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Entrevistamos o incrível Art Thibert Contamos um fantástico conto no mundo da psicologia Trouxemos, quase em primeira mão, o Ps4 da Sony Analisamos os mitos do Dragão e do Porco Apresentamos a historinha da Odete, a dragonesa caolha e da Princesa Jana Contamos o fim de Buraco Negro EARRAZI NE 2 0 1 3 - 0 2
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Farrazine 2013 - Edição 02

Mar 16, 2016

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Senhores, já temos a edição 02 deste ano da revista Farrazine. Apesar da falta de colaboradores, e tempo dos editores, o farra ainda está por aqui. E nesta edição, o entrevistado foi o incrível Art Thibert, trouxemos detalhes sobre o novíssimo PS4 da Sony, contamos a primeira parte de um fantástico conto passado no mundo da psicologia, finalizamos também o conto "Buraco Negro", iniciamos a série "O Mito Comparado" falando sobre os mitos do Dragão e do Porco, e por fim, apresentamos uma tirinha mediável com uma dragonesa caolha e uma princesa casadeira. Feliz Páscoa, e seja bem-vindo ao Farrazine 2013 nº 02!
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Page 1: Farrazine 2013 - Edição 02

Entrevistamos o incrível Art Thibert

Contamos um fantástico conto no mundo da psicologia

Trouxemos, quase em primeira mão, o Ps4 da Sony

Analisamos os mitos do Dragão e do Porco

Apresentamos a historinha da Odete, a dragonesa caolha e da Princesa Jana

Contamos o fim de Buraco Negro

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entre em CONTATO com nossa REDAÇÃO

‘Farra pra tudo é um bom remédio; só um idiota completo morre de tédio.’

Para você leitor, em seu computador, notebook, tablet, consumidorde apple, android, ou mesmo você que é revisor do farrazine,

é para você que temos o seguinte recado:

FELIZ PÁSCOA, E BEM‐VINDO AO FARRAZINE 02

Sim, nós ainda estamos por aqui, não sabemos por quanto tempo, mas ainda estamos... É Páscoa, que significa

«passagem», e nós estamos passando já a um tempinho, é época de ressurreição, e nós «ressussitamos», e

esperamos continuar por aqui por bastante tempo...

Talvez até pareça que estou enrolando nesse texto. Mas veja só, muitos que o fazem, tiram

ótimas notas no ENEM. Nosso editor, me paga por palavras escritas,então não se assuste se começar

ler palavras aleatórias, ah lek lek lek lek lek, fazê uma sopa pá nóis, parapapapa.

Senhores leitores, esfregadores de dedo em tela, eu recebopor palavras, mas vocês querem conteúdo de qualidade,

contos, quadrinhos, entrevistas, games e muito mais!

Criado carinhosamente, o farrazine 2013 nº02 está pronto para você, algumas mães, esposas, maridos e filhos não entendem o motivo de gastarmos tanto tempo criando conteúdo para você nosso fiel, ou mesmo infiel leitor,

mas mesmo sob protestos, gostamos de criar, escrever, desenhar, diagramar.

Para nós, é divertido !

Para vocês, é quase tão divertido!

E, se preparem, a edição 03 já já pinta por aqui.

Co‐Editor

fb.com/Farrazine @Farrazine

Entrevista ‐ Art Thibert ............................03

Conto ‐ Buraco Negro ‐ Parte 06..............06

Farragames ‐ Ps4.......................................08

Conto ‐ Construto Psicofantástico I.........12

Tirinha ‐ Odete, a dragonesa caolha & Princesa Jana, a casadeira........................17

Crônica ‐ O Mito Comparado ‐ O Dragão e o Porco...................................18

Editor Geral: Cleson Cruz Editor de Arte: Bruno Romero

Divulgação & Marketing: Adilson Santos

Colaboraram nesta edição: Art Thibert (Desenho de Chrono Mechanics da capa), Paloma Diniz (Entrevistando o Art Thibert), Pablo Grilo (Texto em Buraco Negro ‐ parte 6), André Levy (Texto e Diagramação de PS4), Zé Wellington (Texto em Construto Psicofantástico), Rita Maria Félix (Texto das Tirinhas Odete, a dragonesa caolha e Princesa Jana, a casadeira), Adriana Rodrigues (Arte e Texto das Tirinhas Odete, a dragonesa caolha e Princesa Jana, a casadeira), Rafael Machado Costa (Texto em O Mito Comparado ‐ O Dragão e o Porco), Cleson Cruz (Diagramação da capa, da Entrevista de Art Thibert, de Construto Psicofantástico e das Tirinhas Odete, a dragonesa caolha e Princesa Jana, a casadeira) e Adilson Santos (Texto e Diagramação do Editorial e Diagramação de O Mito Comparado ‐ O Dragão e o Porco).

Farrazine é uma publicação online distribuída gratuitamente, sem custo algum, na camaradagem, não ganhamos nem um centavinho sequer. As matérias são de inteira responsabilidade de seus autores, se for processar alguém, processem a eles e não aos editores... Ah, e tem mais, as imagens sem créditos de autoria são retiradas do São Google.

EXPEDIENTEEXPEDIENTEÍNDICEÍNDICE

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- O que está acontecendo? - Disse Jonas, ao recobrar a consciência ainda deitado em um colchão velho.

- É garoto, você perdeu a cabeça nessa madrugada. - Disse a voz de um homem, que ele sabia que reconhecia de algum lugar, mas não lembrava de onde.

Colocou a mão na nuca e foi subindo pelo couro cabeludo até chegar a um galo formado pela pancada na parte de trás.

- Ai!

- Ainda dói? He, he, he.

Jonas ficou olhando aquele homem rindo enquanto cocava seu cabelo crespo em volta da região onde o haviam acertado horas antes.

- Eu vou confessar que achei que era piração sua ao ver o velho, mas quando me contaram que foi ele... Erh, quer dizer... O outro ele que tinha te seqüestrado, ai sim eu entendi porque você deu chilique.

Lembranças começaram a vir na sua cabeça da madrugada anterior. Não, não era pesadelo, ele tinha visto o professor, mas era outro professor.

- O profe... O profe...

Enquanto ouvia mais um riso, Jonas ouviu o som de um salto alto andando vindo até eles.

- Sai, Miguel. Vai embora! - Ordenou uma voz feminina, abanando a mão esquerda.

- Me desculpa, Jonas. O Miguel as vezes é... Enfim, você tá bem?

Ele deu uma suspirada. Se sentiu melhor depois de poucos segundos com os olhos fechados.

- Tô. Tô sim, d e t e t i v e

Roberta.

- Aqui, toma. - Ela estava com um copo de café na mão

e o entregou.

- Obrigado. - Disse, enquanto se sentava mais confortavelmente sob o

colchão velho e um pouco empoeirado. Bebeu um gole do café amargo, o que o ajudou a despertar um pouco mais.

Ele conseguiu visualizar melhor a situação: ainda estavam no armazém, raios do sol da tarde entravam sem tanta força pelas janelas, e as mesmas pessoas continuavam conversando sobre uma mesa, enquanto Miguel e outro homem vigiavam a única porta de entrada que estava aberta.

- Detetive, porque você não me disse que era o professor?

- Seria um choque para você, garoto.

- Você mentiu pra mim.

- Não, eu apenas não te disse, senão você não viria. - Já consegue se levantar? - Jonas anuiu. - Então vem comigo.

Roberta o ajudou e foram andando em direção as pessoas na mesa. Quando se colocou ao lado dos demais, a mulher falou:- Vem aqui, filho. - Falou a senhora com autoridade, como se fosse a chefe geral.

Jonas foi se aproximando, passando pelas costas das pessoas, se colocando ao lado delas. Ele olhou para os objetos analisados na mesa, todos espalhados e sob a superfície e tomou um pequeno choque com o que viu: a cartolina suja e velha com linhas paralelas riscadas e o traçado por cima mais forte.

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- Reconhece isso aqui, filho?

- Sim... Essa... Essa... - Falou titubeando, ainda nervoso. - Cartolina ele usou para me seqüestrar.

