1 JOÃO MANUEL DA SILVA Proposta de Novo Modelo para Avaliação das Condições Financeiras das Empre- sas do SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFESSOR ORIENTADOR: PROFESSOR DOUTOR RAIMUNDO NONATO SOUZA DA SILVA Rio de Janeiro, julho de 2005. FACULDADES IBMEC P P R R O O G G R R A A M M A A D D E E P P Ó Ó S S - - G G R R A A D D U U A A Ç Ç Ã Ã O O E E P P E E S S Q Q U U I I S S A A E E M M ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
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JOÃO MANUEL DA SILVA
Proposta de Novo Modelo para Avaliação das Condições Financeiras das Empre-
sas do
SETOR DE CONSTRUÇÃO CIVIL
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
PROFESSOR ORIENTADOR : PROFESSOR DOUTOR RAIMUNDO NONATO
SOUZA DA SILVA
Rio de Janeiro, julho de 2005.
FACULDADES IBMEC
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1 – INTRODUÇÃO 1. 1 – ASPECTOS GERAIS
As mudanças implementadas no cenário econômico nacional contribuí-
ram para o desenvolvimento de novos padrões de comportamento e gestão para admi-
nistradores das organizações, tais como: a relação entre as estratégias de crescimento
das organizações e a gestão do capital de giro. Tratar da estratégia de crescimento de
uma empresa requer atenção à conjugação dos riscos e aos retornos esperados. Durante
o processo de planejamento financeiro de uma empresa, devem ser considerados o grau
de crescimento que se pretende chegar e o impacto sobre a estrutura financeira da em-
presa, principalmente no que se refere a necessidades de capital de giro.
Assim sendo, como os estudos atuais sobre a realidade empresarial do se-
tor não são satisfatórios, procuramos quantificar os dados das empresas do ramo de
construção civil, com o propósito de identificar quais as causas que as levam a necessi-
tar de mais ou de menos capital de giro. Esse trabalho será demonstrado por meio da
análise financeira tradicional versus o Modelo Fleuriet, empregado em dez empresas. É
certo que, por questões de ética profissional, manteremos o sigilo sobre os nomes das
empresas aqui examinadas.
É possível constatar um crescente endividamento das empresas do setor
estudado. Endividamento este que nas últimas três décadas, muitas vezes, as têm levado
à falência.
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Conforme o Sinduscon:
O setor de incorporação e construção civil foi marcado por uma série de dificulda-
des, tendo em vista que enquanto o PIB industrial do país cresceu 7% de 2000 a
2003, o PIB da construção civil caiu 7,1% no mesmo período. Fatores como o baixo
poder de compra do trabalhador brasileiro, a pouca oferta de financiamento e o e-
quivocado direcionamento das linhas de crédito disponíveis, privilegiando a aquisi-
ção de imóveis usados, por exemplo, explicam estes resultados. (SINDUSCON-
RIO, ano 2 n. 17, abr. 2005, 1)
Neste contexto não houve distinções, sendo prejudicadas tanto as micro,
pequenas, médias e grandes empresas assim como também as grandes empresas, que no
decurso do período relatado diversas empresas do setor faliram, conforme foi divulgado
nos jornais como Monitor Mercantil, O Globo, etc.
Como nossa atividade está diretamente ligada à conservação da riqueza
patrimonial das empresas, independente da quantidade dos recursos disponibilizados
para a geração de riqueza, resolvemos estudar melhor o problema do capital de giro que
tanto aflige às gerências financeiras das micro, pequenas e médias empresas do setor de
incorporação imobiliária e construção civil.
Para buscar um esclarecimento melhor sobre o assunto estudado, opta-
mos pela análise acerca da gestão das empresas, em cuja essência priorizamos o desem-
penho financeiro. Definidas as balizas que justificam o estudo, procura-se, agora, iden-
tificar as causas que fazem as empresas buscar o capital de giro de terceiros. Num se-
gundo momento, iremos apontar sugestões para reverter o problema detectado. Certa-
mente, o desenrolar dessas duas etapas vai de encontro às necessidades tanto dos empre-
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sários que já estão em plena atividade, como também dos futuros empresários, ou seja,
daqueles que desejam aplicar seus investimentos.
Segundo Sousa e Menezes (1997, p.27), administração do capital de giro
reúne vários meios que permitem efetuar diversos procedimentos gerenciais com eleva-
do grau de eficiência. O planejamento do capital de giro é uma grande fonte de contri-
buição para o sucesso de qualquer empresa.
No Brasil, esse tema tem especial relevância em função das elevadas ta-
xas de juros e da escassa oferta de crédito para o setor em questão.
Segundo Sousa e Menezes (1997, p.27) o planejamento do capital de giro
de curto prazo produz resultados que refletem a saúde financeira das empresas e a sua
imagem diante do mercado, focando-se nos ativos e passivos circulantes. Os maiores
referenciais a serem considerados são: o nível de capital de giro líquido e o orçamento
de caixa.
Com a globalização da economia, uma realidade é indiscutível em nossos
dias: as micro, pequenas e médias empresas têm que buscar, constantemente, melhores
indicadores de eficiência e competitividade para que possam sobreviver no acirrado
mundo dos negócios.
De acordo com este ponto de vista lógico, se a carência de alguns conhe-
cimentos é o principal motivo para que muitas empresas não tenham capital de giro, e,
por outro lado, se a aquisição de conhecimentos é a solução para a reversão desse qua-
dro de endividamento, devemos admitir que o conhecimento é peça chave para os em-
presários de qualquer setor. Daí, neste estudo, buscarmos dotar o gestor de conheci-
mentos elementares necessários, como por exemplo: a necessidade de capital de giro, a
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tesouraria, o capital de giro e o endividamento, capazes de aumentar a capacidade para
gerir o capital de giro em uma empresa.
Se este conhecimento é fundamental para a mudança de práticas tão re-
sistentes pela cultura, acreditamos, por hipótese, que os pequenos e médios empresários,
a partir do momento em que se tornarem cada vez mais capacitados para o exercício de
suas atividades empresariais e incorporarem os princípios básicos da administração fi-
nanceira, aumentarão, por conseguinte, sua renda sobre o investimento. O que significa
dizer que eles terão mais capital de giro próprio e, desta forma, não mais necessitarão de
capital de terceiros para incrementar suas atividades.
