1 FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DO PORTO EVOLUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE METANÁLISES EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA Discentes: Tavares, João; Carvalho, João; Porfírio, Jorge; Lage, Jorge; Marçalo, José; Ferreira, José; Lopes, José; Sousa, Juliana; Botelho, Laura; Barbosa, Leonel Turma 10 2004/2005 Orientador: Dra. Cristina Santos Regente: Prof. Doutor Altamiro da Costa Pereira ABSTRACT OBJECTIVO: Caracterizar e estudar a evolução das metanálises realizadas na especialidade de ginecologia e obstetrícia, segundo vários parâmetros, onde se incluem critérios de qualidade. MÉTODOS: Pesquisou-se na MEDLINE, de 1990 até Janeiro de 2005, combinando-se os termos MeSH: gynecology, obstetrics e meta-analysis. Numa pesquisa paralela, todas as metanálises publicadas em revistas especializadas, foram encontradas. Artigos não vinculados à especialidade foram excluídos. Utilizou-se o programa SPSS ® em procedimentos estatísticos e efectuaram-se testes para aferir a validade dos mesmos. RESULTADOS: Encontraram-se 220 artigos. Nos anos 1990-1992, publicaram-se 19 artigos, 1993-1995, 41 artigos, 1996-1998, 45 artigos, 1999-2001, 57 artigos e de 2002- 2004, 56 artigos. Quanto à distribuição do número de artigos pelos países de indexação: os EUA contabilizaram 167 artigos (76%), a Inglaterra, 30 (14%) e a Irlanda, 8 (4%). Os valores da taxa de publicação de metanálises, por país (sobre cada 10.000.000 de habitantes), registam 20,4 artigos na Irlanda, contra 5,8 dos EUA. As revistas com maior número de metanálises publicadas são: Obstetrics and Gynecology (67), American Journal of Obstetrics and Gynecology (54) e Fertility and Sterility (37); as áreas de “Ginecologia” (41) e “Obstetrícia” (71) registam quase metade dos temas em discussão. A análise da “Qualidade das metanálises” revela uma evolução
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individualmente, para que desta forma, se obtivesse um registo final que demonstrasse
de uma forma mais ou menos cabal, a qualidade de cada artigo.
No entanto, fora definido como assumpção a ser cumprida, que estes parâmetros teriam
de ser aplicáveis apenas aos abstracts dos artigos analisados, único meio logisticamente
realizável, tendo em conta o elevado número dos restantes parâmetros de análise a que
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foram sujeitas as já mencionadas metanálises e o número elevado destas, encontrado.
Procedeu-se igualmente à eliminação de dois parâmetros, por se considerarem de difícil
caracterização devido ao facto da análise ter incidido apenas sobre os abstracts,
restando assim outros nove, aplicáveis sem exacerbadas dificuldades.
Esta avaliação torna-se um pouco subjectiva, dado que foi feita por múltiplos revisores,
pelo que os critérios aplicados por cada um, não foram exactamente os mesmos, apesar
de se ter feito um esforço para que houvesse uma uniformização de parâmetros.
Estes critérios foram aplicados isoladamente a todos os abstracts e full text (apenas 30)
dos artigos, estudando-se estatisticamente os dados obtidos relativamente a cada um dos
dois, realizando-se finalmente uma análise comparativa entre a qualidade do abstract e
full text.
A quarta etapa do protocolo de trabalho relacionou-se com a elaboração de uma base
de dados, utilizando-se para o efeito o programa SPSS®.
A quinta e última fase deste trabalho consiste na elaboração de representações gráficas
que facilmente expõem os dados recolhidos e analisados, apresentando-se por vezes
alguns testes que não só reafirmam a validade estatística dos mesmos, como também
redobram a preocupação dos autores em transmitir informação credível.
Mais pormenores acerca do método estatístico utilizado, bem como da sua importância
neste estudo, poderão ser consultados no tópico Resultados e Discussão, para uma
abordagem mais detalhada.
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RESULTADOS
Quanto à análise estatística dos artigos sobre metanálises em Ginecologia e Obstetrícia
verificou-se uma evolução inequívoca do número de artigos em função da data de
publicação, notando-se apenas uma ligeira descida do quarto para o quinto triénio,
valores concordantes até ao ano de 1997, com dados obtidos numa outra revisão
sistemática sobre ginecologia e obstetrícia [8].