- E foi essa mesma cartolina que serviu de prova para a gente confirmar todas as outras vitimas do professor e o padrão que ele segue. Já essas aqui - Mostrou cartolinas que Jonas sabia que as reconhecia de algum lugar -, você roubou para nós do laboratório dele.

- Eu?

- Não exatamente você. O Jonas era um pouco mais velho e mais magro. E foi o único que conseguiu enganar o professor. Foi ele que permitiu que melhorasse a nossa pesquisa e desenvolvesse a nossa máquina do tempo. - A mulher mais velha bateu de leve com o dedo médio na mesa duas vezes seguidas. - Jonas, você tá melhor da cabeça, filho? - Ele anuiu. - Se lembra do que aconteceu essa madrugada?

- Sim, me lembro. Do professor...

- Cardoso! Fernando Cardoso, sim, eu mesmo. - Falou o professor quando saiu de sua mesa e começou a vir até eles.

- Oi Jonas. - Chegou até a mesa e mostrou o papel que estava na sua mão, o bilhete que ele e Roberta tinham retirado da mala na noite anterior. - Ah, e muito obrigado por me trazer o resto das minhas anotações. O que a delegada se esqueceu de falar é que foi por sua causa das suas cartolinas roubadas que eu consegui terminar a minha pesquisa e desenvolver a máquina do tempo pra polícia.

- Chefe! Aqui, chegou o lanche!

Todos olharam para Miguel e o outro vigia, que carregavam alguns sacos plásticos, que foram depositados em outra mesa mais afastada, perto da entrada de um pequeno escritório onde podia-se ver pela janela uma geladeira marrom. Assim que depositou os sacos plásticos na superfície da mesa, todos vieram e puxaram algumas cadeiras para junto da mesa.

Assim que foram se sentar, surgiu outro clarão no céu, iluminando o armazém. De repente, todos foram ao chão e alguns vomitaram suco gástrico, outros café e água, e até resto de comida. Jonas foi um dos primeiros a se recompor. Ele já desconfiava, mas a partir daquele momento ele teve certeza: ninguém pertencia aquele presente ou realidade.

- Vamos, vamos logo comer, o buraco negro vai começar em breve. - Falou a chefe.

Depois de minutos, todos já tinham ido ao banheiro para tirar o gosto ruim da boca, ou bochechado com água potável de uma das várias garrafa pet da geladeira de dentro do

escritório, e foram comer em silêncio.

O final da tarde foi anunciado pelos raios de sol que deixavam o armazém, e assim foi iniciada uma pequena reunião entre os policiais dentro do escritório, sendo deixados de fora Jonas, o professor mais velho e Miguel. Incomodado com a presença daqueles dois, ele ficava um pouco apreensivo naqueles minutos que duraram para ele quase uma eternidade.

Quando enfim terminada, a mulher mais velha liderou a saída do escritório e anunciou:- Esse vai ser o plano: a gente vai seguir o que o professor combinou com você, Jonas. Você vai até o ponto de encontro e descobre o que ele queria. Pelo padrão, ele deve querer que você volte no tempo, mas vamos verificar com cuidado. A detetive vai junto, além do Miguel pra cobertura de vocês. Eu vou ficar aqui esperando a ligação de vocês com o professor e o Aloísio também - apontou para o outro policial -, pra ver se a gente descobre o que diabos o professor quer com o grande paradoxo e ver o que faremos depois.

Jonas foi seguir Roberta e Miguel para dentro do escritório, e viu a detetive e o policial abrirem um armário e retirar munição para suas armas, além de outros objetos que os iriam auxiliar, incluindo dois smartphones muito avançados. Ficaram mais alguns minutos checando tudo antes de ir para a saída, quando a chefe chegou perto deles.

- Detetive, presta atenção, se lembre do padrão. - Ela anuiu. - Aqui tem algumas anotações que o nosso professor fez, que pode te ajudar. - Roberta pegou de sua mão e colocou dentro do seu terno.- Preparados? - Perguntou a chefe.

- Não. - Afirmou Jonas.

- Ótimo, porque nenhum de nós vai estar quando começar o buraco negro. Boa sorte.

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O�MITO�COMPARADO:�COMENTÁRIOS�SOBRE�ALGUMAS�DAS�CURIOSAS�OCORRÊNCIAS�DE�SIGNOS�E�CONCEITOS�QUE�SE�REPETIRAM�EM�CULTURAS�DISTANTES�NO�TEMPO�E�ESPAÇO�TENDO�COMO�RESULTADO�SIMILARIDADES�E�DISTINÇÕES�MUITO�INTERESSANTES

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O�Dragão.O�Dragão.

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sempre�em�uma�constante�batalha�para�contê-lo.sempre�em�uma�constante�batalha�para�contê-lo.No�Extremo�Oriente,�os�dragões�também�são�representados�como�répteis�que�lembram�serpentes�gigantescas,�No�Extremo�Oriente,�os�dragões�também�são�representados�como�répteis�que�lembram�serpentes�gigantescas,�mas�dotados�de�patas�e�longos�bigodes�e�sempre�associados�à�água.�Um�dos�mais�relevantes�dragões�do�leste�da�mas�dotados�de�patas�e�longos�bigodes�e�sempre�associados�à�água.�Um�dos�mais�relevantes�dragões�do�leste�da�Ásia�é�aquele�que�os�chineses�chamam�de�D�ng�F�ng�Q�ng�Lóng,�e�os�japoneses�traduzem�como�Seiryuu.�Seiryuu�Ásia�é�aquele�que�os�chineses�chamam�de�D�ng�F�ng�Q�ng�Lóng,�e�os�japoneses�traduzem�como�Seiryuu.�Seiryuu�é�o�grandioso�dragão�azul�e�um�dos�quatro�grandes�deuses�elementais,�Senhor�do�elemento�Água�e�da�direção�é�o�grandioso�dragão�azul�e�um�dos�quatro�grandes�deuses�elementais,�Senhor�do�elemento�Água�e�da�direção�Leste.�Além�de�Seiryuu,�existem�outros�dragões�menores,�alguns�Senhores�de�rios�ou�lagos.�Os�dragões�asiáticos�Leste.�Além�de�Seiryuu,�existem�outros�dragões�menores,�alguns�Senhores�de�rios�ou�lagos.�Os�dragões�asiáticos�são�vistos�como�o�que�os�japoneses�chamam�de�youkai,�espíritos�que�representam�forças�da�natureza,�geralmente�são�vistos�como�o�que�os�japoneses�chamam�de�youkai,�espíritos�que�representam�forças�da�natureza,�geralmente�sábios,�mas�muito�poderosos�que�podem�se�tornar�violentos�caso�desafiados.�Aqui�os�dragões�representam�a�sábios,�mas�muito�poderosos�que�podem�se�tornar�violentos�caso�desafiados.�Aqui�os�dragões�representam�a�força�elemental�que�não�pode�ser�controlado�pelos�homens,�como�o�mar�e�as�correntezas.�Conforme�um�trecho�força�elemental�que�não�pode�ser�controlado�pelos�homens,�como�o�mar�e�as�correntezas.�Conforme�um�trecho�do�Si�Yeou�Ki,�após�o�Rei-Dragão�do�Rio�Ching�ser�alertado�da�existência�de�um�adivinho�infalível,�que�previa�para�do�Si�Yeou�Ki,�após�o�Rei-Dragão�do�Rio�Ching�ser�alertado�da�existência�de�um�adivinho�infalível,�que�previa�para�um�pescador�qual�o�melhor�lugar�para�se�pescar�em�cada�dia,�e�sentindo�a�ameaça�de�toda�a�população�aquática�um�pescador�qual�o�melhor�lugar�para�se�pescar�em�cada�dia,�e�sentindo�a�ameaça�de�toda�a�população�aquática�desaparecer�levada�pela�rede�de�pesca:desaparecer�levada�pela�rede�de�pesca:O�Rei-Dragão�estava�a�ponto�de�agarrar�seu�sabre�e�de�correr�para�degolar�o�adivinho.�Mas�seus�filhos-dragões�e�O�Rei-Dragão�estava�a�ponto�de�agarrar�seu�sabre�e�de�correr�para�degolar�o�adivinho.�Mas�seus�filhos-dragões�e�seus�netos-dragões�e�todos�os�seus�ministros-peixes�e�seus�generais-peixes�o�retiveram�e�disseram:seus�netos-dragões�e�todos�os�seus�ministros-peixes�e�seus�generais-peixes�o�retiveram�e�disseram:��Vossa�Majestade�fará�melhor�verificando�primeiro�se�isto�é�bem�exato.�Precipitando-se�assim,�Vossa�Majestade���Vossa�Majestade�fará�melhor�verificando�primeiro�se�isto�é�bem�exato.�Precipitando-se�assim,�Vossa�Majestade�será�naturalmente�seguido�pelas�nuvens�e�escoltado�pelas�chuvas.�O�povo�de�Ch'ang-an�sofrerá�grandes�perdas�e,�será�naturalmente�seguido�pelas�nuvens�e�escoltado�pelas�chuvas.�O�povo�de�Ch'ang-an�sofrerá�grandes�perdas�e,�em�suas�preces,�queixar-se-ão�do�senhor�junto�ao�Céu�[�]em�suas�preces,�queixar-se-ão�do�senhor�junto�ao�Céu�[�]

