UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA (FRIM) COMO FONTE ENERGÉTICA ALTERNATIVA AO MILHO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE TIPO CAIPIRA CRIADOS NO SISTEMA SEMI-INTENSIVO CASSAVA ROOT MEAL AS ALTERNATIVE ENERGETIC SOURCE AT THE CORN IN THE FEEDING OF FREE-RANGE BROILER CHICKENS REARING IN SEMI-INTENSIVE SYSTEM Karina Márcia Ribeiro de Souza CAMPO GRANDE MATO GROSSO DO SUL – BRASIL FEVEREIRO 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA (FRIM) COMO FONTE ENERGÉTICA ALTERNATIVA AO MILHO
NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE TIPO CAIPIRA CRIADOS NO SISTEMA SEMI-INTENSIVO
CASSAVA ROOT MEAL AS ALTERNATIVE ENERGETIC SOURCE AT THE CORN IN THE FEEDING OF FREE-RANGE BROILER
CHICKENS REARING IN SEMI-INTENSIVE SYSTEM
Karina Márcia Ribeiro de Souza
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL FEVEREIRO 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
FARELO DA RAIZ INTEGRAL DE MANDIOCA (FRIM) COMO FONTE ENERGÉTICA ALTERNATIVA AO MILHO
NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE TIPO CAIPIRA CRIADOS NO SISTEMA SEMI-INTENSIVO
CASSAVA ROOT MEAL AS ALTERNATIVE ENERGETIC SOURCE AT THE CORN IN THE FEEDING OF FREE-RANGE BROILER
CHICKENS REARING IN SEMI-INTENSIVE SYSTEM
Karina Márcia Ribeiro de Souza Zootecnista
Orientador: Prof. Dr. Alfredo Sampaio Carrijo
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciência Animal. Área concentração: Produção Animal
CAMPO GRANDE MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
FEVEREIRO 2008
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Coordenadoria de Biblioteca Central – UFMS, Campo Grande, MS, Brasil)
Souza, Karina Márcia Ribeiro de. S729f Farelo da raiz integral da mandioca (FRIM) como fonte energética
alternativa ao milho na alimentação de frangos de corte tipo caipira criados no sistema semi-intensivo / Karina Márcia Ribeiro de Souza. -- Campo Grande, MS, 2008.
40 f. ; 30 cm.
Orientador: Alfredo Sampaio Carrijo. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.
1. Frango de corte – Alimentação e rações. 2. Mandioca como ração. I. Carrijo, Alfredo Sampaio. II. Título.
CDD (22) 636.50855
i
ii
Quem de três milênios, não é capaz de se dar conta,
Vive na ignorância, na sombra,
À mercê dos dias, do tempo.
J.W von Goethe
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À minha família, meus pais José e Marina e meu irmão José Marcelo.
Pelo esforço que fizeram para me dar a oportunidade de
realizar os meus estudos com dedicação. Pelo apoio, amparo e
palavras de incentivo nos momentos em que precisei e
principalmente pelo amor, carinho, respeito e paciência em
todos esses anos.
Ao Prof. Dr. Marcelo de O. Andreotti.
Por ter me dado a primeira oportunidade de trabalhar em
pesquisa. Pela confiança e pela força de vontade transmitida a
qual me fez continuar nessa caminhada.
Dedico.
iv
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Prof. Dr. Alfredo Sampaio Carrijo, pela acolhida em um momento tão difícil, pela
orientação, pela alegria de sempre, pela amizade, ensinamentos, confiança, contribuindo para
meu crescimento e formação profissional e pessoal.
Meus sinceros agradecimentos.
v
AGRADECIMENTOS
À Deus e à NSa Sra. Aparecida pela proteção, por iluminar e guiar a minha caminhada;
À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado
do Mato Grosso do Sul (FUNDECT) pela bolsa de estudo durante o curso;
Ao Programa Mestrado em Ciência Animal, representado pela Profa. Dra. Maria da
Graça Morais, pelo apoio durante o curso;
Aos professores do Mestrado, por compartilharem seus conhecimentos durante o
exercício do ensino e pela disposição e atenção despendida sempre que os solicitei;
Ao Prof. Dr. Ruy Alberto Caetano Correa Filho, pela confiança, amizade,
ensinamentos, apoio e palavras de incentivo em todos os anos de graduação e sempre;
Ao Prof. Dr. Charles Kiefer pela amizade, ensinamentos, apoio e colaboração na
realização dos trabalhos;
Aos meus grandes amigos Ivan Bezerra Allaman e Vitor Barbosa Fascina, pela
amizade, apoio nos trabalhos, pela seriedade, dedicação e alegria em todos os dias de
convivência;
Aos "meus meninos" Amélia Garcia, Adriany Falco, Gabriel Manvailer, Rafael
O frango tipo caipira ou tipo colonial, que é resultado do frango de corte de
desenvolvimento lento criado no sistema semi-intensivo ou caipira, vem atender a exigência
dos consumidores que, cada vez mais esclarecidos e interessados em adquirir produtos com
maiores atributos de qualidade, estão em busca de uma alimentação mais próxima do natural.
A procura pelo frango de corte tipo caipira ocorre, principalmente, porque sua carne
possui um sabor mais acentuado do que a do frango industrial. Espera-se que aves de
crescimento lento que são criadas com ração concentrada, acesso a piquetes de gramíneas e
9
abatidas em idade mais avançada apresentem carne mais rígida e mais saborosa do que a carne
de aves criadas em sistema intensivo (FANATICO et al., 2005).
Além disso, a indústria de frangos de corte vem mostrando maiores preocupações com o
rendimento das carcaças e dos cortes, devido às exigências por parte dos consumidores os quais
têm elevado a demanda por peças com boa conformação, menores pesos e quantidade de
gordura abdominal (HELLMEISTER FILHO, 2002). A característica que mais contribui para
maximizar o retorno econômico na criação de frangos de corte é o rendimento de carcaça,
sendo influenciada por vários fatores como linhagem, nutrição, sexo, peso de abate,
resfriamento e quantidade de gordura na carcaça (MENDES, 1990).
Frangos de corte das linhagens Paraíso Pedrês e ISA Label, criados em sistema semi-
intensivo, têm apresentado diferenças quanto aos rendimentos de carcaça e de cortes nobres.
Entretanto, tem-se encontrado melhor textura da carne e maior resistência ao corte do que
carnes de frangos das mesmas linhagens criados confinados, podendo-se atribuir tal fato à
possibilidade de exercício durante o pastejo (SANTOS et al., 2005). Além disso, devido à
textura mais firme de sua carne, a mastigação é mais lenta, permitindo assim que o seu sabor
seja mais ressaltado (SILVA & NAKANO, 2001).
A qualidade da carne é função de uma série de fatores como genética, condições de
manejo e alimentação no período de produção e aos manejos realizados no período pré-abate e
durante o abate/processamento (SCHEUERMANN & COSTA, 2005). Umidade, gordura e
proteína são três constituintes considerados substratos primários que podem alterar as
características das carnes, sendo que os percentuais desses componentes, bem como o tipo e o
estado físico-químico influenciam importantes parâmetros, denominados de propriedades
funcionais, que determinarão a qualidade do produto final (SHIMOKOMAKI et al., 2006).