O quarto triénio (1999-2001) atingiu um pico máximo de publicação de 57 artigos de
metanálise e nos três anos subsequentes (2002-2004) registou-se um conjunto de 56
artigos publicados. (Fig.1)
É importante ressalvar que neste caso a amostra analisada foi de N=218 artigos (Vide
Materiais e Métodos).
Em relação à distribuição dos artigos de metanálise da amostra em estudo (N=220),
pelos países de origem dos mesmos, registaram-se claras predominâncias: Estados
Unidos da América com 167 artigos (76%), Inglaterra com 30 (14%) e Irlanda 8 (4%).
No entanto, ao observar-se mais atentamente os valores da taxa de publicação de
metanálises, por cada dez milhões de habitantes, de acordo com os seus respectivos
Fig.1 Gráfico representativo da evolução de publicação de artigos de metanálise, ao longo do tempo. Amostra N = 218
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países de origem, registou-se o facto da Irlanda ser o país com o maior valor de taxa
(20,4), ao invés dos EUA que apesar de ser o país com percentagem mais elevada de
artigos publicados, possui apenas uma média de 5,8 artigos publicados por cada dez
milhões de habitantes (Fig.2).
Para a publicação dos artigos, o idioma mais utilizado foi o inglês, em 98% dos casos
analisados, sendo apenas elaborados 2% em outros idiomas.
Analisando a distribuição do número de artigos publicados pelas revistas seleccionadas,
verificou-se que as 3 revistas com mais artigos publicados são: a Obstetrics and
Gynecology, a American Journal of Obstetrics and Gynecology e a Fertility and
Sterility, em termos globais. Especificamente para cada triénio discriminado, verificou-
se a existência de alguns padrões evolutivos claros. Observou-se igualmente que, de
todas as revistas em estudo, a Obstetrics and Gynecology, é a única que apresenta uma
frequência de publicação elevada e constante (com pequenas oscilações). Além disso
constatou-se que a revista British Journal of Obstetrics and Gynaecology publica
apenas até aos anos 1996-1998, sendo que a partir desses anos, uma nova revista inicia-
se em novas publicações: a BJOG. (Fig.3)
Fig.2 Gráfico representativo dataxa de publicação demetanálises, por cada dezmilhões de habitantes, pelosseus respectivos países deorigem. Amostra N = 220
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Após observação da distribuição dos artigos de metanálise pelas diferentes áreas de
ginecologia e obstetrícia, constatou-se que o predomínio era mantido pelas próprias
áreas de “Ginecologia” e “Obstetrícia”, reunindo cerca de metade das metanálises em
estudo, sendo a restante metade distribuída por diferentes domínios de entre os quais a
Farmacologia Clínica se destaca. É de realçar o aparecimento da Genética Médica a
partir do quarto triénio (inclusive). (Fig.4)
Fig.3 Gráfico representativo do número de artigosde metanálise, referentes às revistas ondeforam publicados, distribuídos por triénios.Amostra N = 218
Fig.4 Gráfico representativo do número de artigosde metanálise, referentes às diferentes áreasda medicina, distribuídos por triénios.Amostra N = 218
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Seguidamente procedeu-se à aplicação de uma das variáveis mais interessantes neste
estudo: os 9 critérios de qualidade de uma boa metanálise. (Vide Anexo II)
A aplicação destes novos critérios, aos 220 artigos de metanálise em estudo, permitiu
que uma série de resultados fossem obtidos quanto à qualidade das metanálises das
áreas supracitadas, desde 1990.
Depois de se quantificar os 9 critérios de qualidade numa só medida global, relacionou-
se este valor com a data de publicação dos artigos, tentando-se estabelecer uma
correlação linear entre as duas variáveis, obtendo-se uma tabela que revelou um
coeficiente de Pearson igual a 0,238. (Fig.5)
De notar que neste caso a amostra em estudo foi N=214, pois nem todos os 220 artigos
em estudo possuíam abstract disponível, pelo que nesses casos os parâmetros de
qualidade não puderam ser aplicados.
Uma análise de elevado interesse passou pela observação da percentagem de artigos,
que em cada ano, cumpria um determinado número de critérios de qualidade.