Já do ponto de vista acadêmico, não temos a intenção de esgotar um tema
tão complexo como este. No entanto, buscamos dar algum tipo de contribuição, com
nossos estudos, aos pequenos e médios empresários que visam desenvolver suas ativi-
dades empresarias no setor estudado.
Com convicção, o maior êxito de Fleuriet (1980) foi o de aplicar, de mo-
do eficaz e eficiente, sua teoria da dinâmica financeira à prática administrativo-
financeira brasileira, inclusive nas empresas deste.
Todavia, devemos ressaltar que a teoria fleurietiana tem sido largamente
aplicada, com mais sistematização técnica, nas organizações de grande porte, princi-
palmente no que se refere ao planejamento de longo prazo. Já nas micro, pequenas e
médias empresas, esse modelo vem sendo menos empregado apesar de também traba-
lharem com o planejamento de longo prazo.
Certamente, como as organizações de grande porte executam o planeja-
mento financeiro de longo prazo, é necessário que, ao se investigar as microempresas,
as pequenas e as médias empresas, não se negligencie o fato de que essas empresas tra-
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balham com planejamento financeiro de curto prazo em função de seus recursos finan-
ceiros serem menores.
Diante dessas considerações, não nos falta a convicção tanto sobre a efi-
cácia e a eficiência da aplicação da teoria fleurietiana nas pequenas e médias empresas
quanto sobre a coerência e a coesão técnico-científicas que este modelo assegura ao
estudo a ser realizado.
Assim, quer do ponto de vista do senso comum como do ponto de vista
crítico, constata-se que os principais problemas que afetam o setor de construção civil
são:
1 – A falta de conhecimento da gestão administrativo-financeira, particular-
mente no que diz respeito a tomadas de decisões, a saber:
a) - Qual a modalidade de apoio financeiro que as empresas do setor estu-
dado buscam?
2 – As modalidades de financiamento, a saber:
a) Qual a melhor estratégia a ser adotada pelo empresário do setor es-
tudado no que se refere à liquidação de um financiamento?
b) Qual o período de carência mais adequado para um empréstimo feito
por uma empresa do setor estudado?
Por meio do exercício de busca das sugestões para as questões acima de-
lineadas, iremos construir alguns instrumentos necessários para estabelecer os meios
que viabilizem o desenvolvimento do setor empresarial estudado no município do Rio
de Janeiro.
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1. 2 – OBJETIVOS DO ESTUDO
O tema selecionado para o desenvolvimento deste estudo – Proposta de
Novo Modelo para Avaliação das Condições Financeiras das Empresas do Setor de
Construção Civil – uma abordagem com base no Método Fleuriet, tem por objetivo ge-
ral estudar o caso representativo de dez Micro, Pequenas e Médias Empresas do setor,
no âmbito da atividade produtiva.
Como objetivos específicos, devemos: identificar e analisar as estratégias
de gerenciamento do capital de giro de algumas empresas do setor.
1. 3 – RELEVÂNCIA
As Micro, Pequenas e Médias Empresas têm grande relevância para a
economia brasileira, tendo em vista que colaboram com 60% dos empregos disponíveis,
mas têm acesso a apenas 10% de todo crédito disponível, conforme está publicado na
revista Pequena Empresas Grandes Negócios (2004, n.º 185, 69), dentro deste contexto,
surge a necessidade de maiores recursos financeiros para fazer face ao nível de ativida-
des empreendida pelas empresas que compõem o setor, para financiar os investimentos
necessários tais como: investimento em ativos permanentes, investimentos em capital de
giro entre outros.
Por outro lado, dados do SEBRAE, informam que 84,79% das empresas
constituídas legalmente no Brasil são pequenas e média empresas. Das quais 64% das
mesmas são exportadoras na qualidade de negócios de pequenas e médias empresas, e
cujo resultado representa 7,6 bilhões de dólares em vendas para o mercado externo.
(SEBRAE, 2004).
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Segundo manchete publicada no jornal Monitor Mercantil de 14 de abril
de 2005, intitulada, “Sem emprego, brasileiros buscam o próprio negócio”, o Brasil é o
7º país mais empreendedor do mundo, segundo pesquisa da Global Entrepreneurship
Monitor (GEM), divulgada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro, Pequenas e Mé-
dias Empresas (SEBRAE). O nível de empreendedorismo é determinado pela percenta-
gem de pessoas entre 18 e 64 anos que abriram um negócio há, no máximo, 42 meses (3
anos e meio).
A taxa no Brasil é de 13,5%. Na frente, está o Peru, com 40,3% e, na úl-
tima colocação, o Japão (1,5). A pesquisa da GEM analisou o empreendedorismo em
34 países ano passado, o que significa 73 milhões de empreendedores.
Em número absoluto, o Brasil é o segundo país com mais gente que gere
seu próprio negócio: 15,37 milhões, dos quais apenas 14% têm formação superior
(completa ou incompleta). No Brasil, 52% dos empreendedores optaram pelo negócio
próprio devido ao desemprego no país. Sem mercado e orientação, porém, a grande
maioria fecha as portas ainda no primeiro ano.
De acordo com a pesquisa, há dois tipos de empreendedores. Os que se
tornam empreendedores por oportunidade – por vocação ou por encontrar algum nicho
de mercado pouco explorado – ou por necessidade – quem não encontrou outra forma
de gerar renda.
No Brasil, dos 15,37 milhões de empreendedores, 52% estão na categoria
necessidade e 46.% na categoria oportunidade e 2%, não estão em nenhuma das catego-
rias. A taxa de pessoas que abrem o próprio por necessidade é considerada alta.
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Segundo o diretor-geral do GEM Brasil, Marcos Muller Schlemm, em
entrevista concedida ao jornal Monitor Mercantil: “tal situação é comum nos países de
baixa renda, como os da América Latina”.