Ainda�no�Si�Yeou�Ki,�as�narrativas�da�história�do�monge�Hsüan�Tsang���que�adotou�o�nome�Tripitaka�em�sanscrito�Ainda�no�Si�Yeou�Ki,�as�narrativas�da�história�do�monge�Hsüan�Tsang���que�adotou�o�nome�Tripitaka�em�sanscrito�e�traduzido�para�o�japonês�como�Sanzo���que�foi,�saído�da�China,�até�a�Índia�buscar�as�esculturas�de�Buda�no�e�traduzido�para�o�japonês�como�Sanzo���que�foi,�saído�da�China,�até�a�Índia�buscar�as�esculturas�de�Buda�no�século�VII,�entre�os�guarda-costas�selecionados�pela�deusa�Bodhisattva�Kuan-yin�para�substituir�os�guardas�da�século�VII,�entre�os�guarda-costas�selecionados�pela�deusa�Bodhisattva�Kuan-yin�para�substituir�os�guardas�da�comitiva�de�Tripitaka�devorados�por�monstros�da�montanha�está�Sha�Wujing,�ou�Sa�Gojou�na�versão�japonesa.�Sa�comitiva�de�Tripitaka�devorados�por�monstros�da�montanha�está�Sha�Wujing,�ou�Sa�Gojou�na�versão�japonesa.�Sa�era�um�Marechal�das�Milícias�Celestes�do�Imperador�de�Jade�que,�após�acidentalmente�ter�quebrado�uma�taça�do�era�um�Marechal�das�Milícias�Celestes�do�Imperador�de�Jade�que,�após�acidentalmente�ter�quebrado�uma�taça�do�Imperador,�foi�banido�para�o�Mundo�de�Baixo�onde�vivem�os�homens�condenado�a�viver�nas�profundezas�do�Rio�Imperador,�foi�banido�para�o�Mundo�de�Baixo�onde�vivem�os�homens�condenado�a�viver�nas�profundezas�do�Rio�de�Areia�devorando�viajantes�que�de�Areia�devorando�viajantes�que�tentassem�cruzar�o�curso�d'água.�Ao�encontrá-lo,�a�deusa�lhe�oferece�redenção�tentassem�cruzar�o�curso�d'água.�Ao�encontrá-lo,�a�deusa�lhe�oferece�redenção�e�o�direito�a�voltar�ao�mundo�celestial�caso�se�comprometesse�em�parar�de�se�alimentar�de�animais�e�homens�e�e�o�direito�a�voltar�ao�mundo�celestial�caso�se�comprometesse�em�parar�de�se�alimentar�de�animais�e�homens�e�escoltasse�o�monge�até�seu�destino.�Diferente�de�seus�outros�dois�companheiros�na�missão�de�conduzir�Tripitaka,�escoltasse�o�monge�até�seu�destino.�Diferente�de�seus�outros�dois�companheiros�na�missão�de�conduzir�Tripitaka,�o�porco�Cho�Hakkai�e�o�rei�dos�macacos�Son�Gokou,�Sa�Gojou�não�é�impulsivo�ou�exagerado�em�suas�emoções,�ao�o�porco�Cho�Hakkai�e�o�rei�dos�macacos�Son�Gokou,�Sa�Gojou�não�é�impulsivo�ou�exagerado�em�suas�emoções,�ao�contrário.� É� um� personagem� tímido� e� indefinível,� cuja� representação� está� relacionada� à� sinceridade� e� a�contrário.� É� um� personagem� tímido� e� indefinível,� cuja� representação� está� relacionada� à� sinceridade� e� a�demonstração�do�que�há�no��interior�do�coração�.�Sa�é�um�guerreiro�dragão�que,�apesar�de�ser�aparentemente�demonstração�do�que�há�no��interior�do�coração�.�Sa�é�um�guerreiro�dragão�que,�apesar�de�ser�aparentemente�indiferente,�segue�fielmente�Tripitaka�vendo�nele�o�papel�de�seu�líder�e�mentor�espiritual.�No�Si�Yeou�Ki�há�a�indiferente,�segue�fielmente�Tripitaka�vendo�nele�o�papel�de�seu�líder�e�mentor�espiritual.�No�Si�Yeou�Ki�há�a�presença�de�outros�dragões:�um�jovem�filho�de�um�rei-dragão���banido�por�causar�um�incêndio�acidental�que�presença�de�outros�dragões:�um�jovem�filho�de�um�rei-dragão���banido�por�causar�um�incêndio�acidental�que�

sempre�em�uma�constante�batalha�para�contê-lo.No�Extremo�Oriente,�os�dragões�também�são�representados�como�répteis�que�lembram�serpentes�gigantescas,�mas�dotados�de�patas�e�longos�bigodes�e�sempre�associados�à�água.�Um�dos�mais�relevantes�dragões�do�leste�da�Ásia�é�aquele�que�os�chineses�chamam�de�D�ng�F�ng�Q�ng�Lóng,�e�os�japoneses�traduzem�como�Seiryuu.�Seiryuu�é�o�grandioso�dragão�azul�e�um�dos�quatro�grandes�deuses�elementais,�Senhor�do�elemento�Água�e�da�direção�Leste.�Além�de�Seiryuu,�existem�outros�dragões�menores,�alguns�Senhores�de�rios�ou�lagos.�Os�dragões�asiáticos�são�vistos�como�o�que�os�japoneses�chamam�de�youkai,�espíritos�que�representam�forças�da�natureza,�geralmente�sábios,�mas�muito�poderosos�que�podem�se�tornar�violentos�caso�desafiados.�Aqui�os�dragões�representam�a�força�elemental�que�não�pode�ser�controlado�pelos�homens,�como�o�mar�e�as�correntezas.�Conforme�um�trecho�do�Si�Yeou�Ki,�após�o�Rei-Dragão�do�Rio�Ching�ser�alertado�da�existência�de�um�adivinho�infalível,�que�previa�para�um�pescador�qual�o�melhor�lugar�para�se�pescar�em�cada�dia,�e�sentindo�a�ameaça�de�toda�a�população�aquática�desaparecer�levada�pela�rede�de�pesca:O�Rei-Dragão�estava�a�ponto�de�agarrar�seu�sabre�e�de�correr�para�degolar�o�adivinho.�Mas�seus�filhos-dragões�e�seus�netos-dragões�e�todos�os�seus�ministros-peixes�e�seus�generais-peixes�o�retiveram�e�disseram:��Vossa�Majestade�fará�melhor�verificando�primeiro�se�isto�é�bem�exato.�Precipitando-se�assim,�Vossa�Majestade�será�naturalmente�seguido�pelas�nuvens�e�escoltado�pelas�chuvas.�O�povo�de�Ch'ang-an�sofrerá�grandes�perdas�e,�em�suas�preces,�queixar-se-ão�do�senhor�junto�ao�Céu�[�]

