i Estudo sobre a agricultura urbana e peri-urbana na Cidade de Maputo Relatorio final Novembro de 2009 Conselho Municipal de Maputo Pelouro de Actividades económicas Universidade Eduardo Mondlane FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL
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Estudo sobre a agricultura urbana e peri-urbana na Cidade de Maputo
Relatorio final
Novembro de 2009
Conselho Municipal de Maputo Pelouro de Actividades económicas Universidade Eduardo Mondlane
FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL
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Equipe da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal que realizou o estudo
Nomes Curso Supervisor Avaliacao da aptidao do vale do Infulene para producao de hortícolas
Baptista Rúben Zunguze
eng Paulo Jorge Sithoe eng Armindo Cambule
Gonçalves Mário Mandlate Engº Amândio Muthambe Manuel António Jorge Engº Amândio Muthambe
Levantamento e identificacao das principais doenças que afectam as culturas praticadas nas zonas verdes Acácio Rosse Salamandane Engº Amândio Muthambe
Arnaldo Adérito Sambo Prof. Dr Domingos Cugala Samito Pereira Assamo Prof. Dr Domingos Cugala
Identificacao e avaliacao da incidencia das principais pragas que ocorrem nas zonas verdes, e suas medidas de controlo Edson Vasconcelos Tanga Prof. Dr Domingos Cugala A comercializacao agricola nas zonas verdes de Maputo Osvaldo da Cruz Zacarias
Samo Prof.Dr Emílio Tostão
GESTOR FINANCEIRA: Pedro Bufalo
ASSITENTE DE EDIÇÃO E COMPILAÇÃO: Laura José
COORDENAÇÃO GERAL, COMPILAÇÃO E EDIÇÃO: Prof Dr Emilio Tostao
NOTA
O trabalho aqui apresentado foi realizado pelos estudantes da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal como parte dos seus projectos de fim de curso. Apesar dos supervisores dos estudantes terem se esforçado na correção de erros no decurso do trabalbo dos estudantes, podem ainda substir erros. Quaiquer erros ou omissões são da responsabilidade dos próprios estudantes.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................Error! Bookmark not defined.
CONSTATAÇÕES GERAIS............................................................................Error! Bookmark not defined.
CAPÍTULO 1. AVALIAÇÃO DA APTIDÃO DO VALE DO INFULENE PARA PRODUÇÃO DE HORTÍCOLAS.... 9
RESUMO ............................................................................................................................................ 10
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 11
1.1. PROBLEMA E JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 11
1.2. OBJECTIVOS ............................................................................................................................ 12
REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................................. 13
MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................................... 18
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................... 31
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................................... 59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 61
CAPÍTULO 2 . IDENTIFICACAO E AVALIACAO DA INCIDENCIA DAS PRINCIPAIS PRAGAS QUE OCORREM NAS ZONAS VERDES, E SUAS MEDIDAS DE CONTROLO ........................................................................ 64
SUBCAPITULO 2.1. AVALIACAO DA INCIDENCIA DAS PRINCIPAIS PRAGAS NAS HORTICOLAS E AS MEDIDAS DO SEU CONTROLO NO VALE DO INFULENE ..................................................................... 65
RESUMO ........................................................................................................................................ 66
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 67
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................... 70
MATERIAS E MÉTODOS ................................................................................................................. 75
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................... 78
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................... 88
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 90
SUBCAPÍTULO 2.2 AVALIACAO DA INCIDENCIA DAS PRAGAS AGRICOLAS MAIS IMPORTANTES E MEDIDAS PARA O SEU CONTROLO, NO DISTRITO MUNICIPAL Nº 4 (ZONAS VERDES), CIDADE DE MAPUTO ............................................................................................................................................ 93
RESUMO ........................................................................................................................................ 94
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 80
REVISÀO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................... 82
MATERIAIS E METÓDOS ................................................................................................................ 90
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................... 94
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 109
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 111
SUBCAPITULO 2.3. AVALIACAO DA INCIDENCIA DAS PRINCIPAIS PRAGAS DAS HORTICOLAS E METODOS DO SEU CONTROLO NAS ZONAS VERDES DO DISTRITO MUNICIPAL DE CATEMBE, PROVINCIA DE MAPUTO.................................................................................................................. 113
RESUMO ...................................................................................................................................... 114
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 115
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................. 117
MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................. 132
RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................... 137
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 147
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 150
CAPITULO 3. LEVANTAMENTO E IDENTIFICACAO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFECTAM AS CULTURAS PRATICADAS NAS ZONAS VERDES ..................................................................................... 156
SUB CAPITULO 3.1. LEVANTAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFECTAM AS CULTURAS PRATICADAS NAS ZONAS VERDES DE MAPUTO (VALE DO INFULENE)..................... 157
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 158
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................. 160
MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................................. 169
RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................................... 173
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. 182
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 184
CAPITULO 4. A COMERCALIZACAO AGRICOLA NAS ZONAS VERDES DA CIDADE DE MAPUTO........... 185
RESUMO .......................................................................................................................................... 186
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 187
1.1 Problema e Justificação......................................................................................................... 187
1.2. Objectivos............................................................................................................................. 188
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................................................. 189
METODOLOGIA................................................................................................................................ 195
RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................. 201
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 222
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................................................................... 224
ANEXOS 1 EXECUSSÃO FINANCEIRA ................................................................................................... 229
OUTROS ANEXOS ............................................................................................................................... 229
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Lista de abreviaturas, siglas e acronimos
Abreviatura Significado AAcriverdes Associações dos Agricultores das Zonas Verdes da Província de Maputo CEe Condutividade Eléctrica do Extracto Saturado CMM Conselho Municipal da Cidade de Maputo CO Carbono Orgânico CTC Capacidade de Troca Catiónica DEC Declividade DINAGECA Direcção Nacional de Cartografia e Teledetecção DNA Direcção Nacional de Águas ESRI Environmental Systems Research Institute, Instituto de Pesquisas de
Sistemas Ambientais FAEF Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal FAO Food and Agricultural Organization of the United Nations, Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação GIS Geographic Information System, Sistemas de Informação Geográfica GPS Geographic Positioning System, Sistemas de Posicionamento Geográfico. HR Humidade Relativa IIAM Instituto de Investigação Agrária de Moçambique INIA-DTA Instituto Nacional de Investigação Agrária-Departamento de Terra e Água MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural MO Matéria Orgânica N1 Actualmente Inapta N2 Permanentemente Inapta PBT Percentagem de Bases Trocáveis Prof. Profundidade PST Percentagem de Sódio Trocável S1-0 Altamente Apta S1-1 Apta S2 Moderadamente Apta S3 Marginalmente Apta SIREMO Sistema de Regadio Eduardo Mondlane TEXT Textura TMF Temperatura Média no período de Formação TMG Temperatura média na germinação TMINMED Temperatura Mínima Média ALES Automated Land Evaluation Sistem (Sistema Automatizado de Avaliação
de Terra) TMPC Temperatura Média no Período de Crescimento UEM Universidade Eduardo Mondlane USBR United States Bureau of Reclamation (Serviços de Reclamação de Terra
para Agricultura Irrigada nos Estados Unidos da América) USDA United States Department of Agriculture (Departamento de Agricultura dos
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Estados Unidos da América)
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CONTEXTUALIZAÇÃO
A agricultura consiste na produção de alimentos em quantidades suficientes a fim de satisfazer as necessidades alimentares sempre crescentes da população (Ivontchik, 1989). Ela é uma actividade primordial pois, por um lado, através da produção vegetal e animal consegue ter comida para a sua alimentação e, por outro lado, proporciona o emprego, ambos bases para a sua subsistência (Owen, 1991).
Agricultura urbana (AU) é uma actividade de produção agrícola realizada em pequenas áreas dentro de uma cidade, ou em seu torno (Peri-urbana), e destinada à produção de culturas para consumo próprio (auto-consumo) ou para a venda em pequena escala, nos mercados locais. Portanto, não é objectivo ou finalidade para a agricultura urbana e/ou Peri-urbana a obtenção de lucro, mas é praticada com uma grande diversidade de culturas.
A chamada cintura verde da Cidade e Província de Maputo (Municípios de Maputo, Matola e Distrito de Boane) com uma população de cerca de 1.873.488 habitantes (Cidade de Maputo: 1.099.102 habitantes; Município de Matola: 675.422 habitantes e Distrito de Boane: 98.964 habitantes), segundo o INE (http://www.ine.gov.mz/populacao2007, dados preliminares do censo geral da população de 2007,), começa a enfrentar problemas, cada vez mais profundos, de pobreza absoluta e de desemprego nos munícipes, a que tem vindo a procurar colmatar à semelhança de outras grandes Cidades de África e do Mundo. Para o efeito, vem planeando e desenvolvendo acções orientadas para a prossecução dos objectivos estratégicos de combate à pobreza e desenvolvimento de uma economia local e social sustentável; paralelamente, desenvolve acções de capacitação profissional, direccionadas a determinados grupos sociais.
A Dinamização da Agricultura Urbana e Peri-Urbana Sustentáveis (DAUS) na Cintura Verde dos Municípios de Matola e Maputo bem como no Distrito de Boane, é uma estratégia adoptada com vista ao melhoramento da qualidade de vida dos munícipes, através da prática de uma agricultura devidamente orientada, na base de orientação técnica, Políticas de Agricultura Urbana e Peri-Urbana (PAU-PU), entre outras formas cada vez mais rentáveis e com baixos custos de produção.
Com efeito, no Distrito de Boane e nas Cidades de Maputo e Matola o abastecimento em produtos agro-pecuários provém de cidades vizinhas; Distrito de Chókwè (a cerca de 210 km), Distrito de Muamba (a cerca de 50 km), etc., e dos países vizinhos, particularmente a África do Sul e a Swazilândia.
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Nas Cidades de Maputo e Matola e no Distrito de Boane, a Agricultura Urbana e Peri-urbana (AU-PU) sustenta cerca de 33 mil famílias e produz volumes importantes de produtos diversos, com maior destaque as hortícolas, mas há dificuldades para competir com os produtos importados. Todavia, é uma agricultura intensiva, em permanente competição com a urbanização para o uso da terra.
Os serviços públicos de apoio a agricultura da Cidade de Maputo (“Gabinete das Zonas Verdes”) estão em via de ser transferido do Governo da Cidade de Maputo (GCM) para o Conselho Municipal de Maputo (CMM). Neste âmbito, o CMM desenvolveu um programa de “Dinamização da Agricultura Urbana Sustentável - DAUS” e está a procura de novas vias para apoiar o desenvolvimento desta actividade económica.
Entretanto, o primeiro obstáculo é a falta de informações precisas e actualizadas sobre AU-PU, particularmente no que diz respeito às potencialidades, produção, produtividade e comportamento do mercado de produtos agro-pecuários. Os dados sobre a AU-PU de Maputo e Matola são escassos e dispersos e, os de Boane precisam actualização, pelo que estes factos (carência e desactualização) dificultam o desenvolvimento de programas eficazes de dinamização deste sector produtivo.
Para fazer face a escassez de informação, o Pelouro de Actividades Económicas (VAE) através do seu Departamento de Actividades Económicas e Empresas (DAEE), à luz da parceria com a ONG Francesa “ESSOR” solicitou apoio técnico da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), para realização de um diagnóstico sobre a agricultura urbana e peri-urbana na Cidade de Maputo, visando avaliar as potencialidades agrícolas dos campos de produção das zonas verdes da Cidade de Maputo. Este relatório apresenta os resultados do referido estudo.
COBERTURA DO ESTUDO
O estudo cobrir cerca de 16% da população dos três locais (Distrito de Boane, Municípios de Matola e Maputo), isto é, uma área agrícola de 44 430 ha, ocupadas por 33 266 famílias agrícolas (agricultores), nas quais produzem alimentos para sua própria subsistência e abastecimento das Cidade de Maputo, Matola e Distrito de Boane, como indicado na tabela abaixo.
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População Agrícola Local (Zona Agrícola)
População
(Censo 2007)
Área agrícola (ha) Total %
Distrito de Boane 98.964 43.200 13.300 13.44
Cidade de Matola 675.422 205 4.506 0.67
Cidade de Maputo 1.099.102 1.025 15.460 1.41
Total: 1.873.488 44.430 33.266 15.52
Fontes: INE (2007); DDA- Boane; Município de Matola e Gabinete das Zonas Verdes
OBJECTIVOS DO ESTUDO
Objectivo geral Pretende-se com o presente estudo avaliar as potencialidades agrícolas dos campos de produção das Zonas Verdes da Cidade de Maputo e examinar o comportamento do mercado de produtos agro-pecuárias na Cidade de Maputo. O objectivo final é recolher, analisar e divulgar as informações necessárias para caracterizar a agricultura urbana e periurbana de Maputo, Matola e Boane e para elaborar uma estratégia e um projecto de desenvolvimento deste sector de actividade.
Objectivos específicos
a) Avaliação da Aptidão do Vale do Infulene para Produção de Hortícolas; b) Identificação e avaliação da incidência das principais pragas que ocorrem nas
zonas verdes, e suas medidas de controlo. c) Levantamento e identificação das principais doenças que afectam as culturas
praticadas nas zonas verdes d) A comercalização agricola nas zonas verdes da cidade de Maputo
Fases da Realização do trabalho • Fase 1: Planificação tripartida do estudo entre o CMM (VAE1), ESSOR e
UEM (FAEF2), incluindo a orçamentação e busca de todo tipo de recursos para a sua operacionalização e, em coordenação com o Município de Matola, a Direcção Distrital de Agricultura do Distrito de Boane e o Gabinete das Zonas Verdes do Governo da Cidade de Maputo;
1 Pelouro de Actividades Económicas
2 Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
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• Fase 2: Elaboração das propostas pelos estudantes da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal;
• Fase 3: Trabalho de campo; • Fase 4: Tratamento, análise e redacção do relatório individual do estudante; • Fase 5: Compilação dos trabalhos dos estudantes
Organização do Relatório
O presente relatório organiza-se em quatro capítulos. O capitulo 1 apresenta avaliação da aptidão de solos do Vale do Infulene para produção de hortícolas, seguido do segundo capítulo que ocupa-se da identificação e avaliação da incidência das principais pragas que ocorrem nas zonas verdes, e suas medidas de controlo. O terceiro capítulo apresenta o levantamento e identificação das principais doenças que afectam as culturas praticadas nas zonas verdes, seguido do quarto capítulo que se ocupa da comercalização agricola nas zonas verdes da cidade de Maputo.
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Capítulo 1. Avaliação da Aptidão do Vale do Infulene para Produção de Hortícolas
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RESUMO
O Vale do Infulene é uma área de extrema importância do ponto de vista de produção
agrícola, porém, há falta de conhecimento das subclasses de aptidão e principais tipos de uso
e cobertura de terra para servir como ferramentas de tomada de decisões ao nível de maneio e
planificação do uso de terra. Assim, um estudo foi feito no Vale do Infulene com objectivo de
avaliar a aptidão deste para a produção de hortícolas. Para avaliação de terras, foi empregue o
método qualitativo da FAO (Food and Agricultural Organization of the United Nations)
modificado para as condições moçambicanas. Adicionalmente, a classificação não
supervisionada de imagens do Google Earth foi feita com intuito de mapear os principais
tipos de uso e cobertura de terra no Vale. A partir do estudo, foram produzidas duas cartas:
uma de aptidão agrícola e outra dos principais tipos de uso e cobertura de terra. Deste estudo
concluiu-se que, devido a heterogeneidade das unidades de terra, a maior parte das unidades
de terra do Vale apresentavam grande variabilidade de subclasses de aptidão para produção de
hortícolas e que as principais qualidades de terra limitantes para a produção de hortícolas são:
a toxicidade de sais, a disponibilidade de nutrientes, a disponibilidade de oxigénio e factores
alguns climáticos. Concluiu-se também que os principais tipos de uso e cobertura de terra
compreendiam o cultivo e a vegetação natural. Contudo, recomendam-se estudos mais
detalhados de solos para delimitação das zonas de maneio.
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I. INTRODUÇÃO O Vale do Infulene é uma das áreas de extrema importância do ponto vista de produção
agrícola na Cidade de Maputo. Este serve como fonte principal de hortícolas e outros
produtos agrícolas à alguns mercados da Cidade de Maputo e Matola (Macuácua, 2005).
Estima-se que cerca de 3000 pessoas servem-se da produção de hortícolas no Vale do
Infulene como fonte (primária ou secundária) de obtenção de renda e alimentos para as suas
famílias (MADER, 2003).
Pela importância que se dá à horticultura urbana e peri-urbana, o Conselho Municipal da
Cidade de Maputo (CMM) pretende dinamizar a produção de hortícolas. Contudo, para que a
planificação do uso e aproveitamento de terra seja eficaz, esta deve ser suportada por
resultados da avaliação do potencial das terras para os diferentes tipos de uso que nela se
pretendem implementar (FAO, 1976; Voortman, 1985 e Beernaert, 1991).
Vários estudos sobre os solos foram feitos no Vale do Infulene na tentativa de avaliar o
potencial do local para a produção de hortícolas (DHV, 1979; Kauffman e Konstapel, 1980;
Laan et al., 1983e Dykshoorn et al., 1988). Apesar do seu contributo para o conhecimento das
características dos solos do Vale do Infulene, a maioria destes estudos não traz uma
abordagem detalhada sobre a avaliação de terras para os diferentes tipos de uso. Por outro
lado, a informação existente é bastante esparsa dificultando o seu aproveitamento como
instrumento de auxílio à tomada de decisões tanto de nível de maneio, quanto ao nível de
planificação de uso de terra.
A partir do exposto acima, verifica-se uma necessidade de avaliar a aptidão do Vale do
Infulene para a produção de hortícolas. Este processo envolverá a identificação das
potencialidades dos diferentes sistemas de uso de terra, de modo a fornecer informação que
pode contribuir como ferramenta na planificação de uso de terra (FAO, 1976). Por outro lado,
no mesmo processo, serão identificadas as qualidades de terra limitantes para os diferentes
tipos de utilização, contribuindo assim com ferramentas de auxílio à tomada de decisões ao
nível de maneio.
1.1. Problema e Justificativa As hortícolas são as culturas mais produzidas no Vale do Infulene. No entanto, verificou-se
falta de conhecimentos sobre as subclasses de aptidão para diferentes tipos de utilização de
terra no mesmo Vale. O conhecimento das subclasses de aptidão, poderá contribuir como
ferramenta de auxílio à tomada de decisões ao nível de maneio e planificação do uso de terra
(FAO, 1976; 1996).
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Tal como foi anteriormente referido, os estudos até aqui feitos não dão uma visão clara sobre
a maneira como cada hortícola responde as diferentes unidades de terra do Vale em estudo
(DHV, 1975; Kauffman e Konstapel, 1980; Laan et al., 1983 e Dikshoorn et al., 1988).
Adicionalmente, nenhum desses estudos descreve os principais tipos de utilização de terra
para a área de estudo. Conclui-se, deste modo, que a informação sobre os principais tipos de
utilização de terra é imprescindível para o processo de planificação de uso de terra.
A necessidade de avaliar a aptidão agrícola do Vale do Infulene para as diferentes hortícolas,
integrando dados de estudos anteriores com dados mais recentes (de elevação e de
levantamentos de solos), justificaram a execução do presente trabalho.
1.2. Objectivos O presente trabalho enquadra-se no âmbito do programa levado à cabo pelo Conselho
Municipal da Cidade de Maputo, que visa avaliar as potencialidades agrícolas das zonas
verdes para a produção de hortícolas e tem como objectivos os seguintes:
1.2.1. Geral
Avaliar o Potencial aptidão do Vale do Infulene para a produção de hortícolas;
1.2.2. Específicos
Mapear os principais tipos de uso de terra no Vale do Infulene;
Avaliar a aptidão actual do Vale do Infulene para a produção de hortícolas e;
Avaliar a aptidão potencial do Vale do Infulene para a produção de hortícolas.
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II. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Antecedentes
Devido a sua potencialidade para a produção de hortícolas, o Vale do Infulene vem
merecendo atenção especial por parte de várias entidades há longos anos. O primeiro estudo
feito no Vale do Infulene data desde 1979 (DHV, 1979). O referido estudo visava analisar a
salinidade da água no Vale e efectuar pequenos levantamentos de solos com a finalidade de
avaliar as potencialidades do Vale para a prática da agricultura.
Do estudo feito pela DHV (1979), concluiu-se que o Vale era apto para a prática da
agricultura. Porém, o método usado consistiu em visitas de campo e colecta de um número
muito pequeno de amostras (16 amostras), o que não permitiu ter uma situação mais realística
das potencialidades do Vale do Infulene para a produção de culturas diversas. Porém, este
estudo recomenda a realização de pesquisas mais detalhadas sobre os solos do Vale do
Infulene.
Já em 1980, por requisição da Direcção Nacional de Águas (DNA), o Departamento de Terra
e Água do Instituto Nacional de Investigação Agrária (INIA-DTA) efectuou um levantamento
de solos para avaliar as potencialidades do Vale para a produção de hortícolas. Os
levantamentos de solos foram efectuados à escala de 1:25.000. Nesse estudo, o INIA-DTA
realizou um levantamento em 24 perfis de solo, tendo colhido algumas amostras para análises
laboratoriais (Kauffman e Konstapel, 1980).
A partir do levantamento feito por Kauffman e Konstapel (1980), foi feita a caracterização
das unidades fisiográficas quanto à sua aptidão para a produção de hortícolas, tendo-se
concluído que, no Vale do Infulene, algumas zonas eram aptas para a produção de hortícolas e
outras eram inaptas para o mesmo tipo de uso de terra.
Do trabalho efectuado por Kauffman e Konstapel (1980), foram avançadas algumas
recomendações sobre a necessidade se efectuar estudos mais detalhados, para avaliar a
dinâmica espacial da fertilidade do solo, principalmente o fósforo assimilável, salinidade do
solo, reacção do solo (pH) e profundidade do lençol freático, pois, estas características de
diagnóstico mostraram grandes diferenças entre observações dentro da mesma unidade de
terra (Kauffman e Konstapel, 1980).
Mais tarde, em 1983, foram estudadas as possibilidades de aproveitamento do Vale do
Infulene para a prática da agricultura. A metodologia consistiu de levantamentos em algumas
unidades de solos e compilação de dados de estudos anteriores (Laan et al., 1983). Porém, não
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houve possibilidade de se fazer um estudo mais detalhado que definisse a dinâmica dos
factores que foram considerados críticos no estudo anterior. O estudo resultou na produção de
numa carta de aptidão dos solos do Vale do Infulene na escala 1:10.000 para diversas
culturas.
Um outro estudo foi levado à cabo pelo departamento de terra e Água do INIA em 1988.
Neste estudo foi feito um levantamento mais detalhado dos solos da área de estudo.
Adicionalmente, avaliou-se a aptidão desta área para a produção de diversas culturas
(incluindo hortícolas). Porém, o estudo esteve limitado apenas para a parte baixa do Vale do
Infulene: a parte sul da via rápida para Moamba (Dikshoorn et al, 1988). Adicionalmente, não
foi efectuada uma análise detalhada para tipo de uso de terra. De 1988 até hoje, não são
reportados estudos que tendem a avaliar as potencialidades actuais do Vale do Infulene para a
produção de hortícolas.
Dos parágrafos anteriores, pode-se constatar que muitos estudos já foram feitos no Vale do
Infulene para avaliar a aptidão dos solos para a produção de hortícolas e outras culturas.
Porém, os dados existentes são dispersos, pelo que carecem de uma compilação reavaliação
da aptidão da área em estudo para as diferentes hortícolas. Contudo, todos estes estudos
tiveram grande contributo para o aprimoramento do conhecimento sobre os solos do Vale,
inclusive na delimitação das principais unidades de solos.
2.2. Sistemas de Avaliação de Terras
A avaliação de terras refere-se ao processo de previsão do performance da terra quando
alocada para um determinado tipo de uso (FAO, 1976; Beernaert, 1991 e Grose, 1999). Os
seus resultados constituem-se de ferramentas necessárias para racionalizar o processo de
tomada de decisões sobre o uso da terra, de tal maneira que, os usos propostos, tragam o
máximo benefício para a sociedade, sem degradação da qualidade ambiental (Touber e Noort,
1985).
Existem vários sistemas de avaliação de terras, desde muito gerais até muito específicos.
Apesar de numerosos, estes sistemas baseiam-se em três métodos: métodos de avaliação
qualitativa, métodos paramétricos e métodos de avaliação quantitativa (Landon, 1991 e FAO,
1976).
2.2.1. Métodos de avaliação qualitativa
Nos sistemas que aplicam estes métodos, a aptidão da terra é expressa em termos qualitativos,
não dando detalhes, quer sobre os custos envolvidos no processo produtivo, quer sobre os
retornos do mesmo processo. Nestes métodos encontramos cinco sistemas:
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Sistema de classificação da terra pela capacidade de utilização (USDA);
Sistema de avaliação da terra para agricultura irrigada (USBR);
Sistema de terras da Austrália;
Sistema de avaliação de terras da FAO (1976) e;
Sistema de ponderação potencial de solos (USDA).
a). Sistema de Classificação da Terra pela Capacidade de Utilização
Este sistema foi desenvolvido pela USDA, nos anos 1950 (Manna, 2005). É usado para
avaliação da aptidão geral para a agricultura e outros tipos generalizados de utilização de terra
(florestas, conservação, turismo, etc). Este sistema, dá apenas o potencial de uma determinada
unidade cartográfica para tipos generalizados de utilização, pelo que, não é aplicável para
avaliação da aptidão para tipos específicos de utilização de terra. Na avaliação de terras, este
sistema considera as qualidades edáficas e a topografia do terreno, deixando de fora as
qualidades climáticas da terra (Beernaert, 1991 e Grose, 1999).
O sistema da USDA tem a vantagem de apresentar outras alternativas de utilização de terra
para além da agricultura, por exemplo: florestas, savanas, conservação, turismo, etc.
(Beernaert, 1991). Em contrapartida com este método não é possível fazer a avaliação de
terras para tipos específicos de utilização de terra, pelo que não é apropriado para o presente
estudo.
b). Sistema de Avaliação da Terra para Agricultura Irrigada (sistema da USBR)
Contrariamente ao sistema da USDA, o sistema da USBR é usado na avaliação de terras para
agricultura irrigada. Adicionalmente, no sistema da USBR a avaliação de terras só é feita para
agricultura e não para os outros tipos generalizados de utilização de terra, como ocorre como
sistema da USDA descrito acima (Beernaert, 1991).
O sistema da USBR apresenta a vantagem de reconhecer a importância da rega no processo
de avaliação de terras, sendo o mais difundido para suportar a tomada de decisões de
implementação de projectos de rega. Em contrapartida, para além da agricultura irrigada, este
sistema não prevê a avaliação da aptidão de terras para outros tipos generalizados de
utilização de terra (Manna, 2005 e Beernaert, 1991). Portanto, tal como o sistema da USDA
descrito atrás, não foi seleccionado para o presente estudo.
c). Sistemas de Terras de Austrália
Tal como o nome sugere, este sistema foi desenvolvido na Austrália nos anos 1970. É um
sistema holístico, pois, é baseado na avaliação dos padrões de vegetação, solos, geologia,
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topografia e outros elementos da terra. No início, o sistema foi desenvolvido para
levantamento da aptidão das terras à escala de reconhecimento a partir da análise de imagens
de satélite. Em escalas mais detalhadas, as observações de campo foram incluídas no sistema
(Manna, 2005 e Fernandes e De Lima, 2001).
Tal como referimos acima, este sistema tem a vantagem de valorizar todas as componentes do
sistema terra. Contudo, o mesmo sistema é pouco aplicado no mundo e em Moçambique, em
particular (Beernaert, 1991 e Manna, 2005).
d). Sistema de Avaliação de Terras da FAO (1976)
O sistema de avaliação de terras proposto pela FAO (1976) é o mais usado, especialmente
quando se pretende avaliar a aptidão de terras para tipos específicos de utilização. Neste
sistema, a avaliação pode ser feita para agricultura de sequeiro ou para agricultura irrigada.
O sistema da FAO (1976) encontra-se estruturado em ordens, classes, sub-classes e unidades
de aptidão. As ordens de aptidão indicam se a unidade de terra é classificada como apta (S) ou
inapta (N) para um determinado tipo de uso. Por sua vez, as classes de aptidão reflectem o
grau de limitação em cada unidade de terra (S1, S1-1, S2, S3, N1 e N2). As sub-classes de
aptidão reflectem as limitações mais severas (disponibilidade de água, disponibilidade de
nutrientes, etc.). Finalmente, as unidades de aptidão, tal como no sistema da USDA, agrupam
as unidades de terra com iguais necessidades de maneio e rendimentos potenciais (FAO, 1976
e Beernaert, 1991).
Neste sistema, a avaliação de terra é baseada na comparação entre os requisitos de uso de
terra com as qualidades de terra. Esta comparação é feita com base em critérios de diagnóstico
(Beernaert, 1991).
A principal vantagem do sistema da FAO é que este permite a avaliação de terras para tipos
muito específicos de utilização de terra, sendo mais recomendado para planificação de uso da
terra para fins mais específicos (Voortman, 1985). Adicionalmente, em Moçambique já foram
desenvolvidos critérios de diagnóstico para cerca de 13 hortícolas. Não obstante, o sistema é
flexível e engloba todas as componentes (técnica e económica e ambiental). Estas ilações
fazem com o que este sistema seja o mais usado (Manna, 2005).
Contudo, um dos inconvenientes associados ao sistema da FAO é a necessidade de se
conhecerem os critérios de diagnóstico para cada tipo de utilização de terra, limitando a
avaliação de terras caso estes critérios não se conheçam (Beernaert, 1991 e Manna, 2005).
17
As vantagens do sistema da FAO (1976), aliadas à existência de critérios de diagnóstico para
diferentes hortícolas, ditaram a escolha deste método.
e) Sistema de Ponderação Potencial de Solos
Este sistema foi desenvolvido pela USDA em 1983 (Manna, 2005). O sistema centra-se na
comparação do potencial da terra com um solo padrão. Serve basicamente para indicar a
qualidade relativa de terras para um uso particular.
É um sistema usado simplesmente para planificação do uso de terra e não para recomendações
de uso de terra, pois, como foi referido acima, considera apenas um tipo de uso de terra. É
muito pouco usado (Manna, 2005). Adicionalmente, para o caso de Moçambique, não são
conhecidos critérios de diagnóstico para avaliação de terras usando este método.
2.2.2. Métodos Paramétricos
Fazem parte deste grupo de métodos os sistemas semi-quantitativos, nos quais, a relação entre
a produtividade e as características de terras são expressos como factores ponderados numa
função matemática simples. O principal objectivo destes métodos é de avaliar o potencial
duma área específica para diferentes usos (Manna, 2005).
Estes métodos têm como desvantagem principal, o facto de não englobar neles a análise de
sistemas integrados, como ocorre com os sistemas de avaliação qualitativa. Adicionalmente,
para o caso particular de Moçambique, não são conhecidas as funções matemática referidas
acima. Adicionalmente, a relação matemática varia com as condições ecológicas, sociais e
económicas, necessitando de serem adaptadas para satisfazerem à cada cenário.
2.2.3. Métodos de Avaliação Quantitativa
Métodos referidos anteriormente têm como unidades básica de avaliação de terra a unidade de
mapeamento (FAO, 1976; Voortman, 1985 e Beernaert, 1991). Actualmente são conhecidas
várias técnicas de colecta de dados e respectiva representação em formato raster, tornando a
modelação dos fenómenos ambientais mais dinâmica (no espaço e no tempo) (ESRI, 2008). O
enfoque destes métodos é estabelecer relações entre os recursos edafo-climáticos e maneio
para avaliar o potencial das terras (Manna, 1991). Um exemplo destes métodos é o Sistema
ALES (Automated Land Evaluation System), que é usado no INIA-DTA para avaliação de
terras
A principal vantagem destes métodos está associada à sua flexibilidade, pelo que podem ser
usados para estimar o potencial de terras para qualquer local, desde que estejam calibrados
para o mesmo (Manna, 2005). Apesar dessa vantagem, estes métodos não foram escolhidos
18
para o presente estudo, pois, neste trabalho não dispúnhamos de dados brutos de levantamento
do solo para produção de dados em formato raster. Adicionalmente, os sistemas baseados nos
métodos quantitativos exigem alta densidade de amostragem das características de
diagnóstico (Grose, 1999).
III. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área de Estudo
O Vale do Infulene é uma depressão natural na planície suave e ondulada dos arredores a
Oeste da Cidade de Maputo. Localiza-se entre as latitudes 25º45’41,25’’S e 25º56’06,11’’S e
longitudes 32º30’12,27’’E e 32º35’13,86’’E. Tem um comprimento de cerca de 20 km e cerca
de 0,5 km de largura média, e estende-se na direcção Norte-Sul, cobrindo bairros urbanos e
sub-urbanos da Cidade de Maputo e Matola.
Supõe-se que os solos da área de estudo tenham sido formados na fase transgressiva no
Plistocénio inferior (Dikshoorn et al., 1988). Nas encostas íngremes do Vale do Infulene
encontram-se solos arenosos, constituídos por areias grosseiras a finas, mal consolidadas, com
tonalidade branca. Nas encostas suaves, são proeminentes os solos da Formação da Machava,
que são argilo-arenosos, com artefactos de níveis altos de carbonatos e sais. Já na parte mais
baixa do Vale, predominam depósitos aluvionares representados por argilas escuras fluviais
com intercalações de níveis de carbonatos e sais de origem marinha (DNG, 1995).
No Vale do Infulene, o lençol freático apresenta-se em profundidades variáveis: superficial
nas zonas baixas e profundo nas zonas altas. Para além da variação espacial, a profundidade
do lençol freático na área em estudo apresenta um padrão de variação temporal sendo mais
superficial na época chuvosa (havendo necessidade de drenar algumas zonas) e profundo na
época seca (havendo necessidade de rega) (Kauffman e Konstapel, 1980; Jardim, 2004).
O estudo não abrange todo o Vale do Infulene, pois, na parte norte (depois do actual mercado
grossista de Zimpeto) não se reporta a prática da actividade agrícola. Para além disso, não são
conhecidos dados de levantamentos de solos à uma escala detalhada. A Figura 1 mostra a
localização geográfica do Vale do Infulene (área abrangida e área não abrangida pelo estudo).
19
Figura 1. Localização da Área Abrangida (a) e da Área não Abrangida (b)
20
3.2. Material
Para a concretização dos objectivos traçados foram usados os seguintes materiais:
Sonda, GPS, fita métrica e sacos plásticos para amostras;
Esboços cartográficos de levantamentos de solos à escala 1:5.000 e 1:10.000;
Mapas em formato digital sobre a divisão administrativa, estradas, construções, cursos
de água e curvas de nível, de Maputo Cidade e Matota, à escala 1:5.000.
Programas de GIS (Google Earth, ArcGIS, ArcView).
3.3. Mapeamento dos Principais Tipos de Uso e Cobertura de Terra
O método usado para o mapeamento dos principais tipos de uso e cobertura de terra foi o da
classificação não supervisionada. A escolha deste método prendeu-se com o facto de, a escala
das imagens usadas (1:2.000) permitir a visualização dos padrões de uso e cobertura do Vale
sem necessidade de pontos de controlo. A análise de imagens foi feita no Google Earth, e as
imagens analisadas referem-se ao mês de Setembro de 2007. O fluxograma da Figura 2,
mostra o resumo dos procedimentos usados para mapear os principais tipos de uso e cobertura
de terra no Vale do Infulene.
Figura 2. Mapeamento dos principais tipos de uso e cobertura de terra
A análise consistiu da observação e digitalização manual de imagens dentro do próprio
programa Google Earth. Depois de digitalizados, os polígonos foram exportados para o
formato shapefile, para facilitar o seu processamento e análise nos outros pacote usados neste
trabalho (ArcGIS, ArcView, Excel).
Para o mapeamento, foram consideradas 4 classes de uso e cobertura de terra: terrenos
cultivados, solo sem cobertura, vegetação natural e área habitacional (incluindo construções
grandes e área industrial). Uma classificação similar foi usada pela DINAGECA (1998).
21
Foram escolhidas estas classes de modo a separar as áreas com possibilidades para prática de
agricultura da área habitacional e industrial.
Os dados da classificação de uso de terra foram validados pelo método da matriz confusão.
Para tal, foram feitas observações de vegetação em 132 pontos escolhidos com base na
variabilidade dos principais tipos de uso de terra e cobertura (Figura 3). Com auxílio da
matriz confusão, foram calculados os valores da precisão do modelo, do produtor e do
usuário.
22
Figura 3. Localização dos pontos de amostragem
23
A precisão do modelo diz respeito ao nível de concordância (%) entre os valores previstos
(teóricos) e os valores verdadeiros (resultantes das observações de campo) e foi calculada
usando a equação [1]:
1
k
iii
nG
N==∑
[1]
Onde: iin é o número de observações correctas e N é número total de observações
executadas;
Para o cálculo da precisão do produtor (producers acuracy) foi usada a equação [2]:
.
jj
j
nP
n= [2]
Onde: P é a precisão do produtor; jjn é o número de amostras correctamente classificadas como X; . jn é o número de amostras que foram encontradas no campo pertencendo à classe X.
A precisão do usuário (users acuracy) é expressa matematicamente pela equação [3]:
.
ii
i
nUn
= [3]
Onde: U é a precisão do usuário, iin é o número de observações correctamente classificadas como X; .in é o número total de amostras que se esperava (a partir do modelo) que pertencem à classe X.
A precisão do modelo dá uma visão global do nível de concordância entre o previsto e o
observado. Por sua vez, a precisão do produtor dá uma ideia de até que ponto uma paisagem
pode ser mapeada com sucesso. Finalmente, a precisão do usuário indica o nível de confiança
que o usuário pode atribuir ao mapa (Jenness, 2007). A complementaridade entre os
indicadores de precisão foi a razão que justificou o seu uso simultâneo neste trabalho. A
abordagem proposta por Soltic e Peacock (2006) (Tabela 1), foi usada para classificar o nível
de concordância com base na precisão.
24
Tabela 1. Classificação da precisão do modelo, do produtor e do usuário.
Precisão Concordância < 0,05 Sem concordância
0,05 – 0,20 Muito pobre 0,20 – 0,40 Pobre 0,40 – 0,55 Moderada 0,55 – 0,70 Boa 0,70 – 0,85 Muito boa 0,85 – 0,99 Excelente
> 0,99 Perfeita Fonte: Soltic e Peacock (2006)
3.4. Avaliação da Aptidão Agrícola
Para avaliar a aptidão agrícola do Vale do Infulene, foi usado o método qualitativo da FAO
(1976). A escolha deste método prendeu-se, não apenas ao facto de ser o mais usado em
Moçambique, como também, à existência de critérios de diagnóstico desenvolvidos pela FAO
ao longo da década de 1980 e adaptados para Moçambique (Bernaeert, 1991).
Adicionalmente, é um método flexível e integra várias componentes (económica, social e
ambiental).
Foram executados os procedimentos propostos pela FAO (1996) para avaliação de terras.
Estes procedimentos compreendem: o inventário de recursos edáficos, inventário de recursos
climáticos, e comparação das qualidades de terra com os requisitos de uso de terra. Os
critérios de diagnóstico usados encontram-se no ANEXO I. A Figura 4 ilustra os
procedimentos da avaliação de terras segundo FAO (1976, 1996).
Figura 4. Metodologia de Avaliação de Terras
Fonte: Adaptado de FAO (1976, 1996)
25
3.4.1. Definição dos Tipos de Uso Qualidades de Terra Relevantes
De um modo geral, o tipo de utilização de terra considerado para este trabalho foi a produção
de hortícolas em sequeiro. Foi considerado o nível médio de tecnologia, pois, no Vale do
Infulene, a agricultura é suportada pela aplicação de pequenas quantidades de pesticidas e
fertilizantes (orgânicos e/ou inorgânicos), uso de algumas variedades melhoradas e mão-de-
obra intensiva (Macuácua, 2005), caracterizando o que Voortman (1985) designa de nível
intermédio de tecnologia.
Com base nos tipos de utilização de utilização de terra considerados, foram escolhidas
qualidades de terra consideradas relevantes para avaliação de terra no Vale do Infulene. A
Tabela 2 mostra as qualidades de terra e suas respectivas características de diagnóstico. As
razões que justificam a escolha destas qualidades de diagnóstico são apresentadas adiante.
Tabela 2. Qualidades de terra e respectivas características de diagnóstico
Qualidade de terra Características de diagnóstico Temperatura média mensal Temperatura média máxima e mínima mensal
Regime Térmico (h)
Temperatura do período de crescimento Textura dos solos Precipitação
Disponibilidade de água (w)
Comprimento do período de crescimento Disponibilidade de nutrientes (n) CTC, PBT, pH, CO Risco de erosão (e) Declive Disponibilidade de oxigénio (o) Profundidade do lenço freático Condições para maturação e crescimento (h) Humidade relativa
Salinidade (CEe) Toxicidade de sais (t) Percentagem de sódio trocável (PST)
Fontes: Voortman (1985) e Beernaert (1991)
O regime térmico é essencial na determinação do rendimento potencial das culturas numa
determina região. Para pequenas áreas, apesar de não haver diferenciação das temperaturas
nas diferentes unidades de terra, o regime térmico é aplicado na determinação do rendimento
potencial para os diferentes tipos de utilização de terra (Voortman, 1985).
Para além do regime térmico, a disponibilidade de água é uma das qualidades de terra mais
importantes na produção de hortícolas (Borrego, 1995), no entanto, ela depende, entre outros
factores, da precipitação, da extensão do período de crescimento e da capacidade do solo em
armazenar água, que é uma função da textura dos mesmos. No Vale do Infulene existe uma
grande diferenciação da textura dos solos (Laan et al., 1983 e Dikshoorn et al., 1988), que
26
pode implicar na diferenciação da capacidade de retenção de água. Por sua vez, a precipitação
e a extensão do período de crescimento, determinam a disponibilidade de água no solo, ou
para rega, que são fundamentais no crescimento e desenvolvimento das culturas. Assim
sendo, considerou-se a disponibilidade de água como uma qualidade relevante.
No Vale em estudo, a produção de hortícolas é feita com aplicação de fertilizantes orgânicos e
inorgânicos, com o intuito de garantir produções óptimas (Macuácua, 2005). Contudo, a
disponibilidade de nutrientes para as plantas é determinada por outros factores como pH,
CTC, PBT e teor de matéria orgânica (Wit et al., 2001). As diferentes unidades de terra são
distintas nestas características, pelo que a disponibilidade de nutrientes é uma qualidade de
terra relevante no Vale do Infulene.
No Vale do Infulene reconhecem-se diferentes unidades fisiográficas, umas mais declivosas e
outras menos declivosas (Laan et al., 1983). A declividade dos solos determina o rendimento
das culturas, pois, é um factor que condiciona a erosão e degradação dos solos, provocando o
declínio da fertilidade dos mesmos. Isto fez com que o risco de erosão fosse considerado
qualidade relevante na avaliação de terra para horticultura no Vale do Infulene.
Ainda no Vale do Infulene, o lençol freático varia de superficial nas zonas mais baixas até
profundo nas zonas mais altas. Um lençol freático superficial implica problemas de drenagem,
condicionando a disponibilidade de oxigénio para as raízes. Portanto, a disponibilidade de
oxigénio para as raízes foi considerada uma qualidade de terra relevante para avaliação de
terra no Vale do Infulene.
A maior parte da produção agrícola do Vale do Infulene é direccionada ao mercado
(Macuacua, 2005). Por conseguinte, é importante garantir que o produto final tenha uma
qualidade mínima de modo a assegurar que os produtores do Vale sejam mais competitivos.
Porém, um dos factores que determinam a qualidade do produto final é a humidade relativa na
colheita, a qual, quando em excesso, incita a diminuição do tempo de prateleira do produto
final. Em contrapartida, a humidade relativa do ar condiciona a produção de matéria seca pela
planta, pois, determina a absorção e transporte de água e sais minerais. Isto fez com que esta
característica fosse considerada relevante.
No Vale do Infulene, a salinidade e sodicidade são indicados como os principais limitantes à
produção agrícola (Laan et al., 1983 e Dikshoorn et al., 1988). Por outro lado, as diferentes
unidades de terra apresentam diferenciação tanto na salinidade, quanto na sodicidade. Por
conseguinte, considerou-se a toxicidade de sais como uma qualidade de terra relevante.
27
Neste trabalho não foram usadas todas as qualidades de terra e características de diagnóstico conhecidas. A disponibilidade de dados e exiguidade de fundos determinaram a exclusão das outras qualidades de terra e características de diagnóstico. Neste caso, assume-se que as qualidades de terra e características de diagnóstico não usadas, não limitam a produtividade das culturas.
3.4.2. Inventário de Recursos Edáficos
O Fluxograma da Figura 5 ilustra os principais procedimentos executados para inventariação
dos recursos edáficos.
Figura 5. Procedimentos de inventário de recursos edáficos
Para inventariar os recursos edáficos do Vale do Infulene foram usados dados de estudos
anteriores sobre os solos do mesmo Vale. Assim, foram obtidas, georreferenciadas e
vectorizadas duas cartas de solos do Vale do Infulene: uma à escala 1:10.000 (norte da via
rápida Maputo-Moamba) e outra à escala de 1:5.000 (Sul da via rápida Maputo-Moamba).
Estas cartas foram obtidas no Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (INIA-DTA).
Para a georeferenciação das cartas de solos, foi usada a base cartográfica da DINAGECA
(1998) à escala 1:5.000. Esta base cartográfica inclui vias de acesso, cursos de água e
construções. A escala da base plani-altimétrica usada pode ser considerada favorável para o
auxiliar o processo de georeferenciação das cartas de solos. Esta ideia é suportada pela ESRI
(2008), segundo a qual, a escala da base plani-altimétrica deve ser maior ou igual à escala da
imagem que se pretende georeferenciar.
28
a) Trabalho de Campo e Cartografia de Solos
O levantamento de solos à escala de 1:10.000 efectuado por Laan et al. (1983) não incluía
dados analíticos referentes à capacidade de troca catiónica (CTC), percentagem de bases
trocáveis (PBT), percentagem de sódio trocável (PST), condutividade eléctrica (CE) e teor de
matéria orgânica. Estas são características de terra incluídas no sistema de avaliação de terras
usado pelo INIA (Beernaert, 1991) e sua determinação é possível dentro dos limites
financeiros propostos para o presente trabalho.
Para preencher as lacunas presentes na carta de solos da parte alta, foram colhidas amostras
para análise laboratorial em pontos escolhidos. Para a escolha dos pontos de amostragem,
foram traçados três transetos na parte Norte da via rápida Maputo-Moamba. A colocação dos
transetos foi feita numa direcção perpendicular ao rio e, eventualmente, às curvas de nível. As
amostras foram espaçadas de 50 metros ao longo dos transetos, como recomenda (Wit et al.,
2001). Adicionalmente, os dados de uso e cobertura de terra foram usados na planificação dos
pontos de amostragem.
As coordenadas dos pontos extraídas e exportadas para um GPS portátil usando o ArcGIS. O
GPS foi usado para a localização dos pontos de amostragem no campo.
As amostras foram colhidas à profundidade de 20 cm, etiquetadas, acondicionadas em sacos
plásticos e levadas ao laboratório da FAEF para análises. No laboratório, foram analisados: a
CTC, CO, CE, PBT e PST.
Nos mesmos pontos, foi medida a profundidade efectiva do solo usando a sonda e fita
métrica. Ainda nos mesmos pontos, foram feitas observações de uso e cobertura de terra. A
Figura 3 mostra a localização dos pontos de amostragem.
Para a parte baixa do Vale os dados analíticos dos levantamentos de solos disponíveis
encontravam-se à escala de 1:5.000. De modo a se efectuar posteriores análises, foi feita a
georeferenciação e digitalização da respectiva carta de solos. Depois da digitalização as
unidades de solos foram generalizadas para a escala de 1:10.000, correspondente à escala do
presente estudo.
A generalização implicou a inclusão de unidades menores (com área menor que a mínima
mapeável), em unidades maiores que as circundavam usando a extensão Edit Tools do
ArcView. O mesmo programa foi usado para o cálculo das áreas das unidades de solos. Para
este efeito foi escolhida a projecção Universal Transversa de Mercator, meridiano central
29
32,5º. Por sua vez, a área mínima mapeável foi obtida através da aplicação da equação [4]
proposta por Fernandes e De Lima (2006) e Hengl e Husnjak (2006).
2
8
0,410
EAMM ×=
[4]
Onde: AMM é a área mínima mapeável (ha) e E é o valor nominal da escala de publicação.
3.4.3. Inventário de Recursos Climáticos
Foram usados dados climáticos referentes à estação climatológica de Maputo. A escolha da
estação climatológica de Maputo deveu-se à sua proximidade relativa ao Vale do Infulene e
ter boa qualidade das séries de dados climáticos. Os dados climáticos usados foram: humidade
relativa, precipitação e temperatura.
Os detalhes sobre a natureza destes dados podem ser encontrados na tabela dos critérios de
diagnóstico para cada cultura (anexo I). Adicionalmente, no anexo III encontram-se os dados
climáticos usados no presente trabalho.
A extensão do período de crescimento de referência foi determinada usando dados da FAO
(1998). A figura 6 ilustra o padrão do período de crescimento de referência.
Figura 6. Padrão do período de crescimento de referência Fonte: FAO (1998)
Da figura 6 pudemos constatar que a precipitação é maior que metade da evapotranspiração de referência (ETo) no período compreendido entre a 2ª década de Outubro até a 1ª década de Abril (cerca de 170 dias). Assim, o período de crescimento usado no presente estudo foi de 170 dias.
Fim do C
Início do C
(mm
/mês
)
30
3.4.4. Comparação entre qualidades e requisitos de uso de terra
As subclasses de aptidão actual nas diferentes unidades de terra, foram determinadas usando do sistema da FAO (1976) para avaliação de terras. Para tal, as características de diagnóstico encontradas em cada unidade de terra (ANEXO V), foram comparados com os requisitos dos tipos de uso de terra. Assim, foram obtidas as subclasses de aptidão para os diferentes sistemas de uso de terra. Esta comparação foi implementada numa planilha de Excel. As qualidades de terra e características de diagnóstico escolhidas encontram-se na tabela 2.
As subclasses de aptidão não foram determinadas para todas as hortícolas conhecidas. A razão de tal procedimento prendeu-se à falta de critérios de diagnóstico que auxiliem a avaliação de terras para as hortícolas não analisadas (Beernaert, 1991). Assim, as hortícolas seleccionadas para avaliação da aptidão agrícola foram: feijão nhemba, feijão verde, repolho, cenoura, alface, maçaroca, cebola, piri-piri, beterraba, batata-doce, tomate, melancia e batata-reno. Outros detalhes sobre estas hortícolas encontram-se no ANEXO II.
Apesar de não se ter avaliado a aptidão agrícola para todas as hortícolas, algumas hortícolas que foram analisadas podem servir como indicadoras para as hortícolas não analisadas. Por exemplo: o repolho pode servir como indicador para todas as restantes Brassica oleracea e, a cebola, para as restantes hortícolas da ordem Allium (alho, chalota).
Para classificar a aptidão actual das diferentes unidades de terra para as diferentes culturas, foram usadas as classes de aptidão propostas por Beernaert (1991). A Tabela 3 ilustra a correlação entre as classes de aptidão e os rendimentos potenciais possíveis.
Tabela 3. Classes de aptidão e correlação com rendimentos potenciais
Classe (%) do Rendimento Potencial Designação S1-0 95-100 Altamente apta S1-1 85-95 Apta S2 60-85 Moderadamente apta S3 40-60 Marginalmente apta N1 25-40 Actualmente inapta N2 0-25 Permanentemente inapta
Fonte: Beernaert (1991)
3.4.5. Determinação da Aptidão Potencial
Para determinar a aptidão potencial, foram analisadas as possibilidades de eliminar ou diminuir os factores que limitam a aptidão dos solos. Na mesma análise foi feita uma avaliação qualitativa dos custos necessários para a recuperação da aptidão dos solos. Estes custos foram categorizados em altos (A), quando requerem investimentos elevados que podem ultrapassar as capacidades financeiras da maioria dos produtores ou baixos (b), quando
31
podem ser implementadas pelos próprios produtores, sem necessidades de grandes investimentos.
Os restantes detalhes para avaliação da aptidão potencial são os mesmos que os usados na avaliação da aptidão actual, que são descritos acima. Por outro lado, tomou-se em conta que existem factores que não podem ser alterados, tais como a textura dos solos, a temperatura do meio ambiente e a humidade relativa do ar. Uma abordagem semelhante foi empregue por Touber e Noort (1985).
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Resultados
A partir do estudo efectuado foram obtidos os resultados do mapeamento dos principais tipos
de uso e cobertura de terra, bem como da avaliação da aptidão do Vale do Infulene para a
produção de hortícolas.
4.1.1. Mapeamento dos Principais Tipos de Uso e Cobertura de Terra
Os resultados da validação dos principai tipos de uso e cobertura de terra no Vale do Infulene
são apresentados na Tabela 4. Adicionalmente, na Tabela 5 são apresentadas as áreas
ocupadas pelos principais tipos de uso cobertura de terra por cada unidade de terra.
Tabela 4. Resultados da Validação do Uso e Cobertura de Terra (valores adimensionais)
Categoria Precisão do Produtor Precisão do Usuário
Terreno agrícola 0,93 1,00
Vegetação Natural 0,82 0,86
Solo sem cobertura 0,27 0,64
Área Habitacional 0,86 1,00
A partir da tabela 4 constata-se que a precisão, tanto do usuário, quanto do produtor são altas
para todas as classes de uso e cobertura considerados. Contudo, a precisão para a classe de
solo sem cobertura é baixa.
O resultado do cálculo de áreas para cada unidade de terra mostrou que a maior parte do Vale
do Infulene, encontra-se sob cultivo, contudo, existem unidades de terra nas quais domina a
vegetação natural. A Tabela 5 mostra detalhadamente a área ocupada por cada tipo de uso e
cobertura em cada unidade de terra.
32
Tabela 5. Área dos diferentes tipos de uso e cobertura de terra em cada unidade de terra (ha).
Tipos de Uso e Cobertura de Terra
Habitação Cultivo Solo sem cobertura Vegetação natural Total
Unidade (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%)
B1 219,40 87,34 150,60 32,37 10,70 68,59 63,90 29,26 444,60 46,78
P1 1,70 0,68 3,80 0,82 0,10 0,64 22,60 10,35 28,20 2,97
P2 2,60 1,04 60,30 12,96 1,50 9,62 49,00 22,44 113,50 11,94
P3 0,10 0,04 31,20 6,71 0,80 5,13 7,10 3,25 39,20 4,12
P4 4,80 1,91 12,40 2,66 0,80 5,13 20,50 9,39 38,50 4,05
C2 4,00 1,59 114,10 24,52 0,00 0,00 47,80 21,89 165,80 17,44
C2,1 8,70 3,46 47,80 10,27 0,10 0,64 0,70 0,32 57,30 6,03
C2,2 9,90 3,94 45,10 9,69 1,60 10,26 6,80 3,11 63,40 6,67
Total (ha) 251,20 100,00 465,30 100,00 15,60 100,00 218,40 100,00 950,50
Total (%) 26,43 10,52 48,95 10,52 1,64 10,52 22,98 10,52 100,00
A partir da Tabela 4, constatou-se que os principais tipos de uso e cobertura de terra são:
habitação na unidade B1, vegetação natural nas unidades P1 e P4 e cultivo nas restantes
unidades de terra. Assim, a maior parte do Vale do Infulene (cerca de 49%) é ocupado pelas
áreas cultivadas.