As propriedades funcionais, como capacidade de retenção de água (CRA), perda de
peso por cozimento (PPC), cor, sabor e textura, são as características físico-químicas que
diferenciam os alimentos e estão relacionadas com questões sensoriais e não necessariamente
nutricionais, implicando de forma direta e decisiva nos aspectos econômicos dos produtos
(OLIVO & SHIMOKOMAKI, 2006b)
No entanto, alterações post mortem, que incluem mudanças no pH da carne, podem
modificar as propriedades funcionais. O pH do músculo no animal vivo varia de 7,3 a 7,5 e
após o abate, devido os eventos bioquímicos que ocorrem durante a transformação do músculo
em carne, decresce pela produção de ácido lático a partir da glicólise anaeróbica (OLIVO &
SHIMOKOMAKI, 2006a). Frangos de corte criados em condições menos estressantes
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apresentam, no post mortem um pH inicial mais elevado em torno de 6,25 e uma redução mais
lenta, resultando em um pH final, após 30 minutos, de 5,65 (SHIMOKOMAKI et al., 2006).
A taxa e o grau de redução de pH durante o estabelecimento do rigor mortis e, por
conseguinte, o teor de proteína desnaturada influenciam diretamente na CRA e inversamente na
PPC. A umidade natural é importante para a obtenção do rendimento e da qualidade final do
produto, contribuindo para a textura, suculência, sabor e palatabilidade da carne como alimento
e as proteínas estando desnaturadas resultam na redução da CRA (OLIVO &
SHIMAKOMAKI, 2006b).
A medida de exsudato é um parâmetro na averiguação da qualidade funcional e traduz a
CRA das carnes (SHIMOKOMAKI et al., 2006). Como a água é o principal constituinte da
carne em quantidade, a habilidade dos produtos cárneos em retê-la é muito importante. A
umidade sendo liberada poderá afetar negativamente o rendimento, a maciez, a textura e o
sabor, além de que, a perda de proteínas miofibrilares solúveis poderá influenciar o valor
nutricional do produto e assim, a CRA é considerada como um importante teste para predizer o
rendimento, o resultado econômico e a qualidade de um produto (SCHNEIDER et al., 2006)
Da mesma forma, a PPC é um outro atributo que reflete o rendimento e a qualidade
final de um produto cárneo cozido e que pode contribuir para uma melhor suculência e
agradabilidade da carne como alimento, e ainda para uma maior retenção de umidade na carne
cozida poderá evitar alterações oxidativas formadoras de ranço, auxiliando na segurança
alimentar e preservando o sabor da carne (SHIMOKOMAKI et al., 2006).
Nesse contexto, propôs-se realizar esse trabalho com o objetivo de determinar o valor
energético do FRIM, do RCM e do milho e avaliar níveis da inclusão de FRIM em rações de
frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho, rendimentos de carcaça e de cortes, e
propriedades funcionais da carne. Os resultados obtidos foram abordados nos artigos
intitulados de: "Valores energéticos de subprodutos da mandioca determinados com
frangos de corte de crescimento lento" e "Farelo da raiz integral de mandioca em dietas
de frangos de corte tipo caipira", redigidos conforme as normas editoriais da Revista
Brasileira de Zootecnia.
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Valores energéticos de subprodutos da mandioca e do milho determinados com frangos
de corte de crescimento lento
Souza, KMR1, Carrijo, AS2
1Mestranda em Ciência Animal da FAMEZ/UFMS. Bolsista FUNDECT – MS. [email protected]. 2DSc. , Prof. DZO/FAMEZ/ UFMS – Campo Grande/MS
Resumo - O objetivo do trabalho foi determinar o valor energético do farelo da raiz
integral de mandioca (FRIM), do resíduo da cultura da mandioca (RCM) e do milho com
frangos de corte de crescimento lento nas fases inicial, de crescimento e de engorda. Foram
utilizados 144 pintainhos machos pescoço pelado distribuídos em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 3x3, sendo 9 tratamentos com quatro repetições de quatro
aves cada. Os ensaios ocorreram em três fases de criação: 17 a 26, 42 a 51 e 67 a 76 dias de
idade e consistiram de cinco dias de adaptação às dietas e cinco dias para a coleta total das
excretas. Os tratamentos foram uma dieta referência e as dietas teste que consistiram de 60%
da dieta referência+40% de FRIM e 80% da dieta referência+20% de RCM. Foram
determinados os coeficientes de metabolização da matéria seca (CMMS), proteína bruta
(CMPB), extrato etéreo (CMEE), energia bruta (CMEB) e os valores de energia metabolizável
(EMA) e energia metabolizável corrigida para retenção de nitrogênio (EMAn) do milho, do
FRIM e do RCM. Os resultados foram submetidos à análise de variância, à análise de regressão
e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A interação entre os
fatores alimento e idade das aves foi significativa para EMA e EMAn. Foi observado que nas
fases de crescimento e de engorda a EMA e a EMAn do milho e do FRIM foram maiores do
que as determinadas para o RCM, provavelmente devido aos maiores CMEB obtidos para os
primeiros alimentos nas mesmas idades. Os valores de EMA e EMAn do milho em kcal/kg,
determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e
engorda são: 1.867 e 1.808; 3.404 e 3.319; 3.401 e 3.213, respectivamente. Os valores de EMA
e EMAn do FRIM em kcal/kg, determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas
fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.854 e 1.796; 3.411 e 3.342; 3.411 e 3.234,
respectivamente. Os valores de EMA e EMAn do RCM em kcal/kg, determinados com frangos
de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.753 e 1.626;
1.415 e 1.995; 1.420 e 1.995, respectivamente.
Palavras-chave: digestibilidade, energia metabolizável, farelo da raiz integral de mandioca,
pescoço pelado, resíduo da cultura de mandioca
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Energetic values of by-products of cassava and of corn determined with slower-growing
broilers
Abstract - The aim of this work was to determine the energy values of cassava root meal
(CRM) and cassava crop waste (CCW) with slower-growing broilers in the phases initial,
growing and fattening. They were used 144 males chickens naked neck created distributed in
design randoming in factorial 3x3, 9 treatments with four replicates of four birds each. The
tests occurred in three phases of creation: 17 to 26, 42 to 51 and 67 to 76 days of age and
consisted of five days of adaptation to diets and five days for a total collection of excreta. The
treatments were a diet reference and the test diet that consisted of 60% of the reference+40% of
CRM and 80% of the reference diet+20% of CCW. Were determined coefficients of
metabolization of dry matter (CMDM), crude protein (CMCP), ether extract (CMEE), gross
energy (CMGE) and the values of apparent metabolizable energy (AME) and apparent
metabolizable energy corrected for retention of nitrogen (AMEn) of maize, CRM and CCW.