Para estudar, identificar e analisar as estratégias de gerenciamento do
capital de giro, de dez empresas do setor, será utilizado o modelo Fleuriet (modelo di-
nâmico de gestão financeira de empresas) tais como: Saldo de Tesouraria (T), necessi-
dade de capital de giro (NCG) ou investimento operacional em giro (IOG) e capital de
giro (CDG).
1. 4 – DELIMITAÇÃO
Em nossa amostra foram consideradas as micro, pequenas e médias em-
presas do setor de incorporação e construção civil na cidade do Rio de Janeiro, cuja re-
ceita fosse igual ou inferior a R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), as quais encon-
tram-se enquadradas no perfil das empresas que nos propomos estudar. Segundo SE-
BRAE Paraíba (crédito orientado de 15/06/2005), classifica-se de micro, pequena e mé-
dia empresa para efeito de financiamento em função do faturamento bruto anual:
� Microempresa - até R$ 433.755,14
� Pequena empresa - entre R$ 1.200.000,00 e R$ 2.133.222,00
� Média empresa - acima de R$ 2.133.222,00
No entanto, o site acima não classifica a faixa superior do faturamento
das médias empresas.
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Entendemos que esta classificação seja considerada pelo SEBRAE em
termos nacional, apesar de não termos o encontrado no site do SEBRAE (RJ). Mas, de
qualquer modo servirá para balizar o intervalo de faturamento nos definido.
Não vamos citar a razão social das empresas estudadas, tendo em vista
que não obtivemos autorização de seus proprietários pra tal. Desta forma, relacionamos
as empresas na seguinte seqüência: “A”, “B”, “C”, “D”, “E”, “F”, “G”, “H”, “I”, “J”.
1. 5 – METODOLOGIA
Sem dúvida, pela necessidade de fazer uma ilustração do conteúdo teóri-
co, adotamos o método do estudo de caso e o método comparativo. O método do estudo
de caso nos fornece meios para organizar os dados em um universo real – as microem-
presas, as pequenas e as médias empresas do setor estudado na cidade do Rio de Janei-
ro. Quanto ao método comparativo, sua conjugação com o de estudo de caso foi indis-
pensável, porque, a partir de seu uso, transparecem os fatos estudados segundo suas
diferenças e similitudes – em nosso estudo, seriam as diferenças e similitudes entre as
empresas que adotaram o método tradicional e as que aplicaram o método fleurietiano.
1. 6 – ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
A pesquisa aqui desenvolvida está organizada conforme os capítulos a-
baixo indicados:
1 – Introdução
Iremos procurar enfocar a relação entre as estratégias de crescimento das
organizações e a gestão do capital de giro.
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2 – Revisão de literatura
Já nesta fase de nosso trabalho, procuraremos estudar a literatura perti-
nente ao bom gerenciamento do capital de giro das empresas do setor.
3 – Análise dos casos
Neste capítulo, estaremos analisando o comportamento financeiro das
pequenas e médias empresas do setor estudado, por meio da comparação entre o modelo
tradicional e o modelo Fleuriet.
4 – Conclusão e recomendações
Aqui, trazemos à baila as conclusões de nosso estudo, apontando os pos-
síveis riscos verificados na má utilização do capital de giro nas microempresas, nas pe-
quenas e nas médias empresas do setor.
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2 – REVISÃO DA L ITERATURA
Visitando a literatura sobre a administração da necessidade de capital de
giro voltada para a realidade brasileira, verificamos que o ponto de partida está nos es-
tudos de Michel Fleuriet, a quem outros teóricos fazem referência, entre eles: B. Braga
(1991), Assaf Neto (2002), J. P. Silva (2001), Marques (2004), Brasil e Brasil (2003).
Por conseguinte, a história da dinâmica financeira – no que diz respeito à
administração da necessidade do capital de giro no Brasil – está dividida em pré-
fleurietiana e pós-fleurietiana. Na fase pré-fleurietiana, a análise das demonstrações
financeiras, no Brasil dos anos 80, era estática, pois, se caracterizava pela visão patri-
monial. Opondo-se a essa prática e observando a realidade brasileira, Fleuriet “descre-
veu um modelo de análise dinâmica da situação financeira das organizações” (BRAGA;
MARQUES, 1995, p. 50). Na construção desse modelo foi utilizada uma amostra em
seis empresas do ramo industrial de capital aberto. Visando uma melhor análise e com-
preensão do referido modelo, houve necessidade das contas do balanço patrimonial se-
rem reorganizadas, além de outros relatórios contábeis, passando-os para um formato
mais dinâmico que iria facilitar o processo de análise, levando em conta a reclassifica-
ção dos grupos que constituem o ativo e o passivo circulantes em financeiro e cíclico
(operacional).
De um modo geral, o pequeno e o médio empresário tende a ser aquelas
pessoas que resolvem abrir uma empresa após serem demitidas de um emprego estável,
onde já trabalhavam há alguns anos, utilizando para isso a verba indenizatória e o saldo
do FGTS. No entanto, na maioria das vezes estes empreendedores não têm o mínimo de
conhecimentos necessários sobre a gestão administrativo-financeira para conduzir com
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êxito o negócio. Tais conhecimentos são indispensáveis para que o novo empreendedor
obtenha sucesso. Entre os conhecimentos fundamentais que o empresário deve adquirir,
temos:
� Reestruturação do Balanço Patrimonial
� Análise do Capital de Giro
� Necessidade de Capital de Giro
� Margem de Contribuição (margem liquida)
� Endividamento
� Rentabilidade do PL
� Rentabilidade do Ativo
� Liquidez
� Saldo Tesouraria
2. 1 – REESTRUTURAÇÃO DO BALANÇO PATRIMONIAL
Balanço Patrimonial Convencional:
O balanço convencional está elaborado em conformidade com as normas
estabelecidas pela Lei n. º 6.404/76.
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Quadro I:
GRUPOS INTEGRANTES DO BALANÇO PATRIMONIAL
Aplicação de recursos Origem de recursos
Ativo circulante (AC) Passivo circulante (PC)
Realizável em longo prazo (ARLP) Exigível em longo prazo (PELP)
Ativo permanente (AP) Resultado de exercício futuro (REF)
Patrimônio líquido (PL)
Fonte: Adaptada do Artigo: Análise Dinâmica do Capital de Giro (O Modelo Fleuriet) de MARQUES E BRAGA in: Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, maio/jun. 1995, p. 49-63.
