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Décima Parte
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Evidenciasdo erropaleontologico

Dec 18, 2014

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Décima Parte

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Petróleo e Ecologia: Uma Contestação à Ciência Ortodoxa

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Evidências do Erro Paleontológico

Toda pesquisa geológica é baseada em mapas feitos com as diversas rochas que compõem a crosta do planeta. As rochas assim mapeadas têm de ser obrigatoriamente datadas e a datação consis-te na determinação da exata ordem do seu aparecimento na crosta. Este o problema que se apresentou aos cientistas brasileiros que iniciaram o trabalho de pesquisa geológica, e especialmente de petróleo, na primeira parte do século passado. Em 1938 fora fundado o Conselho Nacional do Petróleo (CNP) e seus dirigentes tomaram providências para que as rochas, especialmente aquelas onde seria feita a pesquisa de petróleo fossem datadas. Antes daquele ano, no Brasil, nada havia sobre o assunto, e as datações eram feitas pelo sentimento de cada um dos homens incumbidos dos serviços do mapea-mento. Em 1942 foram tomadas as providências para que a informação fosse obtida. Contratou-se um cientista especialista no assunto, e ele tomou providências para obter as informações de que pre-cisavam os geólogos para desincumbir-se de obter o petróleo para o Brasil. Amostras de testemunhos obtidas nos poços de petróleo construídos na Bacia do Recôncavo foram mandadas a laboratórios especializados, tanto na Europa como nos Estado Unidos onde foram estudados por cientistas de renome internacional naquele tempo. As respostas pavimentaram um conhecimento que viria a ser um dos mais refinados estudos feitos pela Estatal do Petróleo Brasileiro. Desse início formou-se no Brasil uma equipe de paleon-tólogos que durante muito tempo pontificou no assunto. Material para ser estudado era abundante, pois a fundação da Petrobras, no início da segunda metade do século, incrementou muito o serviço de perfuração dos poços para pesquisa. Os sedimentos da Bacia são muito fossilíferos e este fato ajudou os pesquisadores a montar uma coluna bioestratigráfica e com isso ficou completado o estudo essencial para o mapeamento da Bacia. Entretanto havia algo estranho no comportamento dos resultados das perfurações que cau-sava preocupação. Os prospectos não funcionavam como era esperado. O estudo dos fósseis era per-feito, mas não acontecia nas formações onde eles eram esperados. A continuidade da ocorrência dos fósseis, completamente ao acaso, ou fora das suas posições esperadas levou ao surgimento de várias teorias, algumas das quais se mantiveram e se mantêm até hoje, a despeito da sua fraca sustentação teórica. Falhas que apareciam apenas para justificar a desordem paleontológica, diápiros sem qual-quer apoio de fatos, discordâncias não reconhecidas regionalmente e até o simples desconhecimento ou desprezo da análise feita no laboratório da Companhia se esta entrava em conflito com a opinião do geólogo ou das chefias. A ocorrência aleatória dos fósseis colocou em cheque outra importante arma da pesquisa na Bacia do Recôncavo. O serviço da geofísica também não funcionava. As pro-fundidades previstas e encontradas eram conflitantes e até o embasamento era confundido com os sedimentos e vice-versa. A confusa bioestratigrafia entrou em contradição e conflito com a litoestratigrafia, seguindo-se o desastre. O serviço de perfuração ia de bom para melhor e o número de poços aumentava as descober-tas e a produção de petróleo, o que embalava a nova posição do Brasil entre os países que produziam

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petróleo. A euforia pelo fato fazia esquecer o conflito existente entre as duas faces científicas que embasavam a pesquisa do petróleo, aqui e no resto do mundo. A produção de petróleo na Bacia cresceu, por meros golpes da sorte, até o início dos anos 70, quando entrou na fase declinante da produção. Naquela época a produção chegou a pouco mais do que 170.000 bpd. Atualmente (2007), a produção está reduzida a menos de 1/4 daquele número e é considerada atualmente uma bacia em extinção, relegada a segundo plano. Estes fatos provocaram a pesquisa que terminou por concluir: Os fósseis existentes nas três dimensões da Bacia do Recôncavo estão misturados por motivos geológicos e não servem para datar, nem para caracterizar ambientes e/ou qualquer formação geológica. Com as datações erradas e conseqüentemente a coluna estratigráfica também desajustada, a geofísica e todos os outros métodos exploratórios, que dependiam daquelas datações, foram induzi-dos ao erro, e explorar petróleo na Bacia do Recôncavo, ficou por conta da boa ou da má sorte e da grande quantidade de petróleo existente na subsuperfície da Bacia. Justificava-se o erro com “falhas” inexistentes. Vejamos se os fósseis estão de fato misturados e desordenados usando os relatórios do pró-prio laboratório de Paleontologia existentes nas pastas de cada poço, apenas acentuando o fenômeno que queremos demonstrar através de gráficos e destaques feitos com os dados dos poços.

Área de Capianga 1-CG-1-BA Prospecto furado em 1959, na parte norte da Bacia. O poço verificaria uma “transgressão dos mares Ilhas sobre um Candeias erodido”. A partir dos dados sísmicos e do mapeamento de superfície, previu-se no prospecto uma coluna estratigráfica que não correspondeu a encontrada. Na figura 10.1A, vê-se como seria o poço quando estivesse pronto. Na figura 10.1B o que aconteceu depois da perfuração. Como pode ser vis-to, não há qualquer relação entre uma e outra coisa. A previsão sísmica para a profundidade do Sergi (formação da base da coluna estratigráfica) a 1.117m, combinada com a informação do Laboratório de Paleontologia, segundo a qual a 1.100m foram constatados fósseis do tempo Ilhas, formação jovem no topo da coluna, levou o geólogo a lan-çar mão de uma falha colocando o Sergi contra o Ilhas. Tal falha, que não fora prevista pela Geofísi-ca, eliminou toda a formação Candeias, toda a Zona “A” e o topo do Sergi que eram os reservatórios mais interessantes para petróleo, segundo as tradições existentes na cúpula exploratória. O geólogo quase foi demitido e o relatório foi rejeitado (documentos na pasta do poço). A interpretação foi severamente criticada pela chefia. Isso provocou uma carta-justificativa do geólogo autor do relatório, sugerindo uma segunda possibilidade estratigráfica, onde,ao contrário do primeiro o Candeias reaparecia em contato falhado ou discordante com o Ilhas aos 778m - com um ponto de interrogação ao lado. Nessa interpretação, a parte inferior da coluna, até o embasamento passou a incluir o Sergi e a Zona “A” e a falha desaparecera como havia aparecido: por encanto (Fig. 10.1C). Na carta-justificativa, o geólogo explicou: “...a colocação do contato Ilhas/Sergi a 1104m: ele levara em consideração as informações paleontológicas que indicavam fósseis do Ilhas a profun-didade de 1100m. De fato, o reestudo das amostras laterais retiradas a 975m e 1058m ainda regis-travam fósseis do Candeias inferior e do Itaparica, respectivamente dentro do intervalo do Sergi”, configurando erro de interpretação geológica. E mais, até o fundo do poço, os fósseis analisados eram somente os associados à “formação” Ilhas.

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Admitida a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico do poço sob estudo, corrompe-se a Lei da Sucessão Faunal e a estratigrafia fica incompreensível, sem qualquer tintura de Geologia. Animais e rochas anacrônicos tornados sincrônicos por força de um relatório. Em Capianga existem fósseis jovens do tempo Ilhas (topo da coluna), dentro do Aliança (base da coluna) algo impossível na natureza. A determinação paleontológica é um fato correto. O fóssil é sincrônico ao tempo Ilhas. O erro consiste em chamar-se “formação” Aliança para aqueles estratos. Eles ainda seriam da “forma-ção” Ilhas, e os sedimentos acima deles não poderiam ser chamados de Candeias, Zona “A” e Sergi. A interpretação da coluna estratigráfica do poço de Capianga gerou muitas discussões entre o Distrito e a sede da Empresa. No Rio de Janeiro (Fig. 10.1D) os relatórios e cartas foram cotejados, e a partir de cópia do perfil elétrico, modificou-se a posição da Zona “A” (que saiu dos 837m para 955m) e de outros parâmetros da coluna, sendo adotada outra solução, também não geológica, pois não considerou, de novo, a Segunda Lei da Sedimentação. Essa atitude em nada alterou a solução do problema estratigráfico da Bacia, mas mostrou a existência de determinado grau de confusão sobre a estratigrafia, tanto na gerência exploratória da Bahia, como na do Rio de Janeiro. A determinação de fósseis Ilhas a 1090m, torna impossível a existência das “formações” Candeias, Zona “A”, e Itaparica acima desse ponto, pela Segunda Lei da Sedimentação. Não estava em discussão o erro cometido pela sísmica de colocar o Sergi naquela profundidade. Eram dois erros cometidos ao mesmo tempo: A solução estratigráfica adotada pela arbitragem feita no Rio de Janeiro e todas as anteriores estavam geologicamente erradas, e o erro virou uma tradição, e uma lenda con-servada até hoje entre os geólogos brasileiros. Vejamos o segundo poço da área. 1-CG-2-BA Prospecto de 1962, cujo “...strongest suport... comes from seismic data.” (Do prospecto). A espessura dos sedimentos seria de 585m, com o Sergi a 535m. Previu-se também que a estrutura neste poço, estaria 500m mais alta que o CG-1 (do prospecto). A estratigrafia deveria ser como a mostrada na figura 10.2, já comparada com a coluna per-furada. Ao fim da perfuração, o geólogo que acompanhou este poço foi mais sensato, e fez um rela-tório mais agradável à gerência achando que o prospecto atingira plenamente o objetivo (o Sergi fora encontrado praticamente onde a sísmica o previra) e a correlação elétrica feita com o primeiro poço era excelente nas palavras do geólogo. Na verdade nada era tão excelente assim. O poço não estava 500m mais alto que o primeiro como previra o prospecto e, além disso, a excelente correlação fora feita com o primeiro poço que estava completamente errado do ponto de vista geológico/estratigráfico como vimos anteriormente.

