos
de baixa autoestima pela incapacidade de reconhecer-se e pouca
aceitao do corpo.
Neste perodo, a prtica de esportes um forte aliado para a
necessria harmonia no pleno desenvolver do adolescente. O esporte
possibilita a formao de grupos e favorece a criao de vnculos entre
os jovens. O encontro sistemtico com grupos que apresentam
caractersticas e desejos comuns contribui para que o adolescente se
abra ao dilogo. Dissipa, assim, suas angstias e partilha momentos
de alegria e desafios que so prprios da idade.
A identificao do adolescente com seu
Adolescncia e desenvolvimento
Para a Organizao Mundial de Sade (OMS), a adolescncia representa
um processo fundamentalmente biolgico, no qual ocorrem mudanas no
desenvolvimento cognitivo, psicolgico e fsico. Abrange a idade de
10 a 19 anos e dividida em pr-adolescncia (dos 10 aos 14 anos) e da
adolescncia propriamente dita (de 15 a 19 anos).
A adolescncia como etapa do desenvolvimento humano, de acordo
com Gallahue e Ozmun (2003), contemplava apenas pessoas entre os 13
e os 18 anos. Mas atualmente inicia-se mais cedo, por volta dos
oito anos e no termina at aproximadamente a idade de 20 ou mais.
Eles explicam esse aumento do perodo da adolescncia como uma funo
dos efeitos combinados da biologia e da cultura. Identificam que a
biologia e a cultura so determinantes para o desenvolvimento do
adolescente. Afirmam que, na biologia, o perodo que marca o incio
da maturao sexual. Na cultura, a busca pela independncia financeira
e emocional da famlia.
O adolescente convive com uma revoluo interna, que gera uma srie
de conflitos na formao da sua identidade e a construo da
personalidade. O crescimento acelerado
grupo primordial para o amadurecimento de sua personalidade.
nessa hora em que a presena do profissional de educao fsica um
diferencial. As prticas corporais tm como caracterstica
preponderante a liberdade. caracterstica do comportamento motor
adolescente a especializao de suas habilidades motoras. H nfase na
exigncia que faz a si mesmo pela preciso e desempenho,
principalmente em atividades relacionadas ao esporte.
Existe no adolescente uma necessidade de afastar-se da famlia.
Os conflitos com os adultos so constantes pelo fato de o
adolescente, mesmo querendo distncia, ser dependente. Desse modo,
ele procura no grupo de amigos o seu ponto maior de referncia.
Assume um determinado tipo
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19Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
de vocabulrio e formas de vestir-se. O grupo do qual faz parte
influencia muito o comportamento social. No novidade que as
influncias recebidas dos amigos comecem a moldar a personalidade
juvenil, estabelecendo os valores morais que so aceitos pelo grupo.
O adolescente deseja esta aceitao pelo grupo de sua faixa etria,
mas tambm pelos adultos mais velhos.
Estes aspectos afetivos podem ser bem trabalhados pelos
profissionais de educao fsica, pelo fato de atuarem em ambientes
que favorecem a aproximao com os alunos. Nas prticas esportivas, os
corpos esto livres. Os adolescentes tambm podem se sentir livres
para ficar mais prximo dos professores e ter o dilogo fraterno, o
partilhar das dvidas, o conselho. Enfim, esto abertos para que a
boa e qualificada orientao faa a diferena em sua formao.
Para o pleno desenvolvi-mento de uma juventude saudvel, a prtica
de atividades esportivas com orientao pedaggica segura contribui,
alm do refinamento das habilidades, para:o aumento da autoestima
pela melhor percepo dos jovens com relao a como se sentem sobre
eles prprios e o que esperam que os outros sintam e pensem a seu
respeito. O que favorece este
sentimento no esporte o fato de o indivduo sentir-se parte de um
grupo social com objetivos a serem conquistados;o autoconhecimento
corporal, na medida em que se exercita e reconhece potencialidades
a serem desenvolvidas e limites superados;o cuidado com a aparncia
fsica, hoje priorizada por ambos os sexos, aqui deve ser vista alm
das questes estticas. O acompanhamento especializado do
profissional de educao fsica dever trazer a conscincia de valorizao
da sade como um todo, ressaltando as melhorias do sistema
imunolgico, cardiorrespiratrio, tnus muscular e equilbrio
emocional; a melhora da capacidade funcional, que representa o grau
de preservao do indivduo para realizar atividades de vida diria e
as atividades instrumentais do dia a dia;a reduo dos ndices que
apontam aumento significativo da obesidade, na perspectiva da busca
pela harmonia entre ingesto alimentar e gasto calrico. Essas aes
devem vir aliadas ao exerccio fsico para que o adolescente
desenvolva atitudes que lhe proporcionem uma melhor qualidade de
vida;as alteraes positivas da imagem corporal, provocadas pela
realizao do exerccio fsico, auxiliam independente
1 Descreva cada fator desencadeador da diminuio de oportunidade
de prticas corporais que influencia as mudanas no estilo de vida
das crianas.