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Quadro II
BALANÇO - CONFORME MODELO TRADICIONAL
Em mil $
CONTAS EMPRESA -A EMPRESA -B EMPRESA -C EMPRESA -D EMPRESA -E EMPRESA -F EMPRESA -G EMPRESA -H EMPRESA -I EMPRESA -J
Ativo não circulante (ANC) Passivo não circulante (PNC)
Fonte: Adaptada do Artigo: Análise Dinâmica do Capital de Giro (O Modelo Fleuriet) de MARQUES E BRAGA in: Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 35, maio/jun. 1995, p.49-63.
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Quadro IV
BALANÇO - CONFORME MODELO FLEURIET
Em mil $
CONTAS EMPRESA -A EMPRESA -B EMPRESA -C EMPRESA -D EMPRESA -E EMPRESA -F EMPRESA -G EMPRESA -H EMPRESA -I EMPRESA -J
mento das contas a receber – prazo médio de pagamento das contas a pagar.
Ciclo financeiro = prazo médio de rotação de estoque (PME) + prazo médio de re-
cebimento das contas a receber (PMR) – prazo médio de pagamento das contas a
pagar (PMP). (Fleuriet 2003, 6).
2. 2. 4 – ESTRUTURA E ENDIVIDAMENTO
Ross, Westerfield e Jordan (2000, 340, 341) conceituam a alavancagem
financeira como a intensidade pela qual a empresa está endividada. Quanto mais finan-
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ciamento por meio de capital de terceiros a empresa utilizar, maior será o grau de ala-
vancagem financeira empregado.
A alavancagem financeira pode ter um efeito drástico nos resultados para
os acionistas de uma organização. Todavia, a alavancagem financeira pode não alterar
o custo geral do capital da empresa.
Assegura Santos (2000, 86) que a alavancagem financeira resulta da uti-
lização de recursos de terceiros sujeitos a juros, que aumentam, ou reduzem, os resulta-
dos disponíveis para investimentos.
Assim, a alavancagem financeira consiste na capacidade da empresa em
usar capital de terceiros para maximizar os efeitos de variação no lucro, antes dos des-
contos dos juros e do imposto de renda sobre o lucro.
O grau de alavancagem financeira é medido pelo quociente entre o lucro
operacional e o lucro tributável. Em consonância com a definição de grau de alavanca-
gem emitida por Santos (2000, 86, 87), temos que: “Define-se o grau de alavancagem
financeira como o quociente entre a variação percentual do lucro líquido disponível para
os investidores e a variação percentual do lucro operacional.”
Onde:
Lucro Operacional (antes da dedução das despesas financeira e IR) (LO)
Lucro líquido (depois de juros e IR) = LL
Vendas, admitida igual à produção = V
Despesas financeiras fixas = J
Custo fixo = CF
Custo variável = CV
Receita total = RT
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Patrimônio líquido = PL
Desta forma, pode-se calcular o grau de alavancagem financeira, por
meio da seguinte fórmula: GAF = LO / (LO-J)
2. 2. 4. 1 - Alavancagem financeira excessiva
Segundo Santos:
Caracteristicamente, no Brasil, recursos de longo prazo para investimentos são ex-
tremamente escassos; praticamente são provenientes de fundos e fontes oficiais e
inexiste um mercado de capitais expressivo que viabilize a utilização da poupança
privada, sob a forma de capital de risco, com retorno a longo prazo. Por serem co-
brados juros substancialmente inferiores nos financiamentos de longo prazo origi-
nados da poupança institucional, há forte incentivo à excessiva alavancagem finan-
ceira. Entretanto, à medida que aumenta a alavancagem, em contrapartida também
cresce o risco de insuficiente capacidade de pagamento futura da empresa.
Outra possível conseqüência do excesso de alavancagem situa-se na maior probabi-
lidade de ocorrer incapacidade financeira do empresário para complementar com
recursos próprios ou captar em mercado necessidades adicionais imprevistas na fase
de execução dos orçamentos. Nesses casos, a participação acentuada de recursos de
terceiros inibe a entrada de novos parceiros, originando situação em que a execução
de projetos é paralisada. Retomadas futuras criam custo adicionais que reduzem a
rentabilidade do investimento.
Há linhas de financiamentos de bancos de fomento que permitem expressiva parti-
cipação relativa no investimento total projetado, e a elevada alavancagem, associa-
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da a prazos e juros favoráveis, tem a exata função de propulsionar investimentos,
aumentando a atratividade para pequenos e médios empresários. Admita-se que um
projeto contemple uma participação de 70% de financiamento de longo prazo (30%
de capital próprio do empresário). Um aumento imprevisto de 10% no valor dos
investimentos, se tiver de ser complementado exclusivamente por capital de risco,
representará uma exigibilidade adicional de 33% sobre a participação original do
empresário. Como uma característica das atividades dos bancos de desenvolvimento
é assumir riscos da espécie, fomentando o surgimento ou o crescimento de empresá-
rios em regiões incentivadas, o apoio complementar do banco financiador torna-se
fundamental, sob a forma de orientação e acompanhamento nas fases de elaboração
e execução do projeto. (SANTOS, 2000, 137, 138).
2. 2. 4. 2 – RISCO FINANCEIRO E RENTABILIDADE DO CAPITAL PRÓPRIO Segundo Santos:
Há estreita relação entre retorno do capital próprio e estrutura de capital de uma em-
presa. Quando a taxa de rentabilidade do ativo é superior à taxa de juros média do en-
dividamento, à medida que é utilizada maior proporção de recursos de terceiros mes-
mo que haja diminuição do lucro liquido, em termos relativos, aumenta o lucro dispo-
nível para os acionistas, por unidade de capital investido. Daí resulta a denominação –
alavancagem financeira -, que consiste na capacidade de ser incrementada a rentabili-
dade do capital próprio mediante a utilização de capital de terceiro. (Santos, 2000, 93)
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2. 2. 4. 3 – ESTRUTURAS FINANCEIRA E O RISCO
A Dinâmica do Resultado Econômico
Operações de produção e venda Operações de repartição
Venda
Resultado Despesas e rendas financeiras Econômico Imposto de Renda Dividendos Produção Compra Autofinanciamento
Fonte: Adaptada. A Dinâmica Financeira das Empresas Brasileira, Michel Fleuriet (2003, 19).
