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http://dx.doi.org/10.5902/2236117010688
Revista do Centro do Cincias Naturais e Exatas - UFSM, Santa
Maria
Revista Eletronica em Gesto, Educao e Tecnologia Ambiental -
REGET
e-ISSN 2236 1170 - v. 16 n. 16 nov. 2013, p. 3167 - 3186
Recebido em: 02.09.13 Revisado em: 02.09.13 Aceito
em:13.09.13
Demanda e oferta energtica: uma perspectiva mundial e nacional
para o etanol1
Fernanda Schutz2, Anglica Massuquetti3, Tiago Wickstrom
Alves4
1Programa de Ps-Graduao em Economia (PPGE) - Universidade do
Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)2Mestre em Economia pelo Programa
de Ps-Graduao em Economia (PPGE) - Universidade do Vale do Rio dos
Sinos (UNISINOS)
3Professora do Programa de Ps-Graduao em Economia (PPGE) da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).4Porfessor do
Programa de Ps-Graduao em Economia (PPGE) - Universidade do Vale do
Rio dos Sinos (UNISINOS)
Resumo
O objetivo do artigo avaliar a oferta e a demanda de energia no
mundo e no Brasil, para os prximos 15-20 anos, e especialmente
as
perspectivas para o etanol. A metodologia empregada foi a reviso
bibliogrfica e a anlise de cenrios futuros a partir de dois
estudos,
International Energy Outlook 2011 e Plano Nacional Energtico
2030. Os resultados demonstram que as perspectivas para o consumo,
tanto
de combustveis lquidos quanto de etanol, so otimistas, gerando a
expanso da produo. No perodo analisado no est prevista uma
ruptura da atual matriz energtica, mesmo com um pequeno aumento
da participao das fontes renovveis no total de energia
demandada.
Palavras Chave: Demanda energtica; Oferta energtica; Etanol.
Abstract
This paper estimates the bilateral trade flows between the BRICs
Brazil, Russia, India and China in the next decades. This study
employs
a gravity model based on a sample of 57 countries. Trade flows
and a variety of other data were collected from 2000 to 2007 to
enable the
estimation of gravity equations that explain the international
trade in this period. By using two different estimation methods OLS
and
Tobit a wide set of parameters was generated, with the aim to
choose the most adequate equations for the estimations wanted.
Finally,
these two best parameter sets were arranged and applied on
gravity equations, combined with the Goldman Sachs predictions, in
order to
obtain future estimations of bilateral trade flows between them
in three time-scenarios: short term (2010), midterm (2020) and long
term
(2030). The results show that the intra-BRICs trade flows will
grow even more than the GDP of these countries, meaning an increase
in
the interdependence among these economies, contributing to
maintain their economic growth.
Keywords: Energy demand; offer energy; Ethanol.
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1 INTRODUO
Ao longo da histria, diversas foram as fontes e as formas de
energia utilizadas: fora humana, trao animal, vapor, carvo, petrleo
e derivados, biomassa, gua, vento, eletricidade, dentre outras.
Elas foram empregadas como meio para a produo de bens e de servios.
Se, por um lado, o uso da energia contribui para a sociedade como
um todo, por outro, apresenta limites, ques-tionamentos e desafios
na medida em que gera impactos sobre o meio ambiente e os
indivduos. Neste sentido, destaca-se a energia gerada a partir de
combustveis fsseis, como o petrleo em funo dos limites de suas
reservas mundiais; as emisses de CO
2, como uma das causas apontadas para o
aquecimento global; e os desastres ecolgicos a partir da
perfurao de poos de petrleo.
Com isso, diversos tpicos esto no cen-tro das discusses e das
preocupaes mundiais: as mudanas climticas e o aquecimento global, o
meio ambiente, a questo energtica, dentreoutros correlacionados. A
economia apresenta estrita relao com todos, dada a dependncia
notria da sustentao das atividades econmicas. Dentre os quais,
avulta-se a questo energtica: uma das bases fundamentais para a
produo de bens e de servios, destacando-se a produo de etanol, a
qual faz parte de uma ampla discusso de possibilidades e de
oportunidades econmicas e ambientais de energias renovveis,
juntamente com a energia solar e elica.
Neste sentido, as fontes energticas apon-tam o caminho escolhido
pelas naes em termos econmicos, pois as escolhas so pautadas pelos
padres mundiais de produo e consumo de toda sociedade. A matriz
energtica sofreu modificaes ao longo do tempo, contudo, hoje
possvel afirmar que estamos em uma era das fontes energticas de
origem fsseis. Mesmo com processos de busca e introduo de energias
limpas e renovveis, o mundo continua investindo na procura de novas
reservas de petrleo e de outros materiais. Haja vista o Brasil com
uma contradio nacional, com o investimento no Programa Pr Sal e o
etanolcomo combustvel limpo e alternativo.
Neste sentido, o presente artigo apresenta um panorama atual da
matriz energtica mundial e nacional, bem como resultados de estudos
rea-lizados que apontam, num horizonte de 15 a 20 anos, o
comportamento dos energticos utiliza-dos para atender as
necessidades e demandas da sociedade. O artigo est divido em quatro
sees. Alm desta parte introdutria, a segunda seo aborda brevemente
a conceituao de energia e
de biomassa e como se classificam e o panorama mundial e
nacional da matriz energtica. Aps, apresentam-se cenrios futuros
para oferta e con-sumo energtico. O etanol o centro da quarta seo,
com a discusso sobre sua produo e con-sumo e perspectivas. Por fim,
so apresentadas as principais concluses do estudo.
2 ENERGIA, BIOMASSA E MATRIZ ENER-GTICA
2.1 CONCEITO E CLASSIFICAOPara Goldemberg e Lucon (2008), a
energia
est relacionada com a capacidade de se realizar e produzir
trabalho, sendo a manifestao resul-tante da utilizao de uma fora
externa capaz de deslocar algo. Hinrichs e Kleinback (2003, p. 2)
esclarecem que a [...] energia no criada oudestruda, mas apenas
convertida ou redistribuda de forma para outra, como, por exemplo,
a ener-gia elica transformada em energia eltrica ou a energia
qumica em calor. Alm disso, para os mesmos autores, h vrias formas
de energia: mecnica eltrica, qumica, trmica, radiante e nuclear. O
U. S. Energy Information Administra-tion (EIA) classifica a
energia, considerando as suas diferentes formas (eltrica, calor,
qumica e de movimento) e dividindo-as em duas grandes categorias
(energia potencial e energia cintica). A energia potencial a
armazenada, podendo se apresentar como qumica, mecnica, nuclear,
gra-vitacional. J a energia cintica est relacionada com o
movimento, tais como: motora, eltrica, termoeltrica, radiao, dentre
outras (EIA, 2012a).
Para a elaborao do Balano Energtico Nacional (BEN), a Empresa de
Pesquisa Energ-tica (EPE) utiliza as seguintes fontes primrias de
energia: petrleo, gs natural, carvo vapor, car-vo metalrgico, urnio
U
3O
8, energia hidrulica,
lenha, produtos da cana, outras fontes primrias. J as secundrias
so: leo diesel, leo combus-tvel, gasolina, gs liquefeito de petrleo
(GLP), nafta, querosene, gs cidade e coqueira (derivados do
petrleo), lcool etlico, anidro e hidratado (produtos da cana),
coque de carvo mineral, ur-nio contido no UO
2, eletricidade, carvo vegetal,
produtos no energticos do petrleo e alcatro (EPE, 2011).