Relatório da Palinologia0/210m Zona palinológica 3, Ilhas Superior.210/300m Em uma destas amostras situa-se o horizonte palinológico 4a, i.e., topo do Ilhas infe-

rior300/390m Zona 4 superior, i.e., Ilhas inferior.390/480m Possivelmente zona 4 superior possivelmente zona 5 inf (?), com muito material caído

da seção superior, possivelmente Ilhas inferior ou possivelmente Candeias inferior.Observação do autor: ter em conta a diversidade paleontológica para o interva-lo!!

480/561m Zona palinológica 6, i.e., Itaparica

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Observação do autor: ter em mente que o topo do Sergi está marcado aos 515m. Impossível o Sergi com fósseis do Itaparica

Relatório de Ostracóides

Início do poço na formação Ilhas superior parte inferior. Topo do Ilhas inferior entre 240-270m. Não há indicações para Candeias. Primeiros ostracóides da formação Itaparica aparecem entre 480 e 510m Observação: não podemos excluir a possibilidade da existência de um pouco de Candeias, parte inferior acima da Zona “A”, mas achamos que deve ser menos do que 30m.

210-240m Ilhas superior, parte inferior240-450m Ilhas inferior450-480m Ilhas inferior (?)480-510m Itaparica510-561m Itaparica

Observação do autor: topo do Sergi marcado a 515m! Testemunho nº1: 496,68 a 500,68 Itaparica. Os erros cometidos neste poço enquadram-se no mesmo caso dos anteriores. O topo do Sergi está marcado à profundidade de 515m e abaixo desse parâmetro, até o fundo do poço a 563m, há fósseis do tempo da sedimentação do Itaparica, contrariando a Segunda Lei da Sedimentação, impossibilitando a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico. Observe-se ainda que, na divisão estratigráfica apresentada, a espessura do Candeias fica en-tre 388m e 491m, onde a análise dos ostracóides diz que ocorrem fósseis do Ilhas, por isso seguidas de um ponto de interrogação que se observa ao lado, uma situação estratigráfica absurda que não foi justificada. A Palinologia havia determinado Candeias inferior, enquanto a análise dos ostracóides afir-mava que não havia indicação para o Candeias. Vejamos outros poços ainda na mesma região, e com outras irregularidades técnicas prejudi-ciais à exploração. Aparentemente, somente a sísmica não tinha errado nada.

Área de Subaúma

Outro poço pioneiro na mesma Região de Capianga. Prospecto de 1959, oriundo da sísmica (ES-7 e ES-12), e no qual está assinalado:

“...Não se espera que esta locação esteja afetada de maneira incomum pelo rápido acunhamento do Ilhas, como seria o caso do CG-1-BA.”

Segundo as interpretações sísmicas, a coluna estratigráfica seria como a que se vê na figura 10.3, confrontada com a verificada após a perfuração: aqui também, nada deu certo. Como anteriormente, durante a perfuração do poço não houve quem pudesse situar-se na coluna estratigráfica. A 1686m, ultrapassada a profundidade final prevista para o poço (que devia ter terminado aos 1634m segundo o prospecto), a Paleontologia informou que os fósseis encontrados nas amostras eram do Ilhas, repetindo-se o fenômeno de Capianga.

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A 1814m de profundidade, esgotada a capacidade de perfuração da sonda designada para a locação (sonda no 47 com capacidade para perfurar 1800m), sem que tivessem sido encontrados os objetivos do poço, o geólogo brasileiro que o acompanhava, foi substituído por um americano mais experiente. A coluna de perfuração foi trocada por uma mais leve de maneira pudesse ser alcançada maior profundidade por que

“...The confusing facies change exibited in the lower Candeias and Itaparica formation in CG-1-BA has caused the decision to continue to the botton of the Sergi.” (Relatório semanal no 9 da pasta do poço).

Com a coluna mais leve o poço chegou a 1896m de profundidade, ou seja, 96m além da ca-pacidade nominal de perfuração da mesma e 262m além da previsão do prospecto para a profundida-de final, havendo neste ponto um acidente: a ferramenta de perfuração prendeu ameaçando perder-se o poço. Conseguida a liberação da coluna, perfilou-se o mesmo, que foi tamponado e abandonado como seco. Interpretaram-se os resultados do perfil elétrico, dando nomes correntes da estratigrafia regional aos diversos intervalos, sem terem em conta as informações do laboratório da paleontologia que mostravam haver:

• até o fundo do poço, fósseis da zona palinológica no 6, correspondentes à formação Ita-parica;

• nas amostras de calha até o fundo do poço, só foram encontrados microfósseis correspon-dentes ao Ilhas;

• os testemunhos no 24 (1780,5-1786,5m) e 25 (1837-1839m), ambos pertencentes à for-mação Sergi, cujo topo está marcado a 1744m de profundidade, são portadores de fósseis do Ilhas.

A formação Sergi é um intervalo estéril, isto é, não ocorrem fósseis. Em Subauma não so-mente ocorriam fósseis, como estes eram de outra formação e, pior de tudo, geologicamente, bem mais jovem que o Sergi. Aparentemente essas informações não tinham importância. Mas era só aparentemente, pois de novo prostituía-se a Segunda Lei da Sedimentação - pedra angular da ciência geológica e pavi-mentava-se o caminho para o abandono da Bacia e o fim dos estudos paleontológicos na Petrobras.

Área de Caboclo 1-CLO-1-BA Naquela área foram furados dois poços: o primeiro em 1962 e o segundo em 1964. Em Ca-boclo (Fig. 10.4) a sísmica tinha determinado: “...um nariz estrutural no embasamento que favorecia os dois principais reservatórios da bacia.”

Como sempre, o Sergi e a Zona A como objetivos principais. O quadro das previsões estrati-gráficas e dos topos da estratigrafia achada depois da perfuração do poço é o seguinte (a discrepância entre a coisa prevista e a encontrada, é também uma evidência muito forte de que a estratigrafia da Bacia era desconhecida e aparentemente não era coisa de maior importância):

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Formações Topos previstos EncontradosS.Sebastião Superfície Não EncontradosIlhas Superior 227m(-100m) Superfície (127m)Ilhas Inferior Não Previsto 200mCandeias 427m(-300m) 379m(-250m)Zona “A” 502m(-375m) 426m(-297m)

Itaparica 507m(-380m) 444m(-215m)Sergi 527m(-400m) 468m(-339m)Aliança N.Previsto 558m(-431m)Profundidade final 570m 756m(-629m)

Todos os topos das formações foram encontrados mais altos que os esperados.

A 426m topou-se com a Zona A enquanto o Sergi inferior estava a 468m, com 90m de es-pessura, pois fora cortado por uma falha que apareceu após a perfuração do poço para justificar o inusitado. A sísmica não a tinha previsto. O Aliança, que não tinha sido previsto, apareceu, pouco abaixo da previsão do Sergi, e o poço que iria até 570m na profundidade final, com 50m dentro do Sergi, foi até 756m dentro do que foi chamado de Aliança, ultrapassando toda a espessura do Sergi. O topo do Sergi, que tinha sido previsto a 527m, ficou marcado no perfil a 468m. O relatório paleontológico diz o seguinte:

Relatório Paleontológico: Ostracóides.

0-60m Ilhas Superior60-150m Ilhas Superior Parte Inferior150-375m Ilhas Inferior375-465m Ilhas Inferior (?)465-525m Desmoronamento do Ilhas Inferior (topo do Sergi)525-540m Desmoronamento do Itaparica540-555m Desmoronamento do Ilhas inferior555-615m Aliança615-660m Desmoronamento

Obs: A amostra entre 525 e 540m mostrou 2 tipos da formação Itaparica o que faz crer que Itaparica esteja presente na seção (provavelmente entre 444 e 468m). Testemunho nº1: Ilhas inferior. Observação do autor: topo do Sergi está marcado a 468m e o uso do verbete “desmoro-namento” é a maneira de tentar encobrir os erros de fósseis fora das “formações” correspon-dentes. O Sergi neste poço é portador de fósseis do Ilhas e do Itaparica.

