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ESTUDOS DE CASO EM PESOUISA E AVALIAAO EDUCACIONAL*
Roberi E. Stake* * O interesse pelo mtodo naturalista de
pesquisa educacional recrudesceu nos ltimos anos
tanto nos Estados Unidos como no Brasil. O exemplo mais comum
desse tipo de pesquisa o estudo de caso sobre programa ou projeto
curricular. Na medida em que os pesquisadores e ava- liadores vm
explorando esses mtodos, seus aspectos positivos e negativos tm
sido identificados e, assim, para benefcio nosso, as fmalidades da
pesquisa e da avaliao em geral tm sido exami- nadas
recentemente.
Apresentarei um projeto de estudo de caso mltiplo sobre o status
do ensino e da aprendi- zagem de cincias nos Estados Unidos nos
ltimos anos da dcada & 70. Jack Easley e eu o dirigimos com o
auxlio de mais de 75 pesquisadores. Onze desses pesquisadores,
cujos nomes aparecem em itlico no Anexo I sobre os Olse Studies in
Science Eduation (CSSE), foram colo- cados como observadores de
campo em onze distritos escolares separados uns dos outros por
centenas de milhas. A fun de apresentar os diferentes relatos e
harmonizar os resultados desse projeto, foram empregados mtodos que
podem ser chamados de etnogrficos, ou naturalistas, ou qualitativos
ou fenomenolgicos. Ainda que essas palavras signifiquem coisas
distintas, coleti- vamente, entretanto, enfatiiam a singularidade
(uniqueness) e a contextualidade de cada situao educacional.
Os &se Studies in Science Edumtion informaram muitas coisas
sobre os atuais problemas do ensino de cincia, muitos dos qu i s
nunca seriam conhecidos se tivssemos usado os mtodos de pesquisa e
de avaliao de programas empregados na dcada de 60. Envolvemo-nos,
no eotan-
" Comunicao apresentada no Seminrio sobre AVALIAO em DEBATE
promovido pelo epariamento de Educao da Pontifm Universidade
Catlica do Rio de Janeiro (PUCIRI), em wiaborao com. a CAPESJMEC, I
N E P W , CNPq, USICA, Fundao Fulbright, CIDA, n a dias 2 e 3 de
agosto de 1982, no auditrio do Ri0 DATACENTRO, e organizado pelas
Rofar. Dras. Ncia Maria Bessa e Thereza Penna Fume. TraduGo de
Heraldo Mare lh Vianna, com permisso do Autor.
** Professar da Univerudade de IUinOis (Urbana, III)
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to, com algumas questes epistemol6gicas fascinantes e
desconcertantes. Aps o tbnnioo do estudo em 1978, continuamos a
analisar o problema das questes epistemolgicas na pesquisa
naturalista. A pergunta Podemos generalizar a partir de 11 casos? -
e outras indagaes metodol6gicas sero discutidas posteriormente,
Agora, como exemplo de um veiho mas emer- gente estilo de pesquisa
e avaiiao educacional, apresentarei a histria dos nossos Case
Studies in Scienee Edumtwn, encerrando-a com a identificao de trs
aspectos metodologicamente impor- tantes para a organizao de
pesquisas baseadas em estudo de caso.
Antes de continuar, desejo mencionar uma de minhas tendncias: -
acredito que a maioria das pesquisas educacionais deva estar a
servio da educao e, claramente, proporcione melhor mmpreenm de seus
problemas prticos. 6 admissivel que algumas pesquisas sejam
abstratas, sobretudo com vistas i formao de pesquisadores; contudo,
no hemisfrio norte, grande nfase est seudo dada a este tipo de
pesquisa. No seria realista eu acreditar que a maioria das atuais
pesquisas nos Estados Unidos possa contniuir de maneira
significativa para a soluo dos pro- blemas prticos de educao, nos
limites da minha existncia. Um argumento a favor de estudos de
caso, segundo a abordagem naturalista, que muitos educadores os
consideram significativos e, algumas vezes, teis. *
Rob Walker, socilogo educacional e um dos observadores de campo
do projeto CSSE, passou 12 semanas numa escola de Boston e,
posteriormente, gastou seis meses para elaborar um relatrio de 50
pginas sobre um estudo de caso. A pgina 10 desse documento,
descreveu uma aula de cincias ministrada por um jovem professor
chamado David:
David, a seguV. demonstrou o segundo experimento, que consistia
em fazer flutuar uma rolha de cortia na &a. Presswnoua, a
seguir, sob a gua com um copo comum invertido e ehew de ar.