Ainda�no�Si�Yeou�Ki,�as�narrativas�da�história�do�monge�Hsüan�Tsang���que�adotou�o�nome�Tripitaka�em�sanscrito�e�traduzido�para�o�japonês�como�Sanzo���que�foi,�saído�da�China,�até�a�Índia�buscar�as�esculturas�de�Buda�no�século�VII,�entre�os�guarda-costas�selecionados�pela�deusa�Bodhisattva�Kuan-yin�para�substituir�os�guardas�da�comitiva�de�Tripitaka�devorados�por�monstros�da�montanha�está�Sha�Wujing,�ou�Sa�Gojou�na�versão�japonesa.�Sa�era�um�Marechal�das�Milícias�Celestes�do�Imperador�de�Jade�que,�após�acidentalmente�ter�quebrado�uma�taça�do�Imperador,�foi�banido�para�o�Mundo�de�Baixo�onde�vivem�os�homens�condenado�a�viver�nas�profundezas�do�Rio�de�Areia�devorando�viajantes�que�tentassem�cruzar�o�curso�d'água.�Ao�encontrá-lo,�a�deusa�lhe�oferece�redenção�e�o�direito�a�voltar�ao�mundo�celestial�caso�se�comprometesse�em�parar�de�se�alimentar�de�animais�e�homens�e�escoltasse�o�monge�até�seu�destino.�Diferente�de�seus�outros�dois�companheiros�na�missão�de�conduzir�Tripitaka,�o�porco�Cho�Hakkai�e�o�rei�dos�macacos�Son�Gokou,�Sa�Gojou�não�é�impulsivo�ou�exagerado�em�suas�emoções,�ao�contrário.� É� um� personagem� tímido� e� indefinível,� cuja� representação� está� relacionada� à� sinceridade� e� a�demonstração�do�que�há�no��interior�do�coração�.�Sa�é�um�guerreiro�dragão�que,�apesar�de�ser�aparentemente�indiferente,�segue�fielmente�Tripitaka�vendo�nele�o�papel�de�seu�líder�e�mentor�espiritual.�No�Si�Yeou�Ki�há�a�presença�de�outros�dragões:�um�jovem�filho�de�um�rei-dragão���banido�por�causar�um�incêndio�acidental�que�

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resultou�em�sua�acusação�por�seu�pai�como�insurgente�e�em�sua�condenação�a�viver�no�Mundo�de�Baixo���que�resultou�em�sua�acusação�por�seu�pai�como�insurgente�e�em�sua�condenação�a�viver�no�Mundo�de�Baixo���que�devora�o�cavalo�de�Tripitaka,�mas�que�para�se�redimir�assume�a�forma�de�um�cavalo�e�conduz�o�monge�pelo�devora�o�cavalo�de�Tripitaka,�mas�que�para�se�redimir�assume�a�forma�de�um�cavalo�e�conduz�o�monge�pelo�restante�da�jornada;�e�um�rei-dragão�que,�apesar�de�seu�poder,�acaba�submisso�às�vontades�do�macaco�de�pedra�restante�da�jornada;�e�um�rei-dragão�que,�apesar�de�seu�poder,�acaba�submisso�às�vontades�do�macaco�de�pedra�e,�para�se�livrar�da�inconveniente�visita,�o�presenteia�com�aquela�que�se�tornaria�a�arma�do�macaco:�o�bastão�que�e,�para�se�livrar�da�inconveniente�visita,�o�presenteia�com�aquela�que�se�tornaria�a�arma�do�macaco:�o�bastão�que�pode�assumir�qualquer�tamanho�e�massa.pode�assumir�qualquer�tamanho�e�massa.Nas�lendas�do�norte�da�Europa,�os�dragões�são�representados�como�figuras�malignas,�arquétipos�da�ganância�e�Nas�lendas�do�norte�da�Europa,�os�dragões�são�representados�como�figuras�malignas,�arquétipos�da�ganância�e�cobiça�que�dedicam�suas�vidas�à�pilhagem�e�colecionando�objetos�de�metais�preciosos,�com�os�quais�fazem�seus�cobiça�que�dedicam�suas�vidas�à�pilhagem�e�colecionando�objetos�de�metais�preciosos,�com�os�quais�fazem�seus�leitos,�e�cobertos�de�escamas�que�lhe�deixam�invulneráveis,�exceto�na�região�do�ventre.�No�poema�épico�inglês�do�leitos,�e�cobertos�de�escamas�que�lhe�deixam�invulneráveis,�exceto�na�região�do�ventre.�No�poema�épico�inglês�do�século�XI� retratando� fatos� supostamente�ocorridos�na�Dinamarca�e� Suécia�no� século�VI�Beowulf,� o�herói�da�século�XI� retratando� fatos� supostamente�ocorridos�na�Dinamarca�e� Suécia�no� século�VI�Beowulf,� o�herói�da�narrativa���já�tendo�realizado�grandes�façanhas�que�lhe�renderam�reputação,�velho�e�rei�de�seu�povo���tem�de�narrativa���já�tendo�realizado�grandes�façanhas�que�lhe�renderam�reputação,�velho�e�rei�de�seu�povo���tem�de�confrontar�um�dragão�que�ataca�seu�reino�após�um�servo�roubar�uma�taça�de�ouro�da�coleção�do�réptil.�Quando�confrontar�um�dragão�que�ataca�seu�reino�após�um�servo�roubar�uma�taça�de�ouro�da�coleção�do�réptil.�Quando�Beowulf�e�sua�comitiva�vão�até�a�caverna�do�dragão�para�confrontá-lo,�os�guerreiros�que�lhe�seguiam�fogem�e�Beowulf�e�sua�comitiva�vão�até�a�caverna�do�dragão�para�confrontá-lo,�os�guerreiros�que�lhe�seguiam�fogem�e�abandonam� seu� rei� ferido� na� luta� contra� o� monstro.� Apenas� permanece� ao� lado� do� herói� o� jovem� e�abandonam� seu� rei� ferido� na� luta� contra� o� monstro.� Apenas� permanece� ao� lado� do� herói� o� jovem� e�aparentemente�fraco�Wiglaf,�que�luta�ao�lado�de�seu�rei�o�auxiliando�a�derrotar�o�monstro.�Antes�de�morrer�pelos�aparentemente�fraco�Wiglaf,�que�luta�ao�lado�de�seu�rei�o�auxiliando�a�derrotar�o�monstro.�Antes�de�morrer�pelos�ferimentos�da�batalha,�Beowulf�moribundo�passa�sua�espada�para�o�jovem,�alegoria�que�representa�que�com�o�ferimentos�da�batalha,�Beowulf�moribundo�passa�sua�espada�para�o�jovem,�alegoria�que�representa�que�com�o�fim�de�um�herói�e�de�uma�geração,�surge�uma�nova�para�substituí-la.�O�dragão�aqui,�não�mais�uma�serpente,�e�sim�fim�de�um�herói�e�de�uma�geração,�surge�uma�nova�para�substituí-la.�O�dragão�aqui,�não�mais�uma�serpente,�e�sim�um�monstro�dotado�de�patas�e�tronco�largo�e�forte,�alado�e�associado�ao�elemento�fogo�que�libera�em�suas�um�monstro�dotado�de�patas�e�tronco�largo�e�forte,�alado�e�associado�ao�elemento�fogo�que�libera�em�suas�baforadas���e�não�à�água�como�nas�versões�orientais���é�a�ganância,�o�desejo�insaciável�do�poder�e�de�bens�baforadas���e�não�à�água�como�nas�versões�orientais���é�a�ganância,�o�desejo�insaciável�do�poder�e�de�bens�materiais.materiais.Ainda�no�norte�da�Europa,�na�Völsunga�Saga,�poema�épico� islandês�de�aproximadamente�1400� sobre� fatos�Ainda�no�norte�da�Europa,�na�Völsunga�Saga,�poema�épico� islandês�de�aproximadamente�1400� sobre� fatos�históricos�também�no�século�VI,�Fafnir,�filho�do�rei�dos�anões�Hreidmar,�se�junta�ao�irmão�Regin�para�matar�o�históricos�também�no�século�VI,�Fafnir,�filho�do�rei�dos�anões�Hreidmar,�se�junta�ao�irmão�Regin�para�matar�o�próprio�pai�e�roubar-lhe�o�tesouro,�que�incluía�um�anel�amaldiçoado.�Entretanto�após�o�assassinato,�Fafnir�não�próprio�pai�e�roubar-lhe�o�tesouro,�que�incluía�um�anel�amaldiçoado.�Entretanto�após�o�assassinato,�Fafnir�não�querendo�dividir�o�tesouro�o�esconde�em�uma�caverna�e�passa�a�viver�sobre�ele�na�forma�de�um�dragão.�A�cobiça�o�querendo�dividir�o�tesouro�o�esconde�em�uma�caverna�e�passa�a�viver�sobre�ele�na�forma�de�um�dragão.�A�cobiça�o�transforma�em�dragão�negro,�que�passa�a�vigiar�constante�e�incessantemente�tais�tesouros�até�ser�finalmente�transforma�em�dragão�negro,�que�passa�a�vigiar�constante�e�incessantemente�tais�tesouros�até�ser�finalmente�morto�em�sua�caverna�pelo�herói�Siegfried.�Banhando-se�com�o�sangue�do�dragão,�bebendo�o�sangue�e�depois�morto�em�sua�caverna�pelo�herói�Siegfried.�Banhando-se�com�o�sangue�do�dragão,�bebendo�o�sangue�e�depois�devorando�seu�coração,�Siegfried�adquire�invulnerabilidade,�a�capacidade�de�entender�o�idioma�dos�pássaros�e�a�devorando�seu�coração,�Siegfried�adquire�invulnerabilidade,�a�capacidade�de�entender�o�idioma�dos�pássaros�e�a�sabedoria,�relacionando�o�dragão�a�uma�espécie�de�fonte�de�poder.sabedoria,�relacionando�o�dragão�a�uma�espécie�de�fonte�de�poder.Em�Tristão�e�Isolda�do�século�XII,�há�novamente�um�dragão�de�pele�escamosa�e�invulnerável�com�o�hálito�de�Em�Tristão�e�Isolda�do�século�XII,�há�novamente�um�dragão�de�pele�escamosa�e�invulnerável�com�o�hálito�de�chamas:chamas:O�dragão�tinha�dois�cornos�na�testa,�as�orelhas�largas�e�peludas,�os�olhos�cintilantes�à�flor�da�cabeça�como�carvões�O�dragão�tinha�dois�cornos�na�testa,�as�orelhas�largas�e�peludas,�os�olhos�cintilantes�à�flor�da�cabeça�como�carvões�ardentes,�o�alto�focinho�erguido�como�o�de�uma�serpente�fantástica,�a�língua�de�fora,�cuspindo�por�todas�as�partes�ardentes,�o�alto�focinho�erguido�como�o�de�uma�serpente�fantástica,�a�língua�de�fora,�cuspindo�por�todas�as�partes�fogo�e�veneno,�o�corpo�escamoso,�garras�de�leão�e�a�cauda�de�uma�serpente.fogo�e�veneno,�o�corpo�escamoso,�garras�de�leão�e�a�cauda�de�uma�serpente.

