ResumoNo menu Inserir, as galerias incluem itens que so
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Fundamentao Terica em Metodologia da Pesquisa.
Pode-se comparar o processo cientfico a um jogo para os jovens
que sempre aparece no jornal: o da histria em quadrinhos sem
legenda. Esse jogo apresenta desenhos para os quais se deve
encontrar uma "legenda" [...]Existe, todavia, uma grande diferena
entre a cincia e as histrias em quadrinhos: no jogo dos quadrinhos,
as decises de preferir uma interpretao outra so pessoais, ao passo
que, para a cincia, trata-se de fazer com que um grupo aceite uma
viso, em meio a relaes de foras e de coeres de todo gnero. A
cincia, quando deixou de ser uma espcie de jogo interpessoal, como
no tempo deDescarteseMersenne, entrou de uma vez por todas na
esfera social.
Vamos iniciar nosso trabalho nesta unidade discutindo os
processos de pesquisa e da produo acadmica em cincias
humanas.Veremos que existem diferenas significativas entre a
pesquisa nas chamadas "cincias da natureza" e nas"cincias humanas",
ramo do conhecimento em que se insere nossos cursos de ps-graduao
em Educao. Assim, trabalharemos os percursos histricos e as
consideraes sobre o que conhecimento e sua relao com a pesquisa
cientfica. fundamental que voc tenha possibilidade de compreender
minimamente o que significa conhecimento e as diversas formas que a
sociedade se relaciona com essas vertentes.Discutiremos a respeito
das diferenas entre os diversos tipos de conhecimento e a
aplicabilidade de cada um deles para a nossa vida cotidiana,
acadmica e profissional.Voc ver que existe hoje uma abordagem de
conhecimento preocupada com a especificidade da construo do
conhecimentopara a rea educacional. Isso fundamental, pois, durante
muitos anos, e por causa da influncia do paradigma positivista, as
pesquisas em Educao ancoraram-se em metodologias das "cincias
naturais" ou, quando muito, em preceitos dascincias sociais, mas
sem levar em considerao as especificidades da construo do saber no
mbito dos processos educativos.-Nossa inteno fornecer-lhe caminhos
para compreenso da dimenso do processo de construo do conhecimento
na rea das Cincias Sociais, em especial a rea educacional.
Esperamos que, ao final, voc esteja em condies de pensar na
perspectiva crtica sobre a organizao do conhecimento e a importncia
da postura de professor pesquisador em sua prtica pedaggica.2)
Conceitos e Fundamentos Tericos sobre a Pesquisa
Cientfica2.1Percursos Histricos e Consideraes sobre o que PesquisaO
conhecimento a construo de significados que as pessoas e a
sociedade fazem sobre o mundo, a partir de experincias da vida
cotidiana. Podemos dizer que a compreenso da realidade, ou seja,
das ideias que construmos, o resultado da nossa relao com o
mundo.No campo filosfico, o conhecimento pode ser estudado sob dois
ngulos:- como ao humana sobre algo a ser conhecido; e
- como bem da humanidade, construdo individual e
coletivamente.
Embora usemos no dia a dia o termo "conhecer" para qualquer
situao de contato do sujeito com o mundo, no podemos us-lo sem
refletir. s vezes, no chegamos a conhecer algo totalmente; apenas o
percebemos ou sentimos. Conhecer algo mais complexo do que
imaginamos.No primeiro sentido, conhecer trazer para o sujeito algo
que se pe como objeto. o processo pelo qual o sujeito leva para sua
conscincia algo que est fora dela. Podemos afirmar que o
conhecimento se manifesta na traduo cerebral de um objeto na medida
em que o renascimento do objeto conhecido em novas condies passa a
existir dentro do sujeito conhecedor.Assim, podemos dizer
queconhecer construir significadossobre algo que nos apresentado.
um processo contnuo e dinmico, que ocorre em nosso dia a dia. No
segundo sentido, o conhecimento um patrimnio da humanidade, formado
pelos saberes humanos acumulados ao longo da Histria. Sob essa
tica, podemos falar de tipos de conhecimento, de acordo com a fonte
sob a qual este foi construdo: sabedoria popular, vivncias ou
experincias cientficas.Trataremos do conhecimento comobem da
humanidade, ou seja, como algo que produzido pelo ser humano para a
sociedade, tendo em vista sua importncia para a construo do texto
acadmico. De acordo com essa abordagem, no h apenas uma forma de se
conhecer a realidade, de entend-la e explic-la.Por exemplo, existem
vrias formas de entender como acontece uma batida de carro.Podemos
dizer que foi Deus quem quis assim, que, ao bater com o carro, Deus
nos livrou de um perigo maior, como a morte, ou ainda, que Ele quis
nos castigar por algo errado que fizemos.Podemos explicar tambm
dizendo que estvamos distrados olhando para uma propaganda na rua e
acabamos por bater o carro, ou, ainda, podemos explicar, dizendo
que a batida do carro aconteceu porque as condies mecnicas do carro
no estavam adequadas e que o desgaste dos freios provocou uma baixa
aderncia ao cho, provocando a batida.