33
Figura 7. Principais Tipos de Uso e Cobertura de Terra do Vale do Infulene
34
4.1.2. Avaliação de Terras
Depois da avaliação da aptidão do Vale do Infulene para a produção de hortícolas, constatou-
se que as classes de aptidão são variáveis. Esta variação deveu-se principalmente à
heterogeneidade das unidades de solos. Os resultados apresentados nas tabelas a seguir não
espelham tal variação porque considerou-se a classe de aptidão mais elevada em cada unidade
de terra. Esta medida facilitou bastante a avaliação da aptidão potencial.
Na Tabela 6 é apresentado um exemplo de avaliação de terras para alface. Adicionalmente, é
apresentado, na Figura 8, a carta de localização das unidades de terra. Finalmente, na Tabela 7
é apresentada a legenda adicional da aptidão (actual ou potencial) do Vale do Infulene para
diferentes hortícolas.
35
Tabela 6. Exemplo de avaliação de terra para Alface
Unidade CTC PST PBT CO CEe DECLIVE PROF TEXT pH TMGERMAptidãoactual
Aptidão Potencial
Limitantesa melhorar
Custos Limitantes
B1 S1-S3 S1-N2 S1-S3 S1-S3 S1-N2 S3 S1-S2 S1 S1-S3 S1 S3 S1 e A
P1 S1 S1-1 S1-1-S2 S1-S1-1 S2-S3 S1-S1-1 S1-S2 S1 N2 S1 N2 N2 n
P2 S1 S1-1-N2 S1-S2 S1 S1-1-N2 S1-S2 S1-S3 S1 S1-N2 S1 S1-1 S1 t A
P3 S1 S2-N2 S1 S1-S1-1 S1-1-N2 S1 S1 S1 S3-N2 S1 S3 S2 n B t
P4 S1 S3-N2 S1 S1 S3-N2 S1-S2 S3 S1 S1-N2 S1 S3 S1 o, t A,A
C2 S1 S3-N2 S1 - S1-1 S1-S1-1 S1-1-N2 S1-S2 S1-1-S2 S2 N2 S1 N2 N2 n
C21 S1 N2 S1 - S1-1 S1 N2 S1 S1-S2 S1-S1-1 S1-N2 S1 N2 N2 t
C22 S1 S2-N S1 - S1-1 S1 S1-N2 S1-S1-1 S1-1-S2 S1-S1-1 S1-N2 S1 S2 S1-1 t A o
e, risco de erosão; n, disponibilidade de nutrientes, o, disponibilidade de oxigénio, t, toxicidade de sais; A, custos elevados; b, custos baixos; S1, altamente apta; S1-1, apta; S2, moderadamente apta; S3 marginalmente apta; N2, permanentemente inapta.
36
Figura 8. Localização das unidades de terra
37
Tabela 7. Aptidão do Vale do Infulene para diferentes hortícolas
Unidades de Terra Cultura Unidade B1 Unidade P1 Unidade P2 Unidade P3 Unidade P4 Unidade C2 Unidade C2.1 Unidade C2.2 Nhemba S3 S2 N2 N2 S3 S2 S3 S2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 S3 S2
w B h n w b h w b h n n t w b n n n d
Feijão verde S3 S2 N2 N2 S3 S2 S3 S2 N2 N2 S3 S2 N2 N2 S3 S2 e A n n w b h w b h o w b h t w b h w b
Repolho S3 S2 N2 N2 S2 S1-1 S3 S2 N2 N2 S2 S1-1 S3 S2 S2 S1-1 e A w n w b d n b h o w b h t A w w b h
Cenoura S3 S2 N2 N2 S3 S2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 e A h n w b h n o o t o w b n
Alface S3 S1-0 N2 N2 S1-1 S1-0 S3 S2 S3 S1 N2 N2 N2 N2 S2 S1-1 e A n t A n b t o A n t t A o t A
Maçaroca S3 S2 N2 N2 S2 S1-1 S2 S1-1 S3 S2 S2 S1-1 S3 S2 S2 S1-1 e A w n w b h w b h t h o A h t A h w b h t t o T t A h t n d d
Cebola S3 S2 N2 N2 S2 S1-1 S3 S1-1 N2 N2 N2 N2 N2 N2 S3 S2 e A w n t A h n A w t n t o A h w b h n
Piri-piri S3 S2 N2 N2 S2 S2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 S2 S2 e A w n h n t n t h o
38
Beterraba S3 S2 N2 N2 S2 S1-1 S3 S1-1 S3 S2 S2 S1-1 S2 S1-1 S2 S1-1 e A w n w b h w b h o A h w b h w b h w b h o A n t A o t A n b t
Batata doce S3 S1-1 N2 N2 S1-1 S1 S3 S1-1 S3 S2 N2 N2 S3 S1-1 S2 S1-1 e A n n n b n b t o A t n t A o o A t t A t A
Tomate S3 S2 N2 N2 S2 S2 N2 N2 N2 N2 N2 N2 S3 S2 S3 S2 e A w n h n n n t A h o A h h o t
Melancia S3 S1-1 N2 N2 S3 S1-1 S3 S2 N2 N2 S3 S2 N2 N2 S3 S1-1 e A h n w b h w b n o w b t t w b h w b o n b o A t o A
Batata reno S3 S1-1 N2 N2 S1-1 S1-1 S2 S1-1 S3 S1-1 S2 S1-1 S2 S1-1 S1-1 S1-1 e A w n h n b h o A h N b w t A d T A o t h h o
A, custos elevados; b, custos baixos; e, risco de erosão; h, factores de clima; n, disponibilidade de nutrientes; N2, permanentemente inapta; o, disponibilidade de oxigénio; S1, altamente apta; S1-1, apta; S2, moderadamente apta; S3 marginalmente apta; t, toxicidade de sais; w, disponibilidade de água;
49
a) Unidade B1
Os resultados da avaliação do Vale do Infulene para a produção de hortícolas revelam que a
unidade B1 é marginalmente apta para quase todas as hortícolas analisadas. Os principais
factores limitantes nesta unidade são: a disponibilidade de água e o risco de erosão (Tabela 7).
Adicionalmente, para algumas hortícolas, é possível melhorar a aptidão desta unidade a partir da
suplementação de água através rega, o que para esta unidade, poderá requerer investimentos em
infra-estruturas de rega, pois, ela encontra-se muito distante do rio, pelo que, os custos para o
melhoramento da aptidão da unidade são considerados elevados. Para as outras hortícolas, a
aptidão pode ser melhorada através de medidas de conservação no sentido de evitar a erosão dos
solos.
b) Unidade P1
A partir da análise da aptidão dos solos para a horticultura de sequeiro, verificou-se que esta
unidade é permanentemente inapta para todas as hortícolas em análise. O factor que determina a
inaptidão de terra nesta unidade é o pH, o qual é fortemente ácido (Tabela 7).
c) Unidade P2
Os resultados da avaliação da aptidão agrícola mostraram que unidade P2 apresenta diferentes
graus de aptidão para diferentes hortícolas em análise. Esta unidade apresentou maior
variabilidade de respostas dos rendimentos esperados para diferentes tipos de uso de terra,
quando comparada com a unidade B1 e P1. Porém, as sub-classes mais altas de aptidão de terras
variaram de S1-1 à S3 indicando que esta unidade é mais apta que as unidades B1 e P1 (Tabela
7).
Os principais factores que limitaram a aptidão desta unidade são: a disponibilidade de água, a
disponibilidade de nutrientes, disponibilidade de oxigénio e toxicidade de sais. Porém, a partir da
análise da aptidão potencial, foi possível verificar que a aptidão da unidade P2 pode ser
melhorada através da suplementação de água através da rega, correcção do pH do solo, drenagem
e lavagem de sais (Tabela 7).
50
d) Unidade P3
A partir da Tabela 7, pode-se constatar que os resultados da avaliação da aptidão de terras
declaram esta unidade como sendo menos apta que a unidade P2, pois, em nenhuma das culturas
analisadas ela foi classificada como apta, como ocorre com a unidade P2. Contudo, de uma
forma geral, observou-se que esta unidade é mais apta que a unidade B1, pois, existem hortícolas
para as quais as sub-classes de aptidão chegam a ser S2, comparativamente à S3 observada na
unidade B1. Entre os factores que limitam a aptidão desta unidade se encontram: a
disponibilidade de oxigénio, a toxicidade de sais, factores climáticos e disponibilidade de
nutrientes.
Adicionalmente ao exposto no parágrafo anterior, a aptidão desta unidade pode ser melhorada
através da correcção do pH, suplementação de água pela rega e lavagem de sais. Porém estas
medidas são específicas para cada tipo de utilização de terra (Tabela 7).
d) Unidade P4
A avaliação da aptidão agrícola para horticultura considerou esta unidade como tendo aptidão
pobre, variando de marginalmente apta à permanentemente inapta para certas hortícolas (alface,
maçaroca, beterraba e batata-doce e batata-reno) ou permanentemente inapta para as restantes
culturas analisadas. Os principais factores limitantes nesta unidade são: a toxicidade de sais e a
disponibilidade de oxigénio.
Ainda na mesma avaliação, constatou-se que a aptidão desta unidade pode ser melhorada através
da drenagem e lavagem de sais, que normalmente requerem investimentos elevados.
f) Unidade C2
A aptidão desta unidade varia muito entre hortícolas, havendo hortícolas para as quais a classe de
aptidão mais elevada é S2 e outras para as quais a mesma é permanentemente inapta. Os
principais factores limitantes nesta unidade de terra são: a salinidade e sodicidade. Contudo, em
alguns casos, a disponibilidade de água e a disponibilidade de oxigénio podem aparecer como
factores limitantes.
51
Adicionalmente, foi constatou-se que a aptidão da mesma unidade pode ser melhorada através da
lavagem de sais e dessodificação, porém, estas actividades poderão requerer investimentos em
obras de drenagem, implicando custos elevados.
g) Unidade C2.1
A avaliação da aptidão de terras mostrou que esta unidade não difere muito da unidade C2 em
termos das classes de aptidão para as diferentes hortícolas. Pelo que, tal como na unidade C2, o
nível máximo de aptidão nesta unidade é S2, existindo hortícolas para as quais a unidade é
permanentemente inapta. Nesta unidade um dos factores limitantes à produtividade das culturas é
a acidez dos solos. Adicionalmente, a salinidade dos solos varia de baixa à alta na mesma
unidade de terra, condicionando a variação das classes de aptidão para o mesmo tipo de uso de
terra (Tabela 7). Em termos de classes de aptidão, esta unidade é equiparável à unidade P4
descrita acima.
As principais medidas que podem promover o melhoramento da aptidão desta unidade são: a
suplementação de rega adicional para o caso da beterraba e lavagem de sais para as restantes
culturas em análise.
h) Unidade C2.2
Os resultados da avaliação de terras mostram que a unidade C2.2 apresenta classes de aptidão
muito variáveis, havendo caso de culturas para as quais a aptidão desta unidade varia de apta à
permanentemente inapta. Entre os principais factores que limitam a produtividade das culturas
nesta unidade podemos citar: disponibilidade de água, toxicidade de sais e disponibilidade de
oxigénio.
A partir da mesma análise, foi possível constatar que a aptidão da mesma unidade pode melhorar
quando forem tomada as medidas correctivas como: suplementação da água por rega, drenagem
e lavagem de sais (Tabela 7).
52
4.2. Discussão dos Resultados
4.2.1. Uso e Cobertura de Terra
Os resultados da validação das principais classes do uso e cobertura de terra mostraram que as
classes observadas a partir das fotografias aéreas aproximam-se muito das observadas no terreno.
Os valores da precisão do produtor e do usuário são apresentados na (Tabela 4) e o mapa de uso
e cobertura de terra encontra-se na (Figura 7).
Para além dos indicadores da tabela 4, os resultados da validação mostraram alto nível de
concordância entre os dados interpretados e os dados das observações de campo. A precisão do
modelo foi alta (cerca de 0,85). Neste contexto, o mapa de uso e cobertura de terra pode ser
considerado fiável.
Para o mapeamento das unidades de terra, alguns autores (Fernandes e De Lima, 2006),
consideram que, no processo de mapeamento de características terrestres, uma taxa de inclusão
de 30% por unidade de mapeamento é aceitável. O valor da precisão do modelo (85%), revela
uma taxa de inclusão de 15%, que encontra-se dentro dos limites aceitáveis.
Para além de Fernandes e De Lima (2006), usando os intervalos de precisão propostos por Soltic
e Peacock (2006), pode-se inferir que os resultados obtidos por análise de imagens do Google
Earth podem ser considerados válidos para usos posteriores, pois, as precisão, tanto do produtor,
quanto do usuário são altas, excepto para a classe solo sem cobertura onde obteve-se baixo valor
de precisão do produtor.
A alta precisão do usuário sugere que os mapas podem ser usados com fiabilidade e a alta
precisão do produtor valida os resultados do processo de classificação dos tipos de uso e
cobertura de terra, com recurso à interpretação de imagens gratuitas do Google Earth. A baixa
precisão do produtor para a classe solo sem cobertura, deveu-se, provavelmente, às mudanças de
ocupação entre o tempo que foi tirada a imagem e o tempo que foi efectuada a validação do uso e
cobertura de terra.
A validade dos dados da classificação dos tipos de uso e cobertura de terra permite que estes
sejam usados para planificação do uso de terra. Por outro lado, os resultados da intersecção do
mapa de uso e cobertura de terra com o mapa de solos podem ser usados para determinar a
53
disponibilidade de terra e nas diferentes sub-classes de aptidão. A Tabela 5 mostra a contribuição
das classes de uso e cobertura de terra em cada unidade de terra.
A partir dos resultados da intersecção do uso e cobertura com mapa de unidades de terra, pode-se
constarar que a unidade B1 apresentou maior área, porém, a maior parte dela é ocupada por
habitação, sendo cultivados apenas 142,5 ha dos 444,6 ha que a unidade apresenta.
A actividade agrícola é mais intensa nas áreas mais baixas do Vale do Infulene (unidades C2,
C2.1, C2.2). Provavelmente este facto esteja relacionado com a facilidade de rega aliada à boa
fertilidade destes solos, embora a salinidade, sodicidade e pH sejam limitantes em certos casos.
4.2.2. Aptidão Agrícola
Depois da avaliação da aptidão agrícola usando a abordagem da FAO (1976), constatou-se que
os níveis de aptidão variavam dentro da mesma unidade de terra, mesmo para o mesmo tipo de
uso de terra, porém, a partir da classe mais alta de aptidão, foi possível constatar que existem
unidades de terra que se revelaram mais aptas para uns tipos de uso de terra quando comparadas
com as outras.
a) Unidade B1 Estudos efectuados por Laan et al. (1983), consideravam que esta unidade tinha baixo potencial
para a produção de hortícolas em virtude desta ser constituída por solos com bom conteúdo de
matéria orgânica e pH favorável. No presente estudo, encontrou-se um resultado semelhante,
tendo notado que a aptidão da unidade varia de marginal à inapta para todas as hortícolas
analisadas, apesar destes autores não terem usado as qualidades risco de erosão e disponilidade
de água para avaliar a aptidão agrícola.
A classificação da aptidão de terras encontrada para esta unidade é variável para todas as
hortícolas (de S3-N2). Esta variação deveu à heterogeneidade desta unidade. Este facto pode ser
ultrapassado com estudos mais detalhados de solos para mapear: PST, CTC, CO, CE,
profundidade e pH dos solos, que são características de diagnóstico que mostram mais variação à
nível desta unidade de solo.
54
O estudo de detalhe referidos acima, poderão fornecer dados que podem permitir a delimitação
de unidades de maneio, segundo sugerem Rodrigues et al. (2002) e Yan-Suil et al. (2006). Uma
constatação idêntica foi sugerida por quase todos os autores que estudaram os solos do Vale do
Infulene (Laan et al., 1983).
Apesar de apresentar aptidão pobre, a suplementação de água através de rega e a prática de
medidas de conservação poderão melhorar bastante a sua aptidão para a maioria das hortícolas,
pois, as restantes qualidades analisadas não se mostraram limitantes.
Provavelmente, a aptidão limitada destes solos faz com que a maior parte dos produtores,
aloquem esta área para habitação, pois, dos 446,6 ha de terra disponíveis nesta unidade, apenas
150,6 ha (33,7%) são usados para cultivo e cerca de 219,4 ha (49,1%) são usados para habitação
(Tabela 5).
b) Unidade P1
Os resultados encontrados para esta unidade de terra coincidem com os resultados obtidos por
Laan et al. (1983), segundo os quais, esta unidade de terra é inapta. Mesmo depois da análise da
aptidão para cada hortícola, não foi possível identificar uma hortícola que se adapte melhor à esta
unidade. Provavelmente, a acidez destes solos condicionou a toxicidade da maioria dos
micronutrientes, a disponibilidade de nutrientes e a diversidade da fauna do solo (Wit et al.,
2001), tornando-a pobre para a horticultura.
Contudo, os custos para a recuperação dos solos desta unidade encontram-se fora dos limites
economicamente aceitáveis. Portanto, alternativas de aproveitamento da mesma tem que ser
estudadas com culturas que toleram a acidez dos solos, tal é o caso do arroz (Salisbury e Ross,
1994). Contudo, as possibilidades de aproveitamento da terra para estas culturas devem ser
estudadas antes de ser tomada qualquer decisão.
Provavelmente, devido à sua baixa aptidão para os tipos de uso de terra em estudo, a maior parte
desta unidade é ocupada pela vegetação natural, que perfaz cerca 22,6 ha (cerca de 80%) dos
28,2 ha disponíveis nesta unidade.
55
c) Unidade P2
Resultados idênticos aos encontrados nesta unidade foram alcançados por Laan et al. (1983), que
constaram que, esta unidade apresentava pH do horizonte superficial mais favorável que na
unidade P1, considerando-se os solos desta unidade como pouco aptos para a horticultura.
Porém, tal como nas unidades discutidas anteriormente, nota-se uma generalização da aptidão
dos solos desta unidade por estes autores, os quais consideram-na pouco apta para a horticultura
em geral.
A generalização da aptidão desta unidade não vai de acordo com os resultados encontrados para
algumas hortícolas como alface, batata-doce e batata-reno, nas quais esta unidade é classificada
como apta (S1-1). Por outro lado, existem outras culturas nas quais esta unidade pode ser
considerada moderadamente apta, tal é o caso do repolho, maçaroca, cebola, piri-piri, beterraba e
tomate.
Entre as principais medidas para melhorar a aptidão desta unidade, Laan et al. (1983) referem
que esta medida poderia requerer investimentos consideráveis. Neste estudo constatou-se que,
para a maioria de hortícolas, o melhoramento da aptidão dos solos pode ser feita por
suplementação de rega e correcção do pH dos solos (discutidos acima), que são medidas que
podem estar ao nível da maioria dos produtores.
Devido à sua aptidão para a maioria das hortícolas estudadas, cerca de 53% desta unidade é
ocupada pela produção agrícola, apesar uma fracção considerável (cerca de 43%) ser ocupada
por vegetação natural. Provavelmente, as áreas ocupadas por vegetação natural sejam as
marginais ou inaptas.
d) Unidade P3
De um modo geral, resultados idênticos aos encontrados nesta unidade foram alcançados por
Laan et al. (1983) que consideram-na inapta para a horticultura. Em contrapartida, verificou-se
as constatações feitas por estes autores foran muito grosseiras, pois, para a produção de algumas
hortícolas (feijão nhemba, feijão verde, repolho, alface, batata doce, melancia esta unidade foi
classificada como marginalmente apta (S3), ou mesmo moderadamente apta (S2) para outras
56
hortícolas, a citar: maçaroca, beterraba e batata-reno, por serem culturas que toleram a acidez
(Landon, 1991) que é o principal factor limitante nesta unidade.
Adicionalmente, a aptidão desta unidade pode ser melhorada através da correcção do pH dos
solos (Brady, 1974) e suplementação da água através da rega (Lorenz e Maynard, 1988). Estas
medidas correctivas foram discutidas para a unidade B1.
A variação dos graus de aptidão também nota-se nesta unidade, indicando que há necessidade de
estudos mais detalhados dos solos para permitir que a avaliação da aptidão agrícola seja mais
pontual. Uma recomendação similar foi feita por Kauffman e Konstapel (1980) e Laan et al.
(1983).
A maior parte da área desta unidade (cerca de 80%) é ocupada por terrenos cultivados. A
vegetação natural e outros tipos de uso de terra ocupam uma área insignificante, estimando-se
em cerca de 18% e 2%, respectivamente. Provavelmente, a proporção de áreas inaptas seja muito
pequena nesta unidade, justificando a sua ocupação, apesar de ser menos apta que a unidade P2.
e) Unidade P4
Os resultados encontrados para esta unidade convergem com os resultados dos estudos
anteriores. Laan et al. (1983), por exemplo, consideraram a aptidão desta unidade como sendo
limitada. Em parte, as conclusões destes autores vão de acordo com os resultados do presente
estudo (aptidão marginal ou limitada), no entanto, existem algumas culturas para as quais esta
unidade de terra é permanentemente inapta (Tabela 7).
Nos casos em que a aptidão é marginal, a drenagem dos solos e lavagem de sais poderá melhorar
a aptidão destes solos, pois, a drenagem dos solos poderá melhorar a disponibilidade de oxigénio
às plantas e diversidade da fauna do solo, a qual melhora bastante a estrutura dos solos (Berg et
al., 1995 e Perassakli, 1995).
Apesar da sua aptidão para horticultura, a maior parte desta unidade é ocupada pela vegetação
natural. Isto indica que esta unidade tem alto potencial para aproveitamento futuro para
horticultura, pois, convergem nela dois factores importantes: a elevada aptidão e disponibilidade
de terras.
57
f) Unidade C2
Tal como nas unidades discutidas acima, os resultados do presente estudo coincidem, em parte,
com os resultados dos estudos anteriores. Dikshoorn et al. (1988) consideram esta unidade como
apta à não apta para a produção agrícola, coincidindo em resultados com o presente estudo,
embora estes autores não tenham usado o sistema da FAO (1976).
A aptidão das unidades que foram consideradas aptas para a produção de hortícolas, pode ser
melhorada por lavagem de sais. Entretanto, para que se promova uma eficiente lavagem de sais,
a dessodificação deve ser acompanhada pela substituição dos iões de Na+ no complexo de troca
por iões de Ca2+ (Dikshoorn et al., 1983). Isto indica que esta medida deve ser acompanhada pela
aplicação de gesso o calcário.
Não obstante aos problemas de disponibilidade de nutrientes, salinidade e sodicidade, os
problemas de drenagem também são evidentes nestes solos. Este facto reforça a necessidade de
dessodificação, pois, alguns autores (Lúcia et al., 1998 e Berg, 1995), referem que a redução do
teor de Sódio no complexo de troca catiónica poderá permitir que o solo fique menos floculado,
melhorando a sua estrutura. Por sua vez, o melhoramento da estrutura destes solos,
provavelmente poderá contribuir para o melhoramento da drenagem dos mesmos.
Devido aos problemas referidos acima, existe um leque de culturas que não são recomendadas
para esta unidade de terra, nomeadamente: feijão nhemba, piri-piri, tomate, alface, cebola,
batata-doce, cenoura, provavelmente devido à sua sensibilidade à acidez dos solos. Este pode ter
sido um passo marcante no presente estudo, dado que nos estudos anteriores (Kauffman e
Konstapel, 1980; Dikshoorn et al., 1988) não foi possível definir as culturas menos adequadas
para as diferentes unidades.
g) Unidade C2.1
Dikshoorn et al. (1988) consideram esta unidade como sendo marginalmente apta para a maioria
das culturas. No entanto, no presente trabalho foram identificadas hortícolas para as quais esta
58
unidade é considerada moderadamente apta, nomeadamente: beterraba e batata reno, em virtude
da sua tolerância à salinidade (Beernaert, 1991).
Dikshoorn et al. (1988) sugerem que uma das estratégias para melhorar a produtividade destes
solos para a maioria das hortícolas é através da correcção do pH do solo por calagem. Contudo,
no presente estudo constatou-se que o problema prioritário é a correcção da salinidade dos solos,
pois, ela é que limita a aptidão no nível mais baixo. Porém, a correcção da salinidade dos solos
desta unidade deve ser acompanhada pelo melhoramento da drenagem (Landon, 1991).
Apesar de ser marginal, a maior parte desta unidade é ocupada pelos terrenos cultivados.
Provavelmente, os produtores aplicam correctivos para reduzir as limitações impostas pelo pH,
pois, nesta unidade, Dikshoorn et al. (1988), recomendaram a aplicação de uma camada de areia
proveniente da encosta para melhorar a aptidão destes solos.
h) Unidade C2.2
Nesta unidade, um resultado idêntico foi encontrado por Dikshoorn et al. (1988), os quais
salientaram que a aptidão para horticultura apresenta grandes variações, apesar destes não terem
usado o mesmo sistema de avaliação de terras. Adicionalmente, estes autores referiram estes
solos como marginais para a maioria das hortícolas, principalmente devido à acidez dos mesmos.
Contudo, no presente estudo constou-se que existem hortícolas para as quais esta unidade é apta
(S1-1) e outras para quais a mesma é moderada. Provavelmente, a diferença entre os métodos
usados, poderá ter influenciado nos resultados encontrados.
A aptidão desta unidade pode ser melhorada quando for suprida água de rega em quantidades
suficientes para eliminar o efeito do comprimento do período de crescimento. Esta medida é
válida para melhorar a aptidão desta unidade para algumas hortícolas, a citar: melancia,
beterraba, piri-piri, repolho, cenoura, e feijão verde, pois, a aptidão desta unidade para estes tipos
de uso de terra é limitada por esta característica. Outras medidas que podem ser levadas a cabo
para melhorar a aptidão desta unidade é a lavagem de sais e drenagem, os quais podem requerer
investimentos grandes.
59
Dikshoorn et al. (1988) não salientaram a disponibilidade de água como um factor limitante
nesta unidade. Esta lacuna prendeu-se ao facto destes não terem incluído esta qualidade na sua
análise.
Apesar da variação nos níveis de aptidão dos solos da parte baixa do Vale do Infulene, a maior
parte destes solos são usados para o cultivo. Provavelmente, os produtores desenvolveram
experiência para seleccionar as áreas mais aptas para a horticultura.
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
A partir do estudo, concluiu-se que a maior parte do Vale do Infulene encontra-se sob cultivo,
salientando-se, contudo, algumas áreas ocupadas por vegetação natural, principalmente nos solos
da unidade P1.
A maior parte das unidades de terra são heterogéneas, dificultando o estabelecimento de
subclasses pontuais de aptidão para os diferentes tipos de uso de terra. No entanto, foi possível
constatar que há uma diferenciação na aptidão (potencial ou actual) das diferentes unidades de
terra para os diferentes tipos de uso de terra, isto é, existem áreas mais aptas para umas hortícolas
e menos aptas para outras.
Apesar da heterogeneidade das unidades de terra, foi possível concluir que, a aptidão actual das
unidades de terra para os diferentes tipos de uso, é limitada pela toxicidade de sais (salinidade e
sodicidade), disponibilidade de nutrientes (pH), disponibilidade de oxigénio (profundidade do
lençol freático) e disponibilidade de água.
Conclui-se ainda que, de um modo geral, no Vale do Infulene a aptidão potencial para a maioria
das hortícolas pode ser atingida através da correcção do pH dos solos, dessalinização,
desalcalinização, suplementação da água pela através da rega e drenagem. Contudo, existem
alguns casos nos quais, a aptidão actual é estática (i.é., não pode ser melhorara) e outros nos
quais as terras são inaptas para os tipos de uso analisados. Especificamente para a unidade B1, a
implementação de medidas de conservação combinada com a suplementação de água através
rega podem melhorar consideravelmente a aptidão dos solos.
60
5.2. Recomendações
No presente trabalho não foi efectuada uma avaliação económica, pelo que, as decisões que
forem tomadas a partir dos resultados deste, devem ser suportadas por uma análise da viabilidade
económica (financeira, social e ambiental). Nesta análise, os resultados da avaliação da aptidão
agrícola devem ser usados apenas para suprir as restantes avaliações de rendimentos indicativos
para os diferentes tipos de uso de terra. Esta análise pode ser feita por uma equipa de
extensionistas.
Para além da avaliação económica, recomenda-se que os resultados da avaliação de terra sejam
confirmados por ensaios nas machambas dos camponeses. Adicionalmente, recomendam-se
estudos mais detalhados para delimitação das zonas de maneio dentro de cada unidade de terra
no Vale do Infulene, principalmente para o caso da salinidade, sodicidade, pH e profundidade do
solo.
61
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Beernaert, F. 1991. Manual de avaliação de terras. Documento Interno No 86. INIA –
DTA, Maputo.
2. Berg, M.V.D. 1995. Apontamentos de ciência do solo. FAEF-UEM, Maputo. 67 pp.
3. Bhardwaj, H.L.; M. Rangappa e A.A. Hamama. 1999. Chickpea, faba bean, lupin,
mungbean, and pigeonpea: Potential new crops for the Mid-Atlantic Region of the United
States. Perspectives on new crops and new uses 2:23-27.
4. Borrego, J.V.M. 1995. Horticultura herbacea especial. 4a ed. Edições Mundi Prensa,
Madrid. 661 pp.
5. Brady, N.C. 1974. The nature and properties of soils. Collier Macmillam Publishers,
London. 639 pp.
6. DHV. 1979. Proposal for water control project for the Infulene Valley. DHV Consultores,
Maputo.
7. DINAGECA. 1998. Cartas topográficas para as cinco cidades: Escala 1:5.000.
DINAGECA, Maputo.
8. DNG. 1995. Carta geológica de Maputo: Escala 1:50.000. Direcção Nacional de Geologia
(DNG), Maputo. Folha No 25322D3.
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64
Capítulo 2 . Identificação e avaliação da incidência das principais pragas que ocorrem nas zonas
verdes, e suas medidas de controlo
65
Subcapitulo 2.1. Avaliação da incidência das principais pragas nas horticolas e as medidas do seu controlo no
vale do infulene
66
RESUMO O presente trabalho, fruto da parceria entre a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Conselho
Municipal da Cidade de Maputo (CMM) e uma ONG francesa de ajuda ao desenvolvimento
(ESSOR), foi realizado no Vale do Infulene na zona administrativa pertencente à Cidade de
Maputo no Distrito Municipal Número 5 (DMN 5) entre os meses de Outubro de 2008 à Janeiro
de 2009. Foram efectuadas entrevistas aos agricultores e observação dos seus campos com a
finalidade de obter dados que reportem sobre as pragas aí existentes e as medidas por eles usadas
com vista a reduzir o seu impacto nas suas produções. Trabalhou-se em três zonas de produção
atribuídas como Zona 1 (os bairros de Luís Cabral, Jardim e Inhagóia), Zona 2 (bairros de 25 de
Junho, Bagamoio e Benfica) e Zona 3 (bairro do Zimpeto) e foram abrangidas 9 associações e
um total de 96 agricultores e 154 parcelas observadas de diferentes culturas praticadas.
Feita análise estatística dos dados colectados com vista a identificar as zonas de maior incidência
de pragas, foi possível verificar que não existem diferenças significativas entre as três zonas de
produção nos três parâmetros medidos nomeadamente Percentagem de Plantas Infestadas (PPI),
Densidade Populacional (Dens) e Índice Médio de Ataque (IMA).
A traça da couve Plutella xylostella na couve foi identificada como sendo o inimigo número um
dos agricultores locais, pois as medidas de controlo de pragas e de maneio de pesticidas por eles
adoptados mostram-se ineficazes no seu controlo, levando a que se efectue com maior frequência
a aplicação de pesticidas. Sendo que as outras pragas chegam a ser controladas para níveis que
não causem danos económicos às culturas. Verificou-se ainda que o controlo químico é o único
método de controlo adoptado por todos agricultores sem no entanto integrá-lo com outras formas
de controlo como a resistência varietal, controlo biológico, cultural entre outras.
Os agricultores do Vale do Infulene têm fraco conhecimento científico das pragas que ocorrem
nos seus campos. Isto leva a que se aloque maior parte dos custos produtivos no controlo de
pragas. As dosagens de pesticidas usadas são no geral acima das doses recomendadas e os
intervalos de segurança, segundo as respostas dos agricultores são respeitados condignamente, o
que não é confirmado pelos técnicos extensionistas.
67
I. INTRODUÇÃO Em Moçambique as hortícolas são produzidas em vários locais principalmente nos vales dos rios
Incomáti, Umbelúzi e Limpopo (na Zona Sul do país), nas regiões planálticas de Manica
(província de Manica), Angónia (província de Tete) e Lichinga (província de Niassa) e região de
Lioma (província da Zambézia) (Tembe, 2000). O Vale do Infulene, um dos afluentes do rio
Incomáti localizado na fronteira entre a província e Cidade do Maputo, é um dos locais onde
inúmeras famílias moçambicanas empregam seus esforços para produzir a fim de se alimentarem
e fornecer produtos agrícolas aos mercados locais e por vezes de outras províncias do país como
Gaza e Inhambane.
Segundo Sitoe (2008), os produtores do Vale do Infulene têm fraca assistência técnica dos
serviços de extensão, e em função disso usam tecnologias rudimentares de produção e fraca
mecanização. E, Portanto, há um fraco conhecimento sobre o manuseio dos agrotóxicos e outras
formas de combate as pragas e doenças que ocorrem localmente.
No contexto da agricultura pragas são todos organismos ou microrganismos (insectos,
vertebrados-roedores, pássaros, porcos, elefantes, fungos, vírus, bactérias) cuja ocorrência ou
surto causa danos económicos as culturas (MINAG, 2008). A incidência de pragas em campos de
produção de hortícolas contribui para a menor produtividade, que pode superar 60% da produção
total em casos como tomate e repolho (Castelo Branco & Guimarães, 1990). O custo estimado
para o controlo da traça da couve Plutella xylostella, pode chegar a 50% do custo total da
produção (Lim, 1986).
As hortícolas apresentam grande demanda pela aplicação de defensivos agrícolas, pois o controle
químico é a principal táctica de maneio que se adopta no controle de pragas. Entretanto, essa
estratégia pode ser comprometida devido aos efeitos colaterais causados pelo uso excessivo de
insecticidas quando usado incorrectamente. Fora do método químico para o controle de pragas,
vários outros métodos podem ser utilizados tais como culturais, biológico, variedades resistentes,
mecânico e físico quer isoladamente querem através de uma conjuntura integrada (Hill, 1983).
68
1.1. Problema de estudo Os agricultores das Zonas Verdes da Cidade do Maputo, concretamente no Vale do Infulene,
usam as margens do rio Mulaúze para o cultivo de várias culturas com a finalidade de consumo
próprio e venda. A produtividade obtida do cultivo das mesmas é relativamente baixa comparada
ao seu potencial produtivo. Tal facto é devido a influência de vários factores tais como a falta de
mercado devido a alta qualidade dos produtos de fora (África do Sul), falta de mecanização,
salinidade dos solos e dificuldades de controlo de pragas e doenças (Sitoe, 2008).
Geralmente é recomendado o controlo químico para o combate de pragas das hortícolas, e os
agricultores do Vale do Infulene usam-no frequentemente elevando significativamente os custos
de produção, que tornam a actividade agrícola menos sustentável.
O manuseio de pesticidas químicos é uma actividade muito perigosa pois dependendo do nível
de toxicidade do produto torna-se cada vez mais exigente o nível de conhecimentos sobre alguns
aspectos como espectro de acção e de actividade do pesticida, impacto sobre o ambiente, ar e
água, intervalo de segurança, persistência do produto, deriva e evaporação. Com estes
conhecimentos pode-se evitar problemas de toxicidade aos mamíferos, impacto sobre o
ambiente, redução dos custos de controlo e com isso tornar a actividade agrícola um processo
ambientalmente correcto, socialmente aceitável e economicamente sustentável.
Diante dos factores supracitados surge desta feita a necessidade de se avaliar a incidência das
pragas nas culturas localmente produzidas, os danos por elas causados e analisar as medidas de
controlo localmente usadas. Desta feita espera-se fornecer informações relevantes para tomada
de decisões económicas e sustentáveis a fim de contribuir na redução do impacto das pragas na
actividade agrícola e o impacto dos produtos usados sobre o ambiente.
1.2. Objectivos
Geral
Avaliar a incidência das principais pragas das hortícolas no Vale do Infulene;
Analisar as medidas de controlo de pragas localmente implementadas.
69
Específicos
Identificar as pragas e os danos causados às culturas produzidas no Vale do Infulene;
Comparar a percentagem de plantas infestadas, densidade populacional, e o índice médio
de ataque das pragas que ocorrem em diferentes zonas do Vale do Infulene;
Descrever as medidas de controlo localmente usadas no controlo de pragas;
Diagnosticar a percepção dos agricultores sobre aspectos importantes a ter em conta no
controlo de pragas.
70
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Importância alimentar das hortícolas As hortícolas são importantes fontes de vitaminas e sais minerais, substâncias estas de grande
importância para as actividades funcionais do organismo humano. Elas auxiliam o processo
digestivo e o funcionamento de diversos órgãos, sendo por isso consideradas protectoras da
saúde (Macedo, s/d).
Segundo Macedo (s/d), dado que o organismo humano não tem a capacidade de armazenar
vitaminas e sais minerais, necessários à sua nutrição, aconselha-se a ingestão diária de tais
nutrientes, especialmente provenientes de hortícolas pelos benefícios adicionais devido a
ingestão de fibras. Contudo, deve-se diversificar o consumo de hortícolas para equilibrar a
nutrição vitamino-minerais, dado que a riqueza nutricional das espécies é bastante diferente.
Uma hortaliça pode ser rica em um ou mais nutriente e pobre em outros conforme se indica na
tabela 1.
Tabela 1. Composição da couve, algumas outras hortícolas do género Brássica, alface, cebola,
tomate e cenoura por 100g da porção comestível
Fonte: Tindall, 1986.
Espécies Parte da planta
Água (ml)
Calo-rias
Proteína (g)
Fibra (g)
β-Caroteno
(µg)
Vit. C (mg)
Ca (mg)
P (mg)
Fe (mg)
Couve china Folhas 93 21 1,8 0,7 2160 74 147 33 4,4 Repolho china Folhas 95 15 1,8 0,6 930 66 102 31 7,5 Couve-galega Folhas 84 43 3,5 1,6 900 110 132 77 1,3
Couve-flor Folhas 87 43 4 1,5 600 80 100 2 Rábano Folhas 90 31 2,6 1 2000 68 52 48 1,3
Couve nabo Folhas 90 28 3 0,4 4560 139 158 131 1,9 Raiz 90 34 1 0,7 Traços 25 30 0,4
Repolho Folhas 93 23 1,5 0,8 18 40 40 0,5 Alface repolhuda Folhas 96 14 1 0,4 885 4 18 22 0,4
Cebola Bolbo 87 48 1,5 0,5 Traços 10 30 0,5 Tomate Fruto 93 21 1 0,6 450 26 10 24 0,6 Cenoura Raiz 88 40 0,9 1,4 5480 8 35 38 0,7
71
2.2. Factores que afectam a produção das hortícolas
Qualquer produção agrícola é afectada quer por factores bióticos quer por factores abióticos.
Segundo Mathai (1998), citado por Ntemansaka (2006), de todos os factores climáticos (factores
abióticos) que afectam a produção vegetal, a temperatura pode ser considerada a mais importante
porque afecta o crescimento e desenvolvimento (sobrevivência no geral), germinação da
semente, desenvolvimento das partes económicas, floração, polinização, formação do fruto,
produção e armazenamento da semente, dormência, qualidade do produto e a ocorrência de
pragas e doenças.
Outros factores abióticos que afectam em grande escala a produção agrícola são nomeadamente a
precipitação, a velocidade do vento e factores edáficos (propriedades físicas e químicas do solo)
tais como a textura, estrutura, pH e nutrição do solo.
Segundo Melcon (1993) citado por Ntemansaka (2006), cerca de 30% da produção mundial é
perdida devido ao ataque por pragas e doenças (factores bióticos) constituindo uma das
principais causas do baixo rendimento das culturas produzidas.
Tabela 2. Exemplo de algumas pragas de hortícolas em Moçambique
72
2.3. Métodos de controlo de pragas
2.3.1. Controlo Químico
O método de controlo mais utilizado para combate de pragas das hortícolas é o químico, no
entanto, isto causa o aparecimento gradativo de populações da praga resistentes aos produtos
comerciais usualmente aplicados (Castelo Branco & Gatehouse, 1997 citados por Carvalho,
2008). Desta maneira, esses problemas têm induzido à utilização de técnicas alternativas como o
uso de substâncias naturais das plantas, devido a sua selectividade, baixa toxicidade e eficiência
contra várias espécies de insectos-praga (Schmutterer, 1987; Saxena, 1989; Neves & Nogueira,
1996; Citados Por Carvalho, 2008).
O emprego de produtos químicos requer os devidos cuidados, como (1) a escolha do insecticida
devidamente registado para o controle da praga, (2) leitura atenta do rótulo da embalagem,
observação do intervalo de segurança (intervalo entre a última pulverização e a colheita), (3)
destino adequado das embalagens vazias e (4) uso de equipamento de protecção individual. Esses
cuidados permitirão ao produtor oferecer ao mercado hortícolas de boa qualidade, diminuindo
também os riscos de contaminação do solo, da água e do produto final, protegendo a
sua saúde, da sua família, trabalhadores e do consumidor final (Jocys & Takematsu, 2008).
O problema com o controlo químico reside no facto de (1) apresentar custos altos de aquisição,
(2) forte poder de contaminação ambiental, (3) custo do equipamento de aplicação e sua
manutenção, (4) risco de envenenamento, entre outros (custos de destruição e sua conservação).
2.3.1.1. Características de alguns pesticidas usados no controlo químico das
pragas
A maior parte dos pesticidas usados na agricultura, não são tóxicos só para as pragas, doenças e
infestantes que controlam como também o são para o homem, animais e ambiente. Estes
produzem envenenamento ao homem (1) por ingestão (via oral), (2) absorção pela pele e (3) por
inalação de vapores (Chiconela et tal, 1999).
73
Tabela 3. Exemplos de pesticidas químicos usados no controlo de pragas
Fontes: MINAG (2008) e NEIL e tal (2002)
2.3.2. Pesticidas naturais (botânicos)
Os pesticidas naturais são uma alternativa ao controlo químico a ter em conta por vários motivos
tais como (1) a sua natureza biodegradável, (2) sua especificidade, (3) não são fitotóxicos, (4)
geralmente ocorrem localmente, (5) fácil de preparar, (6) baixo custo, entre outros. A grande
desvantagem deste método é o facto de os resultados não se verificarem tão rapidamente quanto
acontece no método químico, e exige maiores quantidades de material para a preparação da
calda.
Os pesticidas naturais interferem com processos de desenvolvimento, reprodução e alimentação
reduzindo a capacidade de sobrevivência (Segeren, 1993; citado por Rodrigues, 2000). São
Pesticida Pragas a controlar
Grupo Modo de acção Observações
Metamidofos
Ácaros, lagartas, afídeos, roscas e
tripes.
Organofosfatos.
Agem como inibidores das enzimas colinesterases, causando o aumento dos impulsos nervosos, assim podendo ocasionar a morte.
Grupo altamente tóxico; São biodegradáveis, sendo, portanto sua persistência curta no solo, 1 a 3 meses; este grupo é responsável por grande número de intoxicações ocupacionais em campos agrícolas.
Bacilus thuringiensis var.
kurstaki
Larvas de lepidópteras.
Insecticida microbiano
(Biológico).
Actua como veneno estomacal.
Não tem efeito fitotóxicos, necessário protegê-los da luz e calor assim como fumo e corrosivos
Lambda-cialotrina Lagartas de lepidópteras,
brocas do milho.
Cipermetrina
Leidópteras de cereais, citrus, hortícolas entre
outros.
Piretróides.
Interfere com o sistema nervoso por contacto ou ingestão. Podem possuir efeito repelente, espantando os insectos ao invés
de eliminá-los.
Grupo tem largo espectro de acção; rápida degradação por microrganismos do ambiente.
74
exemplos comuns a seringueira (Melia azedarach, L.) planta arbórea e a margosa (Azadirachta
indica, A. Juss) que possuem propriedades insecticidas (Carvalho, 2008).
2.3.3. Controlo cultural
Segundo Chiconela et al., (1999), o método cultural de controlo de pragas é a manipulação do
meio ambiente tornando-o desfavorável à praga para reduzir a colonização e promover a
dispersão ao mesmo tempo reduzindo a reprodução e sobrevivência da praga. Este método de
controlo de pragas inclui nomeadamente (1) rotação de culturas, (2) consociação, (3)
manipulação das datas de sementeira, (4) manipulação da rega, entre outros.
2.3.4. Inimigos naturais (Controlo biológico)
Os inimigos naturais são os aliados mais importantes e baratos do agricultor, no controle das
pragas. Os predadores, parasitas, e doenças, isto é, os inimigos naturais, eliminam grande parte
das pragas da cultura. O agricultor só nota no campo as pragas que conseguiram escapar dos
inimigos naturais. Em muitos sistemas de cultivo os inimigos naturais são tão eficientes, que
fazem as funções dos insecticidas ou seja, o agricultor não precisa passar pesticida na produção,
porque os inimigos naturais controlam as pragas. Por isso, embora muitos agricultores não
tenham noção disso, quando existe poucas pragas em campos, isto é, quando não é preciso
aplicar insecticida, isso se deve aos inimigos naturais. Para que eles possam cumprir sua função é
preciso preservá-los na lavoura e, portanto, é extremamente importante utilizar produtos
selectivos, que matam só a praga em questão e não matam os inimigos naturais (da Silva et al.,
s/d).
75
III. MATERIAS E MÉTODOS
3.1. Descrição da área do estudo
O Vale do Infulene situa-se a Oeste da Cidade de Maputo, possui uma área produtiva de
aproximadamente 334.4 ha. A zona baixa do Vale é uma zona potencialmente produtiva para as
hortícolas (Mutandico, 2004 citado por Zimbombonde, 2007) (vide o mapa da localização
geográfica do Vale do Infulene em anexo A). O Vale do Infulene resulta da ramificação do Rio
Incomáti, próximo à sua foz. O riacho que conforma esta baixa, tem o nome de Rio Mulaúze e
percorre vários bairros periféricos das cidades de Maputo e Matola, numa extensão que
ultrapassa 15 km, antes de desaguar na Baía de Maputo (Sitoe, 2008).
Os solos na zona baixa do Vale do Infulene são pesados e pretos (solos aluvionares), sendo por
isso, difíceis de trabalhá-los à mão. O aproveitamento da zona baixa para a actividade agrícola se
realiza em ambas as margens do riacho, numa extensão longitudinal que raramente ultrapassa
500 metros do riacho. Mais acima se situa a zona alta do Vale do Infulene, onde os solos são
arenosos com pouca capacidade de retenção da água, sendo por isso, usados para o plantio das
culturas de sequeiro (principalmente o milho, mandioca, amendoim e feijão nhemba) (Sitoe,
2008).
O Vale do Infulene possui, segundo censo apurado em 2002, cerca de 1886 agricultores
associados e um número não especificado de agricultores não associados que trabalham
independentemente (Fonte: Casa Agrária do DMN 5).
3.2. Trabalho de campo
3.2.1. Inquérito aos agricultores
A fase de inquérito aos agricultores foi levada a cabo com o intuito de recolher informações
sobre a sua percepção em relação a ocorrência e importância das pragas, as práticas culturais por
eles usadas, entre outros factores que de certa forma poderiam estar ligados à ocorrência das
pragas.
76
Segundo Case (1990), para uma população superior a 1000 indivíduos pode-se trabalhar com
pelo menos 5% da população (pelo menos 50 indivíduos). No presente trabalho entrevistou-se
96 agricultores representando um total de 5,3% dos 1886 agricultores da zona.
3.2.2. Recolha de amostras
Neste processo subdividiu-se o Vale do Infulene em três zonas de produção de acordo com a
proximidade dos locais como a seguir se indica:
Zona 1: Luís Cabral, Jardim e Inhagoia
Zona 2: 25 de Junho, Bagamoio e Benfica
Zona 3: Zimpeto
Em cada zona foram abrangidas um total de parcelas (ou campo) conforme descrito em anexo C.
De 50 em 50 metros colectou-se amostras em cada uma das culturas presentes no local. Para
cada cultura seleccionou-se 20 plantas por parcela, usando o modelo X de colecta de amostras,
que foram inspeccionadas e registadas como sendo plantas infestadas ou não, contabilizou-se o
número de indivíduos e estimou-se a percentagem de dano.
Nota: Parcela = 100m2
3.3. Percentagem de plantas infestadas (PPI) A percentagem de infestação foi calculada como sendo a razão percentual entre o número de
plantas infestadas (ou danificadas) e o total de plantas observadas. Para plantas infestadas
atribuiu-se nível um (1) e para as não infestadas nível zero (0).
x100% sobservaçõe de total
infestadas plantas de totalPPI ∑=
3.4. Densidade populacional Foi determinada como sendo o somatório de uma determinada praga numa dada parcela
dividindo pelo total de plantas observadas na respectiva parcela (20 plantas).
observadas plantas de totalindividuos
pop Dens. ∑=
77
3.5. Índice Médio de Ataque (IMA) O IMA foi avaliado a partir dos danos visíveis nas folhas de 20 plantas da área útil, através da
estimação de folhas danificadas pelas pragas usando a escala a seguir descrita por Segeren
(1996) :
0 – Ausência de folhas furadas, sem dano;
1 – Planta com 1 – 20% da superfície das folhas furadas, sem dano;
2 – Planta com 21 – 40% da superfície das folhas furadas, dano ligeiro;
3 – Planta com 41 – 70% da superfície das folhas furadas, dano médio;
4 – Planta morta 71 – 100% da superfície das folhas furadas, danos sério.
Para afideos, mosca branca e tripes o nível de dano foi estimado com base numa escala de 5
classes descrita por Segeren (1996) que abaixo se descreve:
0= 0 afídeos
1= 1 a 10 afideos, sem danos;
2= 11 a 100 afideos, dano ligeiro;
3= 100 a 1000 afideos, dano ligeiro;
4= mais de 1000 afideos, dano sério.
Para o cálculo do IMA multiplicou-se cada nível de dano por sua respectiva frequência e dividiu-
se por Pi que é o total das frequências como a seguir se demonstra:
IMA=1*P1+2*P2+3*P3+4*P4/ Pi
Onde: IMA= índice médio de ataque
P1, P2, P3 e P4 = frequência com o nível de infestação 1, 2, 3 e 4 respectivamente
Pi = total de plantas observadas na área útil
78
3.6. Análise de dados Os dados do inquérito foram analisados no pacote Excel onde calculou-se a percentagem dos
respondentes em relação as questões submetidas.
Os dados de levantamento de pragas foram analisados no pacote estatístico SPSS 13.0.
Considerou-se como tratamentos as 3 zonas de produção e como réplicas foram consideradas as
parcelas onde se efectuaram os levantamentos. Os dados foram submetidos aos testes de
homogeneidade de variâncias, normalidade e análise de variâncias (P‹ 0.05).
Os dados que não seguiam os pressupostos assumidos (homogeneidade de variâncias e
distribuição normal dos resíduos) foram rectificados segundo a fórmula:
NV= √VR
Onde: NV= nova variável
VR= variável a rectificar
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Culturas produzidas no Vale do Infulene Feita a análise do questionário obteve-se o rol de algumas culturas produzidas no Vale do
Infulene, onde verifica-se uma diversidade de culturas de folhas, de frutos, condimentos e raízes
e a frequência dos produtores que normalmente as produzem conforme a tabela 4 a seguir ilustra:
79
Tabela 4. Espécies de hortícolas cultivadas no Vale do Infulene.
Nome vulgar
Nome científico
Família
Parcelas (campos) observ.
Frequência de
produtores (%)
Cebola
Allium cepa L. var. Cepa
Aliaceae
2
6
Alho Allium sativum L. Aliaceae 2 8
Cenoura Dacus carota L. Apiaceae 0 8 Alface Lactuca sativa L. Asteraceae 37 96
Couve
Brassica oleracea L. var. acephala
Brassicaceae
46
100
Repolho
Brassica oleracea L. var.
capitata Brassicaceae
2 8
Beterraba
Beta vulgaris L.
Chenopodiaceae
12 42
Abóbora Cucurbita sp. Cucurbitaceae 9 65
Pepino Cucumis sativus L. Cucurbitaceae 6 7
Feijão verde Phaseolus vulgaris L. Fabaceae 7 23
Feijão nhemba Vigna unguiculata L. Fabaceae 19 58
Tomate
Lycopersicon esculentum (Mill)
Solanaceae
0
5
Pimento Capsicum spp. Solanaceae 12 36
A couve e o alface são as culturas mais preferidas pelos produtores pelo facto destas
apresentarem um ciclo mais curto (50 a 80 dias; Morreti, 2004) comparativamente as outras, o
que permite produzi-las até três vezes por ano, garantindo maiores retornos monetários e
segurança alimentar. Para as culturas da cebola, tomate, fora o problema do ciclo relativamente
mais longo (Cebola 4 a 6 meses e tomate 4 a 5 meses; Morreti, 2004) o problema de roubos
torna-se o outro factor limitante para os seus cultivos.
4.2. Descrição das pragas e os danos causados às culturas produzidas no Vale do Infulene As culturas do género Brássica (couve e repolho) é que apresentaram uma maior diversidade de
pragas em relação as outras como demonstrado na tabela que se segue:
80
Tabela 5. Pragas identificadas, os danos e sintomas observados
4.3. Comparação da incidência de pragas entre as três zonas de produção. Devido ao facto de algumas culturas ocorrerem apenas numa única zona de estudo e em
pequenas quantidades, aliado ao facto de apresentarem níveis muito baixos de ocorrência de
pragas foram apenas submetidas a análise as pragas das culturas da couve, alface, pimento, feijão
nhemba e abóbora. Estas culturas são as mais produzidas no Vale do Infulene (a par da beterraba
Culturas Pragas Danos e sintomas Limiar Económico
Afídeos da couve (Lipaphis erysimi e
Brevicoryne brassicae)
Presença de pequenos indivíduos esverdeados e/ou verde-acizentados no pecíolo e em ambos lados da folha; algumas plantas murchas.
40-50 Afídeos/planta
Traça da couve (P. xylostella)
Presença de larvas na página inferior das folhas; folhas furadas.
1 Larva/planta
Couve e Repolho
Broca da couve
(Helulla undalis)
Presença de larvas no ápice da planta; ápice da planta destruído; galerias nas nervuras, pecíolos e caule.
Não identificado
Alface e pimento
Mosca branca (Bemisia tabaci)
Indivíduos sobrevoando a área foliar e outros pousados nas folhas. Sinais de sugamento foliar
10moscas/planta
Gafanhoto elegante (Zonocerus elegans)
Folhas roídas e ocorrência de alguns indivíduos sobrevoando a área.
5 a 8 adultos/m2
Abóbora
Larva mineira Liriomyza spp Galerias nas folhas.
Não identificado
Afídeos (Aphis craccivora)
Folhas com fumagina, indivíduos nos caules e folhas.
40-50 Afídeos/planta
Feijão nhemba-folhas
Tripes da folha (Sericotrips occipitalis)
Presença de ninfas e adultos na página inferior das folhas de plantas novas.