Relatório da Palinologia: Polens

“Test. Nº1 (336,3-340,3) e Test. Nº2 (346-349m): provavelmente zona palinológica 5

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inferior, parte inferior, i.é., provavelmente Candeias inferior parte inferior”. Observação do autor: Observar a forte evidência da misturada de fósseis. Fósseis de tempos diferentes (ostracoides do tempo Ilhas e pólens do Candeias inferior) no mesmo teste-munho. Neste pioneiro, o aparecimento de sedimentos de cor vermelha a 558m, balizou a coluna daí para cima. Foram eles chamados de formação Aliança e a parte superior a eles foi segmentada convenientemente para completar a coluna estratigráfica. O resultado da análise paleontológica não foi levado em consideração, e por isso a divisão estratigráfica feita no perfil elétrico é contraditória e errada. O topo do Sergi marcado que foi a 468m de profundidade condicionou os “desmoronamen-tos” apontados no relatório da Paleontologia. Essa palavra, é uma espécie de expediente encontrado para justificar fósseis do Candeias, Ilhas, Aliança, Itaparica etc, dentro de outras formações, ou fora dos seus lugares. Mais uma vez repetia-se o fenômeno: fósseis jovens ocorrendo em formações antigas, trom-bando com conceitos de geologia primária. Os fósseis fora dos seus sedimentos associados foram considerados como desabados, geran-do os pontos de interrogação (fósseis Ilhas dentro da formação Candeias) e uma explicação de como o fenômeno poderia ter acontecido. Com efeito, estão corretas as determinações paleontológicas. É fácil a um paleontólogo ex-periente reconhecer os diversos fósseis que ocorrem em superfície e subsuperfície Os fósseis analisa-dos são característicos do tempo Ilhas. Errada está a interpretação estratigráfica feita pelos geólogos. Uma informação que deve ser destacada é o resultado surgido da análise do testemunho nº 1. Segundo a Paleontologia, os fósseis (ostracóides) encontrados são do Ilhas. Segundo o exame palinológico, os pólens são do Candeias inferior, demonstrando factualmente que os fósseis estão misturados. Vejamos o segundo poço.

1-CLO-2-BA É o segundo poço dessa série (Fig. 10.5A), furado em 1964, dois anos após o primeiro. Pros-pecto da sísmica para verificar a parte alta da estrutura determinada pelo falhamento que ocorrera no primeiro poço. Veja-se a previsão e o resultado da perfuração.

Formações Topos previstos Topos achadosBarreiras Superf.(+200m) Não encontradoIlhas 15m(+185) Superf.(+200m)Candeias 340m(-140m) 517m(-314m)Zona “A” 400m(-200m) Não encontradaItaparica 420m(-220m) 568m(-365m)Sergi 450m(-250m) 637m(-434m)Aliança Não previsto 735m(-532m)Prof.final 520m 780m

Veja o esquema.Observe-se o que diz o relatório do Paleolab (documento da pasta do poço):

Relatório da Paleontologia: Ostracóides

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0-165m Sem ostracóides165/180m Primeiros ostracóides Ilhas Superior375/390m Topo Ilhas Inferior390/630m Ilhas inferior630/750m Desmoronamento (topo do Sergi = 637m)750/765m Topo da formação AliançaTestemunho Nº2 Sem ostracóidesTestemunho Nº3 Sem ostracóidesAmostra lateral:461m Sem ostracóidesAmostra lateral:535m Ilhas Inferior

Resultados Palinológicos:

165/360m Zona palinológica 3 correspondente a Ilhas Superior, parte inferior360/600m Zona palinológica 4 superior correspondente a Ilhas Inferior600/750m Zona palinológica 5 média, correspondente a Candeias Médio, pro-

vavelmente parte basal (topo do Sergi = 637m)

O topo do Sergi fora marcado aos 637m, mas a Paleontologia encontrara fósseis do Ilhas em toda a espessura daquela formação, “desmoronados”, explicam, tentando não ferir fundamente a Lei da Sucessão Faunal ou Segunda Lei da Sedimentação. O testemunho retirado a 535m mostra fósseis do Ilhas infestando a “formação” Candeias desmontando a coluna estratigráfica feita sobre o perfil elétrico. Ao fim e ao cabo, não somente esses poços apresentavam essas anomalias, mas todos os furados na Bacia, foi o que se verificou no prosseguimento da pesquisa. Vejamos mais alguns exemplos marcantes do fenômeno através dos relatórios do próprio Paleolab.

Área de Riachão

1-RIA-1-BA (Fig. 10.6) Oriundo de estudos de superfície feitos pela EPE-3, deveria este prospecto ser raso e testa-ria arenitos do Ilhas superior, os quais seriam atingidos a 80m de profundidade enquanto o arenito S.Paulo-Catu seria encontrado a 900m de profundidade. A chefia da exploração no Rio de Janeiro atendendo argumentações razoáveis para testar as contestações sobre a validade da estratigrafia vigente na exploração do petróleo da Bacia, que naque-le tempo já era um assunto bastante comentado entre os técnicos implicados nos serviços de pesquisa transformou o pioneiro em um poço de pesquisa. Dali por diante, o poço não seria mais raso e deveria parfurar até o embasamento e bem testemunhado. Para isso, acrescentou-se um Adendo do Programa Geológico e de Perfuração do 1-RIA-1-BA nos seguintes termos (documento da pasta do poço):

“O intervalo compreendido entre o topo do Ilhas inferior e o Embasamento deverá ser testemunhado no sentido de dar uma contribuição definitiva ao Estudo da Discordân-cia, que está sendo efetuado pela Seção de Hidrodinâmica. A referida testemunhagem obedecerá um programa maleável, sendo necessária nas evidências de hidrocarbonetos,

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mudanças abruptas de fácies litológicos e outras anomalias estratigráficas passíveis de estudos através de testemunhos.”

Fez-se um novo prospecto para o poço, onde foram modificados os objetivos, a profundidade final prevista que agora passava a ser 3.425m no embasamento, e a capacidade da sonda, agora pedi-da para 4.000m. A estratigrafia prevista seria a que se vê no quadro, que aqui vai confrontada com a encontrada apos a perfuração do poço.

Formações Topos previstos Topos achadosBarreiras Superf.(+115m) ?S.Sebastião 20m(+95m) ?Ilhas superior 80m(+35m) 12mIlhas inferior 1015m(-900m) ?Candeias 1815m(-1700m) 1662mZona A 3175m(-3060m) Não encontradoItaparica(?) 3185m(-3070m) Não encontradoSergi(?) 3225m(-3110m) Não encontradoAliança(?) 3325m(-3210m) 2741mEmbasamento 3425m(-3310m) 2846mProf.final 3425m 2863m

A sonda que perfurou o poço foi uma Bethlehm modelo 1013, com capacidade de perfurar 5.000m, operada pela Petrobras. Como sempre, durante a perfuração do poço, ninguém pôde situar-se na estratigrafia. Os parâmetros de subsuperfície mudaram de profundidade várias vezes, a depen-der do geólogo que estivesse acompanhando o poço, não permitindo conhecer a posição dos contatos entre as formações postuladas. Observe-se os pontos de interrogação na tabela. O fenômeno dos fósseis jovens ocorrendo em formações mais antigas continuou a se verifi-car, e foi constante a ocorrência de petróleo no poço. A correlação com os poços vizinhos foi impos-sível. A 2.846m a sonda toca o embasamento sem alcançar qualquer dos seus objetivos. Em seguida o poço foi perfilado tamponado e abandonado como seco. O embasamento, que estava sendo esperado a mais de 4.000m de profundidade, estava mais raso a 2846m. O relatório final da Paleontologia diz textualmente:

“A partir do testemunho no 25, até a profundidade de 2820m, foram estéreis as amos-tras. Em 2820-2850 encontram-se ostracóides de biozonas mais novas que R-10 (001) e outros não diagnósticos. Na última amostra recebida (2850...?) foram encontrados ainda ostracóides de R-10, junto com outros de R-9 (002).”

Observação do autor: notar que os fósseis reportados no intervalo 2820-2850 foram en-contrados 100m dentro do Aliança cujo topo está marcado a 2741m. Notar ainda que o topo do embasamento está marcado a 2848 (-2728m) e foi furado até 2863m, o que configura 15m de um “embasamento fossilífero”, não com fósseis contemporâneos a sedimentação do embasamento, mas com fósseis do “Aliança” misturados aos do “Candeias médio”. Este erro chama atenção de qualquer pesquisador. Não é o embasamento, mas o conglomerado com seixos do embasamento. A maior parte da profundidade do poço é estéril mostrando que em algumas partes da Bacia a abundancia de fósseis pode ser transformada em raridade.

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Dentro da “formação Aliança” existem fósseis de biozonas mais novas, o absurdo geológico que estamos demonstrando. Os fósseis estão abrasados de maneira que o seu reconhecimento torna-se difícil. Dentro do embasamento aparecem fósseis do Aliança e do Itaparica juntos, um absurdo du-plicado: fósseis de formações diferentes (anacrônicos), e dentro do embasamento... Bastaria este poço para demonstrar que havia algo completamente fora das leis geológicas que regem a exploração. De fato os fósseis estão misturados por uma razão geológica (que veremos adiante), e por isso são, e devem ser considerados como refossilizações, ou seja, eles foram depositados normal-mente e posteriormente redepositados, e não podem ser usados como foram. O Sergi tinha sido descoberto pelo perfil elétrico com muito óleo e o poço foi parado, pois segundo a chefia “...a Petrobrás precisava de petróleo e não de teorias”. Em seguida o poço foi com-pletado e testado, produzindo água e somente água. Hoje, é seco, abandonado, sem petróleo, sem teorias e com um prejuízo incalculável. Observemos outras análises paleontológicas de poços situados em diversas regiões da Bacia, para mostrar mais evidências do fenômeno da mistura dos fósseis segundo a linguagem dos próprios paleontólogos, com grifos nossos.