A histria do pensamento humano comeou a mudar com o surgimento
da Filosofia, no sculo V a.C., na Grcia.Foi o momento em que o
homem comeou a buscar outras explicaes para os fenmenos e para a
existncia humana para alm dos mitos e dos deuses. Durante muitos
sculos depois do surgimento da Filosofia, no perodo chamado Idade
Mdia, o pensamento humano ficou polarizado entre a razo e a f,
tendo o pensamento religioso imperado no mundo ocidental como forma
de explicar a realidade.Conforme nos aponta Figueiredo (1979),
durante a Idade Mdia, as referncias coletivas como a famlia, o povo
e, principalmente, a religio eram o amparo para o homem e sua
compreenso sobre o mundo. A religio detinha o poder de deciso sobre
as aes humanas; por isso, ao mesmo tempo em que amparava o homem
tambm o constrangia, retirando dele a capacidade de construir suas
prprias referncias internas.Nos sculos XIV e XV surgem novas formas
de organizao social, provocando uma crise social que culmina com a
contestao das velhas tradies e o rompimento da cincia com a
religio. O pensamento renascentista apregoa que o homem capaz de
decidir por si, sente-se livre e coloca-se na posio de centro do
Universo, buscando objetividade nas suas experincias.A explicao
para os fenmenos naturais e o mundo deixa de ser determinada pelo
sagrado e este se torna um objeto de uso para o prprio homem,
embora a crena em Deus permanecesse. O trabalho intelectual, a
partir desse perodo, torna-se mais intenso e individualizado e a
religiosidade, uma deciso ntima. Figueiredo (1979) chama a esta
individualizao do homem de "experincia da subjetividade
privatizada".No entanto, essa mesma experincia sofre uma crise no
sculo XIX. O homem percebe que existe, presente em todas as esferas
da vida, um regime disciplinar disfarado, que pode ser facilmente
observado nas instituies governamentais, nas relaes trabalhistas e
familiares. Por consequncia, os interesses particulares no comrcio
acabam por desencadear crises e guerras. Como veremos mais adiante,
os trs ltimos sculos foram palco de transformaes circunstanciais
nos paradigmas que governam o pensamento ocidental e,
consequentemente, o significado da cincia e sua influncia na
sociedade.Com o surgimento do Mercantilismo, o declnio do
Feudalismo e as grandes navegaes do sculo XIV, uma nova forma de
compreender a realidade foi se consolidando, por meio do uso da
razo, para otimizar os recursos e transformar a realidade por meio
da tecnologia. nesse perodo de efevercncia de ideias e do
renascimento da razo como forma de explicar a realidade que surgem
novas formas de tentar explicar a realidade por meio da
experimentao e pela razo. J no basta apenas a f ou a filosofia para
justificar as transformaes na natureza e para a racionalizao da
produo dos bens necessrios para a sobrevivncia das pessoas. O
desenvolvimento da tecnologia teve papel fundamental para a
racionalizao dos processos produtivos e o surgimento de uma nova
forma de compreender a realidade.Vrios sculos depois do incio
dessas mudanas, ns veremos que no h uma forma nica de compreender o
mundo.Ns encontraremosquatro tiposimportantes de formas de
conhecimento da realidade: ofilosfico, oreligioso, osenso comume
acincia. Cada uma dessas formas de se compreender a realidade tem
hoje uma funo e um uso de acordo com a necessidade de cada pessoa,
desde sua vida ntima at sua vida profissional.FilosofiaReligio
Em poucas palavras, podemos dizer que o
conhecimentofilosficopretende conhecer a essncia de todas as
coisas.Por exemplo, no caso da batida do carro, o filsofo iria
pensar sobre o que uma batida de carro, de que maneira ela
aconteceu, que consequncias trouxe para o momento de sua ocorrncia
e, especialmente, as suas consequncias para a vida
humana.Diferentemente da filosofia, o conhecimentoreligiosobusca
explicar os fenmenos da realidade a partir da divindade, que pode
ser Deus, Al, Buda etc.Para isso, os religiosos leem a "Palavra",
ou seja, aBblia, oEvangelho, oAlcoro. Eles usam a hermenutica para
entender a realidade, ou seja, estudam a palavra que a divindade
deixou para os seus discpulos. Nesse caso, a batida do carro poder
ser explicada como: "Deus quis", "Al permitiu porque era o melhor
para mim" etc.
Osenso comum conhecido como o conhecimento popular, do dia a
dia, que usamos o tempo todo. O principal objetivo do senso comum
resolver nossos problemas, possibilitar uma vida mais fcil. Assim,
a batida do carro pode ser explicada pela displicncia: estava
distrado, por isso, bati o carro.Outro exemplo: " Vou tomar boldo
porque meu estmago est doendo",ou ainda: "Vou colar durepox no cano
porque est vazando gua "Voc j fez isso? Se sim, voc estava usando o
conhecimento do senso comum! A todo o momento, usamos esse tipo de
conhecimento porque estamos sempre precisando resolver problemas.
Esse conhecimento espontneo, construdo ao longo da nossa histria de
vida, a partir das aes e histrias da nossa famlia, dos amigos, dos
vizinhos.Acincia, outro tipo de conhecimento, bem diferente do
senso comum. A cincia quer explicar a realidade, por meio de
pesquisa, de investigao cientfica, ou seja, de investigao
intencional, baseada em mtodos rigorosos, como observao,
questionrios, testes, experimentos, entrevistas especficos e
passveis de descrio.O senso comum quer resolver problemas do
cotidiano, por isso, no quer comprovar, por intermdio de pesquisa,
suas concluses.Por exemplo, voc no fez pesquisa sobre o durepox ou
sobre o boldo, simplesmente os usou porque sabia, pela sua vivncia,
que eles ajudariam a melhorar sua dor no estmago e a tampar o cano
que estava vazando. Voc deve, em sua memria, lembrar-se de sua av
lhe dizendo: "Meu filho, tome boldo que passa!". Voc seguiu os
conselhos de sua av e deu certo, no teve que estudar as
propriedades qumicas do boldo.Dessa forma, podemos afirmar que os
conhecimentos se diferenciam quanto ao objetivo, ao objeto de
estudo e metodologia.Consulte o quadro a
seguir.ConhecimentoObjetivoObjeto de estudoMetodologia
FilosficoConhecer a essncia de todas as coisas.Essncia dos
fenmenos naturais e sociais.Descrio sistemtica (reflexo,
pensamentos sobre o objeto de estudo).
ReligiosoExplicar os fenmenos naturais e sociais por meio da
f.DivindadeHermenutica (estudo da palavra da divindade).
Senso comum ou popularResolver os problemas do
cotidiano.Qualquer objetoQualquer mtodo: f, memria, sentido
etc.
CinciaExplicar os fenmenos naturais e sociais, a partir dos
cinco sentidos, gerando conhecimento sistematizado, ou seja,
organizado com base em experimentos, com comprovao.Fenmenos
naturais (fenmenos da natureza: chuva, raios, terremotos, reproduo
humana etc.). Fenmenos sociais (fome, violncia, aprendizagem,
poltica etc.).Cientfica: observao controlada, entrevistas,
experimentos etc.
At o momento, temos conversado a respeito da trajetria
percorrida pela humanidade para compreender a realidade, as
concepes e as formas de conhecimento.Refletimos, ainda, sobre a
necessidade que o ser humano tem de ser o detentor da verdade, por
meio daquilo que se manifesta, que aparece em dado momento, ou
mesmo da necessidade de decifrar os enigmas do universo. No
entanto, at meados do sculo XVIII, considerava-se que apenas os
fenmenos naturais seriam passveis de mensurao e predio racional. J
os fenmenos sociais, as formas de organizao da sociedade e as
relaes comerciais e mercantis eram explicados pelo fatalismo ou
pelo determinismo divino.Essa mudana na forma de ver e perceber a
realidade, trazida pelo surgimento do pensamento cientfico
cartesiano no sculo XVII, alicerou o aparecimento nos sculos
seguintes das cincias sociais. Agora no apenas os fenmenos da
natureza poderiam ser explicados pela razo, mas os fenmenos sociais
seriam passiveis de verificao e predio, requisitos fundamentais
para a organizao da sociedade capitalista.O conhecimento cientfico,
ao contrrio das outras formas de conhecimento, apresenta certas
caractersticas que o tornam diferenciado e digno de maior
confiabilidade para poder explicar os fenmenos naturais e
sociais.Vejamos no quadro a seguir.CaractersticasEspecificaes
RacionalConstitudo de conceitos, juzos e raciocnios, e no de
sensaes e imagens.