Esta análise vai permitir a identificação de momentos na história de evolução de
metanálises, em que houve um aumento da qualidade das mesmas, tomando por base o
número de critérios cumpridos. Registou-se uma indubitável melhoria na qualidade das
metanálises nos anos mais recentes, o que se traduz pelo número de critérios de
qualidade que estas cumprem; tendo-se verificado que se tem tornado bastante comum
Fig.5 Tabela de correlação linear. Através do valor do coeficiente de Pearson tentou-se estabelecer uma correlação linear entre a qualidade dos artigos (mediante análise dos abstracts) e a data de publicação dos mesmos.
Qualidade dos artigosmediante análise dos214 abstracts disponíveis
Data de Publicação
Qualidadedos artigosmediante
análise dos214 abstractsdisponíveis
Data dePublicação
Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).**.
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as metanálises cumprirem, 6, 7 e 8 critérios, chamando-se a atenção novamente para o
facto da análise ter incidido apenas sobre os abstracts. (Fig.6).
A comparação da qualidade dos artigos por análise do abstract e da qualidade dos
mesmos por incidência sobre os full text é um interessante dado que permitirá
determinar até que nível esses abstracts estão estruturados de modo a reflectir a
qualidade da própria metanálise, tendo-se associado essas 2 variáveis anteriormente,
através da realização de um teste de Wilcoxon Signed Ranks. Os resultados desse teste
são bastante claros, revelando um valor de P=0,08, permitindo antever uma análise
sobre os abstracts, suficientemente poderosa e fiável. (Fig.7)
Fig.6
Esta representação gráfica permite efectuar um estudo importante acerca da história de evolução dos artigos de metanálise, permitindo observar para cada ano de publicação, a percentagem de artigos que apresenta uma determinada classificação de qualidade, ou seja, a presença de um determinado número de critérios de qualidade cumpridos. Amostra N = 214
Fig.7 Teste de Wilcoxon Signed Ranks. O valor demonstrado na última linha da tabela deste teste, corresponde à probabilidade P. Amostra N = 30
Gostaríamos de agradecer ao Prof. Dr. Altamiro da Costa Pereira, pelas suas valiosas
críticas e todo o aconselhamento à volta deste artigo de revisão.
Estamos igualmente gratos à nossa orientadora Dra. Cristina Santos pelo apoio prestado.
Queríamos igualmente agradecer a gentileza e disponibilidade do Prof. Dr. Peipert, que
nos disponibilizou material e dados importantíssimos para este trabalho.
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Anexos ANEXO I ESPECIALIDADES EM MEDICINA Especialidade de Anatomia Patológica Especialidade de Anestesiologia Especialidade de Angiologia e Cirurgia Vascular Especialidade de Cardiologia Especialidade de Cardiologia Pediátrica Especialidade de Cirurgia Cárdio-Torácica Especialidade de Cirurgia Geral Especialidade de Cirurgia Maxilo-Facial Especialidade de Cirurgia Pediátrica Especialidade de Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética Especialidade de Dermato-Venereologia Especialidade de Doenças Infecciosas Especialidade de Endocrinologia Especialidade de Estomatologia Especialidade de Farmacologia Clínica Especialidade de Gastrenterologia Especialidade de Genética Médica Especialidade de Ginecologia-Obstetrícia Especialidade de Hematologia Clínica Especialidade de Imuno-Alergologia Especialidade de Imuno-Hemoterapia Especialidade de Medicina Desportiva Especialidade de Medicina Fisica e Reabilitação Especialidade de Medicina Geral e Familiar Especialidade de Medicina Interna Especialidade de Medicina Legal Especialidade de Medicina Nuclear Especialidade de Medicina do Trabalho Especialidade de Medicina Tropical Especialidade de Nefrologia Especialidade de Neuro-Cirurgia Especialidade de Neurologia Especialidade de Neuro-Radiologia Especialidade de Oftalmologia Especialidade de Oncologia Medica Especialidade de Ortopedia Especialidade de Otorrinolaringologia Especialidade de Patologia Clínica Especialidade de Pediatria Especialidade de Pneumologia Especialidade de Psiquiatria Especialidade de Psiquiatria Infância Adolescência Especialidade de Radiodiagnóstico Especialidade de Radioterapia Especialidade de Reumatologia Especialidade de Saúde Pública Especialidade de Urologia Cedido gentilmente pela Ordem dos Médicos
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ANEXO II
TABELA COM 11 CRITÉRIOS DE QUALIDADE DE UMA METANÁLISE