20 l O País l Sexta - feira, 27 de Junho de 2014 O primeiro-ministro, Alber- to Vaquina, diz que Áfri- ca precisa de um Con- selho de Paz e Segurança (CPS) robusto, imparcial e com recursos para conseguir assegurar a pros- peridade dos seus países e povos. Para que isso aconteça, segun- do Vaquina, os países africanos devem concretizar este nobre pro- pósito liderando os esforços ten- dentes à eliminação do paradigma de dependência externa que ainda enferma as intervenções e institui- ções africanas. “Uma África próspera, digna, internacionalmente activa e res- peitada precisa de um Conselho de Paz e Segurança robusto, im- parcial e com recursos. Como membros do Conselho de Paz e Segurança, teremos de contribuir para a realização deste nobre pro- pósito”, afirmou Alberto Vaquina, intervindo na reunião do Conse- lho de Paz e Segurança (CPS) que antecedeu a abertura, ontem, em Malabo, Guine Equatorial, da 23. a Conferencia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA). Vaquina frisou que, para que isso seja realidade, é imprescin- dível que cada país membro seja exemplar no respeito do protocolo sobre esta matéria e na busca de esforços para “a eliminação do pa- radigma da dependência externa que, infelizmente, enferma as nos- sas acções”. O primeiro-ministro, que par- ticipou neste fórum em represen- tação do Presidente Armando Guebuza, indicou que, quando Moçambique contribuiu, em 2013, com forças para aquela que seria a primeira operação africana de apoio à paz no Burundi, e quando, em 2004, assumiu a presidência inaugural deste órgão, “fizemo-lo na firme convicção da necessida- de de procurar soluções africanas para os problemas africanos, par- ticularmente no domínio da paz e segurança, como um vector prin- cipal para afirmação da efectiva emancipação da África. n Vaquina defende Conselho de Paz estável em África O ensejo da geometriza- ção da Natureza persegue os Homens desde os tempo em que começaram a interrogar, de forma metódica e sistemá- tica, a sua origem e destino. No berço da civilização que o Mediterrâneo embalou, os primeiros filósofos pretende- ram até encontrar a tradução matemática do Universo, e reduzi-lo a fórmulas geomé- tricas capazes de converter o caos aparente em formas perfeitas. Também os artis- tas buscaram as proporções matemáticas do corpo huma- no ideal, o que Leonardo da Vinci logrou no célebre “Ho- mem Vitruviano”. Uns e outro constam dos livros; mas não o autor da teoria que geometri- za o matrimónio – esse é mo- çambicano. Esse teórico acidental, cre- dor da minha amizade, tende a ler o mundo sob uma pers- pectiva freudiana, reduzin- do as motivações ao impulso libidinal. Face à recusa reite- rada do escriba mulungo em acompanhá-lo nas incursões ao belo feminino que abunda em Maputo, o jovem moçam- bicano, deixando implícita a superioridade viril do macho tropical, argumentou a favor da rambóia recorrendo a um quadro categorial curioso. E geométrico. Para ele, o escriba mulun- go é um sujeito rectilíneo em função do seu percurso quo- tidiano linear – tipicamente, de casa para o trabalho, do trabalho para casa, sem des- vios de monta (excepto, tal- vez, para uma fatia de bolo de coco no Jardim Nangade. Partilhada com a família). Ora, o moçambicano que se preze, na óptica filosofal do jovem amigo, que defende o seu argumentário alegando “especificidades culturais” de Moçambique, é cumpridor dos deveres conjugais, pro- vendo as necessidades mate- riais e afectivas da família, mas sem exclusividade. O que implica uma triangulação di- gressiva – casa, trabalho, ram- bóia e vice-versa. O moçam- bicano triangular obedece, assim, a uma moral superior à da fidelidade matrimonial por ser animado de um im- perativo ético – a razão distri- butiva (é preciso espalhar o amor...). O jovem moçambicano re- serva, porém, a putativa no- breza do sujeito triangular ao género masculino – uma mulher triangular não é acei- tável. Desde logo, porque se- ria angulosa, cheia de hipo- tenusas e catetos, e a mulher quere-se, é sabido, o mais cur- vilínea possível... No imaginário do jovem moçambicano, o Paraíso é um triângulo de governo falocrata, que deixa à porta uma Eva lúbrica a tratar das maçãs... E ocorre ao escriba mu- lungo, entre duas garfadas num bolo de coco, que seria interessante saber se a mãe e a esposa do jovem teórico da geometria matrimonial mo- çambicana partilham da tese de que as suas triangulações respondem ao apelo “cultu- ral”. A geometria do matrimónio Elmano Madail Consultor em comunicação A FECHAR FADO MULUNGO A activista norte-americana e Prémio Nobel da Paz, Jody Williams, considerou “uma ver- gonha” a ausência dos Estados Unidos do tratado internacio- nal sobre desminagem e, após progressos de Washington nos últimos 20 anos, não entende por que não assinam o acordo. “Ainda são 36 países, incluin- do o meu, Estados Unidos, Chi- na, Rússia, Índia, Paquistão, Cuba”, afirmou, em entrevista à Lusa, Jody Williams, referindo- -se às ausências do tratado so- bre desminagem, que ao longo de cinco dias e até sexta-feira é objecto de revisão em Maputo por 800 delegados de 161 Esta- dos-membros. “Claro que os Estados Unidos irritam-me”, admitiu a funda- dora da Campanha Internacio- nal para a Erradicação de Mi- nas (ICBL, na sigla em inglês), com a qual partilhou o Prémio Nobel da Paz em 1997. “Dizer que isto é embaraçoso já é im- próprio, acho que é uma vergo- nha”, lamentou. Recentemente, a activista referiu-se à tentação de os Es- tados em guerra recorrerem às minas anti-pessoais como um obstáculo ao objectivo de tor- nar o mundo livre deste tipo de engenhos.n Jody Williams condena ausência dos EUA no tratado de desminagem