0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ MÁRCIA FERREIRA BARBOSA EXPLORAÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO MUNICÍPIO DE PIRANHAS – GO Iporá-GO Novembro de 2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
MÁRCIA FERREIRA BARBOSA
EXPLORAÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO MUNICÍPIO DE
PIRANHAS – GO
Iporá-GO
Novembro de 2010
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MÁRCIA FERREIRA BARBOSA
EXPLORAÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO MUNICÍPIO DE
PIRANHAS – GO
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como exigência para
obtenção do grau de Licenciatura no
Curso de Geografia da Universidade
Estadual de Goiás – Unidade
Universitária de Iporá.
Orientador: Prof. Esp. Nelson R. Gomes
Iporá-GO
Novembro de 2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE
GEOGRAFIA
Exploração de rochas ornamentais no município de Piranhas – GO
por
Márcia Ferreira Barbosa
Monografia submetida á Banca Examinadora designada pela Coordenação Adjunta de
Trabalho de Conclusão do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás, UnU –
Iporá como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciatura em Geografia,
sob orientação do professor Nelson Ribeiro Gomes.
Iporá,_____de_____________de 2010.
Banca examinadora:
__________________________________________________
Professor Ms. Washington – UEG – Iporá
__________________________________________________
Professor Ms. Flavio – UEG – Iporá
__________________________________________________
Professor Esp. Nelson Ribeiro Gomes – UEG – Iporá
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AGRADECIMENTOS
A Deus pela minha vida.
A minha família, por sempre ter me apoiado.
A Universidade Federal de Goiás, pela oportunidade.
Ao meu orientador e professor Nelson Ribeiro Gomes, pela amizade, pela paciência, pelas
brincadeiras e pelo profissionalismo que sempre apresentou.
Ao operador Beto da pedreira Marlin Blue Stone Ltda., pelas informações disponibilizadas.
Aos meus amigos.
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“Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é
semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a
rocha. Caiu à chuva, vieram às enchentes, sopraram os ventos e
investiram contra aquela casa; ela, porem, não caiu, por que estava
edificada na rocha.”
Mateus, 7: 24-25.
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RESUMO
Este trabalho tem como finalidade apresentar a questão da extração das rochas
ornamentais no município de Piranhas-Goiás, focalizando na sua forma de extração e
comercialização. Para que se obtivessem resultados ao longo do trabalho foram feitas visitas a
campo e entrevistas com operários da Pedreira Marlin Blue Stone Ltda. No município de
Piranhas encontra-se a Pedreira Marlin Blue Stone Ltda, que é o principal foco de estudo. Há
algum tempo atrás poderiam ser encontradas mais duas pedreiras em atividade no município,
mas foram paralisadas por que ambas estavam com problemas com a licença ambiental, e
também sofriam com a falta de alguns maquinários necessários para a produção. A Marlin
Blue Stone é caracterizada pela extração de blocos de Meta-arcósio retirados de matacões,
que são grandes blocos arredondados, produzidos pelo processo de imteperismo químico. Os
meta-arcósio são conhecidos popularmente no município por Verde Piranhas. A Marlin Blue
trabalha somente com a extração de blocos, logo esta forma de extração e comercialização
deixa a desejar muito ao município. No município não se encontra outras formas de produção
e comercialização, como por exemplo, o beneficiamento dos blocos, que compreende a uma
série de etapas de desgaste abrasivo, iniciando com a serragem dos blocos e vai até o
polimento final das placas. Logo o beneficiamento dos blocos poderia trazer mais empregos,
mais rendas e mais credibilidade para o município, entre outros. Mas infelizmente a pedreira e
também o município não tem o material necessário, muito menos capital para realizar outros
tipos de trabalhos. A pedreira é composta por aparelhos de trabalho bem rudimentares, o que
dificulta mais o trabalho dos operários, e os impossibilita de buscar novas formas de extração.
Palavras-chave: Rochas Ornamentais. Beneficiamento. Comercialização. Meta-arcósio.
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ABSTRACT
This work has as purpose to present the subject of the extraction of the ornamental
rocks in the municipal district of Piranha-Goiás, focusing in his/her extraction form and
commercialization. So those if they obtained results along the work were done visits to field
and interviews with workers of Pedreira Marlin Blue Stone Ltd. In the municipal district of
Piranhas he/she is Pedreira Marlin Blue Stone Ltda, that is the main study focus. There is
some behind time could be found more two quarries in activity in the municipal district, but
why were paralyzed both were with problems with the environmental license, and they also
suffered with the lack of some necessary machines for the production. Marlin Blue Stone is
characterized by the extraction of blocks of Goal-arcósio solitary of lumps that are great
round blocks, produced by the process of chemical imteperismo. The goal-arcósio they are
known popularly in the municipal district by Green Piranhas. Marlin Blue only works with
the extraction of blocks, soon this extraction form and commercialization leaves to want a lot
to the municipal district. In the municipal district he/she is not other production forms and
commercialization, as for instance, the improvement of the blocks, that understands her/it a
series of stages of abrasive wear and tear, beginning with the sawdust of the blocks and it is
going to the final polishing of the plates. Therefore the improvement of the blocks could bring
more jobs, more incomes and more credibility for the municipal district, among others. But
unhappily the quarry and also the municipal district don’t have the material necessary, much
less capital to accomplish other types of works. The quarry is composed by very rudimentary
work apparels, what hinders more the workers' work, and it disables them of looking for new
extraction forms.
Word-key: Ornamental rocks. Improvement. Commercialization. Goal-arcósio.