2 tripes/flor (tripes da flor)
81
onde não se identificou qualquer praga), e apresentaram resultados mais relevantes em termos de
incidência de pragas.
a) Cultura da couve
A traça da couve, P. xylostella na cultura da couve constitui o maior desafio à produção de
hortícolas para os agricultores do Vale do Infulene, pois, sempre que se produz são alocados
maior parte dos custos de produção no seu controlo. Algumas das dificuldades observadas para
seu controlo deve-se ao facto de as áreas de cultivo coexistirem durante todo o ano, com plantas
de idades diferentes proporcionando à praga suprimento abundante e contínuo de alimento
(IMENES et al., 2002 citado por Carvalho, 2008).
Pelo facto de se usar principalmente o metamidofos no controlo da P. xylostella (por
proporcionar adicionalmente um brilho agradável a cultura), suspeita-se que a referida praga
tenha desenvolvido mecanismos de resistência ao pesticida.
O nível económico de dano da P. xylostella reportado no Vale do Infulene aos 28 dias depois do
transplante é de 1.99 lagartas/planta quando aplicado o metamidofos e 1.62 lagartas/planta para o
pesticida Bt e nas Honduras foram recomendadas 1 lagarta/planta (Ulisses, 2009). Segeren
(1994) recomenda aplicar pesticidas assim que se verifique a ocorrência da traça no campo.
Tabela 6. Incidência de pragas na cultura da couve.
Praga
Variável medida
Zona1 Zona2 Zona3 Significância (p‹0.05)
PPI 40.91 37.35 20.71 n.s. Dens 2.65 1.53 0.56 n.s.
P. xylostella
IMA 0.8 0.79 0.29 n.s.
PPI 12.06 11.76 12.86 n.s. Dens 0.31 0.26 0.47 n.s. H. undalis
IMA 0.18 0.14 0.13 n.s.
PPI 6.1 7.9 2.86 n.s. Dens 1.11 1.37 0.36 n.s.
Afídeos
IMA 0.1 0.15 0.04 n.s.
82
n.s. não significativo (p‹0.05)
b) Cultura do alface
Na cultura de alface o problema de pragas (como se vê na tabela 7) não constitui grande barreira
à produção agrícola senão a salinidade dos solos e encharcamento devido a sua relativa
sensibilidade à estes factores. Segundo Zunguze (2009) os principais problemas dos solos do
Vale do Infulene e que limitam a produção de muitas outras culturas são a (1) toxicidade de sais
(salinidade e sodicidade), (2) disponibilidade de nutrientes (pH) e (3) disponibilidade de
oxigénio (baixa profundidade do lençol freático).
Tabela 7. Incidência de pragas na cultura de alface.
Praga Variável medida
Zona1 Zona2 Zona3 Significância (p‹0.05)
PPI 8 7.3 12 n.s.
B. tabaci Dens 0.88 0.39 1.3 n.s.
IMA 0.1 0.12 0.15 n.s. n.s. não significativo (p‹0.05)
c) Cultura do Pimento
A cultura do pimento é mais produzida na zona 2 em relação aos outros locais e, o mesmo
acontecendo com o alface, a mosca branca B. tabaci (tabela 8) registou-se como a praga mais
importante nesta cultura. Segundo Segeren (1994) a mosca branca, os afídeos e a tripes são
importantes vectores de viroses tais como o mosaico-do-tomateiro e enrolamento-da-folha no
tomateiro e pimento capazes de fazer reduzir bastante a produção. Porém, os agricultores não
enfrentam dificuldades no controlo da mosca branca em ambas culturas.
Tabela 8. Incidência de pragas na cultura do pimento
Praga Variável medida
Zona1 Zona2 Zona3 Significância (p‹0.05)
PPI 6.25 21.3 2.5 n.s.
B. tabaci Dens 0.55 1.46 0.19 n.s.
IMA 0.03 0.16 0.02 n.s. n.s. não significativo (p‹0.05)
83
d) Cultura do Feijão nhemba
Nas plantas infestadas por afídeos foi observado a ocorrência de doenças como mosaico-comum-
do-feijão nhemba na zona 2 mas em baixas incidências. Esta doença, quando em altas
incidências, reduz significativamente a produtividade das culturas (Segeren, 1994)
Tabela 9. Incidência de pragas na cultura de feijão nhemba.
Praga Variável medida Zona1 Zona2 Zona3 Significância
(p‹0.05) PPI 7.14 25 10 n.s.
A. craccivora
Dens 0.64 1.88 0.35 n.s.
IMA 0.18 0.38 0.54 n.s. PPI 6.43 7 4 n.s.
S. occipitalis
Dens 0.89 0.86 0.81 n.s.
IMA 0.09 0.07 0.09 n.s. n.s. não significativo (p‹0.05)
A diferença não significativa entre as médias das 3 zonas de produção em todas culturas pode ser
explicada pelo facto de as práticas culturais (preparo do solo, plantio, rega, adubação, controlo de
pragas e doenças) serem semelhantes entre as zonas e as recomendações de combate às pragas
serem uniformes. Fora as recomendações dos técnicos extensionistas, os agricultores trocam
experiências entre si que por vezes contribui negativamente no controlo de pragas.
Segundo Zunguze (2009) os solos do Vale do Infulene apresentam uma heterogeneidade quanto
à sua aptidão agrícola, e segundo o mesmo autor, este factor é comum a todas zonas onde se fez
levantamento de pragas. A ocorrência das mesmas pragas, sem nenhuma diferença significativa
entre si, pode ainda ser explicada não só pelo facto de os solos apresentarem essa
heterogeneidade comum às 3 zonas, mas também pelo facto de, segundo Walker et al. (2006), as
zonas pertencerem a mesma região agro ecológica (região agro ecológica número 2) com
precipitações médias anuais entre 600 a 800mm (Sitoe, 2008), e temperaturas médias de 25 a
31oC de máxima e 14 a 22oC de mínima.
A incidência de pragas nas culturas observadas apresentou valores muito baixo em relação aos
meses anteriores. Tomando a traça da couve como exemplo, em estudos efectuados no Vale do
Infulene dois meses antes do presente trabalho, foram observadas densidades de 6.32
84
larvas/planta quando aplicado o pesticida metamidofos na couve pura (Ulisses, 2009).
Densidades similares foram observadas no início dos estudos (Outubro e Novembro) porém com
andar do tempo verificou-se uma drástica redução dos níveis de infestação.
O decréscimo nos níveis de incidência das pragas está ligado ao facto de a maior parte do estudo
ter sido realizada durante o período chuvoso dos meses de Dezembro e Janeiro últimos. Pois, A
P. xylostella desaparece quase por completo quando as chuvas persistem nos meses de Dezembro
à Maio e a praga tem maiores probabilidades de ressurgir se houverem períodos secos (Nunes,
2006). E, de acordo com Segeren (1994), altas incidências de precipitação reduzem
significativamente a incidência de muitas outras pragas que ocorrem abundantemente no período
seco tais como afídeos, tripes, mosca branca e ácaros.
4.4. Outras Pragas Registadas Durante a colecta de dados foi possível observar a ocorrência, mas em densidades muito baixas,
de alguns insectos que não constituíam pragas importantes para as culturas onde se abrigavam.
Estes insectos ocorriam igualmente ou separadamente com as principais pragas identificadas nos
canteiros, mas apresentavam níveis muito baixos que não foram consideradas como sendo pragas
importantes sendo que podem ter alguma importância, na medida em que os danos por si
causados são dramáticos quando se apresentam em altas densidades populacionais (Segeren et
al., 1994).
Tabela 10. Outras pragas registadas em campos
Cultura Indivíduo Couve e Repolho
Lagarta invasora (Spodoptra littorais), Mosca branca (Bemisia tabaci), Rosca (Agrotis spp)
Alface
Rosca (Agrotis spp), Rato do campo (Praomis natalensis), Larva mineira (Liriomyza spp)
Feijão-nhemba
Lagarta americana (Hilicoverpa armigera)
Pepino
Mosca do melão (Dacus spp)
Cebola Tripes (Trips tabaci)
85
4.5. Medidas de controlo localmente usadas no combate as pragas Os agricultores do Vale do Infulene usam unicamente o controlo químico para o combate de
pragas e doenças nos seus campos. Segundo Castelo Branco et al. (2003); Dias et al. (2004)
citados por Carvalho (2008), o método de controlo mais utilizado em brássicas (hortícolas no
geral) ainda é o químico, pois, aparentemente, é o que traz os melhores resultados, de forma
rápida e eficiente na redução dos prejuízos ocasionados pela praga.
Normalmente a estratégia de controlo implementada é preventiva (mas também usam a curativa)
sendo que as dosagens de um mesmo pesticida e o intervalo de segurança variam de agricultor
para agricultor. O aumento das dosagens ocorrem normalmente quando os agricultores concluem
que o produto não é eficiente, e o intervalo de segurança é bastante influenciado pela persuasão
dos seus clientes (vendedores dos mercados).
A periodicidade de aplicação dos pesticidas varia entre 3 a 7 dias dependendo da cultura e praga
a controlar e da percepção do agricultor. Geralmente, para o controlo da traça da couve (P.
xylostella), os intervalos são mais curtos (3 ou 4 dias) particularmente nos meses de Julho a
Dezembro quando as densidades das larvas são elevadas e os danos são mais severos.
As doses dos pesticidas usados estão acima do que é recomendado. Esta atitude pode facultar às
pragas como a traça da couve o desenvolvimento de resistência aos pesticidas. Segundo Castelo
Branco (2000) pode-se citar como exemplo a capacidade da traça sobreviver a altas doses de
pesticidas. Em estudos efectuados no Brasil em que aplicou-se a dose recomendada da
deltametrina (0.24l/ha) e comparou-se com uma dose de 0.75l/ha (três vezes mais) onde
nenhuma lagarta morreu. Quando tratadas com uma dose de 30 l/ha (125 vezes a dose
recomendada) apenas 70% das lagartas morreram.
Wing et al., (2000) defende que a descoberta e utilização de insecticidas que apresentem novos
modos de acção podem contribuir consideravelmente para a substituição de produtos
tradicionalmente utilizados, como o metamidofos, e favorecer o maneio da resistência de
insectos à insecticidas por meio da rotação de ingredientes activos e mesmo grupo químico
dentro de um programa de maneio integrado de pragas em hortícolas.
86
Tabela 11. Pesticidas usados no Vale do Infulene, as doses e intervalos de segurança (I.S.)
1 pesticidas raramente usados; n.i.= não identificado. Fonte: Segeren (1994) e Neil (2002)
4.6. Percepção dos agricultores sobre aspectos importantes a ter em conta no controlo de pragas Foi notório no seio dos agricultores que algumas práticas importantes para o controlo de pragas
tais como a rotação de culturas e o conceito de rotação de pesticidas não são práticas habituais. E
o conhecimento sobre os inimigos naturais é praticamente inexistente o que influenciou
sobremaneira na baixa incidência de alguns inimigos naturais verificadas em campos como
sirfídeos e joaninhas (predadores de afídeos) nas diferentes culturas.
O uso de medidas de protecção individual é um factor muito importante a ter em conta na
aplicação dos pesticidas, pois quando mal implementado coloca em perigo a saúde do aplicador.
Os agricultores do Vale do Infulene valorizam mais o uso de máscaras sem no entanto proteger
devidamente outras partes do corpo. Segundo Chiconela et al I (1999), a contaminação por via
Culturas Pragas Pesticidas usados
Doses usadas
Dose recom. I.S.usado (dias)
I.S. recom.(dias)
Metamidofos 2 a 4ml/l água
1ml/l água 14
Cipermetrina
0.8 a 1.6ml/l água
0.5 a 1ml/l de agua
7 a 14 7
Bt n.i. 0.5 a 1Kg/ha n.i. n.i.
Traça: P. xylostella,
Broca: H. undalis
Lagartas das crucíferas no geral
Lambda-cialotrina
0.8 a 1.6 ml/l água
1ml/l água 7
Metamidofos
1ml/l água
Cruciferas
Afídeos: B. brassicae e L. erysimi
Diazinão1
Diazinão1
1.5ml/l agua
Afídeos: A. craccivora Dimetoato1
2 a 4ml/l água
2ml/l água
14
Feijões Tripes da folha: S. occipitalis
Cucurbitáceas Larva mineira (Liriomyza spp)
Cipermetrina
0.8 a 1.6ml/l agua
0.5 a 1ml/l de
agua
7 a 14
7
87
dermal é mais perigosa por apresentar sintomas crónicos o que pode levar ao surgimento de
doenças como o cancro.
Figura 7: Percepção dos agricultores sobre aspectos ligados as pragas
4.7. Outros problemas que afectam a produção agrícola no Vale do Infulene
Fora o problema das pragas, existem outros factores que interferem com o processo produtivo,
sendo que alguns deles também podem estar ligados à ocorrência de pragas. Outros problemas
que afectam directa ou indirectamente a produção estão descritos na figura 8 a seguir:
Figura 8. Outros problemas ligados a produção agrícola enfrentados pelos agricultores do V. do Infulene.
88
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
A praga mais importante que ocorre no Vale do Infulene é a traça da couve P. xylostella,
pois ocorre sempre que se produz causando danos económicos às culturas (couve e
repolho) e encarecendo os custos de produção devido ao seu controlo comparativamente
às outras pragas.
Entre as três zonas de produção não foi observada nenhuma diferença significativa entre
as pragas registadas nos três parâmetros medidos (PPI, densidade populacional e IMA).
Este factor é explicado pela homogeneidade das práticas culturais implementadas e pelo
facto de as zonas se situarem na mesma região agroecológica com temperatura e
precipitação média anual homogéneas.
Os produtos usados no controlo de pragas são unicamente os pesticidas químicos
(principalmente o metamidofos e a cipermetrina). A sua conservação é precária porém
aceitável dentro das possibilidades financeiras dos agricultores, pois conservam-nos
enterrados nos respectivos campos.
As dosagens e intervalos de segurança dos pesticidas usados estão no geral fora dos
parâmetros recomendados o que pode trazer problemas de saúde pública por intoxicação
alimentar e agravar a situação da poluição ambiental.
Os agricultores têm fraco conhecimento científico sobre as pragas que ocorrem nos seus
campos e isso afecta sobremaneira na abordagem de como combatê-las. Tal aspecto
deve-se a factores como falta de capacitação adequada e forte apego às práticas
tradicionais de cultivo e controlo de pragas.
5.2. Recomendações
a) Aos agricultores
Seguir com afinco as recomendações dos técnicos extensionistas da área;
Ter noção do impacto que a venda de uma hortícola contaminada ou do impacto que o
uso de um pesticida inadequado pode causar na saúde pública;
89
Encarar o rótulo do pesticida como uma lei a ser seguida;
Evitar usar produtos de origem duvidosa e/ou fora do prazo;
Garantir uma melhor conservação dos pesticidas como forma de garantir uma maior
eficácia no controlo de pragas;
Alertar as autoridades competentes assim que identifiquem pragas desconhecidas nos
seus campos;
Fortalecer o espírito de associativismo que afinal de contas é um veículo importante para
uma produção economicamente viável, socialmente aceite e ambientalmente correcta.
b) Às autoridades competentes (Conselho Municipal e MINAG)
Garantir um melhor acompanhamento da actividade agrícola no Vale do Infulene, que
pode ser conseguido aumentando o número de técnicos extensionistas, capacitando-os
regularmente e provendo-os de mais recursos e meios de trabalho;
Sensibilizar e capacitar os agricultores sobre como alternarem o uso frequente de
pesticidas com controlo cultural, biológico e variedades resistentes.
Controlar os vendedores ambulantes de pesticidas no local. E, portanto, tornar a casa
agrária a casa do agricultor onde ele “deve” adquirir o pesticida pretendido e se possível
armazená-lo. Isto pode ser conseguido através de parcerias com as empresas que vendem
insumos agrícolas onde a casa agrária seria o revendedor autorizado;
Criar facilidades no acesso ao crédito agrícola através de mecanismos que permitam que
os agricultores devolverem o mesmo só depois da colheita.
c) Aos investigadores
Intensificar a investigação sobre as formas alternativas de controlo de pragas fora o
método químico, como por exemplo o uso de pesticidas botânicos e variedades de
hortícolas resistentes as pragas, principalmente à traça da couve P. xylostella.
Investigar sobre como preservar os inimigos naturais das pragas nas condições em que os
agricultores do Vale do Infulene produzem.
90
VI. REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
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93
Subcapítulo 2.2 Avaliação da incidência das pragas agricolas mais importantes e medidas para o seu controlo, no distrito municipal nº 4 (zonas verdes), cidade de Maputo
94
Resumo
O presente trabalho foi realizado nas zonas verdes da cidade de Maputo, concretamente no
Distrito Municipal no 4, com o principal objectivo de avaliar a incidência das pragas agrícolas
mais importante e medidas para o seu controlo, como forma de minimizar os prejuízos
observados actualmente. As culturas mais produzidas no DMN4 são: Couve, repolho, pimento,
feijão nhemba e alface. São produzidas também em pequena escala, dependendo principalmente
do agricultor, pepino, cenoura, beterraba, cebola. Portanto o levantamento das principais pragas
agrícolas foi efectuado nas culturas mais produzidas no DMN4.
As pragas mais importantes no distrito municipal número 4, na cultura de couve e repolho
destaca-se a traça da couve, a broca da couve, a lagarta da couve, afídeo pardo da couve, e a
lagarta falsa mede palmo. No feijão ocorre o afídeo, no pimento ocorreu a lagarta falsa mede
palmo e a mosca branca na alface.
De uma forma geral em quase todos os casos tanto a densidade, percentagem de plantas
infestadas e o nível de ataque foram elevadas, já para pragas com percentagem baixas, as
condições de campo indicavam uma tendência a subir devido as práticas culturais deficientes,
como por exemplo a aplicação de pesticidas desconhecidos, aplicação de doses cada vez mais
elevadas e não a prática da rotação de cultura.
Para o controlo das pragas identificadas recomendou-se que se respeitasse as dosagens, intervalo
de aplicação e de segurança dos pesticidas, observando-se correctamente a informação do rótulo,
fazer rotação dos pesticidas e enfatizando-se mais os métodos culturais, como a incorporação de
restos culturais no solo e a prática da rotação de cultura.
80
I. INTRODUÇÃO Praga Agrícola é qualquer organismo vivo que causa dano económico (redução de quantidade ou
qualidade de produto). As pragas exploram as culturas de várias formas produzindo sintomas
alimentares de diversas maneiras dependendo do hábito alimentar de cada espécie ou grupos de
espécies que se alimentam das culturas da mesma forma (mastigando, sugando) (Segeren, 1996).
A Protecção de plantas pode ser caracterizada como conjunto de actividade de prevenção e
combate aos organismos que provocam danos às culturas. Esta actividade de prevenção e
combate deve ter como base a identificação correcta do organismo e avaliar o nível de dano ou
de ataque para tomar decisões sobre como combater (Segeren, 1996).
A importância de levantamento de pragas no campo por parte de estruturas agrícolas é para ter
dados da situação fitossanitária do local, facilitando a decisão sobre importação de pesticidas,
preparação de campanha de combate as pragas, planificação da investigação na área de protecção
de plantas, e sobretudo para estudar a fenologia geral das pragas para saber em que épocas
normalmente ocorrem (Segeren, 1996).
A identificação de pragas agrícolas e avaliação da sua importância é fundamental para a
elaboração de um plano de controlo com vista a reduzir ou minimizar as perdas de produção
(Chitio, 1994/1995).
Amostragem é um conjunto de procedimentos que visa obter uma amostra, usando uma técnica
de colecta de amostras, para com base nela obter uma estimativa da variável que queremos
medir.
1.1 Problema de estudo e justificação Uma das principais causas que levam a baixos rendimentos nas culturas de subsistência, é a
elevada incidência de pragas durante o seu ciclo de crescimento, constituindo uma das grandes
limitações da produção Agrícola em Moçambique (Nucífera, 1985), citado por Cugala (1993).
81
De acordo com Araújo e Watt (1984), citado por Cugala (1993), a importância de uma praga é
determinada pelas perdas económicas que ela causa e a grandeza destas perdas é consequência da
intensidade de ataque da praga e da sua frequência e distribuição.
As zonas verdes da cidade de Maputo são zonas de grande concentração de produtores de
hortícolas, com uma actividade agrícola com limitações. Essas limitações são provocadas por
seguintes problemas: 1) Pouca investigação feita em Moçambique na área de protecção das
hortícolas contra pragas e doenças usando-se em geral recomendações da África de Sul, 2)
Apenas o controlo químico é praticado na protecção de hortícolas contra as pragas, mas com
limitações seguintes: 2.1) Os agricultores não conhecem os produtos recomendados e usam
simplesmente os que estão ao seu alcance, 2.2) As doses recomendadas não são praticadas por
não serem conhecidas, 2.3) Os cuidados necessários na aplicação de pesticidas raras vezes são
observadas por falta de conhecimento sobre a toxicidade desses produtos ou por falta de meios
de protecção do aplicador, 2.4) Não existe uma boa rede de distribuição de produtos químico e a
rede de extensão agrícola existente é ineficiente.
Por isso houve a necessidade de fazer um estudo de avaliação da incidência das principais pragas
agrícolas e medidas para o seu controlo.
1.2 Objectivos
1.2.1 Geral: • Avaliar a incidência das pragas Agrícolas mais importantes e medidas para o seu
controlo, no Distrito Municipal no 4, (Zonas verdes), cidade de Maputo.
1.2.2 Específicos: • Identificar as pragas agrícolas mais importantes encontradas no local
• Avaliar a percentagem de plantas infestadas das pragas mais importantes
• Avaliar o índice médio de ataque das pragas identificadas
• Identificar os factores que favorecem o desenvolvimento de pragas identificadas e
sugerir métodos correctos para o controlo.
82
• Avaliar as fragilidades dos actuais métodos de controlo no local de estudo.
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Os insectos como pragas agrícolas
A definição de uma praga pode variar de acordo com o contexto a ser considerado, mas em um
sentido mais amplo uma praga é definida como um insecto (ou organismo) que causa danos ao
homem, suas criações, culturas ou posses (Hill, 1997). Gordh & Headrick (2001) definem uma
praga como qualquer organismo que reduz a qualidade ou a produção de culturas ou outros
produtos.
Em agricultura, o conceito de praga está directamente relacionado com os efeitos económicos
produzidos pelos insectos (Nakano, 1981). Quando o nível de danos alcança um determinado
patamar no qual a perda financeira é significante, então a população de insectos é designada
como uma praga económica, contudo, a decisão de quando o nível de danos é significante é
muito subjectiva, variando de acordo com a praga e o dano em questão (Hill, 1997).
Os prejuízos provocados pelas pragas nas principais culturas do mundo podem ocasionar perdas
na produção, que variam entre 2 a 28% (Andef, 1987). Somente nos Estados Unidos, as perdas
com a produção em potencial são estimadas em cerca de 13%, representando aproximadamente
30 bilhões de dólares anuais (Usbc, 1998 citado por Pimentel et al., 2000). Estimativas recentes
indicam que no Brasil, as pragas podem ser responsáveis por perdas que variam entre 2 a 30%
(média de 7,1%), algo em torno de 2,2 bilhões de dólares ao ano (Bento, 1999).
Os danos causados pelos insectos às plantas podem ocasionar maior ou menor prejuízo
quantitativo e qualitativo, dependendo de variáveis como espécie, densidade populacional,
estágio de desenvolvimento, estrutura vegetal atacada e duração do ataque (Bento, 1999; Gallo et
al., 2002).
As pragas podem causar danos directos quando atacam o produto a ser comercializado; ou
indirectos, quando atacam estruturas vegetais que não serão comercializados, mas que alteram os
processos fisiológicos, reflectindo na produção (Orthoptera, Coleóptera, Diptera, Lepidoptera,
Hymenoptera). Além disso, podem actuar indirectamente injectando substâncias toxicogênicas
durante o processo alimentar ou transmitir patógenos como vírus (Hemiptera, Thysanoptera),
83
bactérias e fungos (Coleóptera) (Crocomo, 1990; Hill, 1996; de Lamonica & Ide, 2002; Gillott,
2005).
2.2 Relação praga planta
Para conhecer algumas relações entre insectos e plantas requer o conhecimento de alguns
conceitos básicos, que são usados por pesquisadores, técnicos e produtores. A figura 1 mostra a
relação insecto planta
Fonte : Metcalf & Luckmann, (1982).
Figura 1 : Esquema ilustrando a relação insecto x planta, que caracteriza o conceito de praga
Os insectos fitófagos alimentam-se das plantas para sobreviverem e, como consequência as
plantas deixam de produzir a mesma quantidade de produtos que outras que não foram
danificadas por eles. A planta danificada perde a produção, que pode ser quantificado
monetariamente, recebendo o nome de dano económico, que é qualquer perda económica
decorrente de um dano. Quando esse dano se torna significativo diz-se que esse insecto se tornou
uma praga (Metcalf & Luckmann, 1982).
2.3 Identificação de pragas agrícolas A identificação da praga é o primeiro passo no intuito de solucionar qualquer problema
entomológico na agricultura, tendo em vista que, conhecendo o nome científico do insecto, é
84
possível determinar os demais dados bibliográficos sobre o mesmo (Zucchi, et al., 1992; Zucchi
et al., 1993).
Mesmo quando não se conhece a espécie de uma praga e obtém-se uma classificação apenas a
nível da família, muitas informações úteis podem ser obtidas: época de ocorrência, prejuízos,
importância económica, aspectos do ciclo biológico, comportamento, distribuição, métodos de
controlo mais adequados, associando a praga com espécies previamente conhecidas e com ela
relacionada; esta é a hipótese da previsibilidade, considerada a maior utilidade prática da
identificação (Prado, 1980; Zucchi et al., 1993).
2.4 Importância alimentar das hortícolas O valor alimentício e medicinal das hortaliças é sobejamente conhecido por todos. Experimentos
levados a efeito por cientistas de todas as partes do mundo mostraram a necessidade que o
homem tem das vitaminas e sais minerais. Sendo as hortícolas fontes naturais desses elementos,
pode-se avaliar sua necessidade na alimentação. As hortícolas, além de serem ricas nos
elementos citados, apresentam propriedades medicinais que muito as recomendam. Algumas
espécies actuam como calmante, estimulante, diuréticas ou controladoras da atonia das vias
digestivas, etc. Cita-se, a seguir, algumas espécies olerícolas que possuem essas propriedades
alimentícias e medicinais.
• Alface: rica em sais minerais e vitaminas “A”, “B”, “C”, “D”, “E”, é óptimo calmante e
diminui a irritação da conjuntiva;
• Beterraba: rica em açúcares, vitaminas e sais minerais. Actua como diurético;
• Couve-flor: preciosa fonte de vitamina “B”, sais minerais e açúcares;
• Espinafre: óptima fonte de ferro e é indicado no tratamento das diabetes;
• Pimentão: rico em vitamina “C” e propriedades diuréticas,
• Rabanete: rico em enxofre, estimulante quando consumido cru e actua como calmante e
antiescorbútico.
• Repolho: rico em vitaminas “A”, “B”, “C” e é óptima fonte de ferro, cálcio e fósforo.
• Salsa: riquíssimo alimento em vitamina “C”. Ë excitante, diurético e estimulante.
Tomate: óptimo fornecedor de vitaminas “C” e do complexo “B”. E aconselhado no tratamento
de artrite, gota e previne ácido úrico (Yudelman e Nygaard, 1999).
85
2.5 Produção em Moçambique
A produção de hortícolas em Moçambique conheceu um grande crescimento nos princípios da
década 70, desenvolvidas por produtores portugueses e chineses. As hortícolas no geral em
Moçambique são cultivadas em maior escala nos vales dos rios Incomáti, Umbeluzi e Limpopo,
no sul do País, nas regiões planálticas de Manica na província de Manica, no planalto de
Angónia na província de Tete, no planalto de Lichinga, na província de Niassa e na região de
Lioma na província da Zambézia (Tembe, 1990).
2.6 Factores limitante na produção de horticolas
2.6.1 Factores abióticos
Dentre os factores climáticos que influenciam a produção de hortícolas, a temperatura é um dos
mais importante. A temperatura tem efeito muito importante no crescimento e desenvolvimento
das hortícolas e também no grau de ataque e desenvolvimento de pragas (Tembe, 1990),
Geralmente o grau de ataque da maioria das pragas é directamente proporcional à temperatura.
2.6.2 Factores bióticos
Um dos grandes problemas que causam baixas produções e consequentemente baixos
rendimentos nas hortícolas são as pragas e doenças, e as perdas causadas por pragas e doenças
são referenciados por vários autores no mundo (Chitio, 1995).
2.7 Principais pragas de algumas hortícolas em Moçambique
2.7.1 Pragas na cultura de couve e repolho
2.7.1.1 Traça da couve (Plutella xylostella)
São lagartas que têm 12 mm de comprimento no máximo, de cor verde-claro, o adulto é uma
borboleta de cor cinzenta acastanhado de 10 mm de comprimento. Encontram-se na página
inferior das folhas onde fazem pequenos furos de 2 a 10 mm de diâmetro (Segeren et al. 1994).
86
Os ovos são colocados na folha isoladamente ou em grupos de seis ou mais, é uma praga
problemática nas crucíferas em muitos países (Chitio, 1996). Esta praga tem um ciclo de vida
que varia entre 25 a 50 dias, dependendo da temperatura (Segeren et al., 1996).
2.7.1.2 Broca da couve (Hellula undalis)
São lagartas de 15 mm de comprimento, quando maior tem cor creme, com algumas listras
laterais de cor castanhos avermelhadas. As lagartas penetram nas nervuras, pecíolos, e no ápice
das plantas. Em plantas maiores aparecem dois a quatro novos rebentos algumas semanas após a
destruição do ápice. Nas plantas atacadas as folhas ficam ligadas por teias e no repolho as
cabeças produzidas são pequenas e com valor comercial reduzido (Segeren et al., 1994).
2.7.1.3 Lagartas da couve (Athalia flacca, Crocidolomia binotalis, Spodoptera litoralis)
As lagartas de Crocidolomia binotalis têm 20 a 40 mm, são de cor verde escura com listras claras
de cor castanho clara. As de Spodoptera litoralis têm pontos pretos em cada segmento. As larvas
de A. flacca têm 10 a 20 mm, são de cor verdes escuras e têm 8 pares de patas abdominais.
As folhas ficam completamente roídas e cobertas por teias com os excrementos das lagartas
(C.binotalis) que vivem agrupadas. As lagartas de S.litoralis vivem isoladamente ou em
pequenos grupos, provocando furos nas folhas. Já as larvas de A.flacca vivem em grupos nas
folhas novas, onde provocam grandes danos deixando apenas as nervuras principais (Segeren et
al., 1994).
2.7.1.3 Afídeo da couve (Brevicoryne brassicae e Lipaphis erysimi)
Os afídeos são pequenos insectos redondos de 1 a 2 mm de cor verde ou verde acinzentado,
vivem agrupados nas duas páginas das folhas (Segeren et al., 1996).
Os afídeos propagam-se rapidamente no tempo quente e as ninfas são depositadas nas páginas
inferiores das folhas ou de inflorescência. As duas espécies de afídeos encontram-se distribuídas
em países tropicais e subtropicais (Deiber, 1987).
As plantas gravemente afectadas murcham, porque os afídeos sugam a seiva das plantas (Segeren
et al., 1994).
87
2.8.2 Pragas importante na cultura de Pimento
2.8.2.1 Mosca branca (Bemisia tabaci) e Afídeos (Aphis gossypii)
São grupos de insectos pequenos com 0.5 a 2 mm que não provocam directamente muitos
estragos nas plantas, mas são vectores de vírus capazes de condicionarem a diminuição da
produção. São insectos sugadores que quando sugam a seiva das plantas, injectam saliva que
pode ser o veículo de um vírus adquirido numa planta infectada (Segeren et al., 1994).
2.8.3 Pragas importante na cultura de alface
2.8.3.1 Mosca branca (Bemisia tabaci)
O adulto de Mosca Branca mede de 0,8 a 1,0 mm com corpo amarelo, quatro asas membranosas
recobertas por pulverulência branca. Em condições favoráveis sua longevidade pode ser de até
20 dias, sendo mais comum 10dias. Uma fêmea coloca cerca de 252 ovos, dependendo do
hospedeiro e da temperatura.
A mosca branca tem maior resistência a insecticidas, adaptação em diversas regiões e climas
diferenciados, transmissão de vírus diferentes em diversas plantas e diferentes hospedeiros.
Encontrada atacando grande número de plantas (506 espécies em 74 famílias diferentes),
destacando-se soja, algodão, feijão, amendoim, tomate, beringela, pimento, abóbora, pepino,
mandioca, melão, melancia, brócolos, couve-flor, repolho, batata, batata-doce, videira, citros e
várias espécies de plantas ornamentais (Lourenção & Naga, 1994).
2.9 Métodos de controlo
2.9.1 Controle Químico
2.9.1.1 Pesticidas
Pesticidas são produtos químicos usados para controlar pragas. Entre eles estão os insecticidas,
acaricidas, nematicidas, rodenticidas, e outros. Para que um pesticida seja eficaz, ele tem que
interferir no desenvolvimento normal da praga sem causar danos ao hospedeiro. Isto não quer
dizer que todas as pragas serão eliminadas. Na verdade, o seu problema com as pragas pode não
ser grave a ponto de justificar o uso de químicos (Barros, et al., 1993).
88
O controle químico é actualmente o método mais utilizado tanto por pequenos, médios e grandes
produtores, e consiste no uso de produtos químicos para se controlar pragas e doenças. Apesar
de sua ação rápida e eficácia, o uso de produtos químicos vem sendo reduzido, pois, na maioria
das vezes, ocasionam o desenvolvimento de populações resistentes do insecto, o aparecimento de
novas pragas ou a ressurgência de outras (Liu et al., 2002).
O controlo químico só deve ser utilizado quando a praga atingir níveis populacionais críticos ou
atingir dano que justifique o custo do tratamento (Barros et al.,1993).
2.9.1.2 Controle Cultural
Caracteriza-se pela utilização de medidas capazes de afectar a disponibilidade de alimento ao
insecto e que pode reduzir a incidência da praga. Tais medidas, como técnicas de preparo do
solo, rotação de culturas, aração e gradagem, época de sementeira, controlo de infestantes,
adubação verde, uso de variedades resistentes, destruição de restos culturais, etc., contribuem de
maneira marcante no combate as pragas de diversas culturas (Thuler, 2006).
2.9.1.3 Controle Biológico
O Controle Biológico é um processo natural que consiste no controle de praga com o uso de
inimigos naturais que podem ser predadores, patógenos e parasitóides. O controlo caracteriza-se
pela manuntenção e preservação dos inimigos naturais existentes através de aplicação de
produtos químico selectivos (Yudelman e Nygaard, 1999).
2.9.3 Nível económico de dano
Nível económico de dano (NED) é a densidade populacional de uma praga capaz de causar um
prejuízo (dano económico) de igual valor ao seu custo de controlo.
Para calcular o NED é necessário saber que a produção da cultura é reduzida à medida que a
densidade populacional da praga ou a seu dano aumenta (Figura 2) (Metcarf & Luckmann,
1982).
89
Fonte: Metcarf & Luckmann (1982)
Figura 2: Modelo do efeito do dano provocada por insectos sobre a produção.
Conforme o gráfico a produção será máxima, quando a população da praga estiver próxima de
zero. Para obter isto devemos criar recursos para reduzir a densidade populacional da praga.
Quanto maior valor investido no controle, menor é a densidade populacional da praga e
consequentemente, maior será a produção da cultura (Figura 3) (Metcarf & Luckmann, 1982).
Fonte: Metcarf & Luckmann, (1982).
Figura 3: Relação custo benefício do controlo de pragas, conceituando NED
2.9.4 Importância de avaliação de ataque
Geralmente os agricultores são os que decidem se devem ou não tomar medidas de controlo,
assim, eles deverão ter um fundamento realístico, de modo que as decisões sejam vantajosas. Por
exemplo combater uma praga pela aplicação de pesticidas em todas as plantas enquanto apenas
uma percentagem baixa de plantas está infestada, o valor de custo de controlo pode ser
relativamente maior do que o valor das perdas provocadas pela praga. Por outro lado, um
90
agricultor pode esperar com o combate até que a praga cause dano, essa medida não é correcta,
pois os danos podem ser muito elevado que o custo de controlo (Segeren, 1996).
III.MATERIAIS E METÓDOS
3.1 Descrição da área de estudo
O estudo foi realizado na cintura da cidade de Maputo, conhecida por zonas verdes,
especificamente na baixa do distrito urbano número 4, que compreendendo os bairros de
Albazini, Costa de Sol e Mahotas. O distrito urbano número 4 localiza-se entre as latitudes
25º50´35,12´´S e 25º55´39,53’’S e Longitudes 32º36´17,49’’E e 32º39´58,34’’E.
Os bairros foram divididos em zonas, em que o bairro das Mahotas chamou-se de zona 1, em que
o levantamento de pragas foi efectuado em 9 associações nomeadamente: Associação Eduardo
Mondlane, Joaquim Chissano, Graça Machel, Samora Machel, Tomás Sankara, Massacre de
Mbuzine, Djaulane, Lirhandru, Emílio Armando Guebuza. Zona 2 compreendeu o bairro de
Albazini e zona 3, que compreendeu o bairro de Costa de Sol.
3.2 Clima e hidrografia da área de estudo
O clima do distrito urbano no 4 é tropical chuvoso de savana influenciado pela proximidade do
mar. Caracteriza-se por temperaturas quentes com um valor médio anual de 19o C em Junho
(inverno) e cerca de 26o C em Janeiro (verão) e a temperatura máxima anual é de 31 o C e a
mínima é de 13O C (ANAMM, 2009).
A humidade relativa varia entre 55 a 75 % e a precipitação anual é de 900 mm. A estação chuvosa vai de
Outubro a Abril com 60 a 80 % de pluviosidade concentradas nos meses de Dezembro a Janeiro
(ANAMM, 2009).
3.3 Metodologia
3.3.1 Locais de Amostragens
O levantamento das principais pragas agrícolas foi conduzida no distrito municipal no 4, nas
zonas verdes da cidade de Maputo (Mahotas, Albazini e Costa de sol) 11 Associações foram
seleccionados. A selecção destes locais dependeu de sua acessibilidade e da área cultivada.
91
3.3.2 Amostragem
No local de estudo foram seleccionados 11 associações de agricultores. Em cada associação 10
campos foram seleccionados. Em cada campo 20 plantas foram observadas usando o modelo de
amostragem em W. Em cada campo seleccionado as seguintes variáveis foram consideradas:
• Insectos presentes em cada planta
• Danos ou sintomas observados
• Infestação
3.3.3 Percentagem de plantas infestadas (PPI)
A percentagem de plantas infestadas é o número de plantas infestadas na área amostrada em
relação ao número de plantas observadas, e foi estimada usando-se a seguinte fórmula:
observadasldeplantasNumerototaxfestadasantaNumerodeplPPI 100)sin(
=
Fazendo a contagem de todas as plantas com presença de indivíduos e dividindo por 20, que é o
número total de plantas observadas. Em seguida fez-se a média geral, que é o somatório das
médias dividido pelo número total de parcelas observadas na zona.
3.3.4 Avaliação de índice médio de ataque
Para estimar o índice médio de ataque, usou-se a seguinte formula:
PnPNPNPNPNIMA 4*43*32*21*1 +++
=
Onde: IMA, é o índice médio de ataque
N1, Nível de infestação 1 e P1, Total de plantas com nível de infestação 1
N2, Nível de infestação 2 e P2, Total de plantas com nível de infestação 2
N3, Nível de infestação 3 e P3, Total de plantas com nível de infestação 3
N4, Nível de infestação 4 e P4, Total de plantas com nível de infestação 4
4321 PPPPPn +++= , Representa o total de plantas observadas
92
3.3.6 Determinação de dano
Na determinação de dano baseou-se nos níveis de zero a quatro, onde:
Nível 0 - sem dano
Nível 1 - 1 a 20 % da superfície da parte atacada
Nível 2 - 21 a 40% da superfície da parte atacada
Nível 3 - 41 a 70 % da superfície da parte atacada
Nível 4 – acima de 70% da superfície da parte atacada
3.3.7 Densidade de infestação
A densidade de infestação foi estimada usando a seguinte fórmula:
observadas plantas de Nr.totalobservadas plantas nas presentes individuos r.deNDi =
Onde: Di é a densidade de infestação
Primeiro calculou-se a média, que corresponde ao somatório de indivíduos das parcelas
seleccionadas dividido por 20, que é o número de plantas observadas na parcela. Em seguida
calculou-se a média geral (somatório das médias dividido por número total de parcelas
observadas na zona).
3.3.8 Levantamento de estratégias localmente usadas para o controlo das principais pragas
O levantamento de estratégias foi feito através de entrevistas semi-estruturadas aos proprietários
dos campos. As entrevistas eram auxiliadas por observação de campo no que diz respeito as
práticas culturais, para verificar os factores que podem influenciar as estratégias usadas no local.
Foram no total entrevistados 90 agricultores, procurando-se saber sobre as pragas agrícolas e os
métodos de combate.
93
3.3.9 Análise de dados
Após a colecta dos dados de campo, os dados foram submetidos aos testes de Homogeneidade de
Variância, distribuição normal, e análise de variância usando-se o pacote estatístico SPSS versão
13.0
Usou-se o Microsoft Excel para calcular:
• Densidade de pragas
• Percentagem de plantas infestadas
• Índice médio de ataque
94
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a recolha de dados nos campos dos agricultores foram de uma forma geral identificados
grupos de pragas em diversas culturas. As pragas mais importantes estão apresentadas na tabela
1, onde de seguida foi avaliada a densidade, a percentagem de plantas infestadas e o índice
médio de ataque para cada praga.
Tabela 1: Pragas mais importantes registadas no DMN4.
Cultura Pragas Registadas (Nome científico) Pragas Registadas (Nome Comum)
Plutella xylostella Traça da couve
Bemisia tabaci Mosca branca
Hellula undalis Broca da couve
Plusia acuta Lagarta falsa mede palmo
Crocidolomia binotal Lagarta da couve
Couve
Lipaphis erysimi Afídeo da couve
Plusia acuta Lagarta falsa mede palmo
Brevicoryne brassicae Afídeo pardo da couve
Lipaphis erysimi Afídeo da couve
Plutella xylostella Traça da couve
Repolho
Bemisia tabaci Mosca branca
Bemisia tabaci Mosca branca Feijão nhemba
Aphis craccivora Afídeo
Alface Bemisia tabaci Mosca branca
Plusia acuta Falsa lagarta mede palmo Pimento
Bemisia tabaci Mosca branca
95
5.1. Avaliação da ocorrência de pragas
5.1.1 Cultura da couve
5.1.1.1 Percentagem de plantas infestadas
Na Zona das Mahotas, a Traça da couve (Plutella xylostella) apresentou maior percentagem de
infestação com 42%, seguindo a Lagarta da couve (Crocidolomia binotalis) com 38%, a Broca
da couve (Helula undalis) com 32%, a Plusia acuta com 25% e a Mosca branca (Bemisia tabaci)
com 23% (ver anexo 1) Estes valores indicam que tanto a percentagem de infestação e os danos
são elevados.
Na zona de Albazini as pragas mais importantes são: a Traça da couve (Plutella xylostella) com
59% de infestação Afídeo da couve (Lipaphis erysimi) com 51% de infestação, Broca da couve
(Hellula undalis) com 45% e Lagarta da couve (Crocidolomia binotalis) com 38% de infestação.
Estes valores são elevados, o que indica que a percentagem de infestação e danos são elevados.
Na zona da Costa de Sol as pragas mais importantes são a Traça da couve (Plutella xylostella) e
Lagarta da couve (Crocidolomia binotalis), que apresentaram percentagem de infestação de 81 e
71% respectivamente (ver anexo 1). Estes valores indicam que a infestação e danos são elevados
que pode ser explicado pelo facto de se encontrar elevados números de individuos nas plantas.
A elevada percentagem de infestação observada na Lagarta da couve (Crocidolomia binotalis)
pode ser explicada pelo facto desta praga viver agrupada, causando grande estragos as folhas em
pouco tempo (Segeren et al., 1994).
Segundo Imenes et al., (2002) algumas das dificuldades observadas para seu controle se devem
às áreas de cultivo coexistirem durante o ano todo, com plantas de idades diferentes
proporcionando à praga suprimento abundante e contínuo de alimento.
96
Figura 4: Densidade de infestação de pragas registadas na cultura de couve
A Broca da couve (Hellula undalis), nos locais de amostragens foi em média encontrados 6
indivíduos por planta (figura 4). Esta média de número de indivíduos representou uma
percentagem de infestação de 32%. A broca da couve alimenta-se de conteúdos sólidos da planta,
fazendo galerias na planta, principalmente são encontrados no caule, dificultando a translocação
de nutrientes na planta, podendo provocar a morte da planta quando o ataque for muito severo
(Chitio, 1995).
A Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta), ocorre em média 5 indivíduos por plantas,
representando uma infestação de 25%, este valor é moderado mas ela pode subir devido a não
observação de medidas de controlo correcta, e quando controladas os produtos são colocados
para além de recomendado, podendo de certo modo estimular a resistência da praga ao pesticida.
Um dos factores que contribui para existência da praga nos campos após as pulverizações é a não
sincronização das datas de pulverização entre os campos vizinhos, existindo deste modo
disponibilidade de alimento durante o ciclo da praga.
Na zona de Albazini o Afideo da Couve (Lipaphis erysimi) teve uma infestação de 51%, este
valor indica que o dano é muito elevado.
A Mosca branca (Bemisia tabaci) é uma das pragas bem conhecida pelos agricultores das
Mahotas, pelo facto de causar sérios danos as culturas, foram em média encontrados 14
indivíduos por planta, com infestação de 23%.
97
5.1.1.2 Índice médio de ataque
Na zona das Mahotas a Traça da couve (Plutella xylostella), o índice médio de ataque foi de 2.6,
que é moderado, a Lagarta da couve (Crocidolomia binotalis), a Broca da couve (Hellula
undalis), e a Mosca branca tiveram em média índices de ataque de 2.2; 2.4 e 2.1
respectivamente. Já para a Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta), o índice médio de ataque foi
de 3,5 que corresponde a um dano sério.
Na zona de Albazini, o índice de ataque mais elevado foi verificado no afídeo da couve
(Lipaphis erysimi) e na Broca da couve (Hellula undalis) com índice 2.7 e 2.5 respectivamente,
um ataque moderado com tendência à severo, enquanto verificou-se um ataque moderado para a
traça da couve e Broca da couve com 2.3 e 1.8 respectivamente. Apesar dos índices de ataque
serem moderado segundo os cálculos, a nível da situação do agricultor essas perdas são elevadas.
Na zona de Costa de Sol o índice médio de ataque foi muito elevado, de aproximadamente 4
para as duas pragas (3.8 para a Traça da couve e 3.6 para a Lagarta da couve), isto significa que
o ataque é muito severo. O gráfico 5 mostra o índice médio de ataque das pragas na cultura da
couve.
Figura 5: Índice médio de ataque de pragas registadas na cultura de couve
98
Tabela 2: Resumo de resultados de análise de variância das pragas registadas na couve
Traça da couve Lagarta da couve Broca da couve
Diferenças entre médias
ZONAS Densidade PPI IMA Dens PPI IMA Dens PPI IMA
M – A 3,00 -17,08* 0,267 -3,00* 0,00 -0,29 6,076 37,00 2,18
M – CS 4,00* -18,92* -0,517 -6,00* -32,8* -1,39* - - -
A – CS 1,00 -1,83 -0,783* -3,00* -32,8* -1,10* - - -
*- Significativo a 5% pelo teste DMS (Para Traça e Lagarta) e Teste-t (Para Broca da couve)
M- Mahotas, A- Albazini CS-Costa de Sol PPI- Percentagem de Plantas infestadas IMA- Indice
Médio de Ataque
5.1.2 Cultura de repolho
5.1.2.1 Percentagem de plantas infestadas
Na zona das Mahotas, a Traça da couve (Plutella xylostella) destacou-se como a praga mais
importante com 56% de infestação, seguindo a Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) com
40% de infestação, o afídeo pardo da couve (Brevicoryne brassicae) com 39% de infestação, e
finalmente a mosca branca com 21% de infestação. A infestação e danos foram elevadas devido
um grande número de indivíduos encontrados por planta, em que em todos casos provocam
danos as plantas (Figura 6), e também pode-se ser devidas as práticas de maneio que não são
adequadas, como por exemplo a aplicação de pesticidas não recomendado e por vezes
obsolectos.
99
Figura 6: Densidade de infestação de pragas registadas na cultura de repolho.
Na zona de Albazini as pragas identificadas na cultura de repolho foram: A Mosca branca
(Bemisia tabaci) com uma percentagem de infestação de 23%, o Afídeo da couve (Lipaphis
erysimi) com percentagem de infestação de 78%, a Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) com
71% e a Traça da couve (Plutella xylostella) com 64%. As elevadas percentagens de infestação
verificadas nessas pragas podem ser condicionadas pela temperatura, uma vez que essas pragas
multiplicam-se mais na época quente, época que coincidiu com a época do levantamento destas
pragas. O gráfico 6 mostra a densidade das pragas encontradas nos locais de amostragem.
Na zona de Costa de Sol foram identificadas na cultura de repolho as seguintes pragas: O Afídeo
da couve (Lipaphis erysimi) que apresentou maior infestação, com cerca de 78%, seguindo a
traça da couve (Plutella xylostella) com 61% e finalmente a Mosca branca (Bemisia tabaci) com
uma infestação de 19%. As elevadas percentagens de ataque podem dever-se principalmente, as
práticas culturais que são deficientes: Não destroem restos das culturas, cultivo sucessivo, isto é
não fazem a rotação de cultura, aplicação tardia dos pesticidas. A figura 6 mostra a densidade das
pragas identificadas.
5.1.2.2 Índice médio de ataque
Na zona das Mahotas, na cultura de repolho o índice de ataque mais alto foi verificado para a
Traça de couve (Plutella xylostella), com índice de 2.9, que é um ataque sério, seguido de Afídeo
100
pardo da couve (Brevicoryne brassicae), Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) e Mosca
branca (Bemisia tabaci) com índices moderados de 2.4; 2.3 e 1.9 respectivamente conforme o
gráfico 7.
Na zona de Albazini O índice médio de ataque na cultura de repolho foi em geral moderado,
tendo a Mosca branca um índice baixo em relacção as demais pragas identificadas conforme
mostra o gráfico 7.
Na zona de Costa de Sol os índices médio de ataque para as pragas identificadas foram severas,
com um índice de 3.1 para a Traça da couve, 3.0 para o Afídeo da couve e 1.4 para a Mosca
branca. A severidade do dano significa que até 70% da superfície da planta está atacado, o que
representa um grande prejuízo para os agricultores.
As elevadas densidades das pragas verificadas nas zonas de estudo podem ser divido aos factores
climáticos, como o caso de temperaturas elevadas, em que nos trabalhos realizados por Oliveira (1971),
Lamborot e Guerreno (1979) e Imenes e Bergamann (1994), apontam que as temperaturas elevadas e
períodos secos favorecem a multiplicação da Traça da couve e Afídeos e que a precipitação diminuiu as
populações dessas pragas.
Figura 7: Índice médio de ataque das pragas registadas na cultura de repolho.
101
Tabela 3: Resumo de resultados de Análise de variância das pragas registadas no repolho
Traça da couve Mosca branca
Diferenças entre médias
ZONAS Dens PPI IMA Dens PPI IMA
M-A 21,40* -6,83 0,81* -25,91* -2,33 0,40*
M-CS 22,90* -5,00 0,12 -9,91* 2,00 0,46*
A-CS 1,50 1,83 -0,93* 16,00* 4,33 0,75
*- Significativo a 5% pelo teste DMS M- Mahotas, A- Albazini CS-Costa de Sol
Dens- Densidade PPI- Percentagem de Plantas infestadas IMA- Indice Médio de Ataque
Tabela 4: Resumo de resultados de Análise de variância das pragas registadas no repolho.
Lagarta falsa mede palmo Afídeo da couve
Diferenças entre médias
ZONAS Densidade PPI IMA Densidade PPI IMA
M-A 7,86* 49,69* 2,23* - - -
M-CS - - - - - -
A-CS - - - 48,37* 78,13* 2,45*
*- Significativo a 5% com base no Teste-t M- Mahotas, A- Albazini CS-Costa de Sol
PPI- Percentagem de Plantas infestadas IMA- Indice Médio de Ataque
5.1.3 Cultura de Feijão nhemba
5.1.3.1 Percentagem de plantas infestadas
Na zona de Mahotas, cultura de feijão nhemba foram identificadas a Mosca branca (Bemisia
tabaci) e o Afídeo (Aphis craccivora) com 72 e 39% de infestação respectivamente. A elevada
percentagem de infestação pode-se explicar devido a não tomada de medidas de controlo logo
após o início da infestação e a não aplicação de rega nos campos, o que poderia de certa forma
diminuir a população da praga. Para o caso da Mosca branca, a infestação nos últimos tempos
têm vindo a subir porque os agricultores não destroem os restos da cultura da campanha anterior.
A figura 8 mostra a densidade das pragas identificadas.
102
Figura 8: Densidade de infestação de pragas registadas na cultura de feijão nhemba.
5.1.3.2 Índice médio de ataque
Na zona das Mahotas, na cultura de feijão nhemba o índice de ataque foi elevado para a Mosca
branca (Bemisia tabaci) com uma média de 3,5. Este valor representa um ataque sério, onde
medidas de controlo devem ser imediatas para não perder toda a cultura. Já para o afídeo, o
índice de ataque foi moderado, como mostra a Figura 9, isto pode ser devido a presença de seus
inimigos naturais predadores (Três larvas de joaninhas e duas de Serfídeos encontradas em
algumas plantas seleccionadas), que se observava nas plantas em que se fazia o levantamento dos
afídeos.
Figura 9: Índice médio de ataque de pragas registadas na cultura de feijão nhemba.
103
5.1.4 Cultura de alface
5.1.4.1 Percentagem de plantas infestadas
Tanto na zonas das Mahotas como Costa de Sol, a cultura de alface foi a que registou poucos
danos como consequência de ataque de pragas, observando a Mosca branca como a principal
praga, com uma percentagem de infestação de 33%, com uma média de 28 indíviduos por planta
nas Mahotas, enquanto na zona de Costa de Sol, verificou-se uma infestação de 22% e com uma
média de 31 indivíduo por planta (Figura 10).
Figura 10: Densidade de infestação de praga registada na cultura de alface.
5.1.4.2 Índice médio de ataque
Tanto na zona das Mahotas como na zona de Costa de Sol o índice médio de ataque para a
cultura de alface foi moderado (Gráfico 11).
Figura 11: Índice médio de ataque de praga registada na cultura de alface
104
Tabela 5: Resumo de resultados de Analise de variância da praga registada na alface
Mosca branca
Diferenças entre médias
ZONAS Densidade PPI IMA
M-CS 28,82* 30,00* 1,85*
*- Significativo a 5% com base no Teste-t M- Mahotas, CS-Costa de Sol
PPI- Percentagem de Plantas infestadas IMA- Indice Médio de Ataque
5.1.5 Cultura de pimento
5.1.5.1 Percentagem de plantas infestadas
Na zona das Mahotas as pragas identificadas na cultura de pimento são: a Lagarta falsa mede
palmo (Plusia acuta) com média de 3 indivíduos por planta, com uma percentagem de
infestação de 37% e Mosca branca (Bemisia tabaci) com média de 35 indivíduos por planta e
com uma infestação de 22%.
Na zona de Albazini foram identificadas a mosca branca e a Lagarta falsa mede palmo com
percentagem de infestação de 12 e 42% respectivamente. O gráfico 12 mostra a densidade da
praga.