Transcendente aos fatoConduz o conhecimento alm dos fatos
observados, inferindo o que pode haver atrs deles.
AnalticoAborda fato, processo, situao ou fenmeno, decompondo o
todo em partes.
SistemticoConstitudo de um sistema de ideias correlacionadas:
contm sistemas de referncia, teorias e hipteses, fontes de pesquisa
etc; informaes e quadro explicativo das propriedades
relacionadas.
CumulativoO seu desenvolvimento uma consequncia de contnua seleo
de conhecimento.
ExplicativoTem como finalidade explicar os fatos em termos de
leis e as leis em termos de princpios.
PreditivoFundamenta-se em leis j estabelecidas, pode, por meio
da induo probabilstica, prever ocorrncias futuras.
Outro fator de destaque para compreender um determinado fenmeno
cientificamente o entendimento de que existem abordagens que
fundamentam uma investigao cientfica: aabordagem quantitativae
aabordagem qualitativa.1. Aabordagem quantitativacaracteriza-se
pelo uso da quantificao tanto na coleta quanto no tratamento das
informaes, por meio de tcnicas estatsticas, desde as mais simples,
como percentual, mdia, desvio-padro, s mais complexas, como
coeficiente de correlao, anlise de regresso etc. "Logo, o mtodo
quantitativo constitui-se em quantificar dados obtidos pelas
informaes coletadas por meio de questionrios, entrevistas,
observaes e utilizao de tcnicas estatsticas".(OLIVEIRA, 2007)O
relacionamento entre essas abordagens preconizado por estudiosos do
assunto por meio daviso puristae daviso dialgica. A primeira
defende a teoria da incompatibilidade de opostos, ou seja, tanto
estudiosos da abordagem quantitativa quanto da qualitativa julgam
que no h possibilidade de dilogo entre as duas abordagens. A
segunda, a viso dialgica, refora que, dependendo do problema a ser
investigado, admite-se um ou outro, ou mesmo as duas abordagens em
uma mesma pesquisa. Existe, ainda, a teoria da complementaridade,
decorrente da integrao entre as duas abordagens.Apesquisa
cientficapode ser assim definida:Como o procedimento racional e
sistemtico que tem como objetivo proporcionar respostas aos
problemas que so propostos. A pesquisa requerida quando no se dispe
de informao suficiente para responder ao problema, ou ento, quando
a informao disponvel se encontra em tal estado de desordem que no
possa ser adequadamente relacionada ao problema.(GIL, 1996, p. 17)A
pesquisa cientfica tem diferentes finalidades e pode ser
classificada de diferenciadas formas, critrios e pontos de vista.
Aquela que realizada por meio de questes de ordem intelectual, que
amplia o saber e estabelece princpios cientficos denominadapesquisa
pura; apesquisa aplicada realizada por questes imediatas, de cunho
prtico, e busca solues para problemas concretos. Entretanto,
importante voc conhecer, alm dessas duas modalidades, a classificao
da pesquisa segundo diferentes critrios. Apesquisa cientficapode
ser assim definida:Como o procedimento racional e sistemtico que
tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que so
propostos. A pesquisa requerida quando no se dispe de informao
suficiente para responder ao problema, ou ento, quando a informao
disponvel se encontra em tal estado de desordem que no possa ser
adequadamente relacionada ao problema.(GIL, 1996, p. 17)A pesquisa
cientfica tem diferentes finalidades e pode ser classificada de
diferenciadas formas, critrios e pontos de vista. Aquela que
realizada por meio de questes de ordem intelectual, que amplia o
saber e estabelece princpios cientficos denominadapesquisa pura;
apesquisa aplicada realizada por questes imediatas, de cunho
prtico, e busca solues para problemas concretos. Entretanto,
importante voc conhecer, alm dessas duas modalidades, a classificao
da pesquisa segundo diferentes critrios.CritriosEspecificaes
rea do conhecimentoEducacionais, histricas, sociais
Lugar em que se desenvolvemLaboratoriais, de campo,
etnogrficas
Carter dos dados coletadosQualitativas, quantitativas
Forma de raciocnioIndutivas, dedutivas, dialticas
Utilizao de tcnicas indiretasBibliogrficas, documentais,
tericas
Objetivos imediatosExploratrias, descritivas eexperimentais
Classificao das PesquisasExistem diversas formas de se
classificarem os tipos de pesquisa. Essa classificao depender do
objetivo da pesquisa, dos procedimentos de coleta, das fontes de
informao e da natureza dos dados.Vejamos, no quadro a seguir,uma
sntese dessa classificao e, em seguida, um breve comentrio sobre os
principais tipos de pesquisa utilizados na rea educacional.Tipos de
pesquisas segundo os objetivosTipos de pesquisas segundo os
procedimentos de coletaTipos de pesquisas segundo as fontes de
informaoTipos de pesquisas segundo a natureza dos dados
Exploratria Descritiva Experimental Explicativa Experimental
Levantamento Estudo de caso Bibliogrfica Documental Participativa
Campo Laboratrio Bibliogrfica Documental Quantitativa
Qualitativa
Entre os pesquisadores, a nomenclatura mais difundida a
classificao da pesquisa segundo seus
objetivos:exploratria,descritiva,experimentaleexplicativa.(DIEEHL e
TATIM, 2004; OLIVEIRA, 2007; GONALVES, 2003)ATENO importante
ressaltar que esses objetivos no so excludentes e podem se
intercalar nas diversas fases da pesquisa e em razo do fenmeno
estudado, da sua natureza e abordagem.1. Apesquisa
exploratriaconfigura-se como a fase preliminar, antes do
planejamento formal do trabalho, e tem como objetivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torn-lo mais
explcito ou a construir hiptese ou questes para o processo de
investigao, ou seja, oferecer uma viso panormica, uma primeira
aproximao a um determinado fenmeno pouco explorado.J na classificao
pelo tipo de coleta, as que mais so utilizadas na pesquisa
educacional so: abibliogrfica, adocumental, apesquisa de campo,
oestudo de casoe apesquisa participativa. importante notar que
esses tipos de pesquisas no so excludentes e podero ser combinados
em funo dos objetivos da pesquisa, da abordagem escolhida
(quantitativa ou qualitativa) e da natureza do objeto a ser
estudado (fenmenos fsicos ou da natureza e fenmenos sociais ou
psquicos).Em funo dos objetivos da pesquisa, iremos encontrar
diferentes metodologias e tcnicas de pesquisa. Sero essa tcnicas e
metodologias que daro ao pesquisador fundamentos para a organizao
de seu trabalho, desde sua concepo, execuo e obteno de resultados.