Financeiro
Alavancagem Financeira
Relações entre risco e retorno
Capacidade de paga-mento
Risco
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Segundo Fleuriet (1980), as empresas apresentam estruturas financeiras e
níveis de riscos diferentes conforme o seu ciclo econômico e a sua rentabilidade. A
estrutura financeira da empresa é avaliada por meio de três indicadores – Capital de
Giro (CDG), Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Investimento Operacional em
Giro (IOG) e o Saldo de Tesouraria (T), que associados revelam a existência de quatro
tipos diferenciados de estrutura patrimonial, com a respectiva situação financeira vari-
ando de excelente a péssima.
Segundo Chaves (2002, 40), a classificação de balanços em diferentes
formas de determinados elementos patrimoniais, que também é descrita por Braga (1991
p.17 e 18), classifica 6 tipos de estrutura patrimonial. E Brasil e Brasil (1996 p. 31) diz
que o modelo de análise desenvolvido a partir do estudo das variáveis NCG, CDG e ST,
“permite definir o perfil conjuntural e estrutural das empresas, vinculado, respectiva-
mente, à política financeira adotada (nível de risco) e ao negócio”.
Estruturas patrimoniais apresentadas por Braga:
Tipo CDG NCG ST Situação
I + - + Excelente
II + + + Sólida
III + + - Insatisfatória
IV - + - Péssima
V - - - Ruim
VI - - + Arriscada
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Quadro V – Comportamento entre as estruturas patrimoniais apresentadas por
Braga e Fleuriet
Classificação feita por Braga Característica da Classificação feita por Fleuriet estrutura patrimonial
Tipo Classificação Tipo Classificação CDG maior que zero
I Excelente NCG menor que zero 2 Sólida ST maior que zero Excelente, porém, mais CDG maior que zero sensível a um aumento,
II Sólido NCG maior que zero 4 ou diminuição de vendas, ST maior que zero que a estrutura das empresas do tipo 1 CDG maior que zero Não considera a situação
III Insatisfatória NCG maior que zero 1 grave quanto à elevação ST menor que zero da NCG é temporária CDG menor que zero Empresa que luta pela
IV Péssima NCG maior que zero 3 sobrevivência / Risco de ST menor que zero insolvência elevado CDG menor que zero
V Muito ruim NCG menor que zero Não classificada ST menor que zero CDG menor que zero
VI Alto risco NCG menor que zero Não classificada ST maior que zero Fonte: Apud Chaves, 2002, p.41.
Neste quanto foi efetuada uma comparação do comportamento dos mode-
los apresentados por Braga e Fleuriet, os quais foi dado um tratamento diferenciado a
classificação quanto ao tratamento de risco.
Segundo Claves (2002, 42), a forma de classificação apresentada por
Assaf Neto, grupa os 6 tipos de estrutura em 3 grupos, graduados por risco:
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Quadro VI - Classificação das estruturas patrimoniais apresentadas por Assaf
Neto
Classificação por grupo Característica da estrutura patrimonial CDG maior que zero NCG menor que zero ST maior que zero
Baixo risco CDG maior que zero NCG maior que zero ST maior que zero CDG maior que zero
Médio risco NCG maior que zero ST menor que zero CDG menor que zero NCG maior que zero ST menor que zero CDG menor que zero
Alto Risco NCG menor que zero ST menor que zero CDG menor que zero NCG menor que zero ST maior que zero Fonte: Apud Chaves, 2002, p.41.
A classificação de risco em três grupos, dada por Assaf Neto, facilita a
tomada de decisão por parte do usuário das informações contábeis. Entretanto entende-
mos que esta facilidade poderá vir beneficiar ou prejudicar determinada empresa que
busca recursos externos.
2. 2. 4. 4 – As diferentes modalidades de financiamento
Uma necessidade primordial, para o empresariado contido nesse grupo
em estudo, é a de saber como diferenciar as diversas modalidades de financiamentos
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existentes no mercado, tendo em vista que estes financiamentos poderão ser adquiridos
por intermédio de várias instituições financeiras.
Para tanto, os micro, os pequenos e os médios empresários, do setor de
construção civil, precisam montar uma estratégia para poder saldar seus compromissos
financeiros, tendo em vista, que seus ativos, de um modo geral, são de mais longa reali-
zação, como é o caso dos estoques de terrenos para construção ou imóveis em constru-
ção e, até mesmo, os imóveis construídos. Além do que, na maioria das vezes, os pra-
zos médios de recebimentos também são de longo prazo.
Neste contexto, o ciclo econômico e o ciclo financeiro variam no setor
estudado com muita intensidade, tendo em vista que as compra de materiais necessários
ao desenvolvimento da atividade geralmente são feitas com prazo de pagamento não
superior a 90 dias, enquanto que a rotação de seus estoques é muito lenta, sendo às ve-
zes até ilíquidos, considerando-se o fato de que não se realiza uma venda de um imóvel
de imediato para saldar uma dívida que venha vencer em trinta dias.
Esta perspectiva, do ponto de vista do ciclo econômico, seria tratada
como ativos de curto prazo e figuraria no ativo circulante cíclico para a maioria das ati-
vidades. No entanto, entendemos que este tratamento não pode ser dado ao setor de
construção civil.
Segundo Michel Fleuriet (1980), os ativos de Realizável de Longo Pra-
zo são classificados no Balanço como Ativos não Circulante. Mas, devido à tipicidade
que envolve o setor de incorporação e construção civil, seria prudente um estudo dando
enfase baixa rotatividade dos estoques. O que demonstra uma certa fragilidade do setor
estudado.
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Outro ponto que não podemos deixar de observar, diz respeito à necessi-
dade da carência mais adequada para que as pequenas e médias empresas possam liqui-
dar seus empréstimos, levando-se em consideração as dificuldades causadas pelo seu
ciclo operacional.