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LISTA DE ILUSTRAÇÃO
MAPA 1 – Localização geográfica do município de Piranhas – GO..................................... 12
TABELA 1 – Rochas ornamentais no Brasil – 2009............................................................. 15
FIGURA 1 – Imagem satélite da Pedreira Marlin Blue Stone Ltda..................................... 23
FIGURA 2 – Extração de blocos de Meta-arcósio – Piranhas-GO...................................... 24
FIGURA 3 – Extração paralisada do granito Rosa Versalles – Piranhas-GO...................... 25
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 09
1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE PIRANHAS – GOIÁS ........................................ 11
1.1 Localização geográfica do município de Piranhas ..................................................... 11
1.2 Características físicas e geográficas de Piranhas ....................................................... 12
2 O BRASIL E O COMERCIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS ............................... 14
2.1 Principais Estados Brasileiros na produção e na comercialização de
Rochas Ornamentais......................................................................................................... 15
2.2 Produção Interna ........................................................................................................ 16
2.3 Importação ................................................................................................................. 17
2.4 Exportação ................................................................................................................. 17
2.5 Consumo interno de Rochas Ornamentais ................................................................. 18
3 GOIÁS E O COMÉRCIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS ...................................... 20
3.1 Produção de blocos no Estado ................................................................................... 21
4 PRODUÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO MUNICÍPIO
DE PIRANHAS............................................................................................................... 23
4.1 Os blocos de rochas ornamentais ............................................................................... 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 28
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 29
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INTRODUÇÃO
A produção de rochas ornamentais goiana é representada pela extração e
comercialização de blocos, sendo caracterizados por dois aspectos principais. O primeiro é a
concentração de extração e comercialização de blocos de rochas ornamentais brutas, e a
segunda e por mais de 80% dos blocos serem constituídos por granitos.
Com o grande salto na produção das rochas ornamentais no estado, vem também à
modernização no trabalho. Mas diante desse avanço alguns municípios saem prejudicados,
mantendo ainda formas rudimentares de trabalho e assim desfavorecendo o município com
maiores níveis de produções e até mesmo maiores rendas.
No município de Piranhas quanto à produção de matéria prima mineral (extração
de rochas ornamentais) nota-se um grande potencial, sendo que são extraídos tipos de granitos
e meta-arcósios com grande aceitação no mercado nacional e internacional, mas não sendo tão
valorizados pelo próprio município. Porém a extração de granitos encontra-se paralisada,
somente a produção de blocos de meta-arcósio esta em atividade.
Em Piranhas encontra-se a Pedreira Marlin Blue Stone Ltda, que é caracterizada
pela extração e comercialização de rochas ornamentais, em específico os blocos de meta-
arcósio, que são rochas metamórficas originadas de rochas sedimentares dentríticas, formada
por fragmentos de quatzo, conhecidas popularmente no município por Verde Piranhas. Esta
pedreira, além de extrair blocos de meta-arcósio, também já extraiu há algum tempo o meta-
conglomerado (rocha metamórfica, originada do metamorfismo de conglomerados
sedimentares). Hoje a extração dessa rocha encontra-se paralisada.
Com base nestas afirmativas, este trabalho tem como objetivo abordar a
exploração de rochas ornamentais no município de Piranhas-GO, esclarecendo os principais
motivos que leva a pedreira a trabalhar somente com a extração de blocos. Pois no município
encontra-se um grande potencial de matéria prima mineral, assim ela poderia ser explorada de
várias formas, como também o beneficiamento das rochas, trazendo ao município maiores
níveis de produção, passando a se constituir num agente importante na verticalização da
cadeia produtiva no estado, contribuindo para a agregação de valores aos bens minerais
goianos. Gerando ao município mais empregos e maiores rendas. O beneficiamento das
rochas esta baseado no seu acabamento, onde os blocos extraídos são transformados em
chapas nos teares através da serragem.
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O processo de extração de rochas ornamentais começa nas pedreiras, onde essa
rocha é encontrada na sua forma natural. Estas rochas podem ser extraídas de várias maneiras,
no entanto no município de Piranhas, o processo é bastante lento, com formas rudimentares,
baseada na perfuração e uso de explosivos, na forma de matacão. Posteriormente no seu
processo de acabamento dos blocos, faz-se necessário e constante o uso da força braçal, na
perfuração, deslocamento, e apoio no carregamento, caracterizando um processo primário de
extração.
Sendo assim, faz-se necessário uma análise geral sobre a extração e
comercialização de rochas ornamentais do município de Piranhas, destacando vários fatores
que representam e caracterizam a produção dessas rochas ornamentais.
11
1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE PIRANHAS – GOIÁS
Por volta do ano de 1945, ao ser traçada a rodovia Caiapônia - Aragarças, um
grupo de técnicos e operários da Fundação Brasil Central, estabeleceu um acampamento à
margem do rio Piranhas para a construção de estradas e de uma ponte de madeira, por certo,
atraídos por suas águas cristalinas.
Logo de início, foi construído o primeiro barracão para os técnicos e operários da
Fundação Brasil Central. Posteriormente outros barracos foram construídos, começando assim
um pequeno aglomerado de casas de palha e os primeiros comércios da cidade.
O crescimento do povoado se processou, devido à visão de progresso de alguns
fazendeiros mais próximos, onde eles davam cobertura total aos trabalhadores da Fundação.
Destacando a família do Sr. Joaquim Teodoro Leite, que muito contribuíram para o
desenvolvimento, através de doação de loteamento na parte sul da cidade, favorecendo a
construção de casas residências, escolas, igrejas, comércios etc., tendo como fatores
primordiais o incremento da lavoura e a pecuária fez que se trata de uma rica região de boas
terras para cultura, pastagem e recursos minerais.