No Quadro 1, possvel visualizar a clas-sificao de fontes
energticas ao considerar sua relao temporal de reposio. As fontes
energ-ticas no renovveis esto relacionadas com uma origem fssil. J
as renovveis apresentam como caracterstica principal a sua composio
em bio-
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poder comparar de forma homognea os recursos energticos,
utiliza-se uma unidade comum, na qual os mesmos so convertidos.
Dessa forma, podem ser convertidas em toneladas equivalente de
petrleo (tep), toneladas equivalente de carvo (tec), British
Thermal Unit (BTU), joule, calorias, entre outros (REIS et al.,
2012).
Os organismos responsveis em sistemati-zar, analisar e
disponibilizar dados e informaes referentes s questes energticas
convertem os recursos em unidades comuns1 j citadas. Pode-se
mencionar como exemplo o BEN, o qual utiliza como unidade comum o
tep. Os dados de con-sumo mundial de energia primria, extrados do
EIA, esto convertidos em BTUs. Para finalizar o exposto,
destacam-se as duas razes pelas quaiso tep a medida bsica adotada
no BEN: 1)
est relacionada diretamente com um energtico importante e; 2)
expressa um valor fsico (EPE, 2011, p.193). Os recursos e as
reservas brasileiras apresentadas na Tabela 1 referem-se s fontes
primrias de energia de origem fssil com dados comparativos dos anos
de 1988 e 2010.
Os dados revelam, por exemplo, que o 1 A fim de uniformizar os
dados agregados, adotou-se o tep e suas deri-vaes (Mtep: Milhes de
tep ou 106 tep; 10 tep: Mil tep) como medida padro. Quando no for
possvel a sua utilizao, a medida adequada ser relacionada e
explicada conforme necessidade.
massa, ou seja, matria viva ou recentemente viva.As fontes
renovveis so subdivididas em
trs categorias: 1) tradicionais; 2) convencionais; e 3)
modernas. As tradicionais esto ligadas produo de calor, a partir da
queima direta de material orgnico, como a madeira, o carvo vegetal
e os resduos orgnicos em geral. E, assim, tida como a forma mais
primitiva da utilizao da biomassa. As formas convencionais esto
rela-cionadas s hidreltricas, produtoras de energia eltrica. No que
tange biomassa moderna, esta inclui processos de converso avanados
da mesma, como os biocombustveis. nesta categoria que se encontra o
etanol, um biocombustvel derivado das mais diversas biomassas e o
qual utilizado, principalmente, no setor de transportes.
No distante da importncia da clareza do termo energia, conforme
j destacado, a mensura-o e a apresentao dos dados dos mais variados
recursos energticos tambm so postas como fator relevante. Assim,
cada recurso energtico pode ser medido com uma unidade especfica.
Para os combustveis lquidos, utilizam-se, em geral, metros cbicos
(m), barril (bbl) e litros (l). Os gasosos tambm podem ser medidos
em m ou ps cbicos (p). Os slidos, em geral, so men-surados em
toneladas (t) e para a energia eltrica: watt-hora (Wh) e potncia
watt (W). A fim de
Quadro 1 - Classificao de fontes energticas
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a combusto aps passagem por um processo, podendo este ser:
fsico, termodinmico (pirlise, gaseificao e liquefao) ou biolgico
(diges-to anaerbica e fermentao), originando uma segunda fonte
energtica, podendo ser slido, lquido ou gasoso. Exemplos de fontes
energticas secundrias de biomassa so: biocombustveis, lenha, carvo
vegetal e gs. Neste sentido, a energia qumica potencial armazenada
nas plantas pode ser utilizada na forma de combustveis.
A biomassa apresenta-se como fonte pre-dominante na matriz
energtica de [...] alguns pases como o Qunia, ndia, Brasil e outros
da Amrica do Sul, sia e frica [...] (REIS et al., 2012, p. 281).
Assim, a Tabela 2 mostra a produ-o de energia a partir da biomassa,
no mundo, considerando os dados disponveis para o perodo de 1999 a
2003.
Ao comparar ano a ano, o incremento de 1999 para 2000 decresceu
em 0,34%. Nos anos seguintes, os incrementos foram positivos:
2000/2001: 0,64%; 2001/2002: 0,55%; e 2002/2003, o incremento foi
de 1,42%, tendo uma mdia anualde 0,57% de aumento de energia de
biomassa. A sia e a Austrlia so os maiores produtores de energia de
biomassa, respondendo, em 2003, por 36,88%. O segundo lugar ocupado
ora pela frica, ora pela Amrica Latina. A Amrica Latina foi a regio
do mundo em que a produo de energia de biomassa mais aumentou, em
mdia, 2,28% ao ano. O incremento mdio anual da frica, da sia e
Austrlia, Europa Ocidental e da Rssia--Europa Oriental ficou em
0,20%, enquanto que o Oriente Mdio se manteve constante (CORTEZet
al., 2008).
A partir do exposto, as subsees que seguem so dedicadas a
explorar e analisar a
desenvolvimento tecnolgico, de alguma forma, contribuiu para o
aumento das reservas de petr-leo significativamente. Ao comparar os
anos de referncia, observa-se um aumento de 506% das reservas
provadas de petrleo no Brasil. As reservas de gs natural e de carvo
mineral aumentaram, respectivamente, 388% e 252%. A extrao de
petrleo na chamada camada pr-sal, desde 2008, tem colaborado para
este aumento e segundo a Petrobrs (2013), estima-se que o Brasil
chegar a 1 milho de barris/dia, em 2017.
Outra importante fonte energtica a bio-massa2, umas das
principais produzidas e consu-midas no mundo. A biomassa deriva de
material que tenha origem viva, orgnica, podendo ser animal,
vegetal e micro-organismos, e que pode ser empregado para a produo
de energia (CENBIO, 2012). Mais especificamente, est relacionada
com uma variedade de materiais orgnicos, os quais podem tomar
diversas formas, tais como: cultivares, madeira, serragem, palha,
estrume, lixo de papel, refugo domstico, esgotos, entre outros. Alm
disso, os resduos oriundos aps a sua utilizao tambm se configuram
como fontes energticas. So exemplos de resduos: os florestais e
agrcolas e a matria-orgnica, tanto de processos industriais quanto
domsticos, comerciais e rurais (REIS et al., 2012).
A biomassa pode ser utilizada como fonte de energia, direta ou
indireta. Diretamente, se produz calor como produto energtico
imediato, atravs da sua combusto. A forma indireta
2 O termo biomassa est relacionado com uma srie de vegetais
presentes na natureza, os quais tm origem a partir do processo de
fotossntese. Ao absorverem energia solar, gua e dixido de car-bono,
transformam esses elementos em energia potencial qumica (REIS et
al., 2012).
Tabela 1 - Recursos e reservas energticas brasileiras dos anos
1988 e 2010Fonte: Brasil (2013); Acioli (1994).
Fonte: Brasil (2013); Acioli (1994).