Entre as diferentes modalidades de financiamento do capital de giro dis-
ponível aos setores produtivos, de um modo geral, devemos destacar algumas destas
modalidades, bem como algumas instituições financeiras que operam com este tipo de
financiamento, além de destacarmos as taxas de juros geralmente praticadas, conforme
pesquisa de maio 2005, na revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios.
35
Quadro VII
Quadro VII
O CUSTO DO DINHEIRO Comparação das taxas de juros das principais linhas de financiamento
para empresas - em % ao mês
Linha de Banco Banco Bank Bradesco Caixa HSBC Itaú Santander Unibanco
financiamento/Banco Real do Brasil Boston
Desconto de duplicata de 2,1 a 5,0 de 2,1 a 5,7 de 1,5 a 9,3 de 2,1 a 4,5 de 1,9 a 5,0 de 1,9 a 3,7 de 1,6 a 3,4 de 1,8 a 4,9 de 2,1 a 4,8
Hot money de 1,4 a 8,0 não informou de 1,4 a 4,3 de 1,8 a 6,5 de 3,1 a 4,8 de 1,4 a 4,6 de 1,9 a 4,6 de 1,9 a 6,7 de 1,8 a 4,5
Capital de giro de 1,4 a 6,5 de 1,0 a 5,9 de 1,2 a 9,2 de 1,5 a 6,4 de 1,9 a 5,4 de 2,6 a 4,7 de 1,1 a 5,1 de 1,5 a 4,9 de 1,8 a 4,0
Aquisição de bens de 2,2 a 7,6 não informou não informou de 1,9 a 5,3 não informou de 1,8 a 4,8 de 1,0 a 3,3 de 1,6 a 3,3 de 1,9 a 4,9
Conta garantida de 1,4 a 6,5 de 2,3 a 7,8 de 0,4 a 14,2 de 3,5 a 6,7 de 1,8 a 4,0 de 2,4 a 7,6 de 1,5 a 7,4 de 1,5 a 5,4 de 1,9 a 6,6
Desconto de promissória não informou de 2,1 a 7,6 não informou de 3,5 a 4,8 não informou de 2,1 a 5,0 não informou de 1,9 a 4,9 de 2,1 a 4,8
Vendor de 1,2 a 2,0 de 1,7 a 4,9 de 1,4 a 3,2 de 1,4 a 3,6 não informou de 1,5 a 4,6 de 1,1 a 4,3 de 1,3 a 2,8 de 1,8 a 3,5
Fonte: Banco Central
Pequenas Empresas e Grandes Negócios / maio 2005 - p. 64
36
De um modo geral, as instituições financeiras negam um financiamento
às microempresas, às pequenas e às médias empresas por não disporem de garantias
reais, tais como: imóveis, máquinas, etc. Que servem para garantir seus empréstimos
numa possível falta de pagamento dos mesmos.
Outro motivo bastante relevante é que muitas vezes as empresas têm seus
nomes registrados no Cadin por falta de pagamento das obrigações tributárias, dificul-
tando seu acesso a qualquer linha de crédito disponível. O mesmo acontece quando
uma empresa está inadimplente com o sistema financeiro ou com alguma concessionária
de serviços públicos e tem seu nome lançado no SERASA.
Se não bastasse o que foi descrito acima, a maioria das microempresas,
das pequenas e das médias empresas do setor não cuidam bem dos documentos necessá-
rios para uma abertura de crédito junto às instituições financeiras, por não disporem,
muitas vezes, de balanço e da demonstração de resultado, além de não contarem com as
certidões atualizadas, o que só vem dificultar na obtenção de financiamentos.
Outro motivo para que sejam negados empréstimos às empresas, de um
modo geral, é o fechamento de linhas de crédito, que se torna também um grande empe-
cilho na obtenção de financiamento. Todavia, isto geralmente ocorre quando o Governo
impõe medidas recessivas, ou, então, eleva o depósito compulsório das instituições fi-
nanceiro junto ao Banco Central, com o propósito de tirar o dinheiro de circulação, e,
por causa disso os Bancos são obrigados a fechar algumas linhas de financiamento.
Outra causa que leva as instituições financeiras a negarem financiamento
às empresas são os projetos inviáveis que apresentam riscos estruturais e econômico-
financeiros, não mostrando claramente qual o retorno esperado.
37
Como nosso estudo está centralizado na análise do Capital de Giro das
empresas do setor de construção civil, procuramos dar um destaque às principais opera-
ções desenvolvidas pela Caixa Econômica Federal, as quais, bem planejadas, podem vir
a beneficiar as empresas do setor. Entretanto, não podemos deixar de ressaltar que as
empresas que por ventura queiram operacionalizar com a Caixa, deverão estar bem es-
truturadas, pois as análises de riscos, tanto do ponto de vista do projeto de engenharia
bem como os riscos econômico-financeiros são bastante rigorosas. Em seguida procu-
ramos relacionar os principais programas disponíveis no momento.
Quadro - VIII
A RESPOSTA É NÃO! Razões alegadas pelos bancos para não
dar empréstimos às micro e pequenas empresas
Falta de garantias reais 40%
Registro no Cadin / Serasa 16%
Insuficiência de documentos 12%
Inadimplência das Empre-sas 9%
Linhas de créditos fechadas 7%
Projetos inviável 4%
Outras* 12%
Fonte: Sebrae - SP *Inclui conta nova no banco saldo
médio que não permite o pedido de em-
préstimo. Pequenas Empresas e Grandes Negócios / maio/ 2005 – p. 69
38
2. 2. 4. 4 – PROGRAMAS DA CAIXA DESTINADOS A EMPRESAS DA CONS-TRUÇÃO CIVIL: (Pesquisa realizada no dia 19 de maio de 2005 – no site da Caixa Econômica Federal – portal – Para sua Empresa)
1 PARA CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO 1.1 PROGRAMA DE APOIO A PRODUÇÃO DE HABITAÇÕES – RECURS OS
DO FGTS Objetivo: Linha de crédito para produção de empreendimentos habitacionais, com financiamento direto à pessoa jurídica do ramo da construção civil, constituída sob a forma de Sociedade de Propósito Específico – SPE e com comercialização compro-vada de, no mínimo, 30% das unidades habitacionais do empreendimento/módulo e execução de obras com recursos próprios de no mínimo 15% ou percentual definido na análise econômico-financeira do projeto. Condições: Prazo: Prazo máximo de 60 meses, englobando o prazo de construção e de amorti-zação, sendo: - Construção: máximo de 24 meses
- Amortização: máximo de 36 meses
Encargos financeiros: - Na fase de construção: a taxa de juros é de 10,16% a.a, mais atualização monetá-ria com base em índice aplicado às contas do FGTS e seguros, mensalmente, sobre o saldo devedor. - Na fase de amortização: a taxa de juros de 12% a.a, mais atualização monetária. Limites: As unidades habitacionais do empreendimento têm o seu valor de ven-da/avaliação limitado a, no máximo, R$80.000,00.