Em 1952, o pequeno povoado foi elevado à categoria de Distrito, por força da Lei
Municipal nº 87, do poder público de Caiapônia. No ano seguinte, no dia 14 de outubro, pela
Lei Estadual nº 812, o distrito de Piranhas foi elevado à categoria de Município,
desmembrando-se de Caiapônia. Por ato do governo do Estado de Goiás, o Sr. Paulo Sales,
foi nomeado como prefeito temporário do município, onde administrou o município nos anos
de 1953 a 1955.
1.1 Localização geográfica do município de Piranhas
O município de Piranhas-Goiás localiza-se no centro-oeste, pertence à
microrregião de Aragarças. Localiza-se na região intertropical, entre os paralelos 16 e 17,
aproximadamente a 16° 31’ 05” de latitude sul e 51° 50’ 24” de longitude oeste. Limita-se
com os seguintes municípios: ao norte do município com o município de Bom Jardim de
Goiás e Caiapônia. Enquanto a Leste limita-se com o município de Arenópolis.
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O município de está localizado no noroeste goiano e é servido pelas rodovias: BR-
158, que liga Jataí para Aragarças, e a GO-060 que liga Piranhas a Iporá. A distância, até a
capital do estado, que é Goiânia e de 321 Km. Suas conexões são feitas pela GO-060:
Trindade, Nazário, São Luiz de Montes Belos, Israelândia, Iporá e Arenópolis. Os municípios
que fazem fronteira com Piranhas são: do Norte e Oeste; Bom Jardim de Goiás, do Leste;
Arenópolis e do Sul; Palestina de Goiás, Doverlândia e Caiapônia.
1.2 Características físicas e geográficas de Piranhas
O município de Piranhas é constituído de terras mistas, predominando os cerrados
com um bom potencial produtivo, porém, os agricultores desmotivados, por falta de uma
política agrícola, foram obrigados por um bom período de tempo a diminuírem sua área
plantada acarretando uma baixa na produção de grãos.
A economia do município é sustentada pela pecuária de corte e leiteiro,
agricultura, comércio varejista e várias indústrias de transformação. A principal atividade
econômica do município foi à pecuária. O município tem importante reserva de granito, hoje
com lavra ativa as rochas de nomes comerciais Verdes Piranhas, Vermelho Ravena, e Verde
Álacre.
Em relação à agricultura, tem como objetivo incorporar novas áreas ao processo
produtivo, através de desmatamentos do cerrado. Embora sendo uma região favorável, ao
longo dos anos as pastagens sofreram alguns danos devido às variações climáticas e o uso
desordenado do solo. Assim sendo requer um melhor tratamento de recuperação do solo.
A hidrografia do município pertence à Bacia do Araguaia-Tocantins, é formada
por vários rios e ribeirões, dos quais o Caiapó é o principal, desaguando na margem direita do
rio Araguaia. Salientam-se os rios Piranhas e Macaco e os ribeirões: Córrego das Pedras, São
Domingos, Água Parada, Meia Ponte, Indaiá, Sucuri, Bom Sucesso, Córrego Seco, além de
dezenas de outros cursos menores d’água os quais formam as bacias do rio Piranhas e rio
Caiapó.
Sua topografia de um modo geral é plana, porém, há regiões bastante
montanhosas com destaque as seguintes, elevações: Serra Negra, Morro de Mesa, Água
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Parada, Serra Taboca e Capim Branco, além de outras elevações, todas pertencentes ao
Planalto Central.
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2 O BRASIL E O COMÉRCIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS
As rochas ornamentais, também chamadas de pedras naturais, são materiais
geológicos naturais que podem ser extraídos em forma de blocos ou chapas. Podem ser
utilizadas para várias finalidades, como pisos, paredes, bancadas, pias, balcões, mesas entre
outros. Para que uma rocha seja considerada ornamental, ela precisa apresentar beleza estética
e possuir características tecnológicas, com índices físicos.
As rochas ornamentais abrandem diversos tipos de rochas, que podem ser
extraídos em forma de blocos ou chapas. De acordo com a ABIROCHAS, as rochas
ornamentais são subdivididas em granitos e mármores. Os granitos são rochas silicáticas, e os
mármores são as rochas carbonáticas. Alguns outros tipos incluídos no campo das rochas
ornamentais são os quartzitos, serpentinitos, travertinos e ardósias, também muito
importantes.
Conforme Sossai (2006), a atuação no setor de produção de rochas ornamentais
no Brasil tem possibilitado ao país a participar de forma significativa do mercado mundial,
prática esta que tem uma ótima aceitação das matérias-prima brasileiras, especialmente os
granitos. O Brasil encontra-se entre os seis principais países produtores mundiais de rochas
ornamentai. A principal rocha ornamental exportada do Brasil é a silicática, que são as rochas
ígneas, e em 2003 chegou a um valor de aproximadamente um milhão de toneladas.
As primeiras indústrias de beneficiamento de rochas ornamentais no Brasil foram
implantadas em moldes artesanais por imigrantes italianos e portugueses no século XIX.
Nessa época, ainda eram utilizados métodos rudimentares, razão pela qual a indústria pouco
se desenvolvera em virtude da concorrência com as importações de mármores italianos
(Matta, 2003). Logo, no século XX, foi introduzida a mecanização na extração de rochas
ornamentais, onde foram aplicados em revestimentos como elementos decorativos e em
construções.