-Descreu onde esta a rolha, disse David. - Sob a gua. - Certo,
disse David. A presm do ar empurroua pam baixo. O ar ocupa espao. O
ar tem peso. Se inclinar o cop. o ar w i escapar e a rolha subim.
Colomrei no quadro a resposta que desejo. Estudo natumlista do
ensino e de aprendizagem. O que pretendemos com a palavra natu-
ralista? Para uma discusso inicial, cito o Dichonary of
Psychobm, de Drever. Natural signif- ca que o sujeito no foi
orientado a dirigir sua ateno para um estimulo ou para uma
resposta. Poderia cham-lo de no-intervencionista, pois nem o
tratamento experimental nem o problema orientado por hipteses causa
os fenmenos registrados pelo pesquisador.
Entretanto, pretendemos um significado mais amplo do que
no-intervencionista. Dese- jamos aiirmar que os sujeitos so
observados em sua atividade habitual, em seu habitat usual e,
ainda, que relataremos nossas observaes usando uma linguagem
no-tnica, palavras e conceitos j familiares aos nossos
leitores.
O pesquisadorwhuusta -observa, minimizando a intervenp-o; -
rehta, em linguagem habihul, - sobre LILIOS e - em suas ativiakies
costumeims, - em seus ambientes nahuuis.
Quando os pesquisadores antecipam a linguagem a ser usada em
seus relat6rios fmais, ela influencia o que observam e o que pensam
passa a ser importante. Orienta a pesquisa em direo s perspectivas
e As experincias de suas audincias. Assim, naturalista refere-se
tanto ao sujeito que est sendo estudado como i maneira pela qual o
pesquisador se comporta.
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Todos se dedicam a esse tipo de estudo. Qual, ento, a razo de
ser de toda essa confuso? Nos ltimos sete anos, p p o s de pesquisa
nos Estados Unidos vm se agitando porque um nme- ro considervel de
pessoas, sob a liderana de h u i s Smith, Egon Guba, i ee Cronbach,
entre outras, a f m a que devam ser realizados m i s estudos
naturalistas, no apenas na preparao exploratria de estudos mais
amplos, mas sim como estudos cujo principal enfoque sqa ensino,
aprendizagem, administrao, aconseihamento e pesquisa. Enfm,
pesquisas sobre todas as funes no contexto da educao.
Aos advogados dessa posio ope-se um gande gmpo de pesquisadores
que a,fkmam ser o naturalismo adequado i explorao preliminar, mas
as concluses nele baseadas so subjetivas e no se revestem de
fidedignidade. Ellis Page, Fred Kerlinger, Peter Rossi e James
Popham, por exemplo, temem que esse tipo de pesquisa possa custar
aos avaliadores o respeito que hoje desfrutam as medidas e as
tecnologias analticas. Ainda que nos Estados Unidos tenha ocorrido,
presentemente, uma diminuio no fmanciamento governamental para
pesquisas educacionais, existem argumentos que justificam a
realizao de mais pesquisa naturalista.
As pessoas, ao longo dos anos, tm observado a educao de maneira
naturalista, o que justificaria a realizao desse tipo de pesquisa
pelos avaliadores.
Ns, avaliadores, nos ltimos vinte anos pouco contribumos para a
compreenso da educao. No auxiliamos, realmente, os que militam na
educao, nem as autoridades governa- mentais, salvo na legitimao de
alguns de seus programas. No reagimos aos problemas educa- cionais
com idias educacionais, mas sim com tecnicas, algwnas das quais
causam, por sua vez, novos problemas. Por exemplo, contribumos para
a falsa concepo de que a educao essencialmente o domnio de
habilidades bsicas. Ou concepo, igualmente errnea, de que no se
pode iniciar a educao de uma pessoa antes que tenha dominado
algumas habilidades bsicas. Ironicamente, ainda que em suas origens
o positivismo tenha syrgido como uma reao ao misticismo,
pesquisadores paitivistas contriburam para a mistificao da e d u c
e o , fazendo parecer a professores e a administradores que
deveriam confiar mais em peritos de universidade e em setores
governamentais tecnolgiws. A validade de muito da ncwsa assitncia
tecnolgica i educao ainda no foi demonstrada.
Os pesquisadores, frequentemente, sugerem a professores e a
elementos do governo que abandonem suas concepes sobre educao,
substituindo-as por novos modelos. Isso tem sido um erro. Deveramos
ter adaptado nossa assessoria s suas experincias pessoais,
contribuindo, na oportunidade, para que aumentassem suas
compreenses, auxiliando-os a serem pesquisadores em ao do ensino e
da aprendizagem, clnicos e profissionais menos dependentes de
autoridades externas.
