03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 1 EVOLUÇÃO DO CURRÍCULO DE CIÊNCIAS em Portugal Será BLOOM incontornável?
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EVOLUÇÃO DO
CURRÍCULO DE CIÊNCIAS em Portugal
Se
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Sumário
• O currículo de Tyler e os objetivos educacionais de Bloom
• Críticas aos currículos centrados em objetivos
• A emergência dos currículos centrados em competências
• Críticas aos currículos centrados em competências
• Metas curriculares: andamos em círculo?
• Progressão de aprendizagens: mais próximos de uma solução?
Princípios Básicos do Currículo e Ensino (Tyler, 1949)
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• A seleção dos objetivos deve atender às necessidades dos alunos e da sociedade (e passar pelos crivos psicológico e filosófico).
1. Quais os objetivos do ensino?
• O ambiente deve ser manipulado de forma a criar situações estimulantes, que favoreçam o
comportamento desejado.
2. Que experiências educativas?
• Os objetivos comportamentais servem de padrão, segundo o qual se comparam as expectativas iniciais,
com os resultados.
3. Como determinar se os objetivos foram
atingidos?
Avaliar
Analisar
Aplicar
Compreender
Recordar
Criar
2001 Anderson & Krathwohl
A TAXONOMIA DE BLOOM
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Nome Verbo Para
1956
Síntese
Análise
Aplicação
Compreensão
Conhecimento
Avaliação
Bloom, Engelhart, Furst, Hill, & Krathwohl
Retenção de conhecimento
Base para o pensamento de nível elevado
A taxonomia passa a ter duas dimensões: tipo de conhecimento
e tipo de processo cognitivo
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Dimensão dos processos cognitivos
Dimensão do conhecimento
Relembrar Compreender Aplicar Analisar Avaliar Criar
Factual
Conceptual
Procedimental
Metacognitivo
Anderson & Krathwohl (2001)
Como escrever objetivos de aprendizagem
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A frase que descreve um objetivo de aprendizagem:
Anderson & Krathwohl (2001)
Exemplo: Gerar hipóteses explicativas
acerca de um fenómeno observado.
(nome) Objeto conhecimento
Verbo processo cognitivo (de ação)
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1. Um referencial na construção de itens de
avaliação.
2. Uma base para especificar os objetivos
gerais presentes nos documentos
curriculares nacionais.
3. Um meio para determinar a congruência
entre objetivos, atividades e avaliação.
4. Um referencial para avaliar a abrangência
e profundidade de um currículo.
Permite
Bloom, Engelhart, Furst, Hill, &
Krathwohl (1956)
PEDAGOGIA POR OBJETIVOS (Olga Pombo, 1983)
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Diretamente influenciada pela psicologia skineriana (behaviorista), assume que:
1) É possível e legítimo decompor os mais complexos atos
de aprendizagem nos seus elementos mais simples
2) A aquisição progressiva e ordenada dessas unidades de
comportamento permite, simultaneamente, explicar e reconduzir
ao todo.
3) As variáveis relativas ao sujeito que aprende e ao contexto da
aprendizagem são consideradas exteriores ao processo de
aprendizagem.
Estão em causa…
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APRENDIZAGENS
FECHADAS
Comportamentos bem determinados
aquisição
cumulativa
compartimentada
sequencial progressiva
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Todo e qualquer
novo conhecimento
traduz-se sempre
numa alteração
comportamental.
Qual é a tese
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O que se passa é que não vemos como seria possível identificar os
componentes dessas alterações globais do comportamento.”
O somatório dos elementos de um sistema não é igual ao
sistema. A interação entre os elementos gera propriedades
emergentes. Assim, um comportamento é diferente do somatório
dos elementos que o constituem.
…Surgem os currículos baseados em competências
“Porém, à primeira vista, não se vê porque razão iríamos nós discordar de tal
tese. Pois não é verdade que a aprendizagem de uma qualquer disciplina dá ao
homem uma operacionalidade que, de outro modo, lhe estaria vedada?
Certamente que nada disto está em causa…
CRÍTICA À PEDAGOGIA POR OBJETIVOS
(Olga Pombo, 1983)
COMPETÊNCIA
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“Saber em uso” (Perrenoud, 1995), o
oposto de “Saber inerte”.
(2001)
(Nada de verdadeiramente novo)
Contexto ou situação
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saberes
raciocínio
atitudes
comunicação Competência
Conceito sistémico que mobiliza um conjunto
vasto de recursos de diferentes domínios.