Área de Caldeirão

1-CAL-1-BA Este prospecto (Fig. 10.7) originou-se do trabalho da equipe de mapeamento de superfície com o auxílio de furos rasos (EPE-3). A locação não tinha apoio da gravimetria nem da sísmica. Di-ziam os técnicos daquelas áreas que, a estrutura da superfície não se refletia em profundidade. Sua estratigrafia original prevista era a seguinte, confrontada com a achada:

Formações Previsão AchadoS.Sebastião Superf.(+135m) Superf.(+135m)Ilhas superior 935m.(-800m) 1038m.(-898m)Ilhas inferior 1535m.(-1400m) 1714m(-1574m)Candeias médio 2055m.(-1920m) 2231m(-2091m)Candeias inferior 2765m(-2630m) ?Zona “A” 2845m(-2710m) 2972m(-2832m)Itaparica 2865m(-2730m) 3018m(-2878m)Sergi 2935m(-2800m) 3075m(-2935m)Aliança Não previsto 3344m(-3204m)P.final 3000m 3449m

Diz o relatório da Paleontologia:

“Não foram encontrados ostracóides da zona R-8. Na amostra 2460m-2490m aparece um conjunto de ostracóides, apresentando formas com preservação diferente, bastante escuros, mal delineados, alguns deformados e desgastados, com indícios de abrasão e rolamento. Outros espécimes mostram-se mais claros, mas com preservação também

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precária impedindo a sua determinação precisa. Entretanto, as características ainda per-ceptíveis parecem sugerir tipos da subzona R-8.1, o que registramos com as devidas restrições. Desta profundidade até 2880-2910m ainda são encontrados estes mesmos elementos esparsos, ao lado de ostracóides não diagnósticos, fragmentos não identificáveis e ostra-cóides de seções mais novas. A subzona R-9.1 está muito bem representada a partir do intervalo 2910-2940m e principalmente no test. no 2 (2919,5-2922,0m) que apresenta uma abundante fauna, diminuindo em quantidade até a profundidade de 3030-3060m; daí para baixo até 3330-3360m somente são encontrados fragmentos não determináveis, ostracóides não diag-nósticos ao lado de ostracóides de seções mais novas. Não foram encontrados ostracóides de R-9.2. Nas amostras 3360-3390m e 3420-3450m aparece em cada uma, um fragmento de ostracóide não diagnóstico, porém com coloração típica da dos osstracóides de R-10 (Aliança).

No testemunho no23, (3363m-3367m) foram encontrados raros fragmentos de folhe-lho cinza escuros com alguns ostracóides mal preservados e impossíveis de determinar, mas que não possuem qualquer semelhança com a fauna R-10. Admitindo a possibilida-de de contaminação foram preparadas mais três porções do mesmo testemunho, as quais se apresentaram estéreis.”

Os fósseis referidos no último parágrafo já tinham sido identificados ao tempo da perfuração como da fauna associada ao Candeias inferior, o mesmo fenômeno que vinha sendo verificado desde 1959 nos diversos poços perfurados na Bacia. Testemunhos não sofrem contaminação, mas a consta-tação do fato mostrava que a Lei da Sucessão Faunal continuava em xeque, tornando a estratigrafia definida sobre o perfil elétrico ininteligível. A interpretação estratigráfica feita sobre o perfil elétrico é um erro sério na exploração de petróleo feita na Bacia. Realmente as interpretações feitas sobre o perfil elétrico, como acontece com a sísmica, também estão prejudicadas pelo erro de datação que ocorre nos sedimentos da Bacia do Recôncavo.

Área de D. João Central

6-DJC-2-BA Nesta área (mais de 1000 sondagens!) selecionamos este poço (Fig. 10.8), furado dentro da Baia de Todos os Santos, cuja profundidade final seria aos 750m, por erros na estratigrafia, foi perfurado até 847m, quando sofreu um blow out.

A estratigrafia prevista e a achada estão na tabela abaixo, onde podem ser observadas as discrepâncias da desorientação estratigráfica:

Formações Topos previstos Topos achadosCandeias inf. -5m -5mZona “A” -50m -10mItaparica -67m -31m

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Zona B -140m -138mSergi -192m -197mAliança -450m -647mProf.final -750m -847mEmbasamento -1126m

Veja-se o esquema acima e compare-se com o Relatório da Paleontologia.:

Relatório da Paleontologia

Moldes indetermináveis na amostra-----> 0-30mTopo da Subzona R-9.2 na amostra-----> 30-60m

Obs: Ostracóides da Subzona R-9.2 presentes em toda a seção até a profundidade final e como desmoronamento a partir da amostra 210-240m. (topo do Sergi a 197m)

Os ostracóides do Itaparica estão presentes até a profundidade final ou seja, 847m, dentro das formações Sergi e Aliança, e nesse caso dados como desabados para tentar evitar a colisão fron-tal com a Segunda Lei da Sedimentação. A própria linguagem do Relatório é sintomática: “o desmoronamento se dá apenas a partir do topo da areia que foi chamada de Sergi”. Fenômeno absolutamente despropositado em Geologia. Vejamos o relatório da Palinologia:

Palinologia

0 a 60m Zona palinológica 6, correspondente a Itaparica210-750m Desmoronamento!

Observações:1. A zona palinológica 6 é muito bem caracterizada, inclusive a parte basal, que raramente

se oferece tão completa para estudo.2. Desde 90-120 a 720-750 são determinados palinomorfos de retrabalhamento de zonas

paleozóicas, principalmente do Carbonífero Inferior e Devoniano Médio.3. Nos intervalos da calha 300 aos 450 e de 600 a 750, encontra-se boa quantidade de pólen

da Zona 6 (Itaparica), parte basal e abundantemente palinomorfos do Carbonífero Inferior e Devoniano Médio, como desmoronamento.

Chamou-se de Sergi uma areia errática que havia aparecido com petróleo inesperado aos 197m, e a partir dessa profundidade, os fósseis foram dados como desabados... Acentuemos as irregularidades tendo em conta a observação no1 do relatório da Palinologia onde a zona 6 “é muito bem caracterizada...que raramente se oferece tão completa para estudo”: Os fósseis estão misturados em toda a espessura dos sedimentos perfurados. Aparecem palinomorfos, não somente do Cretáceo, mas também do Paleozóico (Carbonífero inferior e Devoniano médio). A “teoria do desabamento” fica desmoralizada, pois não pode haver “desabamento” de sedi-mentos não perfurados. Se a bacia é de idade Cretácea, como explicar a presença de fósseis do Paleozóico? O 6-DJC-2 é um poço produtor de petróleo, e pequenos detalhes, aparentemente, não eram importantes, e por isso podiam passar como desconhecidos.

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Área de Rosário 1-RR-1-BA Esta área fica regionalmente ao sul da Bacia a leste do campo de D.João. É um poço-exemplo da confusão entre os estudos paleontológicos e a tentativa de determinar onde é o contato entre o Ilhas e Candeias. Não há maneira nem modos de conciliação, devido exata-mente à misturada dos fósseis existente na Bacia. Neste pioneiro de Rosário, a análise paleontológica termina com a seguinte observação (Documento do poço) reproduzida no Relatório final do geólogo:

“Obs: As determinações paleontológicas do topo do Ilhas inferior e Candeias médio são fornecidos com restrições face a forte contaminação de fósseis dessas formações, que aparecem a partir de 120m. De acordo com a informação do geólogo do poço, essa contaminação deve-se a utilização de lama de perfuração já usada, transferida do campo de Candeias (Relatório Semanal.3). Lamentamos esse fato, principalmente em se tratan-do de um poço pioneiro.”

Aqui também os fósseis estão misturados dificultando o entendimento da estratigrafia o que se diz no relatório com todas as letras. Apenas que dá origem ao aparecimento de nova teoria para explicar a mistura: a lama de perfuração estava contaminada...

Área de Apraiuz

3-APR-3D-BA Área na parte centro-leste da Bacia, ao norte do Campo de Miranga. Nesse poço lê-se o se-guinte resumo paleontológico:

Subzona RT-008.3 501-510mTopo da subzona RT-007 1110-1140mTopo da subzona RT-006 1260-1290mTopo da subzona RT-004 2220-2250m

seguindo-se a seguinte observação:

“Obs: O poço apresenta uma seção contaminada, abrangendo o intervalo até a profundidade de 1320m com ostracóides da biozona RT-003 e também foraminíferos. O intervalo foi repreparado, inclusive uma nova remessa de amostras, confirmando-se a contaminação originária da sonda. Posteriormente descobrimos que o poço foi perfura-do pela sonda 26, proveniente da RPNE, onde deve ter operado em seções marinhas. A contaminação deve ter sido causada por resíduos de lama deixados no tan-que e/ou em tubos de perfuração mal lavados. Apesar dessa forte contaminação, foi possível estabelecer-se a seqüência bioestratigráfica normal, embora sujeita a restrições em face do fato citado.”

A zona RT-003 pertence a parte profunda da Bacia (antiga R-8 correspondente a Candeias médio.), que não foi perfurada pelo poço, o que criou dificuldades para explicar sua presença na parte rasa da locação. Na impossibilidade de considerar como desabamento, recorreu-se ao expediente já usado em Rosário e D. João: haveria uma “contaminação causada por resíduos de lama deixados no tanque e/ou em tubos de perfuração mal lavados”.

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Na realidade, o fato é mais uma evidência da mistura de fósseis anacrônicos que anula as interpretações estratigráficas feitas sobre o perfil elétrico. Vale notar apenas a versatilidade das explicações: no exemplo anterior o fluido de perfuração tinha vindo de Candeias já contaminada. Neste exemplo, foi a sonda a culpada, pois andara perfuran-do na RPNE...e voltara contaminada.