Na zona de Costa de Sol foram identificadas a Lagarta falsa mede palmo com 40% de infestação
e 14% de infestação para a mosca branca. O gráfico 12 mostra a densidade das pragas
identificadas.
Figura 12: Densidade de infestação de pragas registadas na cultura de pimento.
105
5.1.5.2 Índice médio de ataque
Na zona das Mahotas, na cultura do pimento tanto a Lagarta falsa mede palmo como a Mosca
branca, tiveram índice médio de ataque moderado com 2.1 e 2.3 respectivamente.
Na zona de Albazini Para a Mosca branca o ataque foi ligeiro, enquanto que para o caso da
lagarta falsa mede palmo o ataque foi moderado, como mostra a figura 13.
Na zona de Costa de Sol, o índice médio de ataque para a Lagarta falsa mede palmo foi
moderado, enquanto para a mosca branca foi baixo como mostra o gráfico 13.
Figura 13: Índice médio de ataque de praga registada na cultura de pimento.
Tabela 6: Resumo de resultados de Análise de variância das pragas registadas no pimento
Lagarta falsa mede palmo Mosca branca
Diferenças entre médias
ZONAS Densidade PPI IMA Densidade PPI IMA
M-A -1,00 -4,78 0,19 7,00 10,00* 1,09*
M-CS -3,00* -2,78 0,01 14,00* 7,75* 1,085*
A-CS -2,00* 2,00 -0,18 7,00 -2,25 -0,05
*- Significativo a 5% com base no Teste DMS M- Mahotas, A- Albazini CS- Costa de Sol
PPI- Percentagem de Plantas infestadas IMA- Indice Médio de Ataque
106
5.2 Caracteristicas das pragas identificadas no DMN4 e medidas para o seu controlo As pragas identificadas estão descritas na tabela 7.
5.3 Fragilidades dos actuais métodos de controlo de pragas 5.3.1 Percepção dos Agricultores sobre as Principais pragas
Nas zonas verdes da cidade de Maputo, a agricultura é praticada por adultos com idade média de
45 anos, sendo uma agricultura de subsistência. Dados das entrevistas mostram que os
agricultores não conhecem as pragas que atacam as suas culturas, cerca de 90% deles não
conhecem as pragas, somente 10% conhecem. De todos os agricultores entrevistados indicam a
mosca branca, como uma das principal praga que ataca as suas culturas.
5.3.2 Pesticidas aplicados
A aplicação dos pesticidas no DMN4, geralmente é feito com auxílio do pulverizador de dorso
com capacidade de 20 litro. Ninguém recomenda a aplicação de pesticidas aos agricultores, uma
vez que a maioria dos agricultores não conhecem as doses por aplicar, alguns não sabem ler, o
que dificulta de certa maneira na leitura das dosagens correctas recomendadas no rótulo,
aplicando deste modo doses cada vez mais elevadas, o que pode de certa forma criar resistência
das pragas aos insecticidas. A tabela 8 mostra os pesticidas usados nas diferentes zonas.
Tabela 8: Relação entre os pesticidas usados e a percentagem dos agricultores que usam o
produto por zona.
Pesticidas Mahotas Albazini Costa de Sol
Lambda- cialotrina 100% 100% 76%
Metamidofos 100% 0% 100%
Cipermetrina 100% 100% 100%
Mancuzebe 80% 67% 0%
Deltametrina 68% 0% 0%
107
Com base nos dados da tabela 8, pode-se visualizar que quase todos os agricultores do DMN4,
aplicam pesticidas nos seus campos. De salientar que todos agricultores aplicam estes pesticidas
a todas culturas presentes nos seus campos. Os agricultores aplicam em média duas a três tampas
de cerca de 5 ml de pesticidas em 20 litro de água. As aplicações são repetidas duas a três vezes
por semanas, dependendo da morte ou não da praga que está sendo combatida.
5.3.3 Principais práticas culturais no DMN4
A preparação de terreno é feito com auxílio de enxada, que é seguida de adudação, em que
depende do agricultor, alguns fazem com adubo orgânico (estérco de galinha e de porco)
enquanto que outros fazem com adubos minerais a base de ureia. A rega é feita basicamente com
regadores com capacidade de 20 litro. A tabela 9 mostra que todos os agricultores fazem conrolo
curativo e não preventivo, isto quer dizer que só aplicam pesticidas quando vê as pragas no
campo.
Tabela 9 : Relação entre as práticas culturais e a percentagem de agricultores que fazem.
Práticas culturais Mahotas Albazini Costa de Sol
Faz rotação de cultura 13% 21% 9%
Não faz rotação de cultura 87% 79% 91%
Aplica adubo 100% 100% 100%
Não aplica adubo 0% 0% 0%
Faz controlo preventivo 0% 0% 0%
Faz controlo curativo 100% 100% 100%
Respeitam intervalo de segurança 15% 5% 8%
Não Respeitam intervalo de segurança 75% 95% 92%
A maioria dos agricultores entrevistado não faz rotação de cultura, nas Mahotas, só 13% dos
agricultores fazem rotação de cultura, 21% fazem rotação no Albazini e apenas 9% dos
108
agricultores de Costa de Sol fazem a rotação. Com base nesses dados pode-se afirmar que as
pragas têm disponibilidade de alimento durante todo o seu ciclo, não podendo deste modo
quebrar o seu ciclo.
A primeira atitude quando os agricultores encontram qualquer insecto no seu campo, usam de
imediato qualquer produto químico. Outro ponto importantes que justifica o não controlo eficaz
das pragas no DMN4 é o facto de a maioria dos agricultores comprarem os produtos químicos
com vendedores ambulantes, onde não se verifica a validade do produto e também pelo facto dos
agricultores armazenarem o produto em baixo do solo, o que pode de certo modo influênciar
negativamente a actividade do produto em questão, devido a acção da temperatura.
As pragas existentes são as mesmas campanha pós campanha, e logo quando detectado nos
campos a primeira atitude é controlo químico, sem avaliar se a praga cria prejuízo. A finalidade
dos produtos dos agricultores é a venda e o excedente vai para o consumo.
Com base na tabela 9 nota-se que os agricultores não respeitam o intervalo de segurança dos
pesticidas, deixam de pulverizar uma semana antes de colher o produto, passando água sobre a
cultura os restantes dias, justificando que estão a lavar o pesticida aplicado.
5.3.5 Principais problemas dos agricultores
A maioria dos agricultores prática a agricultura de subsistência, sem capital próprio e sem poder
de compra dos pesticidas uma vez que estes não estão ao alcance dos mesmos. Os agricultores no
geral optam por comprar produtos químicos com ambulantes por estes venderem os produtos
químicos relativamente baratos em relação as lojas com autorização para a venda.
A falta de sistema de abastecimento de água para poderem regar as suas culturas, uma vez que a
planta é atacada por pragas e doenças em tempos de seca, diminui a sua capacidade de realizar a
fotossíntese, o que pode diminuir a sua resistência em sobreviver acabando por morrer.
Não há assistência técnica por parte dos extensionistas das casas agrárias, no que diz respeito a
selecção dos produtos químicos a aplicar quando os campos são atacados por uma determinada
praga, o que faz com que os agricultores apliquem qualquer produto que estiver ao seu alcance.
109
VI. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 Conclusões As pragas mais importantes na zona verde da cidade de Maputo são a Traça da couve, a Lagarta
da couve, Lagarta falsa mede palmo, o Afideo da couve, a Broca da couve e a Mosca branca nas
culturas de couve e repolho. Estas pragas apresentam elevadas percentagens de infestação.
Na cultura de pimento, destaca-se a Lagarta falsa mede palmo e a mosca branca enquanto no
feijão nhemba destaca-se a Mosca branca e o afideo, causando perdas elevadas devido as
elevadas densidades e ataque. Na cultura de alface, a praga mais importante é a Mosca branca.
Em todos casos, tanto a densidade, a percentagem de plantas infestadas e índice médio de ataque
foram elevados, o que significa que o dano é muito elevado, não sendo sustentável ao agricultor
devido a perda do valor comercial do produto, uma vez que o principal objectivo dos agricultores
do DMN4 é a venda do produto.
Para o combate das pragas identificadas deve-se seguir as doses correctas recomendadas e fazer
rotação dos pesticidas para evitar o fenómeno de resistência das pragas aos pesticidas, aliadas as
práticas culturais como a rotação de cultura, incorporação de restos de cultura no solo.
A ocorrência massiva de pragas nas zonas verdes é devida as práticas culturais deficientes, em
que não se observa a rotação de cultura e a incorporação de restos de cultura no solo e a
aplicação excessiva de pesticidas e por vezes devido a aplicação de pesticidas obsoletos.
O principal método de controlo de pragas no local de estudo é o químico, e não se observa
medidas correctas do seu uso, aplicando-se doses cada vez mais elevados, podendo de certo
modo induzir resistência de pragas aos pesticidas.
6.2 Recomendações
Recomenda-se
Que mais estudos de avaliação de ocorrência de pragas sejam feitos no distrito
municipal no 4, visto que poucos estudos já foram realizados no local.
110
Que se faça um levantamento das pragas em diferentes épocas para se avaliar a sua
ocorrência e evolução.
Aos agricultores, que observem as doses de pesticidas à aplicar nos campos, não aplicar
de forma excessiva, reparar as recomendações do rótulo. Respeitar os intervalos de
aplicação e de segurança.
Que compram produtos químicos em locais reconhecidos e autorizados a venda e não
devem conservar em baixo do solo.
Aos agricultores que optem pela rotação de culturas como sendo um dos meios de
controlo de pragas.
Aos extensionistas das casas agrárias que dê mais apoio aos agricultores no que diz
respeito às práticas culturais, recomendações de pesticidas e modo de aplicação.
A quem é de direito que crie um mecanismo de abastecimento de água para a rega dos
campos dos agricultores das zonas mais altas.
111
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AGROFIT (2000). (http://masrv60.agricultura.gov.br/agrofit/) 53-65. (8h, 03/02/2009).
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113
Subcapitulo 2.3. Avaliacao da incidencia das principais pragas das horticolas e metodos do seu controlo nas zonas verdes do distrito municipal de catembe, provincia de Maputo
114
RESUMO
O presente trabalho realizado no distrito municipal de Catembe, nomeadamente nos bairros de
Chali, Chamissava, Inguide e Incassane, entre os meses de Outubro de 2008 a Março de 2009, é
resultado de parceria entre a UEM – FAEF, o CMM e a ESSOR. O mesmo baseou-se na
entrevista semi-estruturada, feita aos agricultores pertencentes as associações e cooperativas dos
respectivos bairros e observações de culturas em campo, como forma de obter dados, a fim de se
avaliar a incidência das principais pragas que atacam as hortícolas e os métodos de controlo
usados para fazer face a esta situação. Os dados foram analisados com o auxilio do SPSS 13.0
(Pacote estatístico para Ciências sociais) e do microsoft Excel, com vista a identificar os bairros
de maior incidência das pragas. Feita a análise estatística dos dados, verificou-se que não houve
diferenças significativas entre os bairros, para a Mosca branca (Bemisia tabaci) no tomate, em
relação aos três parâmetros medidos nomeadamente: Dens, PPI e IMA. O Ácaro vermelho
(Tetramichus evansi) no tomate mostrou efeitos significativos somente para densidade. A
cultura da couve mostra-se significativo tanto para a Traça da couve (Plutella xylostella), como
para os Afídeos da couve (Brevicoryne brassicae L. e Lipaphis erysimi). No repolho a Traça da
couve (Plutella xylostella) mostrou efeitos somente para densidade,enquanto que a Broca da
couve (Helula undalis) mostrou efeitos somente para IMA. A Tripes da cebola (Thrips tabaci)
na cebola, apresentou efeitos somente para a percentagem de infestação. Entretanto, a traça da
couve foi a principal na couve e no repolho seguida de broca na couve, ácaro vermelho no
tomate e por fim tripes da cebola na cebola, em função dos danos que estas causam às culturas.
Em relação aos métodos de controlo, os agricultores recorrem somente aos químicos como
soluçãopara fazer face aos prejuízos causados pelas pragas. O maneio das pragas é feito de forma
indiscriminada e as práticas culturais usadas pelos agricultores não têm sido das melhores para o
controlo das pragas, apesar de algumas serem controladas a níveis que não causam danos
económicos às culturas. De um modo geral, a maior parte deles tem pouco conhecimento sobre
outros métodos de controlo como é o caso de controlo biológico, uso de variedades resistentes,
controlo cultural e controlo integrado de diferentes métodos.
115
I. INTRODUÇÃO 1.1. Generalidades
As hortaliças são utilizadas na nutrição humana como fonte de vitaminas e elementos essenciais
ao organismo (Carvalho et al, 1998). Em muitos países de África incluindo Moçambique, os
vegetais tem um papel importante na segurança alimentar pela provisão de alimentação
equilibrada e complementam a dieta na base de milho nas zonas rurais e urbanas (ICIPE, 2000
citado por Muchanga, 2008).
De todos os factores climáticos que afectam a produção, a temperatura pode ser considerada a
mais importante, pois ela influencia o crescimento e desenvolvimento dos vegetais sobretudo
afecta o desenvolvimento de partes económicas, a qualidade do produto, a floração e polinização,
formação de fruto, produção e armazenamento da semente (Tembe, 1990). A temperatura
condiciona a ocorrência de fatores biótcos (pragas, doenças e infestantes). Influencia na
velocidade de desenvolvimento (taxa de desenvolvimento), no comportamento (alimentação e
fecundidade) e dispersão dos insectos (Andrewartha & Birch 1954 citados por Rodrigue, et al.,
2004 e Mathai, 1998 citado por Ntemansaka, 2006).
No processo de produção, as hortícolas são afectadas por diversas pragas que comprometem a
produção final de muitas culturas. Vários tipos de organismos como os insectos, ácaros, lesmas e
caracóis, pássaros e ratos prejudicam a produção agrícola, reduzindo dessa forma, a qualidade e a
quantidade dos produtos (Chiconela et al., 1999). Os prejuízos causados pelas pragas variam de
região para região, por variedade, tipo de solo, padrão de culturas e praticas culturais. Em
Moçambique, devido a grande variabilidade das condições existentes torna difícil fazer
recomendações de práticas culturais e métodos de controlo que sejam efectivos de igual forma
em todas as situações (Segeren 1996).
1.2. Problema de estudo e justificação O distrito municipal de Catembe faz parte da cintura verde da província de Maputo, sendo a
agricultura de pequena escala a que se pratica. Os agricultores dedicam-se ao cultivo de diversas
hortícolas, nomeadamente cebola, repolho, couve, alface, pimento, beringela, tomate, cenoura e
pepino, seguidas de leguminosas e cereais para a subsistência.
116
A grande parte dos produtos colhidos destina-se ao abastecimento do mercado local, seus
arredores e ao consumo dos próprios agricultores. Assim, a agricultura no Catembe, contribui
para a melhoria de qualidade de vida, a partir de garantia de renda dos agricultores e o
fornecimento de produtos frescos a cidade de Maputo.
Um dos factores que limita `a produção é a incidência de pragas e doenças que causam danos
consideráveis às culturas, trazendo prejuízos aos produtores e consumidores. Segundo Marconi
(1998), cerca de 30% da produção mundial de hortícolas é perdida devido a ocorrência de pragas
e doenças, constituindo deste modo, uma das causas principais de baixos rendimentos. Dois
terços dos prejuizos são devidos aos insectos, constituindo um dos factores bióticos mais
importantes no processo produtivo. Entretanto o fornecimento de hortícolas de qualidade ao
mercado fica comprometido, bem como a renda dos produtores que fica reduzida devido os
ataques sérios de pragas e doenças.
O controlo químico é o método mais usado pelos agricultores, pois eles consideram-no mais
eficiente para o combate das pragas. Com efeito, diversos insecticidas como organofosforados,
carbamatos e piretroides, têm sido usados de forma contínua para o controlo das pragas. Os
agricultores, na sua maioria, desconhecem outros métodos de controlo. Por exemplo o uso de
variedades tolerantes, uso de insecticidas botânicos e/ou selectivos, uso de agentes de controlo
biológico, uso de controlo cultural (consociação, rotação de culturas, manipulação de datas de
sementeira). Aliado a isso, muitos deles aplicam doses elevadassem respeitar os intervalos de
aplicação e de segurança, facto que torna o controlo das pragas cada vez menos eficiente.
Chiconela et al., (1999) e Segeren (1996), apontam como consequência de aplicação contínua e
excessiva dos pesticidas: (1) o aumento de resíduos na vegetação que resultam em intoxicações;
(2) contaminação dos solos e águas subterrâneas; (3) destruição da micro-fauna auxiliar; (4)
aumento de custos de produção e (5) surgimento de populações de pragas resistentes.
Diante deste problema que preocupa as autoridades é importante encontrar uma solução, que seja
viável e sustentável do ponto de vista sócio-económico dos agricultores. A implementação de
maneio integrado de pragas e doenças, partindo dum conhecimento das espécies de insectos
117
existentes seria a ideal, visto que esta influencia nas decisões a serem tomadas. Com o estudo
espera-se fornecer informações úteis que ajuda os intervenientes da produção (horticultores,
investigadores e a sociedade no geral) no processo de tomada de decisões, a adoptar medidas e
estrategias de controlo de principais pragas com minimização dos custos de produção e a
maximização da produtividade.
1.3. Objectivos do trabalho 1.3.1. Objectivos Gerais:
♦ Avaliar a incidência das principais pragas que ocorrem nas hortícolas praticadas nas
zonas Verde do Distrito Municipal de Catembe.
♦ Analisar os métodos de controlo usados localmente.
1.3.2. Objectivos específicos:
♦ Identificar as principais hortícolas produzidas na área de estudo;
♦ Identificar as principais pragas dessas hortícolas;
♦ Determinar e comparar a PPI, a Densidade e o IMA das principais pragas por cultura, em
diferentes zonas de produção.
♦ Identificar e descrever os métodos e alternativas de controlo, usados localmente.
♦ Conhecer a percepção dos agricultores sobre aspectos importantes relacionados com a
fitossanidade e seus constrangimentos.
II.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. A agricultura Urbana e Peri - Urbana (AUPU) e sua importância
A AUPU é uma actividade agrícola praticada dentro de um perímetro urbano (dentro da cidade
ou nas periferias). O objectivo principal da actividade é de entre outros, providenciar alimentos
para auto sustento dos agricultores, gerar receitas através de comercialização dos produtos
obtidos (Machado & Machado, 2002; Feiden et al., 2007).
Segundo os mesmos autores a actividade é de tamanha importância a medida que, contribui de
forma significativa para a segurança alimentar, particularmente no bem-estar da sociedade e
118
melhoria da saúde das comunidades. Gera trabalho para as mulheres e outros grupos
marginalizados. Melhora o meio ambiente, através de preservação dos recursos naturais e
minimização do impacto ambiental associado a ocupação humana e acção das comunidades,
fornecendo um ambiente limpo, consequentemente minimiza o surto de doenças.
2.2. Os Principais factores que afectam a produção de hortícolas
2.2.1. Factores abióticos
Segundo Tembe, (1990), a temperatura pode ser considerada a mais importante, porque afecta o
crescimento e desenvolvimento dos hortícolas. De modo geral afecta a sobrevivência,
germinação da semente, das partes económicas, a floração, polinização e formação do fruto,
qualidade do produto e em particular a sua conservação e a ocorrência de factores bióticos como:
pragas e doenças.
A temperatura influencia na velocidade de desenvolvimento, comportamento, alimentação,
fecundidade e dispersão dos insectos (Andrewartha & Birch 1954 citados por Rodrigue, et al.,
2004). A temperatura na qual os insectos são expostos nos estágios embrionário e pós-
embrionário, tem influência directa na taxa de desenvolvimento dos mesmos. Para a maioria das
espécies a faixa tolerável está entre 10ºC e 38ºC; e com o incremento da temperatura até um
determinado limite, a taxa de desenvolvimento e a duração em um estágio específico diminuem
(Pedigo & Zeiss 1996 citados por Rodrigues, 2004).
2.2.2. Factores bióticos
Segundo Marconi (1998), cerca de 30% da produção mundial de hortícolas, é perdida devido a
ocorrência de pragas e doenças, constituindo uma das causas principais de rendimentos baixos. E
dois terços dessa produção, são perdidos somente por insectos, constituindo um dos factores
bióticos mais importantes que causam danos e perdas nas culturas. As perdas causadas por essas,
são elevados e relatados em todo mundo (Chitio, 1995 citado por Celestino, 2000).
2.3. Conceito de Praga
Actualmente considera-se praga de culturas, qualquer organismo vivo que, pela sua actividade,
pode contribuir para a redução quantitativa ou qualitativa da produção, causando prejuizos
119
económicos à cultura agrícola (Medeiro, et al., 2007 e Duarte, 2004 citando Amaro, 2004).
Segundo os mesmos autores, os inimigos de culturas, podem ser agrupados dentro de factores
bióticos em pragas (insectos e animais), doenças (fungos, bactérias, vírus, viróides e fitoplasmas)
e plantas infestantes. Todos, podem ser condicionados por factores como: condições climáticas,
cultura e ambiente.
2.4. Descrição de danos e sintomas de pragas de hortícolas comuns em Moçambique
Indivíduos que na fase activa, são lagartas endófagas de comprimento variável. A Chilo partellus
de cor amarela-esbranquiçada, cabeça castanha e corpo com quatro listras longitudinais em
forma de pontos. A Buseola fusca, que toma a cor rosa ou esbranquiçada, com pontinhos pretos
ao longo do corpo. A Sesamia calamistis, com cabeça castanha-escura e o corpo cor-de-rosa-
clara. As lagartas ao se alimentarem penetram nos caules, colmos de plantas através do funil
(parte central do meristema da planta), podem permanecer no campo dentro dos restolhos secos,
até o inicio das chuvas, período em que a fase larval transforma-se em pupas. Os adultos são
borboleta de cor amarela ou castanha, que depositam os ovos em grupos junto a bainha da
superfície da página inferior das folhas.
Danos e sintomas: Plantas com minas ou túneis nos caules, colmos e presença de lagartas, folhas
do funil furadas ou cortadas com pó, resultado da alimentação das lagartas (foto S em anexo 5).
Broca da couve (Helulla undalis)
Na fase activa as lagartas tomam a cor creme, com listras castanha avermelhada.
Danos: As lagartas polífagas, penetram e fazem galerias nos pecíolos, nervuras, caules e ápices.
Destroem completamente a planta, semanas depois surgem novos rebentos em plantas maiores
(fotos T1 e T2).
Distribuição: encontram-se em todo país. A Chilo partellus é a mais importante nas regiões
elevadas com clima fresco, é frequente na zona sul do país.
2.4.2. Lagartas da folhagem
Lagarta americana (Helicoverpa =Heliothis armigera lepidoptera noctuidae)
Spodoptera litoralis e Falsa-lagarta-mede-palmo (Plusia sp., Lamprosema índica)
120
A H. armigera de cor variável (verde ou castanha), corpo com listras brancas laterais. A
Spodoptera litoralis, de tamanho variável (1 a 5 cm), toma a cor verde quando jovem e com o
tempo a cor castanha com marcas escuras triangulares sobre o dorso e riscas amarelas laterais e
dorsais. A Plusia sp., verde com riscas claras na região média dorsal e outras nos lados do corpo.
As duas primeiras, colocam os ovos nas folhas, até a eclosão das lagartas, após duas semanas, as
lagartas já desenvolvidas, entram na fase de pupa, no solo ou entre as folhas, passando 20 a 60
dias emergem as borboletas nocturnas.
Sintomas e danos em culturas: Folhas roídas e vagens com furos redondos. As lagartas
Lamprosema índica enrolam-se nas folhas, devorando-as por interior. No fruto de tomate a H.
armigera, faz buracos redondos por onde penetra (foto E, F e O).
Rosca (Agrotis ypsilon Lepidoptera noctuidae)
Lagartas das borboletas nocturnas, enroladas em forma de C, que são colonizadoras de hortícolas
e cereais.
Danos e sintomas: Corte de plantas pelo caule rente ao solo e acamam. Raizes carnudas roidas,
provocando morte das plantas (foto U).
2.4.3. Lagartas da couve
A Traça da couve Plutella xylostella L. (Lepidoptera Yponomeutidae)
As lagartas são de cor verde-claras, toda igual e afunelada nas extremidades. Podem ser
observadas nas páginas das folhas. Quando são perturbadas se contorcem, afastam rapidamente e
deixam-se cair da folha numa linha de seda. Logo que o perigo cessa, voltam a folha escalando
pelo fio de seda, entre as nervuras da página inferior das folhas onde fazem galerias (Catie,
1998).
As pupas de 10 a 12 mm, com uma coloração verde-escuro, fixam-se dentro de um invólucro de
seda branco, sobre a superfície da folha e que torna difícil a sua remoção. O adulto é uma
pequena borboleta (traça), de cor cinzenta ou castanha prateada com 10 mm de comprimento, é
facilmente visível, quando se agitam as plantas muito atacadas. As fêmeas põem ovos nas folhas
isoladamente ou em pequenos grupos (Segeren, 1994).
121
O ciclo de vida compreende quatro fases distintas: fase de ovo, larva, pupa e adulto, dura entre
25 a 30 dias, dependendo muito da temperatura, podendo levar até 15 gerações por ano. Com a
temperatura de 15ºC o ciclo completa-se em 28 dias, enquanto a 35ºC o mesmo reduz-se para 11
dias. Na época chuvosa, a precipitação reduz o número de ovos nas folhas e causa afogamento
das larvas. A época seca a mais favorável para o desenvolvimento da praga (Dias et al, 2002).
Danos: As lagartas fazem pequenos furos nas folhas. Presença de lagartas ou pupas nas
superfícies da folha e adulto (pequena borboleta) em volta das plantas. É a principal praga das
crucíferas, distribuída em todo país (fotos A-D).
Crocidolomia binotalis e Atalia flaca
A lagarta Crocidolomia binotalis é de cor verde-escuro ou castanho, com listra clara
lateralmente, a cabeça castanho-clara. A Atalia flaca, de cor verde-escura, com oito pares de
falsas patas abdominais, ambas gregárias.
Danos e sintomas: Roem completamente as folhas e rebentos, presença de lagartas e teias com
excrementos sobre as folhas. No repolho destroem por completo as cabeças.
Hospedeiro: couve, repolho, algodão, feijão, milho, tomate, amendoim, girassol, quiabo, batata-
reno, tabaco e outras culturas. Normalmente as crucíferas são as culturas mais atacadas.
Lagarta mineira (Liriomysa sp.)
Presença de minas com, ou sem individuo, entre o tecido das paginas de folhas, em plantas
jovens as folhas muito atacadas se apresentam coladas, amarelecem e por fim secam.
2.4.4 Afídeos (Aphis craccivora) e afideos da couve (L. erysimi e B. brassicae)
Insectos pequenos, polífagas e que vivem agrupados em colónias nas folhas, pedúnculos, caules
e vagens.
Danos e sintomas: Presença de ninfas e adultos (pequenos organismos verde pálido ou verde-
cinzento) que sugam a seiva na superfície de folhas e pecíolos da plantas. Ataques graves deixam
as plantas raquiticas com folhas murchas e vagens torcidas, mal formadas com presença de
fumangina que se desenvolve na excreção do insecto. São vectores de viroses (mosaico-do-
afídeo-do-feijão-nhemba, mosaico-comum-do-feijão-vulgar, roseta-do-amendoim).
Distribuição: Em todo país, nos regadios da zona sul, os ataques sérios que são registados na
época seca (Outubro a Janeiro), provocam estragos graves no feijão nhemba.
122
Hospedeiros: leguminosas (feijão-nheba, feijão-vulgar, feijão-cutilenho, feijão-holoco,
amendoim) e crussiferas.
Tripes da cebola (Thrips tabaci)
Danos e sintomas: Folhas torcidas e prateadas, resultado dos danos causados durante a
alimentação, presença de indivíduos e ninfas nas bainhas de folhas. Ataques severos, tornam as
folhas secas e causam a morte da planta. Podem actuar como agentes de transmissão de doenças
(fotos J, K e L).
2.4.5. Mosca branca (Bemisia tabaci)
Danos e sintomas: Presença de ovos e/ou ninfas amarela nas folhas, indivíduos sobrevoando ou
pousando nas folhas sugam o conteúdo celular, causam a deformação das mesmas. Na cultura de
abóbora, as folhas e os frutos severamente atacadas por B. tabaci tornam-se prateadas ou podem
ficar escurecidas por desenvolverem fumagina (Capnodium sp.) sobre as excreções da praga.
Hospedeiros: Tomate, Beringela, Batata Reno, Abóbora, Alface e Feijões.
2.4.6. Ácaro vermelho (Tetramychus evansi)
Danos e sintomas: Presença de pequenos indivíduos vermelhos, que perfuram as células do
epiderme e sugam o conteúdo das folhas mais velhas, tornam-as amareladas, provocando o
retorcimento e seca. Como consequência os frutos sào mal formados.
2.4.7. Gafanhoto elegante (Zonocerus elegans)
Tanto os adultos como as ninfas são polífagas com pouca mobilidade, expostas nas folhas de
madrugada ou ao pôr-do-sol. As fêmeas depositam ovos em massa no solo (Fevereiro a Abril)
onde desenvolvem, até ao período da eclosão das ninfas (Setembro a Novembro). É uma praga
esporádica na época quente e univoltímetro.
Danos e sintomas: Folhas completamente roídas e esfarrapadas, presença de ninfas e adultos na
folhagem, visíveis de madrugada e ao por do sol.
Hospedeiros: abóbora, algodão, amendoim, batata-doce, banana, couve, feijão, girassol,
mandioca, mapira, milho, mexoeira, tabaco, tomate e outras culturas.
123
2.5. Principais métodos de controlo de pragas
2.5.1. Controlo integrado de pragas
A agricultura está em constantes mudanças para responder as necessidades da sociedade. Essas
mudanças têm contribuindo para a intensificação gradual da produção em muitos países. Assim,
problemas desde pesticidas persistentes, surtos de pragas secundárias, redução de hospedeiros
resistentes bem como a poluição ambiental e outros riscos que resultam da intensificação da
agricultura, põe os cientistas da protecção vegetal e de outras áreas preocupados em busca de
medidas e alternativas sustentáveis (Zadoks e Marsh, 1993citados por Dent, 1995).
A solução para os cientistas modernos basea-se no maneio integrado de pragas. Este é
considerado um sistema no contexto socio-económico das explorações agrícolas, associado ao
ambiente e dinâmica populacional das pragas, utilizando técnicas modernas que mantêm a
população de pragas abaixo dos níveis que causam danos económicos (Smith & Reynalds ,1991
citado por Dent, 1995). O Maneio integrado de pragas é muitas vezes considerado como
combinação de métodos de controlo que pode ser atingido através de uma forte coordenação
(Dent, 1995). Cada um dos métodos sozinhos não é capaz de resolver os problemas
fitossanitários, mas por aplicação conjunta de todos os métodos, pode se alcançar um resultado
que não é apenas mais seguro tanto para o aplicador como para a cultura e o meio ambiente, mas
também mais económico (Segeren, 1996).
2.5.2. Controlo Biológico
Consiste em aproveitar a acção dos inimigos naturais ou agentes de controlo biológico pelo
Homem, com objectivo de reduzir a população das pragas nas culturas (Segeren, 1996). A
respeito disto, Medeiro et al (2007) e Smith (1991) citado por Dent (1995) defedem que o uso de
predadores, parasitoides e parasitas entomopatogenicos, nemátodos causam mortalidade das
pragas, regula a população destas a níveis que não causam prejuízos económicos. O controlo
biológico pode ser classificado em três principais tipos designados por, Incremento, Clássico,
Neoclássico e Conservação (Kok & Kok, 1999).
Segundo Medeiro et al (2007) o controlo biológico traz consigo numerosas vantagens
especialmente pela: (i) Especificidade dos inimigos naturais que atingem algumas ou apenas uma
124
espécie; (ii) Por isso não causa desequilíbrio, muito pelo contrário, restabelece o equilíbrio
anteriormente perdido; (iii) Não provoca impacto negativo sobre o meio ambiente, pois estes já
fazem parte do ambiente natural, o que não acontece com os agroquímicos empregues em
culturas convencionais.
2.5.2.1. Os princípios ecológicos de controlo biológico
a. Um organismo vivo (agente de controlo biológico) pode ser usado para controlar outro
organismo vivo.
b. Para ser eficaz, o agente do controlo biológico deve ser específico para que não afecte
outros organismos.
c. Agentes de controlo biológico exercem tanto efeito directo como indirecto através das
suas acções. Na acção directa pode atacar e matar a pragas. Na acção indirecta os agentes
do controlo biológico enfraquecem os hospedeiros, que são incapazes de reproduzir no
seu ritmo normal.
d. Os inimigos naturais são organismos vivos que normalmente são encontrados no mesmo
habitat com a praga alvo. São também designados de organismos benéficos.
2.5.3. Controlo Cultural
Consiste no emprego de medidas capazes de afectar a disponibilidade do alimento para a praga.
Normalmente é usado com objectivo de controlar as pragas e obter uma boa produtividade
(garantir a qualidade e quantidade da produção). Segeren (1996), Medeiro et al; (2007) e
Zawadneak et al; (2008) destacam entretantas; 1) Preparação do solo; 2) Espaçamento adequado
entre as plantas e densidade de plantio; 3) Profundidade de plantio; 4) Uso de semente ou
propágulos livres de pragas e doenças; 5) Época de sementeira adequada ou antecipar as datas de
sementeira; 6) Manutenção de infestantes e destruição de restolhos ou restos de culturas no
campo; 7) Consociação e rotação de culturas.
Normalmente a consociação, rotação de culturas e uso de variedades resistentes permite a
redução de infestação por pragas e doenças. É necessário monitorar a cultura em campo
observando-a, regularmente em intervalos de 5 dias e verificar se há sintomas de pragas; Manter
os campos livre de infestantes e restolhos de culturas, visto que são hospedeiras de pragas e
125
doenças; Em locais onde os ataques de pragas do solo como a rosca e outras são habituais, é
aconselhável aumentar a densidade de sementeira; A aração do solo após a colheita expõe os
ovos, lagartas e pupas a acção dos raios solares e inimigos naturais; Os viveiros devem ser bem
cuidados e tratados com pesticidas preventivos, as plantas severamente atacadas por doenças são
arrancadas e destruídas.
A data de sementeira de culturas deve ser programada, de tal forma que a sementeira ou
transplante seja feita na época fresca (início de Março à Maio) ou finais da época quente
(Novembro à Janeiro) . Contudo, neste período há baixa incidência de pragas e doenças (Ribeiro
e Rulkens, 1999; Chaisse, 2006 e Isabel, 2008). Assim, quando as pragas surgem já não causam
danos enormes a cultura.
A rega por aspercao é uma das estrategias para controlar grande parte de pragas em horticolas,
visto que a precipitacao reduz drasticamente a densidade dessas. Ora, o mulch, incorporação de
matéria orgânica no solo, pode melhorar a capacidade de retenção de água e reduzir a
evaporação, o que pode evitar o stress hídrico, consequentemente criar condições desfavoráveis
para as pragas. Os diferentes tratos culturais devem ser iniciados a partir de áreas sadias em
direcção aos focos, para não contribuir para a sua disseminação. Depois de manusear as plantas
infestadas, os instrumentos e ferramentas usados deverão ser desinfectados para evitar nova
transmissão.
2.5.3.1. Consociação de culturas
De acordo com Medeiro et al., (2007) considera importante estabelecer algum grau de
diversidade, que é conseguido com a inserção de áreas de refúgio ou cordões de contorno, com
espécies variadas, consorciação com adubos verdes ou plantas repelentes ou atractivas das pragas
e o maneio de plantas infestantes. Entretanto, a manutenção da fertilidade de solo e a sanidade
das culturas, não podem ser mantidas com a monocultura, mas sim dependem da consociação e
da rotação de culturas, de reciclagem da biomassa e, principalmente da diversidade biológica de
culturas em campo. O autor considera a diversidade biológica a principal pilar da agricultura
orgânica e contribui para a manutenção do equilíbrio do ecossistema.
126
Segundo Ciro (1988), as hortícolas para salada, sobretudo, o alface e todas as restantes hortícolas
de folha, consociam-se muito bem com todas de raiz. O mesmo acrescenta que, quanto mais
breve for o ciclo vegetativo e menor desenvolvimento aéreo e radicular das plantas hortícolas,
maior são as possibilidades de consociação. Exemplo de possibilidades de consociação de
plantas hortícolas:
a. Tomateiro com batateira, alface cebola e rabanete.
b. Couve-flor com beringela, batateira, tomateiro, alface.
c. Batateira com feijoeiro, abóbora e hortaliças para salada.
2.5.3.2. Necessidade de rotação de culturas
A rotação consiste na sucessão de culturas diferentes na mesma parcela do terreno. Normalmente
constata-se que, em muitos casos, quando uma planta se sucede consecutivamente na mesma
área provoca uma diminuição de produção, muitas vezes graves com persistência de mesmas
pragas (Segeren, 1996 e Medeiro et al., 2007).
Ciro (1988) afirma que, muitas das vezes pode se corrigir os baixos rendimentos devido a fadiga
do terreno, com a alternância de culturas de espécies diferentes, pois utiliza-se ao máximo as
diversas capacidades das plantas para aumentar a fertilidade do solo. Cultivando plantas com um
sistema radicular menos profundo depois de plantas com raízes profundas, consegue-se a
economia de trabalho e simultaneamente explora-se todas as camadas do solo. Uma cultura
menos exigente depois da outra com maiores exigências, se explora no máximo a fertilidade
residual com custos de adubação menos baixos. O autor acrescenta, com a rotação e a
consociação de culturas evita-se sobretudo, desenvolvimento de pragas, doenças e acumulação
no terreno de substâncias tóxicas deixadas pela cultura precedente. Portanto, a rotação e a
consociação de culturas são práticas que contribuem validamente para o sucesso económico das
actividades hortícolas.
Segundo Ribeiro e Rulkens (1999), o programa de rotação deve ser bem desenhado de forma que
uma cultura não deve ser produzida em três anos sucessivos na mesma parcela e deve evitar-se
culturas de espécies da mesma família no mesmo campo, como forma de minimizar os baixos
rendimentos devidos a incidencia de pragas e doenças e, consequentimente, a redução do
127
rendimento. Por exemplo, o tomate pode entrar em rotação com as culturas sugeridas na tabela
abaixo. Nenhuma das culturas que hospeda o ácaro vermelho e outras pragas (beringela, batata
reino, algodão, feijões) deve estar presente.
Tabela 8. Programa de Rotação de Hortícolas
Parcela 1 Parcela 2 Parcela 3
1º ano Tomate Couve/Repolho Cebola/Cenoura
2º ano Cebola/Cenoura Tomate Couve/Repolho
3º ano Couve/Repolho Cebola/Cenoura Tomate
Fonte: Ribeiro & Rulkens (1999).
2.5.3.3. Cuidados a ter com os viveiros
Em face de importância que os viveiros têm em hortícolas resume-se, a seguir, a práticas
aconselháveis para obtenção de plantas sãs de que tanto depende do êxito das culturas (Ciros,
1988). Antes de tudo se recomenda a desinfecção das sementes que pode veicular gérmenes, os
produtos preferíveis para este fim devem ser à base de mercúrio. A semente deve ser rala mesmo
nos viveiros dado que as grandes densidades facilitam o desenvolvimento de pragas e doenças.
É necessário prevenir as podridões escolhendo um solo bom, ou seja, na medida do possível,
ainda não voltado a cultura de hortícolas ou pelo menos que não tenha sido cultivado desde há
anos com as plantas que se pretende semear. O estrume deve estar bem curtido, o terriço usado
para constituir a cama para a semente nos estufins quentes, deve ser esterilizado.
Se não for possível dispor de solo são, é indispensável a desinfecção com cloropicrina e com
brometo de metilo para o controlo dos nemátodos. Durante o crescimento das plantas, deve
intervir-se com o tratamento preventivo alternando produtos na base de cobre e acupricos com
eventuais tratamentos insecticidas.
128
2.5.4. Controlo Químico
Ciente que as pragas que mais danos causam as culturas são insectos e como forma de combater
os agricultores recorrem aos insecticidas (ou pesticidas), a necessidade de conhecer a
formulação, a toxicidade, modo de acção, intervalo de segurança assim como as outras
características de grupo de insecticidas usados para o controlo de pragas. O uso de pesticidas em
todas formas de pragas tem dominado o maneio destas desde 1950, devido a sua eficácia, custos
relativamente baixos, fácil uso e a sua versatilidade. Portanto, os vários pesticidas: Insecticidas,
fungicidas, rodenticidas, herbicidas e outros, são ainda componentes importantes para o produtor
no controlo das pragas (Dent, 1995; Segeren, 1996).
2.5.4.1. Definição e classificação dos pesticidas
Pesticida é uma substância ou mistura de substância, de natureza química ou biológica, usada
para controlar qualquer agente causador de doença ou praga, ou outras formas de vida animal ou
vegetal prejudicial à agricultura, pecuária e seus produtos, assim como vectores de agentes
causadore de doença para Homem e animais domésticos (Segeren et al, 1994; Chiconela et al,
1999). Os autores agrupam-nos em várias categorias e classificam de acordo com a finalidade ou
pragas que controlam em insecticidas, fungicidas, herbicidas, acaricidas, moluscidas,
nematicidas, avicidas e raticidas ou rudenticidas.
2.5.4.2. Vantagens e desvantagens de uso de pesticidas
Os pesticidas quando bem empregues têm como vantagens o aumento do rendimento e “melhora
a qualidade” dos produtos agrícolas. Contrariamente um emprego excessivo e irracional causa
acidentes de intoxicação, desequilíbrio biológico no ecossistema condicionando deste modo, a
morte ou destruição dos inimigos naturais, resistência das pragas aos pesticidas (Segeren et al.,
1994).
2.5.4.3. Características de alguns pesticidas usados no controlo de pragas
Organofosforados
É o grupo de insecticidas que contem fósforo ( P) como elemento principal na sua constituição.
Distingue-se por um lado, por ser geralmente mais tóxico para os vertebrados relativamente aos
129
organoclorados, e por não serem persistentes permitindo o seu emprego na agricultura (Sidumo,
2003).
De acordo com a mesma autora, esse insecticida deve ser tratado com cuidado uma vez que a
dose pode ser cumulativa. Actua inibindo certas enzimas importantes do sistema nervoso,
colinesterase, o organosfosforado liga-se ao colinesterose impedindo desse modo a remoção de
acetilcolina.
Metamidophos
É um insecticida/acaricida chamado comercialmente por Tamaron 58.5 % EC. Pertence ao grupo
dos organofosforados, sistemicos que actua por contacto e ingestão Altamente tóxico com
intervalo de segurança de 21 dias em cruciferas e 14 dias em batata (Muiambo & Kjaer, 1994).
Actua sobre o sistema nervoso bloqueando a enzima acetilcolinesterase perturbando a
transmissão dos impulsos nervosos (Muiambo & Kjaer, 1994). É activo contra várias pragas
incluindo ácaros, lagartas, afideos, roscas, tripes. É um produto altamente tóxico por isso o seu
emprego é recomendado a pessoas devidamente treinadas (Muiambo, 1995).
Piretroides
Esse grupo ataca o sistema nervoso, afectando a transmissão de impulsos eléctricos ao nível de
axónios, afecta o sistema nervoso periférico e central dos insectos, inicialmente estimula as
células nervosas a produzirem descargas repetitivas que se traduzem em perda de coordenação
dos movimentos, protecção, convulsões e morte (Marconi, 1988).
Cipermetrina 20 % EC
É um insecticida do grupo dos piretroides, comercialmente conhecido por Ripcord 20 % EC, não
é sistémico, actua por contacto e ingestão. É activo contra várias pragas. Tem um efeito repelente
contra insectos e é persistente por 2 a 3 semanas, com toxicidade moderada e com intervalo de
segurança de 4 dias em hortícolas (Muiambo & Kjaer, 1994).
130
Insecticidas botânicos
São tóxicos derivados de plantas usadas para controlar insectos. Esses quando aplicados sobre
insectos podem ter uma acção directa e causar a sua morte, acção repelente, assim como podem
inibir o crescimento desses organismos. Podem ser tratados na base de extractos de várias partes
de plantas que possuem propriedades de pesticidas que incluem de entre outros flores, sementes,
folhas, caules e raízes pela moenda das partes frescas ou secas da planta ou extracção dos
ingredientes tóxicos que podem ser usados a sós ou em mistura com outros tóxicos (Sidumo,
2003).
Segundo Segeren (1996), muitas plantas tem a capacidade de se defenderem e são realmente uma
“ fábrica” de produtos químicos, constituindo uma fonte quase ilimitada de pesticidas botânicos.
Mais de 6000 espécies de plantas foram investigadas e mais de 2000 destas mostraram ter acção
contra pragas e doenças. Dentre estas espécies destacam-se três grupos de pesticidas botânicos
que tem maior atenção:
Produtos derivados de Tabaco (Nicotiana tabacum, N. rústica). A matéria activa mais conhecida
derivada desta espécie é a nicotina, que actua principalmente contra afídeos, mosca branca e
outros insectos pequenos.
Produto derivado de Piretro (Chrysanthemun cinerariaefolium). Usado no médio oriente à
séculos, a planta é produzida em grande escala na Tanzânia e Quénia. Das flores é extraído um
pó que actua contra lagartas, percevejos, larvas de mosca e outros insectos. Actualmente é usado
para o controlo dos insectos domésticos.
Produtos á base de rotenona, derivados de várias espécies de plantas de géneros Derris,
Longocarpus e Tephrosia. Aparecem em maior concentração nas raízes e nos caules e são
eficazes contra lagartas, afídeos, tripes, coleópteros e ácaros vermelhos. Em muitos países são
conhecidos pela sua capacidade de narcotizar peixes (Segeren, 1996).
131
Insecticidas Biológicos
Bacilus thuringiensis (Bt)
Uma bactéria do solo que produz uma toxina sobre determinados insectos, particularmente
lepidopteros e coleopteros. Actualmente é um insecticida biológico mais produzido no mundo e
utilizado como agente de controlo das pragas. Não se trata de produto químico, mas uma
formulação a base Bacilus thuringiensis (Semende, 2006 citando Alves, 1998).
De acordo com Andrews (1984) citado por Semende (2006), o pesticida biológico apresenta
numerosas vantagens: Possui efeitos específicos geralmente considerados benéficos, pois não
apresentam largo espectro de acção, deste modo afecta ligeiramente os inimigos naturais dos
insectos e que também são benéficos na polinização. Portanto o Bt é pouco tóxico ao Homem e
animais domésticos e pode ser usado misturado com outros pesticidas, produzindo várias toxinas
capazes de matar os insectos, alcançando assim um efeito polivalente. Portanto integra-se
eficazmente com o controlo natural, contrariamente aos demais insecticidas.
Porém, o inconveniente deste é de ser susceptível a degradação da luz solar, muitas formulações
persistem sobre as folhas por um período inferior a uma semana depois da aplicação. O facto de
não dar efeitos imediatos sobre a praga, os utilizadores pode incorrer o risco de uso irracional do
pesticida. Os fabricantes apontam a redução da eficácia depois de 2 ou 3 anos de armazenamento
(Andrews).O seu uso é recomendado em condições de alta temperatura e elevadas condições de
humidade no campo, condições essas que favorecem a acção da bactéria. Enquanto temperaturas
baixas permitem maior exposição da bactéria a radiação solar, chuva, etc, reduzindo deste modo
a sua eficácia (Burges & Hussey 1971 citados por Semende).
Dose: O Bacilus thuringiensis é formulado comercialmente como um pó molhavel, contendo 25
milhoes de esporos viáveis por cada grama do produto (2.5%) e 97.5 % de ingrediente inerte
(Dent, 2000 citado por Ntemansaka, 2006).
132
Modo de acção da toxina:
Segundo Lambert & Peferow (1992) citado por Semende (2006), a infecção de um insecto
susceptível começa quando esse ingere cristais de Bacilus turingiensis contendo protoxinas que
são solubilizados pelo pH do trato intestinal do insecto que, de seguida são clivados por proteínas
intestinais tornando-se em fragmentos activos. Uma vez activos os fragmentos da protoxina, se
ligam em receptores específicos no epitélio do insecto, como consequência, ocorre a deformação
das células epiteliais do intestino médio e a desintegração da membrana microvilar levando a
desintegração do intestino. Com a alteração do funcionamento do intestino, ocorre uma redução
do pH do fluido intestinal e há liberalização dos nutrientes, os quais criam condições para a
germinação dos esporos de Bacilus turingiensis, ocorrendo deste modo a multiplicação das
células vegetativas que invadem os tecidos das larvas dos insectos que eventualmente
interrompem sua alimentação e causa morte deste. Devido ao processo infeccioso o insecto se
torna mais susceptível a invasões microbianas secundárias que podem acelerar a sua morte. O
ciclo infeccioso é concluído quando o cadáver é consumido e o Bt garante a sua perpetuação no
ambiente na forma de esporos.
III.MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Descrição da área de estudo
O distrito municipal de Catembe localiza-se no extremo sul da província de Maputo entre os
paralelos 26º e 27 º de latitude sul e entre 32°e 33º de longitude Este. A norte é limitado pela baia
e cidade de Maputo, a sul pelo distrito de Matutuine e Ponta de ouro, a Este e banhado pelo
oceano Indico e a Oeste confina com os distritos de Namaacha e Boane.
O clima predominante é do tipo subtropical, com duas estações ao longo do ano (o verão e o
inverno). A temperatura média anual é de 24ºC; a humidade relativa que varia entre 55 a 75% e
observam-se valores médios de precipitação variando entre 600 a 1000 mm. O tipo de solos
predominante, maioritariamente arenoso profundo com boa permeabilidade e fraca capacidade
de retenção. Nas zonas caracterizados por vales fluviais, os solos são aluvionais com elevada
concentração de argila, ocorrendo a intrusão salina, determinando deste modo a ocorrência de
solos salinos (MAE, 2005).
133
3.2. Metodologia
3.2.1. Condução do inquérito
Foi conduzida uma entrevista semi-estruturada para a obtenção de informação sobre as principais
hortícolas praticadas, a visualização dos métodos e estratégias usados no controlo das principais
pragas. Através desta entrevista, foi também possível conhecer a percepção dos agricultores em
relação aos aspectos importantes ligados a fitossanidade, sobretudo os cuidados culturais,
principais constrangimentos na produção e entre outros problemas relacionados com a produção.
3.2.2. Procedimento de amostragem
Foram seleccionados agricultores organizados em 6 associações e 7 cooperativas distribuídas em
quatro zonas (bairros) de produção nomeadamente: Chali, Chamissava, Inguide, Incassane, que
representam o distrito. Com efeito 35 agricultores foram inquirídos num universo de 325
associados, número este que perfaz 10% da população. Segundo Case (1990), para uma
população inferior a 1000 indivíduos, pode-se trabalhar com pelo menos 5% do universo
populacional (pelo menos 50 indivíduos).
Em cada bairro de produção foi feita uma amostragem aos agricultor e por parcela (canteiro) que
representa uma cultura. Na tabela do anexo 3, estão representados os números dos entrevistados
e das parcelas observadas em cada associação ou cooperativa. Os números correspondem a 5%
dos universos (número total de membros de cada associação e total de parcelas em campo).
3.2.3. Recolha de dados
Em cada canteiro representando uma cultura, seleccionou-se, de forma aleatória, 20 plantas
usando o padrão de amostragem em diagonal (X). Em cada planta selecionada(unidade
amostral), observou-se cautelosamente a infestação. Para as plantas infestadas foi feito o
levantamento de especies de principais pragas, em função dos danos e sintomas nas culturas e
registou-se os dados na ficha do campo, (anexo 1).
Com base nos dados das fichas, fez-se a avaliação da incidência das principais pragase para
efeito de análise as seguintes variáveis foram consideradas: (1) Densidades de indivíduos, (2)
Número de plantas infestadas e (3) Índice médio de ataque.
134
3.2.4. Identificação das espécies
No processo de levantamento através da observação visual (observação directa com lupa), foi
possível contar ou estimar o número de indivíduos de cada espécie presentes na planta ou parte
desta. A identificação das pragas foi feita no campo com auxílio de manuais de identificação.
No caso de dificuldade, a planta foi posta num cartucho de papel e levada ao laboratório de
produção e protecção vegetal da FAEF, da UEM, para a posterior identificação.
3.3.Variáveis analizadas
3.3.1 Densidade de população (Dens)
A avaliação foi directa, através de estimativa ou extracção e contagem directa de indivíduos
duma praga na planta infestada ou parte desta. E foi determinada como sendo a razão do
somatório de número de indivíduos de uma determinada praga num dado canteiro (parcela), pelo
número total de plantas observadas na respectiva parcela (20 plantas por canteiro).
)(.
)(.NoparcelanaobservadasplantasdetotalNr
NiparcelanumapragadeindividuosNrDens = (1)
Onde:
Dens — Densidade de população de praga
3.3.2. Percentagem de plantas infestadas (PPI)
A percentagem de plantas infestadas foi calculada em função da razão percentual entre o número
de plantas infestadas ou danificadas numa parcela por uma praga, e o número total de plantas
observadas na mesma. Para a avaliação, considerou-se planta infestada se se encontrasse nela
pelo menos um indivíduo de uma dada praga, ou sintomas da mesma. Atribuiu-se o nível 1 (um)
para a infestada e 0 (zero) para a não infestada.
100*)(
)(inf(%)NoútilparcelanaobservadasplantastotalNr
NiútilparcelanaplantasNrPPI = (2)
Onde:
135
PPI — Percentagem de plantas infestadas
3.3.3. Índice médio de ataque (IMA)
O IMA foi avaliado a partir da estimativa dos niveis de danos visíveis nas folhas atacadas de 20
plantas observadas no canteiro. Com o auxílio de 5 (cinco) classes ou níveis descritos por
Segeren (1996), fez-se a contagem de plantas com as folhas danificadas pela praga e a atribuição
dos respectivos níveis.
3.3.3.1. Níveis de danos ou de ataque
A atribuição dos niveis foi feita com base nos sintomas ou danos criados pela praga, nas partes
atacadas da planta (folhas, peciolos e frutos) e tem-se os níveis seguintes:
0- Sem ataque ou dano;
1- 1 a 20% da superfície da parte atacada, sem dano;
2- 21 a 40 % da superfície da parte atacada, dano ligeiro;
3- 41 a 70% da superfície da parte atacada, dano moderado ou médio;
4- Acima de 70% da superfície da parte atacada, dano sério.
Baseando se também na contagem ou estimativa do número de indivíduos, de acordo com tabela
a seguir.
Tabela 9. Avaliação de níveis de dano ou de ataque.
Nível de ataque Classe
Ácaro e insectos
pequenos (A)
Insectos de tamanho
médio (B)
Nível de danos
0 0 0 Zero, sem dano
1 1-10 1-5 Dano ligeiro
2 11-100 6-10 Dano moderado
3 100-1000 11-15 Dano sério
4 > 1000 > 15 Dano muito sério
(A) Afídeos, cochonilhas, tripes e a mosca branca. (B) Borboletas (lagartas e brocas). Fonte:
Segeren (1996).
136
O IMA foi calculado pela seguinte fórmula:
NaNiXi
IMA ∑= )*( (3)
Onde: IMA -Índice médio de ataque
Ni — Nível de dano ou ataque por praga. i = 1, 2, 3 e 4
Xi – Número de plantas com ataque i (frequência de plantas com nível i)
Na – Número total de plantas atacadas na parcela
O resultado do IMA dá-nos a estimativa da severidade de ataque da praga na região, permitindo
deste modo prever perdas de culturas
3.4. Análise de dados
Os dados de inquérito foram analisados no pacote Excel, através do qual se obteve a frequência
das respostas em relação as questões submetidas. E os do levantamento das principais pragas
foram analisados no pacote estatístico SPSS 13.0. Para o efeito, considerou-se tratamentos as
principais pragas em diferentes bairros (Zonas) de produção do distrito e como réplicas, as
diferentes parcelas de culturas por onde se fez o levantamento.