A situação é a base e o critério para a competência. É em situação que o indivíduo
desenvolve a competência. Por outro lado, se a situação é tratada eficazmente, o
indivíduo pode declarar-se competente. (Jonnaert, 2006)
competência
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Perspetiva reducionista
Perspetiva integracionista (sistémica)
Teorias de aprendizagem behavioristas
e cognitivistas (o que importa é a
mente: processamento de informação)
Teorias de aprendizagem
construtivistas/ cognição situada
(para além da mente importa o sujeito
e o contexto)
Currículos organizados em torno de
conteúdos e processos cognitivos
(Objetivos).
Currículos organizados em torno de
contextos/situações de aprendizagem
(da vida e académicos).
Ênfase na memória/recuperação (que
está na base do pensamento de
elevado nível)
Ênfase na perceção/ação (“leitura”
que o aluno é capaz de fazer de uma
situação e de agir sobre ela)
Metodologias baseadas na transmissão,
no fluxo e processamento de
informação, nas ideias prévias.
Metodologias centradas no inquiry,
trabalho de projeto, discussão,
interação em pares, simulações.
Abordagem por Abordagem por Vs. Objetivos
Competências
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O professor SABE
os objetivos,
conteúdos e
atividades propostas
para cada ano.
O professor sabe os conteúdos e
atividades propostas para cada ano, mas
NÃO SABE as competências para a sua
disciplina em cada ano.
OPERACIONALIZAÇÃO DOS PROGRAMAS DE CN,
NOS ANOS 70, 80 E 90 E NOS ANOS 2000
An
álise
• Objetivos gerais e conteúdos por
disciplina e ano
• Tabela de Conteúdos/Objetivos
gerais/ n.º aulas/ Sugestões
metodológicas/ termos e conceitos
• Perfil de competências para final de ciclo, por
tema nuclear (4) e por área disciplinar (CN e FQ).
• Conteúdos e Experiências de aprendizagem por
tema e por disciplina.
Abordagem por objetivos Abordagem por competências
ANOS 70, 80 E 90 ANOS 2000
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Objetivos Gerais (Programa de CN, 1991, 7.º ano,
exemplos)
Competências (CFN, 2001, 7.º ano, exemplos)
Qual a diferença na escrita de competências
e objetivos gerais
An
álise
? • Relacionar os tipos de materiais
emitidos pelos vulcões com as
características da respetiva
atividade vulcânica.
• Compreender os fenómenos
vulcânicos e sísmicos como
evidência da atividade terrestre.
• Explicação de alguns fenómenos
biológicos e geológicos, atendendo
a processos químicos e físicos.
• Compreensão de que apesar da
diversidade de materiais e seres
vivos existem unidades estruturais.
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verbo/nome
objeto
PROCESSO COGNITIVO
CONHECIMENTO
Umas vezes de ação, outras vezes, não.
Mais concreto/mais vago
An
álise
Problemas (em Portugal)
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 22
• A competência não conseguiu desligar-se do seu “ancestral” paradigma
comportamentalista, nem de uma visão tecnicista do currículo que enfatiza a
eficácia e competitividade (não é por acaso que o conceito nasce associado à
formação profissional).
• Sendo um conceito sistémico, cada competência deve incluir recursos de
diferentes domínios, o que cria dificuldades de operacionalização escrita. O
resultado final é, normalmente, um objetivo geral.
• É impossível prever todos os contextos ou situações onde as competências
devem ser mobilizadas; mesmo considerando “tipos de situações”.
• Sendo as competências comportamentos complexos (que requerem longos
períodos de tempo para se desenvolverem), só faz sentido serem definidas para
finais de ciclos de escolaridade. As orientações curriculares tornaram-se vagas e
pouco úteis.
• As editoras de manuais escolares definem as aprendizagens, ano a ano,
substituindo-se ao Ministério da Educação e aos próprios professores.
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 25
Uma tendência curricular internacional, marcante desde o início do
presente século, é a explicitação e especificação dos conhecimentos
e das capacidades que os alunos devem alcançar em cada
disciplina.
Das teorias da aprendizagem, ressaltam-se aquelas que salientam a
importância do conhecimento, da memória, da compreensão e da
resolução de problemas. A memória e a compreensão constituem
processos fundamentais na aquisição, integração e recuperação do
conhecimento.
Preconiza-se a necessidade de se organizar a aprendizagem em
sequências coerentes.
An
álise
PRESSUPOSTOS (Texto de enquadramento, no sítio da DGE)
(Despacho n.º 17169/2011)
“É decisivo que não se desvie a atenção dos
elementos essenciais, isto é, os conteúdos.”