Notas: As reservas de petrleo esto expressas em milhares de m,
de gs natural em milhes de m e as de carvo mineral em milhes
de t. As unidades de medidas utilizadas nesta Tabela refletem as
usualmente empregadas para medir cada um dos recursos
energticos
listados. Como o objetivo informar e comparar as reservas
indicadas e inferidas dos mesmos, em perodos distintos, manteve-se
as
unidades padro de cada recurso.
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REGET -v. 16 n. 16 nov. 2013, p. 3167 - 3186
Estimativas do Volume de Comrcio... 3171
Fatores como o desenvolvimento tecno-lgico voltado para a extrao
e a produo; a transmisso e a distribuio de energia; a desco-berta
de novas fontes de energia; a evoluo da produo e do consumo de bens
e servios; o cres-cimento econmico e populacional; entre outros,
justificam as transformaes e as substituies de fontes energticas.
Seja para manter os padres de crescimento, seja para garantir o
desenvolvimento e atender as mais diversas necessidades e desejos
da sociedade.
Segundo Goldemberg e Lucon (2008, p.61), o desenvolvimento
significa satisfazer as necessida-des humanas bsicas, incluindo
acesso a emprego, alimentao, servio de sade, educao, mora-dia, gua
corrente, tratamento de esgoto, etc.. Os mesmos destacam que o
padro de consumo energtico est diretamente relacionado com o nvel
de renda e que o perfil do uso energtico fundamentalmente diferente
entre ricos e pobres. Enquanto aqueles procuram imitar um estilo de
vida prevalecente em pases industrializados, apre-sentando padres
voltados para um consumo de luxo, estes ltimos tm sua preocupao
centrada em energia suficiente para prover as necessidades mais
bsicas e essenciais.
Ainda, segundo os mesmos autores, em 2004, o consumo per capita
de energia dos 6,35 bilhes de habitantes no mundo foi, em mdia, de
1,77 tep, aproximadamente, um milho de vezes maior que o consumido
pelo homem primitivo. No mesmo ano,
[...] cada africano consumiu em mdia 0,67 toneladas equivalentes
de petrleo (tep); cada brasileiro 1,11 tep; cada chins 1,25 tep. Em
compensao cada habitante dos pases desenvolvidos da OCDE consumiu
4,73 tep de energia nesse ano; cada cida-
atual matriz energtica no mundo e no Brasil, apresentando a
demanda e a oferta de energia.
2.2 OFERTA E DEMANDA ENERGTICA MUNDIAL
Os padres de oferta e demanda de ener-gia sofreram modificaes ao
longo da histria. Podem-se destacar alguns momentos importantes na
transformao da matriz energtica, como: o uso da madeira como um dos
primeiros energ-ticos utilizados pelo homem; a sua substituio pelo
carvo mineral em escala e a introduo do petrleo como principal
energtico atualmente. A substituio ou menor uso em escala da
madeira pelo carvo d-se, primeiramente, na Europa. Devido
intensificao de sua utilizao, por volta do sculo XVI, e sua
consequente escassez, o carvo passa a ser o principal energtico a
ser utili-zado, a partir da segunda metade do sculo XVIII. Contudo,
na Amrica do Norte, o uso intenso da madeira, como fonte principal,
ainda estava posto, dada a sua abundncia. O carvo mineral passa a
ser empregado em escala no continente americano, no sculo XIX, e
responde por 53% do consumo mundial de energia. Desta forma, esta
pode ser a primeira grande mudana da matriz energtica: a substituio
da madeira em larga escala pelo carvo mineral (REIS et al.,
2012).
O outro destaque a introduo do petr-leo na matriz energtica com
explorao a partir de 1853, nos Estados Unidos da Amrica (EUA). A
sua introduo em escala no est relacionada com uma possvel escassez
do carvo mineral, o qual ainda bastante empregado em algunssetores
da economia. Porm, comeava a emergir a necessidade de um energtico
que atendesse s demandas de uso final, transporte e armazena-mento,
e aos avanos tecnolgicos que estavam ocorrendo naquele perodo (REIS
et al., 2012).
Tabela 2 - Produo de energia a partir da biomassa nas principais
regies mundiais no perodo de 1999 a 2003 (106 tep)
Fonte: Olade (2004 apud CORTEZ et al., 2008, p.16).
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27,50%, enquanto que as regies que mais cresce-ram foram o
Oriente Mdio, com uma variao de 387,57%, e a sia-Pacfico, com
264,81%, as quais tambm tiveram as maiores variaes mdias anuais no
consumo energtico total com 5,45% e 4,43%, respectivamente. O
crescimento da regio sia-Pacfico pode ser explicada, em parte, pelo
crescimento populacional da China, nos ltimos anos, o que
justificaria o comportamento de cres-cimento exponencial observado
na Figura 2. A frica apresentou um crescimento mdio anual de 3,20%
e uma variao de 154,68% no consumo energtico, dialogando com o
aumento significativo da populao para o mesmo perodo. A Amrica do
Norte e a Europa-Eurosia cresceram, em mdia ao ano, 0,84% e 0,13%,
respectivamente. Amrica do Sul e Central tiveram um crescimento de
131%. Em termos de produo mundial de energia primria, a Tabela 3
apresenta dados de variao percentual (BP, 2012).
Ao longo do tempo, no foi apenas o mon-tante do consumo e a
produo que mudaram, a composio da matriz energtica mundial tambm
sofreu alteraes. Pode-se observar, na Tabela 4, a alterao na
participao das fontes primrias de energia.
Em 1970, o consumo de fontes no reno-vveis (petrleo, carvo
mineral, gs natural e energia nuclear) representou 94% do total de
energia consumida e, em 2011, este percentual foi de 92%. No que
tange s fontes energticas de origem fsseis, estas ainda continuam a
ser majoritariamente utilizadas no mundo, corres-pondendo por 87%
do consumo mundial. Em 2011, mesmo com uma reduo da participao do
petrleo em 13 pontos percentuais, em relao a 1970, as fontes
renovveis ainda apresentam uma participao pequena, passando de 6%
para 8%. Em 1970, a energia hidrulica foi responsvel por apenas 5%
do consumo mundial de energia e, em 2011, por 6%.
Em termos setoriais, o setor industrial respondeu pela maior
participao no consumo energtico mundial em 2011, com 38%, seguido
do setor de transportes, com 19%. O setor residencial o terceiro em
termos de consumo energtico, com 10% do total, e o setor comercial
responde por 6% do consumo mundial de energia. H, ainda, 27% do
consumo total de energia no mundo oca-sionado por perdas de
eletricidade relacionadas (EIA, 2012b).
2.3 OFERTA E DEMANDA DE ENERGIA NO BRASIL
do dos EUA 7,91 tep (GOLDEMBERG; LUCON, 2008, p. 58-59).
