1 EXPEDIÇÃO AMIGOS RUMO A FERNANDO DE NORONHA 2015 Um grupo de apaixonados aviadores, em um dia qualquer já no final de 2015, lamentava-se sobre a falta de voos e viagens deste ano, até que um Comandante/Médico-cardiologista, decidido, lança a ideia que acrescentaria uma marca importante à história de nossas jornadas aéreas: voar de Brasília a Ilha de Fernando de Noronha ainda no mês de novembro. Com determinação, sem que qualquer proposta de alteração de cronograma dos demais participantes, coisa rara nesse grupo, fosse vitoriosa, a data foi definida e o projeto estava formatado: seriam 03 aeronaves, partindo de Brasília (Aeródromo Botelho – SIQE), com destino a Fernando de Noronha, com o seguinte roteiro: Brasília - Valença-BA (SNVB), Maceió-AL (SBMO), Natal-RN (SBSG) e daí rumo ao oceano Atlântico em voo para a paradisíaca Ilha de Fernando de Noronha (SBFN). Nos 30 dias que antecederam a partida, cuidamos do planejamento, reservas de Hotel, na Ilha e nas escalas com pernoite, contratação de Vans para o grupo, aluguel de Buggys para Ilha, contratação também de passeios de barco, mergulho etc. Capítulo especial dessas tarefas preparatórias foi dedicado à obtenção de coletes e Balsas salva-vidas e também à burocracia relativa à autorização de pouso na ilha que
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EXPEDIÇÃO AMIGOS RUMO A FERNANDO DE NORONHA 2015
Um grupo de apaixonados aviadores, em um dia qualquer já no final de 2015,
lamentava-se sobre a falta de voos e viagens deste ano, até que um
Comandante/Médico-cardiologista, decidido, lança a ideia que acrescentaria uma
marca importante à história de nossas jornadas aéreas: voar de Brasília a Ilha de
Fernando de Noronha ainda no mês de novembro.
Com determinação, sem que qualquer proposta de alteração de cronograma dos
demais participantes, coisa rara nesse grupo, fosse vitoriosa, a data foi definida e o
projeto estava formatado: seriam 03 aeronaves, partindo de Brasília (Aeródromo
Botelho – SIQE), com destino a Fernando de Noronha, com o seguinte roteiro: Brasília
- Valença-BA (SNVB), Maceió-AL (SBMO), Natal-RN (SBSG) e daí rumo ao oceano
Atlântico em voo para a paradisíaca Ilha de Fernando de Noronha (SBFN).
Nos 30 dias que antecederam a partida, cuidamos do planejamento, reservas de Hotel,
na Ilha e nas escalas com pernoite, contratação de Vans para o grupo, aluguel de
Buggys para Ilha, contratação também de passeios de barco, mergulho etc.
Capítulo especial dessas tarefas preparatórias foi dedicado à obtenção de coletes e
Balsas salva-vidas e também à burocracia relativa à autorização de pouso na ilha que
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é necessário ser obtida com antecedência, junto à administração do aeródromo,
através de correspondência (e-mail) e confirmação 48hs antes da chegada.
Então, às 7 horas de uma nublada manhã do dia 27 de novembro/2015, lá estavam as
nossas três aeronaves, abastecidas e carregadas com um ligeiro excesso de peso graças
a uma carga extra de bons vinhos, espumantes e até cachaças especiais, que iriam
irrigar as belas noites que nos esperavam nessa jornada.
Alinharam na pista 14 de SIQE os Cirrus SR-22, PR-GCB e PR-SOJ e o RV-10 – PR-ZBM,
todos levando neste primeiro trecho até Valença-SNVB os amigos Claudio Roberto,
Carlos Henrique (Caíca), Daniel, Edimar, Gerard, José Rios, Mauricio Beze, Romeu Jr.,
Walter e Wilson. Em Maceió embarcaria o 11° integrante, Flavio Koenigkan.
Após a decolagem, alguns problemas de contato com o Controle Brasília (bastante
congestionado) atrasaram o início da subida, mas superado este obstáculo, em pouco
tempo toda esquadrilha estava voando entre os níveis 090 e 130 em um céu
parcialmente nublado, que se tornou totalmente nublado a partir da metade final do
trecho até Valença. Como estávamos todos voando sob regras de voo por instrumento
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(IFR), prosseguimos nesta rota tantas vezes voada por esta turma em memoráveis
viagens para Morro de São Paulo.
À medida que nos aproximávamos do destino, começamos a torcer para que as
condições na chegada estivessem de acordo com as previsões do TAF (Terminal
Aerodrome Forecast) e permitisse o nosso pouso em condições visuais, uma vez que o
aeródromo de destino não opera IFR.