The results were submitted to the analysis of variance, regression analysis, and averages
compared by Tukey test of a 5% probability. The interaction between factors food and age of
the birds was significant for AME and AMEn. It was observed that in the phases of growth and
fattening the AME and AMEn maize and CRM were higher than those determined for the
CCW, probably due to better CDGE obtained for the first food in the same ages. The values of
AME and AMEn of maize in kcal/kg, determinated with slower-growing broilers, in the initial
phases, of growth and fattening are: 1.867, 1.808; 3.404, 3.319; 3.401 and 3.213, respectively.
The values of AME and AMEn of CRM in kcal/kg, determinated with slower-growing broilers,
in the initial phases, of growth and fattening are: 1.854 and 1.796, 3.411 and 3.342, 3.411 and
3.234, respectively. The values of AME and AMEn of CCW in kcal/kg, determinated with
slower-growing broilers, in the initial phases, of growth and fattening are: 1.753 and 1.626,
Tabela 2 – Peso corporal inicial de frangos de corte de crescimento lento submetidos à ensaio de digestibilidade nas fases inicial, de crescimento e engorda
Idade (dias)
Tratamentos¹ 17 - 26 42 - 51 67 - 76
Milho 226 ± 11 1017 ± 25 2158 ± 68 FRIM² 226 ± 8 1013 ± 27 2166 ± 68 RCM² 226 ± 10 1017 ± 33 2138 ± 53 ¹FRIM: dieta teste com farelo da raiz integral de mandioca; RCM: dieta teste com resíduo da cultura de mandioca. ² peso médio±desvio padrão.
Foram determinados das excretas, das rações, do milho, do FRIM e do RCM, os teores
de umidade (UM), matéria seca (MS), nitrogênio e extrato etéreo (EE) segundo Silva &
Queiroz (2002) e energia bruta (EB) por meio da bomba calorimétrica de PARR para se obter
as informações dos coeficientes de metabolização da matéria seca (CMMS), proteína bruta
(CMPB), extrato etéreo (CMEE), energia bruta (CMEB) e os valores de energia metabolizável
aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida para retenção de nitrogênio
(EMAn) do milho, do FRIM e do RCM. Para o cálculo de EMA, EMAn e dos coeficientes de
metabolização foram utilizadas as fórmulas descritas por Matterson et al. (1965).
Os resultados foram submetidos à análise de variância e posteriormente à análise de
regressão com o auxílio do programa ESTAT e quando ocorreram diferenças significativas, as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
A composição bromatológica do milho, FRIM e RCM está apresentada na Tabela 3. Os
teores de MS, EB, EE e FB do milho foram maiores que os valores relatados (87,11; 3.925;
3,61 e 1,73 respectivamente) por Rostagno et al. (2005) para esse alimento, porém o percentual
de PB obtido foi 0,76% menor que o publicado pelos mesmos autores. Contudo, o valor
nutritivo dos subprodutos da mandioca deve ser considerado em relação ao milho,
principalmente, no que diz respeito a PB, FB e energia metabolizável (Brum & Albino, 1993).
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Tabela 3 - Composição bromatológica do milho, do farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) e do resíduo da cultura de mandioca (RCM)
O FRIM apresentou o menor percentual de PB em comparação ao milho e ao RCM. De
acordo com Carvalho (2001), a raiz da mandioca é pobre em proteína devido ao seu elevado
teor de amido o que lhe confere, conseqüentemente, um alto valor energético, podendo, por
esse motivo, ser um sucedâneo do milho na dieta das aves. Segundo Leonel (2001), o farelo de
mandioca possui, em média, 75% de amido. Entretanto, a substituição do milho pela mandioca
torna necessária a elevação da quantidade de inclusão do alimento protéico, com o intuito de
corrigir o perfil de aminoácidos da dieta, para não prejudicar o desempenho das aves (Mazzuco
& Bertol, 2000). A FB do FRIM foi superior à do milho (Tabela 3), porém apresentou um valor
abaixo à raspa integral de mandioca (5,42%) e ao farelo de soja (5,41%), ambos relatados por
Rostagno et al. (2005).
As folhas de mandioca contêm aproximadamente 25% de PB (Eruvbetine et al., 2003) o
que possivelmente fez aumentar o teor de PB do RCM em relação ao FRIM, embora tenha sido
inferior ao milho. No entanto, foi apresentada uma diferença relevante quanto ao teor de FB
para o mesmo ingrediente em comparação ao milho e ao FRIM, devido o produto ser
constituído, principalmente de folhas e caule da planta de mandioca os quais possuem 9,84 e
18,39% de FB, respectivamente (Cereda, 2001).
Os coeficientes de metabolização dos nutrientes do milho, FRIM e RCM são
apresentados na Tabela 4. O CMEE foi influenciado pelo tipo de alimento e pela idade das
aves. O menor valor CMEE foi obtido para a o RCM. Verificou-se, ainda que aves mais velhas
(67 – 76 dias) apresentaram melhor digestibilidade do extrato etéreo (EE) devido ao maior
Tabela 4 - Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CMMS), da proteína bruta (CMPB), do extrato etéreo (CMEE) e da energia bruta (CMEB) do milho, FRIM E RCM, determinados com frangos de corte de crescimento lento em diferentes idades
Idade em dias
17 – 263 42 – 513 67 – 763 Alimentos² CMMS (%)
Média
Milho¹ 84,02 Aa 81,60 Aa 82,69 Aa 82,77 FRIM¹ 84,24 Aa 82,59 Aa 83,88 Aa 83,57 RCM¹ 47,14 Ba 27,67 Bc 36,96 Bb 37,26 Média 71,80 63,95 67,84 CV4 (%) 6,05 CMPB (%) Média Milho¹ 56,70 Aa 54,74 Aa 62,10 ABa 57,85 FRIM¹ 56,86 Aa 55,20 Aa 63,32 Aa 58,46 RCM¹ 67,30 Aa 55,04 Ab 52,30 Bb 58,21 Média 60,28 54,99 59,24 CV4(%) 10,65 CMEE (%) Média¹ Milho 27,40 53,14 59,26 46,60 A FRIM 27,72 52,94 59,14 46,60 A RCM 22,12 29,46 46,64 32,74 B Média¹ 25,75 c 45,18 b 55,01 a CV4 (%) 18,34 CMEB (%) Média Milho¹ 74,36 Ab 83,92 Aa 83,81 Aa 80,70 FRIM¹ 74,39 Ab 84,47 Aa 84,42 Aa 81,03 RCM¹ 44,57 Ba 39,20 Ba 37,13 Ba 40,30 Média 64,44 69,19 68,45 CV4(%) 6,75 ¹Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05); Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). ²FRIM: farelo da raiz integral de mandioca; RCM: resíduo da cultura de mandioca. ³Idade em dias. 4CV: Coeficiente de variação.
Observou-se que a interação entre os fatores (alimento x idade) foi significativa
(P<0,05) para CMMS, CMPB e CMEB. O RCM foi o alimento que apresentou os menores
(P<0,05) CMMS e CMEB nas três fases de criação e de CMPB na fase de engorda,
provavelmente por possuir alto conteúdo fibroso cuja fração, segundo Lesson & Summers
(2001) é quase completamente indigestível pelas aves por ser constituída principalmente de
celulose e lignina, sendo que as aves não possuem secreção de enzimas no trato digestivo
capazes de digerir eficientemente esses componentes.