Vejamos com se distinguemmtodosdetcnicas de pesquisa. Tcnicasso
procedimentos cientficos empregados por uma cincia determinada.
Compreende a aplicao de instrumentais, regras e procedimentos que
facilitam o processo de cosntruao do conhecimento. As tcnicas
utilizadas em pesquisas devem ser compreendidas como meios
especficos para viabilizar a aplicao de mtodos. Mtodosso tcnicas
suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma
rea das cincias ou a todas as cincias.ATENOEstudiosos do assunto
afirmam que a distino especfica entre o mtodo e a tcnica de
fundamental importncia para evitar possveis confuses em uma
pesquisa. Enquanto o mtodo o traado geral das etapas fundamentais a
serem seguidas em uma investigao de cunho cientfico, a tcnica
refere-se aos diversos procedimentos ou meios auxiliares, dentro
das etapas do mtodo.
Mtodos CientficosO mtodo faz-se acompanhar da tcnica, que o
instrumento que o auxilia na procura de determinado
resultado:informao,inveno,tecnologia etc.Em outras palavras:O mtodo
o procedimento que permite estabelecer concluses de forma objetiva,
enquanto a tcnica um sistema de princpios e normas que auxilia na
aplicao dos mtodos, justificando-se por sua utilidade.Portanto, o
mtodo o procedimento que se segue para estabelecer o significado
dos fatos e fenmenos para os quais se dirige o interesse cientfico,
enquanto a tcnica o procedimento prtico que se deve seguir para
levar a cabo uma investigao.A atividade cientfica alavancada
pelamotivao, isto , por uma disposio ntima para buscar novos
caminhos e solues. Essa motivao, em muitos casos, indica os
caminhos a serem percorridos no processo de investigao.Por exemplo,
na pesquisa terica, o pesquisador est voltado para satisfazer uma
necessidade intelectual de conhecer e compreender determinados
fenmenos; na pesquisa aplicada, ele busca orientao prtica soluo
imediata de problemas concretos do cotidiano e assim cada mtodo tem
uma necessidade a ser satisfeita.Percebe-se que a funo social de
uma pesquisa traz implcita a cosmoviso do pesquisador e tambm a sua
maneira de conceber a cincia.
Mtodo IndutivoMtodo Dedutivo
O mtodo indutivo parte do particular (situao concreta) para o
geral (teoria), ou seja, trata-se de um mtodo
empirista.Educacionais, histricas, sociais
Induo um processo mental que parte de fatos, fenmenos, dados
particulares, suficientementeconstatados, para deles extrair uma
verdade geral ou universal, no contida nas partes examinadas.O
mtodo indutivo foi sistematizado por Francis Bacon. Seus passos so
os seguintes. Observao dos fatos ou fenmenos e anlise com vistas a
identificar as suas causas. Descoberta da relao entre os fatos ou
fenmenos, estabelecendo comparaes entre eles. Generalizao da relao
encontrada na etapa anterior para situaes semelhantes (no
observadas).Deduo o processo mental que parte das verdades
estabelecidas para a anlise dos fatos e fenmenos particulares,
verificando sua adequao teoria, usando-os para comprov-la. Esse
mtodo parte do geral para o particular, ou seja, do corpo terico
para as situaes concretas.Os passos do mtodo dedutivo so os
seguintes. Compreenso das bases tericas (verdades universais).
Anlise dos fatos e fenmenos concretos. Estabelecimento de relao
entre a teoria e os casos particulares, comprovando a primeira.
importante adotar alguns cuidados ao utilizar o mtodo indutivo:
ter certeza de que a relao a ser generalizada realmente essencial;
certificar-se de que a generalizao seja feita para fatos ou
fenmenos idnticos aos observados; realizar nmero suficiente de
anlises ou experimentos de forma que a amostra seja representativa
da populao.O uso desse mtodo envolve cuidados entre os quais
destacamos: certificar-se de que a explicao possui bases tericas
slidas; deve aplicar-se situao particular analisada e estabelece
relao entre as explicaes e as premissas, o que constitui o ponto
central do mtodo.
Mtodo Hipottico Dedutivo
Karl Raymund Popper, formulador do mtodo hipottico-dedutivo,
afirma consistir esse mtodo na construo de conjecturas que devem
ser submetidas aos mais diversos testes possveis:crtica
intersubjetiva,controle mtuo pela discusso crtica,publicidade
crticaeconfronto com os fatos, para ver quais hipteses sobrevivem
como mais aptas na luta pela vida, resistindo, portanto, s
tentativas de refutao e falseamento.Popper (apud LAKATOS e MARCONI,
1991, p.67) contestava o mtodo indutivo, considerando que a induo
no se justifica, pois leva a volta ao infinito, na procura de fatos
que a confirmem, ou ao apriorismo, que consiste em admiti-la como
algo j dado como simplesmente aceito, sem a necessidade de ser
demonstrada, justificada.Veja, a seguir,o esquema dos passos do
mtodo hipottico-dedutivo para Popper, sistematizados por Lakatos e
Marconi, 1991, p.67):por Lakatos e Marconi, 1991,
p.67):Aparecimento do Problema(Normalmente em funo de conflitos
entre expectativas e teorias.)
Conjectura sobre Possvel Explicao Nova(Com a deduo de proposies
a serem testadas.)
Testes de Falseamento(Visando refutar as proposies por meio de
procedimentos como a experimentao e a observao. As hipteses
refutadas devero ser reformuladas e testadas novamente. Se forem
confirmadas, sero consideradas provisoriamente vlidas.)
Mtodo PositivistaO mtodo positivista enfatiza que a cincia
constitui a nica fonte de conhecimento, estabelecendo forte distino
entre fatos e valores; um mtodo geral do raciocnio proveniente de
mtodos e tcnicas particulares
(deduo,induo,observao,experincia,comparao,analogiae outros).