Assumiu-se o modelo do delineamento completamente casualisado (DCC) e os seus principais
pressupostos: o de homogeneidade de variância e de normalidade dos resíduos e análise de
variância (P <0.05). Os dados sem variabilidade regular ou normal, e que não seguiram os
pressupostos do teste de (normalidade de variância e distribuição normal de resíduos) foram
corrigidos seguindo a fórmula Vr = (V+0.5) ^0.5, onde V e Vr são a variável e variável
rectificada respectivamente (Banzatto e Kronka, 2006).
137
IV.RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Principais hortícolas produzidas nas zonas de estudo
Culturas hortícolas de folhas, de frutos, de raízes e tubérculos, são produzidas nas zonas
"húmidas" da área de estudo. Com base nas frequências percentuais dos inquiridos e do número
das parcelas observadas, apresentados na tabela 3, são consideradas hortícolas principais: cebola,
couve, repolho, alface, tomate e pimento. Os agricultores produzem de preferência: couve,
repolho, tomate, cebola e alface, por serem consideradas culturas mais rentáveis.
Tabela 10. Espécie das principais hortícolas praticadas na zona de regadio da área de estudo.
Nome Comum Nome Cientifico Família Frequência
(%)
Parcelas
observ.
Cebola Allium cepa L. Aliaceae 94 30
Alface Lactuca sativa L. Asteraceae 74 15
Couve tronchuda
Couve-flor
Repolho
Brassica oleracea L. var. Acephala
Brassica oleracea L. var. botrytis
Brassica oleracea L. var. capitata
Brassicaceae
97
80
45
30
Beterraba Beta vulgaris L. Chenopodiaceae 37 2
Tomate
Pimento
Beringela
Lycopersicon esculetum Mill
Capsicum annuum L.
Solunum melongena L
Solanaceae 51
46
31
25
10
12
Cenoura Dacus carota L Apiaceae 37 -
Abóbora Cucubita sp. Cucurbitaceae 17 6
Feijão verde Phaseolus vulgaris L Fabaceae 26 -
138
4.2. Principais pragas em hortícolas produzidas
No processo da avaliação de incidência foram consideradas como sendo principais, as pragas
apresentadas na tabela 4, pelo facto destas causarem danos consideráveis às culturas e apresentar
níveis elevados de infestação. E em densidades relativamente baixos, pragas como; rosca
(Agrotis sp.) lagarta americana (Helicoverpa armigera), lagarta mineira (Liriomyza sp.), lagartas
da couve (Crocidolomia binotalis, Spodoptera litoralis e Athalia flacca). Bem como os danos de
rato do campo (Praomys natalensis) e topeira, foram observadas em diversas culturas.
Tabela 11. As principais pragas identificadas em principais culturas.
Praga por cultura Cultura
Nome comum Nome científico
Traça da couve Plutella xylostella
Afideo da couve Lipaphis eryssimi
Couve
Afideo pardo da couve Brevicorini brassicae
Traça da couve Plutella xylostella Repolho
Broca da couve Helulla undalis
Cebola Tripés da cebola Thrips tabaci
Mosca branca Bemisia tabaci Tomate
Ácaro vermelho Tetramychus evansi
4.5. Comparação de incidência de principais pragas nas zonas de produção.
Na análise de incidência das principais pragas, quatro culturas foram consideradas, pelo facto
destas ocorrerem nas quatro zonas de produção e apresentar níveis elevados de danos. Para o
efeito, fez-se a análise estatística (análise de variância e teste de Tukey para a comparação de
médias) dos valores médios de densidade, percentagens de infestação e índice médio de ataque
das principais pragas (anexo 4).
139
Na cultura de couve, a taça da couve e afideos da couve foram as principais pragas e mostraram
efeitos significativos, em alguns bairros, para as três variaveis em estudo (tabela 7).
Tabela 12. Incidência de principais pragas na cultura de couve, em diferentes zonas.
Zonas de produção agrícola Praga Variavel de
resposta Chamissava Chali Inguide Incassane
Resultado
Dens 1.64 b 2.69 a 1.74 ab 2.53 ab S
PPI 85.63 a 87.73 a 64 b 84.55 a S
Traça da couve
(Plutella xylostela)
IMAr 1.68 a 1.56 a 1.32 ab 1.49 a S
Dens 16.61 b 21.73 a 16.12 b 16 b S
PPI 73.18 a 62.22 ab 49 b 55 b S
Afideos da couve
(B. Brassicae e L
erysimi) IMA 1.85 a 1.34 a 1.52 b 1.80 a S
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p < 0.05).
S- significativo e N.S- não significativo.
A Traça da couve (Plutella xylostella) foi a praga que mais dano causou a cultura de couve e de
repolho. A zona de Chali apresentou maior densidade (2.69) valor este que é estatisticamente
diferente com o registado na zona de Chamissava. Para a PPI, a zona de Inguide registou menor
valor (64), sendo diferente dos restantes. A zona de Chamissava apresentou índice médio de
ataque moderado (1.68) que difere somente com o registado no bairro de Inguide.
Para os afídeos (Brevicoryne brassicae e Lipaphis erysimi) maiores densidades foram observadas
na zona de Chali (21.73), valor que difere estatisticamente dos obtidos nos restantes bairros
(Chamissava, Inguide e Incassane). A maior PPI foi registada no Chamissava (73.18) e o valor
não difere do obtido no bairro de Chali. Os maiores índices médios de ataque foram obtidos nos
bairros de Chamissava e Incassane (1.85 e 1.8) respectivamente. Estes valorees não diferem entre
si, mas diferem com os obtidos no Inguide. Referir que os afídeos, foram as que causaram danos
menores, que reflecte menor incidência relactivamente a traça, apesar de terem sido
significativos nos três parâmetros de comparação. Segeren (1996) considera sem danos
densidades abaixo de 10 indivíduos.
140
Tabela 13. Incidência de principais pragas na cultura de repolho, em diferentes zonas.
Zonas de produção agrícola Praga Variável
de
resposta
Chamissava Chali Inguide Incassane
Resultado
Dens 2.5 a 2.25 ab 1.31 b 1.31 b S
PPI 66.25 a 75 a 73 a 79.38 a NS
Traça da couve
(Plutella xylostela)
IMA 1.3 a 1.16 a 1.34 a 1.47 a NS
Dens 1.24 a 1.45 a 1.48 a 1.83 a NS
PPI 71 a 59.29 a 68 a 45 a NS
Broca da couve
(Helulla undalis)
IMA 1.03 b 1.25 a 1.16 ab 1.18 ab S
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p < 0.05).
S- significativo e N.S- não significativo.
Na cultura de repolho, a traça da couve apresentou efeitos significativos somente para a
densidade (tabela 6). A zona de Chamissava não difere de Chali, tendo registado os valores 2.5 e
2.25 respectivamente. A PPI e a IMA tomaram os valores médios 74.5 e 1.36 respectivamente.
A Broca da couve (Hellula undalis) no repolho apresentou valores significativos de índice médio
de ataque. Sendo estatisticamente diferentes os bairros de Clali e Chamissava. As densidades
médias e percentagens médias de infestação foram 1.5 e 60.76 respectivamente. Contudo, as
densidades médias tanto da broca como da traça da couve foram superiores ao limiar económico
(Threshold económico) das pragas que é de uma lagarta por planta (Andrews, 1984).
Tabela 14. Incidência de principais pragas na cultura de cebola, em diferentes zonas.
Zonas de produção agrícola Praga Variável de
resposta Chamissava Chali Inguide Incassane
Resultado
Dens 2.97 a 3.77 a 2.06 a 3.21 a NS
PPI 71.66 ab 87 a 58 b 70 ab S
Tripes da cebola
(Thrips tabaci)
IMA 1.83 a 1.38 a 1.16 a 1.41 a NS
141
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p < 0.05).
S- significativo e N.S- não significativo.
Para a Thrips tabaci na cebola, somente os valores de percentagem de infestação foram
significativos (tabela 7). O bairro de Chali registou maior percentagem de infestação (87),
enquanto o Inguide registou o menor valor (58). Os dois diferem entre si, mas não diferem das
restantes estatisticamente. Os valores médios de densidade e de IMA foram 3,0 e 1,5
respectivamente.
Tabela 15. Incidência de principais pragas na cultura de tomate, em diferentes zonas.
Zonas de produção agrícola Praga Variável de
resposta Chamissava Chali Inguide Incassane
Resultado
Dens 7.34 a 6.05 a 7.58 a 4.35 ab S
PPI 86.43 a 86.67 a 88.33 a 80 a NS
Ácaro vermelho
(Tetranichus
evansi) IMA 1.88 a 1.68 a 1.89 a 1.27 a NS
Dens 1.85 a 1.43 a 1.6 a 1.61 a NS
PPI 30 a 27.14 a 27.5 a 30 a NS
Mosca branca
(Bemisia tabaci)
IMA 1.63 a 1.52 a 1.54 a 1.46 a NS
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey (p < 0.05).
S- significativo e N.S- não significativo.
Na cultura de tomate, somente o ácaro vermelho (Tetranichus evansi) mostrou-se significativo
para densidade. Sendo Inguide o bairro com maior densidade (7.58) e Incassane o de menor
(4.35). O bairro de Inguide não difere estatisticamente do Chali e Chamissava. As médias de PPI
e IMA foram 85 e 1.68, respectivamente. A mosca branca (Bemisia tabaci) foi a praga que
apresentou menor incidência na cultura de tomate. Tendo registado resultados baixos e não
significativos dos três parâmetros em estudo (Densidade, PPI e IMA), os valores médios foram
respectivamente, 1.59, 28.69 e 1.52.
De modo geral, a maior incidência de pragas se registou até a metade do período de estudo.
Facto que, provavelmente se deveu as condições de temperaturas que foram favoráveis para o
desenvolvimento de pragas, neste período. Pois temperaturas situadas entre 20 a 30 º C, em
142
períodos secos são consideradas condições óptimas para o desenvolvimento de pragas, em
particular da Plutella xylostella. Segundo Mussury (1997) a temperatura média de 22º C é a
favorável para desenvolvimento da traça da couve.
Medeiros et al., (2003), afirma que ataques da Plutella xylostella em períodos secos e quentes
podem ocasionar perdas totais de produção. Cumbi (1997) no seu estudo sobre a sazonalidade,
observou que o pico de infestação de plantas e elevadas densidades de pragas eram observadas
na terceira semana do mês de Outubro, depois declinava devido a vários factores sendo o mais
importante a precipitação. Estudo feitos pela Catie (1990) enaltece este factor, como sendo
responsável por forte mortalidade da traça da couve e outras pragas, visto que os ovos, larvas e
ninfas ficam expostos as gotas da chuva e ao acumulo de água nas folhas.
A elevada percentagem de infestação, consequentemente o alto índice médio de ataque devem
estar associados as condições de secura. Esta situação é enaltecida por Kassab (1986) que afirma;
a infestação é elevada principalmente na época seca e quente, como consequencia disto, as
plantas podem não atingir 2/3 do tamanho normal, sendo severamente prejudicadas e o
rendimento reduz em cerca de 23%.
A provável causa de baixas densidades de pragas, registadas no último período deste estudo,
pode estar associado ao uso indiscriminado dos pesticidas. Visto que, o controlo químico é dado
como o único e melhor para fazer face a principal praga das brássicas em muitas regiões da
África. Também, as precipitações registadas nos meses de Novembro a Janeiro, podem ter
contribuído de certa forma, para a descida drástica das pragas.
4.2. Percepção dos agricultores sobre aspectos de fitossanidade.
Após a análise do questionário feito, foi possível notar que a horticultura no distrito de Catembe,
ainda não é devidamente programada. Os horticultores enfrentam as mesmas dificuldades. Pode
se ver da figura 1, que 72% deles, não segue a risca as instruções do rótulo dos pesticidas e dos
técnicos, sobretudo as dosagens, o intervalo de segurança e de aplicação, somente 31% têm
formação sobre o manuseio de produtos químicos.
143
A conservação destes é precária, mais de 60% guardam entre restolhos de cultura em campo ou
enterrado, procedimento que pode pôr em causa a sua viabilidade, devido as variações de
temperatura. Entretanto todos não fazem rotação de culturas e muito menos a consociação.
Assim, a sucessão de mesmas culturas em mesmas parcelas todos os anos, ou seja, praticam a
monocultura, contribuindo para a eclosão das mesmas pragas e doenças que fustigam as culturas,
condicionam baixos rendimentos e elevados custos de controlo.
Figura 9. Percepção dos agricultores sobre aspectos ligados a fitossanidade.
4.2.1. Alguns constrangimentos que afectam a produção.
Da figura 2, observa-se que, mais de metade dos agricultores, atravessam sérios problemas de
salinidade dos solos e a falta de água. Visto que, não existe um sistema de rega eficiente, 63%
recorrem aos furos abertos nos respectivos campos, 25% situados nas zonas baixas recorrem a
valas ou represas abertas em volta dos seus campos, como alternativa para rega. Essa água sendo
imprópria, contribui para a perpetuação de doenças e consequentemente a redução da
produtividade. 73% deles clamam por falta de acompanhamento nas actividades agrícolas, facto
notório e que deve estar por trás deste problema, é o exíguo número de extensionistas alocados
144
para a área, ao nível do distrito. Um outro problema pelo qual 76% foram unanime, é a falta de
apoio de insumos e créditos agrícolas. Também foi notório que os agricultores não têm espírito
de cooperativismo e associativismo.
Figura 10. Constrangimentos dos horticultores no processo de actividades agrícolas.
4.4. Métodos usados pelos agricultores no controlo de pragas na área de estudo
Os horticultores desgastados pela situação dos seus campos de cultura recorrem aos pesticidas
como única alternativa de controlo de pragas. O que não tem sortido efeito, devido a dificuldade
que a maioria tem em adquirir e aplicar devidamente. A aplicação é feita a base de pulverizador
de dorso e de regadores. Usam 2 a 3 tampas de 5 ml aproximadamente ou 2 a 3 colheres de chá
por 10 litros de água, em intervalos que variam de 7 a 15 dias. Mais de 70% dos agricultores
procedem de forma inadequada, misturam pesticidas diferentes sem bases, não observam as
instruções do rótulo e dos técnicos.
145
Tabela 16. Alguns pesticidas usados para o controlo de pragas das hortícolas, na área de estudo.
Doses (ml ou g/l de água), I.S (dias)
Recomendado Observado
Químico usado Praga a controlar por
cultura
Dose I. S Dose I.S
Cipermetrin 20 EC Tripes na cebola 1 7 2-3
Dimetoato 40 EC Afideos nos feijões 2 14 2-3 7-15
Abamectn 18 PM Ácaro no tomate e
beringela
ni ni 3-4 7-15
Mancozeb 80 PM * Mosca branca no
tomate e abóbora
2-3 4 4-6 4-6
Tamaron 58,5 EC Lagartas e brocas nas
brássicas
1 21 2-3 7-15
Karate 5 EC Afideos na couve 1 7 2-3 7-15
Dimetoato EC Gafanhotos e outras 2 14 2-3
Ripcord 20 EC
Cymbush 25 EC
Pragas de hortícolas 1 7 2-3 7-15
Malatiao 50 EC 2-3 ni 2-3 7-15
* = Não é comum usar-se para o controlo de pragas, ni = não identificado. Fonte: Segeren
(1994); Muiambo e Kjaer (1994).
Diante das possibilidades, os agricultores alternam diferentes insecticidas, aplicam
Metamidophos, dimetoato, malatiao, lambda-cialotrina, Cipermetrina, Maconzeb, abamectin
(Agromectin), de acordo com a lista da tabela 6. Entretanto, cipermetrina é o pesticida mais
usado para o controlo, seguido de metamidopho e dimetoato, com cerca de 42%, 26% e 18%,
respectivamente.
Segeren et al., (1996) e Tabashnik et al., (1997) citado por Muchanga (2009) defendem que, o
uso intensivo de insecticidas químicos constitui a principal forma de controlo das pragas, tendo
os piretroides e organofosforados como os grupos mais usados. Mas quando a aplicação é feita
sem observância principalmente das dose utilizadas e/ou frequência de aplicação, favorecem o
146
surgimento de populações resistentes, que rapidamente se multiplicam e dispersam. Pois o
insecto possui variabilidade genética que permite-o, a adaptar-se aos insecticidas
Na África Oriental, inclusive em Moçambique tornou-se difícil e não sustentável
economicamente, o controlo de pragas, em particular da Plutella xylostella. Devido a utilização
de misturas de insecticidas por parte dos agricultores, que resulta em crescentes custos de
produção, contaminação ambiental, e riscos elevados de saúde devido ao aumento de resíduos de
insecticidas nos produtos agrícolas. (Muchanga, 2008 citando França & Medeiros, 1998; ICIPE,
2000).
Para um controlo sustentável e como forma de aumentar a produtividade com minimização dos
custos de produção, os horticultores com ajuda dos extencionistas e outros intervenientes,
poderiam integrar métodos diferentes, tendo em conta a realidade local e socio-económico.
Portanto é importante dar mais ênfase a exploração dos pesticidas botânicos à base de plantas
(seringueira, margosa, rícinos e outras) existentes localmente e bio pesticidas (abamectina,
Bacilus thurigiensis e outros), pois possuem um certo grau de especificidade para reduzir a
população de pragas.Varela et al., (2003) citado por Filipe (2007) considera importante fazer a
rotação de bio pesticidas para evitar resistência de pragas e permitir a conservação de inimigos
naturais de pragas.
Contudo, é necessário que as pulverizações sejam feitas por operadores treinados e protegidos,
com equipamento adequado, usando o produto correcto na dosagem recomendada pelo
fabricante, que se respeite os intervalos de aplicação e de seguranca dos pesticidas. A
implementação de práticas culturais como a consociação, rotação de culturas e uso de variedades
resistentes, permitem a redução de infestação por pragas e doenças e consequentimente a
valorizar a presença de inimigo naturais de pragas, como é o caso das Joaninhas e Sirfdeos
predadores de afideos, alguns percevejos predadores de ácaros, parasitóides como vespas
parasiticas predadores de ovos, lagartas e pupas (Varela et. al.; 2003 citado por Filipe ;2007 ).
147
V. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusão
Os horticultores do distrito de Catembe praticam, como hortícolas principais: Cebola,
Alface, Couve, Repolho e Tomate. E em pequenas escala também, cultivam a cenoura,
beringela e pimento.
A traça da couve (Plutella xylostella) foi a praga principal na cultura de couve e repolho,
seguindo os afídeos (Brevicoryne brassicae e Lipaphis eryssime) na couve por último a
broca da couve (Helulla undalis) no repolho. A cultura de cebola e alface tiveram menor
diversidade de pragas relativamente as outras. A Thrips tabaci foi a principal praga da
cebola, enquanto que alface apresentou problemas de doença de podridão negra
(Xanthomonas campestris) e ligeira incidência de Bemisia tabaci, em algumas zonas de
estudo. O tomateiro teve incidência de ácaro vermelho (Tetramichus evansi) e da mosca
branca (Bemisia tabaci) em todos os bairros de produção.
Nas quatro zonas por onde se fez a avaliação, os bairros de Chamissava, Chali e Inguide,
foram as que mostraram efeitos diferentes estatisticamente, em relação aos três
parâmetros estudados (Densidade, PPI e IMA) das pragas. A mosca branca, apresentou
valores baixos de densidade, percentagem de infestação e índice médio de ataque em
todas as zonas. Razão pela qual, os resultados não foram estatisticamente diferentes.
O controlo das pragas é feito somente na base de químicos como: cipermetrina,
metamidofos, dimetoato, malatião, abamectina. O uso destes é feito indiscriminadamente,
visto que a maior parte dos agricultores não obedecem as recomendações de aplicação
dos pesticidas, não respeitam a dosagem, os intervalos de aplicação e de segurança.
Muitos não têm orientação dum técnico ou alguém com conhecimentos sobre o uso dos
produtos. Deste modo, os custos de controlo são elevados e os resultados, não
satisfatórios.
148
5.2 Recomendações
As recomendações são dirigidas aos intervenientes do sistema de produção das hortícolas, de
modo que o controlo integrado seja considerado a melhor alternativa sustentável.
5.2.1 Aos agricultores
Devem seguir as recomendações dos técnicos extencionistas, as instruções do rótulo
principalmente a observação da dose recomendada, intervalos de aplicação e de
segurança.
Garantir uma melhor conservação dos pesticidas, com vista a obter uma maior eficácia
dos mesmos, no controlo das pragas. Evitar enterrar os pesticidas ou guardar entre os
restolhos, mas devem guarda-los em lugares seguros e longe das crianças e animais
domésticos.
Evitar o uso indiscriminado de pesticida porque traz consigo, efeitos nefastos ao Homem
e por não ser ecologicamente e ambientalmente saudável.
Evitar manter restos de culturas, ou culturas sem proveito comercial no campo, porque
pode servir de fonte de inoculo das pragas e doenças para a sementeira seguinte.
Devem adoptar outros métodos no controlo das pragas (rotação e/ou consociação de
culturas, uso de variedades resistentes, manipulação de datas de sementeira e uso de
pesticidas botânicos).
5.2.2 Aos Investigadores
Que se façam mais estudos pormenorizados a cerca das potencialidades das culturas
individualmente, em termos de quantidade e qualidade por área, sobre a sazonalidade das
pragas especifica nas zonas de estudo, possibilidades de ocorrência de inimigos naturais
nas condições locais, com vista a fazer-se recomendações de programas de controlo
biológico mais sustentáveis.
149
Estudar a possibilidade de síntese e uso de pesticidas botânicos que sejam selectivos e
benéficos aos agentes de controlo biológico e com poucos inconvenientes ambientais,
fazendo aproveitamento de plantas locais com potenciais de pesticidas tais como o
Riccinus communis, Azadirachta indica (margosa) e outras, de modo que se enquadrem
nas componentes de uma estratégia de maneio integrado de pragas aplicáveis nas
condições socio economicas dos agricultores.
5.2.3 As Instituições
Os serviços de extensão devem:
Garantir um melhor acompanhamento das actividades agrícolas no distrito, facto que
pode ser alcançado aumentado o número de técnicos extencionistas, capacitando-os
regularmente, dispondo-os de mais recursos e meios de trabalho.
Providenciar e divulgar informação aos agricultores nas associações, sobre os riscos de
mau uso de pesticidas que vão desde a poluição ambiental, risco a saúde pública,
toxicidade humana, na preservação dos inimigos naturais nos campos de cultivo.
Prestar mais apoio, garantindo a disponibilidade e acessibilidade de insumos agrícolas na
casa agrária do distrito, facto que pode ser conseguido através de parcerias com as
empresas vendedoras de insumos e a casa agrária, onde a ultima seria o intermediário aos
agricultores por meio de extencionistas
Capacitar os agricultores e promover técnicas como: a prática de rotação de culturas,
consociação e a manipulação da época de sementeira; Integrar os métodos: químico,
mecânico e cultural, assim como o monitoramento no seio dos agricultores.
Criar facilidades no acesso ao crédito, através de mecanismos que permitam que os
agricultores desenvolvam suas actividades a longo prazo.
150
VI. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em http://ops.c3sl,ufpr.br/.
156
Capitulo 3. Levantamento e identificação das principais doenças que afectam as culturas
praticadas nas zonas verdes
157
Sub Capitulo 3.1. Levantamento e identificação das principais doenças que afectam as culturas praticadas
nas zonas verdes de Maputo (vale do Infulene)
158
I. INTRODUÇÃO A Cidade de Maputo possui uma área extensa de cintura verde, onde predominam terras
baixas com níveis freáticos mais altos e uma boa aptidão para a prática da actividade agrícola.
Como parte desta área com potencial para a agricultura, a região das zonas verdes que
estende-se desde o vale do Infulene ao vale das Mahotas, vem sendo gradualmente ocupada e
explorada por camponeses familiares, cultivando na sua maioria hortícolas.
Para os produtores das zonas verdes a falta de insumos e baixa tecnologia constituem alguns
dos constrangimentos à produção agrícola, mas o problema mais importante e que contribui
de forma significativa para a baixa quantidade e qualidade de produção são as pragas e
doenças.
É em reconhecimento dos prejuízos que as doenças vêm causando aos produtores das zonas
verdes, que o presente trabalho pretende contribuir com informação sobre as doenças mais
importantes que ocorrem nesta região e estratégias de maneio, por forma a mitigar as perdas
de produção das culturas praticadas.
Este trabalho foi concebido no âmbito do estudo da Agricultura Urbana e Peri-Urbana (AU-
PU) de Maputo (Maputo, Matola, Boane) estabelecido pelo Conselho Municipal de Maputo
(CMM), em parceria com uma ONG francesa ‘ESSOR’ e a Universidade Eduardo Mondlane
(UEM), com vista a recolher, analisar e divulgar as informações necessárias para caracterizar
a Agricultura Urbana e Peri – Urbana de Maputo, Matola e Boane.
1.1. Problema de estudo e justificação
O Conselho Municipal de Maputo desenvolveu um programa de ‘Dinamização da Agricultura
Urbana Sustentável (DAUS) através do qual está a procura de novas vias para apoiar o
desenvolvimento desta actividade económica.
Entretanto o primeiro obstáculo é a falta de informações precisas e actualizadas sobre AU-PU,
particularmente no que diz respeito às potencialidades, produção, produtividade e
comportamento do mercado de produtos agro-pecuários. Os dados sobre Agricultura Urbana e
159
Peri-Urbana (AU-PU) de Maputo, da qual faz parte a agricultura praticada no vale de
Infulene, são escassos e dispersos, facto que dificulta o desenvolvimento de programas
eficazes de dinamização deste sector produtivo.
Face a esta situação, o pelouro de actividades económicas através do seu Departamento de
Actividades Económicas e Empresas (DAEE), à luz da parceria com a ONG Francesa
‘ESSOR’ e com a UEM, realizou um diagnóstico da AU-PU na cidade de Maputo, visando
avaliar as potencialidades agrícolas dos campos de produção das zonas verdes da cidade de
Maputo. Contudo, as doenças de plantas constituem um dos entraves a produção agrícola nas
zonas verdes de Maputo.
Este trabalho vai contribuir, com a informação sobre as doenças mais importantes que
ocorrem nas culturas praticadas nas zonas verdes da cidade de Maputo e as estratégias para o
seu maneio, de modo a reduzir as perdas de produção e melhorar a qualidade de vida dos
produtores desta zona.
1.2. Objectivos 1.3.1. Objectivo geral
Identificar e propor medidas de controlo das principais doenças que ocorrem nas
culturas praticadas nas zonas verdes de Maputo (Infulene).
1.3.2. Objectivos específicos
Identificar as principais culturas praticadas e caracterizar o sistema de produção
nas zonas verdes de Maputo (Infulene).
Conhecer a percepção dos agricultores das zonas verdes de Maputo sobre a
situação fitossanitária das suas culturas;
Identificar as principais doenças, os agentes causadores e a fragilidade dos actuais
métodos de controlo no vale de Infulene;
Recomendar os métodos de controlo das doenças considerando as condições dos
agricultores
160
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Agricultura Urbana e Peri – urbana Agricultura urbana é uma actividade de produção agrícola realizada em pequenas áreas dentro
de uma cidade, ou em seu torno (Peri-Urbana), e destinada à produção de culturas para o
consumo próprio ou para a venda em pequena escala, nos mercados locais. Portanto, não é
objectivo ou finalidade para agricultura urbana e/ou peri-urbana a obtenção de lucro, embora
praticada com uma grande diversidade de culturas (CMM, 2008).
Nas cidades de Maputo e Matola e no distrito de Boane, a agricultura urbana e peri-urbana é a
principal fonte de subsistência de cerca de 33 mil famílias e resulta em consideraveis
quantidades de diversos produtos agricolas, com maior destaque para as hortícolas. Todavia é
uma agricultura intensiva, em permanente competição com a urbanização para o uso da terra
(CMM, 2008).
2.2. Produção de hortícolas nas zonas urbanas
A produção de hortícolas com fins de obtenção de lucros começou em forma de pequenos
mercados junto as hortas nas zonas urbanas, que produziam hortícolas de folhas frescas, fruto
e flores ornamentais para os residentes das zonas urbanas mais sofisticadas. Em Moçambique,
antes da independência a produção era exclusivamente para satisfazer os Europeus residentes.
Este facto condicionava somente o cultivo de hortícolas exóticas como a cenoura, couve-flor,
Feijão verde e outras culturas exóticas. Actualmente a produção não restringe-se a horticolas
exoticas mas sim a uma diversidade de hortícolas e em grande escala (Uzo, 1998).
2.3. Factores limitantes a produção de horticolas nas zonas urbanas
Existem varios factores que limitam a produção de horticolas nas zonas urbanas, dentre os
quais pode-se mencionar a falta de fundos para promover a utilização de alfaias agrícolas
mecânicas, má qualidade da terra e a ocorrência de pragas e doenças (Uzo, 1998).
2.4. Doenças das plantas
Algumas definições consideram que a doença resulta de alterações fisiológicas provocadas
exclusivamente por agentes infecciosos/bióticos. Outras incluem causas de natureza não
infecciosa (não parasitária ou abiótica). Mas segundo Gaumann, que dá a definição mais
161
aceite pelos fitopatólogos, doença de planta é um processo dinâmico, no qual hospedeiro e
patógeno, em intima relação com o ambiente, se influenciam mutuamente, do que resultam
modificações morfológicas. As condições para a ocorrência de uma doença são: hospedeiro
susceptível, patógeno virulento e condições ambientais favoráveis. Caso um destes três
elementos não exista a doença não vai-se desenvolver (Agrios, 2005).
2.5. Importância das doenças das plantas
As doenças podem limitar o tipo de plantas que podem ser cultivadas numa certa área,
destruindo todas plantas de uma certa espécie susceptível. O tipo e dimensão de perdas
causados por doenças varia com o tipo de planta, patógeno, localidade, ambiente e medidas de
controlo aplicadas, ou combinação destes factores (IAC, 1991).
2.6. Importância do diagnóstico das doenças
A identificação do agente patogénico e consequentemente da doença, mediante o processo
denominado diagnóstico constitui o primeiro requisito para o controle da doença.
Particularmente em horticultura intensiva, o êxito no controlo das doenças depende tanto da
exactidão como da rapidez com que realiza-se o diagnóstico, e são frequentes os casos em que
o fracasso é consequência de um diagnóstico incorrecto. Diagnosticar uma doença não é um
processo trivial, sendo que requer realizar levantamentos de campo e análises laboratoriais
(CEÑA et.al , 1992 ).
2.7. Principais doenças em horticolas
Doenças do feijão nhemba
a) Pústula bacteriana (Xanthomonas campestris)
Esta doença manifesta-se por aparecimento de pequenos pontos salientes, escuros e aguados,
na página inferior das folhas, que se transformam em pústulas. Na página superior aparecem
manchas necróticas castanho-escuras (Figura 1). As folhas seriamente afectadas secam e
caem. Nas variedades susceptíveis aqueles pontos alargam-se formando manchas mais ou
menos circulares. Esta doença espalha-se rapidamente durante o tempo chuvoso e pela rega
por aspersão. A bactéria é transmitida pela semente e recomenda-se o uso de semente de boa
qualidade (Segeren et al,1994).
162
Figura1. Sintomas de pústula bacteriana na folha de feijão nhemba
b) Mosaico dourado (Cowpea Golden Mosaic Vírus)
As folhas apresentam manchas grandes, amarelo-brilhantes. Em casos graves toda superfície
foliar fica amarelo-brilhante, folhas torcidas e enrugadas e as plantas raquíticas (figura 2).
Esta virose é apenas transmitida pela mosca-branca (Bemisia tabaci). Para o controlo deve-se
arrancar as plantas infectadas logo que verificarem-se os primeiros sintomas, remover outras
plantas hospedeiras, principalmente leguminosas, utilizar na plantação semente sã, por forma
a diminuir os focos de infecção, usar variedades resistentes e controlar o vector (Segeren et
al,1994).
Figura 2. Sintomas de mosaico dourado no feijão nhemba
163
Doenças de couve e repolho
a) Podridão negra (Xanthomonas campestris)
A doença caracteriza-se por amarelecimento das folhas, começando a partir das margens, em
forma de V com vértice voltado para o centro da folha (Figura 3) e as nervuras na área
clorótica tornam-se pretas. Num corte transversal do caule das plantas doentes, pode-se notar
a toda a volta um anel preto, logo abaixo da casca e no caso do repolho a cabeça também pode
ficar parcialmente descolorida. Nas folhas danificadas por insectos as manchas cloróticas
podem também aparecer no meio das folhas. A bactéria causadora desta doença sobrevive nos
restos culturais e nas sementes e é disseminada através da água de rega e da chuva, e das
plantas que vêm dos viveiros. Recomenda-se como método de controlo a rotação de culturas
durante cerca de 2 anos, evitar fazer a cultura nos períodos quentes e húmidos, e fazer
viveiros em solos não contaminados (Vicente, 2004).
Figura 3. Sintomas de podridão negra na folha da couve
b) Podridão mole (Erwinia carotovora )
Esta doença manifesta-se geralmente na fase final da cultura. Os tecidos afectados
transformam-se numa massa mole, viscosa, de cheiro nauseabundo, devido à presença de
microorganismos secundários. No caule, o anel vascular adquire uma coloração acastanhada.
A bactéria causadora desta doença tem capacidade de viver de material orgânico morto na
maioria dos solos, é facilmente disseminada por insectos.
A penetração da bactéria é sempre através de feridas de qualquer natureza e assim aparece por
vezes na sequência da podridão negra, do ataque da traça de couve, da broca de couve ou dos
afídios da couve. Recomenda-se como meios de protecção o uso de compasso largo, a rotação
164
de culturas, a incorporação de resíduos da cultura logo depois da colheita para acelerar a sua
decomposição, controlar outras doenças como a podridão negra assim como os insectos (Hill,
1990).
c) Mildio (Peronospora parasitica)
Inicialmente as folhas apresentam numerosas manchas muito pequenas de cor purpúrea. Em
condições de humidade estas manchas alargam-se, sendo amareladas na página superior das
folhas, seguido de uma necrose (Figura 4) e nas zonas correspondentes na página inferior
desenvolvem-se frutificações do fungo que no conjunto tem aspecto pulverulento de cor
branco-acizentada. Nas plantas crescidas o fungo manifesta-se em manchas amarelo-
pardacentes entre as nervuras principais. Para a protecção contra esta doença deve-se escolher
um local bem arejado para os viveiros, distante de outras crucíferas e isento de plantas
espontâneas hospedeiras e árvores (Segeren et al, 1994).
Figura 4. Sintomas de míldio na couve
Fonte: Segeren et al (1994)
Doença de alface
a) Septoriose (Septoria lactucae Pass)
Os sintomas desta doença nas folhas são manchas com contornos irregulares. O tecido
afectado, inicialmente com aspecto desidratado, torna-se pardacento, com numerosos pontos
de cor escura que são os corpos de frutificação do fungo. No limbo foliar aparecem lesões
necróticas que prejudicam o valor comercial do produto (Figura 5). A doença causa seca nas
165
folhas devido a coalescência de muitas manchas, resultando em danos na formação das
sementes. O fungo ataca principalmente as folhas, mas pode afectar também a haste e os
órgãos florais (Palma, 2004).
Fonte: Palma (2004)
Figura 5. Sintomas de septeriose na alface
Doença da cebola
a) Mancha arroxeada (Alternaria porri)
No princípio aparecem nas folhas manchas brancas, circulares ou irregulars. Estas manchas
em condições favoráveis aumentam de tamanho, tornando-se purpúreo-acastanhadas (Figura
6), com zonas concêntricas mais escuras, que correspondem às frutificações do fungo. As
folhas muito infectadas murcham e enrugam-se começando pelo ápice. os esporos e o micélio
deste fungo persistem nos restos culturais no solo e são disseminados pelo vento e pela chuva.
Para a protecção contra esta doença deve-se eliminar restos da cultura, fazer rotação de
culturas durante vários anos e escolher campos com boa drenagem ou região com pouca
chuva e não sujeita ao orvalho (Segeren, et al, 1994).
Figura 6. Sintomas de mancha arroxeada na cebola
166
Doenças de tomate
a) Mancha concêntrica (Alternaria solani )
Esta doença manifesta-se por aparecimento de lesões necróticas com 0,3-2 cm de cor
pardo-escura com zonas concêntricas, circulares e angulares nas folhas (figura 7), por
vezes com um halo clorótico nas folhas bem desenvolvidas. Lesões idênticas podem
aparecer nos frutos. No caule e nos pecíolos as lesões são alongadas, especialmente graves
quando ocorrem na junção do caule com os ramos, enfraquecendo os ramos que se podem
partir com o peso dos frutos. Os meios de protecção contra esta doença são: evitar fazer a
cultura em zonas baixas, fazer rotação de culturas e utilizar semente sã (Segeren et
al,1994).
Fonte: Correia (1991) Figura 7. Sintomas de mancha concentrica na folha de tomateiro
b) Míldio (Phytophthora infestans)
As folhas apresentam manchas aquosas, esverdeadas, que depois tornam-se castanhas ou
quase negras (Figura 8). Estas manchas desenvolvem-se rapidamente e as partes da planta
atacadas vão secando e enrolando. No caule, ramos e pecíolos formam-se manchas
escuras alongadas e nos frutos as manchas são aquosas, oliváceas e castanho-escuras,
deprimidas e irregulares. O fungo causador desta doença sobrevive nos restos das culturas
de tomate, batata e em plantas espontâneas da cultura anterior. Como meios de protecção
recomenda-se fazer rotação de culturas, plantar em lugar alto evitando má drenagem, usar
um compasso largo que permita um bom arejamento, arrancar e queimar as plantas
atacadas (Segeren et al,1994).
167
Figura 8. Sintomas de mildio no tomate
Doenças da abóbora
a) Oidio (Erysiphe cichoracearum)
No início do doença aparecem manchas pequenas mais ou menos redondas, com um
crescimento branco pulverulento na página inferior da folha e dos ramos tenros. Mais
tarde as manchas aparecem também na página superior das folhas e nos caules, acabando
por cobrir toda planta (Figura 9). À medida que o fungo desenvolve-se, a área afectada
amarelece e finalmente as folhas secam e morrem, começando pelas folhas mais velhas da
planta. Para a protecção contra esta doença deve-se destruir as cucurbitáceas espontâneas
em volta do campo (Segeren et al,1994).
Figura 9. Sintomas de oídio na folha da abóbora
168
b) Míldio (Pseudoperonospora cubensis)
Na página superior das folhas nota-se a presença de manchas pequenas poligonais,
amarelo-claras, limitadas pelas nervuras. Em condições de humidade, na página inferior
da folha estas manchas ficam cobertas por um pó cinzento-purpúreo. Se o ataque for
intenso, as folhas afectadas secam a partir das margens para dentro, iniciando-se sempre
pelas folhas mais velhas. Consequentemente o crescimento da planta afectada será
retardado. Para a protecção contra esta doença sugere-se o uso de variedades resistentes,
evitar fazer a cultura em época com períodos frequentemente sujeitos a orvalho, escolher
sítios altos não sujeitos a acumulação de ar frio e à má ventilação, usar um compasso o
mais largo possível (Segeren et al, 1994).
Doença da beterraba
c) Cercosporiose (Cercospora beticola Sacc )
A cercosporiose manifesta-se em forma de lesões circulares na folha, com esporulação no
centro apresentando inúmeros conídios longos, finos e hialinos. Com o progresso, o tecido
morto no centro da lesão cai, ficando um orifício (Figura 10). O combate à cercosporiose faz-
se com a aplicação de fungicidas específicos ou mistura dos produtos aplicando desde o
aparecimento dos primeiros sintomas até ao dia da colheita, mantendo as folhas sãs, rotação
de culturas e uso de variedades tolerantes (Rommel, 2007).
Fonte: Rommel (2007)
Figura 10. Sintomas de cercosporiose na folha da beterraba
169
III. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Caracterização geral do estudo Este trabalho foi concebido no âmbito do estudo da AU-PU de Maputo estabelecido pelo
CMM, em parceria com a ‘ESSOR’ e a UEM. O estudo foi realizado na época quente (entre
os meses de Outubro e Dezembro de 2008) nas zonas verdes de Maputo, especificamente no
vale de Infulene, ao redor dos bairros Luís Cabral, Jardim, Inhagoia, 25 de Junho, Bagamoio,
Benfica e Zimpeto, na cidade de Maputo.
O estudo teve 3 componentes, nomeadamente (1) entrevistas aos agricultores e levantamento
nos campos dos agricultores, (2) análises laboratoriais, realizadas no laboratório de
fitopatologia da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da UEM, e para
complementar fez-se (3) revisão bibliográfica. Para a recolha de dados no campo foi feita uma
amostragem para definir o número de associações a serem abrangidos pelo estudo, o número
de campos a serem seleccionados por associação e o número de plantas a observar por campo.
3.2. Levantamento de campo
a) Descrição da área de estudo O vale de Infulene estende-se por cerca de 16 km, e a sua largura é bastante variável,
oscilando entre 1500m na zona próxima da foz e 60m nas zonas mais a montante. A
inclinação é menor junto à foz e depois vai até 3m por km nas zonas à montante. O clima das
zonas verdes de Maputo caracteriza-se por possuir duas estações distintas, uma delas fresca e
seca que estende-se desde o mês de Maio até Setembro, com temperaturas médias diurnas e
nocturnas de 21 e 150C, e outra quente e chuvosa que estende-se de Outubro até Março. A
região apresenta uma evapotranspiração (ETP) maior que a precipitação (Chitio, 1995).
b) Amostragem
Para a recolha de dados inicialmente foi feita a definição da amostra, onde foi usado o método
proposto por Case (1990), que sugere 50 amostras para uma população maior ou igual a 500
indivíduos (anexo 4).
O vale do Infulene tem 2000 agricultores organizados em 12 associações como mostra a
tabela 1. Considerou-se como população o número total de agricultores e deste total foram
170
seleccionados, aleatoriamente 50 produtores. O número de agricultores seleccionados em cada
associação foi em função da proporção do número de agricultores da associação em relação
ao número total de agricultores. Por exemplo, a associação 25 de Setembro tem 160
agricultores que correspondem 8% em relação ao total, então desta associação foram
seleccionados 8% de 50 (tamanho da amostra), que é igual a 4. A tabela 1 apresenta também o
número de agricultores seleccionados por associação.
TABELA 1: Número de agricultores seleccionados em cada associação NO Nome da associação Número de
membros Número de membros
selecionados 1 25 de setembro 160 4 2 Alivio da pobreza 122 3 3 Sombra das enxadas 208 5 4 Augusto Chirrute 240 6 5 Luisa Diogo 330 8 6 Marcelina Chissano –
Bagamoio 270 7
7 Força do povo 160 4 8 Mata fome 50 1 9 Janet Mondlane 58 2 10 Josina Machel 132 3 11 Centro das mulheres 30 1 12 Marcelina Chissano –
Zimpeto 240 6
TOTAL 2000 50 FONTE: Concelho Municipal de Maputo (2008)
Para efeitos de recolha de dados sobre incidencia e severidade das doenças, subdividiu-se o
vale de Infulene em três zonas a referir, zona 1 - parte do vale que passa pelos bairros Luís
Cabral, Jardim e Inhagoia, zona 2 - parte do vale que passa pelos bairros 25 de Junho,
Bagamoyo e Benfica e a zona 3 - parte do vale que localiza-se no bairro de Zimpeto.
3.2.1. Culturas praticadas, sistema de produção e percepção dos agricultores sobre
doenças de plantas
Para obter a informação sobre as culturas praticadas, sistema de produção e o conhecimento
dos agricultores em relação às doenças, fez-se visitas aos agricultores associados nos seus
campos. No campo, fez-se a observação participante e identificação das culturas praticadas,
171
seguido de uma entrevista semi-estruturada aos proprietários dos campos que foram
selecionados para o levantamento, usando o guia de entrevista em anexo 1.
3.2.2. Levantamento das doenças nas culturas
Para cada agricultor foram observados campos cuja área é maior ou igual a 14 m2. Em cada
campo 20 plantas foram observadas percorrendo 2 transectos diagonais. Em cada diagonal
foram observadas 10 plantas, a distância percorrida para observar uma planta dependia do
tamanho do campo e da separação entre plantas. Em cada planta observada foram registados
os sintomas das doenças na ficha em anexo 3. Amostras de plantas com sintomas de doenças
foram colhidas para uma posterior identificação das doenças no laboratório.
a) Quantificação das doenças
A quantificação das doenças foi feita medindo a incidência da doença (anexo 2) e a
severidade (anexo 3) em cada cultura. A Incidência foi calculada com base na seguinte
expressão matemática:
I = [(total de plantas com sintomas) / (total de plantas observadas)] * 100
A avaliação da severidade foi feita medindo os sintomas causados pelo patógeno na planta,
através de escalas qualitativas (percentagem da planta com sintomas) e através de medições
quantitativas do sintoma usando escalas pre-determinadas em função do sintoma causado pela
doença. Foi anotado, separadamente para cada doença, o nível de ataque, segundo uma escala
de 5 classes (anexo 3). Para calcular a severidade foi usada a seguinte expressão matemática:
S(escala) ={[ Σ(classe * frequência)] / [total de plantas observadas]}*100/n
Onde: n é o valor máximo da escala.
b) Análise laboratorial
Amostras de plantas com sintomas de doencas, cuja identificação no campo era dificil foram
colhidas em cartuchos, etiquetadas e levadas para o laboratório de Fitopatologia da Faculdade
de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF). No laboratório fez-se a identificação das
doenças com auxilio dos técnicos de laboratório.
172
3.2.3. Procedimentos para recomendar métodos e estrategias de controlo das doenças
Para recomendar-se os métodos e estratégias de controlo das doenças, em primeiro lugar fez-
se a recolha de informação junto aos agricultores, usando o guia de entrevista em anexo 1,
sobre a sua percepção em relação as doenças, as práticas culturais realizadas pelos
agricultores, as técnicas e métodos de controlo em uso. Através dos dados obtidos no
inquérito, em combinação com a informação sobre controlo de doenças de plantas descritos
na literatura, fez-se a recomendação dos métodos e estratégias de controlo de doenças para os
agricultores do Infulene.
3.3. Análise de dados
Os dados obtidos foram organizados e analisados no programa Excel. Para a comparação dos
parâmetros em estudo, foram usadas medidas de tendência central ou de posicão como a
média e em alguns casos a frequência. Serviu-se do Excel para a construção dos gráficos
apresentados neste trabalho.
173
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Principais culturas praticadas e sistema de produção no vale de Infulene
4.1.1. Principais culturas praticadas no vale de Infulene A maioria dos 50 agricultores do vale do Infulene inquiridos no presente estudo praticam
várias culturas, essencialmente hortícolas. As principais culturas praticadas e presentes no
campo no periodo em que decorreu o estudo estão apresentadas na tabela 2.
Tabela 2: Principais culturas praticadas no vale do Infulene
*Zona1 :
Parte do vale de Infulene localizado nos bairros Luis Cabral, Jardim e Inhagoia Zona 2: Parte do vale de Infulene localizado nos bairros 25 de Junho, Bagamoio e Benfica Zona 3: Parte do vale de Infulene localizado no bairro de Zimpeto
Além das culturas presentes no campo (tabela 2) os agricultores do vale de Infulene referiram-
se a outras culturas que praticam, embora não presentes no campo no periodo de estudo,
nomeadamente: alho, cenoura, batata doce, pepino, pimento, feijão vulgar, espinafre. Os
agricultores apontaram para o roubo como um desincentivo para a produção destas culturas.
Culturas praticadas Frequencia
Nome vulgar
Nome científico
No de parcelas
observadas Zona 1* Zona 2* Zona 3*
Couve Brassica oleracea L. 50 100 100 100
Alface Lactuca sativa 50 100 87 76
Repolho Brassica
oleracea var. Capitata
50 80 71 66
Abóbora Cucurbita spp. 50 49 60 66
Beteraba Beta vulgaris L. 50 67 54 52
Feijão nhemba
vigna unguiculata 50 35 40 45
Cebola Allium cepa 50 36 37 34
Tomate Lycopersicon esculentum 50 22 18 13
174
A couve e alface são as principais culturas praticadas no vale de Infulene, visto que quase
todos agricultores desta zona praticam estas culturas. No campo, constatou-se ainda que,
acima de 50% da área cultivada por cada agricultor é ocupada por estas culturas e tem como
principal finalidade a comercialização. A seguir a estas duas culturas cultiva-se o repolho e a
beterraba, e com a mesma finalidade. As restantes culturas mencionadas são praticadas com a
finalidade de consumo.
4.1.2. Sistema de produção no vale de Infulene
Os resultados obtidos atraves do inquerito revelaram que dos 50 agricultores inquiridos, 100%
não controla as doenças, prepara o solo manualmente, utiliza adubos e rega atraves de um
regador manual. Mais de 80% utiliza adubos organicos e minerais, e pesticidas como
metamidofos e cypermethrin, direccionados somente ao controlo de pragas, e tambem
incorpora os restos culturais no solo. Apenas 8% tem conhecimentos sobre o uso devido dos
pesticidas. Destes, apenas 4% faz a aquisição dos pesticidas na loja, os restantes compram
nos vendedores ambulantes. Todos 50 agricultores inquiridos não fazem rotação de culturas
(Figura 11)
175
Sistema de produção do vale de Infulene
100
98
83
85
100
0
84
16
100
87
8
8
8
4
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Preparação do solo manual
Utiliza adubos
Utiliza adubo mineral
Utiliza adubos organico
Faz rega usando regador manual
Faz rotação de culturas
Incorpora os restos culturais no solo
Queima os restos culturais
Não controla as doenças
usa pesticidas
Tem formação para aplicar pesticidas
Observa as dosagens
Observa os intervalos de sgurança
Adquire os pesticidas so na loja
Faz rotação de pesticidas
Prat
icas
Frequencia (%)
Figura11. Sistema de produção no vale de Infulene
4.1.3. Principais constrangimentos a produção de horticolas no vale de Infulene
Existem varios constrngimentos enfrentados pelos agricultores do vale de Infulene no
orocesso de produção de horticolas, dos quais pode-se mencionar a falta de fundos para
promover a utilização de alfaias agrícolas mecânicas, má qualidade da agua de rega. A
176
ocorrência de pragas e doenças constitui um dos maiores constrangimentos a produção das
horticolas no vale de Infulene.
4.2. Percepção dos agricultores sobre a situação fitossanitária das suas culturas
Os resultados (Figura 12) mostram que a maior parte dos 50 agricultores inquiridos, 90%,
não possui conhecimento sobre as doenças das suas culturas, referindo-se a traça da
couve(Plutella xylostela) como o causador de todos problemas nas culturas, somente 10%
sabem distinguir sintomas de doenças, de outros problemas que ocorrem em suas culturas. Os
resultados mostram tambem que, 33% dos inquiridos confundem sintomas de podridão negra
com deficiência de nutrientes e apenas 12% conseguem perceber que o oídio na abóbora não é
provocado pela traça da couve, mas mesmo assim não conhecem a causa do seu
aparecimento.
Figura12. Percepção dos agricultores sobre a situação fitossanitaria
4.3. Principais doenças nas culturas encontradas no campo
As principais doenças que ocorrem nas culturas encontradas em campo no vale de Infulene no
período da realização deste estudo estão apresentadas na tabela 3. As culturas que
apresentaram maior numero de doencças são a couve e o repolho, com míldio e podridões
negra e mole.
Tabela 3. Principais doenças encontradas nas culturas do vale de Infulene
Percepção dos agricultores sobre a situação fitossanitaria
0 20 40 60 80 100
Conhecem sintomas de doenças
Não tem conhecimento sobre doenças
Confudem sintomas de podridão negracom defice de nutrientes
Sabem que o oidio não e provocadopor traça da couve
Frequencia(%)
177
Cultura Doença Agente causador
Pústula bacteriana Xanthomonas campestris Feijão nhemba Mosaico dourado Cowpea Golden Mosaic VírusMildio Pseudoperonospora cubensis Abóbora Oídio Erysiphe cichoracearum Podridão negra Xanthomonas campestris Podridão mole Erwinia carotovora
Couve e repolho
Míldio Peronospora parasitica Alface Septoriose Septoria lactucae Pass Cebola Mancha arroxeada Alternaria porri Beteraba Cercosporiose Cercospora beticola Sacc
Mancha concêntrica Alternaria solani Tomate Míldio Phytophthora infestans
4.3.1. Incidência e severidade das doenças no vale de Infulene
A incidência e severidade das doenças para a couve, repolho, alface, feijão nhemba e abóbora,
estão apresentados na tabela 4. Todavia nas culturas de cebola, beterraba e tomate não
determinou-se a incidência e a severidade das doenças que nelas ocorriam, devido ao facto de
que alem de densidades de cultivo muito baixas, as mesmas não eram praticadas em parcelas
exclusivas, estando misturadas umas as outras sem seguir nenhum padrão de disposição,
tornando difícil a sua amostragem.
178
Tabela 4. Incidencia e severidade das doenças encontradas no vale de Infulene *Zona1 : Parte do vale de Infulene localizado nos bairros Luis Cabral, Jardim e Inhagoia
Zona 2: Parte do vale de Infulene localizado nos bairros 25 de Junho, Bagamoio e Benfica Zona 3: Parte do vale de Infulene localizado no bairro de Zimpeto
Zona Cultura Doença Incidencia(%) Severidade(%)Podridão negra 42,5 17,5 Podridão mole 22 7,75 Couve
Míldio 11 5,25 Podridão negra 19 7 Podridão mole 8,75 2,19 Repolho
Míldio 11,25 3,44 alface Septoriose 11,25 4,06
Pústula bacteriana
17,5 10,63 Feijão nhemba Mosaico dourado 19 7,5
Oídio 25,83 9,58
Zona 1*
Abobora Míldio 7 3,5
Podridão negra 40 16,9 Podridão mole 17,5 5,63 Couve
Míldio 10 3,13 Podridão negra 18,33 6,04 Podridão mole 4 1 Repolho
Míldio 6,67 2,29 alface Septoriose 11 4
Pústula bacteriana
15,83 8,13 Feijão nhemba Mosaico dourado 15,83 6,25
Oídio 20 2,5
Zona 2*
Abobora Míldio 6,25 2,19
Podridão negra 17 6,75 Podridão mole 10 3,13 Couve
Míldio 8,75 2,5 Podridão negra 17,5 7,19 Podridão mole 2,5 0,63 Repolho
Míldio 2 0,5 alface Septoriose 10 3,33
Pústula bacteriana
15 7 Feijão nhemba Mosaico dourado 11,25 5,31
Oídio 18 7,25
Zona 3*
Abobora Míldio 5 2,29
179
Segundo Moraes (2007), a incidência das doenças foliares pode não reflectir a severidade da
doença no campo, pois um certo campo pode apresentar todas plantas infectadas mas a
percentagem da área infectada ser muito menor, causando pouco dano. Os resultados
apresentados nos graficos acima mostram haver uma tendência de plantas com maior
incidência apresentarem também maior severidade e vice-versa.
Segundo a escala de classificação usada neste estudo quase todas as doenças encontradas no
vale de Infulene apresentaram baixa severidade. Apenas a podridão negra na couve
apresentou severidade moderarada nas zonas 1 e 2. O periodo da realização do estudo pode
ser considerado como sendo um dos principais factores que contribuiu para a severidade baixa
encontrada, pois este periodo não é apropriado para o cultivo de horticolas, o que causou a
não sincronização entre o ciclo das culturas e o ciclo dos patogenos.