Área de Carijó

1-CJ-1-BA Foi proposto nesta área, ao sul da Bacia, um novo poço baseado no mapeamento da superfí-cie - feito com ajuda dos fósseis como era praxe - o qual definia a área, a semelhança de Malombê, como recoberta por sedimentos da “formação Candeias”. O Candeias em superfície configurava um alto estrutural do embasamento. Esperava-se a Zona “A” a 890m e o Sergi a 990m. O geólogo que acompanhou o poço esperava que os fósseis nas amostras fossem os fósseis característicos da “formação Candeias” e que o poço fosse raso. Entretanto, durante a perfuração, os relatórios da Paleontologia reportavam fósseis do Ilhas, o que causou perplexidade ao geólogo que acompanhava a perfuração. Pior de tudo havia contradição entre as informações da Palinologia e da Paleontologia. Os polens indicavam Candeias enquanto os ostracóides indicavam Ilhas. Os relatórios semanais, até o último, continuaram com um ponto de interrogação para a profundidade do Candeias desde que, nem mesmo os técnicos dos laboratórios sabiam o que estava acontecendo. A perfuração terminou aos 2.058m, mais do que o dobro da profundidade prevista sem al-cançar o Sergi que fora previsto para 990m, ou seja, sem que os objetivos do poço fossem encontra-dos, ficando a broca pendurada em sedimentos desconhecidos. Este poço proporcionou um estudo paleontológico bastante elaborado, onde se constatou que os fósseis estavam de fato misturados, em virtude de um impossível fenômeno de diapirismo existente na locação, teoria esta sem qualquer base científica de apoio. Naquele relatório aparece a seguinte conclusão:

“Damos a descrição detalhada das amostras deste poço por se tratar de um caso parti-cular, em que a seção perfurada apresenta uma grande mistura de fósseis, desde a super-fície até mais ou menos 1950m. A partir desta profundidade podem tirar-se conclusões precisas e efetuar determinação segura em vista de as amostras conterem fósseis índices da zona, sem evidência de mistura ou retrabalhamento. Esta feição anômala, evidencia-da ao longo de quase toda a coluna bioestratigráfica, sugere fenômeno semelhante ao ocorrido nas áreas de Cinzento e Morro do Barro.”

Área de Santa Maria

1-STM-1-BA Situada na parte sul da Bacia, nas imediações do Centro Industrial de Aratu. O Relatório da Paleontologia diz ao final:

“Obs: Como se pode observar desde as amostras iniciais, encontramos mistura de fósseis de biozonas diversas, sem que seja possível dar os limites exatos nem sequer sugeri-los até a profundidade de 3.690m. A partir daí entretanto podemos reconhecer as biozonas R-9.1 e R-9.2 perfeitamente.”

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O pesquisador não está deduzindo a mistura de fósseis através de evidências. São os paleon-tólogos que constatam a mistura. Observar ainda que, tanto os fósseis podem aparecer misturados como acontece na parte superior da coluna, como podem estar bem preservados em grandes blocos da formação original fornecedora de clásticos para a formação que lhe sucedeu, como acontece a partir dos 3.690m de profundidade.

Área de Miranga

4-MGL-1-BA Nesta área, situada na parte centro-leste da Bacia nas imediações do Campo de Água Gran-de, fica este outro campo de petróleo onde foram furados muitos poços, todos com problemas pale-ontológicos. O relatório da Paleontologia diz:

Sem ostracóides 0-60mAmostras contaminadas 60-330mSubzona R-2.2 330-360mTopo da zona R-3 510-540mTopo da subzona R-3.1 690-720mTopo da zona R-4 870-900mTopo da subzona R-5.1 1230-1260m

“Obs: A partir de 1380-1410 a 1860-1890m a zona R-5 (Ilhas) está presente com predominância de R-5.2, porém apresentando a ocorrência esparsa de ostracóides da zona R-8 (Candeias), outros com amplitude muito grande abrangendo as zonas R-6.1 (Ilhas inferior) a R-9.1 (Itaparica) além de um único ostracóides característico de R-9.1 encontrado no intervalo 1740-1770. Não foram encontrados ostracóides característicos de R-6.”

Parece que o relatório foi escrito para comprovar a misturada dos fósseis, não para guiar o geólogo na estratigrafia. Em qualquer parte da Bacia, o fenômeno é exatamente o mesmo! Qualquer poço que seja furado, a mistura de fósseis será evidenciada.

Área de Lamarão

1-LM-1-BA Nesta área temos dois poços que serão estudados em conjunto. No pioneiro de Lamarão, si-tuado ao centro-sul da Bacia, diz uma das partes do relatório da Paleontologia (Documentos da pasta do poço):

“A partir de 2.160m tornam-se raros os fósseis em toda a seção do poço. A única evidência de R-8 (dado em base de um exemplar de C.(M) candeiense var. Spingifera) foi encontrada na amostra 4080-4110. Abaixo desta profundidade apenas se constatou a existência de fósseis desmoronados de R-6, havendo também outros não identificáveis pela má preservação.”

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A Zona R-6 é mais jovem do que a R-8 e não pode ocorrer nesta posição. Para compreender a inversão veja figura (ela é importante para compreender o fenômeno da mistura dos fósseis), onde aparecem as zonas paleontológicas organizadas pelo estudo das diversas faunas. A Zona R-8 (R quer dizer Recôncavo e RT, Recôncavo/Tucano) é mais antiga que R-6 e por isso, não pode ficar acima dela (2a Lei da Sedimentação). Notar ainda a profundidade onde foi encontrado o único fóssil do Candeias: a mais de 4km de profundidade.

1-LM-2-BA Vejamos o segundo poço observando o que diz o relatório paleontológico do mesmo:

“Desde a superfície até a profundidade de 240m foi observada a presença de ostra-cóides das zonas R-8 (Candeias) e R-9 (Itaparica) misturados aos de R-2 (S.Sebastião). Na amostra 420-450m foram encontrados exemplares típicos da subzona R-4.1 (Ilhas superior parte superior). Na 480-510 ostracóides de R-8 (Candeias médio) e de 630 a 660 ostracóides de R-5 (Ilhas).”

No primeiro poço, achou-se um fóssil R-8 a mais de 4100m de profundidade e assim foi determinada a formação Candeias. No segundo poço, pioneiro adjacente do primeiro, os fósseis Can-deias estão presentes desde a superfície, misturados aos fósseis do Itaparica, fósseis de S.Sebastião e nas partes mais profundas, junto com fósseis do tempo Ilhas tornando-se um problema nomear qual a formação que está sendo estudada ou datar qualquer coisa, porque, obviamente, os fósseis estão misturados, não interpretativamente pelo pesquisador, mas na linguagem clara dos próprios cientistas da paleontologia.

Área de D. João 1-DJX-6-BA Nesta área, cerca de mil poços têm o mesmo problema. A estratigrafia prevista confrontada com a achada é a seguinte:

Formações Topos previstos Topos achadosIlhas Fundo do mar -6mCandeias -125m -219,8mZona A -625m -905mItaparica -630m -909mSergi -800m -1044mProf. final -1125m

Vejamos o que diz o Relatório da Paleontologia

Início na Zona R-6

Topo da Zona R-8 (?) entre 255-270mTopo da Sub-zona R-9.1 660-675mTopo da Subzona R-9.2 (test. nº3)915,6-918,5

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“Obs. A determinação paleontológica do topo da Zona R-8 torna-se difícil não só pela pobreza da fauna como pela ocorrência de fósseis retrabalhados desta seção dentro da Zona R-6”.

Veja-se na outra tabela o Relatório da Paleontologia as mesmas incorreções geológicas e as mesmas incertezas. Geologicamente impossível a Zona R-8 dentro da Zona R-6. É um erro grave de estratigrafia que precisa ser corrigido. Por isso o ponto de interrogação ao lado do “Topo da Zona R-8” que se observa na tabela. Os fósseis Candeias e Ilhas estão misturados e quem o diz é o relatório dos próprios paleon-tólogos. Neste caso, não houve “desabamento”. Os fósseis de R-8 foram dados como “retrabalhados” o que implica em redeposição, uma teoria não justificada pelos paleontólogos. A mistura dos fósseis verifica-se desde a superfície, dificultando a separação das “formações” Ilhas e Candeias. Note-se ainda a pobreza da fauna.

Área de Malombê

3-ML-6-BA Área situada ao norte da Bacia onde afloram sedimentos Candeias recobertos por delgada camada de sedimentos da “formação Barreiras”. Em outras palavras, somente a parte inferior da co-luna estratigráfica, de Candeias para baixo, ocorre na área. Da parte superior, somente o Barreiras se acha presente (Fig. 10.10). A estratigrafia prevista/achada é a seguinte:

Formações Topos previstos Topos achadosBarreiras Superf.(+80m) Superf.(+80m)Candeias Méd. 30m(+50m) 10m (+72m)Candeias Inf. 840m(-760m) FalhadaZona “A” 910m(-830m) FalhadaItaparica 930m(-850m) FalhadaSergi 1000m(-920m) FalhadoAliança Sup. não previsto FalhadoAliança Med. não previsto 1190m(-1104m)Prof.final 1100m no Sergi 1250m no Aliança

Observar que antes de perfurar o poço, o prospecto dá a impressão de que a área era bem conhecida. Depois da perfuração observa-se que nada do que foi previsto aconteceu o que mostrava que a área era desconhecida, pois nada do que foi previsto aconteceu. As “formações” que se pensava existirem não existiam e existia uma “falha” que ninguém pensava existir. Nem mesmo os técnicos da Sísmica. O poço deveria atingir o Sergi aos 1000m e terminar a 1100. Terminou a 1250m dentro de uma “formação” que não foi prevista: o Aliança. O Itaparica está ausente por falha, mas seus fósseis foram achados pelos paleontólogos. Pior de tudo, dentro do que foi chamada de formação Aliança, uma impossibilidade geológica. Observe-se o Relatório da Paleontologia para mais perplexidade:

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Poço iniciado na Zona R-6.1

Primeiros ostracóides de R-8 30-60m

Apenas ostracóides de R-6.1 60-150mTopo (?) da Zona R-8 150-180mTopo da Subzona R-8.1 330-360mTopo da Zona R-9 1110-1140m

Seguindo-se esta observação:

“Não sabemos se os ostracóides da Zona R-8 encontrados no intervalo 30-60m são provenientes de contaminação, hipótese esta que é mais aceitável dado a ocorrência ser de apenas dois (2) ostracóides com predominância da fauna R-6.1. Neste caso é mais lógico dar o topo de R-8 em 150-180m. Como aconteceu com o poço 3-ML-3-BA, a subzona R-8.1 apresenta-se bastante espessa. A zona R-9 não apresenta ostracóides de qualquer das suas duas (2) subzonas.”