39
1.2 PROGRAMA DE CARTA DE CRÉDITO ASSOCIATIVO – IMÓVEL N A PLANTA
Objetivo: Linha de crédito para produção de empreendimentos habitacionais e lotes urbanizados, com financiamento direto às pessoas físicas, agrupadas em condomínios ou por sindicatos, cooperativas, associações ou pessoas jurídicas voltadas à produção habitacional. Condições: Prazos: - De construção: até 24 meses - De amortização: mínimo de 12 meses e máximo de 240 meses Encargos financeiros: - Taxa de juros e atualização monetária. A taxa de juros varia de acordo com a renda familiar mensal do proponente; Renda familiar bruta Taxa de juros nominal a.a Taxa de juros efetiva a.a Até R$ 1.500,00 6,00% 6,1677% De 1.500,01 a 3.900,00 8,16% 8,4722% De 3.900,01 a 4900,00 10,16% 10,6467% Limite de financiamento: a unidade habitacional deve ter um valor máximo de R$ 72.000,00 Modalidades: construção em terreno próprio, aquisição de terreno e construção, produ-ção e aquisição de lote urbanizado. Neste programa a CAIXA poderá emprestar, diretamente à empresa construtora, o valor correspondente a 30% das unidades habitacionais.
2 PARA CAPITAL DE GIRO 2.1 CONSTRUGIRO – ANTECIPAÇÃO DE RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIO S Objetivo: Operação destinada a antecipar fluxo de caixa de empresa privada do ramo da construção civil, lastreada em recebíveis imobiliários oriundos de plano de autofi-nanciamento, objetivando a obtenção de capital de giro.
40
Condições: Prazo: o prazo máximo da operação é de 36 meses. Taxa de juros: variável, informada diariamente em boletim interno da CAIXA, acres-cida da TR. Limites: Até 80% do valor dos créditos analisados. Amortização: prestações mensais, compostas de amortização e juros pós-fixados. 2.2 CONSTRUGIRO – AQUISIÇÃO DE RECEBÍVEIS IMOBILI ÁRIOS Objetivo: Operação destinada a antecipar fluxo de caixa de empresa privada do ramo da construção civil, através de aquisição de recebíveis imobiliários oriundos de autofi-nanciamento, objetivando a obtenção de capital de giro. Condições: Prazo: é o prazo dos direitos creditórios adquiridos Taxa de juros: A taxa de juros/desconto utilizada no cálculo do valor presente líquido – VPL de cada contrato é a do custo de oportunidade da área de crédito imobiliário, acrescida da taxa de risco por contrato e taxa de descasamento entre o índice utilizado na carteira e aquele utilizado na fonte de origem pela CAIXA – TR. No que tange a taxa de juros dos contratos de promessa de compra e venda ou contratos de aquisição definitiva/transferência de propriedade firmado entre a construtora e os promitentes compradores, estas permanecerão conforme estabelecido no contrato. Limites: Até 80% do valor dos créditos analisados.
41
3 – ANÁLISE DOS CASOS
A diretoria financeira de uma empresa tem a função de acompanhar a e-
volução do Saldo de Tesouraria a fim de evitar que o mesmo fique negativo e crescen-
te.
Tem-se observado que a maior parte das empresas da amostra apresenta o
Saldo de Tesouraria positivo nos dois exercícios estudados, o que nos leva a acreditar
que estão operando com uma estrutura financeira adequada, não indicando uma depen-
dência acentuada de empréstimos em curto prazo.
O que não acontece com a empresa “E” que nos dois estudos apresentou
um Saldo de Tesouraria negativo e crescente, o que demonstra uma dependência bastan-
te acentuada em tomar empréstimos de curto prazo, o que poderá conduzi-la à insol-
vência. Esta insolvência ocorre porque estas empresas, que operam com o Saldo de
tesouraria negativo, passam por grandes dificuldades para pagar seus empréstimos de
curto prazo. As dificuldades se acentuam quando há uma recusa, por qualquer motivo,
dos bancos em renovar os empréstimos já concedidos.
Um exemplo dessa situação ocorre quando o Banco Central aumenta o
compulsório dos bancos, usando este instrumento de controle monetário para restringir
o crédito, nesse contexto agrava-se a situação das empresas que estão operando com
Saldo de Tesouraria negativo.
O Saldo de Tesouraria negativo em período de recessão econômica,
quando se verifica uma queda acentuada nas vendas, é bastante crítico, pois, provoca
um aumento significativo na Necessidade de Capital de Giro. Esse fato acontece porque
42
o autofinanciamento não é capaz de financiar o aumento da Necessidade de Capital de
Giro, obrigando a empresa a recorrer aos empréstimos externos de curto e/ou de longo
prazo, ou então, ao aumento do capital social em dinheiro. Na falta desses fundos, o
que é freqüentemente comum num período de recessão, a continuidade da empresa fica-
rá enfraquecida.
Por outro lado, o Saldo de Tesouraria continuará mais negativo com um
aumento rápido das vendas, se, proporcionalmente, a Necessidade de Capital de Giro
não aumentar em níveis maiores do que o Autofinanciamento, e, com isso, a empresa
não consiga aumentar seu Capital de Giro, por intermédio da obtenção de recursos de
fontes externas. Esse aumento negativo do Saldo de Tesouraria denomina-se efeito
tesoura.