Segundo Hetland et al (2005), a atividade da moela é mais fortemente estimulada pela
presença de fibras insolúveis como celulose, lignina e algumas hemiceluloses (xilanas,
arabinoxilanas, galactosanas) o que causaria um melhor fracionamento do alimento. No
entanto, essa FB dos alimentos pode promover a redução da digestibilidade de todas as classes
22
de nutrientes da digesta intestinal, como ocorrido com a PB no presente estudo, pois os
polissacarídeos insolúveis (fração fibrosa) se ligam em grandes quantidades de água tornando o
meio intestinal mais viscoso, o que conseqüentemente, dará menor chance aos substratos de
entrar em contato com as enzimas digestíveis, enquanto que alguns produtos da digestão nem
alcançarão as microvilosidades do intestino (Lesson & Summers, 2001).
Os valores para CMEB do milho e do FRIM foram maiores (P<0,05) nas fases de
crescimento (42 – 51 dias) e engorda (67 – 76 dias) (Tabela 4). Alimentos que são constituídos
principalmente de grânulos de amido e proteína são dissolvidos rapidamente no fluido gástrico
da moela (Hetland et al., 2005) e o aproveitamento de um nutriente pela ave depende da
digestão e absorção de macromoléculas o que requer hidrólise enzimática (Longo et al., 2005).
Entretanto, investigações microscópicas do epitélio intestinal mostraram que tanto
frangos de corte como galinhas de postura não atingem maturidade da estrutura da superfície de
absorção até os 20 ou 30 dias de idade (Bedford, 1996), o que pode explicar o aumento do
CMEB do milho e do FRIM (alimentos ricos em amido) relaconado ao avanço da idade das
aves.
A EMA e EMAn do milho, do FRIM e do RCM estão apresentadas na Tabela 5. A
interação entre os fatores alimento e idade das aves foi significativa (P<0,05) para EMA e
EMAn. Foi observado que nas fases de crescimento (42-51 dias) e de engorda (67-76 dias) a
EMA e a EMAn do milho e do FRIM foram maiores (P<0,05) do que as determinadas para o
RCM, provavelmente devido aos maiores CMEB obtidos para os primeiros alimentos nas
mesmas idades.
Os valores da EMAn obtidos do milho foram inferiores aos relatados por Rostagno et
al. (2005), entretanto, as EMAn observadas para o FRIM, a partir da segunda fase de criação,
foram superiores ao valor publicado pelos mesmos autores para o ingrediente raspa integral de
mandioca. Fonseca et al. (2000) verificaram que a EMA e a EMAn da farinha da raiz de
mandioca determinadas com frangos de corte aos 21 dias de idade foram de 3.307 e 3.306
kcal/kg, respectivamente, e a EMA determinada com galos com 45 semanas foi de 2.995
kcal/kg. Os mesmos autores afirmaram que a farinha da raiz de mandioca apresenta valores
energéticos que justificam a sua inclusão nas dietas de aves jovens ou adultas.
23
Tabela 5 - Valores energéticos do milho, FRIM e RCM determinados com frangos de corte de crescimento lento em diferentes idades
EMA² (kcal/kg) Alimentos³
17 – 264 42 – 514 67 – 764 Média
Milho¹ 1.867 Ab 3.404 Aa 3.401 Aa 2891 FRIM¹ 1.855 Ab 3.411 Aa 3.411 Aa 2892 RCM¹ 1.754 Aa 1.415 Bb 1.420 Bb 1530 Média 1.825 2.744 2.744 CV5(%) 7,15 EMAn² (kcal/kg)
17 - 264 42 – 514 67 – 764 Média
Milho 1.808 Ab 3.319 Aa 3.213 Aa 2780 FRIM 1.796 Ab 3.343 Aa 3.235 Aa 2791 RCM 1.626 Ab 1.995 Ba 1.995 Ba 1872 Média 1.744 2.886 2.814 CV5(%) 7,24 ¹Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem pelo teste de Tukey (P<0,05); Médias seguidas de letras maiúsculas distintas na coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). ²EMA: energia metabolizável aparente; EMAn: energia metabolizável aparente corrigida para retenção de nitrogênio. ³FRIM: farelo da raiz integral de mandioca; RCM: resíduo da cultura de mandioca. 4Idade em dias. 5CV: Coeficiente de variação.
Longo et al. (2005) observaram EMAn do amido de milho e do amido de mandioca de
3.269 e 3.690 kcal/kg, respectivamente, para aves de 1 a 7 dias de idade, sendo esses valores
determinados com frangos de corte machos da linhagem Ross.
Foram obtidas EMAn semelhantes (Tabela 5) do milho e do FRIM somente a partir do
período de 42 a 51 dias de idade das aves, porém para a determinação desses valores, foram
utilizadas aves de crescimento lento as quais possuem um metabolismo menos intenso,
acreditando-se que as enzimas digestivas dessas aves atingem uma máxima eficiência mais
tardiamente do que em aves de linhagem de crescimento rápido, proporcionando, portanto
valores energéticos mais elevados com o avanço da idade.
Batal & Parsons (2002) verificaram o aumento da EMAn, de uma dieta composta
basicamente de milho e farelo de soja, com o avanço da idade dos frangos de corte, atingindo
um plateau aos 14 dias, ocorrendo no mesmo período, elevação da digestibilidade aparente do
amido e das gorduras em 6 e 18 %, respectivamente.
Em contrapartida, Ludke et al. (2007) relataram redução nos valores de energia da
farinha de varredura de mandioca determinados com frangos de corte, com o aumento da idade
das aves, observando valores de EMA e EMAn para o período de 14 a 24 dias de 3.110 e 2.932
kcal/kg, e para o período de 28 a 36 dias de idade de 2.935 e 2.794 kcal/kg, respectivamente.
Existem suposições de que a digestibilidade dos ingredientes que contêm elevado
conteúdo fibroso, atualmente denominado de polissacarídeos não-amiláceos (PNA's) (Lesson &
24
Summers, 2001), amplamente conhecido como um fator antinutricional, pode aumentar cada
vez mais com o avanço da idade das aves em comparação àqueles alimentos que não
apresentam esse fator, no entanto, esperar-se-ia esse aumento no valor da EMA se o sistema
digestivo não alcançasse um ponto máximo da taxa de extração de nutrientes de um alimento
(Bedford, 1996) como ocorrido no presente estudo.
Conclusões
Os valores de EMA e EMAn do milho em kcal/kg, determinados com frangos de corte
de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.867 e 1.808; 3.404 e
3.319; 3.401 e 3.213, respectivamente. Os valores de EMA e EMAn do FRIM em kcal/kg,
determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas fases inicial, de crescimento e
engorda são: 1.854 e 1.796; 3.411 e 3.342; 3.411 e 3.234, respectivamente. Os valores de EMA
e EMAn do RCM em kcal/kg, determinados com frangos de corte de crescimento lento, nas
fases inicial, de crescimento e engorda são: 1.753 e 1.626; 1.415 e 1.995; 1.420 e 1.995,
respectivamente.