Algumas reas de conhecimento, como a antropologia (especialmente
a etnografm), a his- tria, o jornalismo, o direito e as artes,
possibilitam percepws dos vrios significados da expe- rincia comum.
Podemos auxiliar as pessoas a prolongarem suas experincias de
maneira vicria - atravs da nfase em acontecimentos, em testemunhos
-, apresentando com menor destaque a redugo dos fenmenos
educacionais a variiveis das cincias sociais. As variveis
mistificam, o relato honesto de casos pode ajudar a
desmistifcar.
Os pesquisadores naturalistas sugerem um sentido diferente de
mia0 e um conjunto diferente de percepes. A esperana centra-se na
confiana de que descries naturalistas sero teis, especialmente se a
validade basear-se na triangulao e numa reviso dialtica. Eles
esperam que um ponto de vista de realidades mltiplas - ponto de
vista mais comum aS humanidades do que s cincias sociais - ser,
eventualmente, mais aceito (ou tolerado) em crculos cientfiws e
administrativos. Estas so algumas das promessas em pesquisa
naturalista, assim como tam- bm algumas de suas armadilhas.
Os oponentes da pesquisa naturalista dizem: - Mas demasiadamente
subjetiva!, espe- rando que essa exclamao seja um obstculo
defmitivo sua concretizao. A subjetividade precisa ser
reconsiderada. Penso que a subjetividade do observador de campo
pode ser controlada mas no eliminada. Controlada e usada,
entretanto, de um modo vigoroso a fm de fazer com que as concluses
da pesquisa sejam mais relevantes e teis.
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A dificuldade para o sucesso da pesquisa naturalista no est na
subjetividade, mas sim nos seus custos, que S o enormes. Rob Walker
gastou 12 semanas no campo e seis meses i sua mesa para apresentar
um relatrio de apenas 50 pginas de descrio e interpretao. Este
relat- rio esclarece plenamente o problema do ensino e da
aprendizagem de cincias em uma escola, mas no informa se qualquer
outra escola de Boston semelhante quela que descreveu. Os custos do
estudo naturalista de Walker podem ser jusMicados, no porque @a uma
repreen- tao autocqntrolada do ensino de cincias, mas sim porque
esse estudo possibilitou um aumento valioso do conhecimento
existente de muitos leitores Sobre complexos problemas de ensino
e
* aprendizagem. Terry Renny levou quatro semanas estudando uma
escola de 20 grau e escolas prepara-
trias (feeder schools) em um subrbio de Houston, Texas. Achou,
imediatamente, que deveria concordar com a defmio de Drever sobre
estudo naturalista. Precisava impor-se. Dispondo de apenas quatro
semanas em Houston e com a responiibidade de mais de cem classes,
no pode- ria esperar que as coisas acontecessem diantes de seus
olhos. Ele tinha a vantagem de j ter observado as coisas por algum
tempo. Elaborou seu estudo de caso principalmente a partiu de dados
de entrevistas.
Em River Acres, um subtirbw de Houston, uma pmfessora de escoh
pnmaM - numa tentativa de descrever cinqenta anos dumnte o
intervaio do caf - contou-lhe que o que ele precisava aprender
sobre as escohs locais era que. . . a &a o r n e muito len-
tamente em River Ames. A situapi era aceila e sabamos disso antes
que tudo comepsse a acontecer. Os antigos fazendeiros de Houston
tinium certeza de que havia doze anos de escoh pblim pua seus
filhos. Os que mo a @iam freqentar em porque m a merecinm Sempre
tivemm um bom cuninrlo orientado para a universidade. Assim,
enviavam seus filhos a s melhores esmhs pom afast-los da poeira. do
petrleo e do gado. Isso, entretanto, mo mais acontece&. Aiguns
aindn podem ansku por isso, mas tal mo mais O C O I T ~ . Todas as
aianas devem ter igualdode de oportunidades.
Uma das tempestades que perbdimmente voltava a ocorrer na
administrapio era a or- ganiza@ de gnrpos: Quantos niveis e quais
os aitrws a usar; q u i s os seus efeitos? Argumentaes
convencionais eram apresentadas. Aiguns pleiteavam um nmero maior
de nveis insrucionais. e chegavam a propor sete niveis em aido sne
por disciplina. Um im- portante administrador queria um mimem menor
de niwis, achanab que dois a p w s seriam suficientes:
A transcrio anterior foi extrada dos Case Studies in Science
Education. O Rehtrb HnaI incorporou as observaes de cada avaliador
e outros elementos que foram identificados pela equipe de avaliao.