A China, Índia, Itália, Brasil e Turquia, despontam respectivamente como os
principais produtores e expressivos exportadores mundiais de rochas ornamentais. Embora o
Brasil seja um pequeno produtor diante dos outros países. A China, que responde por quase
25% da produção mundial, é estimulada pelo vigoroso crescimento da construção de
habitações decorrentes do seu processo de urbanização e da política agressiva de exportações
(MAIA, 2004).
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Em 2006 foram comercializadas no mundo cerca de 41,4 mt de rochas brutas e
beneficiadas. Devido à informalidade na produção de rochas no Brasil, os órgãos oficiais do
Departamento Nacional de Produção Mineral, (DNPM) informam apenas os quantitativos
relativos à exportação e importação. No entanto, algumas entidades do setor como a
ABIROCHAS estimam a produção nacional em 2006 na ordem de 7,5 mt, o que colocaria o
Brasil em 4° lugar no ranking mundial. Em relação às exportações o Brasil se posicionou em
5° lugar, com 2,52 mt , na frente da Espanha e atrás da China, Índia, Turquia e Itália.
2.1 Principais Estados Brasileiros na Produção e Comercialização de Rochas
Ornamentais
A extração de rochas brasileiras chega a seiscentas variedades comercias de
rochas, como granitos mármores, ardósias, quartzitos, travertinos, pedra-sabão, basaltos,
conglomerados, dentre outras rochas de vários padrões de texturas e cores. De acordo com
CHIODE FILHO (2003), estima-se a existência de 11.100 empresas de rochas ornamentais no
Brasil. os principais estados produtores dessas rochas são Espírito Santo, Minas Gerais,
Bahia, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná. A tabela 1 mostra um resumo da produção dos
Estados brasileiros.
Tabela 1 – Rochas Ornamentais no Brasil - 2009
Estados
Produção
(t/ano) Tipo de Rocha
Espírito Santo 3.000,00
Granito e Mármore
Minas Gerais 2.000,00
Granito, Ardósia e Outros
Bahia 600.00
Granito, Mármore, Quat. Arenito
Ceará 430.00
Granito e Pedra Cariri
Goiás 270.00
Granito, Quartizito
Rio de Janeiro 200.00
Granito, Mármore
Paraná 100.00
Granito, Mármore Fonte: Chiodi Filho (2009)
O Espírito Santo é o Estado líder em produção de rochas ornamentais, onde
corresponde por mais de 40% da mineração brasileira, pelo menos a metade da extração
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nacional de granitos e dois terços da extração de mármores, e mais da metade da exportação
brasileira.
Tal assimetria, em relação aos demais estados, possivelmente, levará,
o setor, em futuro não muito distante, a ter que discutir alternativas para
manutenção, o quanto possível, do admirável desempenho capixaba e sua
importância no cenário brasileiro das rochas ornamentais, sem que isso se traduza
em um forte inibidor da atuação dos demais estados produtores, como muitas vezes
já aconteceu. Talvez seja então possível uma maior aproximação entre os
indicadores produtivos do vários Estados, estando mais bem harmonizadas as
vantagens competitivas desses atores. (MELLO et. al., 2004 apud SOSSAI, 2006)
O Espírito Santo também é o principal exportador de rochas ornamentais, o estado
comercializou um total de 1,12 milhões de toneladas em 2008, correspondente a soma de US$
630,3 milhões (CHIODI FILHO, 2009).
2.2 Produção Interna
A produção de rochas ornamentais no Brasil no início da década de 1980 era
constituída basicamente por mármore. Posteriormente, no final da década houve um grande
impulso à expansão do granito, devido às grandes exportações. Sendo assim a produção de
rochas ornamentais foi destinada a atender ao mercado interno. As indústrias brasileiras de
rochas ornamentais não disponibilizavam tecnologias de polimento necessárias para dar uma
melhor qualidade aos mármores, tecnologias estas que são exigidas pelos mercados externos.
Logo se perceber que o Brasil se encontra em uma grande desclassificação, pois países como
Itália, Espanha, Portugal, Grécia Índia e Turquia tem exportado para o mercado mundial,
mármores de qualidades superiores, principalmente na beleza.
Entre os anos de 1994 e 1995 houve uma grande recaída na produção de rochas
ornamentais, só aumentando por volta de 1998, destinada mais para a exportação, pois seu
preço no mercado externo e bem superior ao do mercado interno. Com base na pesquisa
empírica realizada em janeiro de 2002 entre os produtores de chapas de granito no extremo
sul do estado da Bahia, verificou-se que o preço de exportação da chapa serrada era 100%
maior que o preço interno (Spínola, 2002).
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O Brasil possui uma das maiores reservas mundial de granitos. Segundo a
ABIROCHAS a produção brasileira de rochas ornamentais é de aproximadamente 6,0
milhões de toneladas, principalmente em blocos, existindo cerca de 500 tipos comerciais, dos
quais 60% são de granito e 20% de mármores e travertinos. O restante inclui ardósias (8%) e
quartzitos (5%). Estima-se que 75% da produção nacional são destinados ao mercado interno,
sendo elas representadas em ordem decrescente pelos estados ES, MG, BA, CE, PR, RJ, GO e
PB. Os estados do Espírito Santo e Minas Gerais respondem por 70% a 75% dessa produção.
O estado do Espírito Santo é o principal produtor, com 47% do total brasileiro. O estado de
Minas Gerais é o segundo maior produtor e corresponde pela maior diversidade de rochas
extraídas, onde se destaca mais especialmente pela produção de ardósias, quartzitos folheados
e pedra-sabão (esteatita).