Percebe-se que h uma diferena no con-sumo mdio de energia, por
habitante, quando comparado mdia mundial. Esses dados refor-am a
relao dos padres de consumo com as necessidades energticas nos mais
diversos locais. O cidado estadunidense consumiu, em 2004,
apro-ximadamente 4,5 vezes mais energia em relao mdia mundial,
enquanto que os africanos menos da metade. Os brasileiros e
chineses ficaram pr-ximos da mdia. Em 1970, a Amrica do Norte e a
Europa-Eursia foram responsveis por 80% da energia primria, contra
47%, em 2011, demons-trando uma queda na participao no consumo
primrio mundial, por conta do crescimento popu-lacional em outras
regies. No Oriente Mdio e na frica, apesar da participao do consumo
mundial de energia no ultrapassar um dgito, observa-se um avano
significativo destas regies, passando de 2%, em 1970, para 6%, em
2011, no Oriente Mdio e de 1% para 3%, de 1970 para 2011, na frica.
Em 2011, observa-se um aumento de 25 pontos percentuais no consumo
energtico dos pases da sia-Pacfico. A Europa-Eurosia, a Amrica do
Norte e a sia-Pacfico responderam, em 2011, por 86% da energia
primria consumida no mundo (BP, 2012).
Outro dado importante diz respeito evolu-o do consumo e oferta
total de energia primria no mundo. O consumo e a oferta aumentaram
ao longo do tempo, conforme pode ser observado na Figura 1. No
perodo que o compreende 1980-2009, percebe-se a evoluo positiva no
consumo total mundial de energia primria.
Ao comparar os anos 1980 e 2009, o con-sumo mundial teve um
incremento de 78%, pas-sando de 7.333 milhes de tep para 12.697
milhes de tep. A variao mdia no crescimento do con-sumo energtico
mundial foi de 1,96% a.a. e para a oferta mundial de energia foi de
1,83% a.a.. A oferta de energia passou de 7.241 para 12.201 milhes
de tep, representando um incremento de 68,49%. Este aumento pode
ser explicado, em parte, pelo crescimento da populao mundial, que
aumentou em 52,24%, de 1980 para 2009, com uma variao mdia anual de
2,02%. Junto ao crescimento populacional, destaca-se o grau do
crescimento econmico mundial que no perodo de 1980 a 2009, foi em
mdia 2,8% a.a., segundo World Bank (2013). A Figura 2 apresenta a
evo-luo do consumo mundial de energia primria, segundo regies
selecionadas.
A Amrica do Norte teve uma variao de
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REGET -v. 16 n. 16 nov. 2013, p. 3167 - 3186
Estimativas do Volume de Comrcio... 3173
Figura 1 - Evoluo do consumo e oferta total mundial de energia
para o perodo de 1980 a 2009
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
Figura 2 - Evoluo do consumo mundial total de energia, por
regies, para o perodo de 1980 a 2009
Fonte: Elaborao prpria a partir de BP (2012).
Tabela 3 - Produo mundial de energia primria por regio mundial
para o perodo 1980 a 2009
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
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SCHUTZ; MASSUQUETTI; ALVES
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mundial, representando 45% das fontes primrias consumidas no
mesmo ano. Em termos do total das fontes de energia no renovveis
(petrleo, energia nuclear, gs natural e carvo), o Brasil somou 60%
do total de energia primria. Isso demonstra uma forte inclinao
dopas para a utilizao de fontes renovveis de energia.
Ao longo dos anos, a matriz energtica nacional tambm sofreu
transformaes. Em 1940, a lenha e o carvo vegetal representavam
83,34% das fontes energticas consumidas pela populao, enquanto que,
em 2011, no chegou a 10%. Os pro-dutos da cana-de-acar, em 2011,
representaram quase 16%, contra 2,37%, em 1940. O petrleo, seus
derivados e o gs natural passaram de 6,41%, em 1940, para 48,76%,
em 2011 (BRASIL, 2013). A Figura 3 apresenta a evoluo do consumo
final de energia por fonte, considerando a ltima dcada.
As fontes renovveis (lenha, bagao decana, lcool etlico,
eletricidade, carvo vegetal e outras renovveis) representaram, em
2011, 43,59% do consumo nacional de energia. As renovveis que
tiveram maior participao foram a eletricidade, com 17%, o bagao da
cana, com 11%, enquanto o lcool etlico foi responsvel por 5% do
consumobrasileiro de 2011. Em relao variao de 2001
Em 2011, para cada mil dlares produzi-dos no Brasil foram
consumidas cerca de 11,78% de toda energia ofertada internamente. A
oferta interna de energia foi de 272,4 milhes de tep para produzir
um Produto Interno Bruto (PIB) na ordem de US$ 2.312 bilhes. A
energia consumida foi de 257,8 milhes de tep. Cada brasileiro
consumiu, em mdia, 1,41 tep no mesmo ano, enquanto que, em 2001,
este consumo foi de 1,3 tep/habitante. O setor de transformao de
energia foi o que mais a utilizou, com 72% de participao no
dispndio de 2011, enquanto que o consumo final respondeu por 28%
(BRASIL, 2013).
A matriz energtica brasileira considera uma das mais limpas do
mundo, em razo da forte presena de fontes renovveis de energia,
como a gerao de eletricidade a partir de fontes hidru-licas, lenha,
produtos da cana de acar e outras fontes renovveis. A partir da
Tabela 5, procura-se comparar o consumo de energias primrias do
Brasil com o consumo mundial em 2011.
No Brasil, a energia primria renovvel respondeu por 40% do
consumo total, contra 8% no mundo. Contudo, o consumo de petrleo no
pas 12 pontos percentuais maiores que o consumo
Tabela 4 - Composio do consumo da matriz energtica mundial, por
fonte de energia primria, para os anos de 1970 e 2011
Fonte: Elaborao prpria a partir de BP (2012).
Nota: (*) Dados das fontes renovveis so de 1990 e 2011. No foram
encontrados dados equivalentes aos dos anos de 2011 para 1970.
Assim, optou-se pelo valor mais prximo de 1970.
Tabela 5 - Comparao do consumo de fontes primrias de energia
entre o Brasil e o mundo em 2011
Fonte: Elaborao prpria a partir de BP (2012).
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Estimativas do Volume de Comrcio... 3175
56% foram de fonte no renovveis, destacando o petrleo, que foi
responsvel por 38,63% do total ofertado e 69% do total das fontes
no renovveis. As fontes renovveis responderam pelos outros 44% de
oferta interna, sendo que os produtos deri-vados da cana, somados
com a energia hidrulica e eltrica somaram 30% na oferta global e
foram ressveis por 98% de toda oferta de energia reno-vvel. Neste
sentido, a Tabela 6 traz uma mdia da oferta interna de energia
paras as ltimas cinco dcadas das principais fontes energticas.
Os dados revelam que petrleo, derivados e gs natural aumentaram
trs vezes mais na
para 2011, o lcool etlico apresentou um incre-mento de 86%,
passando de 6.052 10 tep, em 2001, para 12.628 10 tep, em 2011. De
todas as fontes consumidas, as nicas que apresentaram uma variao
negativa foram o gs canalizado, que teve um consumo de 35 10 tep,
em 2001, e no registrou consumo em 2011; e o leo combustvel, que
teve a maior variao negativa, passando de 8.469, em 2001, para
4.605 10tep, em 2011, ou seja, um decrscimo de 46% no consumo final
(BRASIL, 2013).
No que se refere oferta interna de ener-gia, do total ofertado
em 2011 (272.348 10 tep),
Figura 3 - Evoluo do consumo final por fonte para o perodo de
2001 a 2011 no Brasil
Fonte: Elaborao prpria a partir de Brasil (2013).