A incerteza do paleontólogo vem do fato da área ter sido mapeada com clásticos do tempo Candeias à superfície, mais antiga que o Ilhas, não se justificando a presença dos fósseis do Ilhas especialmente com predominância. É o mesmo caso já acontecido em Rosário quando o geólogo esperava somente fósseis Can-deias e o laboratório achava fósseis do Ilhas. Os fósseis do Ilhas não eram esperados, mas foram encontrados, daí a “contaminação”, (des-de que a área é mapeada como Candeias!) e não o contrário como foi apresentado. Em fevereiro de 1969, outro relatório da Paleontologia sugeria a espessura das diversas formações, inclusive a da for-mação Itaparica entre 1110m-1260m. Esta formação está falhada no poço, ou seja, ela está ausente da coluna estratigráfica por efeito do falhamento, o que coloca os fósseis Itaparica dentro da “formação Aliança”, informação que resvala para o surrealismo geológico. Impossível. E se a formação está falhada, ou seja, ausente da seção, como explicar a presença dos seus fósseis? Aparentemente, mas só aparentemente, detalhes sem importância. O fenômeno se repete no 1-ML-1-BA e no 3-ML-2-BA, quando os fósseis do Itaparica, também aparecem até o fundo do poço, passando por dentro da espessura da “formação Sergi”. É evidente o erro do mapeamento. Com mapas errados, descobrir petróleo é pura sorte.

Área de Progresso

1-PE-1-BA Esta área fica situada na parte centro-leste da Bacia, 5km ao sul do Campo de Araçás. Especificamente, neste poço, após o recebimento de um rádio do laboratório de paleontolo-gia informando que, “..último intervalo examinado 2280-2310. Desmoronamento do Ilhas superior parte infe-rior.”

O geólogo do poço escreveu carta mal humorada ao seu supervisor (documento na pasta do poço), tecendo críticas ao laboratório da Paleontologia, chamando atenção para o fato de que o inter-valo de onde teriam desmoronado os fósseis do Ilhas superior parte inferior, já estava revestido com tubos de aço, tornando impossível o desmoronamento.

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A observação é nossa: é mais simples e coerente admitir que os fósseis estão misturados e por isso podem aparecer a qualquer profundidade, do que tentar justificativas que soam impertinen-tes.

Área de Fazenda Mangueira

1-FM-1-BA Este poço (Fig. 10.11) fica situado na mesma latitude dos poços de Lamarão e D.João na borda leste da Bacia, área onde hoje se localiza o Pólo Petroquímico de Camaçari. Vamos apreciá-lo sob dois pontos de vista exploratórios, sísmico e paleontológico, suas inter-relações e influências. É um prospecto de 1964 que diz:

“...baseado em trabalhos sísmicos de reflexão que delineou... ...A profundidade final será no embasamento esperado a aproximadamente 3600m de profundidade... ...obje-tivos desta locação são a Formação Sergi e a Zona “A” bem como os arenitos erráticos das Formações Ilhas e Candeias, visando também um melhor conhecimento da estrati-grafia ao sul do trend Mata/Catu. A profundidade final será no embasamento, cujo topo é esperado a 3600m. Recomenda-se uma sonda com capacidade de 4000m para uma boa margem de segurança.”

O sumário estratigráfico prevê todas as formações conhecidas da coluna geológica da bacia até o embasamento. A sonda 14, com capacidade de perfurar 5000m, foi a encarregada da perfuração. O poço foi tamponado e abandonado como seco a 4.704m de profundidade, 1.104m além da previsão inicial, sem encontrar qualquer dos objetivos esperados, inclusive o embasamento. A sonda ficou pendurada em sedimentos desconhecidos. Quando o poço chegou a profundidade de 3315m, próximo ao embasamento previsto pela sísmica, a Paleontologia verificou e informou que os fósseis ainda eram do Ilhas superior (parte rasa da Bacia), mas que seriam desmoronados, devido a perplexidade causada pela notícia. Pouco antes, os responsáveis pela locação redigiram um expediente justificando alguns pontos de vista e reformu-lando as interpretações, como aconteceria mais tarde em outras locações (locações de 1-CAB-1-BA e Jacuipe):

“Sob o ponto de vista da sísmica, lembramos que o mapa do embasamento utilizado, quando da aprovação de Fazenda Mangueira e Jacuipe Sul, baseou-se fortemente na in-formação de refração no local, na suposição de que os mesmos refletissem em essência a situação real ou aproximada do embasamento. Como resultante este mapa deixou de considerar reflexões mais profundas que o nível indicado por refração...”

Argumentando que as análises paleontológicas indicavam que o poço ainda estava perfuran-do o Ilhas superior, e que ainda faltavam as formações do Grupo Sto.Amaro (Candeias e Itaparica), argüia-se que o embasamento poderia ser encontrado a mais de 5000m de profundidade, ou seja, além da capacidade de perfuração da sonda nº 14. A Paleontologia confirmaria seus resultados com muita ênfase:

“...o poço terminou dentro da Formação Ilhas superior, parte inferior a profundidade de 4702m.”

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Ressaltou ainda que dentro das camadas de conglomerados não foram encontrados ostra-cóides, mas nos folhelhos aparecidos dentro do conglomerado, os fósseis achavam-se muito bem preservados...

“...permitindo uma fácil e segura determinação bioestratigráfica. É interessante obser-var que a despeito da grande profundidade atingida por este poço, a contaminação por desmoronamento é praticamente nula não prejudicando a identificação das formações S.Sebastião e Ilhas, apesar das dúvidas surgidas quanto a excessiva espessura das for-mações S.Sebastião e Ilhas obtidas com base nas determinações paleontológicas. Ne-nhuma evidência forte existe que modifique os resultados da micropaleontologia. Até que novos fatos surjam consideraremos como definitivas as informações contidas no re-sumo acima indicado. Convém assinalar o fato, para nós importante, de que pela primei-ra vez foram encontrados ostracóides com boa preservação, em profundidades maiores que 4000m, contrariando o conceito de que, em áreas com espesso pacote sedimentar, os fósseis não resistiriam à compactação dos sedimentos. A fauna encontrada surgiu à profundidade de 3960-3975m, o poço tem revestimento intermediário até 2003m, o que exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores. Tal fato abre novas perspectivas para a identificação das formações em poços profundos.”

Em Fazenda Mangueira, não são os fósseis antigos que aparecem nas camadas superficiais, ao contrário. São os mais jovens que se aprofundam. Por estarem misturados nas três dimensões é impossível predizer o aparecimento ou desaparecimento de qualquer biozona . Observe-se ainda que neste poço o revestimento intermediário

“...exclui a possibilidade de desmoronamento das camadas superiores.” Vale lembrar o prospecto de Capianga onde o geólogo que acompanhou o poço quase foi demitido por sacar uma falha que colocava o Ilhas contra o Sergi devido à desordem dos fósseis no volume dos sedimentos da Bacia. Mapas errados são antieconômicos.

Área de Cinzento 1-CZ-1-BA Nesta área, nos arredores do Centro Industrial de Aratu na parte sul da Bacia, foram furados, à época deste estudo, dois poços. O primeiro é um poço profundo com 4430m, e como em Fazenda Mangueira, sem qualquer definição estratigráfica. O relatório da Paleontologia diz textualmente:

“Obs: Este poço apresenta um sério problema de retrabalhamento de sedimentos o que torna difícil ou mesmo impossível a obtenção de resultados paleontológicos preci-sos, pois os ostracóides apresentam a preservação original. Desde a primeira amostra encontram-se ostracóides de diversas biozonas, numa clara evidência de desordem es-tratigráfica, onde a seqüência sedimentar mostra-se amplamente perturbada. Não existe predominância de ostracóides de determinada zona, pois a freqüência dos mesmos é va-riável neste poço. Nota-se porém que até a profundidade de 300m encontram-se apenas ostracóides das zonas R-6 (Ilhas basal) e R-8 (Candeias). Entretanto, abaixo dos 300m começam a surgir fósseis da zona R-5 e, principalmente da zona R-5.2. Mesmo abaixo

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do intervalo com revestimento intermediário (1832m) ainda encontramos ostracóides das três zonas citadas com ligeira redução dos tipos da zona R-8.”

O relatório final do geólogo diz textualmente (p.6).