2.3 Importação
De acordo com a ABIROCHAS, no ano de 2000, as importações brasileiras
totalizaram US$ 21,9 milhões e registraram queda de 10,0% em relação a 1999. Essa queda
foi devido à desvalorização cambial promovida no inicio do ano de 1999, que é a potencial
elevação das receitas dos setores exportadores. A grande maioria das importações refere-se a
chapas de mármores e travertinos, sobretudo provenientes da Itália, Espanha e Grécia. Houve
um crescimento na importação a partir da década de 1990, que foi decorrente da queda das
alíquotas do imposto de importação, suprindo uma deficiência de atendimento para o mercado
imobiliário de alto padrão, já que a produção brasileira de mármores é limitada quanto à
variedade e quanto à quantidade.
.
2.4 Exportação
O Brasil hoje ocupa o quinto lugar como exportador de material bruto. Segundo
Chiodi (2003), a posição brasileira como exportadora de rochas processadas evoluiu
sensivelmente nos últimos anos. O país saltou da décima segunda posição do ranking dos
maiores exportadores de rochas semimanufaturadas, em 1999, para a oitava em 2001. Estima-
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se que tenha se tornado o sexto maior exportador de rochas processadas em 2003, já sendo o
segundo maior fornecedor nos Estados Unidos.
O principal comprador de granitos do Brasil é os Estados Unidos, sendo ele o
responsável por mais de 80% do valor exportado. O Brasil esta cada vez mais melhorando
suas exportações, onde a comercialização brasileira esta produzindo cada vez mais produtos
de maior valor agregado.
As rochas ornamentais e de revestimento com maior valor agregado,
compreendendo as chapas e produtos acabados, são comercializadas por
empreendimentos genericamente denominados de marmorarias, quase sempre de
pequeno porte e de gestão familiar (RIVETTI, PAIXÃO, MANDETTA, 2008, p.
16).
Segundo os dados da MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior), em 2000 as exportações de blocos superaram as de granito serrado, aonde
as exportações de blocos chegaram a US$ 112,3 milhões e as de chapa US$ 110,8 milhões. A
partir de 2001, já esta ao contrário, a exportação de granito serrado é quem estava acima da
exportação de blocos, onde em 2003 enquanto as exportações de bloco totalizaram US$ 122,2
milhões, as de granito serrado atingiram US$ 232,6 milhões.
2.5 Consumo interno de Rochas Ornamentais
O consumo interno esta mais forte na região Sudeste, onde corresponde a cerca de
70% a 75% do consumo nacional de rochas ornamentais. Spínola, Guerreiro e Bazan
destacam que em 2002, o consumo interno de blocos não manufaturados foi de 925 m3, que
em relação a 2001 representa um crescimento de 9,0 %, sendo que já havia crescido a partir
do ano de 2000. O aumento do consumo justificou a entrada de novos teares no parque
industrial, com expansão da capacidade de beneficiamento e diminuição da taxa de ociosidade
dos equipamentos. No ano 2002, o consumo interno de produtos acabados foi da ordem de
27,3 milhões de m2. São eles constituídos por ladrilhos para pisos e revestimentos internos e
externos, peças de arte funerária, tampos de mesa, bancadas de pia, soleiras, divisórias,
escadas, colunas e esculturas, dentre outros.
Tendo dados mais recentes a ABIROCHAS destaca que o consumo aparente
estimado em 2007 de rochas no Brasil foi de 5,582 Mt, representando um acréscimo de 10,6%
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em relação ao ano anterior, devido o grande crescimento do setor da construção civil. Desse
consumo, 39% dos materiais foram granitos e conglomerados, 37,3% de ardósias, quartzitos
maciços e folheados, 15% de mármores e travertinos, e 2,1% de importados.
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3 GOIÁS E O COMÉRCIO DE ROCHAS ORNAMENTAIS
A composição geológica do estado de Goiás apresenta uma grande variedade de
rochas, que são fontes possíveis de matéria-prima para obtenção de produtos destinados à
decoração (rochas ornamentais) e ao revestimento de interiores e exteriores (pisos, paredes,
etc.).
Conforme a ABIROCHAS (2003), a indústria de rochas ornamentais e de
revestimento apresentou um expressivo desenvolvimento no final da década de 90, no Estado
de Goiás, entretanto quando comparado com o crescimento do segmento brasileiro e mundial,
observa-se que o Estado mantém posição pouco significativa no ranking dos estados
produtores brasileiros. Sua produção foi estimada em 150.000 toneladas por ano,
compreendendo a comercialização de granitos e quartzitos foliados.
O Estado de Goiás por posicionar-se no centro-oeste do Brasil, sai prejudicado
nas exportações de rochas ornamentais, pois se distanciam mais de 1000 km dos portos
marítimo, este é um dos fatores que tem inibido o crescimento da indústria goiana de rochas.
Porém, tal localização pode ser mais bem aproveitada quando lembrado o mercado nacional e,
principalmente, os estados vizinhos. Produtos excepcionais (quartzito verde de Piranhas
dentre outras), sem dúvida alguma, poderão ser exportados, como já ocorre atualmente, ainda
que em pequena escala.
Quase toda produção de rochas ornamentais e de revestimento em Goiás é
representada pela extração e comercialização de blocos, que na maioria das vezes são
transportados pelo modo rodoferroviário que é o serviço de transporte efetuado por uma
ferrovia em conjunção com caminhões, e em geral explorada pela própria ferrovia. São
transportadas para consumo e transformação no Estado. As rochas ornamentais e de
revestimento com maior valor agregado, compreendendo as chapas e produtos acabados, são
comercializadas por empreendimentos genericamente denominados de marmorarias, quase
sempre de pequeno porte e de administração familiar.