Auguste Comte [1798 - 1857]Os principais representantes desse
mtodo so Comte e Durkheim. Ambos acreditam que a sociedade possa
ser analisada da mesma forma que a natureza. Assim, a Sociologia
tem como tarefa o esclarecimento de acontecimentos sociais
constantes e recorrentes. Seu papel fundamental explicar a
sociedade para manter a ordem vigente.No Brasil, temos fortes
influncias do positivismo e como mxima desse mtodo podemos citar o
emprego da frase "Ordem e Progresso" em nossa bandeira nacional,
que foi extrada da frmula mxima do Positivismo: "O amor por
princpio, a ordem por base, o progresso por fim". Essa frase tenta
passar a imagem de que cada coisa em seu devido lugar conduziria
para a perfeita orientao tica da vida social.Comte props os
seguintes passos concebidos para o mtodo positivista. Observao
objetiva (neutra) dos fenmenos; preciso que o sujeito que produz o
conhecimento coloque um limite entre ele e o objeto de estudo.
Valorizao exclusiva do fenmeno, ou seja, que somente pode ser
conhecido por meio da observao e da experincia. Segmentao da
realidade, significa a compreenso de que totalidade ocorre por meio
da compreenso das partes que a compem.
4.3Mtodo EstruturalistaO estruturalismo como corrente
metodolgica foi elaborado na Frana por meio de uma luta aberta
contra o Existencialismo, representado por Sartre, e contra as
formas de pensamento historicista, incluindo o marxismo.Os
estruturalistas consideram que os fenmenos da vida humana no so
inteligveis isoladamente. Por essa razo, necessrio compreender as
relaes entre eles, ou seja, a estrutura que se encontra por detrs
das variaes particulares, constitudas pelos fenmenos.Assim, o mtodo
estruturalista leva em considerao, principalmente, o estudo das
relaes existentes entre os elementos. Como principais representes
desse mtodo podemos destacar Ferdinand Saussure e Jakobson, na
Lingustica; Lvi-Strauss, na Antropologia; e Radcliffe-Brown e
Althusser, na Sociologia; Piaget, na Psicologia; Lacan, na
Psicanlise.O mtodo estruturalista possui duas etapas:a primeiravai
do concreto para o abstrato e,na segunda, do abstrato para o
concreto, dispondo, na segunda etapa, de um modelo para analisar a
realidade concreta dos diversos fenmenos.
Mtodo EstruturalistaO conceito de dialtica tem sua origem na
Grcia antiga. Alguns o atribuem ao filsofo Zenon e, outros, a
Scrates.Scrates criou o mtodo da Ironia e Maiutica, que se
desenvolvia assim: ele fazia uma pergunta, ouvia a resposta,
perguntava de novo refutando a resposta at eliminar as certezas do
interlocutor. Essa a fase chamada de Ironia. No segundo momento, a
Maiutica, voltava perguntando para que o interlocutor reconstrusse
seu conhecimento de forma mais crtica, eliminando as
contradies.
Plato considerava dialtica como sinnimo de filosofia, pois o
mtodo mais eficaz de aproximao do mundo das ideias. Propunha o
dilogo como tcnica para atingir o verdadeiro
conhecimento.Aristteles considerava dialtica como a lgica do
provvel, do que parece aceitvel para todos, ou para a maioria das
pessoas ou para os pensadores mais ilustres.Muitos outros
pensadores fizeram a sua interpretao da dialtica. O mtodo dialtico
ganhou muita fora na Idade Moderna com Hegel (dialtica idealista) e
Marx e Engels (dialtica materialista). De acordo com os pensadores,
as bases tericas modificam-se, o olhar tambm, porm os procedimentos
se mantm.A aplicao da dialtica investigao cientfica envolve uma
anlise objetiva e crtica da realidade, para aprofundar o seu
conhecimento com vistas transformao.Observe que o mtodo parte do
princpio de que no universo nada est isolado, tudo movimento e
mudana, tudo depende de tudo. Assim, a dialtica realiza-se pela
reflexo a respeito da relao sujeito e objeto, confrontando as
variveis e suas contradies para chegar a uma sntese.Totalidade a
compreenso do objeto de estudo s possvel se o considerarmos na
totalidade, tendo em vista a necessidade de estabelecer as bases
tericas para sua transformao.1.Elaborao da Sntese, ou seja,do
conflito resultante da anlise da tese e da anttese surge a sntese.
Esta, por sua vez transforma-se em tese para um novo ciclo, com a
colocao de nova anttese resultando em novasntese e assim por
diante.Veremos agora os mtodos quantitativo e qualitativo, assim
classificados em funo do tratamento dispensado aos dados de
pesquisa.
Mtodo QuantitativoPara Minayo e Sanches (1993, apud TEIXEIRA,
2001, p.24) a pesquisa quantitativa utiliza a linguagem matemtica
para descrever as causas de um fenmeno e as relaes entre
variveis.Esse mtodo considera: a realidade como formada por partes
isoladas; no aceita outra realidade que no seja os fatos a serem
verificados; busca descobrir as relaes entre fatos e variveis; visa
ao conhecimento objetivo; prope a neutralidade cientfica; rejeita
os conhecimentos subjetivos; adota o princpio da verificao; utiliza
o mtodo das cincias naturais (experimental-quantitativo); e prope a
generalizao dos resultados obtidos.Caracterizando-se finalmente
pelo emprego da quantificao tanto nas modalidades de coleta de
informaes quanto no tratamento delas por meio de tcnicas
estatsticas.
Mtodo QualitativoO mtodo qualitativo, contrapondo o mtodo
quantitativo, no emprega um referencial estatstico como base do
processo de anlise de um problema. Esse mtodo privilegia os dados
qualitativos das informaes disponveis.Tendo em vista a sua
importncia e considerando ser esse um mtodo muito utilizado
atualmente no meio acadmico, vamos analis-lo com mais detalhes.
Primeiramente vamos entender os dados trabalhados nesse mtodo.De
acordo com Patton, 1980 e Glazier, 1992 (apud DIAS, 2000, p.1)
segue a constituio dedados qualitativos.1.Descries detalhadas de
fenmenos e comportamentosO exemplo mais prximo de nossa realidade,
nos dias atuais, a questo protagonizada pelos polticos brasileiros
que passam a fazer parte dos noticirios nacionais com envolvimentos
em escndalos financeiros, pessoais, ticos e morais. A comunicao
hoje muito investigativa e procura fazer com que os profissionais
desse seguimento estejam bem sintonizados com os procedimentos
cientficos para elaborarem uma notcia completa e com o mximo de
informaes e detalhes do fato explorado.