2 Comente as contribuies da prtica de atividades esportivas sob
a orientao pedaggica segura, para o desenvolvimento de uma
juventude saudvel.
Reflexo
de ser padro gordo ou magro.
Dos aspectos relacionados acima, uma boa autoestima contribui
sobremaneira para que o indivduo possa observar-se como um ser
capaz de realizaes e um agir proativo. Essas atitudes interferem no
comportamento do adolescente para que ele assuma compromisso com as
mudanas necessrias ao seu crescimento. Ao participar de atividades
esportivas, experimentam o senso de eficincia, experincias de
sucesso e o pleno explorar de suas capacidades.
-
20 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Juventude e formao de valores pelo esporteSer cidado ter
direitos civis, polticos e sociais. O direito vida, liberdade,
propriedade, igualdade perante a lei so exemplos de direitos civis.
Os direitos polticos, citam Pinsky e Pinsky (2003), so os que
defendem a participao do cidado no destino da sociedade, como votar
e ser votado. Os direitos sociais so aqueles que garantem aos
indivduos a participao coletiva; ou seja, direito educao, ao
trabalho e ao salrio justo, sade, a uma velhice tranquila, dentre
outros.
Quando mencionamos que podemos educar a partir do esporte, um
imperativo deve nortear a ao docente. Como processo educativo, o
ensino do esporte deve motivar o aprendiz participao consciente e
crtica. Na aprendizagem, o porqu, o quando e o como na realizao das
atividades no devem ser privilgio do professor. De modo
determinante, devem influenciar a qualidade do que aprendido pelos
alunos. Chega de repetir as rotinas ditadas pelo professor sem
fazer a devida conexo com o significado daquilo que est sendo
ensinado.
Repetir o gesto tcnico prprio do esporte no educa para a
cidadania. Para que a educao se concretize, devemos ir alm. Nas
situaes problematizadas durante a explorao do contedo, os alunos
realizam os movimentos partindo da memria motora, do observado e do
vivido. Assim, podem perceber e comparar se suas habilidades so
superadas por eles prprios. Ao movimentar-se de forma consciente,
podem interpretar o jogo e criar suas estratgias. Podem verificar a
aplicao das regras e, de forma coletiva, propor mudanas.
Primeiramente vivencia o jogo, sente aspectos
positivos e negativos de sua participao e de seu grupo. Aps
experimentar, pode refletir, em um segundo momento, e produzir
mudanas de rumos no modo de jogar ou manter o que vem
desenvolvendo. Ao retornar, aplica o que achou que necessrio ser
modificado. Desse modo, de maneira consciente, capaz de aprender
por inteiro.
No exemplo acima, verificamos que, na aplicao de metodologias
para o ensino do esporte, o profissional compreende a relao da
participao cidad, por analogia, com a participao em um jogo. As
relaes de ensino e aprendizagem pelo esporte para o convvio tico do
cidado tm espao frtil de ser exercitado na escola. Como ambiente
formalizado no qual todos os cidados, por direito, passam por um
processo de educao, a escola um ambiente ideal e privilegiado para
o despertar do conhecimento e para o ensino de atitudes positivas,
de valores humanos e de hbitos saudveis.
Mas o ensino da cidadania no deve ser restrito escola. A
sociedade o reflexo da escola, que o reflexo da sociedade. Pelos
modos de vida hoje assumidos, a falta de tempo dos pais para educar
os filhos transforma
Cidado o indivduo que tem conscincia de seus direitos e deveres
e participa ativamente de todas as questes da sociedade. Tudo o
que acontece no mundo acontece comigo. Ento, eu preciso
participar das
decises que interferem na minha vida.
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21Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Educar para a cidadania implica,
portanto, a instruo e formao de um
cidado participativo (p.89).
o ambiente escolar em um depsito humano. No se pode ver a escola
como sada para todas as mazelas sociais. No entanto, nenhuma outra
estrutura social apresenta-se com tanta competncia para tal ao.
A educao, comenta Marclio (2007), resultado de duas linhas
inseparveis: instruo e formao. Instruo a preparao dos jovens para a
melhora do mundo dos saberes cientficos e culturais. Formao a
preparao dos jovens para se relacionar da melhor forma possvel
consigo mesmo, com os outros seres humanos e com as regras e normas
que norteiam a vida social.
Deve-se levar em considerao o tempo e o lugar em que se vive com
um apelo constante de conscientizao e responsabilidade relativas
tambm aos deveres de cidado.