A podridão negra registou os niveis mais altos de incidencia e severidade na couve e repolho,
relativamente a podridão mole e mildio nas mesmas culturas. Este resultado esta de acordo
com os obtidos por Vicente (2004), que mostraram que a podridão negra das crucíferas
causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. campestris, é a doença mais importante
das crucíferas a nível mundial, especialmente no género Brassicae na época quente, em
condições de alta humidade (estação chuvosa) na África tropical, e constitui uma ameaça
constante para estas culturas. Portanto esta doença merece uma atenção especial por parte dos
agricultores do vale de Infulene.
4.4. Métodos de controlo das doenças usados pelos agricultores do vale do Infulene e
suas fragilidades
Como cerca de 90% dos agricultores do vale de Infulene não conhecem as doenças que
ocorrem em suas culturas, não indicaram nenhum método como sendo de controlo das
doenças, isto é, nenhum método de controlo das doenças é aplicado, mesmo pelos 10% que
revelaram ter algum conhecimento. Os químicos usados tem como objectivo principal o
controlo da traça da couve (Plutella Xylostella) embora pensa-se que possa vir a controlar
outros problemas.
180
Para o caso de alguns agricultores (33%), que confundiam sintomas de podridão negra com
carência de nutrientes na planta, um pequeno esforço era empreendido para solucionar o
problema, aplicando o adubo inorgânico NPK.
A falta de conhecimento das doenças das plantas pode considerar-se um dos maiores factores
que contribuem para os níveis altos de incidência das doenças encontrados, visto não existir
uma preocupação para o controle das mesmas.
Para todos agricultores do vale de Infulene, 100% de 50 inquiridos, não é habitual
implementar práticas culturais importantes no controlo das doenças, como por exemplo a
rotação de culturas, e segundo os mesmos, só praticam a rotação de culturas nos seguintes
casos:
• Quando há carência de sementes para produzir a cultura pretendida;
• Quando há surtos de cólera na cidade de Maputo, trocando o alface por outra cultura;
• Quando a cultura pretendida não tem aceitação no mercado numa determinada altura
do ano;
• Quando ocorre um ataque severo duma praga ou doença numa determinada cultura;
Assim, pode-se afirmar que, os agricultores não fazem rotação de culturas porque não seguem
nenhuma sequência lógica nem sistematizada para trocar uma cultura por outra. É importante
referir que a cultura de couve é praticada todo o ano devido a sua aceitação e disponibilidade
de mercado em qualquer altura do ano. Portanto o cultivo contínuo da couve ao longo do ano
considera-se como uma das causas dos níveis elevados de doenças encontrados, uma vez que
não se quebra o ciclo das doenças.
Em relação a aplicação dos pesticidas, estes são unicamente dirigidos ao controle de pragas e
não de doenças. No momento em que identifica-se uma determinada praga a maioria dos
agricultores opta por aplicar o pesticida disponível para tal efeito e caso não consiga reduzir o
impacto da praga, estes reduzem o intervalo de aplicação do agroquímico. Caso a redução do
intervalo de aplicação não traga resultados satisfatórios, uma re-sementeira é feita e continua-
se a aplicar o mesmo pesticida para controlar a praga em causa. Para a escolha de um
181
determinado pesticida a aplicar, os agricultores geralmente trocam experiências entre si, ou
seguem as recomendações dos extensionistas.
As dosagens são controladas usando tampa dos frascos que contêm o pesticida em causa,
colher de sopa (para pesticidas em pó) ou proveta do próprio pulverizador. Para todos
agricultores que aplicam pesticidas, o Metamidofos é o principal quimico para o controlo de
pragas em todas culturas. Embora também usar-se com pouca frequência o cypermethrin, a
aplicação de um ou outro pesticida depende da disponibilidade financeira do agricultor,
influenciada pelo preço do produto e da disponibilidade do mesmo no mercado local.
4.5. Métodos de controlo que se adequam à situação dos agricultores do vale de Infulene.
De acordo com os dados obtidos ataraves do inquérito mais de 80% dos agricultores usam
pesticidas, embora seja para o controlo da traça-da-couve e não para doenças. Este facto
revela sua capacidade de obtenção de pesticidas, pelo que recomenda-se o uso de pesticidas.
Para o controlo de mildio na couve e repolho pode usar-se o hidróxido de cobre e maconzebe,
para o controlo do mildio na abobora pode usar-se maconzebe e para o controlo do oidio na
abobora pode usar-se benomil, enxofre ou quinometionato.
Para além do uso de pesticidas, alguns dos métodos de controle que devem ser implementados
pelos agricultores deste local incluem:
• a destruição de restos culturais: uma vez feita a colheita os restos da cultura devem
ser retirados do campo e destruídos para que não sejam uma fonte de inóculo das
doenças.
• não incorporação dos restos culturais no solo: os restos da cultura que apresentam
sintomas de doença não devem ser incorporados no solo, visto que estes podem estar
infectados por patógenos que tenham capacidade de sobreviver no solo até a
campanha seguinte.
• eliminação de plantas atacadas ou partes destas: as plantas atacadas devem ser
eliminadas do campo e destruídas para evitar que a doença se alastre de planta para
planta e finalmente se manifeste em todo campo.
• rotação de culturas, evitando plantar, em anos consecutivos, culturas da mesma
familia na mesma parcela.
182
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões Os agricultores do vale de Infulene praticam várias culturas, na sua maioria hortícolas de
folhas destinadas a comercialização, apesar de servirem tambem para a comercialização. As
mais importantes são a couve, o alface, seguidos de repolho e beterraba.
Com base nos dados do inquerito 90% dos agricultores do vale de Infulene revelaram não ter
conhecimentos sobre as doenças que ocorrem nas suas culturas, confundindo sintomas de
doenças com sintomas de ataque por pragas.
As doenças encontradas nas culturas em campo são podridão negra, podridão mole e míldio
(na couve e repolho), septoriose (no alface), pústula bacteriana e mosaico dourado (no feijão
nhemba), oídio e míldio (na abóbora).
As doenças encontradas no vale de Infulene, duma forma geral apresentaram baixa
severidade. A doença que mostrou ser relativamente mais severa naquele local de produção é
a podridão negra das crucíferas, com uma severidade média de 13,75% na couve e 6,67% no
repolho. Depois desta seguem a pústula bacteriana, no feijão nhemba e o oidio, na abóbora,
com severidades de 8,42% e 6,92%, respectivamente.
Os agricultores do vale de Infulene não controlam as doenças, devido ao pouco
conhecimento que possuem sobre elas e os seus métodos de controlo. Contudo tem a
capacidade de implementar os metodos de controlo culturais assim como o controlo químico.
Recomenda-se o uso de maneio integrado de doenças através da combinação dos pesticidas e
praticas culturas algumas ja implementadas embora o objectivo não seja de controlar doenças
183
5.2. Recomendações • Aos investigadores
Recomenda-se um estudo similar no mesmo local, na época fresca para o levantamento das
doenças que ocorrem neste período pois, para alem de ser propicio para o cultivo das
horticolas, algumas doenças que ocorrem na época fresca podem não ocorrer na época quente,
e vice-versa.
• Aos extensionistas locais
Recomenda-se que divulguem mais informações sobre as doenças, seus agentes causadores e
seus sintomas, assim como os métodos de controlo em particular o maneio integrado de
doenças de plantas.
• Aos agricultores
Recomenda-se que implementem o maneio integrado de doenças de plantas através da
combinação de produtos químicos e práticas culturais que contribuem para o controle das
doenças, tais como rotação de culturas eliminação de plantas vivas doentes (roguing),
eliminação ou queima de restos culturais. Que tenham iniciativas de buscar informações sobre
como solucionar os seus problemas, principalmente no que diz respeito às doenças.
184
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Agrios, G. N. (2005); Plant pathology; fifth edition;
2. Case, D. D. (1990); The community toolbox: the idea, methods and tools for
participatory assessment, monitoring and evaluation in community forestry field.
Manual 2. FAO, Rome
3. CEÑA, F.; Kuhar, C. (1992); Nueva horticultura; Universidade Hispanoamericana
Santa Maria de La Rabida; Ediciones Mundi-pensa; España, Madred.
4. Chitio, F. M. (1995); Avaliação da importância de pragas e doenças de couve e
seus inimigos naturais no vale de Infulene, cidade de Maputo.
5. Conselho Municipal de Maputo( 2008 ), Termos de referencia para um estudo da
Agricultura Urbana e Peri-Urbana da cidade de Maputo, Pelouro das Actividades
economicas, programa DAUS.
6. Correia, L. G. (1991); Horta doméstica e comunitária; Belo horizonte: EAMATER-
MG. 48p.il.
7. Hill, D. S.; Waller, J. M. (1990); Pests and diseases of tropical crops; Longman
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8. Intenational Agricultural Centre, 1991; 20th International course on plant
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9. MORAES, S.A.(2007) ; Quantificação de doenças de plantas. Artigo em
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http://www.infobibos.com/Artigos/2007_1/doencas/index.htm. Acesso em:
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10. Palma, J. (2004); Doenças/problemas de alface (Lactuca sativa L.); Itapuã/Viamão,
RS, Brasil
11. Rommel, C. C.(2007); chaves para controlar a cercosporiose na beterraba de
Sementeira outonal; Brochier, RS, Brasil.
12. Segeren, P.; Oever, R. e Compton, J. (1994); Pragas, Doenças e Ervas Daninhas nas
Principais Culturas Alimentares em Moçambique; INIA; Ministério de
Agricultura; Maputo; 258pp.
13. Uzo, J. O., 1998; Introduction to tropical Agriculture.
185
14. Vicente, J. G. (2004); A Podridão Negra das Cruciferas; editor: Gonçalo Lopes;
Ediácão: COTHN Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola; Alcobaça-
Portugal.
Capitulo 4. A comercalização agricola nas zonas verdes da cidade de Maputo
186
Resumo
Este trabalho analisa a cadeia de comercialização agrícola nas zonas verdes da cidade de
Maputo. O conhecimento da cadeia de comercialização agrícola é importante na contribuição
para o alcance da segurança alimentar e desenvolvimento urbano de Maputo. Os dados usados
neste estudo foram colhidos com base num questionário semi-estruturado. Os resultados
mostram que as principais culturas produzidas são a couve, o repolho, o alface e a cenoura
com rendimentos estimados em 19.09, 69.25, 17.44 e 17.1 ton/há, respectivamente. Os
resultados mostram também que há uma fraca coordenação entre os intervenientes da cadeia
de comercialização e que a produtividade das hortícolas não é determinada pelo tamanho do
agregado familiar, tamanho da área cultivada, quantidade de pesticida usada e nem pela
quantidade de adubo usado, sendo esta determinada pelas sementes usadas, praticas culturais
e o tipo de solo.
187
I. INTRODUÇÃO
A Agricultura em Moçambique é predominantemente rural e de subsistência, contudo as
Zonas Verdes da Cidade de Maputo tem se mostrado atractivas para a prática da horticultura e
são uma das principais fontes de abastecimento de hortícolas vendidas nos mercados da
cidade.
Dado que a Agricultura Urbana (AU) é importante como fonte de alimento e de emprego,
portanto ela é um dos importantes determinantes da segurança alimentar e nutricional dos
habitantes das cidades (Machado, 2002), por isso a prática da agricultura sustentável pode
contribuir substancialmente para a melhoria das condições de vida dos produtores agrícolas
das zonas verdes em particular e da cidade de Maputo em geral.
1.1 Problema e Justificação Moçambique tem cerca de 20.5 milhões de habitantes (INE, 2007), 54% dos quais são pobres
(MPD, 2003). “A pobreza é a impossibilidade por incapacidade ou por falta de oportunidade
de indivíduos, famílias e comunidade de terem acesso as condições mínimas, segundo as
normas básicas da sociedade (PARPA II, 2006)”. De acordo com o Ministério de
Planificação e Desenvolvimento (MPD, 2003) a agricultura constitui principal objecto para
erradicação da pobreza em Moçambique, sabido que cerca de 80% da população
moçambicana vive da agricultura que pode ser rural ou urbana e a erradicação da pobreza é
um dos principais e primeiro objectivo do milénio.
Segundo o INE (2007), cerca de 1099 102 habitantes em Moçambique vivem na Cidade de
Maputo onde a pobreza ainda persiste, tendo a sua incidência aumentado de 47.8 % em
1996/07 (IAF, 1997) para 53.6% em 2002/03 (IAF, 2003, MPD, 2003). As Zonas Verdes
podem contribuir para reduzir a pobreza das famílias que a praticam e de outros intervenientes
da cadeia de comercialização dos produtos agrícolas.
Segundo Dubbeling (2001), o potencial da AU de contribuir para a redução da pobreza só
pode ser realizado quando ela não é marginalizada durante o planeamento de uso dos espaços
188
urbanos e a planificação informada do uso dos espaços das zonas verdes requerem um
conhecimento dos principais autores de produção e comercialização do mercado de hortícolas.
1.2. Objectivos 1.2.1 Objectivo Geral
O presente estudo analisa a cadeia de comercialização agrícola nas zonas verdes da
cidade de Maputo como forma de contribuir para a o alcance da segurança alimentar e
desenvolvimento urbano de Maputo.
1.2.2 Objectivos Específicos
Identificar e descrever os diferentes autores na produção e comercialização dos
produtos agrícolas nas Zonas Verdes da Cidade de Maputo;
Estimar o rendimento esperado para as culturas do Repolho, Couve, Alface e Cenoura
nas Zonas Verdes da Cidade de Maputo;
Identificar os determinantes de produtividade agrícola das hortícolas nas Zonas Verdes
da Cidade de Maputo.
189
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Conceitos
As definições de cadeia produtiva propostas pela literatura são bastante vastas. Deste modo, o
trabalho ilustra alguns conceitos tirados da literatura sobre cadeias de comercialização:
De acordo com Castro et al. (1996), citado por Hoeflich (2000), cadeia de comercialização é
um conjunto de componentes interactivos, compreendendo os sistemas produtivos agro-
pecuários e agro-florestais, fornecedores de serviços e insumos, indústrias de processamento e
transformação, distribuição e comercialização, além de consumidores finais de produtos e
subprodutos da cadeia.
Cadeia de comercialização é definida também como sendo um conjunto de elementos,
empresas ou sistemas que interagem em um processo produtivo para a oferta de produtos ou
serviços ao mercado consumidor (César da Silva, 2006).
Burnquist et al (1994) citados por Nielki (2002) enfatizam que o estudo de uma cadeia de
comercialização comporta dois aspectos fundamentais:
• Sua identificação (produtos, itinerários, agentes, operação);
• A análise dos mecanismos de regulação (estrutura e funcionamento dos mercados,
intervenção do Estado, planificação).
Os pequenos proprietários em África tem custos de transacção elevados no processo de
produção e de comercialização dos produtos agrícolas devido a natureza dos seus produtos e o
ambiente em que elas operam (Lyne, 1996, Delgado, 1999).
North (1990) define custos de transacção como custos envolvidos em trocas ou comércio
(exemplos: custos de marketing), custos intangíveis (como procura de parceiros), contratos de
monitoria e execução. Além disso, transporte, processamento, armazenamento os seus custos
devem ser incluídos nos custos de transacção para caso dos países da África Sub-Sahariana
(Delgado, 1997).
190
Geralmente os custos de transacção podem ser subdivididos em implícitos e explícitos. Os
custos de transacção explícitos incluem os custos de transporte como a taxa paga ao on bus
enquanto que custos de transacção implícitos incluem os custos de oportunidade gastos na
procura de parceiros de comercialização, na espera do comprador entre outros. Os custos
implícitos são geralmente mas altos, e a extensão ou complexidade destes custos depende
fortemente do grau de organização do mercado e o desenvolvimento da infra-estrutura física e
institucional (Gonzalez-Vega, 1993). Os custos de transacção variam de acordo com o tipo de
produtos, tipo de agente de comercialização e tipo de unidade produtiva envolvida. As
transacções ocorrem em condições complexas e são estruturadas por factores ideológicos e
sociais como o género.
Segundo North (1990), instituições são leis formais e convenções informais que influenciam
os custos de transacção e amoldam os benefícios oferecidos pela troca e comercialização dos
produtos.
2.2 Origem e Conceito de Agricultura Urbana.
A expressão “agricultura urbana”, ou “agricultura intra e peri-urbana”, usada originalmente
apenas nos meios académicos e ocasionalmente pelos meios de comunicação, agora vêm
sendo adoptadas amplamente (Smith et al, 1996; FAO, 1996; COAG/FAO, 1999). Essa
popularização torna ainda mais importante que se defina e se especifique melhor o conceito,
pois, somente com maior coerência interna e funcionalidade externa ele poderá tornar-se uma
ferramenta útil e específica que poderemos compreender e utilizar.
De acordo com Mougeot (1999) as definições mais usuais da agricultura urbana se baseiam
nos seguintes determinantes:
• Tipos de área onde ela é praticada;
• Sua escala e sistema de produção;
• As categorias e subcategorias de produtos alimentares e não alimentares;
• A destinação dos produtos bem como a sua comercialização;
191
Muitas das definições usuais do que vem a ser a agricultura urbana desprezam uma
característica crítica que a faz ser realmente "urbana". A agricultura urbana é diferente da
agricultura rural (e complementar a ela) justamente por que ela está integrada no sistema
económico e ecológico urbano. A não ser que essa dimensão seja melhor compreendida e
tornada operacional, o conceito continuará sendo pouco útil nos "fronts" científico,
tecnológico e política (Mougeot, 1994).
As palavras “agricultura” e “urbano” sempre significaram coisas opostas. No entanto, nos
últimos anos começou-se a ouvir a expressão “agricultura urbana”. A expressão é
reconhecida pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação) e refere-se a
pequenas áreas situadas dentro de uma cidade e destinadas a cultivos e criação de pequenos
animais (de acordo com a legislação de cada país), para consumo próprio ou para venda em
mercados locais (Cavassa e Júnior, 2007).
De acordo com Machado e Machado (2002) a definição de agricultura urbana refere-se à
localização dos espaços dentro e ao redor das cidades ou áreas urbanas. A área interurbana
refere-se a todos os espaços dentro das cidades que podem ter algum tipo de actividade
agrícola. Podem ser áreas individuais ou colectivas ou ainda áreas públicas dentro e entre
os contornos das cidades, incluindo as vias públicas, praças, parques e áreas ociosas como
lotes e terrenos baldios. A área peri-urbana é mais complexa quanto à definição de sua
localização. Deve estar próxima à cidade, mas o limite pode variar de 10 a 90 km,
dependendo do desenvolvimento da infra-estrutura de estradas e dos custos de transporte.
A agricultura peri-urbana por sua vizinhança com as áreas rurais interfere nas mudanças da
agricultura, de forma geral e pode combinar o trabalho rural com o não rural, o que, em
determinado momento pode ser uma vantagem. Muitas áreas que há pouco tempo eram
consideradas rurais, hoje são áreas de agricultura peri-urbana.
Na verdade pode-se falar em várias agriculturas que ocorrem dentro do perímetro urbano, e
que se diferenciam pelo tamanho de exploração (desde propriedades médias nas periferias
das cidades até plantios em vasos nos jardins caseiros), com objectivo de fazer-se produção
comercial, a complementação de renda, reinserção social, resgate e preservação cultural,
actividade de lazer, busca por alimentos mais sadios, entre outros, com origem em
actividades espontâneas de agricultores, projectos privados ou governamentais, etc.
192
2.2.1 Importância da Agricultura Urbana
Entre as principais contribuições da agricultura urbana, podemos destacar três áreas
fundamentais: bem-estar, meio ambiente e economia. O aumento da segurança alimentar, a
melhoria da nutrição e da saúde humana nas comunidades carentes e o ambiente mais
limpo, reduzindo os surtos de doenças que estão relacionados ao bem-estar da população
(Machado e Machado, 2002).
Em relação ao meio ambiente, destacam-se a conservação dos recursos naturais, a
amenização do impacto ambiental decorrente da ocupação humana e a grande acção nas
comunidades, buscando a sustentabilidade. O incremento da reutilização e reciclagem de
resíduos é também de grande importância. Em relação à economia, ressaltam-se o aumento
na geração de empregos e o incentivo aos jovens, adultos e idosos com possibilidades de
trabalho desvinculadas daqueles marginais, que muitas vezes geram insegurança e
violência. Os trabalhos na agricultura urbana fortalecem a base económica, diminuem a
pobreza e fomentam o empreendimento, gerando trabalho para mulheres e outros grupos
marginalizados (Machado e Machado, 2002).
Nas regiões do mundo caracterizadas pelo colapso económico, tais como a África Oriental e a
Meridional, a última década testemunhou um impressionante aumento das áreas urbanas
dedicadas à produção informal de alimentos. Paralelamente, aumentou de modo inédito a
atenção mundial voltada para o tema da agricultura urbana (Bakker et al, 2000; Mbiba, 2001).
Entretanto, o panorama global revela que o reconhecimento formal e a integração da AU no
planeamento urbano e no desenvolvimento das cidades mudaram muito pouco, excepto talvez
pela redução no número de intervenções proibitivas ou directamente contrárias à agricultura
urbana.
Em muitas partes do mundo contribuem de forma significativa para a segurança alimentar das
populações periféricas. A produção urbana de alimentos é muito importante na China, foi
fundamental para a sobrevivência de Cuba após o fim da URSS e está se ampliando nas
periferias das grandes cidades de toda América, inclusive nos Estados Unidos (Cavassa e
Júnior, 2007).
193
A iniciativa, muitas vezes parte de organizações não governamentais ou instituições públicas,
que procuram organizar populações carentes e incentivá-las a implantar hortas, em geral
comunitárias, com objectivo de assegurar o auto - abastecimento ou a geração de renda
através da comercialização. Estas iniciativas têm alcançado diferentes graus de sucesso,
alguns positivos, outras são abandonadas quando termina o estímulo externo.
2.3. Alguns Casos Concretos de Implementação da Agricultura Urbana.
Até a primeira metade do século XX, as zonas rurais da América Latina e do Caribe (ALC
concentravam os maiores níveis de pobreza. Entretanto, com o passar dos anos, os pobres
migraram para as cidades buscando mais renda e melhor qualidade de vida. Nos últimos anos a
taxa de urbanização das cidades da América Latina cresceu aceleradamente, e, pela primeira
vez na História, há mais pobres urbanos do que rurais. Entre as estratégias empregadas pela
população urbana mais pobre e pelos governos locais encontra-se a agricultura urbana e a
conservação da biodiversidade (Santandreu et al, 2003).
Qualquer ameaça à produção agrícola na Índia é motivo de grande preocupação. Na Índia, a
agricultura representa um pouco mais de 25% do PIB e cerca de 80% da população depende da
agricultura como modo de vida. Entretanto, muitos consideram a segurança alimentar um luxo e
80% da população urbanizada gasta 70% ou mais de seus rendimentos com a compra de
alimentos (Mougeot, 1994). Apesar de a atenção estar focalizada na área rural, a agricultura
urbana faz uma importante contribuição para atender a crescente demanda urbana de alimentos,
particularmente de oferta de produtos perecíveis, e constitui importante fonte de segurança
alimentar, renda e emprego para os pobres.
Segundo um estudo realizado na Universidade de Botswana por A. C. Mosha (s/d) para o
IDRG, PGU-ALC e ONU - Habitat intitulado “ Focando o crédito na agricultura urbana em
Gaborone, Botswana” alega que embora a pobreza no Botswana seja predominantemente
rural a taxa de urbanização (8,4% por ano) é a maior da África. A migração rural levou à
preocupação crescente quanto às mudanças sociais e físicas que estão a ocorrer nas áreas
urbanas. Uma das redes de segurança social adoptada pelos pobres tem sido a agricultura
194
urbana, tanto como forma de sobrevivência quanto de complementação dos baixos
rendimentos, embora também exista quem a pratica em escala comercial.
No mesmo estudo realizado por A. C. Mosha (s/d) conclui-se que cada vez mais pessoas estão
se engajando nas práticas da agricultura urbana, criando ocupação produtiva, melhorando sua
nutrição, gerando renda e reduzindo a pobreza. Existe a necessidade de intervenções de
políticas públicas para melhorar o acesso a fontes de financiamento específicas para a
agricultura urbana, especialmente para os pobres, além de criar e aumentar linhas de crédito
específicas para o sector. E recomenda-se no mesmo estudo que o governo central deve
focalizar os produtores mais comprometidos com a actividade.
No mesmo estudo realizado por A. C. Mocha recomenda-se que Sistemas flexíveis e de apoio
ao crédito devem ser implementados para oferecer aos produtores, especialmente aos de menor
escala, várias opções de crédito e informações metodológicas para que possam desenvolver seus
empreendimentos, inclusive fornecendo treinamento relativo ao controle contabilístico, gestão e
comercialização. Os governos nacionais e locais, o sector privado e as ONG’s devem fornecer,
aos agricultores, apoio na comercialização de seus produtos por meio, por exemplo, da criação
de mercados que liguem directamente produtores e consumidores.
Com um baixo nível de produtividade agrícola e com taxas altas de pobreza, a insegurança
alimentar é um espectro constante para uma porção substancial da população de Moçambique:
64 por cento de todos os moçambicanos, mais de 10 milhões de habitantes, vivem em agregados
familiares com insegurança alimentar. O nível de insegurança alimentar é ainda mais elevado nas
zonas urbanas do que nas zonas rurais. Sessenta e sete por cento dos desagregados familiares
urbanos não têm comida suficiente, comparativamente aos 63 por cento dos habitantes do
campo (Garrett et al, 1996/97). Situação esta que pode ser minimizada nas zonas urbanas
com a prática de uma agricultura urbana através da prática de uma diversidade de cultura
que de ponto de vista ecológico seja sustentável.
195
2.4 Rendimentos e comercialização das hortícolas
No caso de culturas hortícolas não existem dados exactos sobre produção mundial, dado que
são produzidas principalmente para o auto – consumo. As quantidades vendidas só são
conhecidas onde existem mercados controlados, como resultado, mesmo para hortícolas mas
importantes, os dados de produção, área cultivadas e rendimentos não são completos.
Tabela 17: Rendimentos referentes a produção das hortícolas
Cultura
Rendimento mundial
(ton/ha) (a)
Rendimento esperado (ton/ha) em
Mocambique (b)
Couve 35 11-18
Repolho 52.3 -
Alface 20 -
Cenoura 20 11.5-20
FONTE : a) Gubben (1977); b) FAO (1994)
III. METODOLOGIA 3.1 Localização da área de estudo
O estudo foi realizado na cintura da Cidade de Maputo, conhecido por Zonas Verdes (ZV),
especificamente na baixa do Distrito Urbano Número 4 (DU4), que compreende os bairros de
Albazine, Costa de Sol e Mahotas e em alguns mercados formais e informais da cidade. E as
ZV localizam-se entre as latitudes 25º50´35,12´´S e 25º55´39,53’’S e Longitudes
32º36´17,49’’E e 32º39´58,34’’E. De acordo com o INE (2007), o distrito urbano número 4
(DU4) possui uma população de cerca de 293768 indivíduos dos quais 48.1 % são homens
que correspondem a um total de 1.413.02 indivíduos e 51.9 são mulheres que correspondem
um total de 1.524.66 indivíduos.
As Zonas Verdes (DU4) representam uma área agrícola de 1766 ha ocupados por 7787
agricultores que produzem alimentos para sua própria subsistência e abastecimento dos
mercados da Cidade de Maputo.
196
3.2. Determinação do tamanho da Amostra
A fim de se determinar a proporção dos agricultores e comerciantes em função do sexo, nível
de alfabetização e em categoria ou forma de organização usados na descrição da cadeia de
comercialização e também a fim de se estimar os rendimentos médios que fossem
representativos da população, determinou-se a amostra com base no método probabilístico
que é aquele em que cada unidade estatística tem uma certa probabilidade conhecida de
pertencer a amostra, e esta probabilidade é diferente de zero, usando-se uma amostragem
aleatória.
Deste modo segundo Mulenga (2004), tratando-se duma população finita donde se pretende
colher variáveis nominais e ordinais o tamanho da amostra pode ser aproximada com base na
seguinte fórmula:
Onde n é o tamanho da amostra, N é tamanho da população, Z é o valor crítico, obtido a partir
de um nível de confiança, e é o erro de estimação, p é a proporção da população que produz
pelo menos duas das culturas estudadas e q (1-p) é a proporção da população que produz
apenas uma das culturas estudadas.
Onde segundo Mulenga (2004) citando Levine (2000) quando não se conhece os valores
populacionais de p e q nem os amostrais, substituímos o p e q por 0.5 de modo que o produto
entre estes valores seja máximo há uma margem de erro ou erro máximo de estimativa que
não ultrapasse 5%. Mas devido a restrição financeira do estudo, a dispersão dos agricultores e
o elevado número de agricultores da população estudada assumiu-se os valores de p igual a
0.9 e um grau de confiança de 95% e o erro considerado foi de 5%, e com base nestes
pressupostos obteve-se uma amostra de 136 agricultores num universo de 7787 agricultores
que praticam a agricultura urbana nas zonas verdes da Cidade de Maputo.
197
3.3. Colheita e Análise dos Dados
3.3.1 Colheita dos dados
Foram usados questionários semi-estruturados ao nível do produtor e dos comerciantes
grossistas e retalhistas para recolher dados usados para a identificação e descrição dos autores
de produção e comercialização dos produtos agrícolas das Zonas Verdes. Para estimar os
rendimentos pesava se as culturas no momento da comercialização na machamba de cada
agricultor inquerido. E as áreas dos agricultores foram medidas com base num GPS. Para o
caso dos comerciantes a fim de se determinar os preços de venda também fez se pesagens nos
mercados onde estas hortícolas são comercializadas.
3.3.1.1 Colheita dos dados ao nível dos agricultores
Ao nível dos agricultores os dados foram colhidos entre os dias 22.10.08 a 09.11.08. As áreas
dos agricultores foram medidas com base num GPS, neste caso caminhou-se em volta do
campo de cada agricultor entrevistado de forma a se obter o comprimento e a largura da área
útil do campo agrícola para cada uma das culturas em estudo e o mesmo método foi usado
para a medição dos canteiros. Com base na largura e o comprimento das áreas agrícolas
calculou-se as áreas respectivas a cada cultura em estudo.
Os pesos das hortícolas das áreas colhidas foram medidos pesando-as com base numa balança
manual (150 Kg). Como as áreas por agricultor não são enormes, escolheu-se aleatoriamente
um número de canteiros que cobrisse 50% ou mais do número total para cada cultura e
contou-se o número de planta para se estimar o número médio de plantas por canteiro. Depois
no mesmo período pesou-se as embalagens compradas pelos revendedores desses produtos
agrícolas no momento da comercialização para facilitar a estimação dos rendimentos por
hectare a partir da determinação do peso médio de cada planta, visto que na machamba do
agricultor a comercialização é feita por canteiro.
Deste modo tendo se encontrado o número total de canteiros obtido pelo cociente entre a área
total do campo da cultura pela área média do canteiro da mesma cultura, o número de plantas
por canteiro e o peso médio de cada planta calculou-se os rendimentos esperados para cada
uma das hortícolas de folha em estudo usando-se a seguinte fórmula:
198
Onde REND é o rendimento médio estimado da cultura em ton/ha, Cn é o número total de
canteiros da cultura n, Nn é o número total de plantas por canteiro da cultura n e Wn é o peso
médio por planta da cultura n em Kg/planta. Os dados recolhidos via inquérito incluem os
custos dos factores produtivos usados para a produção de cada cultura, e os preços de
comercialização dos produtos.
3.3.1.2 Recolha dos dados ao nível dos comerciantes
Nos comerciantes das hortícolas os dados foram recolhidos entre os dias 10.11.08 a 15.11.08.
Para os comerciantes não aplicou se a fórmula da determinação do tamanho da amostra
descrita por Mulenga (2004) por duas razões, a primeira devido a dispersão dos comerciante e
principalmente devido a falta de dados estatísticos do número exacto dos comerciantes que
comercializam os produtos agrícolas provenientes das Zonas Verdes da Cidade de Maputo.
Deste modo para garantir a representatividade dos dados procurou-se de forma aleatória
inquirir o máximo possível dos comerciantes em cada mercado onde os dados foram
recolhidos do total que comercializam os produtos provenientes das Zonas Verdes.
Visto que muitos dos vendedores não usam balanças para comercializar estes produtos
agrícolas vendendo-os em lotes determinados pela experiência desta actividade, pesou-se os
lotes de cada comerciante inquerido e achou-se o peso médio e atribuiu-se o preço do lote ao
peso médio dos lotes para cada cultura em estudo e considerou-se tal preço como preço de
venda.
3.3.2 Identificação e descrição dos autores de produção e comercialização agrícola
A identificação e descrição dos autores de produção e comercialização agrícolas das zonas
verdes foram realizadas com base nos dados qualitativos e quantitativos recolhidos mediante
um questionário semi-estruturado em anexo submetido a cada um desses autores. E para testa
a hipótese de que o sexo dos autores de produção e de comercialização agrícola não está
associado a forma de organização de cada um desses autores, usada na descrição usou se o
teste de X2. E a formula geral de X2 é dada por:
199
Onde X2 é o qui-quadrado, O é a frequência observada e E é a frequência esperada. Calculado
o valor de X2cal comparou se com a distribuição X2 com graus de liberdade (n1-1)(n2-1) e o
nível de significância de 5%.
Assim, quando o valor de X2cal fosse superior que o X2
tab então havia evidencias para se
rejeitar a tal hipótese nula. Caso contrário, não se rejeita a hipótese nula acima definida.
Também na descrição dos autores com vista a testar se as hipóteses de que a proporção dos
produtores que produzem a cultura n do sexo masculino não se difere aos do sexo feminino, a
hipótese de que a proporção dos produtores e comerciantes do sexo masculino que sabem ler
e escrever não se difere a do sexo feminino e por fim a testar se também a hipótese de que a
proporção dos produtores e comerciantes com acesso ao credito e que sabem ler e escrever do
sexo masculino não se difere a do sexo feminino, usou se o teste de hipóteses de proporções
ou teste de Z. E a formula geral de Z é dada por:
Onde:
Onde þ1é a proporção da amostra 1, þ2 é a proporção da amostra 2, y1 é o valor total das
observações da amostra 1, y2 é o valor total das observações da amostra 2, n1 é o número total
das observações da amostra 1, n2 é o número total das observações da amostra 2 e o fi é o
estimador. E no teste bilateral só se rejeita a hipótese nula quando Z0> Zœ/2 ou Z0 <-Zœ/2.
3.3.3 Estimação dos rendimentos esperados para as culturas da couve, do repolho, do alface e da cenoura nas zonas verdes
Os rendimentos das culturas foram estimados com base na fórmula (2) descrita no ponto
3.2.1.1 a partir da média dos rendimentos de cada produtor. E a fim de se testar a hipótese de
que o rendimento médio esperado para os produtores do sexo masculino não se difere a dos
produtores do sexo feminino, usou se o teste da diferença de duas media sou teste de T. e a
formula geral de T é dada por:
200
Onde:
Onde x1 e x2 são as médias das amostras 1 e 2 respectivamente, s2 é o desvio padrão. E no teste
bilateral só se rejeita a hipótese nula quando T0 > t(n1+n2-2) ou Z0 < -t(n1+n2-2).
3.3.4 Identificação dos determinantes de produtividade agrícola das hortícolas nas Zonas Verdes
Com vista a se identificar os determinantes da produtividade nas zonas verdes dos possíveis
como o tamanho do agregado familiar, tamanho da área cultivada, quantidade de pesticida
usada e quantidade de adubo usado, fez se uma analise dos coeficientes de correlação entre a
produtividade e cada uma destas variáveis. E considerou se como determinante da
produtividade as variáveis que tiverem um coeficiente de correlação (r)> 0.8 ou <- 0.8, por
que segundo Triiola (1999) estas correlações são consideradas fortes e significativas.
201
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos produtos agrícolas estudados (Repolho, Couve, Alface e Cenoura) comercializados em
mercados e feiras da cidade de Maputo (por exemplo; a feira mensal da casa agrária do
distrito urbano n0 4 da cidade de Maputo a fresco) e tendo se em conta a definição de cadeia
de comercialização dada por Silva (2005) como sendo “um conjunto de elementos, empresas
ou sistemas que interagem em processo produtivo para a oferta de produtos ou serviços ao
mercado consumidor”, identificou-se 5 elementos ou segmentos constituintes da cadeia de
comercialização:
1. Fornecedores de factores produtivos;
2. Os agricultores
3. Comerciantes grossista;
4. Comerciantes retalhistas;
5. Mercado consumidor;
Vê-se claramente na cadeia de comercialização destes produtos a ausência dos processadores
pelo facto destes serem comercializados a fresco e por falta de conhecimento de algumas
técnicas de conservação e processamento por parte dos agricultores e de outros segmentos da
cadeia.
Os fornecedores de factores produtivos refere-se a empresas que tem como finalidade ofertar
produtos tais como sementes, fungicidas, herbicidas, maquinaria, implementos agrícolas e
tecnologia, podendo se destacar para o caso do DU4 dois grandes grupos os informais e os e
os formais credenciados. Os fornecedores informais dos factores produtivos são também
conhecidos como vendedores ambulantes, estes levam o produto atem a machamba do
camponês e muitas das vezes não pagam o fisco e comercializam produtos não certificados e
em certos casos produtos não recomendados para o seu uso. E temos a destacar também os
fornecedores formais e credenciados onde temos como principal exemplo a Casa Agrária do
DU4 que vende os factores produtivos aos agricultores do DU4 dentre outras casas existentes
na cidade como a PANNAR, Agrifoccus, etc. É de realçar que para o caso da cultura da couve
81.3 % dos agricultores na du4 produzem as sementes localmente o que reduz de certa forma
os custos de produção dessa cultura.
No DU4 os agricultores que são os agentes cuja função é proceder o uso da terra para
produção agrícola, praticam principalmente a Horticultura e tem como principais culturas a
202
couve, o repolho, o alface e a cenoura. De vários factores que levam a prática desta actividade
agrícola podem se destacar as principais como a criação de uma fonte de rendimento, a
sobrevivência e a criação do auto emprego para as famílias que a praticam.
Nesse distrito tem se cerca de 53.55 % dos agricultores do sexo feminino e 46.45 % do sexo
masculino que usam uma mão-de-obra familiar e estes fazem a comercialização dos seus
produtos a fresco nas suas próprias machambas, deixando o papel do escoamento destes
produtos a cargo dos comerciantes que muitas das vezes influenciam na tomada da decisão do
preço. E cerca de 47.4 % do total dos agricultores também vendem os seus produtos agrícolas
em feiras mensais promovidas na casa agrária DU4 pelo CMCM.
Tabela 18: Dados referentes ao número de agricultores e ao local de venda dos produtos por cultura e por sexo
Produtores
que produzem
a cultura
Produtores que
vendem seus produtos
directamente no
mercado e também na
machamba
Proporção dos
agricultores que
produzem a cultura n
por sexo (P)
Homens
(P1)
Mulheres
(P2)
Cultura Nr. % Nr. % Nr. % Nr. % H1 Zcal
Couve 131 85% 66 50% 61 84% 71 87% P1≠ p2 -0.53
Repolho 110 71% 11 10% 55 75% 54 66% P1≠ P2 1.29
Alface 65 42% 35 54% 40 55% 40 49% P1≠ P2 0.75
Cenoura 25 16% 15 60% 11 15% 14 17% P1≠ P2 -0.34
Total de inqueridos = 155, dos quais 73 são homens e 82 mulheres
Nota: p1- proporção dos agricultores do sexo masculino que produzem a cultura n e p2 –
proporção dos agricultores do sexo feminino que produzem a cultura n.
Cerca de 85% dos agricultores do distrito urbano n0 5 dos quais 46.45 % são homens e
53.55% são mulheres cultivam a couve e todos os agricultores que produzem a couve vendem
203
os seus produtos na sua própria machamba e cerca de 50 % destes também levam os seus
produtos ao mercado (principalmente ao mercado Romão e a feira agrícola mensal na casa
agrária do distrito).
Do total das mulheres inquiridas apenas 84 % cultivam a couve e do total dos homens
inquiridos apenas 87% cultivam a couve. Deste modo com vista a testar a hipótese de que a
proporção dos homens que cultivam a couve é igual a das mulheres (H0: P1 = P2) usou se o
teste de proporções bilateral de hipóteses a um nível de significância de 5%. Uma vez que o
Zcal = -0.53 que excede o Z0.05 = -1.96 não se pode rejeitar a hipótese nula. Deste modo não há
evidências suficientes para se rejeitar a hipótese de que a proporção dos homens que produz a
couve é igual à das mulheres.
O repolho é cultivado por cerca de 71% dos agricultores do distrito urbano n0 4 dos quais
apenas 10 % levam o produto ao mercado para além de a comercializar na machamba. E cerca
de 75% do total dos homens é que cultiva o repolho e cerca de 66% do total das mulheres é
que produz a cultura do repolho. e com vista a testar a hipótese de que a proporção dos
homens que produz o repolho é igual a das mulheres realizou se um teste de proporções
bilateral donde obteve se um Zcal = 1.26 que não excede o Z0.05= 1.96 , o que mostra que não
há evidencia suficientes para se rejeitar esta hipótese. O que significa, que para a cultura do
repolho a proporção dos homens que a cultiva não se difere da proporção das mulheres.
A cultura da alface é cultivada por cerca de 42 % do total dos agricultores que praticam a AU
no distrito urbano n0 4 dos quais apenas 54% para além de comercializarem na própria
machamba também levam os seus produtos ao mercado. Sendo assim cerca de 55 % do total
dos agricultores do sexo masculino é que cultiva o alface e apenas 49 % do total dos
agricultores do sexo feminino é que produz a cultura do alface. E com vista a testar a hipótese
de que a proporção dos agricultores do sexo masculino que produz o alface não se difere da
proporção dos agricultores do sexo feminino que também produz esta cultura, realizou se um
teste de proporções bilateral donde obteve se um Zcal = 0.75 que não excede o Z0.05 = 1.96 o
que mostra que não há evidências suficientes para rejeitar a hipótese. O que pode se afirmar
que a um nível de significância de 5% não há evidências suficientes para se rejeitar que a
proporção dos agricultores do sexo masculino não se difere da proporção dos agricultores do
sexo feminino que produz a cultura da alface.
204
Por fim tem se acultura da cenoura que é praticada por cerca de 16 % dos agricultores do
distrito urbano n0 4 dos quais cerca de 60% destes para além de comercializarem seus
produtos na machamba também levam para comercializar no mercado. Do total dos homens
que praticam a AU no distrito urbano n04 apenas 15% produz a cultura da cenoura e do total
das mulheres apenas 17% produz essa cultura. E com vista a testar a hipótese de que a
proporção dos homens que produzem a cultura da cenoura não se difere da proporção da
mulheres que a produz, usou se o teste de proporção bilateral onde a um nível de significância
de 5% obteve se um Zcal = -0.34 que excede Z0.05 = -1.96 o que mostra que não há evidências
suficientes para se rejeitar esta hipótese.
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Homes Mulheres
Sexo
% d
e A
gric
ultu
ros
por s
exo
Figura 11: o gráfico ilustra a percentagem dos agricultores do distrito urbano n0 4 por sexo
Do total dos agricultores do distrito urbano n0 4 apenas 29.3 % sabe ler e escrever e estes
vivem em agregados familiares constituído em média por 6 membros variando deste modo de
agregados com um mínimo de 3 membros a um máximo de 12 membros por agregado. Tendo
estes agregados familiares tem um adulto em média, variando deste modo de 2 a 4 adultos em
cada agregado familiar a que os agricultores pertencem, e na sua maioria estes adultos tem
como principal fonte de renda a agricultura urbana. E cerca de 50.6 % destes agregados
familiares tem como chefe de família uma mulher. E, apenas 18.8 % do total dos agricultores
que praticam a AU neste distrito tem acesso ao crédito, quer financeiro querem em factores
produtivos.
205
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Sim Nao
nivel de alfabetizacao
% d
e ag
ricul
tore
s
Figura 12: o gráfico ilustra a percentagem dos agricultores do distrito urbano n0 4 por nível de alfabetização (sim – agricultores que sabem ler e escrever, não - agricultores que não sabem ler e nem escrever)
Desta forma, cerca de 28.8 % do total dos homens que praticam a AU no distrito urbano n0 4
sabem ler e escrever e cerca de 2.9.3% do total das mulheres também sabem ler e escrever. E
com vista a testar a hipótese de que a proporção dos homens que praticam a AU que sabem ler
e escrever não se difere da proporção das mulheres com base no teste de proporções bilateral
obteve se um Zcal = -0.069 que excede o Z0.05 = 1.96, o que a um nível de significância de 0.05
o teste não mostra evidencias suficientes para se rejeitar tal hipótese. Com isso pode se
afirmar que segundo este teste não há evidências para se rejeitar que a proporção dos homens
que sabe ler e escrever e que pratica a AU nas ZV não se difere da proporção das mulheres.
Com isso pode se afirmar que o sexo não tem nenhuma influência sobre a educação dos
agricultores.
Os agricultores encontram se organizados em três grandes grupos, o grupo dos agricultores
pertencentes as associações que constituem cerca de 87.1 % do total dos praticantes da AU
nesse distrito urbano, o grupo dos agricultores pertencentes as cooperativas que constituem
cerca de 10.3 % que tendem a reduzir ao longo dos anos dando espaço as associações e por
fim temos um pequeno grupo dos agricultores individuas que constituem cerca de 2.6 %.
206
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Coop Ass Ind
organizacao
% d
e ag
ricul
tore
s po
r org
aniz
acao
Figura 13: o gráfico ilustra a percentagem dos agricultores do distrito urbano n0 4 por organização (coop – agricultores organizados em cooperativas, Ass – agricultores organizados em associações, ind – agricultores individuais)
E com vista a testar a hipótese de que não existe nenhuma associação entre a organização dos
agricultores e o sexo com base no teste X2 a um nível de significância de 0.05, obteve se um
X2cal
= 1.4 que não excede o X2CRIT = 5.99, o que mostra claramente que não há evidências
suficientes para se rejeitar tal hipótese. Com isso pode se dizer que de acordo com esse teste
não há evidências suficientes para se rejeitar que não existe nenhuma associação entre a
organização dos agricultores e o sexo.
Estes produtores agrícolas enfrentam inúmeros problemas sendo destacados como os
principais na época quente a falta de água, elevado índice de pragas e doenças, preços baixos
oferecidos pelos revendedores dos seus produtos, o elevado custo dos fitossanitários e o roubo
em suas machambas.
207
Tabela 19: Dados dos agricultores referentes ao acesso ao crédito e o nível de alfabetização
por sexo
Nível de alfabetização e o acesso ao credito (%)
Homens Mulher Recebe
crédito Sabem ler Não sabem ler Sabem ler Não sabem ler
Sim 0.185 0.170 0.231 0.3
Não 0.815 0.830 0.769 0.7
Total 1 1 1 1
Cerca de 18.5 % dos homens que sabem ler e escrever e que praticam a AU no DU4 é que
tem acesso ao crédito e apenas cerca de 17 % dos homens que não sabem ler nem escrever é
que tem acesso ao crédito bancário. E para o caso das mulheres que praticam a AU no DU4
tem se cerca de 30 % de mulheres que tem acesso ao crédito dos que sabem ler e escrever e
apenas 16.9 % de mulheres com acesso ao crédito do total das mulheres que não sabem ler
nem escrever.
Com vista a testar a hipótese de que a proporção dos homens que sabem ler e tem acesso ao
crédito que pratica a AU no DU4 não se difere da proporção das mulheres com base no teste
bilateral de proporções a um nível de significância de 0.05obteve se um Z cal = -0.34, que
excede o Z0.025 = -1.96. com isso pode se afirmar que não existe evidências suficientes para se
rejeitar tal hipótese. E com vista a testar a hipótese de que a proporção dos homens que
praticam a AU na ZV que tem acesso ao credito e que não sabem ler nem escrever não se
difere a das mulheres com base no mesmo teste de proporção a um nível de significância de
0.05, obteve se um Zcal = -1.94 que não excede Z0.025= -.1.96. o que mostra que temos
evidencia suficientes para rejeitar a tal hipótese, com isso pode se afirmar que a proporção das
mulheres que não sabem ler nem escrever que tem acesso ao credito é maior que a dos
homens
208
Tabela 20: Dados dos agricultores referentes ao uso de pesticidas e fertilizantes por cultura e por sexo
Para os agricultores que praticam a AU o uso de pesticida é generalizado na produção das
culturas da couve, repolho e alface o que significa que todos usam pesticidas para a produção
das mesmas. Para o caso da produção da cenoura os agricultores que praticam a AU na ZV não
usam pesticidas. O adubo inorgânico é usado na produção das culturas por todos os
agricultores praticantes da AU na ZV assim como o estrume.
Tabela 21: Dados dos agricultores referentes ao local de venda dos seus produtos e aos preços de compra dos factores produtivos por cultura e por sexo
Uso de pesticida por sexo e por cultura (%)
Uso do adubo por sexo e por cultura (%)
Uso do estrume por sexo e por cultura (%)
Cultura Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
usam não usam Usam
não usam usam
não usam usam
Não usam usam
Não usam usam
Não usam
Couve 0.984 0.016 0.943 0.057 0.984 0.016 0.944 0.056 0.984 0.016 0.930 0.070 Repolho 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 Alface 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 Cenoura 0 1 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0
Local onde os agricultores vendem os seus produtos por sexo (*100%) Homens Mulheres Preços dos factores produtivos (mt)
Cultura Na
machamba no mercado consumidor
Na Machamba
No mercado consumidor Pesticida
(mt/l) Adubo (mt/Kg)
estrume (mt/ saco de 50 Kg
Semente (mt/Kg)
Couve 54% 46% 46% 54% 247.1 48.937 24.93 Repolho 54% 46% 38% 62% 247.5 50 25 1633 Alface 55% 45% 43% 58% 247.3 50 25 197 Cenoura 55% 45% 29% 71% 50 25 1400
210
Cerca de 54 % dos agricultores do sexo masculino do DU4 que cultivam a couve vendem os
seus produtos apenas na sua própria machamba e apenas 45 % é que comercializam os
directamente no mercado para alem de o comercializarem também na sua própria machamba,
e para os agricultores do sexo feminino que produz a couve tem se cerca de 46 % que
comercializam os seus produtos apenas na sua própria machamba e cerca de 54 % dos
agricultores que para alem de comercializarem na sua própria machamba também
comercializam no mercado. Estes agricultores adquirem o pesticida a um preço de 247 mt/l, o
adubo a um preço de 49.937 mt/Kg, o estrume a um preço de 24.93 mt/saco e a semente é
produzida localmente para o caso desta cultura.
Cerca de 54 % dos homens que produzem o repolho comercializam os seus produtos na sua
própria machamba e cerca de 46% comercializam no mercado para além de o
comercializarem na sua própria machamba. E para o caso dos agricultores do sexo feminino
tem se cerca de 38 % que comercializam na sua própria machamba e 62 % destes que para
alem de comercializarem na sua própria machamba também a comercializam no mercado. E
estes agricultores adquirem o pesticida a 247 mt/l, o adubo a 50 mt/Kg, o estrume a 25 mt por
cada saco e a semente a um preço de 1633 mt/100g.
Para o caso da cultura do alface tem se cerca de 55 % dos homens que a produzem e que a
comercializa apenas na sua própria machamba e cerca de 45 % que para alem de a
comercializarem na sua própria machamba também a comercializa no mercado. Para o caso
das mulheres que a produzem tem se cerca de 45 % que apenas comercializam na sua própria
machamba e cerca de 55% que para além de comercializarem na própria machamba também a
comercializa no mercado. E o preço da aquisição do pesticida, adubo e estrume são os
mesmos acima referidos para o repolho e a semente é adquirida a um preço de 197 mt/100g.
E por fim para o caso da cultura da cenoura que é a menos praticada das culturas estudadas
tem se cerca de 55 dos homens a que a cultivam que comercializam apenas na sua própria
machamba e cerca de 55 % comercializa no mercado para alem de a comercializarem na sua
machamba. E para o caso das mulheres que cultivam a cenoura apenas 29 % é que
comercializa este produto apenas na sua própria machamba e cerca de 71 % comercializa no
mercado para além de a comercializar na sua própria machamba. Os agricultores do DU4 não
211
usam pesticidas na produção da cenoura e os preços do adubo e estrume que eles usam é
semelhante aos preços acima referidos na cultura do repolho e a semente é adquirido ao preço
de 1400 mt/100g.
De repisar que os agricultores que comercializam os seus produtos no mercado consumidor
cambem comercializam na sua própria machamba. O mercado consumidor a que se refere
para o caso dos agricultores são os mercados do Albazine e as feiras mensais promovidas pelo
CMCM na casa agrária do distrito urbano no. 4, por que estes são os únicos mercados para
onde os agricultores levam os seus produtos.
Tabela 22: Dados dos agricultores referentes as áreas dos canteiros, peso das plantas e preços de venda dos produtos agrícolas por cultura e por área
Área do canteiro
por cultura e por
sexo (m2)
Cultura homens mulheres
Peso de
planta por
cultura
(Kg) Unidade de venda
Preço de
venda do
produtor
Couve 10.7 9.7 0.327322835 mt/canteiro de 10 m2 80.0
Repolho 10.3 10.3 1.631531532 mt/Kg 6.2
Alface 10.3 10.4 0.34625 mt/canteiro de 10 m2 218.6
Cenoura 12.4 12.4 20.88 mt/Kg 12.7
os números a negrito indicam o peso por canteiro
A unidade de venda das culturas da couve e alface é feita com base em canteiros na
machamba do camponês. Deste modo, por consenso, marca-se um preço a cada canteiro que
muitas das vezes é influenciada pelo comerciante visto que os agricultores não têm tanto
tempo para levar o produto ao mercado visto que esses devem cuidar das suas machambas.
Desta forma a couve é comercializada a 80 mt/ canteiro e a alface a 216 mt/canteiro. E, para o
caso das culturas do repolho e da cenoura a unidade de venda é mt/Kg, sendo o repolho
comercializado a 6 mt/Kg e a cenoura a 12.7 mt/Jg.
212
No caso de comerciantes dos produtos agrícolas das Mahotas destacam-se três grandes grupos
os grossistas, retalhistas, e grossistas – retalhistas. Os comerciantes grossistas são os grandes
distribuidores que possuem a função de abastecer redes de supermercado, postos de venda e
mercado, tem-se como principal exemplo destes tipos de comerciantes os vendedores do
Mercado Zimpeto que comercializam na sua maioria o Repolho e a Cenoura dos produtos em
estudo proveniente do DU4. Tem-se os comerciantes retalhistas que são os pontos cuja a
função é comercializar os produtos agrícolas (Repolho, Couve, Alface e Cenoura) juntos ao
consumidor final e tem-se como principal exemplo os vendedores destes produtos que fazem
a comercialização nos Mercados do Xipamanine, Janet, Compoune, Xikelene, Central,
Malanga e em artérias da Cidade de Maputo dentre outros mercados, e por fim temos os
comerciantes grossistas - retalhistas que tem a função dos dois tipos de comerciantes
anteriormente descritos e o principal exemplo são os vendedores destes produtos no mercado
Fajardo.