Podemos destacar as seguintes caractersticas essenciais da
pesquisa qualitativa. Oambiente naturalconstitui sua fonte direta
de dados; Opesquisadorconstitui o principal instrumento; Osdados
coletadospredominantemente descritivos, conforme descrito
anteriormente; Apreocupao com o processosuperior dedicada ao
produto; Osignificadoque as pessoas conferem aos objetos,
acontecimentos e prpria vida objeto da ateno do pesquisador;
Aanlise dos dadosocorre basicamente em um processo indutivo, ou
seja, parte-se da anlise das situaes particulares para chegar
generalizao.Uma tcnica muito utilizada quando se realiza uma
pesquisa com o mtodo qualitativo o estudo de caso.
Mtodo EstatsticoEste mtodo, idealizado pelo estatstico social
belga Quetelet, permite ao pesquisador extrair dados ou
representaes simples, a partir da anlise de um conjunto complexo de
dados. Esse mtodo se caracteriza por promover uma reduo de fenmenos
polticos, sociolgicos, econmicos, sociais etc. a termos
quantitativos e sujeitos a uma interpretao ou manipulao estatstica,
com a inteno de se encontrar ou detectar relaes entre eles,
permitindo, assim, a realizao de uma generalizao sobre a natureza
ou o significado dos dados analisados.Os testes estatsticos
permitem determinar numericamente tanto a probabilidade de acerto
de uma determinada concluso quanto a margem de erro de um
coeficiente obtido. Os procedimentos estatsticos fornecem
considervel reforo s concluses obtidas, sobretudo mediante
experimentao, observao, anlise e prova.Como exemplo, podemos citar
uma pesquisa entre os participantes deste curso de ps-graduao de
educao, visando caracterizar o perfil da turma.O mtodo estatstico
envolve os seguintes passos. Coleta dos dadosenvolve os
procedimentos de levantamento de informaes. Normalmente se utiliza
uma amostra da populao pesquisada (cerca de 20% do universo).
Organizaoos dados coletados so organizados em intervalos. Descrio
dos dadosos dados so descritos conforme a organizao anterior.
Clculoetapa de clculo dos coeficientes. Interpretao de
coeficientesa tcnica da amostragem permite chegar a concluses
vlidas e realizar previses que se aproximam muito da realidade,
sendo a margem de erro pequena quando se trabalha com a estatstica
descritiva. Uma outra linha de interpretao, da estatstica
inferencial ou indutiva, trabalha com a medida da margem de
incerteza, fundamentada na teoria da probabilidade.
Pesquisa BibliogrficaApesquisa bibliogrficadeve merecer ateno do
pesquisador, especialmente nos trabalhos de concluso de curso de
graduao e ps-graduao lato sensu. Para tanto, fundamental que o
estudante tenha o domnio das tcnicas bsicas para a realizao do
trabalho de pesquisa.Leia com ateno as etapas descritas por Cervo,
Bervian e da Silva, 2007:
Levantamento bibliogrfico necessrio saber como " esto
organizados os textos, as bibliotecas e os banco de dados, bem como
as formas de melhor utilizao " (p. 79). H documentos que esto
disponveis em meios impressos, magnticos e eletrnicos, em
documentos decorrentes de reunies cientficas e at notas de aula.
Portanto, todos os materiais de consulta do pesquisador devem ser
selecionados com vistas ao tema ou aos aspectos que se quer
focalizar.
Apontamentos e anotaes apsa seleo dos materiais, anote as ideias
principais e secundrias, os dados, as informaes ou as afirmaes
contidas nos documentos, tendo sempre em vista os objetivos da
pesquisa. Sugere-se a anotao em fichas que podem ser elaboradas de
acordo com a sua organizao. Para tanto, caso faa uma transcrio de
um trecho do texto original, coloque-a entre aspas ou, se for
parafraseado, mantenha sempre a ideia do autor. Em qualquer um dos
casos, procure sempre citar toda a fonte de pesquisa, inclusive a
pgina.
Exemplo: CERVO, Amado L., BERVIAN, Pedro A.; DA SILVA, Roberto.
Metodologia da Pesquisa. 6. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall,
2007. p. 83.
Ao ter conhecimento dos materiais disponveis para a realizao do
seu trabalho de pesquisa, voc dever iniciar a elaborao do artigo ou
da monografia, sempre atendo aos objetivos que pretende alcanar ao
final dos estudos.Sugere-se que as etapas de um trabalho sejam
subdivididas de acordo com os objetivos especficos, pois, desse
modo, voc estar caminhando no sentido de responder questo ou
hiptese apresentadas no problema e, certamente, atingir o objetivo
geral proposta para a pesquisa.Pesquisa DocumentalMuito semelhante
pesquisa bibliogrfica, a pesquisa documental caracteriza-se pela
busca de informaes em documentos que no receberam nenhum tratamento
cientfico, como relatrios, reportagens de jornais, revistas,
cartas, filmes, gravaes, fotografias e outros tipos de mdias ou
fontes de informao. Pode ser considerada como uma pesquisa de
"primeira ordem", pois vai buscar as informaes diretamente na fonte
para posterior tratamento analtico.Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo, por sua vez, pretende buscar a informao
diretamente com a populao ou com o fenmeno a ser pesquisado.O
pesquisador precisa ir ao espao onde o fenmeno ocorre ou ocorreu e
reunir um conjunto de informaes a serem documentadas, utilizando
tcnicas de coleta que podem variar de acordo com a abordagem e a
forma de interpretar os dados (entrevistas, gravaes, foto,
filmagens etc.).