Tabela 6 - Mdia da oferta interna de energia por dcada em 10 tep
no perodo de 1970 a 2010 no Brasil
Fone: Brasil (2013).
Nota: (*) Mdia dos dois anos disponveis para esta dcada: 2010 e
2011. (**) Inclui Outras Fontes Primrias Renovveis e Urnio.
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SCHUTZ; MASSUQUETTI; ALVES
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cipais energticos para o uso predominante de petrleo, derivados
e gs natural. Alm disso, percebe-se a introduo e aumento dos
produtos de cana a partir de meados da dcada de 1970, demonstrando
uma substituio da lenha e carvo vegetal por tais produtos. Esta
substituio se d com a implantao do Pr lcool, em 1974, no Brasil,
como resposta primeira crise do petrleo no incio dos anos de 1970.
A oferta de energia hidrulica e eletricidade tambm aumentam a
partir dos anos de 1970, chegando, nos anos 2000, com forte
participao e presena conforme j relatado.
Apresentada a oferta e o consumo de ener-gia de forma geral e
agregada, passa-se ao consumo de etanol (lcool etlico). O consumo
de lcool etlico apresentou uma variao anual mdia de 8% e teve uma
um aumento de 101% de 2001 em relao a 2011, passando de 10.265 10m
para
dcada de 2010 em relao a 1970. Os produtos derivados da
cana-de-acar aumentaram oito vezes. Percebe-se um salto na oferta
de produtos da cana da dcada de 1970 para 1980, passando de 5.148
10tep para 15.646 10tep. Esse aumento deve-se implantao do Programa
Pr lcool, o qual d incio a uma srie de incentivos para a pro-duo de
etanol, a fim de se obter um combustvel alternativo ao petrleo e
seus derivados, motivado pelas crises do petrleo na dcada de 1970.
Para finalizar, em relao s questes relacionadas ao consumo e oferta
nacional agregados, apresenta-se a evoluo da matriz energtica no
que se refere oferta interna de energia. A Figura 4 mostra a mudana
na matriz energtica brasileira ao longo do tempo, tomando como base
o perodo de 1940 at 2010.
A Figura 4 apresenta a transio do carvo vege-
Figura 4 - Participao por fonte na oferta interna de energia por
dcada no perodo 1940 a 2011 no Brasil
Fonte: Brasil (2013).
Nota: (*) Outras fontes renovveis.
Tabela 7 - Consumo brasileiro de recursos energticos para o
setor de transportes em 2011
Fonte: Elaborao prpria a partir de Brasil (2013).
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Estimativas do Volume de Comrcio... 3177
84.101 10 tep, onde aproximadamente, 34,5% foram destinadas
produo de carvo vegetal e gerao de energia eltrica. Os outros 65,5%
tiveram uso final energtico nos setores residencial, comercial,
agropecurio e industrial. Os setores residencial e industrial
responderam por 84,7% da lenha com uso final energtico, sendo
responsveis quase nas mesmas propores, 42,7% (residencial) e 42%
(industrial) (BRASIL, 2013). Neste sentido, apresenta-se, na Figura
5, a evoluo da produ-o brasileira de energia primria de produtos de
cana e lenha e total de biomassa para o perodo de 2001 a 2010.
No perodo apresentado, a produo pri-mria de produtos da cana
supera a de lenha e, a partir de 2006, a distncia na produo se
acentua. Os produtos da cana apresentaram um crescimento mdio de
9,5% a.a., ao passo que a lenha cresce, em mdia, 1,5% a.a.. Em
2009, a produo de lenha caiu 15,9% e a de cana cresceu 0,5%,
resultados que podem ser justificados pela crise mundial de 2008.
Percebe-se que o aumento da produo primria de biomassa resultado do
incremento dos produtos da cana que, em 2001, eram responsveis por
50,40% do total de bio-massa e a lenha por 49,60%. J em 2010, a
lenha respondeu por 34,80% do total da biomassa e a cana por
65,20%. A variao percentual do total de biomassa de 2001 para 2010
foi de 65,62% e dos produtos da cana de acar foi de 114,26%, para o
mesmo perodo. Destaca-se, ainda, que a biomassa foi responsvel por
29,55% do total de energia consumida no Brasil e os produtos da
cana de acar por 19,27%, demonstrando, assim, a sua importncia
(BRASIL, 2013).
20.65 10m. O setor de transporte rodovirio con-some todo o
etanol produzido, tanto o hidratado quanto o anidro, e respondeu
por 0,67% de toda energia consumida no pas. A Tabela 7 apresenta o
consumo total do setor de transporte por recursos energtico em
2011.
Os combustveis fsseis representam o maior consumo no setor de
transportes, com 82,3%. Dentre estes, o leo diesel o mais
utilizado, respondendo por 48,79%. O etanol teve uma par-ticipao de
14,46% no consumo de energticos no setor de transportes em
2011.
No Brasil, as principais biomassas utili-zadas como recursos
energticos so os produtos da cana e a lenha. Os produtos primrios
da cana so o o caldo da cana, melao, bagao, pontas, folhas e
olhaduras, e como produtos secundrios o lcool anidro e hidratado
(EPE, 2011, p.191).A produo do caldo de cana e do melao somou, em
2010, 202.545 10 tep e foram consumidos totalmente pelo setor de
transformao3 para a produo de lcool etlico. J o bagao da cana,
com um consumo total de 158.271 10 tep, no mesmo ano, foi
absorvido pelo setor de transforma-o para gerao de energia eltrica
(12.752 10 tep) e consumido pelos setores energtico4 (61.843 10
tep) e industrial (83.676 10 tep) (BRASIL, 2013).
Em 2010, a produo total de lenha foi de
3 O Setor Transformao agrupa todos os centros de transformao
onde a energia que entra (primria e/ou secundria) se transforma em
uma ou mais formas de energia secundria com suas correspondentes
perdas na transformao (EPE, 2011, p.181).4 Setor energtico: Energia
consumida nos Centros de Transforma-o e/ou nos processos de extrao
e transporte interno de Produtos Energticos, na sua forma final
(EPE, 2011, p.182).
Figura 5 - Produo de energia primria: produtos da cana de acar,
lenha e total de biomassa, para o perodo de 2001 a 2010 no
Brasil
Fonte: Elaborao prpria a partir de Brasil (2013).
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SCHUTZ; MASSUQUETTI; ALVES
REGET - v. 16 n. 16 nov. 2013, p. 3167 - 3186
3178
membros reduziro a produo, substancialmente, abaixo dos nveis
atuais. Com o preo do petrleo em alta, h um incentivo na produo de
combus-tveis lquidos no convencionais em relao aos casos de
referncia.
Ao contrrio de um cenrio com preos elevados do petrleo, o cenrio
com preos baixos se d devido a uma diminuio da demanda de
combustveis por parte de pases no membros da OCDE e um deslocamento
na curva de oferta para cima. O aumento da oferta reflexo de maior
acesso e regimes fiscais mais atraentes, em reas potenciais de
pases no membros da OCDE, bem como nveis mais elevados de produo
dos mem-bros da OPEP. A retrao da demanda ocasionada por uma reduo
de 1,5 pontos percentuais da taxa de crescimento em relao ao caso
de referncia de pases no membros da OCDE.