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26
Farelo da raiz integral de mandioca em dietas de frangos de corte tipo caipira
Souza, KMR1, Carrijo, AS2
1Mestranda em Ciência Animal da FAMEZ/UFMS. Bolsista FUNDECT – MS. [email protected]. 2DSc. , Prof. DZO/FAMEZ/ UFMS – Campo Grande/MS
Resumo – O objetivo do trabalho foi avaliar níveis de inclusão de farelo da raiz integral
de mandioca, em dietas de frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho, os rendimentos
de carcaça, de cortes e as propriedades funcionais da carne. Foram distribuídos 400 pintainhos
machos da linhagem ISA S757-N (pescoço pelado) em um delineamento inteiramente
casualizado com quatro tratamento e quatro repetições de 24 aves cada. Os tratamentos foram
0%, 20%, 40% e 60% de FRIM (farelo da raiz integral de mandioca) na ração total. O período
experimental foi dividido em três fases de criação: inicial (1 a 28 dias de idade), crescimento
(29 a 56 dias de idade) e engorda (57 a 84 dias de idade). Foram obtidos o peso corporal final
(PF), o ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA) e viabilidade
(VB). Aos 84 dias foram obtidos os rendimentos de carcaça (RCAR), peito (RPTO),
coxa+sobrecoxa (RCSX), asa (RASA), dorso (RDOR) gordura abdominal (RGAB) e das
carnes de peito das aves foram determinados o pH, capacidade de retenção de água (CRA) e
perda de peso por cozimento (PPC). Por comparação visual, foram determinados os escores
para as cores de pele de canela (CPCN) e de peito (CPPT). Os resultados foram submetidos à
análise de variância, à análise de regressão e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade. A análise de variância detectou diferença significativa entre os
tratamentos para PF e GP, somente na fase de 1 a 28 dias de idade. Foi verificado aumento
linear à medida que se aumentou o nível de inclusão de FRIM na ração. Não existiram
diferenças significativas entre os tratamentos para as variáveis de rendimento de carcaça, de
cortes, pH, CRA e PPC. A utilização do FRIM nas dietas de frangos de corte tipo caipira
promoveu redução linear na coloração das peles da canela e do peito das aves com o aumento
do nível de inclusão desse ingrediente nas rações. O farelo da raiz integral de mandioca pode
ser utilizado nas dietas de frangos de corte tipo caipira na proporção de 60% da ração total sem
prejudicar o desempenho, os rendimentos de carcaça, de corte e as propriedades funcionais da
carne, no entanto promove descoloração das peles de canela e peito.
Palavras-chave: capacidade retenção de água, cor de pele, ganho de peso, pescoço pelado,
semi-intensivo
27
Cassava root meal in diets of free-range broiler chickens
Abstract – The aim this work was to evaluate levels inclusion of cassava root meal in
diets of free-range broiler chickens on the performance, the yield of carcass, cuts and the
functional properties of the meat. They were distributed 400 chickens male of line ISA S757-N
(naked neck) in a design randoming with four treatment and four replicates of 24 birds each.
The treatments were 0%, 20%, 40% and 60% of CRM (cassava root meal) in the total ration.
The trial period was divided into three phases of creation: initial (1 to 28 days of age), growth
(29 to 56 days of age) and fattening (57 to 84 days of age). Were obtained the final body
weight (BW), weight gain (WG), feed intake (FI), feed conversion (FC) and liveability (LV).
At 84 days were obtained yield of carcass (YC), breast (YB), thigh + upper thigh (YTUT),
Wing (YW), back (YK) abdominal fat (YAF) and of the breast meat of the birds were
determined the pH , water holding capacity (WHC) and cooking loss (CL). For visual
comparison, the scores were determined for the color of skin of shank (CSS) and breast (CSB).
The results were submitted to the analysis of variance, analysis of regression and averages were
compared by test Tukey to 5% of probability. The analysi of variance found a significant
difference between treatments for BW and WG, only at the phase of 1 until 28 days of age. It
was demonstrated linear increased as they increased the level of inclusion of CRM in feed.
There were no significant differences between the treatments for the variables of yield of
carcass, cuts, pH, WHC and CL. The use of CRM in the diets of free-range broiler chickens
promoted linear reduction in the color of the skins of Shank the breast of birds with the
increase in the level of inclusion of this ingredient in the feed. The CRM can be used in the
diets of free-range broiler chickens in the proportion of 60% of the total ration without badly
performance, the yield of carcass, cuts and functional properties of the meat, however promotes
discoloration of the skins of shank and breast.
Key words: color of skin, naked neck, semi-confined, water holding capacity, weight gain
28
Introdução
Os consumidores, preocupados com a segurança dos alimentos e em busca de uma
nutrição mais próxima do natural, proporcionaram o aumento da demanda por produtos
avícolas com maiores atributos de qualidade. Essa preocupação influenciou o sistema de
produção na avicultura, sendo que, a criação de frangos de corte de crescimento lento no
sistema semi-intensivo ou caipira tem sido uma alternativa apropriada para satisfazer o
mercado.
O frango tipo caipira permite algumas adaptações no sistema de criação, tendo em vista
a grande rusticidade e resistência das aves em relação ao frango de granja de escala industrial.
O aspecto mais marcante associado a esse sistema é o fato das aves terem acesso a piquetes
com área verde para o exercício diário, o que não prejudica o desempenho dos frangos
(Takahashi et al. 2006).
No entanto, mesmo no sistema de produção tipo caipira, a alimentação representa cerca
de 70% do custo da atividade (UBA, 2007) e ingredientes alternativos, como a mandioca,
podem ser utilizados para tornar as rações menos onerosas. Vários estudos foram feitos para
avaliar a substituição de cereais por farelo de mandioca em dietas de aves e os resultados
variaram em relação aos valores alimentares, problemas nutricionais, e desempenho produtivo
(Enriquez & Ross, 1967; Garcia & Dale, 1999; Carrijo et al. 2002). A inclusão do farelo de
mandioca, em rações para frangos de corte, pode ser de até 55% sem prejudicar o desempenho
das aves, desde que a dieta contenha níveis adequados de metionina para o correto
balanceamento da ração (Carrijo et al., 2002).
Além disso, a indústria vem mostrando maiores preocupações com o rendimento das
carcaças e dos cortes, devido às exigências dos consumidores por peças que apresentem boa
conformação, menor peso e quantidade de gordura na carcaça (Hellmeister Filho, 2002).
Entretanto, existe a busca não somente pela satisfação do valor nutricional, mas também pelo
prazer com o ato de comer.
Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar níveis de inclusão de farelo da raiz
integral de mandioca, em dietas de frangos de corte tipo caipira, sobre o desempenho,
rendimentos de carcaça, de cortes e as propriedades funcionais da carne.
29
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Laboratório Experimental em Ciência Aviária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, no período de 14 de agosto a 06 de novembro de 2007.
Foram distribuídos 400 pintainhos machos da linhagem ISA S757-N (pescoço pelado)
em um delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições de
24 aves cada. Os tratamentos foram níveis de 0, 20, 40 e 60% de FRIM (farelo da raiz integral
de mandioca) na ração total, ocorrendo respectivamente a 0; 28,48, 56,96 e 85,44% de
substituição da quantidade milho em relação à ração do tratamento controle que foi composta
basicamente de milho e farelo de soja.