O estudo foi realizado para proporcionar 4 Natwnal Science Foun-
datwn (NSFJ uma descrio das atuais condies do ensino de cincias
desde o jardimda-infncia ao ltimo ano do nvel mdio. 0 governo
necessitava desses elementos a fm de fazer com que seus programas
de apoio ao ensino de cincias fossem consistentes com as
necessidades nacionais. Ao serem iniciados, os programas da NSF
foram severamente criticados por alguns poucos con- gressistas do
Legislativo. A NSF fmanciou trs estudos, um dos quais usava a
metodologia do estudo de c m . O nosso estudo custou 300 mil dlares
e levou dois anos para terminar.
Jack Easley e eu relacionamos onze escolas de 20 grau e escolas
preparatrias, que foram extraidas de um grupo diversificado e
equilibrado de distritos educacionais dos Estados Unidos: - rural e
urbano; de vrias posies geogrficas; racialmente diversificadas;
alguns bem situados economicamente, outros pobres; alguns
aumentando sua rede escolar, outros reduzindo-a; alguns inovativos
e outros tradicionais nas suas programaes curriculares. As onze
escolas foram cuidadosamente selecionadas, mas parcialmente de modo
a que um pesquisador com ampla e relevante experincia de campo
pudesse ser colocado em cada uma delas. Rob Waiker e Terry Denny
estavam ansiosos para ir a qualquer lugar nos Estados Unidos,
enquanto Louis Smith e
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Alan Peshkin desejavam trabalhar em cidades prximas de seus
lares. Sentimos de modo critico a necessidade de pesquipndores
especialistas em trabalho de mmpo, mas nio oitiamente a necessidade
de uma amosira alentorh de lomis.
Evidentemente, a seleo dos locais das escolas foi arbitrna. A
fim de superar essa situao e possibilitar maior generalizao das
observaes do estudo de caso, acrescentamos A pesquisa um
levantamento (swvey) com base numa amostra probabilstica. Obtivemos
respostas de mais de 2.500 pessoas aleatoriamente selecionadas. As
perguntas do levantamento somente foram desenvolvidas depois de
possuhnos as observaes levantadas nos locais dos onze estudos. O
que nos colocou em bom posicionamento para ulterior validao dos
resultados obtidos e tam- bm nos permitiu comparar os resultados do
levantamento com os dos estudos de caso.
Muitos estudos de caso incluiro dados de levantamento formais,
mas no comum usar levantamentos para estabelecer os limites da
generalizao. E no um investimento promissor, penso. muito difcil
apresentar os resultados de estudo de caso com itens de questionnos
de levantamento.
* O que tnhamos era um projeto de Estudo Mltiplo de Caso
(Muitipie Case Study) com di-
versos locais e diferentes observadores em cada lugar. O caso
era o programa de cincias da escola de cada localidade. impe-se,
aqui, um comentrio sobre o planejamento desse tipo de estudo, em
que temos diversos estudos de caso em um nico projeto.
A literatura metodolgica que encontrei sobre como fazer um
estudo mltiplo de caso 6 bem reduzida. Para ns no eram onze
repeties de um caso nem uma anlise secundAria de onze estudos
independentes. Desejvamos uma certa coordenao conceitual e
metodolgica atravs delocais de modo que cada pesquisador pudesse
apreender o que existia nalocalidade. Certamente no desejvamos
asfuriar suas pesquisas com numerosos elementos controversos
prdespecificados.
O principal problema do planejamento refere-se i Intopretapio
dos Resultados. Necessit- vamos obter dados de diversas origens e
de observadores de campo que possuam diferentes mtodos de ao,
organizandoas de modo a permitir interpretaes significativas.
Desejvamos apresentar cada estudo de caso ao leitor e uma anlise
completa dos resultados comuns entre as localidades.
A observao de outros projetos de estudo mltiplo de caso
constituiu parte do planeja- mento. Alguns tentaram computar o
imenso trabalho de classificao e recuperao& dados de medo
engenhoso, mas sem sucesso no breve perodo disponvel de dois a trs
anos. Ao contrrio, decidimos estabelecer um pequeno g ~ p o de
coordenadores de locais que poderiam controlar os dados de vrias
localidades, familiarizar os observadores de campo com os dados
obtidos em outras regies e que poderiam escrever os captulos de
interpretao dos dados. Desejvamos um pequeno grupo de pessoas que j
tivessem trabalhado entrosadamente e que, rotineira e
compulsivamente, trabalhassem alm dos limites do horhrio e, t a m b
h , se preocupassem com o ensino de cincias. Criamos tal grupo.