Educar para cidadania adotar uma postura,
fazer escolhas. despertar de modo consciente sendo sabedor de
que, para reivindicar direitos, temos que cumprir com nossos
deveres e lutar por um pas socialmente justo. Na educao fsica
escolar, o profissional deve ter a conscincia de seu papel em todo
este processo. ele que recebe os alunos, sejam crianas, sejam
jovens, para cumprir sua funo, que, em nenhum momento, pode ser
diferente da funo da escola, que educar com significado para a
vida.
o sentido de misso que deve ser primordial para o exerccio
profissional. com este sentimento que pode proporcionar aos seus
educandos autonomia, questionamento do conjunto de regras e normas
e conscincia de uma srie de comportamentos adequados para viver em
sociedade.
com esta responsabi-lidade e competncia que deve agir para a
formao de valores e atitudes, sendo agente criador e transformador
para uma ao verdadeiramente cidad em seus alunos.
Sabemos que a educao que prima pela formao de jovens no se
processa com o desenvolvimento de contedos exclusivamente trazidos
pelo professor e ofertados pretensamente para um aprendente vazio.
As experincias vividas e a
qualidade dessas vivncias que a juventude traz para a escola so
fundamentais a fim de que se concretize uma educao significativa
para a formao de um cidado participante ativo em seu entorno
social.
no momento em que o jovem exercita os valores que traz do
ambiente familiar e dos amigos, e confronta-os com a escola e com
os professores, que a boa orientao far a diferena no espao da
aprendizagem e no desenrolar da formao do carter da juventude. A
educao o principal instrumento social para a formao da cidadania.
No h dvidas de que a partir da prtica pedaggica e das metodologias
adequadas realidade do grupo que o professor deve possibilitar ao
educando a transposio de um senso comum rumo a um pensamento
qualitativo com viso complexa, crtica e comprometida pelo projeto
de uma sociedade melhor.
O esporte emergiu na sociedade moderna como uma instituio com
comportamentos padronizados que disseminam e transmitem valores
sociais. Por valores, consideramos aqueles ideais pelos quais vale
a pena se esforar para realizar. Dentre as dimenses do fenmeno
esportivo, encontramos uma das manifestaes de maior engajamento
popular da era moderna os Jogos Olmpicos.
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22 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Eles representam o pice de alguns dos esportes competitivos e,
como tal, podem influenciar positiva ou negativamente seus
apreciadores. Esta ambivalncia, entretanto, pode ser desequilibrada
para o lado positivo por meio de uma estratgia codificada
denominada ideal olmpico ou olimpismo (PORTELA, 2004).
O ensino do esporte reveste-se, quando orientado por
profissional habilitado, de possibilidades de contribuio para a
formao do jovem cidado. Na essncia da prtica esportiva, encontramos
a oportunidade de participar de situaes que promovem experincias
voltadas conquista da autonomia pela necessidade de tomada
constante de decises. Na regra, o juzo moral na interpretao das
diversas nuances apresentadas no desenrolar das atividades
apresenta terreno frtil para que se coloquem em prtica os preceitos
advindos do fairplay (jogo limpo).
Na apreciao dos seus atos e dos colegas que jogam, o jovem tem a
oportunidade de eleger os valores de forma livre e consciente para
sua formao. No jogo, somos protagonistas e aprendemos a ser mais
proativos e menos reativos. No trabalho em grupo, passamos a
entender e valorizar as diversas formas
de participao, respeitando os limites do outro e buscando, de
modo cooperativo e coletivo, os objetivos comuns. Por analogia, a
aprendizagem do esporte se reveste de um grande laboratrio para a
aquisio de valores morais e formao humana.
No trabalho com jovens, o profissional de educao fsica se
compromete com a educao significativa para a vida. Ao apropriar-se
de conhecimentos e fazer uso de diversas metodologias que atendam
as demandas necessrias ao ensino de um ser em construo, toma
conscincia do seu dever perante a sociedade que o legitimou. O
jovem precisa, nesta fase em que se liberta de atividades corporais
institucionalizadas (educao fsica escolar), ter internalizado de
modo consciente a cultura para o desenvolvimento de um estilo de
vida ativo na fase adulta.
Se tiver vivenciado as atividades fsicas e esportivas, em sua
trajetria escolar, de modo prazeroso, certamente levar experincias
positivas que contribuiro com a aquisio de hbitos saudveis de vida.
Caso contrrio, nasce ali, um novo sedentrio e candidato ao
desenvolvimento de doenas relacionadas ao estilo de vida, fato que
j constante em uma sociedade como a nossa. Reside neste fato, para
todos os profissionais de educao fsica, mais um bom desafio para
este incio de sculo: fazer com que as experincias na educao formal
tragam benefcios reais ao cotidiano das pessoas.
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23Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Nas aes pedaggicas empreendidas durante o brincar, o jogar e o
treinar, se constri cidadania e se evidenciam os valores humanos e
a tica. O fato de os corpos estarem livres proporciona ao
profissional de educao fsica um laboratrio privilegiado para que
aes espontneas se transformem em oportunidades educativas. nesta
liberdade, sem a necessidade de representar uma personalidade que
no lhe pertence, que os humanos se apresentam em sua mais pura
essncia.