O período experimental foi dividido em três fases de criação: inicial (1 a 28 dias de
idade), crescimento (29 a 56 dias de idade) e engorda (57 a 84 dias de idade). As dietas
apresentaram a mesma composição nutricional nos períodos experimentais. As rações foram
fareladas, isoenergéticas, isoprotéicas e balanceadas a fim de atender as exigências nutricionais
conforme recomendações de Rostagno et al. (2005) para aves de reposição semipesadas, exceto
para o nível de proteína bruta (PB), sendo utilizado o valor de 15,3%, no entanto as exigências
sugeridas para os aminoácidos limitantes foram supridas (Tabela 6).
Cada box foi equipado com uma campânula que continha duas lâmpadas incandescentes
de 100 W para o aquecimento, um comedouro tubular e um bebedouro pendular. A cama
utilizada foi de casca de estilosantes com oito centímetros de espessura. As aves permaneceram
confinadas até os 28 dias de idade e a partir do 29º dia tiveram livre acesso ao piquete de
gramíneas. O programa de luz adotado foi o de iluminação artificial de 24 horas nos primeiros
14 dias e de luz natural até o final do período experimental. Diariamente foram verificadas e
anotadas as temperaturas (máxima e mínima) e a ocorrência de mortalidade.
As aves e as rações foram pesadas no dia do alojamento, aos 28, 56 e 84 dias de idade. As
variáveis analisadas foram: peso corporal final (PF), ganho de peso (GP), consumo de ração
(CR), conversão alimentar (CA) e viabilidade (VB). GP e a CA foram corrigidos pela
mortalidade segundo Sakomura & Rostagno (2007).
O PF foi o peso absoluto médio das aves no final de cada fase. O GP foi obtido pela
diferença entre o PF e o peso inicial. A partir da subtração da quantidade de ração fornecida e
das sobras, sendo o resultado dividido pelo número de aves e posteriormente pelo número de
dias de cada período (28 dias), foi determinado o CR.
30
Tabela 6 - Composição percentual e calculada das dietas experimentais
Níveis de inclusão de FRIM Ingredientes (%) 0% 20% 40% 60%
Os resultados de CA foram encontrados pela relação entre o CR e o GP. A VB foi obtida
pela fórmula:
1001 xAA
MORTVB
−= ,
onde:
VB: viabilidade;
MORT: mortalidade ocorrida no período;
AA: número de aves no alojamento
31
Aos 84 dias de idade foram retiradas duas aves por repetição com peso corporal
correspondente ao peso corporal médio da unidade experimental ± 5% que foram identificadas
por anilhas numeradas em uma das patas. As aves foram submetidas a jejum alimentar por 8
horas e pesadas antes do abate, que foi realizado por sangria, após dessensibilização por
deslocamento cervical.
No momento da evisceração foram retiradas a gordura presente na região próxima a
cloaca e aquela aderida à moela (gordura abdominal). As carcaças sem pés, cabeça e pescoço
foram pesadas. Posteriormente foram feitos os cortes de peito, coxa+sobrecoxa, asa e dorso. O
rendimento de carcaça (RCAR) foi encontrado a partir da relação entre o peso absoluto da
carcaça e o peso corporal antes do abate. Os rendimentos de peito (RPTO), coxa+sobrecoxa
(RCSX), asa (RASA), dorso (RDOR), cabeça+pescoço (RCPC) e de gordura abdominal
(RGAB) foram determinados em relação ao peso da carcaça eviscerada sem pés, cabeça e
pescoço.
As análises de capacidade de retenção de água (CRA) e perda de peso por cozimento
(PPC) foram determinadas 24 horas post mortem utilizando-se a carne de peito de uma das
aves. A CRA foi efetuada em duplicata e para cada réplica foram utilizados dois gramas de
amostra de carne de peito que foram colocados entre duas folhas de papel filtro circulares e
esse conjunto entre duas placas de vidro que receberam um peso de 10 kg durante cinco
minutos. As amostras foram pesadas após a pressão e por diferença calculou-se a quantidade de
água perdida. O resultado foi expresso em percentual de água exsudada em relação ao peso
inicial da amostra.
Para a PPC, amostras de filés íntegros foram pesadas em duplicata, embaladas em papel
laminado e cozidas em chapa metálica pré-aquecida e regulada para 180ºC, permanecendo por
quatro minutos de cada lado. Após o cozimento, os filés foram retirados do papel laminado e
resfriados até ± 40ºC sobre papel absorvente em temperatura ambiente. Os filés cozidos foram
pesados para que a PPC fosse determinada através da subtração do peso inicial (carne in
natura) e final (carne cozida) e o resultado obtido dividido pelo peso inicial.
A carne de peito da segunda ave foi utilizada para a determinação do pH que foi realizada
aos 45 minutos post mortem que é o tempo mínimo de estabelecimento do rigor mortis para
músculo de ave. Os peitos foram dessecados e as carnes foram moídas em processador tipo
"mix". A análise foi feita em duplicata e para cada réplica foram utilizados dois gramas de
carne. Cada amostra foi colocada em béquer onde foi adicionado 20 mL de água destilada. A
solução foi agitada por dois minutos e posteriormente realizou-se a leitura do pH pela inserção
do eletrodo no béquer que continha a solução.
32
As cores da pele de canela (CPCN) e a da pele de peito (CPPT) foram obtidas por
comparação visual com o auxílio do leque DSM para cor de pele de frango o qual contém
atribuição de cores que variam de 101 a 108, equivalendo respectivamente a cor mais branca e
a cor mais amarelada. Foi atribuído o valor 100 quando se observou uma cor mais branca que a
do leque de comparação.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, posteriormente à análise de
regressão com o auxílio do programa ESTAT e quando ocorreram diferenças significativas, as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
As temperaturas máxima e mínima medidas durante o período de criação de 1 a 84 dias
foram 30,32±3,88 e 22,50±3,47ºC, respectivamente.
Os resultados obtidos para as variáveis de desempenho estão apresentados na Tabela 7.
O PF e o GP foram influenciados (P<0,05) pela inclusão de FRIM nas dietas somente na fase
inicial de criação (1 a 28 dias de idade). Verificou-se que os valores aumentaram linearmente
(P<0,05) à medida que se aumentou o nível de inclusão de FRIM na ração dos frangos de corte
tipo caipira (Figura 3).
Os valores para PF e GP na primeira fase de criação foram obtidos provavelmente
devido às dietas com os maiores níveis de FRIM conterem óleo vegetal em elevada proporção,
principalmente naquela com 60% de inclusão de FRIM. O óleo de soja foi acrescentado para
suprir a deficiência energética ocasionada pela retirada de grande quantidade de milho nas
rações com níveis superiores de FRIM.