Planejando o Trabalho de Concluso de CursoTema do
EstudoIniciaremos agora o planejamento da sua pesquisa para
posterior produo do Trabalho de Concluso de Curso TCC. Para tanto
devemos partir de um tema para estudo. a partir do tema que os
outros elementos da pesquisa podero ser delimitados e
formulados.[...] Deve-se escolher um tema que seja significativo e
adequado ao interesse, ao nvel de formao e s reais condies de
trabalho do pesquisador. Constitui dificuldade adicional para o
estudante pretender trabalhar com temas com os quais no tenha
afinidade ou que no despertem motivao ou interesse.(CERVO; BERVIAN;
DA SILVA, 2007: 66)Agora chegou o momento de voc refletir sobre as
ideias que mais lhe interessaram e procurar delimitar o tema. "
[...] dentro de um mesmo tema, deve-se selecionar um tpico para ser
estudado e analisado em profundidade, tornando-o vivel de ser
pesquisado. Evite temas amplos que resultem em trabalhos
superficiais."(CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007: 66)
A delimitao exige especificao, ou seja, voc deve pegar uma ideia
que lhe instigue vontade de aprender mais sobre ela, de conhec-la a
fundo e procurar especificar o que, de fato, voc deseja estudar.Por
exemplo: O investigador est interessado em fazer uma pesquisa sobre
esporte. O assunto esporte amplo e vago. Dever, ento, especificar o
que mais concretamente lhe interessa. Suponha-se que seja o papel
do futebol na sociedade brasileira. Dessa forma, ao se definir o
tema, chega-se, geralmente, ao enunciado do ttulo do projeto
[...](GRESSLER, 2004, p. 111)
A delimitao do tema da pesquisa permite que voc escreva um ttulo
provisrio para o seu trabalho. O ttulo deve se constituir em uma
frase que no deve ultrapassar vinte palavras, deve ser escrito em,
no mximo, trs linhas e deve conter trs elementos que lhe daro
subsdios para a delimitao do problema da sua pesquisa, para a
formulao dos objetivos e para a reviso da literatura.Portanto, por
exemplo, o ttulo da pesquisa deve conter:
Problema do EstudoO problema, o conflito a ser resolvido,
situa-se em forma do questionamento contextualizado bem
explicitado, mencionando, se possvel a origem do problema. o
enfoque em que se busca uma viso especfica num determinado ngulo da
realidade, com vistas a apresentar solues. Portanto, " formular um
problema consiste em dizer, de maneira explcita, clara,
compreensvel e operacional, qual a dificuldade com que nos
defrontamos e que pretendemos resolver, limitando o seu campo e
apresentando suas caractersticas ".(RUDIO, 1985:75)
Um problema de pesquisa deve apresentar uma relao entre duas ou
mais variveis.Por exemplo: a relao existente entre ofutebole
ocomportamento dos brasileiros frente aos problemas enfrentados no
pas. A relao esperada entre essas variveis deve ser deduzida de uma
teoria j existente e o pesquisador deve encontrar formas de
verificar essa relao.ATENOVoc deve ter cuidado para no confundir o
tema de pesquisa com o problema da pesquisa. O tema, mesmo j sendo
uma delimitao, algo menos especfico, ou seja, o tema d a ideia
sobre o objeto de estudo.J o problema de pesquisa deve apresentar o
que de fato nos intriga em relao ao tema. Pensando sobre o tema "o
papel do futebol na sociedade brasileira", podemos refletir sobre o
que mais nos atrai [...]Ser a capacidade dos brasileiros em deixar
de lado suas frustraes? Ser a poltica do po e circo? Sero as
diferenas de comportamento dos brasileiros em diferentes
estados?Podemos definir diferentes problemas a partir do mesmo tema
de pesquisa. Para que melhor possamos delimitar o problema,
fazem-se necessrias leituras prvias sobre o assunto em questo. Um
exame da literatura pertinente ao problema (relatos de pesquisa,
teorias utilizadas para explic-lo) de fundamental importncia.
Caractersticas de um Problema1. O problema deve refletir ou
estabelecer a relao entre duas ou mais variveis.Ao formularmos o
nosso problema, devemos ter cuidado para no envolvermos juzo de
valor. Veja o exemplo de um problema de pesquisa.O pesquisador est
interessado em saber sobre a relao entre o futebol e o
comportamento dos polticos brasileiros. Para esse estudo, levanta a
seguinte questo.O problema de pesquisa est formulado. Apresenta-se
de forma interrogativa e demonstra uma relao causal entre duas
variveis (momentos de Copa do Mundo e medidas polticas).Porm, essa
formulao do problema apresenta um julgamento de valor e se
constitui de forma vaga. O que so medidas boas para a populao? O
que bom ou mal para a populao? De que populao brasileira estamos
falando? O problema pode ser melhor delimitado se as variveis forem
apresentadas da seguinte forma. Existe relao entre a implementao de
medidas polticas no Brasil e o momento de Copa do Mundo?A partir
dessa definio, o pesquisador estar apto a buscar na literatura as
fontes necessrias para resolver o seu problema de pesquisa.
importante que se apresente a literatura acadmica encontrada a
respeito do problema de pesquisa.Leia, a seguir, um trecho retirado
do livro de Alves-Mazzotti Gewandsznajder (1999) que nos ensina
como apresentar o problema de pesquisa na introduo do trabalho
acadmico (projeto de pesquisa e artigo cientfico).Creswell (1994)
apontaquatro componentes-chavenaIntroduo de um projeto de
pesquisa:a)apresentao do problema que levou ao estudo
proposto;b)insero do problema no mbito da literatura
acadmica;c)discusso das deficincias encontradas na literatura que
trata do problema; ed)identificao da audincia a que se destina
prioritariamente e explicitao da significncia do estudo para essa
audincia. Para elaborar uma introduo que contemple esses
componentes, o autor oferece algumas sugestes interessantes.Na
apresentao do problema, recomenda:
a) iniciar com um pargrafo que expresse a questo focalizada
inserindo-a numa problemtica mais ampla, de modo a estimular o
interesse de um grande nmero de leitores;
b) especificar o problema que levou ao estudo proposto;
c) indicar por que o problema importante;
d) focalizar a formulao do problema nos conceitos-chave que sero
explorados; e
e) considerar o uso de dados numricos que possam causar
impacto.
Aodiscutir a literatura relacionada ao tema, recomenda que se
evite a referncia a estudos individuais, agrupando-os por tpicos
para efeito de anlise. A referncia a vrias pesquisas uma a uma, alm
de desnecessria, torna a leitura o texto extremamente tediosa.
No que se refere s deficincias encontradas na literatura,
sugere:
a) apontar aspectos negligenciados pelos estudos anteriores,
como, por exemplo, tpicos no explorados, tratamentos estatsticos
inovadores ou implicaes significativas no analisadas;
b) indicar como o estudo proposto pretende superar essas
deficincias, oferecendo uma contribuio original literatura na
rea.
Finalmente,com relao audincia, sugere que se finalize a Introduo
apontando a relevncia do estudo para um pblico especfico, que pode
ser representado por outros pesquisadores e profissionais da rea a
que est afeto o problema, formuladores de polticas e
outros.[...]Para ilustrar como um problema de pesquisa deve ser
apresentado na Introduo de um trabalho acadmico, apresentaremos um
exemplo.Apresentao do problema
Existe, atualmente, um movimento nacional para incluir todas as
crianas na escola, conhecido como " Incluso Escolar ". Esse
movimento evidencia grande impulso desde a dcada de 1990 e parte do
princpio de que todos, independente de suas condies lingusticas,
sensoriais, cognitivas, fsicas, emocionais, tnicas, socioeconmicas
ou outras, devem estar, preferencialmente, includos na rede regular
de ensino. Porm, o que se percebe em grande parte das escolas
brasileiras a falta de preparo para lidar com a proposta da incluso
escolar, o que acaba contribuindo para que tais alunos permaneam
excludos do processo educacional. A excluso do aluno com
necessidades educacionais especiais da escola real e necessita de
aes urgentes no sentido de que a escola se transforme em um
ambiente preparado para lidar com a diversidade humana.