Em $ NCG
Efeito tesoura
CDG
Anos
Efeito Tesoura - Fonte: Adaptada do Modelo apresentado por Silva (2001, 392).
Analisando a estrutura financeira e o risco das dez empresas estudadas,
de acordo com o modelo Fleuriet, podemos observar que as empresas “A”, “B” e “C”
têm uma situação sólida para os dois anos estudados. Porém, quando analisamos sob a
perspectiva tradicional verifica-se que as empresas “A” e “B” se mantêm sólidas segun-
43
do os indicadores de liquidez e endividamento, apesar de sua margem líquida ser relati-
vamente baixa, além das taxas de retorno sobre os ativos e o patrimônio líquido serem
muito pequenos para os dois anos em questão.
Já quanto à empresa “C”, verifica-se que ela se mantém sólida quanto ao
indicador de liquidez corrente. No entanto, não podemos ter a mesma convicção quanto
ao indicador de liquidez seca, tendo em vista que o mesmo baixou em 2003 com relação
a 2002, o mesmo acontecendo com o indicador do endividamento, pois, em 2002 este
era de 35,05% passando para 64,79% no ano de 2003.
Como se não bastasse o elevado grau de endividamento, a empresa tem
suas taxas de margem líquida e seus retornos sobre seus ativos e patrimônio liquido
muito baixos e, no ano de 2002, estas taxas foram negativas, o que indica claramente
que a empresa não está produzindo lucros para formar capital de giro para saldar suas
dívidas. Este quadro a deixa numa situação desconfortável, levando em conta as difi-
culdades de captar recursos externos, o que poderá levá-la a insolvência.
Do ponto de vista do modelo Fleuriet, a empresa “D”, no de 2002, apre-
sentou uma situação arriscada passando para uma situação sólida no ano de 2003, ocor-
rendo a mesma situação quando analisamos pela ótica da analise tradicional. Podemos
verificar, então, uma acentuada elevação de seus indicadores de liquidez, apesar da
margem líquida ter sido negativa em 2003 e as taxas de retorno sobre os ativos e o pa-
trimônio líquido serem também negativas. Todavia seu índice de endividamento que
fora de 50,69% em 2002, no ano de 2003 foi reduzido para 12,52%, o que provavelmen-
te facilitará na captação de recursos externos.
Enquanto as empresas “E” e “F” apresentam uma situação insatisfatória
no dois anos estudados, com relação ao modelo Fleuriet, podemos verificar que esta
44
situação persiste também quando as analisamos do ponto de vista tradicional, pois a
empresa “E” teve uma grande redução nos seus indicadores de liquidez em 2003 em
comparação a 2002, e a margem liquida foi negativa em 2003, além das taxas de retor-
nos sobre os ativos e patrimônio liquido serem negativos em 2003. Por outro lado, seu
endividamento que fora de 29,71% em 2002, passou para 54,88% em 2003.
Já a empresa “F” no período estudado não apresentou receita, o que nos
levou a estudar melhor sua gestão. Podemos verificar que a mesma empresa aumentou
substancialmente seu endividamento passando de 0,97% em 2002 para 88,56% em
2003, o que a dificultará possivelmente tomar empréstimos externos.
As empresas “G”, “H”, “I” e “J” classificadas como prestadora de servi-
ços no setor estudado demonstram ter uma situação sólida para o ano de 2002 e excelen-
te para o ano 2003, quando estudamos pela ótica do modelo tradicional também é possí-
vel verificar que as empresas estudadas mantêm sua solidez, considerando que todas
têm baixo índice de endividamento.
O mesmo observando que a empresa “H” apresentou, em 2003, margem
líquida e suas taxas de rentabilidade dos ativos e o patrimônio líquido negativas, o que,
de acordo com nossa avaliação, aponta que esta empresa terá capacidade de captar re-
cursos externos.
45
Quadro IX
Medidas de Desempenho Financeiro
em mil reais
CDG NCG ST
EMPRESAS 2003 2002 2003 2002 2003 2002
A 2.416 2.633 2.052 2.077 364 554
B 1.439 1.458 1.059 1.349 380 109
C 8.604 3.652 8.525 3.550 655 370
D 3.837 -814 3.714 -963 123 149
E 4.635 11.395 11.338 11.810 -6.703 -415
F 6.936 1.250 7.898 1.250 (962) -
G 43 36 (14) (3) 57 39
H 28 161 (31) 88 59 73
I 16 97 (43) 55 59 42
J 297 1.281 163 526 134 755
Fonte: Adaptada de Marques (2004, 264).
Quadro X
Medidas de Desempenho Financeiro
em %
CDG / VL NCG / VL ST / VL
EMPRESAS 2003 2002 2003 2002 2003 2002
A 1,94 1,18 1,65 0,93 0,29 0,25
B 4,61 4,78 3,39 4,42 1,22 0,36
C 3,09 1,17 3,06 1,13 0,23 0,12
D 4,55 -0,96 4,41 -1,13 0,15 0,018
E 2,15 2,66 5,27 2,76 -3,11 -0,1
F 0 0 0 0 0 0
G 0,34 0,32 -0,11 -0,03 0,45 0,34
H 0,02 0,18 -0,03 0,09 0,05 0,08
I 0,01 0,13 -0,04 0,07 0,06 0,05
J 0,7 0,35 0,38 0,15 0,31 0,21
46
Fonte: Adaptada de Marques (2004, p.264).
Principais indicadores tradicionais
Com base na estrutura do Balanço conforme modelo tradicional, nos é
permitido calcular alguns indicadores financeiros tradicionais muito usados em análise
de risco econômico-financeiro das empresas. De um modo geral, demonstramos estes
indicadores a seguir:
47
Quadro XI
PRINCIPAIS INDICADORES TRADICIONAIS
Liquidez Corrente Liquidez seca Endividamento Margem Líquida Rent. do Ativo Rent. do PL
MARQUES, C. V. A..J. Análise financeira das empresas. Rio de Janeiro: UFRJ Ed.,
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