Eles se mantiveram, razoavelmente, em comunicao com os
observadores, mas aos poucos perderam o interesse e evitaram a
tarefa fmal de elaborao dos captulos de anlise dos resultados.
Alguns estudantes competentes de ps-graduao os subs- tituram,
permitido-nos terminar a tempo o relatrio fmal, mas com perda de
continuidade e da experincia de pesquisa originalmente pretendida.
A anlise dos resultados foi um trabalho bem maior do que tnhamos
calculado, ainda que tivssemes previsto que seria a maior anlise j
feita por nosso gnipo.
Os pesquisadores de campo foram instrudos para descobrir o que
estava acontecendo, O que consideravam importante nos currculos de
cincias. (A defiio de cincias da NSF inclui matemtica e cincias
sociais). Aos observadores que ficaram no campo de quatro a quinze
semanas no foi solicitado que coordenassem os seus trabalhos com os
de outras localidades. Algumas questes originalmente apontadas como
importantes pelos patrocinadores da pesquisa ou anteriormente
identificadas no campo eram mencionadas de tempos em tempos pelo p
p o de coordenao, mas os observadores de campo decidiam sobre o que
relatar.
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Cada observador preparou um relatrio de estudo de easo que foi
integralmente mantido como parte da coleo fmal. Os dados dos
levantamentos foram apresentados separadamente e os resultados
obtidos foram mostrados no contexto das mudanas sociais e
educacionais con- temporneas. *
Alan Peshkin, autor de Growing up Amerimn, escreveu um dos
estudos de caso. Um trecho
Por qualquer padm, BRT 6 um pequem distrito esmdor. Suas
experincias, conse- qentemente, refletem as Iirnitagies de tnis
distritos, ai& que atenuadas por uma buse tributa*
excepcionalmente grande. A maioria das rsagies ao ERT um reflexo do
seu ta- manho e m o de sua loalizap-o rumL AUm de um programa
vomeional de agtimltum e de omsionais referncios de professores e
esrudantes a a g r i m h . para ilusimr determinado assunto, seu
nurimio na0 infkrenciado pelo contexto nua1 & regiii. Os
membros de seu conselho dizem que sua escodo m o deve ser diferente
de uma escudo urbana, pois a es- nmgadom maiorb de seus graddos
vive em outros &ares e na em fazendas. Foi dito: As
necessidades dos estudantes devem ser dominantes. Ncis os educamos
para um futum desconhecido. Um edumdor, contudo, lamenta o xodo em
masu de esrudantes forma- dos, observando que o mesmo afasta
pessoas que seriam valiosos elementos dn comunfdade.
W n a s m m orientap-o nadmim partem. No consmnmos aqueles que
usam a edump-o para pmgredw. Os que fmm proeumm coisas ligadas a
terra. Nossos doutores e advogndos Sao todos oriundos de outros
lugnres. A tarefa para cada um dos observadores de campo do CSSE
consisti em descrever o que
encontravam sobre cincias, matemtica e estudos sociais. Deveriam
idenuficar questes proble- mticas no desenvolvimento dos programas.
E claro que, antes de partirem para o trabalho de campo, tinham
emmente algumas questes, tais como:
- Quais os efeitos dos cortes oramentrios? - As atitudes numa
comunidade ~ r a l rica & iliimois diferem das atitudes de uma
cidade
empobrecida da Pensilvnia? - Quais OS traos do movimento de
reforma curricular de 1960 que podem ser encon-
trados? - H uma discrepncia importante entre a maneira como os
professores so treinados
nas universidades para ensinar e o que os seus colegas dizem a
eles sobre como o ensino deve ser praticado?
Mas, deliberadamente, os pesquisadores de campo procuram prestar
ateno aos problemas, preocupaes e s satisfaes apresentadas pelos
professores, estudantes e outras pessoas das regies
pesquisadas.
* Um dos resultados interessantes foi constatar que problemas de
interesse nacional rara-
mente tinham importncia local: declinio dos escores &
testes, iniegrao racial, uniformizao do apoio fmanceiro entre os
distritos educacionais.Problemas nacionais e locais no se
harmoniza- vam. As pessoas sabiam que tais questes eram discutidas
na teleWo nacional, mas essas coisas pareciam ter pouca relao com a
qualidade do ensino de cincias em suas pr6prias salas de aula. Eles
tinham outras preocupaes.