Segundo EIA (2011), espera-se que, em 2020, o consumo mundial de
energia chegue a 505 quadrilhes de BTUs e, em 2035, a 770
quadrilhes de BTUs. Isso significa um incremento na ordem de 53%
para o perodo. Para o caso de referncia, esperado um aumento do
consumo energtico tanto para pases membros como no membros da OCDE.
Os pases asiticos no membros da OCDE tm o maior aumento projetado,
117%, de 2008 para 2035. A Amrica Central e do Sul tambm apresentam
crescimento do consumo de energia primria acima do patamar mundial,
na ordem 73%, passando de 28 para 48 quadrilhes de BTUs. Ao passo
que o consumo dos pases membros da OCDE cresce com uma taxa de 0,6%
em mdia ao ano, para os pases no membros, esta mesma taxa
apresenta-se maior, 2,3% ao ano. A Figura 6 apresenta a evoluo da
projeo do consumo mundial de energia para o perodo de 2015 a
2035.
Ao analisar o perodo projetado na Figura 6, o consumo mundial de
energia passa de 573 quadrilhes de BTUs, em 2015, para os 770
qua-drilhes de BTUs, em 2035, apresentando um crescimento de 34%. O
consumo total dos pases no membros da OCDE apresenta-se maior em
todo perodo projetado em relao aos pases membros, com crescimento
de 117%. Em 2020, os pases no membros da OCDE consomem 38% a mais
de energia que pases membros e, em 2035, este percentual sobe para
67%.
O crescimento no consumo mundial de energia primria baseado na
expectativa da reto-mada do crescimento econmico e da expanso da
populao mundial. Para o caso de referncia, o PIB mundial dever
crescer 3,4% ao ano, noperodo de 2008-2038. A mesma taxa mdia anual
para membros da OCDE de 2,1%. Enquanto que,
Isto posto, a seo que segue aborda os cenrios futuros e
perspectivas para o consumo de energia. Estes cenrios so apontados
por alguns estudos realizados por rgos como o Ministrio de Minas e
Energia (MME) e a EIA, entre outros, sobre perspectivas futuras em
um horizonte de 20 a 30 anos.
3 CENRIOS FUTUROS PARA OFERTA E CONSUMO DE ENERGIA
O EIA publicou, em 2011, o International Energy Outlook 2011, o
qual traz uma estimativa das perspectivas do consumo de energia
para os mercados internacionais para at 2035. O estudo incluiu
cinco cenrios: 1) casos de referncia; 2) caso de alta do petrleo;
3) caso baixa do preo do petrleo; 4) caso tradicional alta do
petrleo; e 5) tradicional baixa do preo do petrleo (EIA, 2011).
Neste artigo apresentam-se as descries dos cenrios 1, 2 e 35. Para
o cenrio de casos de referncia, os preos mundiais do petrleo esto
projetados em US$ 95,00 por barril, em 2015, aumentando lentamente
para US$ 125,00 por barril, em 2035. Este cenrio considerado o
melhor em relao aos custos de exploraoe desenvolvimento e de acesso
aos recursos do petrleo fora dos EUA. Neste cenrio, os pases
membros da Organizao dos Pases Exportado-res de Petrleo (OPEP) iro
manter a atual par-ticipao no mercado internacional do petrleo,
buscando realizar investimentos futuros para o aumento da
capacidade produtiva de petrleo, a fim de responderem por 42% da
produo mundial de combustveis lquidos. Para isso, a produo dever
aumentar em 11,3 milhes de barris por dia, no perodo de 2008 a
2035.
Para o cenrio de casos com alta dos preos do petrleo, os preos
mundiais esto projetados em US$ 200,00 por barril, em 2035. A
elevao dos preos neste cenrio se d por: 1) um aumento na demanda
externa de combustveis lquidos para pases no membros da Organizao
para a Coo-perao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), devido a um
crescimento econmico, com taxas maiores em 1,0 ponto percentual,
maior que em relao ao caso de referncia; e 2) uma reduo da oferta,
gerada por suposies de que diversos produtores no membros da OPEP
iro restringir ainda mais o acesso, ou aumentar os impostos sobre
reas potenciais de produo e que os pases
5 A descrio dos demais cenrios pode ser obtida em EIA
(2011).
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Estimativas do Volume de Comrcio... 3179
para o setor de transportes aumenta, em mdia, ao ano, 1,4%, ou
um total de 46% no perodo de 2008 a 2035. Este setor representa 82%
do total do aumento do consumo de combustveis lquidos no perodo de
2008 a 2035, os outros 18% esto relacionados ao setor industrial.
Em contraponto, nos demais setores de uso final e gerao de ener-gia
eltrica, a sua utilizao diminui (EIA, 2011).
No longo prazo, est projetado um aumento no consumo mundial de
energia de todas as fontes de combustveis at 2035. A projeo da
produo de petrleo e de outros lquidos na ordem de 96,6 milhes de
barris por dia, em 2020, e de 112,20 milhes de barris por dia, para
2035. A produo de combustveis lquidos (tanto convencionais, quanto
no convencionais) aumenta em um total de 26,6 milhes de barris por
dia de 2008 para 2035 (EIA, 2011). Isto posto, a Figura 7 mostra o
cenrio mundial de crescimento dos recursosenergticos para o perodo
de 2015 a 2035 para o caso de referncia.
Em termos de projeo, os recursos no convencionais (incluindo
biocombustveis, leo de xisto e outros) tanto para pases membros
como no membros da OPEP, crescem em mdia 4,6% ao ano ao longo do
perodo de projeo. Ao considerar que os altos preos do petrleo sejam
sustentados, os recursos no convencionais podem tornar-se
economicamente competitivos, especialmente quando restries
geopolticas ou outras limitem o acesso aos futuros recursos
con-vencionais (EIA, 2011).
A produo mundial de combustveis lqui-dos no convencionais, que
totalizaram apenas 3,9 milhes de barris por dia, em 2008, aumenta
para 13,1 milhes de barris por dia e responsvel
para pases no membros, o PIB cresce acima da taxa mundial, 4,6%.
Os pases no membros da OCDE devem ser responsveis pelo incremento
na demanda do consumo energtico mundial, esperado por um forte
crescimento econmico de longo prazo. Este incremento projetado em
85% para pases no membros da OCDE, enquanto que para os pases
membros esperado um aumento de apenas 18%, para o caso de referncia
(EIA, 2011).
Contudo, h uma preocupao com a recu-perao e estabilidade
econmica frente crise de 2008 dos pases membros da OCDE e que tal
recu-perao no deva acompanhar taxas de crescimento altas, como
ocorreu em momentos anteriores. Entretanto, as economias emergentes
continuam a ter crescimentos elevados, em parte, dado s fortes
entradas de capitais e aos elevados preos das commodities. Contudo,
presses de inflao e a necessidade de reequilbrio do comrcio externo
so apontadas como preocupaes particulares de importantes economias
em desenvolvimento (EIA, 2011).