Já próximos de iniciar a descida, obtivemos a informação que o teto na região de
Valença estava superior a 1.500 pés. Então, com intervalos em torno de 5 minutos as
aeronaves iniciaram as descidas totalmente guardadas em uma densa camada de
nuvens até a altitude de tráfego do aeródromo, que estava operando em condições
visuais.
Já no solo em SNVB, após um voo de 3 horas e 35 minutos, procedemos ao
reabastecimento das aeronaves e lanche para a turma. Interessante recomendar esta
localidade como opção para os aviadores que necessitarem fazer escala técnica na
região de Salvador. A pista é boa, o atendimento do pessoal de terra é excelente,
economiza-se nas tarifas aeroportuárias, além de evitar as complicações e demoras de
SBSV.
Durante o tempo no solo aproveitamos para "brifar" o próximo trecho, que teria um
tempo estimado de voo de aproximadamente 02 horas e seria realizado a 1.500 pés
AGL, sob regras de voo visual, voando rumo norte na vertical da orla até a cidade de
Maceió – SBMO. O clima no litoral estava melhorando, o que prenunciava um lindo
voo acompanhando o litoral nordestino, vislumbrando suas belas praias e o azul do
oceano atlântico.
Após decolagens em sequência, com intervalos de dois a três minutos entre cada
aeronave, seguindo as instruções do controle Salvador, ingressamos no corredor Axé
a 1.500 pés sobre o mar; logo após passarmos o través da Ilha de Itaparica, entramos
na baia de Salvador contornando pelo setor oeste (W) a capital baiana. Ficamos apenas
alguns poucos minutos nesta rota, pois após livrar o través de SBSV, fomos liberados
para voltar à linha do litoral e mais uma vez voarmos sobre o mar.
Esta etapa de nossa viagem ocorreu como um passeio! O visual era lindo, o clima
excelente, em todo o trecho tínhamos contato visual entre as aeronaves
companheiras, tiramos um número incrível de fotos e filmagens da paisagem, inclusive
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com direito ao sobrevoo da foz do Rio São Francisco. Não tínhamos pressa, voávamos
em velocidade de cruzeiro econômica, o importante nesta etapa era observar e curtir
a paisagem.
As localidades litorâneas e as TMA’s vizinhas sucediam-se neste voo sempre
controlado, que cobre todo o litoral nordestino de Salvador a Natal, tornando esta
etapa segura e muito agradável.
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Já chegando em Maceió, ao entrar em contato com o Controle local, ouviu-se o
seguinte diálogo com uma de nossas aeronaves:
Aeronave: Controle Maceió é o PR-???, mantendo 1.500 pés, mais 12 minutos para o
destino;
Controle: Afirmativo, reporte quando visual com o aeródromo;
Aeronave: (Imediatamente na sequência a resposta) Controle Maceió o PR-??? - Está
visual com o Aeródromo;
Controle: (enfático) Jááááááá!!!!!! - Vocês estão 23 milhas afastados;
Aeronave: Confirmo visual com o aeródromo;
Controle: Ok, mas mesmo assim, mantenham a minha escuta e reportem 3 minutos
fora para transferência para Torre Maceió;
Até hoje a tripulação de “olhos de águia” desta aeronave jura que viu o aeródromo e
eu tenho certeza que eles viram, conheço os caras e acredito neles.
Em Maceió, completamos a segunda etapa da jornada. Depois de 2 horas e 10 minutos
de um divertido voo sobrevoando a terra e o mar, todas as aeronaves estavam
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pousadas. Um dos objetivos desta escala era embarcar o amigo Flavio, que nos
acompanharia no restante da viagem e também aproveitarmos as belezas dessa cidade
que iria servir de "esquenta" para o último trecho rumo a Fernando de Noronha, com
direito a praia, passeios de Barco, cervejas, vinhos etc.
No aeroporto a Van contratada já nos esperava para levar ao hotel, dando mostra que
até aqui o planejamento funcionou 100%. O almoço, no meio da tarde, foi na beira do
mar, na praia de Pajuçara.
Depois de “algumas muitas cervejas demais”, dois parceiros de viagem não
observaram que em uma praia tão bonita, quase não tinha ninguém na água, que a
maioria utilizava um chuveiro em frente à Barraca, mesmo assim empreenderam
mergulhos e muitas cambalhotas em uma água com índices de balneabilidade bem
duvidosos, mas como estavam esterilizados pelo álcool, nada de mais aconteceu.
No dia seguinte a nossa chegada, o planejamento previa um passeio de lancha, daí,
logo pela manhã a turma já estava pronta na van para diversão e mais cerveja,
percorrendo a Lagoa de Mundaú em direção à Prainha e Praia do Saco.