No estado de Goiás, existem pedreiras que comercializam as rochas ornamentais
apenas em forma de blocos, podendo ela ser comercializada também em forma de chapas e
produtos acabados por exemplo. Assim o estado perde mais investimentos na
comercialização, pois é nesses produtos que estão os maiores valores comerciais.
Mas logo esta forma de comercialização poderá melhorar, devido à implantação
de uma unidade, localizada no distrito industrial de Luziânia, denominada CAJUGRAN
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Mármores e Granitos Ltda. O empreendimento é constituído por equipamentos modernos de
desdobramento, corte e polimento, passando a se constituir num importante agente na
verticalização da cadeia produtiva no estado, contribuindo para a agregação de valores aos
bens minerais goianos. Projetos de outros empreendimentos semelhantes estão em fase de
análise.
Atualmente, a produção de rochas ornamentais em Goiás é caracterizada por dois
aspectos principais. Uma é a concentração das atividades de extração e comercialização de
blocos de rochas ainda em seu estado bruto, a outra e que mais de 80% dos blocos produzidos
são constituídos por granitos.
3.1 Produção de Blocos no Estado
Atualmente, existem no Estado de Goiás, 21 empresas de rochas ornamentais e de
revestimento em atividade, com transações comerciais atingindo valores em torno de 1,5
milhões de dólares/ano, compreendendo as empresas de contrato e empresas verticalizadas
(ABIROCHAS, 2003). Lodo as empresas de contato, são aquelas que atuam por contratos de
vendas em blocos, ou seja, empresas de pequeno porte. Já as empresas verticalizadas atuam
em todos os elos da cadeia produtiva de rochas ornamentais, sendo eles a pesquisa, a lavra, o
beneficiamento e a comercialização.
No Estado de Goiás, como já foi citado existe muito a produção de blocos de
rochas ornamentais, que ainda esta em seu estado bruto. A produção goiana de blocos é
desenvolvida principalmente por empresas de contrato. Empresas estas que são caracterizadas
por sua atividade intermitente, regulada por fechamento de contratos de venda de
“BLOCOS”. Sua mineração apresenta extração rudimentar e semimecanizada. A
comercialização de blocos corresponde a 90% para a exportação e 10% para o mercado
interno.
As atividades das mineradoras em Goiás são bem variadas, onde são
compreendidas por lavras mecanizadas e semimecanizadas, e também empresas de pequeno
porte, utilizando métodos rudimentares de extração. No município onde se realizou o estudo
encontra-se a empresa Marlin Blue Stone Ltda, que extraí e comercializa blocos de meta-
arcósio. Esses tipos litológicos apresentam um valor agregado significativo no mercado
22
externo. Afloram como matacões que são rochas soltas e arredondadas de grandes dimensões,
alongados e semisoterrados.
Na região oeste de Goiás, está a EDEM, Empresa de Desenvolvimento Mineral,
desenvolvendo em duas frentes de lavra. Uma delas esta no município de Iporá, a partir de
matacões de sienito pertencentes à Suíte Plutônica de Iporá. A outra frente de lavra localiza-se
no município de Piranhas, onde e lavrado o granito Rosa Versailles, pertencente à Suíti
Intrusiva Serra Negra, é uma lavra semimecanizada. Está encontra-se paralisada por motivos
de problemas com a licença ambiental, e também por não ter maquinários necessários para
executar a produção do Rosa Versailles.
Rivette, Paixão e Mandetta (2008) destacam as minerações que se encontra em
algumas regiões no Estado de Goiás. Na região nordeste, encontra-se a mineração Porto Real
Ltda, que adota métodos mecanizados ainda em caráter experimental, tendo em vista a
produção do Granito Cristal Azul. Na região sul está à lavra da GOMINEXP (Goiás
Mineração e Exportação de Pedras Ltda), localizada a cerca de 7 km do município de
Joviânia. São extraídos blocos prismáticos em forma de colunas de basalto, com diâmetro de
0,80 cm e comprimento de 5 m. Na região central do Estado está a MINERAGO Ltda, no
município de Pilar de Goiás próximo à Hidrolina, sua extração é semimecanizada.
.
23
4 PRODUÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS NO MUNICÍPIO DE
PIRANHAS – GOIÁS
O município de Piranhas - Goiás localiza-se na mesorregião do nordeste, pertence
à microrregião de Aragarças. Localiza-se na região intertropical, entre os paralelos 16 e 17,
aproximadamente a 16° 24’ 58” de latitude sul e 51° 48’ 38” de longitude oeste. No
município de Piranhas quanto à produção de matéria prima mineral (extração de rochas
ornamentais) nota-se um grande potencial, sendo que são extraídos tipos de granitos e meta-
arcósio com grande aceitação no mercado nacional e internacional, porém a extração do
granito encontra-se paralisada.
No município encontra-se a Pedreira Marlin Blue Stone Ltda, que é o principal
foco de estudo. Ela se localiza a mais ou menos 15 km do município, aproximadamente a 16°
31’ 32” de latitude sul e 51° 51’ 06” de longitude oeste. (Figura 01).
Figura 1: Imagem satélite da Pedreira Marlin Blue Stone Ltda
Fonte: Google Earth, 2003
Da Marlin Blue Stone são extraídos e comercializados os Meta-arcósios em forma
de blocos, conhecidos comercialmente por Verde Piranhas. (Figura 02). Nesta pedreira
24
também já foram extraídos belos exemplares da meta-conglomerado, que também é uma
rocha metamórfica. Porém a extração desta rocha encontra-se paralisada.