Tristão� confronta� este� dragão� na� Irlanda,� e� acaba� envenenado,� possivelmente� uma� influência� da� lendária�Tristão� confronta� este� dragão� na� Irlanda,� e� acaba� envenenado,� possivelmente� uma� influência� da� lendária�peçonha�da�Hydra�helena.�Nesta�história,�o� rei�da� Irlanda,�Gormond,�cansado�das�destruições�causadas�pelo�peçonha�da�Hydra�helena.�Nesta�história,�o� rei�da� Irlanda,�Gormond,�cansado�das�destruições�causadas�pelo�dragão,�promete�a�mão�de�sua�filha�em�casamento�àquele�que�derrotasse�a�fera.�Aqui�há�uma�curiosa�semelhança�dragão,�promete�a�mão�de�sua�filha�em�casamento�àquele�que�derrotasse�a�fera.�Aqui�há�uma�curiosa�semelhança�com�a�lenda�helena�em�que�Cassiopeia,�a�esposa�de�Cefeu�e�rainha�da�Etiópia�na�Fenícia,�após�comparar�sua�beleza�com�a�lenda�helena�em�que�Cassiopeia,�a�esposa�de�Cefeu�e�rainha�da�Etiópia�na�Fenícia,�após�comparar�sua�beleza�com�às�das�divindades�marinhas,�recebe�como�castigo�a�visita�de�um�monstro�marinho�que�destruiria�seu�reino.�com�às�das�divindades�marinhas,�recebe�como�castigo�a�visita�de�um�monstro�marinho�que�destruiria�seu�reino.�

resultou�em�sua�acusação�por�seu�pai�como�insurgente�e�em�sua�condenação�a�viver�no�Mundo�de�Baixo���que�devora�o�cavalo�de�Tripitaka,�mas�que�para�se�redimir�assume�a�forma�de�um�cavalo�e�conduz�o�monge�pelo�restante�da�jornada;�e�um�rei-dragão�que,�apesar�de�seu�poder,�acaba�submisso�às�vontades�do�macaco�de�pedra�e,�para�se�livrar�da�inconveniente�visita,�o�presenteia�com�aquela�que�se�tornaria�a�arma�do�macaco:�o�bastão�que�pode�assumir�qualquer�tamanho�e�massa.Nas�lendas�do�norte�da�Europa,�os�dragões�são�representados�como�figuras�malignas,�arquétipos�da�ganância�e�cobiça�que�dedicam�suas�vidas�à�pilhagem�e�colecionando�objetos�de�metais�preciosos,�com�os�quais�fazem�seus�leitos,�e�cobertos�de�escamas�que�lhe�deixam�invulneráveis,�exceto�na�região�do�ventre.�No�poema�épico�inglês�do�século�XI� retratando� fatos� supostamente�ocorridos�na�Dinamarca�e� Suécia�no� século�VI�Beowulf,� o�herói�da�narrativa���já�tendo�realizado�grandes�façanhas�que�lhe�renderam�reputação,�velho�e�rei�de�seu�povo���tem�de�confrontar�um�dragão�que�ataca�seu�reino�após�um�servo�roubar�uma�taça�de�ouro�da�coleção�do�réptil.�Quando�Beowulf�e�sua�comitiva�vão�até�a�caverna�do�dragão�para�confrontá-lo,�os�guerreiros�que�lhe�seguiam�fogem�e�abandonam� seu� rei� ferido� na� luta� contra� o� monstro.� Apenas� permanece� ao� lado� do� herói� o� jovem� e�aparentemente�fraco�Wiglaf,�que�luta�ao�lado�de�seu�rei�o�auxiliando�a�derrotar�o�monstro.�Antes�de�morrer�pelos�ferimentos�da�batalha,�Beowulf�moribundo�passa�sua�espada�para�o�jovem,�alegoria�que�representa�que�com�o�fim�de�um�herói�e�de�uma�geração,�surge�uma�nova�para�substituí-la.�O�dragão�aqui,�não�mais�uma�serpente,�e�sim�um�monstro�dotado�de�patas�e�tronco�largo�e�forte,�alado�e�associado�ao�elemento�fogo�que�libera�em�suas�baforadas���e�não�à�água�como�nas�versões�orientais���é�a�ganância,�o�desejo�insaciável�do�poder�e�de�bens�materiais.Ainda�no�norte�da�Europa,�na�Völsunga�Saga,�poema�épico� islandês�de�aproximadamente�1400� sobre� fatos�históricos�também�no�século�VI,�Fafnir,�filho�do�rei�dos�anões�Hreidmar,�se�junta�ao�irmão�Regin�para�matar�o�próprio�pai�e�roubar-lhe�o�tesouro,�que�incluía�um�anel�amaldiçoado.�Entretanto�após�o�assassinato,�Fafnir�não�querendo�dividir�o�tesouro�o�esconde�em�uma�caverna�e�passa�a�viver�sobre�ele�na�forma�de�um�dragão.�A�cobiça�o�transforma�em�dragão�negro,�que�passa�a�vigiar�constante�e�incessantemente�tais�tesouros�até�ser�finalmente�morto�em�sua�caverna�pelo�herói�Siegfried.�Banhando-se�com�o�sangue�do�dragão,�bebendo�o�sangue�e�depois�devorando�seu�coração,�Siegfried�adquire�invulnerabilidade,�a�capacidade�de�entender�o�idioma�dos�pássaros�e�a�sabedoria,�relacionando�o�dragão�a�uma�espécie�de�fonte�de�poder.Em�Tristão�e�Isolda�do�século�XII,�há�novamente�um�dragão�de�pele�escamosa�e�invulnerável�com�o�hálito�de�chamas:O�dragão�tinha�dois�cornos�na�testa,�as�orelhas�largas�e�peludas,�os�olhos�cintilantes�à�flor�da�cabeça�como�carvões�ardentes,�o�alto�focinho�erguido�como�o�de�uma�serpente�fantástica,�a�língua�de�fora,�cuspindo�por�todas�as�partes�fogo�e�veneno,�o�corpo�escamoso,�garras�de�leão�e�a�cauda�de�uma�serpente.

