MG Model A 1958 permite curtir a vida e as pessoas Além do vento na cara, o conversível propicia o prazer da interação com admiradores e curiosos Classificados Jornal doCarro Thiago Lasco Você já imaginou como se sentiria ao circular nu pela ci- dade? O engenheiro civil e consultor Flavio Figueiredo garante que rodar com seu MG Model A 1958 rende uma sensação parecida. “O carro é baixo e você fica totalmen- te exposto, como se estives- se nu mesmo”, compara. Não pense o leitor, porém, que o engenheiro se incomo- da com os olhares que atrai o tempo todo. Ele conta que o conversível já rendeu intera- ções inusitadas e momentos cômicos na capital paulista. “Já fui interpelado por uma comitiva diplomática de um país africano, em ple- na Avenida Brasil, pois um dos passageiros era fã do mo- delo”, ele conta. “Em outra ocasião, eu estava parado na esquina do Cemitério do Ara- çá e um morador de rua, visi- velmente alcoolizado, gri- tou: ‘Esse carro é um MG, aquele inglês, não é?’. As pes- soas são sempre simpáticas. Quando você está se sentin- do meio abandonado, al- guém vem puxar papo.” A admiração de Figueiredo pela marca vem de longa da- ta. Ele inclusive se afiliou ao MG Clube do Brasil antes mesmo de ter um exemplar. Quando o diretor do clube che- gou pela primeira vez com o Mo- del A, o engenheiro se apaixo- nou pelo conversível. “Ele havia sido carro de uso diário, mas estava muito ínte- gro. A pintura preta e o interior vermelho eram a mesma combi- nação de um antigo carro de meus pais. Além disso, o ano de fabricação é o mesmo do meu nasci- mento”, enumera. “Mas o carro era dele. Adquiri-lo não passa- va de um sonho.” Alguns meses de- pois, surgiram rumo- res de que o diretor colo- caria o conversível à ven- da. E o sonho de Figueire- do se tornou realidade. O antigo proprietário inclusi- ve se ofereceu para cuidar da restauração do veículo. “Eu achava que um Model A era praticamente inatingível. Quase comprei um Model B, mais acessível, mas não me acer- tei com nenhum. Quando apare- ceu este, foi muito melhor do que eu poderia imaginar”, con- clui o engenheiro. “Há apenas 15 exemplares no País.” A restauração levou quatro meses e foi feita com capricho. “Fomos atrás dos registros do veículo na Inglaterra, para con- firmar as cores e características originais desse exemplar. Ele es- tá totalmente íntegro, nada foi refeito. Apenas demos uma me- lhorada em detalhes como cro- mados e pintura. Eliminamos al- guns pontos de oxidação, troca- mos os amortecedores e revisa- mos os freios”, diz Figueiredo. A céu aberto. O conversível não perde uma oportunidade de passear, sempre com a capo- ta de lona aberta. Figuei- redo é fã de passeios rodoviários com outros antigos, como o Raid So- lidário, o 1000 Milhas Históricas e o ra- li Caminhos do Mar. “O Model A é delicioso de dirigir. O motor 1.5 de quatro cilindros não é para andar for- te, mas tem bom torque e mantém o ritmo da estrada numa boa”, descreve o enge- nheiro. “É um prazer pegar estradas sinuosas com ele, com o vento na cara. E se co- meçar a chover, sem drama! Dependendo da velocidade a que você rodar, a chuva não cai dentro do carro”, explica. Figueiredo conta que rece- be muitas propostas para vender o carro. Várias vezes, os interessados são amigos dele que mandam interme- diários. “Eles acham indelica- do vir diretamente a mim e enviam gente do mercado pa- ra me sondar.”. Ele já cogitou trocar o Model A por um Ja- guar E-Type conversível 1969, mas desistiu. “Seria ou- tro roadster com proposta si- milar. Além disso, recebi um sonoro ‘não’ das minhas fi- lhas, que adoram o meu carro.” (11) 3855.2001 PARA ANUNCIAR Íntegro. Conversível foi restaurado durante quatro meses e está impecável 15 carros é o número de exemplares do MG Model A conversível circulando em território brasileiro, de acordo com Figueiredo + Imóveis FOTOS: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO %HermesFileInfo:Co-1:20190512: O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 12 DE MAIO DE 2019 1