As verdadeiras virtudes e atitudes positivas afloram
naturalmente assim como atitudes e condutas negativas. Enfim,
jogando, o homem se mostra. Pelas prticas esportivas, trabalha-se
de forma ldica a construo de um ser cidado pelo exerccio
participativo e dialogado, ao sugerir, questionar, refletir e
transformar. Ao competir respeitando o adversrio, cooperar com seu
grupo e ser solidrio no jogo, o jovem ensaia para exercer seu papel
social de forma proativa.
Educao fsica como profisso O movimento como sentido para a
atividade fsica e o esporte inerente ao homem. J no perodo
pr-civilizacional, o movimento parte do cotidiano, mesmo que
naquele momento sua funo assumisse caractersticas utilitaristas. Ou
seja, o homem deslocava-se na busca de sobrevivncia e, para isso,
fazia grandes caminhadas, corria, subia em rvores, lutava e caava.
Para as aes rotineiras hoje vistas como simples, grande esforo era
demandado, o que exigia significativo gasto de energia. Com a
evoluo humana, vieram as primeiras descobertas que procuravam
minimizar as dificuldades da vida em sociedade.
O surgimento da tecnologia e do desenvolvimento socioeconmico
vem carregado de facilidades. Com elas, nasce o homo sedentarius
(sedentrio), espcie humana que passa a no mais utilizar o corpo em
movimento para realizao das atividades cotidianas. Em muitos casos,
prefere fazer uso de botes. No tardaria para que as atividades
fsicas e esportivas tambm sofressem influncia desse estilo de vida
e ambientes artificiais para a prtica dessas atividades
proliferassem.
Reflexo
1 Que relao pode ser feita entre o ensino do esporte e a
participao cidad em sociedade?
2 Como a participao na prtica de esportes pode contribuir para o
desenvolvimento de valores na juventude?
Com todas essas possibilidades de influir na formao da juventude
e no crescimento da interveno no ambiente social, a organizao da
profisso de educao fsica se fez por uma necessidade de defender a
sociedade e oferec-la maior segurana quando da participao nas
atividades fsicas e esportivas. A prtica do esporte deve considerar
os valores humanos, a tica e a moral, tornando-se ferramenta eficaz
e meio possvel de contribuir com a formao das novas geraes.
-
24 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Barros (2000) declara que essa nova realidade criou a
necessidade social do surgimento de profissionais que so preparados
com conhecimentos prprios e habilitados a orientar e administrar a
necessidade de exerccios fisiocorporais conforme as diferentes
necessidades da sociedade. Isto no um imperativo, mas uma forma de
a sociedade buscar equacionar suas demandas e necessidades nesse
campo no modelo brasileiro.
Pode-se supor que, com o aprimoramento da formao do
profissional, esse servio seja ampliado abrangendo o dia a dia das
pessoas em casa, no trabalho e no lazer desde a infncia at a idade
avanada. Assim, em relao educao e responsabilidade de assegurar a
prtica do esporte formal e informal como direito do cidado, o
Estado delegou esses servios profisso de educao fsica.
O reconhecimento, pela populao, da importncia da atividade
corporal para a sade e qualidade de vida, est entre os fatores que
contriburam para que o Congresso Nacional deliberasse sobre a
regulamentao dos servios prestados sociedade nesse campo, conforme
definido na lei 9.696, de 1 de setembro de 1998. Essa regulamentao
tambm consequncia de fatores como a reestruturao dos cursos de
graduao em Educao Fsica, definida por meio da Resoluo do CFE 03/87.
Esta resoluo reconheceu as mudanas no espao de trabalho e
possibilitou a identificao de diversos perfis profissionais alm do
licenciado e do esforo de dedicados profissionais que perceberam e
estudaram as mudanas na educao fsica e formularam a proposta.
E o que uma profisso? O que significa
Documento de interveno
lazer, recreao, reabilitao, ergonomia, relaxamento corporal,
ioga, exerccios compensatrios atividade laboral e do cotidiano e
outras prticas corporais, tendo como propsito prestar servios que
favoream o desenvolvimento da educao e da sade. (CONFEF, 2002)
O documento afirma que o profissional de educao fsica
especialista em atividades fsicas, nas suas diversas manifestaes
ginsticas, exerccios fsicos, desportos, jogos, lutas, capoeira,
artes marciais, danas, atividades rtmicas, expressivas e
acrobticas, musculao,
o reconhecimento da existncia de uma profisso? Em resumo,
profisso uma atividade de prestao de servios relevantes e
especializados que surge para atender a uma necessidade da
sociedade. Sendo especializada, exige preparao especfica e anterior
sua prtica, normalmente em curso superior. Tem o seu exerccio
regulado com as responsabilidades dos profissionais bem definidas
(BARROS, 2000).
desse princpio de responsabilidade social que parte a importncia
da regulamentao da educao fsica como profisso. Mas quem este
profissional? De que forma intervm? Para estas questes, nos
servimos do Documento de Interveno do Profissional de Educao Fsica
que define o profissional e sua abrangncia na interveno.