Figura 2: Extração de blocos de Meta-arcósio – Piranhas-GO
Fonte: Márcia Ferreira
Encontram-se também no município outras pedreiras, mas todas hoje com lavra
paralisada. Sendo elas a Pedreira Cajugram Granitos e M. do Brasil, que extraía blocos de
granitos que é o Vermelho Ravena e a Pedreira Granipi - Comércio e Indústria Ltda., que
extraía o granito Rosa Versalles. (Figura 03). A Granipi se encontra mais próximo do
município, a mais ou menos 4 km. Todas elas encontram-se paralisadas devido a alguns
problemas com a licença ambiental, qualidade da rocha e também a falta de maquinários.
De acordo com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), o
licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer
empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e
possui como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de
decisão, por meio da realização de Audiências Públicas como parte do processo. Logo a partir
desta afirmativa nota-se que as devidas pedreiras que foram paralisadas, tiveram por
obrigação que parar a extração das rochas por estarem causando danos ao meio ambiente.
Provavelmente toda extração traz problemas para o meio ambiente, porém os responsáveis
pelas empresas deve se preocupar em recuperar o que for afetado, seguindo corretamente as
leis da licença ambiental.
25
Figura 3 – Extração paralisada do granito Rosa Versalles – Piranhas-GO
Fonte: Metais de Goiás – METAGO
Somente a Marlin Blue Stone Ltda está em atividade no município. Está em
funcionamento já há 09 anos, porém houve um tempo em que ela esteve paralisada por
problema com a licença ambiental e também por estarem com algumas máquinas quebradas.
Pelos mesmos motivos que as outras pedreiras paralisaram (informação verbal)¹1.
Sua forma usual de extração está baseada na lavra de matacões, que são maciços
rochosos de forma arredondada, separados a partir da atuação de agentes intempéricos nas
fraturas e destacados por erosão. Extração esta que é beneficiada por vantagens oferecidas
pela natureza.
O processo de extração de rochas ornamentais começa nas pedreiras, onde essa
rocha é encontrada na sua forma natural. Estas rochas podem ser extraídas de várias maneiras,
no entanto no município de Piranhas, o processo é bastante lento, com formas rudimentares,
baseada na perfuração e uso de explosivos, na forma de matacão. Posteriormente no seu
processo de acabamento dos blocos, faz-se necessário e constante o uso da força braçal, na
perfuração, deslocamento, e apoio no carregamento, caracterizando um processo primário de
extração.
Na grande maioria das operações, se fazem uso de marteletes pneumático, que
fazem os furos nos matacões, compressor de ar, que libera ar comprimido para os marteletes,
explosivos entre várias outras ferramentas. A perfuração costuma ser feita através de carretas
1Entrevista com Roberto Silva, operário da Pedreira Marlin Blue Stone Ltda, sobre a extração de rochas no
município de Piranhas, Goiás, outubro, 2010.
26
de perfuração pneumáticas ou marteletes pneumáticos, sendo, em geral, realizados furos com
diâmetros de 40 a 51 mm, onde serão introduzidos e detonados os explosivos. No entanto, as
pedreiras localizadas dentro das cidades devem fazer uso de um processo diferenciado que
utiliza um determinado equipamento denominado “Rompedor”, máquina essa propícia para
uso em área urbana, sendo atualmente imposta pelos órgãos ambientais.
Quanto ao transporte dos blocos, os mesmos depois de passarem por todos os
processos de divisão são empurrados até o local do embarque por meio de pás carregadeiras,
depois são laçados por cabos de aço e puxados por um guincho rudimentar, que são
levantados com a ajuda de uma pá mecânica para serem colocados em caminhões e/ou bi-
trem, e assim serem transportados para comercialização. Os blocos depois de erguidos são
colocados sobre caminhões e/ou bi-trem que podem suportar, mesmo sem condições técnicas
e mecânicas, até dois blocos, com peso total de 60 toneladas.
O destino dos blocos quando é o mercado interno, são transportados até as serrarias
de alguns Estados vizinhos, e quando é o mercado externo, os blocos são conduzidos para
portos, onde são embarcados para países consumidores, como China, Itália e os Estados
Unidos. Neste caso da exportação, a distância dos portos acaba saindo a nosso favor por um
critério. Como a pedreira se encontra no Centro-oeste do Brasil, os portos para a embarcação
das rochas acabam sendo todos distantes, a mais ou menos 1000 km dos portos marítimos,
assim o valor de nossas rochas acabam saindo com um acréscimo devido ao frete das rochas.
Mas também este é um dos fatores que tem inibido o crescimento da indústria goiana de
rochas.
4.1 Os blocos de rochas ornamentais
Como já foi relatada, no município de Piranhas, a forma de extração das rochas
ornamentais está firmada somente na retirada dos blocos. Mas esta forma de extração como já
foi relatado ao longo do trabalho é exercida por uma grande maioria das pedreiras da região
de Goiás.
A pedreira Marlin Blue Stone, trabalha com a extração de blocos, em específico o
meta-arcósio, o popularmente Verde Piranhas. Há algum tempo atrás a pedreira extraía
também o meta-conglomerado, que é também uma rocha sedimentar, formada de fragmentos
arredondados de diâmetros superior a 2 mm, e reunidos por um tipo de cimento. Mas hoje a
27
pedreira não produz mais essa rocha, pois para eles o meta-conglomerado não tem um bom
preço no mercado e é encontrada em várias regiões do Brasil, logo não compensa a extração
dessa rocha.