Muito mais importante, a nvel local, eram assuntos como a
crescente nfase no ensino da leitura - mesmo em turmas de cincias -
, a criao de condiges em d a de aula que evitassem distraes, e o
desejo de moldar as crianas de fama a tom-las cidados disciplinados
e esfora- dos trabalhadores da classe mdia. Estes eram os
problemas, os pontos a debater, assuntos de complexidade contextuai
e todos os esforos para aprimor-los significavam aumento de custos,
intensificao do trabalho ou algum tipo de prejuzo para algum.
dele transcrito a seguir.
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Um dos temas objeto da controvrsia centrava-se no ensino baseado
em textos. O mtodo predominante no ensino de cincias,
particularmente no i? ciclo da escola mdia, baseava-se na leitura e
posterior repetio oral (recitation) do livro-texto. Nas escolas
elementares, as claws de cincias poderiam observar o comportamento
de lagartas ou ler fico cientfica, mas quando alguma coisa
irnportcmte deveria ser ensinada, programavam-se leitura e repetio
oral, e talvez uma pequena prova. As classes de 20 ciclo muito
provavelmente fariam exerccios, possivelmente em g n i p reunidos
no laborat6ri0, mas a atividade mais comum seria, novamente, a
repetio oral sob controle do professor, que acrescentaria alguma
outra informao e talvez fmsse de- monstraes.
O livro-texto era a chave para a informao. A antroploga Jacquie
Hill observou (para 116s) uma classe de escola urbana prxima de
Washington, D.C.
Oito crianas de quarta srie cwcundavam a professom durante a
aula de estuabs sociais. A Srta. Willianr p w n t o u - Por que
Nova Iorque uma ciaizde cosmopolita? (Nenhuma resposta) Terry? Tmy
l: - Nova Iorque uma das maiores cidades do mundo, e olha
interrogativamente. No, olhe o pardgrufo, A sede das Naes U n a s
est M e comercia com todos os pises .
* Entrementes, poderamos indagar se outro grupo de pesquisa
teria chegado a esse resultado.
E quo importante que todos os pesquisadores cheguem aos mesmos
resultados. Desejo, agora, identificar trs aspectos metodolbgicos
importantes para a elabora8o de
estudos de caso. At o presente momento, tenho discutido a
abordagem naturalista dos estudos de caso. fi necessrio ressaltar
que a pesquisa do estudo de caso existe h muito tempo em vrios
campos de conhecimento, inclusive na medicina, no direito e nas
humanidades. A sua caracteri- zao, apresentada aqui de forma
resumida, foi estabelecida a partir de seu uso em diferentes
reas.
Os estudos de caso podem ser conceituados em termos de limites
do caso, problemas (issues) do estudo e padres nos dados. Sempre
que, semestralmente, inicio meu CUISO de mtodos de estudo de caso,
toco uma fita da AERA intitulada Seeking Sweet Water, que estimula
os estudantes a pensarem em termos de limites, problemas e
padres.
Antes de mais nada, o pesquisador necessita especificar o caso a
ser estudado, o que geral- mente uma tarefa difcil. O caso pode ser
- um progama federal adaptado a certo local; um festival de msica
da eswlacomunidade; um sindicato de professores. O que e o que no
includo no caso? No me refm ao que includo na pesquisa, mas quai o
l i t e que circuns- creve o prprio caso? Por exemplo, sabemos que
as id6ias de cincias que uma, criana encontra na televiso so
externas ao caso da cincias na escola. Mas como um professor molda
a matu- ridade de um estudante para as idias apresentadas na
televiso , atuaimente, uma das mais vitais responsabiiidades no
ensino de cincias. O pesquisador dos CSSE necessitava saber como o
tra- balho escolar se integrava ou se isolava da aprendizagem de
cincias fora da escola, realizada atra- vs de jogos de televiso, em
parques nacionais e em outros contextos fora de controle do pro-
fessor. O problema no caso inclua oportunidades no planejadas na
escola e fora dela, que per- mitem a aprendizagem de cincias.
Os limites, mais, talvez, do que as tendncias centrais, na minha
opinio, merecem maior atenpo, pois muito do significado do caso 6
encontrado em suas extremidades, tendo em vista a influncia
especialmente exercida por elementos circmdantes, por seu contexto.