-
25Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
a partir do profissional de educao fsica que se estabelecem
nveis seguros na participao de atividades fsicas e esportivas. Isso
ocorre tambm pelo fato de ele estar sob fiscalizao do Conselho da
profisso, que exige formao em nvel superior para a inscrio em seus
quadros.
Desse modo, ainda citando o Documento de Interveno, afirmamos
que este profissional atua contribuindo para a capacitao e/ou
restabelecimento de nveis adequados de desempenho e condicionamento
fisiocorporal dos seus beneficirios, visando consecuo do bem-estar
e da qualidade de vida, da conscincia, da expresso esttica do
movimento, da preveno de doenas, de acidentes, de problemas
posturais, da compensao de distrbios funcionais. (Confef,
2002).
To ampla possibilidade de interveno nos remete ao significado da
profisso de educao fsica para o desenvolvimento harmonioso da
sociedade. Tambm para o oferecimento de padres aceitveis e seguros
dos nveis de atividade fsica a fim de que se transforme em
benefcios sade e que se influencie a juventude a praticar um estilo
de vida ativo e saudvel. Alm disso, que possa contribuir com a
consecuo da autonomia, da autoestima, da cooperao, da
solidariedade, da integrao, da cidadania, das relaes sociais e a
preservao do meio ambiente, observados os preceitos de
responsabilidade, segurana, qualidade tcnica e tica no atendimento
individual e coletivo. (op.cit.).
Diante do aumento da demanda pelas atividades fsicas e
esportivas fora do ambiente escolar, seria
natural que o poder pblico ficasse sensvel ao clamor da
categoria, que alertava sobre os riscos para a sociedade de ser
atendida por pessoas sem formao e qualificao profissional. Assim,
partindo do ideal de um grupo de professores, tem incio o movimento
vitorioso que culminou com a regulamentao da educao fsica.
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26 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Um pouco da histriaA histria da regulamentao contada pelos
atores que participaram do processo. Aqui, apresentaremos
inicialmente um relato do professor Jorge Steinhilber (disponvel em
www.confef.org.br). O processo da regulamentao e criao de um
conselho para a profisso de educao fsica teve incio nos anos de
1940. A iniciativa partiu das Associaes dos Professores de Educao
Fsica (Apefs), localizadas no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul
e em So Paulo. Juntas, fundaram a Federao Brasileira das Associaes
de Professores de Educao Fsica (FBAPEF), em 1946.
A histria da regulamentao da profisso de educao fsica no Brasil
pode ser dividida em trs fases: a primeira, relacionada aos
profissionais que manifestavam e/ou escreviam a respeito desta
necessidade, sem, contudo, desenvolver ao nesse sentido; a segunda,
na dcada de 1980, quando tramitou o projeto de lei relativo
regulamentao sendo vetado pelo ento presidente da Repblica; ea
terceira, vinculada ao processo de regulamentao aprovado pelo
Congresso e promulgado pelo presidente da Repblica, em 1 de
setembro de 1998, publicada
no Dirio Oficial da Unio em 2 de setembro de 1998.
Os professores Inezil Penna Marinho, Jacinto Targa e Manoel
Monteiro, durante os anos 1950, propagavam a ideia de criao de uma
Ordem ou Conselho para os profissionais de educao fsica, amparando
suas discusses nas profisses j regulamentadas. No entanto, nenhuma
ao efetiva foi realizada no sentido de formalizar e consolidar a
proposta.
Na dcada de 1980, uma reunio entre os diretores, professores e
estudantes de escolas de educao fsica, foi realizada no dia 22 de
novembro de 1983, na Funcep, em Braslia (DF), coordenada pelo
professor Benno Becker. Teve como objetivo discutir sobre a
problemtica da atuao profissional em educao fsica, com o objetivo
de criar um rgo orientador, disciplinador e fiscalizador do
exerccio profissional.
Em 1984, foi apresentado o projeto de lei n 4.559/84
(oficialmente, o primeiro projeto de regulamentao da profisso),
pelo deputado federal Darcy Pozza, Cmara dos Deputados. O projeto
dispunha sobre o Conselho Federal e os Regionais dos Profissionais
de Educao Fsica, Desporto e Recreao. O PL n 4.559/84 foi aprovado
pelo Congresso Nacional em dezembro de 1989 e vetado pelo
presidente da Repblica Jos Sarney. Isso ocorreu no incio do ano de
1990, baseando-se em parecer do Ministrio do Trabalho.
Em janeiro de 1995, durante a abertura do Congresso
Internacional de Educao Fsica (FIEP), em Foz do Iguau, o Movimento
pela Regulamentao do Profissional de Educao Fsica foi lanado
Movimento pela
Regulamentao
do Profissional de
Educao Fsica.