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Do Motonáutica Lagoa Clube a lancha partiu com todos seguindo fielmente as
orientações de uma jovem habitante local, que nos indicou os caminhos em busca de
uma famosa patttttinha de caranguejo. Foi realmente um belo passeio, pegamos
alguns jacarés nas ondas da praia do Saco, com direito a caixote e olho roxo de um dos
integrantes da turma, bem enferrujado nesta atividade.
O 29/11/2015 raiou majestoso e com certa carga de ansiedade. Era o dia de
alcançarmos o nosso objetivo principal e bem cedo já estávamos no aeroporto
envolvidos com os preparativos das aeronaves para a jornada até Fernando de
Noronha. O plano previa um voo pelo litoral de Maceió até Natal, aonde pousaríamos
no novo aeroporto de São Gonçalo do Amarante (SBSG) para reabastecermos e
partirmos rumo a Ilha.
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No entanto, devido a atrasos diversos no transporte e abastecimento das aeronaves,
tornou-se necessário acelerar a chegada em Natal. Então, ao contrário do trecho
anterior este voo foi realizado pelo continente, em ritmo de cruzeiro rápido, em torno
de 5.000 pés de altitude. Foi um voo tranquilo para as três aeronaves de ponta a ponta,
percorrendo as 226 milhas em 01 hora e 30 minutos. O único inconveniente desta
etapa ocorreu após o pouso em Natal, quando mais uma vez constatamos como a
utilização destes grandes aeroportos é complicada para a aviação geral,
principalmente tratando-se de aeronaves leves.
Estes grandes aeroportos são planejados para a aviação comercial, não há qualquer
rotina ou estrutura de apoio para nosso tipo de operação, os pátios de estacionamento
são muito afastados, o serviço de abastecimento muito demorado, a circulação dos
tripulantes é restrita e depende da eventual disponibilidade e boa vontade dos fiscais
de pista em nos transportar, sem esquecermos a burocracia excessiva e as taxas
desproporcionais ao pouco serviço que nos oferecem, isso tudo gera transtornos e
demoras imensas em uma simples escala técnica.
Com a experiência de muitas viagens que já realizamos, podemos afirmar que se
houver outra opção na localidade escolhida para uma escala, busque sempre um
aeródromo menor, não tenha dúvida que esta será a melhor escolha, bem mais
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simples e agradável. Só lamentamos que em nosso País, com a expulsão generalizada
dos pequenos aeródromos das grandes cidades, cada dia que passa estas opções estão
menores.
Voltando à nossa viagem, chegou a hora. Aeronaves abastecidas e checadas, coletes
salva vidas vestidos, balsa inflável posicionada, procedimentos de abandono em caso
de amerissagem repassados, e lá vamos nós para o ponto de espera da pista 12 de
SBSG (Natal), ansiosos pela decolagem rumo ao oceano.
Aproximava-se das 11 horas quando nossas três aeronaves iniciaram a decolagem em
busca da proa 076° para iniciar uma jornada com previsão de 1 hora e 25 minutos de
voo, sob e sobre uma paisagem totalmente azul, pontuada por pequenos flocos de
nuvens brancas invasoras, que quebravam a monotonia daquela bela e esperada visão
azul para estes sortudos aviadores.
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A rota entre Natal e Fernando Noronha é de 210 milhas náuticas (397 km) e neste
nosso voo as únicas opções possíveis de pouso, eram os aeródromos de partida ou de
destino, mas tal preocupação é rapidamente superada logo após a decolagem, pela
novidade e emoção de você estar voando sobre o oceano Atlântico em pequenas
aeronaves separadas por poucas milhas de distância.
Voando nos níveis 090 e 110 em
permanente contato com os
órgãos de controle aéreo,
primeiramente o Controle Natal,
posteriormente o Centro Recife e
por último a Rádio Noronha, este
monitoramento permanente
aumenta bastante a sensação de
segurança e vai atenuando a
ansiedade até a visão da Ilha.
Tudo estava tranquilo e com 1 hora e 10 minutos de voo, ainda sem estar com a Ilha a
vista, iniciamos a descida para altitudes em torno de 3.000 pés; durante a descida
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chamamos a rádio Noronha e a simples resposta do controlador local aumentava a
euforia pela chegada. Ultrapassamos uma leve camada de nuvens que cobria o terço
final da viagem e ao longe avistamos o relevo acidentado daquela ilha vulcânica,
cercada de inúmeras e belas praias que era o nosso principal objetivo nesta jornada.