Cerca de 90.4 % do total dos comerciantes dos produtos agrícolas provenientes do distrito
urbano n04 são mulheres e apenas 65.7 % sabem ler e escrever. O imposto a que este grupo de
agente é cobrado depende do mercado a que eles comercializam os seus produtos mas é de
realçar que todos estes agentes pagam algum tipo de imposto pela actividade, por exemplo os
comerciantes grossistas do mercado Zimpeto pagam uma taxa de 50 mt por dia ao CMCM e
para os restantes mercados os comerciantes pagam uma taxa de 3 mt/dia. E do total dos
comerciantes dos produtos agrícolas estudados cerca de 68.16 % são retalhistas, 5.79 % são
grossistas e 20.1 % são retalhistas – grossistas.
213
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Mulheres Homens
S e x o
Figura 14: o gráfico ilustra a percentagem dos comerciantes dos produtos agrícolas do distrito urbano n0 4 por sexo
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
60.00
70.00
80.00
90.00
100.00
Sim nao
Nivel de alfabetizacao
% d
e A
lfabe
tizac
ao
Figura 15: o gráfico ilustra a percentagem dos comerciantes dos produtos agrícolas do distrito urbano n0 4 por nível de alfabetização (sim – comerciantes que sabem ler e escrever, não – comerciantes que não sabem ler e nem escrever)
214
Cerca de 100 % dos homens que comercializam os produtos agrícolas do DU4 sabem ler e
escrever e para o caso das mulheres que se dedicam a comercialização dos produtos agrícola
do DU4 apenas 66.7 % é que sabe ler e escrever. E com vista a testar a hipótese de que a
proporção dos homens que sabe ler e escrever não se difere da proporção das mulheres que
sabe ler e escrever com base no teste Z de proporções bilateral, a um nível de significância de
0.05 obteve se um Zcal = 1.55 que não excede Z0.025= 1.96 que mostra claramente que não há
evidencias suficientes para rejeitar tal hipótese com isso pode se afirmar que estatisticamente
a proporção dos homens que comercializam os produtos agrícolas no DU4 que sabem ler e
escrever não se difere a das mulheres.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tipo1 Tipo2 Tipo3categorias
% p
or c
ateg
oria
Figura 16: o gráfico ilustra a percentagem dos comerciantes dos produtos agrícolas do distrito urbano n0 4 por categoria de comerciante (tipo1 – comerciante retalhista, tipo2 – comerciante grossista, tipo3 – comerciante retalhista e grossista)
Com vista a testar a hipótese de que o tipo de organização dos comerciantes não está
associado ao sexo dos comerciantes com base no teste X2 a um nível de significância de 0.05
obteve se um X2cal = 13.84 que excede o X2
0.05= 5.9, o que com isso pode se afirmar que temos
evidencias suficientes para rejeitar a tal hipótese. Com isso podemos afirmar que temos
evidências suficientes para afirmar que o tipo de organização esta relacionado com o sexo.
215
Tabela 23: Preços médios praticados em cada mercado por cultura
São inclusos dentro dos comerciantes também os transportadores destes produtos que na sua
maioria pertencem a classe dos proprietários privados que apenas desempenham o papel de
transportadores. O transporte da mercadoria é feita em camiões e paga se o preço único de 15
a 25mt por saco de mercadoria de 50 a 100 Kg a que se chama de chidjunba do bairro
Abazine até ao mercado Xipamanine e 35 – 50 mt ate ao mercado Fajardo e Malanga, que são
os principais mercados grossistas - retalhistas que abastecem os outros mercados da cidade de
Maputo. O mercado Zimpeto é o maior mercado grossista formal da cidade de Maputo e o
produto proveniente do distrito urbano n0 4 que mais se comercializa é o Repolho, e os
comerciantes deste produto pagam 1000 a 1200 mt/ton pelo transporte e comercializam este
produto ao preço mas baixo em relação aos outros mercados da cidade, isto é, no período em
estudo era comercializado há 7 mt/Kg e por sua vez estes adquiriam este produto dos
agricultores a um preço de 5 mt/Kg. E o maior problema que estes transportadores enfrentam
é a fraca via de acesso que liga os campos dos agricultores ao mercado Xipamanine que
contribui negativamente para a conservação dos camiões.
Na sua maioria estes produtos chegam muito pouco e em muitos casos não chegam a serem
comercializados em grandes supermercados e hotéis da cidade optando estes pelos produtos
Sul-Africanos, o que se deve provavelmente pela forma que é transportada em sacos e a falta
de fiscalização de qualidade o que deixa duvidar. E por fim tem-se o mercado consumidor que
é o ponto final constituído pelos comerciantes e consumidores, e este mercado de acordo com
Preço de venda (mt/Kg)
Cultura Mercado
Xikelene
Mercado
zimpeto
Mercado
Fajardo
Mercado
Compoune
Mercado
da
Malanga
Mercado
Janet
Mercado
Central
Couve 15 15 15 20 22.5 25
Repolho 15 7 10 15 12.5 25 30
Alface 10 20 15 15 30 30
Cenoura 17.5 12 15 15 25 30 25
216
César da Silva (2005) pode ser classificado como mercado doméstico pelo facto de se
localizar dentro do país especificamente dentro da Cidade de Maputo.
Figura 17. Cadeia de Comercialização dos Produtos Agrícolas (couve, repolho, alface e cenoura) do Distrito Urbano N0 4 da Cidade de Maputo
E estes elementos operam em dois grandes ambientes, o institucional e organizacional. O
ambiente institucional refere-se ao conjunto de leis ambientais, trabalhistas, tributárias e
comerciais bem como as normas e padrões de comercialização portanto são os instrumentos
que regulam as transacções. O ambiente organizacional é estruturado por entidades na área de
influência da cadeia de comercialização tais como agências de fiscalização ambiental,
agências de crédito, universidades, centros de pesquisa e agências credenciadas.
217
No DU4 verifica-se muito pouco a presença das agências de fiscalização ambiental o que
acaba perigando a saúde de muitos dos consumidores destes produtos agrícolas visto que os
praticantes desta actividade agrícola usam constantemente os agro - químicos sem nunca ter
tido uma formação para o uso dos mesmos, e associado a esta situação esta o facto de muitos
dos agricultores não saberem ler nem escrever para que possam ler o formulário das
embalagens.
É de referir também que muitos dos agricultores compram agro – químicos com vendedores
informais (ambulantes) não credenciados que vão ao encontro destes nas suas próprias
machambas oferecendo-lhes preços mais baixos comparado aos preços oferecidos pelas casas
formais e credenciadas para a comercialização dos agros – químicos. Em certos casos a
ausência da fiscalização rígida das entidades competentes leva com que os agricultores não
tenham em conta os intervalos de segurança dos fitossanitários que usam e em casos extremos
a aplicação de pesticidas doméstico na agricultura pensando que esta é a solução para o
combate de pragas e doenças resistentes.
Muitos dos agricultores do DU4 não tem o acesso ao crédito quer financeiro ou em factores
de produção por falta de informação sobre as agências de créditos e em alguns casos devido
ao excesso da burocracia exigida e as condições a que lhes são impostas pelas agências como
garantia ao crédito que lhes é concedida que muitas das vezes não é do alcance dos credores.
Um número reduzido de agricultores recebe crédito financeiro do Banco Pró - Credito mas
estes reclamam as elevadas taxas de juro a que lhes é imposta face aos elevados custos de
factores de produção de qualidade no mercado.
Quanto as Universidades e Centros de Pesquisas, os agricultores reclamam o facto de muitos
estudos terem sido feitos mas que não lhes proporcionou mudanças visíveis ou que não
tiveram acesso aos resultados de tantos trabalhos de pesquisa realizados. E por fim temos as
agências credenciadas onde temos a destacar os órgãos públicos como o caso do Conselho
Municipal da Cidade de Maputo que é responsável pela assistência técnica aos agricultores
associados na sua maioria, organização de feiras mensais dos produtos agrícolas, coordenação
de alguns projectos de apoio ao agricultor das Zonas Verdes em particular do DU4, também
se destaca a Direcção da Agricultura da Cidade de Maputo que desempenha também funções
semelhantes. Tem-se também alguns órgãos privados como o caso da União Geral das
218
Cooperativas que presta assistência aos agricultores organizados em cooperativas que
constitui a minoria dos agricultores do DU4 visto que muitos dos agricultores tendem a
abandonar este tipo de organização e por fim a União Nacional dos Camponeses. Em alguns
casos estes agentes credenciadas deveriam exercer a função de certificar se um determinado
segmento ou elemento da cadeia atende requisitos para a comercialização, isto ocorre por
exemplo na certificação dos produtos com identidade preservada.
Deste modo para o caso dos agricultores do distrito urbano n0 4que na sua maioria praticam a
horticultura e tendo em conta culturas estudadas as áreas e os rendimentos estimados foram as
seguintes:
Tabela 24: Rendimentos estimados para as culturas da couve, repolho, alface e cenoura no distrito urbano n0 4
Cultura Area ( ha) Rend (ton/ha)
Couve 0.085 19.24
Repolho 0.051 69.25
Alface 0.42 17.44
Cenoura 0.08 17.1
O rendimento médio estimado no distrito urbano n0 4 para a produção da couve foi de
aproximadamente de 19.24 ton/ha que aproxima-se ao rendimento obtido num estudo
realizado por Ferreira et al (2002) em que se analisa os fertilizantes e espaçamento entre
plantas na produtividade da couve da Malásia em que se obteve maior produtividade
biológica a um espaçamento de 30x10 com uma adubação mineral no Brasil e segundo o
mesmo autor, este rendimento aproxima-se muito ao registrado na Malásia e na China onde
esta hortícola é cultivada em larga escala.
Para o caso da cultura do repolho estimou-se um rendimento médio de cerca de 69.25 ton/ha ,
rendimento este que aproxima-se ao rendimento encontrado no estudo realizado por Aquino
219
et al (2005) em que se analisa as características produtivas do Repolho em função do
espaçamento e doses de nitrogénio na qual a um nível de adubação com nitrogénio de 150
kg/ha, a um espaçamento de 40*30m2 encontrou-se um rendimento de 73.44 ton/ha que se
assemelha ao facto dos agricultores do DU4 por estes usarem frequentemente compassos
apertados e ureia como principal adubo.
Para o alface estimou-se um rendimento médio de 17.44 ton/ha um rendimento que aproxima-
se ao encontrado por Lima de Oliveira et al (2006) na cultivar taina que foi de 19,9. Por fim
temos a cultura da cenoura que proporciona no DU 4 um rendimento médio de 17.1 ton/ha. O
que mostra que ainda produz-se essa cultura a rendimentos baixos porque segundo Moura et
al (1994) a cenoura produz normalmente em media 20 a 40 ton/ha.
Tabela 25: Dados dos agricultores referentes aos rendimentos e as áreas cultivadas por cultura e por sexo
Rendimento médio
esperado por sexo
(ton/ha)
Área media
estimada por sexo
(m2)
Peso mediu de
planta por sexo
(Kg/planta)
Cultura Homens Mulheres
Hipótese
alternativa
(H0) Tcal Homens Mulheres Homens Mulheres
Couve 18.88 19.44 μ 1≠ μ2 -0.240 848.92 836.36 0.34 0.32
Repolho 69.29 69.09 μ 1≠ μ2 0.006 498.38 509.2 1.65 1.65
Alface 17.01 17.66 μ 1≠ μ2 -0.163 480.63 403.38 0.34 0.36
Cenoura 16.64 17.52 μ 1≠ μ2 -0.194 81.82 78.38 20.25 21.1
A unidade dos numeros a negrito e Kg/Canteiro
Nota: μ 1 – rendimento médio estimado na cultura n produzida pelos produtores do sexo
masculino e μ2 – rendimento estimado na cultura n para os agricultores do sexo feminino.
O rendimento médio estimado para os homens na produção da couve nas ZV foi de 18.88
ton/ha, e de 19.44 ton/há para as mulheres. e de acordo com o teste t ou teste da diferença
entre medias a um nível de significância de0.05 não há evidências suficientes para se rejeitar a
hipótese de que a media de rendimento estimado para a produção da couve nas ZV pelos
220
homens não se difere do rendimento estimada para as mulheres ( H0 : μ 1 = μ2 ), visto que o Tcal
=-0.24 que não excede o T0.025 = -1.99 num teste bilateral.
Para a produção da cultura do repolho estimou se para os homens um rendimento de 69.29
ton/ha, e de 69.09 ton/há para as mulheres. Onde de acordo com o teste de T a nível de
significância de 0.05 não há evidencias para se rejeitar a hipótese de que o rendimento médio
estimado na produção do repolho para os homens não se difere do estimado para as mulheres,
visto que num teste bilateral obteve se um Tcal = 0.006 que não excede o T0.025 = 1.99.
Para o caso da produção da cultura de alface estimou se na ZV um rendimento de 17.01
ton/há para os homens e um rendimento de 17.66 ton/há para as mulheres. O que de acordo
com o teste de T a um nível de significância de 0.05 não há evidencias suficientes para se
rejeitar a hipótese de que o rendimento estimado para a produção do alface na ZV para os
homens não se difere com a encontrada nas mulheres, visto que num teste bilateral obteve se
um Tcal = -0.163 que não excede o T0.025 = - 1.99.
E por fim temos a cultura da cenoura onde estimou se na sua produção na ZV um rendimento
de 16.64 ton/há para os homens e de 17.52 para as mulheres. O que de acordo com o teste T
não há evidencias suficientes para se rejeitar que estes rendimentos não diferem, visto que
num teste bilateral obteve se um Tcal =- 0.194 que excedo T0.025 = -1.64. De realçar que para
os dados de rendimento de todas as culturas assumiu se que as variâncias são homogéneas.
221
Tabela 26: Grau de relacionamento ou coeficientes de correlação entre a produtividade e o as variáveis tamanho do agregado familiar, área cultivada e a quantidade de uso de pesticida e adubos
tamanho do
agregado
familiar
Area
cultivada
(m2)
quantidade
de
pesticida
usado
(l/ha)
Quantidade
de adubo
inorganico
usado
(Kg/ha)
quantidade
de adubo
organico
usado
(sacos de
50 Kg/ha)
cultura da couve
Produtividade
(ton/ha) -0.01469 0.180238 0.052046 0.0335 -0.08309
cultura do repolho
Produtividade
(ton/ha) 0.101979 0.269927 0.058179 0.059963 -0.06985
cultura do alface
Produtividade
(ton/ha) -0.01469 196.0054 0.06773 0.03354 -0.06696
cultura da cenoura
Produtividade
(ton/ha) 0.070166 0.317249 0 -0.17357 0.23315
Os valores negativos dos coeficientes indicam uma correlação negativa ou seja o aumento de
uma delas reduz a outra e os valores positivos indicam a existência de uma correlação
Positiva o que significa que o aumento duma variável promove consequentemente o aumento
da outra. E os valores do coeficiente variam de -1 a +1, o que significa que quanto mas
próximo de -1 ou +1 mas forte a relação é entre as variáveis e quanto mas próximo de zero
mas fraca é a relação entre elas e quando o coeficiente for igual a zero mostra que não existe
nenhuma relação entre elas e segundo Triola (1999) a correlação é forte e significativa quando
esta for igual ou superior a -0.8 ou a +0.8. e para o caso do DU4 verifica se uma correlação
222
muito fraca e quase inexistente entre as variáveis produtividade e as variáveis tamanho do
agregado familiar, área cultivada, quantidade do uso de pesticida e quantidade do uso de
adubos para todas as culturas estudadas sendo esta condicionada pelas sementes usadas,
praticas culturais e o tipo de solo.
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
A cadeia de comercialização das zonas verdes é constituída apenas pelos fornecedores
factores produtivos, produtores agrícolas, comerciantes grossistas, comerciantes retalhistas e o
mercado consumidor. a cadeia caracteriza se uma fraca coordenação e integração entre os
elementos da cadeia, o ambiente organizacional e o ambiente institucional.
a produtividade nas zonas verdes não é determinada pelo tamanho dos agregados familiares,
tamanho da área agrícola, quantidade de adubos usados, e nem pela quantidade de pesticida,
sendo esta determinada pela semente usada, praticas culturais e o tipo de solo. E os
rendimentos estimados para as culturas da couve, repolho, alface e cenoura foram de 19.24,
69.25, 17.44 e de 17.1 ton/há respectivamente.
5.2 Recomendações
Resultados obtidos nesse estudo e em outras partes segura Schush et al (2006) e Zeeuw et al
(2003), mostra a necessidade de se recomendar aos investidores dessa área a desenvolverem
mais projectos de formação dos agricultores em técnicas de mínimo processamento das
hortícolas visto que isso para além de aumentar o valor final do produto também criará mais
fontes de rendimento.
E como esta actividade está muito ligada ao uso dos fitossanitários, a agricultores de baixo
nível de escolaridade como o caso das zonas verdes e pelo facto de se comercializar estas
hortícolas a fresco que por vezes é também consumido a fresco mostra-se também a
223
necessidade de se recomendar também a implementação de mais projectos de formação dos
agricultores nas áreas ligadas a utilização correcta, saudável e sustentável dos fitossanitários.
As entidades governamentais ligadas a essa actividade da agricultura urbana recomendam a
adopção e implementação de políticas mais vigilantes de modo a garantir que a população
dessas Zonas Verdes faça uma produção agrícola adequada, saudável e sustentável de modo
que isso não traga consequências futuras indesejadas a saúde pública e ambiental, no sentido
de incrementar as fontes de rendimento dessas populações contribuindo de alguma maneira
para a redução da pobreza.
A população local recomenda-se a participação pratica e activa das mesmas nos projectos
relacionados com as formações técnicas que contribuem para a sustentabilidade dessa
actividade e conservação da natureza minimizando deste modo o risco a saúde pública e
ambiental.
224
VI. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. BAKKER N. et al 2000. Cidades Crescendo Cultivando Alimentos: A Agricultura
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227
Anexos 1: Execução Financeira No âmbito da implementação do acordo de parceria celebrado entre a UEM, O Conselho
Municipal e a ESSOR, foram alocados fundos no valor de 93.211,00 (noventa e três mil,
duzentos e onze meticais) para implementação das actividades previstas. A gestão deste
fundo esteve a cargo da Faculdade de Agronomia, o qual era entregue directamente aos
executores das actividades (estudantes do último ano do curso de agronomia), mediante a
apresentação de um plano de trabalho devidamente autorizado pelo supervisor, em duas
tranches, e apresentados posteriormente os justificativos correspondentes às despesas
realizadas.
Assim, todas as despesas efectuadas têm o respectivo suporte documental que se mantêm
disponível, no arquivo da Faculdade, para qualquer consulta. Do mapa demonstrativo que se
anexa fica claro que todo o montante disponível foi gasto, havendo um saldo negativo de
369,00 mt, suportado pela Faculdade3.
3 Faculdade mantém-se aberta a providenciar a informação sobre a execução financeira com o detalhe que for recomendado
Tabela 1: Resumo orçamental dos estudos específicos: Pragas, Doenças, Solos, Impacto ambiental e Comercialização
Qty P. Unitário Total Qty P. Unitário Total Qty P.Unitário Total Qty P. Unitário Total Qty P. Unitário Total1. Preparação
Revisão bibliográfica Unidade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 - Mapas, relatórios, etc. Unidade 2 0 0 3 0 0 3 300.00 900.00 1 0 0 1 0 0 900.00 Elaboração de questionários Unidade 2 0 0 3 0 0 3 0 0 0 0 0 1 0 0 - Planificação / Cronogramas Unidade 2 0 0 3 0 0 3 0 0 0 0 0 1 0 0 -
Sub-total 1: - - 900.00 - - 900.00
2. Trabalho de campoVisitas de reconhecimento Dia - H 10 0 - 15 - - 3 0 - 5 - - 3 0 - - Entrevistas (aplicação do mini-inquérito) Dia - H 4 0 - 12 - - 6 0 - 2 - - 5 0 - - Recolha de amostras Dia - H 10 0 - 90 - - 15 0 - 10 - - 10 0 - -
Sub-total 2: - - - - - -
3. Análise laboratorialIdentificação de espécies 40 100 4,000.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4,000.00
Análise laborat. Pragas 4,000.00 - 4,000.00 PDA Kg 0 0 0 1.5 2,000.00 3,000.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,000.00 NA Kg 0 0 0 1.5 2,500.00 3,750.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3,750.00 Álcool Lts 0 0 0 1.5 900.00 1,350.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1,350.00 Javel Lts 0 0 0 3 75.00 225.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 225.00
Análise laborat. Doenças 0 8,325.00 0 0 0 8,325.00 Determinação de resíduos nos alimentos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 240.00 7,200.00 0 0 0 7,200.00 Determinação de resíduos no solo 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 240.00 7,200.00 0 0 0 7,200.00 Determinação de resíduos na água 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 240.00 7,200.00 0 0 0 7,200.00
Análise laborat. Impacto 0 0 0 720 21,600.00 0 21,600.00 Textura 0 0 0 0 0 90 55.00 4,950.00 0 0 0 0 0 0 4,950.00 Fertilidade: pH, CE, CTC, NPK, Ca, Mg, Na, Al, MO, Acidez trocável 0 0 0 0 0 90 500.00 45,000.00 0 0 0 0 0 0 45,000.00
Análise laborat. Solos 0 0 49,950.00 0 0 49,950.00 Sub-total 3: 4,000.00 8,325.00 49,950.00 21,600.00 - 83,875.00
4. Transporte e comunicaçõesMaputo - DMN4 - Maputo - - - Maputo - DMN5 - Maputo - - - Maputo - Catembe - Maputo - - - Maputo - Matola - Maputo - - - Maputo - Boane - Maputo - - - Maputo - Inhaca - Maputo - - -
Sub-total 4: - - - - - -
5. Material e meios - - - Papel A4 (Impressão) Resma - - - Esferrográfica Unidade - - - Lápis de carvão Unidade - - -
Sub-total 5: - - - - - -
6. Logística: Transporte, Alimentação e Alojamento - - Pragas: 02 Estudantes H 2 5,000.00 10,000.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10,000.00 Doenças: 03 Estudantes H 0 0 0 3 5,000.00 15,000.00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 15,000.00 Solos: 03 Estudantes H 0 0 0 0 0 0 3 5,000.00 15,000.00 0 0 0 0 0 0 15,000.00 Impacto: 01 Estudante H 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 5,000.00 5,000.00 0 0 0 5,000.00 Comercialização: 01 Estudante H 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 5,000.00 5,000.00 5,000.00
Sub-total 6: 2 5,000.00 10,000.00 3 5,000.00 15,000.00 3 5,000.00 15,000.00 1 5,000.00 5,000.00 1 5,000.00 5,000.00 50,000.00 TOTAL (1) 14,000.00 23,325.00 65,850.00 26,600.00 5,000.00 134,775.00 Constrangimentos (5%) 700.00 1,166.25 3,292.50 1,330.00 250.00 6,738.75
TOTAL GERAL 141,513.75
NB:Neste orçamento, 116.513,75 Mts serão disponibilizados pela ESSOR e 25.000,00 Mts Instituição Valor (Metical)pela FAEF no âmbito do acordo estabelecido numa sessão tri-partida na FAEF e que UEM/FAEF: 25,000.00 a FAEF já confirmou a disponibilidade deste valor, prefazendo um total de 141.513,75 Mts. ESSOR: 116,513.75
Total: 141,513.75
Distribuição orçamental pelos contribuíntes
COMERCIALIZAÇÃO
14,700.00 24,491.25 69,142.50 27,930.00 5,250.00
(01 Estudante: x 1)
PRAGAS DOENÇAS SOLOS IMPACTO
(02 Estudantes: x 2) (03 Estudantes: x 3) (03 Estudante: x 3) (01 Estudantes: x 1)N/0 Descrição / Actividade UnidadePRAGAS DOENÇAS SOLOS IMPACTO COMERCIALIZAÇÃO
TOTAL
Nº ord Nomes Curso Supervisor Dotação 1ª tranche 2ª tranche Total Saldo1 Saldo Inicial 93,211.002 Acácio Rosse Salamandane Engª Agronómica Engº Amândio Muthambe 12,012.00 9,412.00 2,600.00 12,012.00 81,199.003 Arnaldo Adérito Sambo Engª Agronómica Prof. Dr Domingos Cugala 12,399.50 8,049.50 4,350.00 12,399.50 68,799.504 Baptista Rúben Zunguze Engª Agronómica Doutor Paulo Jorge Sithoe 15,315.30 12,000.00 0.00 12,000.00 56,799.505 Gonçalves Mário Mandlate Engª Agronómica Engº Amândio Muthambe 9,112.00 9,112.00 0.00 9,112.00 47,687.506 Manuel António Jorge Engª Agronómica Engº Amândio Muthambe 9,412.00 9,412.00 2,600.00 12,012.00 35,675.507 Osvaldo da Cruz Samo Engª Agronómica Prof.Dr Emílio Tostão 9,637.95 9,637.95 2,695.00 12,332.95 23,342.558 Samito Pereira Assamo Engª Agronómica Prof. Dr Domingos Cugala 11,532.50 6,732.50 4,800.00 11,532.50 11,810.059 Edson Vasconcelos Tanga Engª Agronómica Prof. Dr Domingos Cugala 11,215.00 11,215.00 750.00 11,965.00 ‐154.95
10 Alberto Salomão Nhaca Engª Agronómica Engº Armindo Cambule 215.00 215.00 ‐369.95
Mapa Demonstrativo da alocação de recursos por estudante
229
Outros Anexos
230
Lista de anexos do Capitulo 1
ANEXO I. Criterios de diagnostico para hortícolas seleccionadas
ANEXO II. Ciclo e rendimento potencial medio nas culturas analisadas
ANEXO III. Dados meteorologicos usados no estudo
ANEXO IV. Resultados de análises laboratoriais
ANEXO V. Resumo das unidades de solos
231
ANEXO I. Critérios de Diagnóstico para as Hortícolas Seleccionadas
Critérios de diagnóstico para o feijão nhemba
FEIJÃO NHEMBA S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Característica Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
PPC (mm) 300-350 350-400 400-600 >600 <130 250-300 150-250 100-150 <100
TMPC (ºC) 18-20 16-18 13-16 4,0-13,0 >35 20-22 22-28 28-35 <4
TMG (oC) 7,0-6 6-7,0 5-6,0 4-5,0 <4 26-28 28-30 30-33 >35
HR do PC (%) 50-70 70-80 80-90 >90 <30 40-50 20-40 <20
Características Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Imperfeita Moderada Boa Aérea Drenável Ñ Drenável L, SL, LfS LS, SCL SiCs, SC Cv60,Co Cm, SiCo Textura/Estrutura
SiCL S, fS,LcS C><60s C>60v Prof. efectiva (cm) >100 90-100 75-90 60-75 <60 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO >2 1,2-2 0,8-1,2 <0,8
6,2-6,4 6,0-6,2 5,7-6,0 5,2-5,7 <5,2 pH top-solo 6,4-6,5 6,5-6,6 6,6-6,8 >6,8
CEe (dS/m) 0-1 1,0-2,0 2,0-4,0 4,0-7,0 >7 PST 0-10 10-20 20-35 35-50 >50
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
232
Critérios de diagnóstico para o feijão verde
FEIJÃO VERDE S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
P Anual (mm) 650-1000 550-650 450-550 400-550 <400 1000-1400 1400-1600 >1600
CPC (dias) 60-90 55-60 50-55 40-50 <40 90-110 110-150 150-180 >180
1000-1250 1250-1600 >1600 <300 PPC (mm) 600-1000 300-600 400-500 200-400
TMPC (ºC) 15-20 20-24 24-27 27-30 >30 12—15 10-Dec 8-Oct <8
TMINMEDPC (ºC) 10—15 15-20 20-25 <20 HR da floração (%) 30-50 24-30 20-24 <20
50-75 75-90 >90 HR da maturação (%) 30-50 24-30 20-24 <20
50-75 75-90 >90 n/N no desenv. 0,3-0,6 0,35-3 <0,35
0,6-0,75 <0,75 n/N na maturação >0,7 0,5-0,7 <0,5
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2
Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 >30 Imperfeita Moderada Boa Aérea Drenável Ñ Drenável
Textura/Estrutura C<60, SiC C>60s, SC C>60v, SL LcS, fS Cm, SiCm Co, SiCl C>60v, LfS, LS S cS CL, Si, SiL SCL
Prof. efectiva (cm) >100 75-100 50-75 20-50 >20 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) >2 1,2-2 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 6,0-6,5 5,8-6,0 5,5-5,8 5,2-5,5 <5,2 6,5-7,0 7,0-7,5 7,5-8,3 >8,3
CEe (dS/m) 0-1 1-1,5 1,5-2 2-4,0 >4 PST 0-2 2-3 5-10,0 10-20,0 >20
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
233
Critérios de diagnóstico para o repolho
REPOLHO S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
CPC (Dias) 120-140 110-120 100-110 <80 140-160 >160 60-90 55-60 50-55 40-50 <40 90-110 110-150 150-180 >180
PPC (mm) 400-500 350-400 300-350 250-300 <250 300-800 800-1000 >1000
TMPC (ºC) 15,0-20 20-24,0 24-30 30-35 >35 13-15 10-13,0 5-10,0 <5
TMEDGERM 25-30 20-25 15-20 5-15,0 <5 30-32 32-35 35-37 >37
HR do PC (%) 75-85 60-75 50-60 30-50 <30
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 >30
Textura/Estrutura L, SCL SiC, SL, SC LS, LfS, fS C»60v, S Cm, SiCm C<60s, Co C>60s, LcS CL, SiCL C>60v
Prof. efectiva (cm) >75 60-75 50-60 20-30 >20 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) >2 1,2-2 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 6,2-6,6 6,0-6,2 5,8-6,0 5,5-5,8 <5,5 6,6-6,8 6,8-7,2 7,2-7,8 7,2-7,8 >7,8
CEe (dS/m) 0-2 2-4,0 4-7,0 7-10,0 >10 PST 0-8 8-15,0 15-20,0 20-25,0 >25
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
234
Critérios de diagnóstico para a cenoura
CENOURA S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
PPC (mm) 200-350 230-300 200-250 130-200 <130 350-400 400-600 600-1000 >1000
TMPC (ºC) 18-20 16-18 13-16 4,0-13,0 >35 20-22 22-28 28-35 <4
TMGERM (ºC) 7,0-26 6-7,0 5-6,0 4-5,0 <4 26-28 28-30 30-33 >35
HR do PC (%) 50-70 70-80 80-90 >90 <30 40-50 20-40 <20
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura L, SL, LfS LS, SCL SiCs, SC Cv60,Co Cm, SiCo SiCL S, fS,LcS C><60s C>60v
Prof. efectiva (cm) >100 90-100 75-90 60-75 <60 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) >2 1,2-2 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 6,2-6,4 6,0-6,2 5,7-6,0 5,2-5,7 <5,2 6,4-6,5 6,5-6,6 6,6-6,8 >6,8
CEe (dS/m) 0-1 1,0-2,0 2,0-4,0 4,0-7,0 >7 PST 0-10 10-20 20-35 35-50 >50
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
235
Critérios de diagnóstico para ervilheira
ERVILHAS S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
CPC (dias) 100-120 85-100 75-85 65-75 <65 120-140 140-160 >160
PPC (mm) 400-500 500-600 600-800 800-1000 >1000 350-400 300-350 200-300 <200
TMPC (oC) 16-18 18-20 20-23 23-25 >25 14-16 10-14 8-10 <8
TMG (oC) 22-24 20-22 12-20 5-12 <5 24-26 26-28 28-30 >30
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura C<60s, SiC C>60s, SCL C>60v, LfS LcS, fS, S Cm, SiCm Co, SiL, CL C<60v, SC SL, LS SiCL, Si L
Prof. efectiva (cm) >100 75-100 60-75 40-60 >40 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (0-20) (%) >2 1,2-2 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 6,2-6,4 6,0-6,2 5,8-6,0 5,5-5,8 <5,5 6,4-6,6 6,6-7,0 7,0-7,5 >7,5
CEe (dS/m) 0-1 1-2 2-3 3-6 >6 PST (%) 0-8 8-15 15-20 20-25 >25
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
236
Critérios de diagnóstico para o piri-piri
PIRI-PIRI S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract.Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
CPC (dias) 130-150 120-130 110-120 100-110 <100 150-160 160-180 >180
PPC (mm) 700-900 900-1200 1200-1400 >1400 600-700 500-600 400-500 <400
TMPC (oC) 20-24 18-20 16-18 14-16 <14 24-26 24-30 27-28 >28
TMEDGERM (oC) 20-22 18-20 16-18 15-16 <15 22-24 24-30 30-34 >24
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura SCL, SL, L LfS, SC, Co S<60v, LS C>60v Cm, SiCm SiCL C>60s, Sic C>60s, S
Prof. efectiva (cm) >100 75-100 50-75 30-50 <30 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) (0-20) >2 1,2-2 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 5,2-5,5 <5,2 6,8-7,2 >7,2
CEe (dS/m) 0-2 2-3 3-5 5-7 >7 PST 0-8 8-15 15-20 20-25 >25
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
237
Critérios de diagnóstico para a beterraba
BETERRABA S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract.Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
CPC (dias) >200 180-200 170-180 160-170 <160
PPC (mm) 750-900 600-750 500-600 400-500 <400 >900
TMED mês mais frio(ºC) 14-18 12-14 11-12 10-11 <10
18-21 >21
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura SiCL, SiL C<60s, L C<60s, L C<60v, SCL C>60v, SCL Cm, SiCm CL, SC, SiL C>60s C>60s LS, LcS fS, S, cS
Prof. efectiva (cm) >100 75-100 50-75 25-50 <25 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 80-100 50-80 35-50 <35 CO (%) >0,8 0,4-0,8 <0,4
pH top-solo 6,2-6,8 6,0-6,2 5,7-6,0 5,5-5,7 <5,5 6,8-7,0 7,0-8,0 8,0-8,5 >8,5
CEe (dS/m) 0-8 8-10 10-14 14-18 18-24 >24 PST 0-15 15-25 25-35 35-45 >45
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
238
Critérios de diagnóstico para a batata-doce
BATATA DOCE S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
P. anual (mm) 750-1150 650-750 500-650 400-500 <400 1150-1300 1300-1700 >1750
TMPC (oC) 24-26 26-32 32-35 35-40 >40 22-24 20-22 16-20 <16
n/N no desenv. 0,5-0,6 0,35-0,5 <0,35 0,6-0,75 >0,75
n/N na maturação >0,7 0,5-0,7 <0,5
Caract. edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura C<60s, SiC C>60s, SCL C>60v, LS LcS, fS, S Cm, SiCm Co, SiL, CL C<60v, SC LfS SiCL, Si L, S
Prof. efectiva (cm) >100 75-100 50-75 20-50 >20 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) >3 2-3 1-2 <1
pH top-solo 5,8-6,3 5,5-5,8 5,0-5,5 4,5-5,0 <4,5 6,3-6,5 6,5-7,0 7,0-7,5 >7,5
CEe (dS/m) 0-1 1-3 3-6 6-10 >10 PST 0-8 8-15 15-20 20-25 >25
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
239
Critérios de diagnóstico para o tomate
TOMATE S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
CPC (dias) 100-140 90-100 80-90 70-80 <70 140-160 160-180 >180
PPC (mm) 500-600 400-500 300-400 200-300 <200 600-700 700-800 >800
TMPC (oC) 20-24 24-26 26-30 30-35 >35 18-20 16-18 13-16 <13
TMF 18-20 16-18 14-16 12-14 <12 20-22 22-27 27-32 >32
HR no desenv. (%) 30-60 60-80 80-90 >90 24-30 20-24 <20
Caract. edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura SL, L, SiCL C<60s, SCL C>60v, LfS C>60v, LcS Cm, SiCm Si, SiC, Co SL, SC C<60v, LS fS
Prof. efectiva (cm) >150 100-150 75-100 50-75 <50 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) >2 1,2-2,0 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 6,2-6,4 6,0-6,2 5,5-6,0 5,0-5,5 <5,0 6,4-6,6 6,6-6,8 6,8-7,0 >7,0
CEe (dS/m) 0-3 3-5 5-8 8-10 >10 PST 0-8 8-15 15-25 25-35 >35
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
240
Critérios de diagnóstico para a melancia
MELANCIA S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25
CPC (dias) 90-110 80-90 70-80 60-70 <60 110-130 130-150 >150
PPC (mm) 500-600 400-500 300-400 200-300 <200 600-700 700-1000 >1000
TMPC (oC) 24-28 22-24 20-22 18-20 <18 HR no desenv. (%) 30-60 24-30 20-24 <20
60-80 80-90 >90
Caract. edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
Textura/Estrutura SL, L, SiCL LfS, SCL C<60s, SiC C>60V Cm, SiCm SC Co, LS, S c>60S
Prof. efectiva (cm) >150 100-150 75-100 50-75 <50 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-100 35-50 20-35 <20 CO (%) >2 1,2-2,0 0,8-1,2 <0,8
pH top-solo 6,0-6,5 5,8-6,0 5,5-5,8 5,0-5,5 <5,0 6,5-7,0 7,0-7,5 7,5-8,0 >8,0
CEe (dS/m) 0-3 3-4 4-6 6-8 >8 PST 0-8 8-15 15-20 20-25 >25
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
241
Critérios de diagnóstico para a batata reno
BATATA RENO S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Caract. Climática 95-100 85-95 60-85 40-60 25-40 0-25 Precipitação (mm) Primeiro mês >60 45-60 30-45 20-30 <20 Segundo mês >100 80-100 65-80 50-65 <50 Terceiro mês >100 80-100 65-80 50-65 <50 Quarto mês 40-100 20-40 <20
>100 TMPC (oC) 16-20 13-16 10-13 8-10 <8
20-24 24-27 27-30 >30
Caract. Edáficas S1-0 S1-1 S2 S3 N1 N2 Declive (%) 0-4 4-8,0 8-16,0 16-30,0 30-50 >50
SL, SCL SC, SiL, Co C>60s, LS C,60v, LcS S, cS Cm, SiCm Textura/Estrutura SiCL, CL LfS C,60s, SiC
Si, SL C>60v, fS Prof. efectiva (cm) >90 60-90 40-60 20-40 <20 CTC (meq/100g) >24 16-24 <16 (-) <16 (+)
PBT (%) 50-80 35-50 <35 80-100
CO (%) >1,5 0,8-1,5 <0,8 pH top-solo 6,0-6,5 5,6-6,0 5,2-5,6 4,8-5,2 <4,8
6,5-7,0 7,0-8,0 8,0-8,5 >8,5 CEe (dS/m) 0-4 4-8 8-12 12-16 16-20 >20
PST 0-15 15-25 25-35 35-45 >45
Cm, argilaoso pesado; SiCm, Silt argiloso-pesado; C>60v, argila fina com estrutura prismática; C>60s, argila fina com estrutura em bloco, C<60v, argila com estrutura prismática; C<60s argila e estrutura em bloco, SiC, limoso-argiloso com estrutura em bloco; Co, argila, estrutura de oxissolo; SiCL, silt franco argiloso; CL, franco argiloso; Si, solo siltoso; SiL, silt franco; SC, argiloso arenoso; L, franco; SCL, argiloso arenoso franco; SL arenoso franco; LfS, franco arenoso com areia fina; LcS, franco arenoso com areia grossa; fS, areia fina; S, areia.
Fonte: Beernaert (1991)
242
ANEXO II. Ciclo e rendimento potencial médio nas culturas analisadas
Tabela 27. Ciclo e rendimento potencial médio nas culturas analisadas
Cultura Nome Científico Ciclo (dias) Rendto. Potencial (ton/ha)* Alface Lactuca sativa L. 40-85 6.50-9.10 Batata Solanum tuberosum L. 100-120 16.25-18.20
Batata-doce Ipomea batata L. 365 16.25-19.50 Beterraba Beta vulgaris L. >200 26.00-39.00
Cebola Allium cepa var. cepa 120-140 9.10-13.00 Cenoura Daucus carota L. 60-85 9.10-13.00
Feião nhemba Vigna unguiculata L. 62-120 Não disponível Feijão-verde Phaseolus vulgaris L. 60-90 8.00 – 10.30**
Maçaroca Zea mays L. 90-140 19.50-21.45 Melancia Cucumis lanatus L. 90-110 13.00-17.55 Piri-piri Capsicum annum L. 365 3.90-4.88 Repolho Brassica oleracea var. capitata 120-140 22.75-32.50 Tomate Lycopersicom esculentum Mill. 100-140 35.25-39.00
Fonte: Beernaert (1991) * Rendimentos médios obtidos por conversão para nível médio de inputs (Beernaert, 1991).
** Rendimento potencial encontrado em Bhardwaj et al. (1999).
243
ANEXO III. Dados Meteorológicos Usados no Estudo
Temperatura Máxima média mensal (oC)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 1978 25,5 26,1 26,3 23,3 22,2 18,8 19,1 22,1 21,6 22,1 23,8 24,7 1979 25,7 26,4 25,2 24,3 21,8 19,7 18,3 20,7 21,0 23,2 23,4 24,7 1980 25,3 26,4 25,2 23,5 21,7 19,3 18,4 19,9 20,8 22,0 24,5 26,5 1981 27,8 26,6 25,1 23,7 20,8 18,8 19,4 19,1 20,5 20,9 24,5 24,5 1982 26,5 26,5 25,0 23,0 21,5 19,4 20,1 20,5 21,0 22,0 23,1 26,1 1983 27,0 26,2 25,8 29,7 28,3 21,3 20,0 19,6 22,5 22,5 23,9 25,3 1984 25,5 25,4 24,6 22,7 22,2 18,9 19,4 19,9 21,7 23,0 23,1 26,1 1985 26,8 26,4 26,1 23,9 21,2 19,6 19,8 21,3 22,9 23,8 24,5 25,6 1986 25,9 25,7 25,8 24,5 22,7 20,2 20,3 21,6 21,9 23,1 23,5 25,9 1987 26,4 28,0 26,8 25,2 23,6 19,8 19,5 20,7 21,5 21,4 24,0 27,0 1988 27,3 27,2 26,6 24,7 22,4 19,8 20,2 21,4 22,0 22,3 23,0 24,5 1989 25,6 26,0 26,3 23,7 22,9 20,0 19,9 22,3 21,9 22,9 24,0 25,1 1990 26,1 25,6 25,8 24,1 21,6 19,9 20,1 19,6 20,5 23,2 23,4 25,2 1991 26,1 26,5 25,7 24,0 22,1 19,4 19,8 20,7 22,9 23,4 24,8 24,8 1992 26,9 28,0 26,4 25,5 23,3 21,5 20,3 19,8 22,9 24,0 25,2 27,0 1993 26,6 25,8 25,4 24,9 23,1 19,9 20,1 19,8 22,0 22,6 22,8 25,6 1994 25,5 25,5 25,7 23,7 21,8 20,6 18,8 19,8 21,6 20,6 24,0 24,8 1995 26,1 26,4 25,2 23,5 21,4 19,2 19,5 20,4 22,3 24,1 24,1 24,7 1996 26,1 26,4 24,6 21,8 21,7 19,8 18,3 19,5 22,7 23,3 25,1 26,0 1997 26,2 25,7 25,6 23,3 20,6 20,2 19,3 20,6 22,0 22,0 23,5 24,8 1998 25,9 26,4 26,5 24,7 22,4 20,6 19,9 20,7 22,0 22,1 24,1 25,0 1999 26,6 25,8 26,2 23,9 21,9 20,3 20,0 20,9 21,3 20,9 25,1 26,5 2000 24,8 25,6 25,3 22,7 20,3 20,2 19,1 20,2 21,4 22,3 23,5 24,6 2001 24,9 25,3 25,6 24,5 21,9 20,3 19,3 20,8 21,4 22,9 24,6 25,3 2002 26,3 25,5 26,1 24,6 22,6 19,5 19,1 21,2 21,6 22,6 22,8 25,0 2003 26,6 26,9 26,5 24,8 22,2 19,2 19,2 20,1 21,3 23,3 24,7 26,1 2004 26,5 26,3 25,6 24,5 21,7 19,7 18,4 21,3 21,0 23,2 25,3 26,8 2005 27,2 27,0 25,1 24,0 22,5 21,4 20,0 22,6 23,1 23,6 24,5 24,9 2006 26,5 27,3 25,1 23,5 21,2 19,7 20,3 20,2 21,1 23,4 24,2 26,5 2007 26,8 27,1 26,5 24,0 22,1 20,1 19,6 21,0 22,4 22,2 24,5 24,7
Média 26,2 26,3 25,7 24,1 22,2 19,9 19,5 20,6 21,8 22,6 24,1 25,5 Fonte: INAM (2008)
244
Temperatura mínima média mensal (oC)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ1978 29,0 30,0 30,0 27,8 27,8 23,7 23,6 26,9 26,2 26,2 27,9 28,5 1979 30,2 29,9 29,4 28,6 26,5 25,0 23,1 25,1 25,1 27,5 27,2 28,7 1980 29,2 30,2 29,0 28,2 26,8 24,9 23,4 24,6 25,3 26,2 28,3 30,7 1981 32,2 29,3 29,5 28,2 25,0 24,3 25,0 23,9 25,1 25,4 28,7 28,7 1982 30,7 30,5 29,2 27,2 26,4 24,9 25,3 25,3 25,1 26,3 27,1 30,7 1983 31,1 30,6 30,2 29,7 28,3 26,8 25,5 24,9 27,6 26,7 27,3 29,2 1984 29,6 29,6 28,2 27,2 27,7 24,0 23,9 24,5 26,1 26,8 27,1 31,0 1985 31,0 30,2 30,3 28,4 25,7 24,4 25,0 26,6 28,2 28,0 28,5 29,2 1986 29,5 29,5 30,5 28,7 27,9 25,8 25,8 26,8 26,5 27,3 27,8 29,8 1987 30,2 31,8 30,6 29,7 28,5 25,4 24,7 25,8 27,3 25,5 25,3 30,8 1988 31,4 30,8 30,1 29,0 27,5 25,3 25,3 27,0 27,2 26,4 27,0 28,2 1989 29,4 29,8 30,4 28,4 28,2 25,1 25,2 27,7 27,2 27,7 27,8 28,8 1990 30,1 29,3 29,9 28,0 26,2 25,4 25,0 24,2 24,9 27,5 27,6 28,8 1991 31,3 30,4 29,8 28,6 26,8 24,1 25,2 26,4 28,0 27,3 28,9 28,4 1992 30,7 32,2 30,5 29,9 28,5 26,7 25,2 25,8 28,2 29,1 29,2 31,1 1993 30,8 29,5 27,2 29,4 27,9 25,0 24,5 24,6 26,4 26,0 26,5 29,7 1994 29,2 29,2 29,6 28,0 26,6 26,3 24,6 25,2 26,3 24,4 28,0 28,9 1995 29,9 30,2 28,9 27,9 25,6 24,3 24,8 25,3 26,7 28,3 28,0 28,5 1996 29,6 30,4 28,6 27,0 26,1 25,1 23,4 24,5 27,4 27,5 29,3 29,9 1997 29,7 29,5 29,7 28,0 25,3 26,1 24,0 26,2 25,9 26,0 27,7 29,1 1998 30,0 30,2 31,0 29,2 27,3 26,4 25,1 26,1 27,0 26,0 28,1 29,0 1999 30,4 29,5 29,7 28,0 26,8 25,9 25,2 26,2 26,4 25,6 29,4 30,2 2000 28,5 29,2 29,1 27,2 25,6 25,4 24,5 25,7 26,4 26,5 27,5 30,0 2001 29,1 29,3 29,9 29,0 27,2 25,8 24,4 25,6 26,3 26,8 28,6 29,6 2002 30,6 29,9 30,6 29,2 28,1 24,9 24,9 25,8 26,2 27,0 27,6 28,7 2003 31,0 31,1 30,9 29,2 27,1 23,8 24,7 26,0 26,4 27,8 28,8 30,8 2004 30,7 30,3 29,6 29,2 26,5 25,0 23,4 26,7 26,7 28,5 29,5 31,4 2005 31,6 31,6 29,8 28,8 27,9 26,9 25,5 28,7 28,8 28,7 28,8 29,5 2006 30,6 31,7 29,8 28,2 27,0 24,7 26,6 26,2 26,1 27,8 28,4 30,9 2007 31,6 31,7 31,4 28,8 28,5 25,7 25,9 27,9 27,4 26,3 29,4 29,0
Média 30,3 30,0 30,0 28,1 26,0 24,8 24,8 26,5 27,5 26,6 27,7 30,0 Fonte: INAM (2008)
245
Temperatura média mensal (ºC)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ1978 25,5 26,1 26,3 23,3 22,2 18,8 19,1 22,1 21,6 22,1 23,8 24,7 1979 25,7 26,4 25,2 24,3 21,8 19,7 18,3 20,7 21,0 23,2 23,4 24,7 1980 25,3 26,4 25,2 23,5 21,7 19,3 18,4 19,9 20,8 22,0 24,5 26,5 1981 27,8 26,6 25,1 23,7 20,8 18,8 19,4 19,1 20,5 20,9 24,5 24,5 1982 26,5 26,5 25,0 23,0 21,5 19,4 20,1 20,5 21,0 22,0 23,1 26,1 1983 27,0 26,2 25,8 29,7 28,3 21,3 20,0 19,6 22,5 22,5 23,9 25,3 1984 25,5 25,4 24,6 22,7 22,2 18,9 19,4 19,9 21,7 23,0 23,1 26,1 1985 26,8 26,4 26,1 23,9 21,2 19,6 19,8 21,3 22,9 23,8 24,5 25,6 1986 25,9 25,7 25,8 24,5 22,7 20,2 20,3 21,6 21,9 23,1 23,5 25,9 1987 26,4 28,0 26,8 25,2 23,6 19,8 19,5 20,7 21,5 21,4 24,0 27,0 1988 27,3 27,2 26,6 24,7 22,4 19,8 20,2 21,4 22,0 22,3 23,0 24,5 1989 25,6 26,0 26,3 23,7 22,9 20,0 19,9 22,3 21,9 22,9 24,0 25,1 1990 26,1 25,6 25,8 24,1 21,6 19,9 20,1 19,6 20,5 23,2 23,4 25,2 1991 26,1 26,5 25,7 24,0 22,1 19,4 19,8 20,7 22,9 23,4 24,8 24,8 1992 26,9 28,0 26,4 25,5 23,3 21,5 20,3 19,8 22,9 24,0 25,2 27,0 1993 26,6 25,8 25,4 24,9 23,1 19,9 20,1 19,8 22,0 22,6 22,8 25,6 1994 25,5 25,5 25,7 23,7 21,8 20,6 18,8 19,8 21,6 20,6 24,0 24,8 1995 26,1 26,4 25,2 23,5 21,4 19,2 19,5 20,4 22,3 24,1 24,1 24,7 1996 26,1 26,4 24,6 21,8 21,7 19,8 18,3 19,5 22,7 23,3 25,1 26,0 1997 26,2 25,7 25,6 23,3 20,6 20,2 19,3 20,6 22,0 22,0 23,5 24,8 1998 25,9 26,4 26,5 24,7 22,4 20,6 19,9 20,7 22,0 22,1 24,1 25,0 1999 26,6 25,8 26,2 23,9 21,9 20,3 20,0 20,9 21,3 20,9 25,1 26,5 2000 24,8 25,6 25,3 22,7 20,3 20,2 19,1 20,2 21,4 22,3 23,5 24,6 2001 24,9 25,3 25,6 24,5 21,9 20,3 19,3 20,8 21,4 22,9 24,6 25,3 2002 26,3 25,5 26,1 24,6 22,6 19,5 19,1 21,2 21,6 22,6 22,8 25,0 2003 26,6 26,9 26,5 24,8 22,2 19,2 19,2 20,1 21,3 23,3 24,7 26,1 2004 26,5 26,3 25,6 24,5 21,7 19,7 18,4 21,3 21,0 23,2 25,3 26,8 2005 27,2 27,0 25,1 24,0 22,5 21,4 20,0 22,6 23,1 23,6 24,5 24,9 2006 26,5 27,3 25,1 23,5 21,2 19,7 20,3 20,2 21,1 23,4 24,2 26,5 2007 26,8 27,1 26,5 24,0 22,1 20,1 19,6 21,0 22,4 22,2 24,5 24,7
Média 26,2 26,3 25,7 24,1 22,2 19,9 19,5 20,6 21,8 22,6 24,1 25,5 Fonte: INAM (2008)
246
Precipitação Total Mensal (das 09 às 09 horas) (mm)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 1978 302,3 119,1 212,5 37,2 40,1 1,6 60,5 11,5 9,6 62,6 89,4 87,1 1979 128,9 24,8 153,4 36,2 8,0 16,6 7,6 23,9 15,3 58,1 55,4 85,6 1980 47,5 71,2 73,2 115,3 29,0 0,3 8,1 31,7 97,0 50,3 98,8 44,1 1981 229,4 206,9 97,9 10,8 157,7 10,7 7,3 23,1 78,0 113,9 189,9 56,8 1982 27,1 23,1 59,2 194,2 19,0 3,0 3,4 14,0 12,0 32,9 15,6 46,4 1983 110,9 38,0 29,2 7,9 75,2 9,6 10,6 15,8 6,2 34,7 241,3 72,8 1984 280,7 180,1 359,7 90,1 16,5 26,7 136,3 9,6 29,7 72,4 47,2 12,3 1985 217,6 345,1 109,0 15,9 10,1 2,2 5,8 1,3 20,8 55,1 89,8 86,1 1986 130,6 53,9 25,3 50,4 4,8 5,0 0,4 0,0 17,8 19,9 65,8 110,81987 120,8 7,7 64,1 48,1 8,4 5,3 14,3 49,1 111,0 39,1 49,6 39,9 1988 18,4 69,4 132,4 53,8 4,0 42,3 7,2 3,3 12,4 141,3 24,4 102,91989 37,0 127,4 25,1 32,6 8,5 40,8 5,0 2,7 24,1 27,2 122,5 244,21990 325,6 52,4 163,3 17,5 25,3 1,1 0,4 24,3 1,0 31,5 28,7 210,11991 116,5 103,8 92,6 10,5 18,1 40,2 14,3 0,1 14,0 6,4 58,5 111,51992 44,3 36,0 29,7 1,2 9,8 21,9 8,7 0,5 2,9 6,0 73,0 307,51993 67,2 166,6 163,9 30,8 22,6 12,0 29,8 41,3 1,5 91,6 46,0 99,5 1994 112,2 31,1 47,0 52,3 11,2 7,0 0,1 10,7 14,4 76,8 48,5 46,7 1995 109,7 47,6 66,9 22,6 73,8 13,3 1,3 33,1 1,7 108,0 53,7 109,21996 308,4 189,2 36,4 53,2 84,3 5,3 11,5 11,9 0,8 3,2 44,0 146,11997 129,5 88,2 84,6 27,7 69,0 19,8 71,6 33,0 63,0 79,3 273,0 61,0 1998 365,5 52,1 96,9 37,6 3,0 0,0 4,9 1,7 28,5 73,0 164,6 136,71999 100,4 263,8 97,8 65,8 44,3 14,6 0,0 27,4 77,9 161,5 162,6 124,22000 234,8 502,1 364,8 59,8 30,7 4,5 13,8 2,4 65,1 60,4 150,6 111,62001 76,9 148,6 33,6 32,2 40,5 4,8 10,4 3,5 1,3 69,3 290,9 150,72002 184,8 33,9 12,0 7,4 0,0 5,3 4,8 15,1 9,3 44,1 21,9 46,9 2003 24,3 81,3 38,9 14,5 13,0 81,1 10,7 0,0 28,1 9,8 25,1 33,2 2004 171,6 160,0 112,2 42,0 18,5 24,6 69,9 7,1 17,0 37,2 155,7 44,8 2005 155,3 75,5 73,7 37,1 22,2 4,6 29,1 0,6 5,9 11,5 76,6 42,8 2006 255,6 148,3 69,7 78,5 8,7 4,4 17,5 21,1 39,5 40,5 112,1 119,72007 21,4 47,8 70,7 133,2 0,0 22,2 15,3 2,6 18,0 68,7 83,6 321,9
Média 149 117 100 47 29 15 19 14 27 56 99 107 Fonte: INAM (2008)
247
Humidade Relativa Média mensal (%)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ1978 82 80 82 76 72 74 79 72 74 78 78 76 1979 73 78 77 79 78 70 74 78 76 77 78 75 1980 75 80 77 77 74 69 78 80 76 66 79 74 1981 77 79 77 78 77 71 70 72 74 75 78 76 1982 75 75 79 79 76 73 73 74 76 74 76 73 1983 75 76 77 75 70 72 66 71 75 74 86 78 1984 78 78 81 81 74 80 79 76 79 80 75 72 1985 79 80 77 76 75 77 71 72 74 75 76 77 1986 77 74 75 79 74 70 73 72 74 74 75 73 1987 78 73 76 76 74 66 70 72 81 78 80 78 1988 72 77 80 76 75 70 78 72 72 79 75 75 1989 72 76 74 71 74 75 69 69 70 72 78 80 1990 80 78 78 79 78 72 65 77 74 73 74 79 1991 78 79 77 78 82 76 68 70 71 75 74 77 1992 70 72 71 74 72 67 71 71 74 72 72 77 1993 75 81 80 78 77 74 79 71 79 82 79 78 1994 77 77 78 80 80 66 69 74 78 82 77 78 1995 77 78 78 76 79 76 73 78 80 76 79 77 1996 80 81 78 81 77 70 71 71 71 75 75 78 1997 81 80 79 78 75 69 77 78 80 78 83 79 1998 83 78 80 79 75 76 75 72 74 80 81 82 1999 81 82 82 81 79 72 79 78 76 82 78 80 2000 81 88 86 83 79 82 78 82 79 81 84 85 2001 80 84 81 79 79 80 75 78 77 83 86 83 2002 81 78 75 78 80 76 75 79 75 76 74 79 2003 76 -- 80 78 79 -- 84 69 78 76 75 74 2004 81 82 83 82 81 78 78 80 79 81 81 77 2005 78 78 80 79 77 74 79 72 77 78 79 76 2006 82 80 78 83 68 74 77 72 82 83 83 82 2007 78 78 74 80 69 76 70 66 79 80 76 83
Média 78 79 78 78 76 73 74 74 76 77 78 78 Fonte: INAM (2008)
248
ANEXO IV. Resultados de Análises Laboratoriais
Resultados das Análises Laboratoriais
Amostra Unidade Prof. CE MO Ca Mg Na K CTC PST (%) PBT (%) CO 1 B1 83 0,730 1,202 16,0 2,60 6,72 0,440 28 24,0 92,0 0,70 2 B1 65 0,326 0,585 3,4 1,40 0,94 0,350 14 6,7 43,5 0,34 3 B1 120 0,612 0,812 2,8 2,00 2,15 0,230 16 13,4 44,9 0,47 4 P3 >150 0,296 3,755 27,2 4,00 4,13 1,150 38 10,9 96,0 2,18 5 P3 >150 4,070 2,535 20,6 7,20 46,42 4,910 60 77,4 100,0 1,47 6 P3 >150 1,330 6,213 31,8 8,00 14,09 3,970 68 20,7 85,1 3,61 7 P2 54 10,300 23,809 26,8 21,40 39,60 2,010 84 47,1 100,0 13,848 P2 25 1,170 23,553 13,2 8,80 10,07 0,400 96 10,5 33,8 13,699 P2 40 1,690 16,299 33,0 14,80 13,33 5,790 63 21,2 100,0 9,48
10 P4 30 2,050 10,155 33,0 12,40 14,39 5,560 64 22,5 100,0 5,90 11 P4 30 1,200 11,265 19,8 11,40 10,99 5,320 62 17,7 76,6 6,55 12 P4 50 1,220 5,939 19,2 7,60 18,68 3,210 52 35,9 93,6 3,45 13 B1 40 2,660 0,260 4,0 1,00 0,94 0,290 14 6,7 44,5 0,15 14 B1 40 1,710 1,917 14,0 0,40 4,13 2,910 8 51,6 100,0 1,11 15 B1 50 0,255 0,715 3,8 1,40 0,86 0,480 12 7,2 54,5 0,42 16 B1 150 0,531 1,300 3,0 1,00 0,88 0,500 16 5,5 33,6 0,76 17 B1 34 0,396 0,682 10,2 3,80 2,29 0,740 22 10,4 77,4 0,40 18 P2 65 1,310 24,919 10,4 4,80 8,70 0,650 76 11,4 32,3 14,4919 P2 110 0,427 5,718 5,4 2,20 3,04 0,230 40 7,6 27,2 3,32 20 P2 60 0,580 14,081 15,2 8,00 5,97 1,620 60 10,0 51,3 8,19 21 B1 >150 0,198 0,975 5,8 1,80 0,93 0,420 24 3,9 37,3 0,57 22 B1 >150 0,387 1,690 5,0 1,80 0,92 0,650 18 5,1 46,5 0,98 23 B1 >150 0,228 2,145 5,4 1,80 0,57 0,800 18 3,2 47,6 1,25 24 B1 >150 0,133 1,950 2,8 1,00 0,33 0,480 18 1,8 25,6 1,13 25 B1 60 0,487 3,755 2,4 0,80 2,48 0,680 34 7,3 18,7 2,18 26 B1 40 0,970 8,534 3,2 2,00 4,13 1,170 28 14,8 37,5 4,96 27 B1 34 0,670 4,950 3,2 6,40 2,15 1,620 26 8,3 51,4 2,88 28 B1 60 0,178 1,560 2,2 2,20 0,73 0,230 14 5,2 38,3 0,91 29 B1 120 0,342 1,397 4,4 2,20 1,08 0,150 22 4,9 35,6 0,81 30 P1 >150 0,412 12,374 11,4 5,40 3,71 0,660 60 6,2 35,3 7,19 31 B1 >150 0,145 2,112 4,6 1,40 0,50 0,560 20 2,5 35,3 1,23 32 P1 45 1,120 2,735 8,8 3,40 4,13 0,750 68 6,1 25,1 1,59 33 B1 50 0,323 2,632 6,2 4,00 1,32 0,210 28 4,7 41,9 1,53 34 B1 55 0,970 2,210 11,0 3,80 3,30 0,820 22 15,0 86,0 1,28
249
ANEXO V. Resumo das Unidades de Solos
Resumo das Unidades de Solos
Unidade CTC (med/100g) PST (%) PBT (%) CO (%) CEe (ds/m) DEC (%) PROF (cm) TEXT pH B1 8,0 - 34,0 1,8 - 51,6 19 – 100 0,15 – 5,0 0,67 - 13,3 0 – 20 40 - 00 Co-S 5,6-7,5 P1 60,0 – 68,0 6,1 - 6,2 25 – 35 1,6 - 7,2 2,1 - 5,6 0 – 8 45 - 00 Co-CS 3,0-4,5 P2 40,0 – 96,0 7,6 - 47,1 27 – 100 3,3 - 14,5 2,14 - 51,2 0 – 10 25-110 Co-C 5,6-7,6 P3 38,0 – 68,0 10,9 - 77,4 85 – 100 1,5 - 3,6 1,48 - 20,4 0 – 2 ≥150 CoC 7,2-8,3 P4 64,0 – 52,0 35,0 - 17,7 77 – 100 3,5 - 5,9 6,0 - 10,3 0 – 15 30,0 CoC 5,6-7,8
C22 48,7 - 72,7 18,0 – 55,0 48 – 70 1,5 - 5,5 2,5 – 19,0 0-10 30-60 SL, C 7,6 - 9,0
C21 48,5 - 90,4 23,0 – 37,0 49 – 91 6,4 – 12,0 9,3 – 13,0 0-2 35-80 SiCL, C 3 - 7,5 C2 47,9 - 100,0 14,0 – 39,0 47 – 90 3,6 - 9,5 1,6 - 26,6 0 – 6 30-60 SiCL, C 5,5 - 8,5
250
Anexos do Capitulo 2, Subcapitulo 2.1
Lista de anexos
ANEXO A. Mapa da Localização Geográfica do Vale do Infulene
ANEXO B. Fotos de pragas e os danos causados
ANEXO C. Total de agricultores da área de estudo
ANEXO D. Tabelas de análise de variância das pragas por cultura
ANEXO E. Guia de entrevista
ANEXO F. Ficha de campo
251
Anexos do Capitulo 2, Subcapitulo 2.2.