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27Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
O professor Jorge Steinhilber proferiu conferncia de abertura do
Congresso, anunciando que a assembleia da FBAPEF aprovara a
proposta de regulamentao da profisso. Alm disso, lanava o Movimento
como mola propulsora da regulamentao e como centro da rede de
divulgao e mobilizao, que seria necessria para esclarecimento e
adeso nacional.
No dia 13 de agosto de 1998, o projeto foi includo na ordem do
dia do Senado. Aps alguns momentos de tenso, em razo de possveis
emendas ao Projeto de Lei, o professor Jorge Steinhilber, reunido
com a deputada Laura Carneiro e senadores, firma acordo para
possibilitar a aprovao do projeto de lei nesta sesso. Aps algumas
manifestaes de parlamentares e um brilhante discurso do senador
Francelino Pereira, o projeto foi aprovado por unanimidade e
encaminhado sano presidencial.
Em 1 de setembro de 1998, o ento presidente da Repblica,
Fernando Henrique Cardoso, sanciona a lei n 9.696/98, publicada no
Dirio Oficial da Unio em 2 de setembro de 1998. Comea a ser escrita
mais uma pgina na histria da educao fsica no Brasil. Para os
profissionais de educao fsica, a grande oportunidade de tornar
a
profisso reconhecida pela sociedade, que, at ento, via na
disciplina de educao fsica escolar e academia de ginstica as nicas
possibilidades de interveno desse profissional.
Passados 12 anos de regulamentao, os ganhos so significativos. A
profisso de educao fsica vem crescendo e se firmando como profisso
necessria ao desenvolvimento de uma sociedade que tem nos servios
destes profissionais um fator determinante para desenvolver um
estilo de vida ativo e saudvel.
O profissional de educao fsica tem papel relevante no cenrio
atual em que vive o Brasil. Transitamos de modo contraditrio entre
os problemas de obesidade desde a infncia, aumento do consumo de
drogas e lcool na populao mais jovem, ndices de criminalidade e
violncia crescente tambm na populao juvenil, reconhecimento por
parte dos pases ricos de que o Brasil um pas seguro para
investimentos e de que marchamos a passos largos para o ingresso no
time das grandes naes. No campo esportivo, a preparao para a
realizao de megaeventos nos torna motivo de ateno mundial.
A profisso de educao fsica pode contribuir muito para que a
sociedade brasileira consiga o sonhado
Jorge Steinhilber presidente do Conselho Federal de Educao Fsica
(Confef). Participou das primeiras mobilizaes e acompanhamento dos
projetos de lei encaminhados Cmara dos Deputados. Conhecido como
dom Quixote da Educao Fsica, levantou a bandeira da regulamentao
com o lema que sempre pautou suas aes: em defesa da sociedade
valorizando a profisso. www.confef.org.br
O profissional de
educao fsica tem
o papel relevante no
cenrio brasileiro da
atualidade.
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28 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
equilbrio e harmonia social. Na escola, atua com a educao
integral do aluno pelas possibilidades de desenvolvimento a partir
das atividades corporais e, de modo especial, pelo esporte de
exercitar os valores humanos. Pelas suas prticas, proporciona a
participao crtica e proativa individual e coletiva e o
desenvolvimento de uma cultura capaz de contribuir para que, ao
sair da escola, os jovens tenham reconhecido as atividades fsicas e
esportivas como meio para uma vida social plena e saudvel. Fora da
escola, a participao como responsvel pela coordenao e dinamizao das
polticas pblicas imprime a qualidade necessria na importncia que
tal ao governamental representa para minimizar as mazelas sociais,
oferecendo a oportunidade de aprendizagem esportiva s faixas menos
favorecidas da populao.
O profissional na atuali-dade exerce importante papel na preveno
de doenas crnico-degenerativas atuando na prestao de servios
voltados prtica de exerccios e esportes, orientando a populao para
que transforme essas aes preventivas em hbitos saudveis cotidianos.
Em equipes multidisciplinares, como o Ncleo de Apoio a Sade da
Famlia (Nasf), tem
ao na promoo da sade preventiva, contribuindo para diminuir os
impactos negativos de uma ao voltada sobre a sade curativa.
Transforma sua inter-veno profissional em preveno, trazendo
diversos benefcios populao, que adoecer menos. A deteco de que
grande parte do adoecimento da sociedade moderna deve-se ao estilo
de vida sedentrio, estresse e alimentao inadequada. A reduo desses
elementos desencadeadores est intimamente ligada interveno do
profissional de educao fsica que, em sua prtica, educa para que as
pessoas adquiram hbitos que contribuam para uma vida em
equilbrio.
Assim, ser profissional de educao fsica assumir significativa
parcela no desenvolvimento do Pas. A responsabilidade com a formao
de qualidade, a constante atualizao
Reflexo
1 Aponte os fatores que foram determinantes para
a regulamentao da
educao fsica.