O maior problema desta pedreira esta na sua forma de extração. A Marlin Blue
conta com equipamentos rudimentares, e é uma empresa de pequeno porte, por isso ela não
consegue atender a outras demandas, como o beneficiamento das rochas ornamentais. Outro
fator que leva a pedreira a extrair os meta-arcósio somente em forma de blocos, e que uma
grande maioria dos compradores, preferem que eles mesmos façam o beneficiamento, ou seja,
os compradores da matéria prima mineral preferem os blocos em seu estado bruto, para
trabalharem, transformando-os em grandes materiais de revestimento.
Além da extração de blocos, a pedreira poderia também trabalhar com os
beneficiamentos das rochas, o que traria mais empregos e mais investimentos para o
município, pois são nesses produtos que estão agregados os maiores valores comerciais. Ou
seja, o município de Piranhas enquanto um grande fornecedor de rochas ornamentais perde
muitos valores trabalhando somente com a extração de blocos.
O beneficiamento de rochas ornamentais refere-se ao desdobramento de materiais
brutos, extraídos nas pedreiras em forma de blocos. Os blocos, logo após serem retiradas das
pedreiras, com dimensões normalmente variáveis de 5 m3 a 10 m3, são beneficiados
sobretudo através da serragem em chapas, por teares, para posterior acabamento e
esquadrejamento até sua dimensão final.
A lâmina plana de aço dos Teares pode ser considerada como sendo uma serra
sem dentes, enquanto as granalhas de aço, ao receberem a pressão exercida pelas lâminas,
exercem justamente o papel dos dentes, provocando o atrito e o desgaste da rocha. Para
colaborar no processo de abrasão é adicionado um meio fluído chamado “lama abrasiva”,
composta normalmente por cal, pó de rocha e água. A lama abrasiva é bombeada sobre o
bloco, permanecendo entre as lâminas em movimento e a superfície da pedra em repouso,
ocorrendo o desgaste de ambos os materiais, até efetuar o corte completo do bloco, que possui
dureza inferior às esferas de aço.
As dimensões das placas ou blocos de granito resultantes são obtidas através de
regulagens dos Teares, quanto ao distanciamento das lâminas de aço, pressão e velocidade de
corte, tipo de granito, tamanho e tipo de granalhas, entre outras. Com isso teremos as diversas
peças de granito, com diferentes dimensões e características.
28
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir de todos os dados apresentados sobre a extração de granitos do município
de piranhas, foi constatado que somente uma pedreira esta em ativa no município, a Marlin
Blue Stone Ltda. Há algum tempo atrás poderiam ser encontradas, mais duas pedreiras no
município, mas foram desativadas por estar com problemas com a licença ambiental, por não
terem os maquinários necessários para trabalhar, e também a qualidade da rocha.
Somente a Marlin Blue Stone, esta em atividade, há nove anos, e é caracterizada
por extrair blocos de Meta-arcósio. As rochas ornamentais podem ser extraídas de varias
formas, como em forma de blocos, chapas, entre outros, porém a Marlin Blue Stone trabalha
somente com a retida de blocos. Isso porque a empresa não tem os maquinários necessários
para outras formas de extração, e o principal, não tem o capital suficiente para exercer outras
formas de agregar valor ao produto, beneficiando o bloco bruto através de teares e
polimentos. Outro fator que leva a pedreira a extrair os granitos somente em forma de blocos,
e que uma grande maioria dos compradores, preferem que eles mesmos façam o
beneficiamento.
A extração de blocos no município poderia melhorar, diversificando as formas de
extração, como o beneficiamento das rochas, por exemplo. Assim aumentaria a renda do
município, mais empregos, entre outros. Mas com a realização do trabalho pode-se perceber
que isso se torna quase impossível para o município. Onde nos deparamos com vários fatores
que deixa de lado a possibilidade de renovar a forma de extração do município, como a falta
de maquinário, a falta de capital, pois outras formas de extração envolveriam um capital
muito alto.
Outro fator que também impossibilita o município de trabalhar com o
beneficiamento das rochas, e a questão da distância de Piranhas até os centros consumidores.
A comercialização das rochas ornamentais esta baseada praticamente, nas exportações, o que
deixa os produtos com valores elevados devido aos fretes. O município se distância a mais de
1000 km dos portos marítimos, sendo que este também é um dos fatores que impede o
crescimento da indústria goiana de rochas ornamentais.
29
REFERÊNCIAS
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em: <http://www.abirochas.com.br/index.php>. Acesso em: 11 abr. 2010.
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Brasil – Revista da Cadeia Produtiva de Rochas Ornamentais do Brasil. n° 18 – Ano II –
Setembro de 2003, p.38-39.
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GO.1999
30
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2004. 47p.
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ANEXO 1 – Localização dos municípios onde se extraem rochas
ornamentais em Goiás
Municípios onde se extraem rochas ornamentais em Goiás
Fonte: Metais de Goiás - METAGO
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ANEXO 2 – Fotos de rochas ornamentais produzidas em Piranhas – GO
Granito Rosa Versalles – Piranhas-GO
Fonte: Metais de Goiás S.A. – METAGO
Granito Vermelho Ravena – Piranhas-GO
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Fonte: Metais de Goiás S.A. – METAGO
Meta-conglomerado – Piranhas-GO
Fonte: Metais de Goiás S.A. – METAGO
Meta-arcósio Verde Piranhas – Piranhas-GO
Fonte: Metais de Goiás S.A. – METAGO
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