Tristão� confronta� este� dragão� na� Irlanda,� e� acaba� envenenado,� possivelmente� uma� influência� da� lendária�peçonha�da�Hydra�helena.�Nesta�história,�o� rei�da� Irlanda,�Gormond,�cansado�das�destruições�causadas�pelo�dragão,�promete�a�mão�de�sua�filha�em�casamento�àquele�que�derrotasse�a�fera.�Aqui�há�uma�curiosa�semelhança�com�a�lenda�helena�em�que�Cassiopeia,�a�esposa�de�Cefeu�e�rainha�da�Etiópia�na�Fenícia,�após�comparar�sua�beleza�com�às�das�divindades�marinhas,�recebe�como�castigo�a�visita�de�um�monstro�marinho�que�destruiria�seu�reino.�

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Sua�filha�Andrômeda�se�oferece�para�ser�sacrificada�ao�monstro�em�troca�de�que�o�reino�fosse�poupado.�Então�Sua�filha�Andrômeda�se�oferece�para�ser�sacrificada�ao�monstro�em�troca�de�que�o�reino�fosse�poupado.�Então�surge�o�heróico�Perseu�que�acorda�com�Cefeu�ter�a�mão�de�Andrômeda�em�casamento�caso�vencesse�o�monstro�e�surge�o�heróico�Perseu�que�acorda�com�Cefeu�ter�a�mão�de�Andrômeda�em�casamento�caso�vencesse�o�monstro�e�salvasse�o�reino,�e�assim�o�faz.�Mais�curioso�ainda�é�a�existência�no�Kojiki�e�no�Nihon�Shoki���os�relatos�orais�salvasse�o�reino,�e�assim�o�faz.�Mais�curioso�ainda�é�a�existência�no�Kojiki�e�no�Nihon�Shoki���os�relatos�orais�mitológicos�japoneses�convertidos�para�texto�escrito�no�século�VIII���da�história�em�que�Susano-o,�deus�das�mitológicos�japoneses�convertidos�para�texto�escrito�no�século�VIII���da�história�em�que�Susano-o,�deus�das�tempestades,�caminhando�pelo�mundo�dos�homens�passa�pela�casa�de�uma�família.�O�casal�explica�que�pelos�tempestades,�caminhando�pelo�mundo�dos�homens�passa�pela�casa�de�uma�família.�O�casal�explica�que�pelos�arredores�de�sua�casa�vivia�o�dragão�de�oito�cabeças�Yamata�no�Orochi,�que�a�cada�ano�vinha�e�exigia�em�sacrifício�arredores�de�sua�casa�vivia�o�dragão�de�oito�cabeças�Yamata�no�Orochi,�que�a�cada�ano�vinha�e�exigia�em�sacrifício�uma�de�suas�filhas�para�que�a�família�e�a�plantação�fossem�poupadas,�e�que,�exceto�por�uma,�todas�as�outras�sete�uma�de�suas�filhas�para�que�a�família�e�a�plantação�fossem�poupadas,�e�que,�exceto�por�uma,�todas�as�outras�sete�filhas�já�haviam�sido�sacrificadas,�e�a�vez�da�última�ser�oferecido�ao�dragão�chegara�naquele�ano.�O�deus�se�propõe�filhas�já�haviam�sido�sacrificadas,�e�a�vez�da�última�ser�oferecido�ao�dragão�chegara�naquele�ano.�O�deus�se�propõe�a�salvar�a�donzela�e�matar�o�dragão�em�troca�de�ela�se�tronar�sua�noiva.�É�interessante�o��entrelaçamento��dos�a�salvar�a�donzela�e�matar�o�dragão�em�troca�de�ela�se�tronar�sua�noiva.�É�interessante�o��entrelaçamento��dos�mitos�em�que�a�Hydra�helena�concede�elementos�ao�dragão�irlandês�que�retoma�a�lenda�de�Perseu,�que�se�parece�mitos�em�que�a�Hydra�helena�concede�elementos�ao�dragão�irlandês�que�retoma�a�lenda�de�Perseu,�que�se�parece�com�o�mito�de�Susano-o�e�Orochi.�Essa�história�seria�retomada�ainda�mais�uma�vez�pelos�cristãos,�como�relatam�os�com�o�mito�de�Susano-o�e�Orochi.�Essa�história�seria�retomada�ainda�mais�uma�vez�pelos�cristãos,�como�relatam�os�manuscritos�do�bispo�inglês�Percy,�que�conta�uma�versão�sobre�a�história�do�romano�São�Jorge�como�sendo�um�manuscritos�do�bispo�inglês�Percy,�que�conta�uma�versão�sobre�a�história�do�romano�São�Jorge�como�sendo�um�órfão�e�valente�guerreiro�que�vai�à�Líbia�e�chega�a�uma�cidade�onde�um�dragão�aterrorizava.�Esse�monstro�órfão�e�valente�guerreiro�que�vai�à�Líbia�e�chega�a�uma�cidade�onde�um�dragão�aterrorizava.�Esse�monstro�também�possuía�escamas�impenetráveis�e�exalava�veneno,�também�devorara�todas�as�jovens,�exceto�uma,�Sabra,�também�possuía�escamas�impenetráveis�e�exalava�veneno,�também�devorara�todas�as�jovens,�exceto�uma,�Sabra,�que�coincidentemente�era�a�filha�do�rei�e�estava�às�vésperas�do�próximo�sacrifício,�e�mais�uma�vez,�ela�seria�dada�que�coincidentemente�era�a�filha�do�rei�e�estava�às�vésperas�do�próximo�sacrifício,�e�mais�uma�vez,�ela�seria�dada�em�casamento�àquele�que�derrotasse�a�besta.�Jorge�derrota�o�monstro�acertando-o�na�parte�inferior�do�pescoço,�em�casamento�àquele�que�derrotasse�a�besta.�Jorge�derrota�o�monstro�acertando-o�na�parte�inferior�do�pescoço,�como�fez�Tristão�e�Siegfried,�e�valendo-se�de�sua�espada�mágica�Ascalon,�como�Perseu�ao�usar�a�espada�de�Zeus�como�fez�Tristão�e�Siegfried,�e�valendo-se�de�sua�espada�mágica�Ascalon,�como�Perseu�ao�usar�a�espada�de�Zeus�contra�o�monstro�marinho�e�Susano-o�com�a�Espada�Kusanagi.contra�o�monstro�marinho�e�Susano-o�com�a�Espada�Kusanagi.Para�o�cristianismo,�o�dragão�assume�outra�representação:�o�demônio,�o�mal�absoluto.�Em�uma�das�versões�do�Para�o�cristianismo,�o�dragão�assume�outra�representação:�o�demônio,�o�mal�absoluto.�Em�uma�das�versões�do�mito,�Jorge�exige�que�todos�os�cidadãos�da�cidade�se�convertam�ao�cristianismo�caso�ele�derrotasse�o�monstro.�mito,�Jorge�exige�que�todos�os�cidadãos�da�cidade�se�convertam�ao�cristianismo�caso�ele�derrotasse�o�monstro.�Assim�sua�vitória�representa�a�vitória�de�Deus�contra�a�heresia,�a�falta�de�fé�e�as�religiões�não�cristãs,�que�eram�de�Assim�sua�vitória�representa�a�vitória�de�Deus�contra�a�heresia,�a�falta�de�fé�e�as�religiões�não�cristãs,�que�eram�de�forma�preconceituosa�vistas�como�algo�errado�e�pavoroso.forma�preconceituosa�vistas�como�algo�errado�e�pavoroso.