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 26
Como surgem as “metas curriculares” no currículo
de Ciências de 2013
Dinâmica externa da Terra (Exemplo, CN, 7.º ano)
1. Compreender a diversidade das paisagens geológicas
1.1. Identificar paisagens de rochas vulcânicas e paisagens de rochas plutónicas
através das suas principais caraterísticas.
1.2. Dar dois exemplos de paisagens de rochas magmáticas em território português.
1.3. Referir as principais caraterísticas das paisagens de rochas metamórficas.
1.4. Indicar dois exemplos de paisagens de rochas metamórficas em território
nacional.
1.5. Descrever as principais caraterísticas das paisagens de rochas sedimentares.
1.6. Apresentar dois exemplos de paisagens sedimentares em Portugal.
1.7. Identificar o tipo de paisagem existente na região onde a escola se localiza.
(objetivo geral)
(objetivos específicos/descritores)
Análise
?
Ênfase no
conhecimento
substantivo e nos
níveis mais baixos
de processos
cognitivos
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Em síntese
DIFERENÇAS
em relação aos anos 70,80 e 90:
-Nunca antes o ME, havia
definido objetivos específicos.
-Nunca se havia confinado ao
conhecimento substantivo
(abandono da abordagem CTS
e da Natureza da ciência).
-Nunca havia dado tanto ênfase
à memorização.
Retorno assumido
à PPO
Análise
Taxonomia de Bloom
Avaliar
Analisar
Aplicar
Compreender
Recordar
Criar
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 29
currículo baseado em
mais
pró
xim
os d
a s
olu
ção
?
PROGRESSÕES DE APRENDIZAGENS
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 30
Descreve um caminho hipotético que os alunos podem percorrer à medida que
desenvolvem formas cada vez mais sofisticadas de raciocínio sobre conceitos e
práticas num determinado domínio, durante um período de tempo prolongado. (Shea e Duncan, 2013).
Linha de investigação recente
Relatórios • Taking Science to School (NRC, 2007)
• Learning Progressions in Science: An Evidence-based Approach to Reform (CPRE, 2009)
• Science: College Board Standards for College Success (College Board, 2009)
Investigação • Journal of Research in Science Teaching, 46 (6). 2009.
• Duschl, R. et al (2011). Studies in Science Education, 47 (2).
Para uma revisão de literatura.
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 31
A visão do Next Generation Science
Standards , NGSS.
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Conceitos
transversais
1. Padrões.
2. Causa e efeito
3. Escala, proporção e quantidade.
4. Sistemas e modelos de sistemas.
5. Energia e matéria: Fluxos
6. Estrutura e função.
7. Estabilidade e mudança.
Práticas
1. Formular questões (ciência) e difinir
problemas (engenharia).
2. Desenvolver e usar modelos.
3. Planear e implementar investigações
4. Analisar e interpretar dados.
5. Usar pensamento matemático e
computacional.
6. Construir explicações e desenhar
soluções.
7. Argumentar a partir de evidências.
8. Obter, avaliar e comunicar informação.
Ideias nucleares
(FQ, CVTE, Engenharia)
Exemplo
•Das moléculas ao organismo
•Ecossistemas
•Traços através das gerações
•Evolução Biológica
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 33
Expetativas de desempenho (articulam as 3 dimensões)
Ano 2 Ano 5 Ano 8 Ano 12
Ideias
nucleares
Práticas
Conceitos
transversais
http://www.nextgenscience.org/
Progressão
Vantagens:
1. Permite visualizar a progressão das ideias nucleares,
em simultâneo, com a progressão das práticas e
conceitos transversais.
2. Os conceitos transversais e as práticas (porque
comuns) criam unidade entre as diferentes
“ciências”, no aspetos que realmente importam.
3. A identificação dos elementos do desempenho,
permite tornar o currículo mais concreto, sem
comprometer a ideia de integração.
Limitações
Há ainda poucas
evidências sobre
como progridem as
aprendizagens.
03/2014 Paula Serra | ENEC 2014 | Faro 34
•Em vez de contrastar, do que precisamos é
de uma síntese.
•Em vez de preconceitos e de “autores
malditos”, do que precisamos é de uma
abordagem cumulativista e continuista
(evolutiva).
•Em vez de constantes “revoluções
científicas”, do que precisamos é de
“ciência normal”.
•Em vez de ciência “contaminada” com
ideologia, do que precisamos é de separar
os campos: Ideologia onde pode haver
ideologia, ciência onde deve haver ciência (podemos defender, por ex., que o currículo deve
estar mais centrado nas necessidade do aluno ou
da sociedade, mas não podemos dizer que uma
linha de investigação é melhor do que outra).