À medida que nos aproximávamos, a vista ficava mais bonita e, na chegada,
autorizados pela rádio Noronha, as aeronaves de nossa turma iniciaram o sobrevoo, a
1.000 pés, circundando o arquipélago e vislumbrando aquela bela paisagem de um
ângulo privilegiado que os aviadores sempre podem aproveitar.
Uma a uma as aeronaves de nossa esquadrilha alinharam na final da pista 12 de SBFN,
tocando o solo da ilha e fechando a etapa mais importante de nossa jornada.
No pátio a alegria da turma era enorme e todos ajudavam na tentativa de arrumar as
aeronaves o mais rápido possível, visando aproveitar ao máximo a estadia.
É sempre bom lembrar que
no Aeroporto de Fernando
de Noronha, existe um
serviço de handling operado
por uma empresa privada,
que desde o momento do
pouso da aeronave tenta de
todas as formas “impor” a
prestação dos seus serviços,
cujo valor é extremamente
elevado. Importante alertar
aos futuros viajantes que o
aeródromo de Fernando de
Noronha é público e sujeito,
portanto, apenas ao preço
público, legalmente fixado, sem
qualquer obrigatoriedade de se
contratar o serviço de qualquer
empresa para ter direito a lugar
no pátio, permanência ou
guarda da aeronave, a não ser
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que seja de seu interesse contar com uma sala de recepção e serviço de carregadores
de bagagens.
Anote-se que o ingresso em Fernando de Noronha é controlado e só é permitido para
as pessoas que estão com a hospedagem devidamente contratada e a taxa
correspondente ao período de permanência paga.
Asssim, com as aeronaves amarradas e
cobertas, partimos para a área de
“imigração”, na recepção do aeroporto,
para o pagamento da taxa de ingresso
na ilha e pegar os Buggys que alugamos
para circular pela ilha.
Quase todos os serviços de aluguel de
carros Fernando de Noronha são
simples e extremamente informais,
praticamente tudo é combinado por
email e a entrega e devolução dos carros rápida e descomplicada, no próprio
aeroporto.
Mas com tanta simplicidade às vezes algumas coisas são esquecidas como, por
exemplo: os carros são entregues com o mínimo de combustível, no caso o suficiente
para você ir até o único posto de abastecimento da ilha e reabastecer.
É pouco combustível mesmo, um de nossos Buggys, pilotado pelo Capitão Bob, teve
que ser resgatado após rodar pouco mais de 5 km, ou seja, um trecho entre o
aeroporto e a pousada e mais uma tentativa de volta ao aeroporto. O resgate deste
companheiro tornou-se uma prioridade devido ao carregamento de vinho que estava
com o mesmo.
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Falando em pousada, Fernando de Noronha é um caso à parte. Esqueçam toda relação
lógica de preço/qualidade, pois todas são muito caras e a maioria delas é simples com
pouquíssimos itens de conforto, o serviço
é simpático, mas precário, ou seja, você
tem duas opções: pagar muito caro por
uma pousada simples com um serviço
precário ou deixar o avião na ilha como
pagamento de uma pousada “luxuosa”
(existem poucas).
Os visitantes devem lembrar-se que estão em uma ilha a mais de 200nm do continente.
Tudo que chega lá vem de navio ou avião, com custos bem altos de transporte, sem
contar as elevadas taxas oficiais, cobradas pela administração local para liberar os
alvarás e autorizações de serviços e instalações comerciais, portanto, não esperem
muito pelo que estão pagando, o turismo na
ilha é caro, o negócio é relaxar e aproveitar o
que interessa: as praias, mergulhos e as belas
paisagens.
Logo após o almoço da chegada, circulamos
pelas praias e pontos turísticos da Ilha, alguns
já aproveitaram para pegar uns jacarés em
algumas praias e aproveitamos para
fecharmos uma saída de mergulho para a turma no dia seguinte, quando muitos iriam
pela primeira vez empreender uma aventura submarina, tinha marmanjo com medo
até de tartaruga.
À noite, após o jantar, a turma foi para um boteco legal com muita música boa e cerveja
gelada, um bom momento de descontração para esses amigos que transformam
qualquer simples evento em acontecimento, com muitas conversas e risadas que só as
boas companhias trazem.
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No dia seguinte, Praia do Sancho (paraíso
dos surfistas) pela manhã e à tarde o
esperado mergulho autônomo nas aguas
do parque marinho de Fernando de
Noronha, aonde muitos dos nossos amigos
tiveram a primeira experiência de passear
a mais de 10 metros de profundidade em
contato com a flora e fauna marinha.
Alguns receosos no início, mas eufóricos ao
fim desta nova experiência. A exceção ficou
por conta de um colega que pagou 400 pratas por um mergulho e ficou meia hora a
um palmo de profundidade sem conseguir afundar. Não viu nada, mas pagou assim