Os limites so freqentemente variveis e indistintos. O leitor
precisa conhec-los. A reflexo sobre os limites auxilia-nos a
progredir na compreenso do caso. * American Educational Research
Association
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Em um de meus escritos sobre programas de avaiiao re9ponsRa
desiaquci os p m b b como organizadores conceituais. A palavra
problema (ime) lembrados de que os asuntos ou questes para indagaes
possuem componentes de d o r e so potencjalmente cnntencicsos.
Todos os estudos de caso possuem certo elemento intelectual
importante, quer seja o caso uma simples oportunidade conveniente
para estudar um problema predominante, quer seja o caso fixo e
preeminente como ocorre geralmente nos programas de avaliao.
Exemplos de problemas no CSSE: - Quais os efeitos dos cortes
oramentrios? - Quais os traos do movimento de reforma curricular
dos ~ w 8 60 que ainda so obser-
Frequentemente, identifico problemas que kiuenciam a inmmmtu- de
.urna
- Usando certos crittrios para decidir quem pode ir numa excurso
noiurna a fm de es-
O nmero de problemas aumenta com o desenvolvimento do estudo e M
medida em que os
vveis?
determinada deciso tomada por responsveis por programas. Por
exemplo:
tudar a MtUreZa, 6 provvel que o nmero de meninas seja menor.
Igpo C justo?
assuntos apresentem diversos nveis de importncia.
* O terceiro aspecto do estudo de caso centra-se M procura de
padrBes nos dados, devendo
a palavra padr&s ser entendida como c o n f i e s
recorrentes. Em estudos mais quantitati- vos, so chamados de
wvariaes ou tendncias cclicas. Fadres so regularidades que nos
possibilitam um discemimento sobre a natureza do problema.
Encontramos um exemplo de padro, em nosso trabaiho sobre o ensino
de cincias, quando nos defrontamos c m o problema da diminuio de
recumos, pois os departamentos reduziriam o seu envolvimento com o
ensino da cincia geral e preservariam o da fsica avanada e o da
qumica, se pudessem. A educao preparatria para a universidade, de
diferentes modos, parecia ser tratada com mais importncia do que a
educao geral, mesmo em escolas em que somente uma pequena poro de
estudantes se destinava s universidades. Em estudos de caso,
evidncias para tais generaliza6es aparecem sob diferentes formas,
tomando-as difceis de agregar e susceptiveis a interpretao pessoal.
Pesquisadores naturalistas continuam a necessitar de melhores
procedimentos para trabalhar com padres de dados, sem,
necessariamente, recorrer mais a listas de classificao.
Ao chamar ateno para limites, problemas e padres espero
encorajar meus estudantes a trabalharem no sentido de estabelecer
meios mais efetivos de provarem a complexidade e a contextualidade
dos fenmenos educacionais. Ainda que atuaimente muita coisa fique
para a intuio - no obstante seja a intuio um ingrediente essencial
i pesquisa naturalista - , con- tinuamos a pesquisar rotinas que
faro esses mtodos mais rigorosos.
0 Preocupamo-nos, claro, em estudos de avaliao, com o mrito e a
deficincia de alguma
coisa. Sabemos que o valor grandemente contextuai e
freqentemente determinado pela expe- rincia individual. Os estudos
de caso, segundo a perspectiva naturalista, prestam especial ateno
aos resultados determinados pelo contexto do programa e permitem
uma realizao vicria do valor.
Nossos colegas em avaliao empenham-se em fazer com que os
programas de avaliao sejam racionais e empricos, mas todos achamos
que nossa experincia pessoal e a dos outros determina muito do
valor das coisas. isso verdade para aiuoos da quinta srie,
ministros de educao e, tambm, para pesquisadores. A ~vai ia~o
subjetiva. So necessrios dados conSii tentes em estudos de avaiiio,
mas avaliadores com sensibilidade acham que a utilidade da
subjetividade controlada est sendo cada vez mais valorizada. O
estudo de caso um modo de faz-lo.
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Uma grande ateno tem sido dada, nos Estados Unidos, A utilidade
de nom estudo, os CASE STUDIES M SWCE EDUCATION, que, entretanto,
no foram usados conforme o planejado. As principais deciscs da NSF
foram antecipadas e tomadas antes que os resultados dos CSSE
estivessem disponveis. Poucas foram as pessoas em Washington e em
outros lugares que prestaram ateno a nossas publicaes; contudo,
algumas das atuais percepes do governo sobre o ensino de cincias
podem ser relacionadas ao CSSE. Muitos pontos de vista existentes
foram reforados. Ficamos satisfeitos ao ouvir que um dos membros do
g ~ p o de r e W o crtica de nossos estudos de caso e de outros
trabalhos sobre o ensino de cincias destacou que, ao se aproximar o
fm do seu trabalho, o seu grupo tinha consultado nossos estudos de
casos cen- tenas de vezes para cada referncia a uma outra fonte.