No que se refere ao setor de transporte, este responde pela
maior parte do crescimento total do uso de combustveis lquidos, no
perodo projetado. Sua participao aumentou de 54%, em 2008, para
60%, em 2035, no consumo total. Este aumento parte do pressuposto
de que no haja avanos tecnolgicos significativos. Para pases no
membros da OCDE, deve aumentar a participao do setor de transportes
no consumo de combustveis lquidos, em mdia, 2,6%, e para pases
membros, 0,3%. Assim, os combustveis lquidos continuam a fornecer a
maior parte da energia consumida. Apesar do aumento dos preos dos
combustveis, o uso de combustveis lquidos
Figura 6 - Projeo do consumo mundial de energias primrias para o
perodo de 2015 a 2035
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
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SCHUTZ; MASSUQUETTI; ALVES
REGET - v. 16 n. 16 nov. 2013, p. 3167 - 3186
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pior cenrio, o consumo de energia final, no Bra-sil, passa de
161,8 106 tep (2005) para 309,3 106
tep (2030), um aumento de 91%. E para o melhor cenrio, o consumo
de energia final pode chegar a 477 106 tep, em 2030, comparado a
2005, refletindo um aumento de 19%. O crescimento demogrfico
projetado para 2030 aponta uma populao de 238,5 milhes de
habitantes. Ao considerar a oferta interna de energia, o consumo
mdio de energia por habitante pode chegar a 2,33 tep/ano, em 2030
(BRASIL, 2007). A Tabela 8 apresenta os dados de oferta interna de
energia, projetados para os anos de 2020 e 2030.
As energias renovveis devem responder por 46,6% da oferta
interna de energia, cerca de 2,5 pontos percentuais a mais que em
2011. Os produtos da cana de acar devem representar, em 2030, 18,5%
da oferta interna de energia, tam-bm 2,5 pontos percentuais a mais
que em 2011, quando foi de 16%. Por outro lado, a participao do
petrleo na matriz energtica deve diminuir, respondendo por 28% de
toda oferta interna de energia, contra 38% em 2011.
No que tange aos combustveis lquidos (etanol, leo diesel,
gasolina, leo combustvel, GLP, querosene, nafta), o setor de
transporte o que apresenta maior demanda por tais combus-tveis. A
demanda de combustveis lquidos pelo setor de transportes fica
entorno de 75% por ano. Na Tabela 9 verifica-se a demanda para os
anos selecionados.
O setor de transportes o responsvel pelo maior consumo de
combustveis lquidos em todos os anos projetados, chegando a
representar 77% do total de lquidos em 2030. Os menores
consu-midores de combustveis lquidos so os setores
por 12% da oferta mundial total de lquidos em 2035. Os maiores
componentes de produo no convencional futuro so 4,8 milhes de
barris por dia de petrleo canadense, 2,2 e 1,7 milhes de barris por
dia de biocombustveis dos EUA e do Brasil, respectivamente, e de
1,4 milhes de barris por dia de petrleo extrapesado venezuelano.
Esses quatro combustveis lquidos no convencionais representam quase
3/4 do aumento ao longo do perodo de projeo (EIA, 2011).
3.1 CENRIOS FUTUROS PARA OFERTA E CONSUMO DE ENERGIA NO
BRASIL
O MME elaborou o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030),
composto por uma srie de estudos temticos, os quais formam a base
para a elaborao do relatrio final. Para este artigo, utilizou-se
com maior frequncia o PNE 2030: combustveis lquidos e relatrio
final. O Plano traa projees de consumo e produo dos recursos
energticos no pas. Foram elaborados seis cenrios ao todo, contudo,
quatro cenrios nacio-nais foram analisados nos documentos, a saber:
1) Cenrio A: Na crista da onda; 2) Cenrio B1: Surfando a marola; 3)
Cenrio B2: Pedalinho; e 4) Cenrio C: Nufrago. Para o
estabelecimentodas estratgias de expanso do sistema nacional
energtico, o Cenrio B1 foi priorizado. A escolha de tais cenrios
justifica-se pela difcil previso da eficcia na gesto dos problemas
domsticos no horizonte de at 2030 (BRASIL, 2007).
Neste sentido, o PNE 2030 aponta para um crescimento do consumo
de energia final, acompanhando as projees internacionais. No
Figura 7 - Evoluo do consumo mundial de energia para o perodo de
2015 a 2035, no caso de referncia
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
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Estimativas do Volume de Comrcio... 3181
dendo, respectivamente, por 59,83% e 23,65%, do consumo mundial
de etanol e juntos representaram uma participao total no consumo de
83,5%. As participaes estadunidense e brasileira de etanol no
consumo total de biocombustveis foram 46,22% e 18,27%,
respectivamente. As Tabelas 11, 12 e 13 so apresentadas e
analisadas em conjunto, dado que elas relacionam a produo e o
consumo mundial de combustveis lquidos, biocombustveis e etanol,
respectivamente.
Os biocombustveis representam uma pequena parte do total de
combustveis lquidos produzidos e consumidos mundialmente. A oferta
e demanda para combustveis ainda bastante direcionada para os
derivados de petrleo. Em 2011, os biocombustveis representaram
2,40% da produo e 2,07% do consumo mundial total de combustveis
lquidos. A participao do etanol foi menor ainda, 1,71% da produo
mundial e 1,60% do consumo. Contudo, a produo e o consumo de etanol
relacionado com o total de biocombustveis so praticamente opostos,
pois, no mesmo ano, o etanol representou 71,12% da produo mundial
de biocombustveis e 77,24% do consumo. A Figura 8 traz o consumo
final energtico de etanol para
comercial e pblico, respondendo em todos os anos por 1% da
demanda total cada setor.
4 PERSPECTIVAS MUNDIAIS E NACIONAIS PARA O ETANOL
O consumo mundial de biocombustveis, em 2011, foi da ordem de
104 milhes de m. O Brasil foi responsvel por 20,74% do consumo
mundial total, ficando atrs, somente, dos EUA, que, por sua vez,
participaram com 49,39% do consumo mundial de biocombustveis. No
que se refere ao consumo de etanol, o mundo consumiu, em 2011,
aproximadamente, 80,5 milhes de m, cerca de 77% do total de
biocombustveis (EIA, 2012b). O Brasil e os EUA so os maiores
consumidores de etanol. Neste sentido, apresenta-se a Tabela 10 com
dados dos dez maiores consumidores de etanol no mundo, em 2011, e a
relao na participao do consumo mundial de biocombustveis.
Os 10 maiores consumidores de etanol somaram 76,11 milhes de m,
cerca de 94% do consumo mundial total de etanol. Os EUA e o Brasil
foram os maiores consumidores, respon-
Tabela 8 - Oferta interna de energia em 10 tep projetados para
os anos de 2020 e 2030
Tabela 9 - Evoluo da demanda de combustveis lquidos por setor
(mil tep) entre 2015 e 2030
Fonte: Brasil (2007).
Fonte: Brasil (2007).