Insero do problema no contexto da literatura
O Brasil fez opo pela construo de um sistema educacional
inclusivo ao concordar com a Declarao Mundial de Educao para Todos,
firmada em Jomtien, na Tailndia, em 1990, e ao mostrar consonncia
com os postulados produzidos em Salamanca (Espanha, 1994) na
Conferncia Mundial sobre Necessidades Educacionais Especiais:
Acesso e Qualidade.O MEC, em 2001, apresentou a Resoluo CNE/CEB n2,
que institui as Diretrizes Nacionais para Educao Especial na Educao
Bsica, respaldando-se na legislao atual que trata da questo da
pessoa com algum tipo de deficincia. No artigo 7 dessa Diretriz,
encontramos o seguinte texto: " O atendimento aos alunos com
necessidades educacionais especiais deve ser realizado em classes
comuns do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educao
Bsica (p.71)." Fica claro nesse documento que, s em casos
extraordinrios, o aluno PNEE pode ser atendido em classes ou
centros especializados, devendo, tais atendimentos, acontecerem em
carter transitrio. Neste mesmo documento, o conceito de PNEE
apresentado como:" Consideram-se educandos com necessidades
educacionais especiais os que, durante o processo educacional,
apresentarem:I dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitaes
no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das
atividades curriculares, compreendidas em dois grupos:a) aquelas no
vinculadas a uma causa orgnica especfica;b) aquelas relacionadas a
condies, disfunes, limitaes ou deficincias;II dificuldades de
comunicao e sinalizao diferenciadas dos demais alunos, demandando a
utilizao de linguagens e cdigos aplicveis;III altas
habilidades/superdotao, grande facilidade de aprendizagem que os
leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.
(Art. 5, p.70)"
Discusso das lacunas encontradas na literatura de pesquisa
Pesquisas na rea vm sendo realizadas com o objetivo de se
conhecer melhor o " aluno especial ", para que dessa forma a escola
possa estar preparada para receb-lo. Porm, grande parte destas se
baseia em uma concepo liberal de homem que prioriza explicaes
causais lineares e deterministas aos comportamentos de cada
sujeito. O desenvolvimento " normal " do homem j conhecido e
determinado a priori (SOUZA, 2000). Supe-se que ele deve apresentar
certos comportamentos naquela fase do seu desenvolvimento e que, se
no apresentar, ser visto como " anormal ", " deficiente ", ou seja,
ser excludo das instituies que esto preparadas para lidar com este
" normal ".Desta forma essas pesquisas, ao invs de contribuir para
a incluso do aluno especial nas escolas, acabam permitindo que o
inverso ocorra, perpetuando, assim a excluso dos mesmos.
Identificao da audincia e explicitao da relevncia do problemaA
partir dessas constataes fica a questo de como pesquisas na rea
podem contribuir de forma efetiva para a incluso escolar do aluno
com necessidades educacionais especiais, devendo as mesmas
influenciar transformaes no ambiente escolar, onde todos os
envolvidos possam se sentir preparados para lidar com essa
clientela.
Formulao dos Objetivos para o Estudo
O planejamento est se delineando. Voc j tem um ttulo provisrio
para o seu estudo, j definiu o tema e caracterizou o problema de
pesquisa.Agora chegou o momento de voc dar uma direo ao seu
trabalho, ou seja, descrever o que voc pretende, de fato, alcanar
com a realizao do seu estudo. momento de voc formular os objetivos
de sua pesquisa.Como vimos, oobjetivo geral mais amplo e apresenta
uma meta maior, algo que voc pretende alcanar a partir de
desdobramentos da sua pesquisa. Normalmente dizem respeito a
melhorias maiores, em que o estudo em si aparece como uma parcela
de contribuio.J osobjetivos especficosdevem abranger o resultado
esperado de seu estudo, o que voc pretende alcanar ao final de cada
etapa da sua pesquisa. Eles devem ser dimensionados e expressos de
forma explcita, precisa e verificvel e normalmente definem os itens
do artigo.ATENOOs objetivos de uma pesquisa devem ser expostos com
clareza e preciso e devem estar coerentes a todos os elementos do
projeto.Formular objetivos no uma tarefa simples. Devemos ter muito
cuidado ao formul-los, pois eles devem ser cumpridos ao final do
estudo.Leia, a seguir, um trecho do livro de Martins Junior (2008)
que apresenta os procedimentos para a formulao de objetivos:
Quando se deseja escrever os objetivos em seu trabalho o verbo
correto para esse procedimento formular.Exemplo: Neste estudo sero
formulados os seguintes objetivos [...]
Todo objetivo comea com um verbo no modo infinitivo.Exemplo:
Verificar, demonstrar, conhecer [...].
Todo objetivo dever ser alcanvel, ou seja, no se pode formular
um objetivo que no seja passvel de ser atingido. Observe um exemplo
em Educao Fsica.Exemplo correto: Saltar, no mnimo, um metro, em
extenso.Exemplo incorreto: Correr mais veloz que uma bicicleta (o
homem no pode correr muito mais do que 30 km/h, enquanto uma
bicicleta pode atingir os 70 km/h).
Uma pesquisa deve ter (de preferncia) somente um objetivo geral
e tantos especficos quantos forem as metas que se deseja atingir
com o estudo.
Os objetivos devem ser formulados na seguinte ordem: primeiro
formulado o objetivo geral e, em seguida, o(s) objetivo(s)
especfico(s).
Na formulao de objetivos gerais devem ser usados verbos que
proporcionem uma conotao geral frase que os contenham.Exemplo:
Analisar, diagnosticar, estudar [...].
Na formulao de objetivos especficos devem ser usados verbos que
indiquem que os mesmos sero especficos " desta " pesquisa (sero
alcanados ao final da mesma pesquisa).
Exemplos de verbos usados na formulao de objetivos:Exemplo:
Demonstrar, verificar, testar [...].
Na formulao dos objetivos, os verbos devem reproduzir com
exatido as metas que se espera atingir com este estudo. Assim,
existem verbos que so mais aplicados na formulao dos objetivos
gerais enquanto outros so os mais indicados na formulao dos
objetivos especficos.
Fonte: adaptado de:( Martins Junior (2008, p.46-47).