A presença de fontes lipídicas nas rações proporciona um menor incremento calórico
(IC) o qual representa toda perda de energia durante os processos de digestão, absorção e
metabolismo dos nutrientes (Sakomura & Rostagno, 2007). Conseqüentemente, por essa razão,
aumentam-se os níveis de energia líquida (EL) metabolizados, uma vez que essa é a energia
metabolizável menos a energia perdida como IC, podendo promover melhores resultados de
desempenho das aves, visto que influencia diretamente na energia retida como produção animal
(Penz Júnior et al., 1999).
33
Tabela 7 - Desempenho de frangos de corte tipo caipira, em três fases de criação, submetidos a dietas contendo farelo de raiz integral de mandioca (FRIM)
¹PI: peso corporal inicial; PF: peso corporal final; GP: ganho de peso; CR: consumo de ração; CA: conversão alimentar; VB: viabilidade; ²CV: coeficiente de variação; ³Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05).
Em contrapartida, Nascimento et al. (2005) verificaram um efeito quadrático para o GP
e relataram que o melhor nível de raspa de mandioca na ração, que é um alimento de
composição semelhante ao FRIM, na ração foi de 8,4 %. Os autores verificaram que o aumento
da participação desse ingrediente na dieta de frangos de corte promoveu um decréscimo para o
GP no período de 22 a 35 dias de idade. Os mesmos autores observaram ainda redução no GP
das aves durante o período de 36 a 42 dias de idade com o aumento da quantidade de raspa de
mandioca na ração.
Rostagno et al. (2005) recomendam utilizar níveis entre 5 e 20% de inclusão de raspa
integral de mandioca nas rações de frangos de corte para a fase inicial e entre 10 e 20% para as
fases de crescimento com o intuito de não prejudicar o desempenho das aves. No entanto, no
presente estudo foi observado que com a inclusão de 40 ou 60% de FRIM nas dietas, o
desempenho foi superior (1 a 28 dias de idade) ou semelhante (29 a 56 e 57 a 84 dias de idade)
aos níveis de inclusão recomendados por Rostagno et al (2005) ou à ração que não continha
FRIM.
Níveis de FRIM 0% 20% 40% 60% CV² (%) Variáveis¹
1 a 28 dias PI (g) 38 38 38 38 1,70 PF³ (g) 495 b 520 ab 528 a 541 a 2,98 GP³ (g) 458 b 483 ab 491 a 505 a 3,08 CR (g/ave/dia) 26 27 28 27 6,04 CA 1,59 1,57 1,57 1,48 4,86 VB (%) 100,00 99,99 99,98 99,97 0,03
29 a 56 dias PI (g) 512 511 513 513 1,34 PF (g) 1573 1517 1534 1517 2,57 GP (g) 1108 1052 1067 1066 3,35 CR (g/ave/dia) 94 95 88 84 8,01 CA 2,37 2,52 2,32 2,21 6,92 VB (%) 99,92 99,92 99,90 99,92 0,06
57 a 84 dias PI (g) 1485 1490 1475 1478 0,51 PF (g) 2796 2755 2728 2708 2,27 GP (g) 1309 1294 1271 1230 5,55 CR (g/ave/dia) 151 143 140 136 4,85 CA 3,46 3,28 3,22 3,12 4,86 VB (%) 100,00 99,98 99,99 100,00 0,02
34
PF = 499,17 + 0,732x; r2 = 0,95
- - - GP = 46,57 + 0,748x; r2 = 0,95
480
490
500
510
520
530
540
550
450
460
470
480
490
500
510
520
530
540
550P
eso
corp
oral
(g)
Ganho de peso (g)
Níveis de FRIM (%)
0 604020
Figura 3 - Peso corporal final (PF) e ganho de peso (GP) de frangos de corte tipo caipira submetidos à dietas com diferentes níveis de farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) no período de 1 a 28 dias de idade
Embora com valores inferiores, os resultados corroboram com os encontrados por
Gadelha et al. (2006) que verificaram que a farinha integral de mandioca pode ser incluída nas
dietas de frangos caipiras na fase de 35 a 84 dias em até 53% sem prejudicar o desempenho,
desde que ocorra um equilíbrio do teor aminoacídico da ração. Da mesma forma, Bezerra et al.
(2007) relataram que a substituição do milho pela mandioca não afetou o GP até a idade de 60
dias, porém após esse período observaram uma redução linear nos valores para essa variável.
O CR não foi afetado (P>0,05) pelos diferentes níveis de FRIM nas rações nas três fases
de criação. Apesar da ausência de diferenças significativas entre os tratamentos, foi observada
redução na quantidade diária de ração consumida por ave à medida que houve o aumento do
nível de FRIM na ração. A diminuição no CR ocorreu, possivelmente, devido as rações com
maior nível de FRIM apresentarem uma menor densidade, fazendo com que o papo da ave
fosse preenchido por um peso absoluto de ração menor do que a ração que continha
basicamente milho e farelo de soja (limitação física). Aves de linhagens geneticamente
melhoradas parecem limitar o consumo de ração mais por uma ação física de enchimento do
trato gastrintestinal e da palatabilidade do alimento do que pela manutenção de peso e
composição corporal (Gonzáles, 2002).
Gadelha at al. (2006) não encontraram diferenças significativas para o CR quando
incluíram 0, 18, 36 e 53% de farinha de mandioca nas dietas de frangos de crescimento lento
35
embora também observaram uma menor densidade específica das rações quando as mesmas
continham farinha integral de mandioca.
A análise de variância não detectou diferenças (P>0,05) para CA e VB nas diferentes
fases de criação estudadas.
Da mesma forma, Bezerra et al. (2007) verificaram que a CA não foi influenciada pela
utilização da raspa de mandioca nos níveis de 0, 15, 30 e 45% em substituição ao milho das
rações de frangos caipiras Label Rouge criados até os 90 dias, sendo obtidos os valores de 3,6;
3,6; 3,7 e 3,9 respectivamente. Também Gadelha et al. (2006) não observaram efeito da
inclusão de 0, 18, 36 e 53 % de farinha integral de mandioca em dietas de frangos de
crescimento lento de 35 a 84 dias de idade, sobre a CA, sendo observados os respectivos
valores de 2,80; 2,81; 2,92 e 2,88. Ao contrário, Nascimento et al. (2005), relataram resultados
indesejáveis para CA, que variaram de 2 a 2,5, à medida que os percentuais de inclusão de
raspa de mandioca na ração foram maiores que 10,29%.
Não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos para as variáveis de rendimento de
carcaça e de cortes dos frangos de corte tipo caipira aos 84 dias de idade, exceto para o
rendimento de cabeça+pescoço (Tabela 8). Os resultados estão de acordo com Santos et al.
(2005) que não encontraram diferenças para os rendimentos de carcaça e de parte de frangos
Pescoço Pelado quando comparados à linhagem Paraíso Pedrês, no entanto, verificaram que os
frangos Pescoço Pelado obtiveram menor rendimento de cabeça+pescoço em relação ao
Paraíso Pedrês.