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SCHUTZ; MASSUQUETTI; ALVES
REGET - v. 16 n. 16 nov. 2013, p. 3167 - 3186
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Assim, as possibilidades para o etanol so muitas. No que se
refere sua fabricao, alm da produo primria, a partir de biomassas
agrco-las, o mesmo pode ser obtido de materiais celu-lsicos, como
resduos agrcolas e resduos do primeiro ciclo de obteno de etanol
(bagao da cana-de-acar, por exemplo). O etanol oriundo de material
celulsico chamado de etanol de segunda gerao, o qual pode ser
produzido por um processo de hidrlisecida ou enzimtica, semelhante
ao utilizado com matrias amilceas. Contudo, as enzimas necessrias
para obter o etanol de segunda gerao so diferentes das
utilizadas,
o perodo de 2000 a 2011 no Brasil.Entre os anos 2000 e 2006, a
produo
ficou na faixa 5,3-6,3 mil 10 tep, apresentando um salto a
partir de 2008 e chegando a 12 mil 10 tep. O etanol hidratado
representou, em 2011, 60,51% da produo total de etanol, enquanto
que o anidro foi de 39,49%. Em 2001, esta proporoera inversa, onde
o anidro era responsvel pela maior parte da produo, com 56,52%,
contra 43,48% de etanol hidratado. De 1990 at 2004, o Brasil
importou por ano, em mdia, 6% do etanol consumido internamente.
Neste mesmo perodo, foi exportado por ano, em mdia, 3,81%.
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
Tabela 13 - Produo e consumo mundial de etanol para o perodo de
2005 a 2011 (milhes m)
Tabela 10 - Dados dos dez maiores consumidores mundiais de
etanol e a participao no consumo total de etanol e de
biocombustveis em 2011
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
Tabela 11 - Produo e consumo mundial de combustveis lquidos para
o perodo de 2005 a 2011 (milhes m)
Tabela 12 - Produo e consumo mundial de biocombustveis para o
perodo de 2005 a 2011 (milhes m)
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
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Estimativas do Volume de Comrcio... 3183
consumo e exportao de etanol para os anos selecionados.
Para todos os perodos, a produo de etanol aumenta. Destaca-se o
aumento das exportaes de etanol, contudo, a partir de 2025, as
mesmas podem diminuir, pois o crescimento do consumo ocorre a taxas
maiores do que o da produo. No longo prazo, espera-se que o Brasil
possa produzir etanol celulsico. Esta possibilidade bastante
apontada, contudo a produo majoritria de etanol se d a partir da
cana-de-acar.
As projees mundiais apontam para uma expanso do consumo de
energia primria, bem como para o crescimento econmico das
econo-mias. Destaca-se que os pases no membros da OCDE devem
crescer a patamares maiores que os pases membros. O Brasil tambm
acompanha esta expanso do consumo de energia. Os combustveis
lquidos, bem como o etanol, tambm seguem este aumento. Na Tabela
15, observa-se a produo e o consumo total de combustveis lquidos
para o mundo. Em todos os perodos, tanto a produ-o quanto o consumo
de combustveis lquidos
por exemplo, no milho. Estudos tcnicos e eco-nmicos esto sendo
realizados com a finalidade de diminuir o atual custo das enzimas,
a fim de tornar o etanol celulsico economicamente vivel e com seu
advento a produtividade de etanol por hectare pode dobrar
(BENSUSSAN, 2008).
Somam-se a isso as possibilidades do etanol servir com o insumo
para a indstriapetroqumica na produo de uma srie de
polmeros-polieti-leno (PE); polipropileno (PP); e policloreto de
vinila (PVC). E a sua utilizao como insumo para extrao de
hidrognio, o qual, por sua vez, gera eletricidade, alimentando
automveis leves movidos porclulas a combustvel. Neste sentido,
destaca-se a produo de plsticos j iniciada pela Braskem, que conta
com 18 produtos de polietileno produzidos a partir de matrias
primas renovveis (BNDES; CGEE, 2008; BENSUSSAN, 2008; BRASKEM,
2013).
Em termos setoriais, no setor de transportes, o etanol e a
gasolina produzidos so consumidostotalmente pelo setor de
transportes brasileiro. Na Tabela 14, observa-se a evoluo da
produo,
Figura 8 - Consumo final energtico de etanol (lcool etlico) em
10 tep, no Brasil, no perodo 2000 a 2011
Fonte: Elaborao prpria, a partir de Brasil (2013).
Tabela 14 - Produo, consumo e exportao de etanol, projetados
para os anos 2015, 2020, 2025 e 2030 (mil m)
Fonte: Brasil (2007, p.83).
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das exportaes de etanol, sinalizadas pelo Brasil (2007). A
produo passa de 3,8 milhes de barris por dia e a demanda para 6,5
milhes de barris por dia. A participao de combustveis lquidos no
convencionais, no total da produo de lquidos, em mdia de 24,4% a
cada 5 anos. A participao de combustveis lquidos convencionais
diminui em dois perodos: 2015/2020, -1,85 pontos percentuais; e
2030 para 2035, 1,15 pontos percentuais. Em relao produo de etanol,
os dados projetados de consumo e produo so expostos na Tabela
17.
Os dados de consumo e produo de etanol esto projetados para at o
ano de 2030. A pro-duo de etanol aumenta em mais de 100%, de 2015
para 2030, enquanto que o consumo eleva-se 60%. Como j mencionado,
a produo de etanol brasileira supera seu consumo interno, dado que
parte desta produo destinada ao consumo externo. Contudo, a quota
do consumo interno cresce nos perodos selecionados. Cabe
destacar
aumentam.Os dados demonstram um equilbrio entre
a oferta e o consumo de combustveis lquidos. Tanto a produo
quanto o consumo total de combustveis lquidos aumentam em 20% de
2015 para 2035. A produo passa de 93,3 milhes de barris por dia e a
demanda para 93 milhes de barris por dia. Com o crescimento
projetado, os biocombustveis representam, em mdia, 3,5% da produo
total de combustveis lquidos. Esta participao crescente, passando
de 2,57%, em 2015, para 4,19%, em 2030. No que confere aos dados
nacionais, com base no estudo do EIA (2011), estes so apresentados
na Tabela 16.
Os dados demonstram um distanciamento entre produo e consumo de
combustveis lqui-dos. O consumo total de combustveis lquidos
aumenta em 33% de 2015 para 2035, enquanto que a produo eleva-se em
71%. Essa diferena pode ser explicada com a projeo do aumento
Tabela 15 - Produo e consumo mundial de combustveis lquidos
(milhes de barris por dia) para os anos 2015, 2020, 2025, 2030 e
2035
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
Fonte: Elaborao prpria a partir de EIA (2012b).
Tabela 17 - Produo e consumo nacional de etanol (milhes de
barris por dia) para os anos 2015, 2020, 2025 e 2030
Fonte: Elaborao prpria a partir de Brasil (2007).
Tabela 16 - Produo e consumo brasileiro de combustveis lquidos
(milhes de barris por dia) para os anos 2015, 2020, 2025, 2030 e
2035
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etanol podem estar voltadas ao desenvolvimento regional,
considerando matrias primas disponveis nos locais de instalaes
futuras de unidades produtoras de etanol.
Por fim, nota-se que as perspectivas para o consumo, tanto de
combustveis lquidos quanto de etanol, so otimistas, demonstrando,
assim, possibilidades para a expanso da produo. Des-taca-se tambm
que para o perodo analisado no est prevista uma ruptura ou quebra
estrutural da atual matriz energtica, mesmo com um pequeno aumento
da participao das fontes renovveis no total de energia
demandada.
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