2 Como e em quais campos de trabalho a profisso
de educao fsica pode
contribuir para que a
sociedade brasileira
consiga o sonhado
equilbrio e harmonia
social? Escreva um texto
opinativo sobre o assunto.
dos conhecimentos e o compromisso tico so condicionantes para
que a profisso seja reconhecida e valorizada. desse modo que vem se
confirmando o carter de legitimao que ser essencial na interveno e
na construo da sociedade.
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29Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Sntese do fascculoO profissional de educao fsica apresenta-se,
neste princpio de
sculo, como um protagonista de uma srie de eventos que podem
refletir positivamente no desenvolvimento da sociedade. A boa
orientao faz a diferena no ser vista como um lema de profisso, mas
como um diferencial para a segurana que se deseja na dinamizao das
atividades fsicas e prticas esportivas. O papel do profissional de
educao fsica na sociedade reveste-se de grande responsabilidade e
conduta tica em sua interveno. Ao utilizar as atividades corporais
relacionadas ao esporte, ao lazer e ao exerccio fsico como
ferramenta de educao, o faz pela capacidade que possui de dar o
trato pedaggico que esta ao exige.
Para o ensino das crianas, tem seu fundamento no ldico com
caractersticas socializantes, promovido pelas relaes e contatos
corporais. Por ser atividade grupal, desenvolve aspectos motores e
habilidades essenciais ao desenvolvimento biopsicossocial. Na
adolescncia, assume carter significativo para os jovens, na
compreenso e transformaes do corpo e na consolidao do carter, sendo
decisivo para a autoaceitao e a elevao da autoestima.
Para os adultos, como atividade fsica capaz de minimizar os
efeitos do estresse e do sedentarismo, contribui para combater os
danos causados pela inatividade da vida nas grandes cidades. Dentre
eles, a obesidade. Com as descobertas e os avanos da medicina, o
idoso tem maior expectativa de vida e, como opo de lazer, as
atividades fsicas ocupam lugar de destaque. Ajudam para a manuteno
da sade e a reduo das perdas pela mudana de rotina. Ressocializam
e, de modo geral, retardam os efeitos do envelhecimento, promovendo
a participao em novos grupos sociais.
Como fenmeno social, a importncia do esporte para o
desenvolvimento da juventude assume carter de significncia, medida
que incorpora prticas e hbitos saudveis no cotidiano e polticas
pblicas e sociais so criadas para o atendimento dessa demanda. Os
princpios e valores que devem alicerar o ensino do esporte so:
incluso, diversidade, qualidade de vida, democratizao e
universalizao.
Assim, o compromisso com o associativismo, a solidariedade, a
tolerncia e o respeito pelo outro so aspectos valorizados na formao
cidad, passveis de desenvolvimento por meio do ensino pelo
profissional de educao fsica fundamentado na qualidade tcnica, na
tica e no compromisso social. O reconhecimento, pela populao, da
importncia da atividade corporal para a sade e qualidade de vida
est entre os fatores que contriburam para que o Congresso Nacional
deliberasse sobre a regulamentao dos servios prestados sociedade
nesse campo. A regulamentao foi definida na lei n 9.696, de 1 de
setembro de 1998.
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30 Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Brasil: ponto de encontro do esporte mundial
Com a realizao dos megaeventos esportivos na prxima dcada, o pas
tem uma enorme oportunidade para gerar e aproveitar melhor os
legados socioeducacionais. Programas e projetos relacionados a
treinamento de atletas visando conquista de medalhas j esto sendo
desenvolvidos pelo poderes executivos, confederaes, federaes
esportivas e clubes. Os legados de segurana, de infraestrutura, de
transporte, de turismo, do meio ambiente estaro na agenda esportiva
e sero motivo de estudos e projetos. No entanto, observamos que
fica uma lacuna no nosso entendimento, muito importante que so os
benefcios educacionais que podem ser gerados pelos megaeventos.