Ribeiro et al. (2006) não verificaram diferenças para RCAR e para a maioria dos
rendimentos de cortes de frangos de corte tipo caipira aos 84 dias submetidos a dietas contendo
0, 15, 30 e 45% de FRIM. Embora esses autores tenham encontrado valores superiores de
RCAR (78,58; 78,38; 78,73 e 78,38%) para os respectivos tratamentos, apresentaram RPTO
inferiores (26,22; 25,05; 25,70 e 26,18 %). Em contrapartida, Costa et al. (2004) observaram
efeito linear para os rendimentos de carcaça e de peito mostrando que à medida que se
aumentou o nível de inclusão de raspa de mandioca (0, 5, 10, 15, 20 e 25% de adição deste
ingrediente) foram encontrados os menores valores para os parâmetros avaliados.
Os valores de RGAB dos frangos de corte tipo caipira não foram diferentes (P>0,05)
quando as aves foram submetidas a dietas com diferentes níveis de inclusão de FRIM. Os
resultados contrastam aos obtidos por Ribeiro et al. (2006) e Costa et al. (2004) que verificaram
uma redução no percentual de gordura abdominal com o aumento de FRIM na dieta. Embora
não tenham ocorrido diferenças significativas em relação ao RGAB no presente estudo, nota-se
que a adição de FRIM às rações foi favorável à redução da gordura.
36
Tabela 8. Rendimentos de carcaça, de partes e propriedades funcionais da carne de frango de corte tipo caipira submetidos a dietas contendo farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) de 56 a 84 dias de idade
¹RCAR: rendimento de carcaça; RPTO: rendimento de peito; RCSX: rendimento de coxa+sobrecoxa; RASA: rendimento de asa; RDOR: rendimento de dorso; RCPC: rendimento de cabeça+pescoço; RPES: rendimento de pés; RGAB: rendimento de gordura abdominal; pH: potencial hidrogeniônico; CRA: capacidade de retenção de água; PPC: perda de peso por cozimento; CPCN: cor de pele de canela; CPPT: cor de pele de peito; ²CV: coeficiente de variação; ³Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05).
Tendo em vista que, um dos agravantes da criação das linhagens tipo caipira é o maior
acúmulo de gordura na carcaça devido a uma maior idade de abate (Kessler et al., 2000), o
FRIM, como constituinte das rações, pode ser uma alternativa para solucionar tal problema.
Os valores para pH, CRA e PPC não foram influenciados (P>0,05) pelos níveis de
inclusão de FRIM nas dietas de frangos de corte tipo caipira (Tabela 8). A taxa e o grau de
redução do pH durante a instalação do rigor mortis e conseqüentemente o teor de proteína
desnaturada influenciam na CRA e PPC. Se as proteínas não estão desnaturadas, elas
continuam a ligar água na conversão do músculo em carne e essa umidade é importante para o
rendimento e a qualidade final do produto, contribuindo para a textura, suculência, sabor e
palatabilidade da carne como alimento (Olivo & Shimokomaki, 2006).
Os resultados para pH apresentados na Tabela 8 foram muito próximos aos observados
por Santos et al. (2005) para frangos de corte machos da linhagem ISA Label (pH = 5,69) e do
valor considerado normal (pH = 5,68) para carne de ave 24 horas post mortem (Schneider et al.,
2006).
Níveis de FRIM Variáveis¹ 0% 20% 40% 60% CV² (%)
RCAR (%) 67,60 66,93 66,09 66,61 1,58 RPTO (%) 27,45 26,74 27,25 27,67 4,16 RCSX (%) 32,37 32,67 32,98 33,11 2,94 RASA (%) 12,72 12,90 13,13 12,78 3,97 RDOR (%) 26,14 26,94 26,28 25,97 4,36 RCPC³ (%) 8,78 b 9,26 ab 9,54 a 9,38 a 2,47 RPES (%) 6,21 6,14 6,12 6,45 5,76 RGAB (%) 4,11 4,20 3,86 3,54 31,91 pH 5,78 5,82 5,73 5,77 2,07 CRA (%) 28,97 28,02 32,39 24,68 12,39 PPC (%) 18,62 17,20 17,14 17,98 28,47 CPCN³ 104,84 a 104,08 ab 103,17 bc 102,25 c 0,49 CPPT³ 103,25 a 102,67 a 101,92 b 101,17 c 0,33
37
CPCN = 104, 885 - 0,434x; r2 = 0,99
- - - - CPPT = 103,298 - 0,349x; r2 = 0,99
100
101
102
103
104
105
106E
scor
es
Níveis de FRIM (%)
0 604020
Figura 4 – Cor de pele de peito (CPPT) e cor de pele de canela (CPCN) de frangos de corte tipo
caipira submetidos a dietas contendo farelo da raiz integral de mandioca (FRIM) de 56 a 84 dias
Fanatico et al. (2005) verificaram que carne de aves de crescimento lento criadas em
sistema semi-intensivo apresentaram maior perda de exsudato e perda no cozimento (P<0,05)
do que carne de aves de crescimento rápido semi-confinadas, possivelmente pelo fato de que
aves de crescimento lento possuem, à mesma idade, menor espessura de carne de peito e
também apresentam maior umidade de carne.
Aves mantidas em piquetes de gramíneas consomem grande quantidade de xantofilas
(derivado de β-caroteno) presentes nas plantas verdes e também no milho, esses pigmentos são
transferidos para a pele, pernas e bico dos frangos de corte (Leeson & Summers, 2001). No
entanto no presente estudo, os níveis de FRIM proporcionaram diferença significativa (P<0,05)
sobre a CPPT e a CPCN (Tabela 8), demonstrando que a utilização do FRIM nas dietas de
frangos de corte tipo caipira promoveu uma redução linear (P<0,05) na coloração das peles da
perna e do peito das aves com o aumento do nível de inclusão desse ingrediente nas rações
(Figura 4).
Freitas et al. (2007), avaliando a pigmentação das canelas de frangos de corte,
mostraram uma diminuição linear com o acréscimo de 30% de farinha de varredura de
mandioca nas dietas e alegaram que a utilização de determinados alimentos alternativos
substituindo o milho nas rações de frangos de corte pode prejudicar a coloração da carcaça e
canelas das aves.
38
Os resultados observados devem ter ocorrido provavelmente devido à quantidade de
caroteno da mandioca (0,01 mg/kg) (Cereda, 2001) ter sido insuficiente para promover a
coloração mais intensa nas peles de peito e perna dos frangos caipira, visto que segundo FAO
(2007), o milho possui 125 mg/kg de β-caroteno. Os consumidores associam, normalmente as
colorações amareladas de pele e canela a produtos originados de criações caracterizadas como
mais próximas do natural (Leeson & Summers, 2001) e a coloração mais clara da pele dos
frangos de corte tipo caipira submetidos a dietas contendo elevados níveis de FRIM poderia
dificultar a aceitação das carcaças pelo mercado.
Conclusões
O farelo da raiz integral de mandioca pode ser utilizado nas dietas de frangos de corte
tipo caipira na proporção de 60% da ração total sem prejudicar o desempenho e os rendimentos
de carcaça e de cortes das aves.
As propriedades funcionais da carne de frangos de corte tipo caipira não são alteradas
pela inclusão do farelo da raiz integral de mandioca às dietas.
O farelo da raiz integral de mandioca promove descoloração das peles das canelas e do
peito de frangos de corte tipo caipira.
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