“A mesma ocorrência misturada de fósseis existente na Formação Ilhas, continua per-sistente na Formação Candeias, sem possibilidade de definição paleontológica, apenas litológica. Pertence ao Cretáceo inferior.”

Observar que a misturada de fósseis continua a aparecer, mesmo abaixo do intervalo reves-tido, como em Progresso e Fazenda Mangueira evidenciando um fenômeno abrangente. 1-CZ-2-BA O segundo poço da área tem o seguinte resultado paleontológico:

“Obs. Não houve possibilidade de estabelecer topos de zonas de ostracóides. Apenas foi constatada a presença dos mesmos formando uma miscelânea sem seqüência estra-tigráfica.”

Algumas vezes a mistura de fósseis é muito clara, que não há necessidade de interpretações.

Área de Buracica 7-BA-184-BA Esta área fica 5 km sudoeste da cidade de Alagoinhas no noroeste da Bacia. Este seria um poço externo no flanco oeste do campo, que visava testar um bloco interpretado como rebaixado aos níveis dos topos das formações Itaparica e Sergi (Ver documentos da pasta do poço). O item 4 da Ata da Reunião da Comissão de Completação e de Abandono de Poços de Desenvolvimento diz:

“A seção estratigráfica atravessada apresentou-se anômala: foram atravessados sedi-mentos do Grupo Ilhas e da Formação Candeias, penetrando aos 269m em uma seção pelítica vermelha de características litológicas da Formação Aliança (inclusive dados paleontológicos situaram essa seção no Andar D.João-RT-001) que persistiu até os 700m. A partir de então foi atravessada a seção normal da formação Sergi (zonas F a H) e da Formação Aliança, com seus membros Capianga, Boipeba e Afligidos, tendo encerrado a perfuração neste último, já bastante próximo ao embasamento.”

A situação descrita inverte a estratigrafia da Bacia colocando o Aliança sobre o Sergi tendo-se de admitir uma “falha” reversa dentro da Bacia sem uma justificativa teórica para amparar a idéia. A Paleontologia confirmou a estranha inversão. Evidentemente que não existe a inversão. Os fósseis é que estão misturados e aparecem em qualquer profundidade. São frutos de redeposição e tem de ser reportados como refossilizações, sem evidenciar qualidades ambientais e muito menos caracterizar e/ou datar qualquer coisa.

Área de Fazenda Imbé 1-FI-1-BA É outro campo de petróleo com algumas dezenas de poços. Este pioneiro (Fig. 10.12) é um poço de 1963 com a seguinte estratigrafia prevista/achada:

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Formações Topos previstos Topos achadosS.Sebastião Superf.111m(+107m) Superf.(+107m)Ilhas sup. 120m (-13m) 294m(-183m)Ilhas inf. Não previsto 952m(-841m)Candeias 1600m(-1493m) 1350m(-1239m)Zona “A” 2140m(-2033m) FalhadaItaparica 2150m(-2043m) FalhadaSergi 2200m(-2093m) FalhadaAliança Não prevista 1581m(-1470m)Embasamento Não previsto 1768m(-1657m)

Diz o Resumo da Paleontologia sobre os resultados do poço:

Ostracóides1290 - 1350m Ilhas inferior1350 - 1500m Candeias médio1500 - 1650m Desmoronamento1650 - 1680m um ostracóide do Aliança1680 - 1710m um ostracóide do Aliança1710 - 1740m Desmoronamento1740 - 1770m Desmoronamento

Evidente que, até o fundo do poço, os fósseis misturados são de seções mais novas sendo por isso dados como desmoronados, pois é antigeológico reportá-los àquelas profundidades, junto com formações mais antigas. Apenas que não há o desmoronamento do poço, os fósseis é que estão misturados e os geólogos ignoram o fato.

Área de Fazenda Azevedo

1-FA-1-BA Situa-se esta área ao norte do Campo de Imbé e tem os mesmos problemas dos outros poços da Bacia (Fig. 10.13).

Formações Topos Previstos Topos achados

S.Sebastião Superf.(+92m) Superf.(+92m)Ilhas 342m(-250m) 145m (-49m)ILhas inf. Não previsto 1057m (-961m)Candeias 1542m(-1450m) 1695m (-1599m)Candeias inf. Não previsto 2020m (-1924m)Zona “A” Não prevista 2152m (-2056m)Itaparica Não prevista 2162m (-2066m)Sergi Não previsto 2192m (-2096m)Aliança Não prevista 2310m (-2214m)

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Embasamento 1842m(-1750m) Não atingidoProf. final 2335m (-2239m)

Relatório parcial da Paleontologia:

0-120m S.Sebastião inferior120-150m Topo Ilhas superior, pte superior510-540m Topo Ilhas superior, pte inferior1050-1080m Topo Ilhas inferior1710-1740m Candeias médio1920-1950m Candeias médio1950-1980m Desmoronamento1980-2010m Desmoronamento2010-2070m Microfósseis ausentes2070-2100m Desmoronamento2100-2130m Desmoronamento2130-2160m Candeias inferior2160-2196m Microfósseis ausentes.

Ainda aqui repete-se a mistura dos fósseis anacrônicos explicados pela teoria tola do desmo-ronamento.

FA-5 e FA-5R Nesta mesma área há um caso interessante. Durante a perfuração do poço FA-5, houve um acidente na sonda quando o poço estava a 1909m de profundidade. Desde o intervalo 1410-1440m, o laboratório da Paleontologia informava que os fósseis presentes nas amostras eram possivelmente do Candeias ou R-8. O acidente provocou a mudança de lugar original da sonda, para outro, 40m ao norte do primeiro, que tomou a sigla FA-5R (o R quer dizer repetição). Neste Repetição a Paleontologia foi encontrar o primeiro fóssil Candeias a 2100-2130m de profundidade, ou 700m de intervalo vertical entre poços distantes 40m horizontalmente. Dizendo:

“..Somos obrigados mais uma vez a discordar dos dados paleontológicos...” (Relató-rio semanal Nº5).

O geólogo colocou o topo do Candeias a 1704m de profundidade. Na oitava semana de perfuração, muda o geólogo e com ele também muda o topo da formação Candeias para 1885m e no relatório final ficou este parâmetro a 1820m, sem que as análises paleontológicas influenciassem minimamente aquela decisão. Não havia nenhuma disciplina no mapeamento, porque, ninguém compreendia o que se pas-sava na paleontologia, nem mesmo as chefias. Se o critério (Zona Diferencial Superior) para marcar o topo de uma formação (o apareci-mento do fóssil ligado à formação) fosse obedecido, como explicar a variação do topo do Candeias neste caso? Tivesse sido perfurado apenas o primeiro poço acidentado, o contato do Candeias poderia ter ficado na primeira ocorrência do fóssil (1440m). O acidente com a perfuração mostrou que a va-riação espacial da ocorrência dos fósseis dentro da Bacia é tão grande, que é melhor, mais fácil e mais inteligente, considerar os fósseis misturados, do que julgá-los sincrônicos com as supostas formações da coluna estratigráfica ortodoxa usada na exploração.

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Área de Bom Lugar 1-BL-3-BA Neste Pioneiro (Fig. 10.14) a seção geológica prevista/achada é a seguinte:

Formações Previsão Achada

S.Sebastião Superf.(+80m) Superf.(+88m)Ilhas sup. 1056m(-971m) 1167m(-1064m)Ilhas inf. 1670m(-1585m) 1786m(-1693m)Candeias 2446m(-2361m) 2552m(-2459m)Zona “A” 3118m(-3033m) ?Itaparica 3131m(-3046m) ?Sergi 3204m(-3119m) ?Embasamento N.P. 3236m(-3143m) A profundidade final, segundo o prospecto, seria a 2600m na formação Candeias. Recomen-da-se uma sonda para 3000m. Vai para a locação a sonda 65, com capacidade para perfurar 3.000m. Transcrição do Relatório Final:

“..A profundidade final prevista era de 2600m, na formação Candeias. Entretanto, após ser penetrado o topo da formação Candeias, como o Laboratório da Paleontologia indicasse para o intervalo 2610-2640m a sub-zona R-9.1 (Candeias inferior), decidiu-se que o poço fosse perfurado até o Sergi.”

A profundidade final do poço foi de 3238,5m (638m além do previsto e 238 além da capa-cidade de perfuração da sonda) no... Embasamento Cristalino. A “Formação Candeias”, que fora penetrada a 2580m, foi encontrada diretamente em contato com o Embasamento cristalino a 3236m. O Relatório da Paleontologia, após a Zona R-6 diz:

Topo da zona R-6 1800-1830m Topo da subzona R-6.1 2340-2370m Topo da subzona R-9.1 Testemunho nº6, 2557,0/2559,8

Observação: Não foram encontrados ostracóides característicos da zona R-8. A sub-zona R-9.1 está bem representada principalmente no intervalo 2580-2610 e 2670-2700m; daí até as últi-mas amostras são encontrados, esparsos elementos característicos de R-9.1 ao lado de ostracóides não diagnósticos, fragmentos mal preservados e ostracóides de seções mais novas. Não foram encon-trados ostracóides da sub-zona R-9.2. Transcrição do Relatório Final do poço:

“Estão ausentes por falha as formações Aliança, Sergi, Itaparica e possivelmente a parte basal da formação Candeias. Esta última formação apresentou um zoneamento paleontológico anômalo, com a sub-zona R-9.1 próxima a seu topo, havendo ausência total da zona R-8”.