Estamos falando dos legados socioeducacionais. Que o esporte um
fenmeno que contribui para o desenvolvimento social, econmico,
educacional e outros valores no resta a menor dvida. J est
comprovado tambm que o esporte tanto pode ser uma atividade benfica
ou no, dependendo da forma como executada e praticada e, em
especial, de quem a est ensinando e dinamizando. Se
mal orientada, tal atividade pode causar srios danos e leses
fsicas, morais e sociais. Portanto, o Brasil lder na defesa da
sociedade ao ser possuidor de uma lei que determina que os servios
em exerccios fsicos e esportivos devam ser ensinados, orientados e
conduzidos por um Profissional de Educao Fsica. Quando abordamos
valores do esporte e a educao atravs do esporte, vem a lembrana da
filosofia dos Jogos Olmpicos, uma vez que os mesmos foram
resgatados na dcada de 1890 pelo Baro de Coubertin com o objetivo
de congregar pessoas atravs do esporte e que este seja fator de
educao para a incorporao por todos da tica universal. Da a razo do
COI divulgar e difundir de todas as formas possveis a questo dos
Valores Olmpicos e procurar implantar a Educao Olmpica como fator
essencial para que o esporte seja o atrativo para o desenvolvimento
educacional e cultura de todos os pases. Os Profissionais de Educao
Fsica tm um papel fundamental nesse processo, tanto os que atuam na
rea da docncia (Educao Bsica), na rea da formao, os que atuam
mais
diretamente na preveno de doena e promoo da sade, seja em
academias, clubes, condomnios ou como personal trainers, bem como
os que trabalham na rea do esporte propriamente dito (das
escolinhas esportivas, do treinamento intermedirio e do treinamento
de alto rendimento). Mesclando esporte, cultura e educao, os
Valores Olmpicos podem contribuir no desenvolvimento do que o mundo
necessita hoje: paz, tolerncia, amizade, respeito, excelncia,
cooperao e incluso. Trata-se de uma questo de atitude: dos
governos, em promover programa de Educao Olmpica, inserindo no
contexto de todas as escolas, bem como no desenvolvimento do ensino
esportivo, junto aos atletas; dos parlamentares, no sentido de
exigir que sejam acoplados a todos os megaeventos promovidos no
Brasil projetos relacionados aos legados socioeducacionais; e dos
organizadores, que devem assumir tambm a responsabilidade na
introduo desses legados na organizao dos megaeventos.
(FONTE: Revista E.F n 34 Dezembro de 2009).
Case
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31Olimpada e Cidadaniaum grande salto profissional
Atividades1. A profisso de educao fsica atua com
responsabilidade social. O que significa essa atuao?2. Qual o
papel do profissional para o desenvolvimento
da sociedade?3. A realizao de megaeventos esportivos nos
prximos
cinco anos coloca o Brasil no centro da ateno esportiva mundial.
Pesquise sobre as oportunidades de interveno que sero apresentadas
ao profissional de educao fsica. Com os dados, elabore um texto e
divulgue em seu local de trabalho.
4. O esporte tem caractersticas culturais que favorecem um
processo educativo baseado nas possibilidades de vivncias
coletivas, que evidenciam situaes que promovem reflexes capazes de
associ-lo a valores, questes morais e ticas. Como se realiza uma
abordagem em que o ensino transcende o gesto motor e capaz de
educar para a cidadania?
5. Como fator de promoo humana, o esporte influencia o
desenvolvimento pleno de crianas e adolescentes. Como justificar
este fator no ambiente escolar, sendo que ele preza pelo imobilismo
e pela memorizao de contedos?
6. Favorecer, a partir das prticas de atividades fsicas e
esportivas, a adoo de hbitos capazes de influenciar no estilo de
vida, fator da responsabilidade do profissional de educao fsica.
Imagine a seguinte situao: voc convidado a proferir palestra para
pais e educadores com o objetivo de conscientizar e divulgar a
importncia dessas rotinas para uma vida saudvel em crianas e
adolescentes. Como voc abordaria o tema? Qual argumento
utilizaria?
7. O jovem, por natureza, um ser em construo e movido por
desafios. Neste perodo da vida, a boa orientao influencia as
condutas e decisiva na formao dele como cidado. Voc concorda com
essas afirmativas? possvel agir com pressupostos pedaggicos na
educao da juventude? Justifique.
8. A educao fsica foi regulamentada em 1998. Desde ento, a
profisso tem passado por sucessivas transformaes em um curto espao
de tempo. Apresente suas impresses relacionadas a este momento
histrico.
-
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Realizao: Apoio:
ExpedientePresidente Luciana Dummar | Coordenao da Universidade
Aberta do Nordeste Srgio Falco | Coordenao do Curso Ricardo Catunda
| Coordenao Editorial Elosa Vidal | Coordenao de Produo Daniela
Nogueira | Coordenao Acadmico-Administrativa Ana Paula Costa Salmin
| Projeto Grfico Welton Travassos | Diagramao: Roberto Santos |
Ilustraes e Mapas Renato Kleber, Suzana Paz | Reviso Daniela
Nogueira | Catalogao na Fonte Ana Kelly Pereira
ISBN 978-85-7529-497-0
Ricardo Catunda: graduado em Educao Fsica pela Universidade de
Fortaleza, especialista em Psicomotricidade pela FLACSO, Mestre em
Educao em Sade (UNIFOR) e cursando Doutorado em Cincias da Educao
(FMH-UTL-Portugal). Professor Assistente da Universidade Estadual
do Cear (UECE) desenvolve estudos e interveno profissional em
Educao Fsica Escolar e Lazer.
Este fascculo parte integrante do Projeto Olimpada e Cidadania,
concebido por Cliff Villar.