O�PorcoO�Porco

O�terceiro�dos�Doze�Trabalhos�de�Herakles�consistiu�em�capturar�o�Javali�que�atacava�a�região�de�Erimanto�e�O�terceiro�dos�Doze�Trabalhos�de�Herakles�consistiu�em�capturar�o�Javali�que�atacava�a�região�de�Erimanto�e�devorava�plantações,�homens�e�o�que�mais�encontrasse.�Esse�javali�gigante,�como�nos�outros�dos�sete�primeiros�devorava�plantações,�homens�e�o�que�mais�encontrasse.�Esse�javali�gigante,�como�nos�outros�dos�sete�primeiros�trabalhos,�consistia�na�representação�dos�instintos�selvagens�humanos�em�oposição�à�racionalidade�do�herói.�No�trabalhos,�consistia�na�representação�dos�instintos�selvagens�humanos�em�oposição�à�racionalidade�do�herói.�No�caso�do� Javali� de� Erimanto,� a� ilustração� se� referia� à� gula,� ao� apetite� incontrolável� contra� o�qual� os� homens�caso�do� Javali� de� Erimanto,� a� ilustração� se� referia� à� gula,� ao� apetite� incontrolável� contra� o�qual� os� homens�deveriam�lutar�em�nome�da�razão�para�não�se�tornarem�feras�instintivas�e�monstruosas�que�não�enxergam�nem�deveriam�lutar�em�nome�da�razão�para�não�se�tornarem�feras�instintivas�e�monstruosas�que�não�enxergam�nem�buscam�nada�além�da� satisfação�dos�apetites� físicos.�No�Si�You�Ki,�Kuan-yin�encontra�Cho�Hakkai,�outro�ex-buscam�nada�além�da� satisfação�dos�apetites� físicos.�No�Si�You�Ki,�Kuan-yin�encontra�Cho�Hakkai,�outro�ex-Marechal�das�Milícias�Celestes�condenado�ao�Mundo�de�Baixo,�este�por�ter�ficado�embriagado�e�se�insinuado�à�Marechal�das�Milícias�Celestes�condenado�ao�Mundo�de�Baixo,�este�por�ter�ficado�embriagado�e�se�insinuado�à�

Sua�filha�Andrômeda�se�oferece�para�ser�sacrificada�ao�monstro�em�troca�de�que�o�reino�fosse�poupado.�Então�surge�o�heróico�Perseu�que�acorda�com�Cefeu�ter�a�mão�de�Andrômeda�em�casamento�caso�vencesse�o�monstro�e�salvasse�o�reino,�e�assim�o�faz.�Mais�curioso�ainda�é�a�existência�no�Kojiki�e�no�Nihon�Shoki���os�relatos�orais�mitológicos�japoneses�convertidos�para�texto�escrito�no�século�VIII���da�história�em�que�Susano-o,�deus�das�tempestades,�caminhando�pelo�mundo�dos�homens�passa�pela�casa�de�uma�família.�O�casal�explica�que�pelos�arredores�de�sua�casa�vivia�o�dragão�de�oito�cabeças�Yamata�no�Orochi,�que�a�cada�ano�vinha�e�exigia�em�sacrifício�uma�de�suas�filhas�para�que�a�família�e�a�plantação�fossem�poupadas,�e�que,�exceto�por�uma,�todas�as�outras�sete�filhas�já�haviam�sido�sacrificadas,�e�a�vez�da�última�ser�oferecido�ao�dragão�chegara�naquele�ano.�O�deus�se�propõe�a�salvar�a�donzela�e�matar�o�dragão�em�troca�de�ela�se�tronar�sua�noiva.�É�interessante�o��entrelaçamento��dos�mitos�em�que�a�Hydra�helena�concede�elementos�ao�dragão�irlandês�que�retoma�a�lenda�de�Perseu,�que�se�parece�com�o�mito�de�Susano-o�e�Orochi.�Essa�história�seria�retomada�ainda�mais�uma�vez�pelos�cristãos,�como�relatam�os�manuscritos�do�bispo�inglês�Percy,�que�conta�uma�versão�sobre�a�história�do�romano�São�Jorge�como�sendo�um�órfão�e�valente�guerreiro�que�vai�à�Líbia�e�chega�a�uma�cidade�onde�um�dragão�aterrorizava.�Esse�monstro�também�possuía�escamas�impenetráveis�e�exalava�veneno,�também�devorara�todas�as�jovens,�exceto�uma,�Sabra,�que�coincidentemente�era�a�filha�do�rei�e�estava�às�vésperas�do�próximo�sacrifício,�e�mais�uma�vez,�ela�seria�dada�em�casamento�àquele�que�derrotasse�a�besta.�Jorge�derrota�o�monstro�acertando-o�na�parte�inferior�do�pescoço,�como�fez�Tristão�e�Siegfried,�e�valendo-se�de�sua�espada�mágica�Ascalon,�como�Perseu�ao�usar�a�espada�de�Zeus�contra�o�monstro�marinho�e�Susano-o�com�a�Espada�Kusanagi.Para�o�cristianismo,�o�dragão�assume�outra�representação:�o�demônio,�o�mal�absoluto.�Em�uma�das�versões�do�mito,�Jorge�exige�que�todos�os�cidadãos�da�cidade�se�convertam�ao�cristianismo�caso�ele�derrotasse�o�monstro.�Assim�sua�vitória�representa�a�vitória�de�Deus�contra�a�heresia,�a�falta�de�fé�e�as�religiões�não�cristãs,�que�eram�de�forma�preconceituosa�vistas�como�algo�errado�e�pavoroso.

O�Porco

O�terceiro�dos�Doze�Trabalhos�de�Herakles�consistiu�em�capturar�o�Javali�que�atacava�a�região�de�Erimanto�e�devorava�plantações,�homens�e�o�que�mais�encontrasse.�Esse�javali�gigante,�como�nos�outros�dos�sete�primeiros�trabalhos,�consistia�na�representação�dos�instintos�selvagens�humanos�em�oposição�à�racionalidade�do�herói.�No�caso�do� Javali� de� Erimanto,� a� ilustração� se� referia� à� gula,� ao� apetite� incontrolável� contra� o�qual� os� homens�deveriam�lutar�em�nome�da�razão�para�não�se�tornarem�feras�instintivas�e�monstruosas�que�não�enxergam�nem�buscam�nada�além�da� satisfação�dos�apetites� físicos.�No�Si�You�Ki,�Kuan-yin�encontra�Cho�Hakkai,�outro�ex-Marechal�das�Milícias�Celestes�condenado�ao�Mundo�de�Baixo,�este�por�ter�ficado�embriagado�e�se�insinuado�à�

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Page 20: Farrazine 2013 - Edição 02

filha�da�Deusa�da�Lua.�Após�morrer,�a�alma�de�Cho�se�perdeu,�e�ele�acabou�reencarnado�como�um�porco.�Kuan-yin�filha�da�Deusa�da�Lua.�Após�morrer,�a�alma�de�Cho�se�perdeu,�e�ele�acabou�reencarnado�como�um�porco.�Kuan-yin�lhe�faz�a�mesma�proposta�de�perdão�em�troca�de�cessar�com�seu�costume�de�se�alimentar�de�carne�e�escoltar�lhe�faz�a�mesma�proposta�de�perdão�em�troca�de�cessar�com�seu�costume�de�se�alimentar�de�carne�e�escoltar�Tripitaka�em�sua�missão.�Entretanto�quando�Tripitaka�e�Son�Gokou,�seu�primeiro�discípulo,�pedem�abrigo�na�Tripitaka�em�sua�missão.�Entretanto�quando�Tripitaka�e�Son�Gokou,�seu�primeiro�discípulo,�pedem�abrigo�na�Fazenda� dos� Kao,� encontram� o� casal�Fazenda� dos� Kao,� encontram� o� casal�cativo�e�tendo�as�terras�exploradas�por�cativo�e�tendo�as�terras�exploradas�por�seu� genro,� que� havia,� há� três� anos,�seu� genro,� que� havia,� há� três� anos,�casado�com�sua�filha.�Esse��genro��era�o�casado�com�sua�filha.�Esse��genro��era�o�próprio�Cho,�que,�ao�chegar�à�fazenda,�próprio�Cho,�que,�ao�chegar�à�fazenda,�aparentava� ser� um� homem� forte,�aparentava� ser� um� homem� forte,�saudável� e�muito� trabalhador.�Com�o�saudável� e�muito� trabalhador.�Com�o�passar�do�tempo,�além�de�trancar�sua�passar�do�tempo,�além�de�trancar�sua�esposa�em�sua�casa�e�não�lhe�permitir�esposa�em�sua�casa�e�não�lhe�permitir�visitas,� adquiriu� um� apetite� enorme,�visitas,� adquiriu� um� apetite� enorme,�que� consumia� todo� o� aumento� da�que� consumia� todo� o� aumento� da�produção�da�fazenda�que�decorreu�em�produção�da�fazenda�que�decorreu�em�relação�ao�advento�de�seu�trabalho.�Tal�relação�ao�advento�de�seu�trabalho.�Tal�compulsão�por�comer�fez�com�que,�ao�compulsão�por�comer�fez�com�que,�ao�poucos,� fosse� se� transformando� em�poucos,� fosse� se� transformando� em�uma� forma� suína� e,� armado� com� um�uma� forma� suína� e,� armado� com� um�ancinho� de� esterco, � passou� a �ancinho� de� esterco, � passou� a �aterrorizar�a� todos.�Quando�Gokou�se�aterrorizar�a� todos.�Quando�Gokou�se�oferece� para� capturá-lo,� o� homem-oferece� para� capturá-lo,� o� homem-porco�foge�para�sua�caverna.porco�foge�para�sua�caverna.Ao� perseguir� o� Javali� de� Erimanto� e�Ao� perseguir� o� Javali� de� Erimanto� e�encurralá-lo�em�sua�caverna,�Herakles�encurralá-lo�em�sua�caverna,�Herakles�vence�o�monstro�em�combate�e�o�leva�vence�o�monstro�em�combate�e�o�leva�amarrado�até�o�rei�de�Micenas�cumprindo�sua�missão�e�dominando�a�fera�que�simbolizava�a�gula.�A�mesma�amarrado�até�o�rei�de�Micenas�cumprindo�sua�missão�e�dominando�a�fera�que�simbolizava�a�gula.�A�mesma�situação�aconteceu�quando�Son�Gokou�persegue�Cho�Hakkai�até�sua�caverna,�confronta-o�e�o�traz�amarrado�até�a�situação�aconteceu�quando�Son�Gokou�persegue�Cho�Hakkai�até�sua�caverna,�confronta-o�e�o�traz�amarrado�até�a�presença�do�patriarca�Kao�e�de�Tripitaka,�cumprindo�sua�tarefa�e�restaurando�a�ordem�na�Fazenda�Kao.�Cho�se�presença�do�patriarca�Kao�e�de�Tripitaka,�cumprindo�sua�tarefa�e�restaurando�a�ordem�na�Fazenda�Kao.�Cho�se�converte�ao�ver�Tripitaka�e�assume�a�vida�monástica,�abandonando�sua�situação�de�casado�e�tentando�conter�seu�converte�ao�ver�Tripitaka�e�assume�a�vida�monástica,�abandonando�sua�situação�de�casado�e�tentando�conter�seu�apetite.� Ao� longo� do� resto� da� jornada� à� Índia,� Cho� aparece� como� o� mais� inocente� dos� discípulos,� sempre�apetite.� Ao� longo� do� resto� da� jornada� à� Índia,� Cho� aparece� como� o� mais� inocente� dos� discípulos,� sempre�representando�os�apetites�e�desejos�do�trio,�constantemente�explorado�por�Gokou�a�fazer�o�trabalho�pesado�e�representando�os�apetites�e�desejos�do�trio,�constantemente�explorado�por�Gokou�a�fazer�o�trabalho�pesado�e�oneroso,�mas�com�certa�felicidade�ingênua.oneroso,�mas�com�certa�felicidade�ingênua.É�interessante�como�as�duas�culturas,�helena�e�chinesa,�escolheram�coincidentemente���ou�talvez�não���o�porco�É�interessante�como�as�duas�culturas,�helena�e�chinesa,�escolheram�coincidentemente���ou�talvez�não���o�porco�como�a�alegoria�para�representar�os�desejos�instintivos,�em�especial�os�apetites�físicos,�humanos�que�devem�ser�como�a�alegoria�para�representar�os�desejos�instintivos,�em�especial�os�apetites�físicos,�humanos�que�devem�ser�domados�pelos�heróis�em�sua�jornada�de��iluminação�.domados�pelos�heróis�em�sua�jornada�de��iluminação�.

filha�da�Deusa�da�Lua.�Após�morrer,�a�alma�de�Cho�se�perdeu,�e�ele�acabou�reencarnado�como�um�porco.�Kuan-yin�lhe�faz�a�mesma�proposta�de�perdão�em�troca�de�cessar�com�seu�costume�de�se�alimentar�de�carne�e�escoltar�Tripitaka�em�sua�missão.�Entretanto�quando�Tripitaka�e�Son�Gokou,�seu�primeiro�discípulo,�pedem�abrigo�na�Fazenda� dos� Kao,� encontram� o� casal�cativo�e�tendo�as�terras�exploradas�por�seu� genro,� que� havia,� há� três� anos,�casado�com�sua�filha.�Esse��genro��era�o�próprio�Cho,�que,�ao�chegar�à�fazenda,�aparentava� ser� um� homem� forte,�saudável� e�muito� trabalhador.�Com�o�passar�do�tempo,�além�de�trancar�sua�esposa�em�sua�casa�e�não�lhe�permitir�visitas,� adquiriu� um� apetite� enorme,�que� consumia� todo� o� aumento� da�produção�da�fazenda�que�decorreu�em�relação�ao�advento�de�seu�trabalho.�Tal�compulsão�por�comer�fez�com�que,�ao�poucos,� fosse� se� transformando� em�uma� forma� suína� e,� armado� com� um�ancinho� de� esterco, � passou� a �aterrorizar�a� todos.�Quando�Gokou�se�oferece� para� capturá-lo,� o� homem-porco�foge�para�sua�caverna.Ao� perseguir� o� Javali� de� Erimanto� e�encurralá-lo�em�sua�caverna,�Herakles�vence�o�monstro�em�combate�e�o�leva�amarrado�até�o�rei�de�Micenas�cumprindo�sua�missão�e�dominando�a�fera�que�simbolizava�a�gula.�A�mesma�situação�aconteceu�quando�Son�Gokou�persegue�Cho�Hakkai�até�sua�caverna,�confronta-o�e�o�traz�amarrado�até�a�presença�do�patriarca�Kao�e�de�Tripitaka,�cumprindo�sua�tarefa�e�restaurando�a�ordem�na�Fazenda�Kao.�Cho�se�converte�ao�ver�Tripitaka�e�assume�a�vida�monástica,�abandonando�sua�situação�de�casado�e�tentando�conter�seu�apetite.� Ao� longo� do� resto� da� jornada� à� Índia,� Cho� aparece� como� o� mais� inocente� dos� discípulos,� sempre�representando�os�apetites�e�desejos�do�trio,�constantemente�explorado�por�Gokou�a�fazer�o�trabalho�pesado�e�oneroso,�mas�com�certa�felicidade�ingênua.É�interessante�como�as�duas�culturas,�helena�e�chinesa,�escolheram�coincidentemente���ou�talvez�não���o�porco�como�a�alegoria�para�representar�os�desejos�instintivos,�em�especial�os�apetites�físicos,�humanos�que�devem�ser�domados�pelos�heróis�em�sua�jornada�de��iluminação�.

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