Mas a traduo em poltica ou prtica indireta e difusa.
Poetas, cientistas e pessoas do povo so igualmente capazes de
uma reflexiio sobre a ver- dade, mas 116.3, em pesquisa
educacional, ainda no aprendemos bem a auxili-los a encontr-la.
Estudos de caso, segundo a abordagem naturalista, so uma
possibilidade.
REFERRNCIAS
GUBA, Egon G. (1978): Towrd a Methodoiogy of Naturuiistic Inquiy
in Educaiwnui Evahrn-
LEEAN, Constance. (1981). lllustrative Exemples of Case Studies.
In Wayne Welch (ed.) Case Study Methodology in Educntwnui
Evahrntwn. Proceedings of the 1981 Minnesota Evaiua- tion
Conference. Minneapolis: University of Minnesota.
STAKE, Robert E.; EASLEY, Jack ef ulii. (1978). Case Studies in
Science Edueation. Urbana: University of iihois. CIRCE, 270
Education Buildmg.
STAKE, Robert. (1978). The Case Study Method in Social Inquiry:
Edueatioml Resenrcher, Volume 7, Number 2, February.
tion. Monograph N? 8, Los Angeles: Center for the Study of
Evaluation. UCLA.
ANEXO I
Freqentes referncias sero feitas aos U S E STUDIES M SCIENCE
EDUCATION, um projeto para a NSF (Nutioml Science Foundution),
dirigido por Robert E. Stake e Jack Easley. CIRCE. Universidade de
Illinois. 1310 South Sity Street, Champaign, Iiiinois 61820 ($40.00
por conjunto).
O ndice do relat6rio fmal :
Folheto O - Captulo A - Viso geral do estudo. Captulo B - O
contexto da educao pr-universitria na Amrica de hoje. Captulo C -
Metodologia do Projeto.
Folheto I - Terry Denny - Alguns ainda o fazem - RIVER ACRES,
TEXAS. Foiheto I1 - Mary Lee Smith - Ensino e o ensino de cincias
em FALL RIVER. Folheto iII - Louis M Smith - Ensino de cincias nas
escolas de ALTE. F o m o IV - Alin Peshkin - Ensino em BRT - um
estudo de caso rural. Folheto V - Wuyne W. Welch - Ensino de
cincias em URBAN VILLE: um estudo de caso. Foiheto VI - Rob Wulker
- Estudos de caso no ensino de cincias: PINE CITY.
13
-
FolhetoW - Rodolfo C Smm - Status da Cincia, Matemtica e Cincias
Sociais em
Folheto WI - James R. Sondem e Doniel L. Siufflbeam - Escola sem
escolas; Resposta i
Folheto M - Jacquetta Hill Bumett - Cincias nas escolas de uma
cidade bdnehia do Meio-
Folheto X - Gordon Hoke - Turbh-o como precursor. Folheto XI -
Rob Walker - Estudos de casos no ensino de cincias: Grande Boston.
Folheto W - Resultados I - Captuio 12 -0s vrios objetivos do ensino
de cincias.
Captulo 13 - O currculo K-12. Captulo 14 - Piuralismo e
uniformidade.
Folheto Xl - Resultados ii - Captulo 15 -Aprendizagem do
estudante. Captulo 16 -0 professbr em sala-de-aula. Captulo 17 - A
escola e a comunidade.
Captulo 18 - Levantamento dos resultados e compmvaes.
Capitulo 19 - Conhecimento e resposta s necessidades do en-
WESERN CITY, Estados Unidos.
Crise Energtica de 1977; COLUMBUS, Ohio.
Leste.
Folheto XW - Levantamento dos Resultados -
Folheto XV - Sumrio -
sino de cincias.
14
-
DISCUSSO DO TRABALHO DE ROBERT E. STAKE
ESTUDO DE CASO EM PESQUISA E AVALIAAO EDUCACIONAL
Hermengarda Ludke*
Estou muito contente com a oportunidade de discutir este
trabalho com seu autor, Robert E. Stake, sem dvida um dos
especialistas mais credenciados, no meio universitrio americano,
para falar sobre o papel do estudo de caso na pesquisa educacional
em geral e na avaliao em particular. Ele tem refletido longamente
sobre o assunto, sob o ponto de vista tehico, onde sua contribuio j
est consagrada como de grande importncia. A publicao de seu artigo
O m& todo de estudo de C