Zoneamento paleontológico anômalo é a maneira eufemística dos paleontólogos referirem-se ao problema dos fósseis misturados, que arrasam qualquer possibilidade de definição e interpre-tação estratigráfica. Outro ponto interessante: a zona R-8 correspondente ao Candeias está ausente mas a formação está presente, acontecendo o contrário com o Itaparica que está ausente da coluna por efeito de um “falhamento”, mas os fósseis correspondentes àquela formação estão presentes nas

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amostras coletadas durante a perfuração e examinadas no laboratório. Como explicar o fenômeno? Provavelmente não é possível explicá-lo. Mas fica explicado porquê a exploração da Bacia do Re-côncavo é dita tão difícil.

Área de Irai

1-IR-1-BA Este poço é o pioneiro da área (Fig. 10.15). A estratigrafia prevista/ achada é a seguinte:

Formações Topos previstos Topos achados

Barr./Mariz. Superf.(392m) Superf.(392m)S.Sebastião Não previsto 277m (+115m)Ilhas 130m (269m) 626m (-234m)Ilhas inferior Não previsto 1139m (-747m)Candeias 550m (-161m) 1223m (-831m)Itaparica 980m (-591m) FalhadaSergi 1010m (-621m) FalhadoAliança 1215m (-826m) 1359m (-967m)Embasamento 1465m (-1076m) 1545m (-1153m)Prof. total 1110m (-721m) 1551m.

A falta do Itaparica e do Sergi foi explicada por falhamento, porque o poço não encontrou os seus objetivos.

Resultados Palinológicos.Amostras de calha:1230-1290m Zona palinológica 4 sup. Isto é, Ilhas inferior.1290-1350m Zona palinológica 5 sup e média ou Candeias.

Obs: de 1359 a 1545m Aliança médio, sem resultados Palinológicos definitivos.

Ostracóides:Até 270m Sem ostracóides.270-480m S.Sebastião parte inferior482,1-486,1 Test.no1, sem microfósseis480-690 Ilhas superior, pte superior690-1260 Ilhas superior, pte inferior1380-1545m Desmoronamento de Candeias médio

Observação: “Segundo o log elétrico o poço penetrou a partir de 1359m no Aliança, parte média, o que não pode ser provado por microfósseis, porque os mesmos não existem nessa parte da Fm.Aliança.” O topo do Aliança está marcado a 1359m, mas até o fundo do poço, a 1545m os fósseis ana-lisados são do Candeias médio, dados como desmoronados. De fato, é impossível a ocorrência de fósseis do tempo Candeias dentro do Aliança, pois, ao tempo da sedimentação do Aliança, os fósseis do tempo Candeias ainda não existiam, não podendo

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por isso fossilizarem. O paleontólogo chama atenção para o fato, pois sua maior intimidade com o assunto diz-lhe que é errado assim proceder. No capítulo das correlações diz o geólogo:

“The stratigraphic section in this well is completely different from its counterpart in EI-1 (Estação de Iraí-1, outro poço da área). No positive E-log correlation can be made.”

1-IR-2-BA Neste poço (Fig. 10.16), o topo do Sergi está marcado a 1202m, mas até o fundo do poço, a 1270m, somente ocorrem fósseis do Candeias inferior que a partir de 1200m, foram dados como desmoronados, o modo paleontológico de justificar o absurdo.

Área de Estação de Iraí

3-EI-1-BA Em Estação de Irai 1 (Fig. 10.17), a 4,5km sul do poço acima, havia problema semelhante. O topo do arenito Sergi fora marcado a 417m, e no relatório final do poço, no resumo paleontológico, há o seguinte:

“Primeiros ostracóides de Itaparica entre 420 e 435m. Observação: Em virtude de estar a amostra de Itaparica já no Sergi, a indicação de Itaparica significa somente a presença dessa formação talvez entre 405-417m com espessura pequena.”

Os paleontólogos tentavam justificar o erro de constatar a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas como no caso acima. Neste poço o topo do Sergi está marcado a 218m, e o poço tem a profundidade final em 700m.

O relatório da Paleontologia diz: “150-180m Provavelmente Candeias inferior 180-270m Ostracóides não diagnósticos. Possivelmente desmoronamento.”

A Palinologia confirma:

“90-120 Zona palinológica 5 média, parte inferior correspondente a Candeias médio parte inferior; 120-240m Zona palinológica 5 inferior correspondente a Candeias inferior.”

3-EI-4-BA Em Irai 4 o geólogo marcou o topo do Sergi a 279m e o topo do Aliança a 570m, furando o poço até a profundidade final de 735m. A Paleontologia diz em seu relatório:

180-270 Candeias inferior270-570 Desmoronamento570-753 Aliança

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Ver a figura 10.18 para compreender melhor o fenômeno. Diante da contradição estratigráfica, o Supervisor do Laboratório de Paleontologia emitiu uma comunicação interna dirigida ao geólogo do poço (documento da pasta):

“Informamos-lhe que o topo da formação Aliança está evidenciado a 570-600m, bem como a presença de fósseis de Itaparica, dentro da seção de Sergi do poço EI-4.”

Essa informação torna impossível chamar de Sergi a areia dos 279m e desmonta toda a estra-tigrafia prognosticada e achada. O Sergi está infestado com fósseis mais jovens que a sedimentação da referida areia. Isto constitui erro de Geologia e contradiz fatos da natureza.

Área Norte de Iraí

1-NI-1-BA Na área de Norte de Irai, o prospecto do pioneiro, geologicamente falando na mesma área dos dois poços antes estudados, diz o seguinte na parte da estratigrafia prevista/achada:

Formações Topos previstos Topos achados

Barreiras Superf. (+340m) Superf. (+340m)Ilhas 200m (+140m) 180m (+160m)Candeias 600m (-260m) 487m (-145m)Itaparica 1000m (-660m) não encontradoSergi 1020m (-680m) 792m (-450m)

O relatório da Paleontologia revela:

“O testemunho nº2, retirado na profundidade de 806,3-810,8, portanto dentro do Sergi (topo marcado a 792m ou -450m), apresentou pólens do Candeias inferior”.

Trata-se do mesmo caso que viemos analisando desde o princípio: fósseis ocorrendo fora das formações originais, ou seja, a repetição do erro grave de estratigrafia primária. A informação do Laboratório tenta chamar atenção do geólogo responsável pelo mapeamento, para o erro que estava cometendo. É impossível a ocorrência de fósseis jovens em formações antigas. Isso colide frontal-mente com a Segunda Lei da Sedimentação, e o relatório reflete a preocupação do paleontólogo, infelizmente, sem nenhum sucesso.

4-NI-3-BA Diz o relatório da Paleontologia (Fig. 10.19):

“Observação: Os testemunhos números 2 e 3 entre 1286 e 1289m considerados como pertencentes ao Sergi, mostraram ostracóides do Candeias inferior ou provavelmente Itaparica.”

Este resultado é corroborado pelo exame palinológico que diz:

“Testemunhos números 2 e 3 provavelmente zona palinológica 5 correspondente a

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Candeias inferior, ou provavelmente zona palinológica 6, correspondente a Itaparica”.

Estes avisos não foram levado em consideração, constituindo apenas a repetição monótona do mesmo fenômeno que estamos demonstrando existir ao longo desta pesquisa, e configura um erro estratigráfico primário mas de importância crucial e fundamental para a exploração.

4-NI-4-BA Neste poço (Fig. 10.20), o topo do Sergi está marcado a 1038m. O relatório paleontológico diz: “Testemunho nº3, 1044-1048m ostracóides mal preservados não determináveis; Testemunho nº 4, 1048-1052m, ostracóides mal preservados não determináveis.” A Palinologia informa:

“Testemunho nº 4, 1048-1052m Zona palinológica no6, correspondente a Itaparica.”

4-NI-5-BA Aqui (Fig. 10.21) o topo do Sergi está marcado a 1853m, e a profundidade final do poço alcançou 1957m. Em um dos relatórios parciais a Paleontologia informou:

1740-1770 Candeias médio 1830-1860 Candeias inferior 1869-1890 Desmoronamento 1890-1920 Desmoronamento 1920-1950 Desmoronamento Obs. do autor: topo do Sergi marcado a 1853m

É que o Sergi é uma formação estéril. Entretanto, nesta região, não somente a formação é portadora de fósseis, como são eles mais jovens que a sua própria sedimentação. Não é um absurdo da natureza. É um erro de Paleontologia! As contradições sobre a estratigrafia na área de Irai provocaram um documento da parte do Laboratório da Paleontologia sob o título Acontecimentos mais importantes no mês de dezembro de 1963 que diz no primeiro item:

“1. O poço NI-2-BA mostrou no testemunho Nº2 entre 1031,6 e 1035,8m a fauna de Itaparica; assim o topo do Sergi, marcado para 1018m deve ser mudado. Sugerimos que fossem examinadas mais uma vez os topos do Sergi por meio do E-log em poços adja-centes, para que o topo do Sergi fique bem estabelecido.”

As várias advertências dos paleontólogos sobre a ocorrência de fósseis fora dos seus lugares de nada valeram, e a estratigrafia da região continuou desconhecida e a área, produtora de hidrocar-bonetos que é, está abandonada. Quantos poços forem furados, e quantos forem examinados, tantas vezes o fenômeno se repetirá.

Conclusão: os fósseis existentes no volume dos sedimentos que formam a Bacia do Recôn-cavo foram misturados na ocasião da gênese da mesma, e foram usados indevidamente na definição da estratigrafia da Bacia. A exploração de petróleo nesta Bacia pode ser retomada em novas bases se o erro for corrigido.