Lista de anexos
Anexo I. Resumo dos resultados de registo das pragas e as respectivas variáveis a medir
Anexo II. Pesticidas recomendados para o controlo de algumas pragas identificadas
Anexo III. Resultados de análise de variância
Anexo IV. Danos provocados por pragas nas culturas
Anexo V. Ficha de registo de observações de pragas no campo
Anexo VI. Guia de entrevista
Anexo VII. Mapa de Localização de zonas de estudo
252
Anexo II: Pesticidas recomendado para algumas pragas identificadas.
Pesticidas recomendados para pragas identificadas nas hortícolas. Fonte : Segeren, et
al,(1994).
Inseticidas recomendados para o controle de Aphis craccivora em feijão.
Produto químico Grupo químico dose c.t
midacloprid nicotinóide 250 ml/ 100 kg sem. IV
methamidophos organofosforado 0,5 a 1,0 l/ha II
malathion organofosforado 2,0 l/ha III
acephate organofosforado 1 kg/100 kg sem. IV
dimethoate organofosforado 640 ml/100 l d’água I
Fonte: Agrofit (2002) ct: Classe toxicológica
Produto químico Nome comercial Dose/l Dose/há
Diazinão Basudine 60% EC 2ml 1- 2 l
Malatião Malatião 50% EC 2-3 ml 1-3 l
Pirimofos-metilo Actellic 50% EC 2ml 1-2 l
Lambda-Cialotrina Karate 5% EC 1 ml 0,5 -1 l
Deltametrina Decis 2,5 % EC 1ml 0,5-1 l
Cipermetrina Cymbush 25% EC ou
Ripcord 20% EC 1ml 0,5-1 l
253
Anexo III. Resultados de análise de variancia
Densidade de Traça da couve (Plutella xylostella) na couve
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 76,50 38,250 3,146 0,064
Erro 21 255,333 12,159
Total 23 331,833
Percentagem de plantas infestadas da Traça da couve (Plutella xylostella) na couve
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 1954,083 977,042 22,068 0,0013
Erro 21 929,750 44,274
Total 23 2883,833
Índice médio de ataque de Traça da couve (Plutella xylostella) na couve
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 1,935 0,967 3,254 0,039
Erro 21 6,242 0,297
Total 23 8,176
Densidade de Broca da couve (Helula undalis) na couve
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 12 15,204 0,054
254
Percentagem de Plantas infestadas de Broca da couve (Helula undalis) na couve
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 12 18,993 0,066
Índice médio de ataque de Broca da couve (Helula undalis) na couve
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 12 15,192 0,057
Densidade de Lagarta da couve (crocidolomia binotalis) na couve
Fonte Graus de
liberdade
Soma dos
quadrados
Média dos
quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 123,750 61,875 17,531 0,0001
Erro 17 60,00 3,529
Total 19 183,750
Percentagem de plantas infestadas de Lagarta da couve (crocidolomia binotalis) na couve
Fonte Graus de
liberdade
Soma dos
quadrados
Média dos
quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 4034,40 2017,20 148,839 0,063
Erro 17 230,40 13,553
Total 19 4264,80
255
Índice médio de ataque de Lagarta da couve (crocidolomia binotalis) na couve
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 6,553 3,277 22,379 0,074
Erro 17 2,489 0,146
Total 19 9,042
Densidade de Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) no repolho
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 15 7,98 0,0022
Percentagem de infestação de Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) no repolho
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 15 11,85 0,001
Índice médio de ataque de Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) no repolho
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 15 28,625 0,00
Densidade de Traça da couve (Plutella xylostella) no repolho
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 2425,40 1212,70 21,245 0,0018
Erro 17 970,40 57,082
Total 19 3395,80
256
Percentagem de plantas infestadas da Traça da couve (Plutella xylostella) no repolho
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 194,117 97,058 2,086 0,155
Erro 17 790,833 46,520
Total 19 984,950
Índice médio de ataque da Traça da couve (Plutella xylostella) no repolho
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 3,059 1,529 12,444 0,00
Erro 17 2,089 0,123
Total 19 5,148
Densidade de mosca branca (Bemisia tabaci) no repolho
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 1641,369 820,684 49,857 0,00
Erro 17 246,909 16,461
Total 19 1888,278
Percentagem de plantas de infestação de mosca branca (Bemisia tabaci) no repolho
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 32,278 16,139 1,453 0,265
Erro 15 166,667 11,111
Total 17 198,944
257
Índice médio de ataque de mosca branca (Bemisia tabaci) no repolho
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 0,849 0,424 5,36 0,018
Erro 15 1,188 0,079
Total 17 2,036
Densidade de Afídeo da couve (Lipaphis erysimi) no repolho
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 7 4,239 0,004
Percentagem de plantas infestadas de Afídeo da couve (Lipaphis erysimi) no repolho
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 7 70,445 0,002
Índice médio de ataque de Afídeo da couve (Lipaphis erysimi) no repolho
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 7 14,405 0,001
Densidade de moscabranca (Bemisia tabaci) na alface
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 10 34,303 0,00
258
Percentagem de plantas infestadas de mosca branca (Bemisia tabaci) na alface
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 10 16,867 0,033
Índice médio de ataque de mosca branca (Bemisia tabaci) na alface
Fonte Graus de liberdade Valor de t Probabilidade
Zona 10 24,96 0,02
Densidade de mosca branca (Bemisia tabaci) no pimento
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 593,158 296,579 7,461 0,005
Erro 16 636,00 39,750
Total 18 1229,158
Percentagem de plantas infestadas de mosca branca (Bemisia tabaci) no pimento
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 394,934 197,467 30,162 0,00
Erro 16 104,750 6,547
Total 18 499,684
Índice médio de ataque de de mosca branca (Bemisia tabaci) no pimento
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 5,605 2,802 25,704 0,01
Erro 16 1,745 0,109
Total 18 7,349
259
Densidade de Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) no pimento
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 24,944 12,472 7,795 0,005
Erro 15 24,00 1,60
Total 17 48,944
Percentagem de plantas infestadas de Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) no pimento
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 76,944 38,472 2,157 0,150
Erro 15 267,556 17,837
Total 17 344,50
Índice médio de ataque de Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta) no pimento
Fonte Graus de liberdade
Soma dos quadrados
Média dos quadrados
Valor de F Probabilidade
Zonas 2 0,128 0,064 0,326 0,727
Erro 15 2,937 0,196
Total 17 3,064
260
Anexo IV: Danos provocados por pragas nas culturas.
Ataque sério de afídeo (Aphis craccivora), no feijão nhemba
Fonte: Segeren et al., (1994)
Presença de afídeo verde da couve (Liphaphis erysimi) na couve.
Fonte: Segeren et al., (1994)
Densidade de infestação de afídeo pardo da couve (Brevicoryne brassicae), na cultura da couve.
Fonte: Segeren et al., (1994)
Ataque sério da traça da couve (Plutella xylostella) no repolho
Ataca sério da broca da couve (Helula undalis)
Fonte: Segeren et al., (1994)
261
Agregado da lagarta da couve (Crocidolomia binotalis)
Fonte: Segeren et al., (1994)
Fruto de pimentos atacados por Lagarta falsa mede palmo (Plusia acuta). O fruto perde o valor
comercial.
Ataque das folhas de pimento por Mosca branca
Planta de couve atacado pela Lagarta falsa mede palmo na zona das Mahotas.
262
Anexo V: Ficha de registo de observações de pragas no campo Parcela no _____ Local____________ Data____/____/____ Associação____________________ Cultura______________ N.Cientifico_________________N.Vulgar_______________
Amostra (planta)
Infestação
No de indivíduos
*Nivel de infestaçao (ou danos)
IMA
Parte atacada
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Total
* Nível: 0= sem infestação; 1= baixa; 2= moderada; 3= séria; 4= muito séria.
Infestação: sem infestação= 0; Infestado= 1
Danos: nível zero sem danos; 1= 1 a 20% da superfície da parte atacada; 2= 21 a 40% da superfície da parte atacada; 3= 41 a 70% da superfície da parte atacada e 4= acima de 70% da superfície da parte atacada.
263
Anexo VI: Guia de entrevista
Agricultor No………. Data: ………de……………….de 2008
Entrevistador: ………………………………………
1. Nome do agricultor……………………………, Idade…….anos,
2. sexo: M…….F……….Nível de escolaridade.....................................
3. A quanto tempo pratica agricultura?
A. <5 Anos B. >5 anos
4. Pratica sempre neste terreno?
A. sim B. Não
5. Como é que faz a preparação do solo?
A. Manual B. Mecanizada C. Tracção animal
6. Utiliza adubos?
A. Sim B. Não
7. Se sim, que tipo de adubos usa?.
A. Orgânico B. mineral
8. Qual é o sistema de rega que usa?
A. Regador B. sulcos C. aspersão
9. Quais são as culturas que pratica? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
10. Faz rotação de culturas?
A. Sim B. Não
11. Conheces algumas pragas?
A. Sim B. Não
12. Quais são as pragas que atacam as culturas? (indicar pragas por cultura)
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
264
13. Quando é que as pragas atacam? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
14. Como se manifestam as pragas que atacam as culturas? (indicar por pragas e por cultura) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------
15. Ocorrem as mesmas pragas todos anos?
A. Sim B. Não C. Outra resposta----------------------------------------
16. Faz algum controlo?
A. sim B. Não
17. Tipo de controlo
A. Preventivo B. curativo
18. Qual a primeira atitude que toma logo após a identificação de uma praga?
------------------------------------------------------------------------------------------------------------Que técnicas usa para controlar essas pragas?
A. Pesticidas B. variedades resistentes C. Rotação de culturas D. Outro----------------
19. Se usa pesticidas: onde é que adquire? ----------------------------------------------------
20. Quais são os pesticidas que usa? (indicar por praga e por cultura) -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
21. Como é que adquire? ------------------------------------------------------------------------
22. Qual é o custo de aquisição? -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
23. Como é que aplica? -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
24. Qual é a periodicidade de aplicação? ------------------------------------------------------
25. Tem alguma formação sobre como se aplica?
A. sim B. Não
26. Alguma vez perdeu toda a cultura por causa de pragas?
A. sim B. Não
27. Se sim, qual a praga e em que cultura? -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
28. Tem alguma pergunta por fazer ou informação adicional para dar? A. sim B. Não
29. Se tem, qual? -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
265
Anexo VII. Mapa de localização das áreas de estudo
266
Anexos do Capitulo 2, Subcapitulo 2.3
Lista de anexos
ANEXO I. Ficha de campo
ANEXO II. Guia de entrevista
ANEXO III. Relação de associados da área de estudo
ANEXO IV. Tabelas de análise das principais pragas por cultura
ANEXO V. Algumas fifuras de dans e sintomas de pragas em culturas hortícolas
267
Anexo I. Ficha de campo Local: Distrito de Catembe Periodo: Outubro a Novembro de 2008
PARCELA NO _____ LOCAL____________ DATA____/____/____
ASSOCIACAO___________________________
Amostra (planta)
Nº de individuos
*Nivel de infestaçao (ou danos)
IMA Parte Atacada
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
Total= % inf=
268
Nivel de Infestação: 0 - sem infestação; 1 - baixa (1 a 5 indivídos); 2 - moderada( 6 a 10
indivíduos); 3- séria (11 a 15 indivíduos) e 4 - muito séria (mais de 15 individuos).
Nivel de Dano: nível zero - sem danos; 1 – ligeiro (1 a 20% da superficie da parte atacada); 2 –
moderado (21 a 40% da superficie da parte atacada) ; 3 – serio (41 a 70% da superficie da parte
atacada) e 4 – muito serio (acima de 70% da superficie da parte atacada).
269
Anexo II. Guia de Entrevista
Local………………Associação………………Data……. /..…../2008
1. Nome do agricultor……………………, Idade…… Nível de escolaridade ...........
2. Há quanto tempo pratica agricultura? A. 1, 2, 3, 4 B. >5 anos
3. Pratica sempre neste terreno? A. Sim B. Não
4. Como é que faz a preparação do solo? A. Manual B. tracção animal, C. mecanizada
5. Utiliza adubos? A. Sim B. não
6. Se sim, que tipo de adubos usa? A. Orgânico (vegetal e animal) B. mineral
7. Onde adquire?...... .....................................................................................................................
8. Qual é o sistema de rega que usa? A. Regador B. sulcos C. aspersão
9. Quais são as culturas que pratica? ...........................................................................................
10. Faz rotação de culturas? A. Sim B. não
11. Se sim, qual é sequência? ................................................................................................
12. Qual é o objectivo da rotação? ............................................................................................
13. Conhece algumas pragas? A. Sim B. não
14. Quais são as pragas que atacam as culturas? (indicar pragas por
cultura).............................................................................................................................................
15. Quando é que as pragas atacam (fase de desenvolvimento da cultura)?
............................................................................................................................................................
16. Ocorrem as mesmas pragas todos anos? A. Sim B. Não
C. Outra resposta...........................................................................................................................
17. Faz algum controlo? A. Sim B. Não
270
18.Tipo de controlo: A. Preventivo B. curativo
19. Qual a primeira atitude que toma logo após a identificação de uma
praga?..............................................................................................................................................
20. Que técnicas usa para controlar essas pragas? A. Pesticidas, B. variedades resistentes
C. Rotação de culturas, D.Outro......................................................................................................
21. Se usa pesticidas: onde é que adquire? ....................................................................................
22. Qual é o custo de aquisição? ..............................................................................................
23. Como é que aplica? ..........................................................................................................
24. Quem aplica? .......................................................................................................................
25. Qual é a periodicidade de aplicação? .....................................................................................
26. Como é que controla a dosagem? ..........................................................................................
27. Onde e como armazena os pesticidas? ....................................................................................
28. Consegue controlar as pragas? A. Sim B. Não C. Nem sempre
29. Se não ou nem sempre, porque? ..............................................................................................
30. O que faz para controlar este tipo de praga? ............................................................................
31. Quem recomenda o uso de um determinado produto? .............................................................
32. Tem alguma formação sobre como se aplica? A. Sim B. Não
33. Alguma vez perdeu toda a cultura por causa de pragas? A. Sim B. Não
34. Se sim, qual a praga e em que cultura? .....................................................................................
35. Tabela de intervalo de segurança por cada tipo de produto aplicado e respectivas dosagens por
cultura.
271
Pesticida aplicado Dosagem Intervalo de aplicação Intervalo de segurança
36. Qual é a finalidade da produção? A. Consumo B. comercialização C. ambos
37. Se for para comercializar, qual é o local de comercialização? .............................................
38. Tem alguma pergunta por fazer ou informação adicional para dar? A. Sim B. Não
39. Se tem, qual? ............................................................................................................................
272
Anexo III. Relação de associados da área de estudo.
Número de agricultores entrevistados por associação e parcelas observadas por bairro.
Bairro Associação e ou Cooperativa
Área húmida
(ha)
Número de membros
Agricultores inqueridos
Parcelas observadas
As. Revolução verde 2.4 30 4 16 Inguide
Coop. Eduardo Mondlane
1 24 - 12
As. Auto-apoio 0.5 15 4 18
Coop. 3 de Fevereiro 1 10 -
Coop. Mao-Tsè-tung 1 24 5 11
Chali
Coop. Acordo de Lusaca
1 12 6 16
As. Marcelino dos Santos
0.6 13 2 12
As. Armando Emílio Guebusa
5.6 78 5 38
As. Agro-jovenil 0.1 17 -
Coop. 20 Setembro 1 20 3 13
Chamissava
Coop. Acordo Incomati 1 24 -
As. Maria de Lurdes Guebusa
2.8 40 3 28 Incassane
Coop. Canimambo Frelimo
1 28 3 17
Total 325 35 181
273
Anexo IV. Tabelas de análise das principais pragas por cultura.
CULTURA DA COUVE
Tabela 4. 1. Teste de normalidade dos resíduos da traça da couve (Plutella xylostela).
Tabela 4. 2. Teste de homogeneidade de variância da traça da couve.
Teste de homogeneidade de variancia (Levene's Test of Equality of ErrorVariances)
a
1,437 3 39 ,247
2,743 3 39 ,056
5,275 3 39 ,0045,842 3 39 ,002
DensidadePercentagem deplantas infestadasIndice medio de ataqueIMAr
F df1 df2 Sig.
Tests the null hypothesis that the error variance of the dependent variable isequal across groups.
Design: Intercept+Trata.
Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
43 43 43 432,1488 83,3721 2,0047 1,5610,97672 13,48372 ,83835 ,26379
,143 ,292 ,242 ,239,143 ,148 ,242 ,239
-,073 -,292 -,154 -,159
,936 1,916 1,584 1,567
,345 ,001 ,013 ,015
NMeanStd. Deviation
Normal Parametersa,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Percentagemde plantasinfestadas
Indice mediode ataque IMAr
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
274
Tabela 4. 3. Analise de variância da traça da couve.
ANOVA
9,725 3 3,242 4,167 ,01230,342 39 ,77840,067 42
2181,387 3 727,129 5,199 ,0045454,659 39 139,8637636,047 42
,577 3 ,192 3,198 ,0342,346 39 ,0602,923 42
Between GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotal
Densidade
Percentagem deplantas infestadas
IMAr
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
H0: A praga tem o mesmo efeito nas zonas de produção, em termos de Dens, PPI e IMA.
Ha: A praga tem efeito diferente nas zonas de produção, em termos de Dens, PPI e IMA.
Sig. <0,05. Rejeita-se a hipótese nula. O teste F é significativo no nível 5% de probabilidade (p
<0,05). Conclui-se que existe pelo menos dois bairros com efeitos diferentes em termos de Dens,
PPI e IMA, a um grau de confiança de 99% de probabilidade (procedimento usado para todas
pragas que fizeram parte da análise).
275
Tabela 4. 4. Teste de Tukey para comparação de médias de Dens, PPI e IMA da traça da couve.
Multiple Comparisons
Tukey HSD
-1,04716* ,34548 ,022 -1,9742 -,1201-,09625 ,45191 ,997 -1,3089 1,1164-,88352 ,34548 ,067 -1,8106 ,04351,04716* ,34548 ,022 ,1201 1,9742,95091 ,47574 ,206 -,3257 2,2275,16364 ,37611 ,972 -,8456 1,1729,09625 ,45191 ,997 -1,1164 1,3089
-,95091 ,47574 ,206 -2,2275 ,3257-,78727 ,47574 ,361 -2,0639 ,4893,88352 ,34548 ,067 -,0435 1,8106
-,16364 ,37611 ,972 -1,1729 ,8456,78727 ,47574 ,361 -,4893 2,0639
-2,10227 4,63209 ,968 -14,5319 10,327321,62500* 6,05921 ,005 5,3659 37,88411,07955 4,63209 ,995 -11,3501 13,50912,10227 4,63209 ,968 -10,3273 14,5319
23,72727* 6,37867 ,003 6,6110 40,84363,18182 5,04278 ,921 -10,3498 16,7135
-21,62500* 6,05921 ,005 -37,8841 -5,3659-23,72727* 6,37867 ,003 -40,8436 -6,6110-20,54545* 6,37867 ,013 -37,6618 -3,4291-1,07955 4,63209 ,995 -13,5091 11,3501-3,18182 5,04278 ,921 -16,7135 10,349820,54545* 6,37867 ,013 3,4291 37,6618
,11976 ,09606 ,602 -,1380 ,3775,36304* ,12565 ,031 ,0259 ,7002,18827 ,09606 ,221 -,0695 ,4460
-,11976 ,09606 ,602 -,3775 ,1380,24328 ,13228 ,271 -,1117 ,5982,06851 ,10457 ,913 -,2121 ,3491
-,36304* ,12565 ,031 -,7002 -,0259-,24328 ,13228 ,271 -,5982 ,1117-,17477 ,13228 ,555 -,5297 ,1802-,18827 ,09606 ,221 -,4460 ,0695-,06851 ,10457 ,913 -,3491 ,2121,17477 ,13228 ,555 -,1802 ,5297
(J) TratamentoChaliInguideIncassaneChamissavaInguideIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChaliInguideChaliInguideIncassaneChamissavaInguideIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChaliInguideChaliInguideIncassaneChamissavaInguideIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChaliInguide
(I) TratamentoChamissava
Chali
Inguide
Incassane
Chamissava
Chali
Inguide
Incassane
Chamissava
Chali
Inguide
Incassane
Dependent VariableDensidade
Percentagem deplantas infestadas
IMAr
MeanDifference
(I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound95% Confidence Interval
The mean difference is significant at the .05 level.*.
276
Tabela 4. 5. Teste de normalidade dos resíduos de afídeos da couve.
Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
30 30 3017,9733 62,8333 1,63333,83531 12,84411 ,30210
,134 ,100 ,113,134 ,100 ,113
-,075 -,100 -,089
,731 ,549 ,617
,659 ,923 ,841
NMeanStd. Deviation
Normal Parameters a,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Percentagemde plantasinfestadas
Indice mediode ataque
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
Tabela 4. 6. Teste de homogeneidade de variância de afídeos da couve.
Teste de homogeneidade de variancia (Levene's Test of Equality of ErrorVariances)
a
,655 3 26 ,587
,408 3 26 ,749
1,440 3 26 ,254
DensidadePercentagem deplantas infestadasIndice medio de ataque
F df1 df2 Sig.
Tests the null hypothesis that the error variance of the dependent variable isequal across groups.
Design: Intercept+Trata.
277
Tabela 4. 7. Análise de variância de afídeos da couve.
ANOVA
183,190 3 61,063 6,523 ,002243,389 26 9,361426,579 29
2444,975 3 814,992 9,059 ,0002339,192 26 89,9694784,167 29
1,449 3 ,483 10,488 ,0001,197 26 ,0462,647 29
Between GroupWithin GroupsTotalBetween GroupWithin GroupsTotalBetween GroupWithin GroupsTotal
Densidade
Percentagem deplantas infestadas
Indice medio de ataq
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
Tabela 4. 8. Teste de Tukey para comparação de médias de Dens, PPI e IMA de afídeos na couve.
Percentagem de plantas infestadas
Tukey HSDa,b
5 49,00005 55,00009 62,2222 62,2222
11 73,1818,077 ,178
TratamentoInguideIncassaneChaliChamissavaSig.
N 1 2Subset for alpha = .05
Means for groups in homogeneous subsets are displayed.Uses Harmonic Mean Sample Size = 6,644.a.
The group sizes are unequal. The harmonic meanof the group sizes is used. Type I error levels arenot guaranteed.
b.
Densidade
Tukey HSDa,b
5 16,06005 16,1200
11 16,60919 21,7333
,988 1,000
TratamentoIncassaneInguideChamissavaChaliSig.
N 1 2Subset for alpha = .05
Means for groups in homogeneous subsets are displayed.Uses Harmonic Mean Sample Size = 6,644.a.
The group sizes are unequal. The harmonic meanof the group sizes is used. Type I error levels arenot guaranteed.
b.
278
Indice medio de ataque
Tukey HSD a,b
9 1,34445 1,5200 1,52005 1,8000 1,8000
11 1,8455,457 ,107 ,980
TratamentoChaliInguideIncassaneChamissavaSig.
N 1 2 3Subset for alpha = .05
Means for groups in homogeneous subsets are displayed.Uses Harmonic Mean Sample Size = 6,644.a.
The group sizes are unequal. The harmonic mean of thegroup sizes is used. Type I error levels are notguaranteed.
b.
CULTURA DE REPOLHO
Tabela 4. 9. Teste de normalidade dos resíduos da traça da couve. Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
20 20 201,6900 74,5000 1,3585,77673 9,16228 ,38529
,142 ,222 ,310,142 ,126 ,310
-,101 -,222 -,176
,636 ,992 1,385
,813 ,279 ,043
NMeanStd. Deviation
Normal Parameters a,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Percentagemde plantasinfestadas
Indice mediode ataque
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
Tabela 4. 10. Teste de homogeneidade de variância da traça da couve.
Test of Homogeneity of Variances
1,400 3 16 ,279
2,539 3 16 ,093
2,750 3 16 ,077
DensidadePercentagem deplantas infestadasIndice medio de ataque
LeveneStatistic df1 df2 Sig.
279
Tabela 4. 11. Analise de variância da traça da couve.
ANOVA
5,427 3 1,809 4,796 ,0146,036 16 ,377
11,463 19474,375 3 158,125 2,258 ,121
1120,625 16 70,0391595,000 19
,237 3 ,079 ,490 ,6942,583 16 ,1612,820 19
Between GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotal
Densidade
Percentagem deplantas infestadas
Indice medio de ataque
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
Tabela 4. 12. Teste de Tukey para comparação de médias de densidade da traça da couve.
Multiple Comparisons
Dependent Variable: DensidadeTukey HSD
,25000 ,46910 ,950 -1,0921 1,59211,19000* ,41201 ,047 ,0112 2,36881,18750* ,37612 ,028 ,1114 2,2636-,25000 ,46910 ,950 -1,5921 1,0921,94000 ,44854 ,196 -,3433 2,2233,93750 ,41581 ,151 -,2521 2,1271
-1,19000* ,41201 ,047 -2,3688 -,0112-,94000 ,44854 ,196 -2,2233 ,3433-,00250 ,35014 1,000 -1,0043 ,9993
-1,18750* ,37612 ,028 -2,2636 -,1114-,93750 ,41581 ,151 -2,1271 ,2521,00250 ,35014 1,000 -,9993 1,0043
(J) TratamentoChalinguideIncassaneChamissavanguideIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChalinguide
(I) TratamentoChamissava
Chali
nguide
Incassane
MeanDifference
(I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound95% Confidence Interval
The mean difference is significant at the .05 level.*.
280
Tabela 4. 13. Teste de normalidade dos resíduos da broca da couve (Helulla undalis).
Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
26 26 261,5038 60,7692 1,1635,49758 16,89333 ,14204
,157 ,097 ,103,157 ,095 ,074
-,077 -,097 -,103,798 ,495 ,527,547 ,967 ,944
NMeanStd. Deviation
Normal Parameters a,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov ZAsymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Pescentagemde plantasinfestadas
Indice mediode ataque
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
Tabela 4. 14. Teste de homogeneidade de variância da broca da couve.
Teste de homogeneidade de variancia (Levene's Test of Equality of ErrorVariances)
a
,270 3 22 ,846
1,109 3 22 ,367
,647 3 22 ,593
DensidadePescentagem deplantas infestadasIndice medio de ataque
F df1 df2 Sig.
Tests the null hypothesis that the error variance of the dependent variable isequal across groups.
Design: Intercept+Trata.
Tabela 4. 15. Análise de variância da broca da couve.
ANOVA
,785 3 ,262 1,065 ,3845,405 22 ,2466,190 25
1943,187 3 647,729 2,745 ,0675191,429 22 235,9747134,615 25
,140 3 ,047 2,807 ,063,365 22 ,017,504 25
Between GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotal
Densidade
Pescentagem deplantas infestadas
Indice medio de ataque
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
281
Tabela 4. 16. Teste de Tukey para comparação de médias de IMA da broca da couve.
Multiple Comparisons
Dependent Variable: Indice medio de ataqueTukey HSD
-,21800* ,07540 ,039 -,4274 -,0086-,13022 ,07182 ,294 -,3297 ,0692-,14400 ,08144 ,315 -,3701 ,0821,21800* ,07540 ,039 ,0086 ,4274,08778 ,06489 ,541 -,0924 ,2680,07400 ,07540 ,761 -,1354 ,2834,13022 ,07182 ,294 -,0692 ,3297
-,08778 ,06489 ,541 -,2680 ,0924-,01378 ,07182 ,997 -,2132 ,1857,14400 ,08144 ,315 -,0821 ,3701
-,07400 ,07540 ,761 -,2834 ,1354,01378 ,07182 ,997 -,1857 ,2132
(J) TratamentoChaliInguideIncassaneChamissavaInguideIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChaliInguide
(I) TratamentoChamissava
Chali
Inguide
Incassane
MeanDifference
(I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound95% Confidence Interval
The mean difference is significant at the .05 level.*.
Indice medio de ataque
Tukey HSD a,b
5 1,03209 1,1622 1,16225 1,1760 1,17607 1,2500
,235 ,638
TratamentoChamissavaInguideIncassaneChaliSig.
N 1 2Subset for alpha = .05
Means for groups in homogeneous subsets are displayed.Uses Harmonic Mean Sample Size = 6,117.a.
The group sizes are unequal. The harmonic meanof the group sizes is used. Type I error levels arenot guaranteed.
b.
282
CULTURA DE CEBOLA
Tabela 4. 17. Teste de normalidade dos resíduos da tripes da cebola. Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
25 25 25 253,0072 71,6000 1,5056 1,4003
1,30308 16,93861 ,72582 ,21587,168 ,146 ,361 ,328,071 ,099 ,361 ,328
-,168 -,146 -,279 -,253
,842 ,728 1,805 1,642
,478 ,665 ,003 ,009
NMeanStd. Deviation
Normal Parameters a,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov Z
Asymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Ppercentagem de plantas
infestadasIndice medio
de ataque IMAr
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
Tabela 4. 18. Teste de homogeneidade de variância da Tripes da cebola.
Test of Homogeneity of Variances
2,498 3 21 ,088
2,558 3 21 ,083
6,859 3 21 ,0026,253 3 21 ,003
DensidadePercentagem deplantas infestadasIndice medio de ataqueIMAr
LeveneStatistic df1 df2 Sig.
Tabela 4. 19. Analise de variância da Tripes da cebola.
ANOVA
7,663 3 2,554 1,621 ,21533,090 21 1,57640,753 24
2126,000 3 708,667 3,126 0,04749*4760,000 21 226,6676886,000 24
1,697 3 ,566 1,085 ,37710,947 21 ,52112,644 24
,151 3 ,050 1,089 ,375,968 21 ,046
1,118 24
Between GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotal
Densidade
Percentagem deplantas infestadas
Indice medio de ataque
IMAr
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
283
Tabela 4. 20. Teste de Tukey para comparação de médias de PPI da Tripes da cebola.
Multiple Comparisons
Dependent Variable: Percentagem de plantas infestadasTukey HSD
-15,33333 8,39753 ,290 -38,7400 8,073313,66667 8,39753 ,386 -9,7400 37,0733
1,66667 7,93492 ,997 -20,4506 23,783915,33333 8,39753 ,290 -8,0733 38,740029,00000* 9,52190 ,029 2,4593 55,540717,00000 9,11653 ,273 -8,4108 42,4108
-13,66667 8,39753 ,386 -37,0733 9,7400-29,00000* 9,52190 ,029 -55,5407 -2,4593-12,00000 9,11653 ,563 -37,4108 13,4108
-1,66667 7,93492 ,997 -23,7839 20,4506-17,00000 9,11653 ,273 -42,4108 8,410812,00000 9,11653 ,563 -13,4108 37,4108
(J) TratamentoChaliInguideIncassaneChamissavaInguideIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChaliInguide
(I) TratamentoChamissava
Chali
Inguide
Incassane
MeanDifference
(I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound95% Confidence Interval
The mean difference is significant at the .05 level.*.
Percentagem de plantas infestadas
Tukey HSD a,b
5 58,00006 70,0000 70,00009 71,6667 71,66675 87,0000
,422 ,242
TratamentoInguideIncassaneChamissavaChaliSig.
N 1 2Subset for alpha = .05
Means for groups in homogeneous subsets are displayed.Uses Harmonic Mean Sample Size = 5,902.a.
The group sizes are unequal. The harmonic meanof the group sizes is used. Type I error levels arenot guaranteed.
b.
284
CULTURA DE TOMATE
Tabela 4. 21. Teste de normalidade dos resíduos do ácaro vermelho. Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
18 18 186,3361 85,0000 1,6772
2,06653 8,40168 ,42380,147 ,278 ,157,147 ,276 ,157
-,089 -,278 -,116,624 1,179 ,664,832 ,124 ,769
NMeanStd. Deviation
Normal Parameters a,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov ZAsymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Percentagemde plantasinfestadas
Indice mediode ataque
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
Tabela 4. 5. Teste de homogeneidade de variância do ácaro vermelho (Tetramichus evansi).
Teste de homogeneidade de variancia (Levene's Test of Equality of ErrorVariances)
a
2,571 3 14 ,096
2,145 3 14 ,140
1,822 3 14 ,189
DensidadePercentagem deplantas infestadasIndice medio de ataque
F df1 df2 Sig.
Tests the null hypothesis that the error variance of the dependent variable isequal across groups.
Design: Intercept+Trata.
Tabela 4. 22. Analise de variância do ácaro vermelho (Tetramichus evansi).
ANOVA
31,730 3 10,577 3,623 ,04040,869 14 2,91972,599 17
180,952 3 60,317 ,829 ,5001019,048 14 72,7891200,000 17
1,220 3 ,407 3,107 ,0611,833 14 ,1313,053 17
Between GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotal
Densidade
Percentagem deplantas infestadas
Indice medio de ataque
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
285
Tabela 4. 23. Teste de Tukey para comparação de médias de densidade do ácaro vermelho.
Multiple Comparisons
Dependent Variable: DensidadeTukey HSD
1,29286 1,17902 ,697 -2,1341 4,7198-,24048 1,17902 ,997 -3,6674 3,18642,99286* 1,00043 ,043 ,0850 5,9007
-1,29286 1,17902 ,697 -4,7198 2,1341-1,53333 1,39504 ,696 -5,5881 2,52141,70000 1,24776 ,541 -1,9267 5,3267
,24048 1,17902 ,997 -3,1864 3,66741,53333 1,39504 ,696 -2,5214 5,58813,23333 1,24776 ,088 -,3934 6,8600
-2,99286* 1,00043 ,043 -5,9007 -,0850-1,70000 1,24776 ,541 -5,3267 1,9267-3,23333 1,24776 ,088 -6,8600 ,3934
(J) TratamentoChaliInguindeIncassaneChamissavaInguindeIncassaneChamissavaChaliIncassaneChamissavaChaliInguinde
(I) TratamentoChamissava
Chali
Inguinde
Incassane
MeanDifference
(I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound95% Confidence Interval
The mean difference is significant at the .05 level.*.
Tabela 4. 24. Teste de normalidade dos resíduos da mosca branca (Bemisia tabaci).
Teste de Normalidade (One-Sample Kolmogorov-Smirnov Test)
23 23 231,5935 28,6957 1,5230,33855 5,26942 ,19576
,078 ,250 ,161,068 ,228 ,161
-,078 -,250 -,119,375 1,199 ,772,999 ,113 ,590
NMeanStd. Deviation
Normal Parameters a,b
AbsolutePositiveNegative
Most ExtremeDifferences
Kolmogorov-Smirnov ZAsymp. Sig. (2-tailed)
Densidade
Percentagemde plantasinfestadas
Indice mediode ataque
Test distribution is Normal.a.
Calculated from data.b.
286
Tabela 4. 25. Teste de homogeneidade de variância da mosca branca.
Test of Homogeneity of Variances
,093 3 19 ,963
2,059 3 19 ,140
1,505 3 19 ,246
DensidadePercentagem deplantas infestadasIndice medio de ataque
LeveneStatistic df1 df2 Sig.
Tabela 4. 26. Analise de variância da mosca branca.
ANOVA
,455 3 ,152 1,395 ,2752,066 19 ,1092,522 22
43,012 3 14,337 ,480 ,700567,857 19 29,887610,870 22
,074 3 ,025 ,606 ,619,769 19 ,040,843 22
Between GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotalBetween GroupsWithin GroupsTotal
Densidade
Percentagem deplantas infestadas
Indice medio de ataque
Sum ofSquares df Mean Square F Sig.
287
Anexo V. Algumas figuras de danos e sintomas de pragas em culturas hortícolas.
A.
B.
C.
D.
E.
F.
G.
H.
I.
288
Cultura de couve com sintomas de dano serio casados por Traça da couve (Plutella xilostella). Fotos A, B,
C e D.
A lagartas amercana (Helicoverpa armigera) e as lagartas (Spodoptera litoralis) causando danos na vagem
de feijão nhemba e na batateira, respectivamente. Imagens E e F, (Segeren, 1994).
Sintomas de doenca podridão negra (Xanthomonas campestris) no alface (fotos G, H, I).
J. K. L.
M. N. O.
P. Q. R.
289
Danos sérios de Tripes (Thrips tabaci) e sintomas de doenças de podridões na cultura de cebola (fotos J e
K).
Sintomas de ataque do Tripes da cebola (Thrips tabaci) na folha de cebola. Foto L (Segeren, 1994).
Sintomas de ataque de doenças no tomateiro (fotos M e N).
Dano causado pela lagarta americana (Heliothis armigera) no tomate, foto O (Duarte, 2004)
Ácaro vermelho (Tetramichus evansi) e mosca branca (Bemisia tabaci), causando danos em hortícolas.
Foto P e R (Ciba-geigy, 1994)
Planta de tomate com ataques sérios de ácaro vermelho (Tetramichus evansi). Foto Q (Knapp, 1999)
S.1. 2. 3. 4.
290
T.1. 2. 3. 4.
U. V. X.
Colmos de milho severamente danificados por broca do colmo (Busseola fusca) e broca ponteada do colmo
(ChIilo partellus). Fotos S1 e S2 (Segeren, 1994).
Danos da Broca rosada do colmo (Sesamia calamistis) e broca do colmo (Busseola fusca). Fotos S3 e S4
respectivamente, (Ciba-geigy, 1994).
Broca da couve (Hellula undalis) e respectivos danos e sintomas de penetração no ápice do caule da couve.
Fotos T1 e T2 (Segeren, 1994).
A lagarta da couve (Crocidolomia binotalis) e os respectivos estragos na couve, fotos T3 e 4 (Segeren,
1994).
Caule de tomateiro cortada pela rosca (Agrotis sp.) foto U (Segeren, 1994).
Falsa lagarta-mede-palmos (Plusia ocuta) e os danos em frutos novos de tomate, fofo X (Segeren, 1994).
Larva de um sirfídeo predador de afídeos pardo da couve (Brevicoryne brassicae). Foto V (Segeren, 1994).
291
Anexos do Capitulo 3, Subcapitulo 3.1
Lista de anexos
ANEXO I. Guia de entrevista
ANEXO II. Ficha de registo de incidência
ANEXO III. Ficha de registo de intensidade de ataque
ANEXO IV. Esquema de amostragem
ANEXO V. Mapa do vale do Infulene
292
Anexo 1. Guia de entrevista
Agricultor No……….
Data:………de………………..de 2008
Entrevistador:………………………………………
Nome do agricultor……………………………,Idade……..anos, sexo: M……..F……….
1. A quanto tempo pratica agricultura? A. <5 anos B. >5 anos
2. Pratica sempre neste terreno? A. sim B. Não
3.Como é que faz a preparação do solo? A. Manual
C. Tração animal
B. Mecanizada .
4. Utiliza adubos? A. sim B. Não
5. Se sim, que tipo de adubos usa?. A. organico B. mineral
6.Qual é o sistema de rega que usa? A. regador
C. aspersão
B. sulcos
7. Quais são as culturas que pratica? ---------------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
8. Faz rotação de culturas? A. sim B. Não
9. qual é o destino dos restos culturais? A. queima B. incorporação no solo
10. Conheces algumas doenças? A. sim B. Não
11. Quais as doenças que conheces e que culturas atacam? (mencionar doença e cultura) -------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
12. quais são os sintomas? (doença e sintoma)----------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
13. Faz algum controlo ? A. sim B. Não
14. Tipo de controlo A. Preventivo B. curativo
15. Qual a primeira atitude que toma logo após a identificação de uma doença?
293
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------------------------------------------------------------------
16. Que técnicas usa para controlar essas doenças? A. pulverização com Pesticidas
C. rotação de culturas
B. variedades resistentes
D. manipulação de datas de sementeira
E. se outros, mencione ---------------------------------------
-------------------------------------------------------
17. Se usa pesticidas, tem alguma formação sobre
como se aplica?
A. sim B. Não
18. que pesticides usa? (nome do pesticida e cultura/doença) ----------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
19. Tem observado as dosagens? A. sim B. Não
20. Tem observado os intervalos de segurança? A. sim B. Não
Se não, como tem controlado ?
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
21. Onde adquire os pesticides? A.. loja B. vendedores ambulantes
22. Tem feito rotação de pesticides? A. sim B. Não
23. Ocorrem as mesmas doenças todos anos? A. sim B. Não
24. Alguma vez perdeu toda a cultura por causa de
doenças?
A. sim B. Não
25. Se sim, qual a doença e em que cultura? ------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------
26. Qual é a doença que mais problemas causa? (doença e cultura)
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
27. Tem alguma pergunta por fazer ou informação
adicional para dar?
A. sim B. Não
28. Se tem, qual?---------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
294
Anexo II. Ficha de registo de incidência de doenças
Doença Nr. Plantas observadas Nr. De plantas infectadas
295
Anexo III. Ficha de registo de intensidade de ataque
Parcela no..........
0 = sem sintoma/sinal ;
1 = 0 a 10% ( severidade baixa)
2 =11 a 30% ( severidade moderada)
3 = 31 a 60% ( severo)
4= 61 a 100% ( muito severo)
Planta nº.
Doença
Sintomas
Intensidade de ataque ( 0 a 4 )
1 0 1 2 3 4 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
296
Anexo IV. Amostragem segundo o método de Case
AMOSTRA TOTAL AMOSTRA SUGERIDA PERCENTAGEM
100 15 15
200 20 10
500 50 10
1000 50 5
FONTE: Case, 1990
297
Anexo V. Mapa do vale de Infulene
298
Anexos do Capitulo 4
Lista de anexos
ANEXO I. Inquerito ao agricultor
ANEXO II. Guia de entrevista ao comerciante
ANEXO III. Base de dados
299
Anexo I. INQUÉRITO AO AGRICULTOR
Dados pessoas do agricultor
Data da entrevista :
Numero do distrito :
1[ distrito numero 4 2] distrito numero 5
Nome ou código do Agricultor:
Sexo:
1] Masculino 2] Femenino
Sabe ler ou escrever?
1] Sim 2] Não
Bairro:
1] Vale do infulene 2] Mahotas
Qual o tamanho do seu AF4:
1. Você (entrevistado) é? ________________________________________________
1] Proprietário da machanba , 2] trabalhador do proprietário da machanba
4 Agregado Familiar.
O presente questionário visa a recolha de dados sobre a comercialização dos
produtos agrícolas na cidade de Maputo. Ele tem fins meramente científicos, pelo
que apela-se a sua colaboração.
300
2. Você (entrevistado) é?__________________________________________________
1] Pai da família 2] mãe da família 3] filho 4] avo
2.11 Pertence a uma associação/cooperativa? ______________________________
1] Não faz parte de nenhuma associação nem cooperativa, 2] Pertence a uma associação, 3]
pertence a uma cooperativa
3.Quem e o chefe da sua família? ___________________________________________
1] Homem 2] Mulher
4. Quantos adultos (>14) fazem parte do seu agregado?_________________________
5. Quantos membros do seu agregado trabalham na machamba? __________________
6. Quantos membros do seu agregado trabalham fora da machamba? _____________
7. Recebe algum tipo de crédito? ___________________________________________
1] Sim 2] não
7.1 Caso sim, que tipo de credito e de quem? __________________________________
8. quantos dias da semana você trabalha na sua machanba ?
___________________________________________________________________________
9. Quantas horas levas na sua machanba por dia?
10. Quem vende os seus produtos?
11. Para quem vendes os seus produtos?
12. Que quantidade de produto vendes por dia?
_______________________________________________________________________
301
13.
Cultivou
1] Sim 2] não Área declarada Área medida Valor pago pelo uso da área Numero de sementeira por ano
Cultura
Couve
Alface
Repolho
Cenoura
14.
Pesticida Adubo
Finalidade 1] venda 2] consumo 3] ambos Fonte da terra
Usa
1]sim 2]não Adquire por
Usa
1]sim 2]não Adquire por
Cultura
Couve
Alface
Repolho
Cenoura
Cebola
302
H2O Mão-de-obra Instrumento agrícolas Sementes
Cultura Faz irrigação 1]
sim 2] não Paga pela H2O 1]
sim 2] não
Paga alguém para trabalhar na machamba 1]
sim
2] não Paga algum valor 1]
sim 2] não Obtêm por
Couve
Alface
Repolho
cenoura
Cebola
• Fonte da terra: 1] emprestada, 2] Herança, 3] comprou, 4] oferta, 5] título • Adquire por: 1] doação 2] compra 3] [produz localmente
16. Donde provém os insumos
a) Sementes______________________________________________________________ b) Pesticidas ______________________________________________________________ c) Adubos/fertilizantes/estrume______________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________ d) H2O_______________________________________________________________________ e) Mão-de-obra _______________________________________________________________ f) Instrumentos agrícolas _________________________________________________________________
303
PARTE II: levantamento dos custos por cultura:
Pesticida Adubo Semente
Ordem NOME
Quant. Usada
po ciclo Custo
unitário NOME
Quant. Usada po
ciclo Custo
unitário
Tipo 1] semente 2] plantula do
viveiro Custo unitário
1
2
3
4
Qual e o preço de venda do produto
por Kg?
Instrumentos H2O Mão-de-obra
Ordem Nome Custo por ciclo Custo por ciclo Numero de contratados
Custo por contratado por ciclo
1
2
3
304
1. Armazena os seus produtos? ____________________________________
1] Sim 2] não
o Caso sim, que tipo de armazenamento faz? ____________________
2. Faz algum tipo de processamento? __________________________________
1] Sim 2[não
o Caso sim, que tipo de processamento faz? ______________________
3. Paga algum tipo de imposto? ___________________________________
1] Sim 2]não
3.1 Caso sim, qual o valor? Em que período? E para que paga o imposto? ______
4. Onde vende os seus produtos? E para quem vende? ____________________
5. Que quantidade espera produzir? __________________________________
6. Quais os problemas que enfrentam na produção e comercialização dos seus
produtos?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________
7. Como gostaria de resolver os seus problemas? _________________________
305
Anexo II: Guia de entrevista para o comerciante
INQUÉRITO AO COMERCIANTE
Dados pessoais do comerciante
Data da entrevista:
Numero do distrito:
1[distrito numero 4 2] distrito numero 5
Nome ou código do comerciante
1] Compra do agricultor e vende directamente ao consumidor, 2 [compra dum comerciante
e vende directamente ao consumidor, 3] compra dum comerciante e vende ao outro
comerciante, 4] compra de um agricultor e vende para um outro comerciante
Sexo:
1] Masculino 2] Femenino
Sabe ler ou escrever?
1] Sim 2] Não
Bairro:
Tipo de comerciante:
1] Grossista 2]retalhista
Qual o tamanho do seu AF5:
1.Onde compra os seus produtos? E por que?_________________________________
2 Para quem vende os seus produtos?______________________________________
5 Agregado Familiar.
O presente questionário visa a recolha de dados sobre a comercialização dos
produtos agrícolas na cidade de Maputo. Ele tem fins meramente científicos, pelo
que apela-se a sua colaboração.
306
1] Directamente ao consumidor 2] a um outro comerciante
3. Em que mercado vende os seus produtos? __________________________________
4. Como fazes o transporte dos seus produtos ao mercado? ____________________
6. que quantidade transportas?___________________________________________
7.Qual a distancia entre o local de compra e de venda dos seus produtos?_________
8. quanto tempo você leva ao transportar os produtos ate ao seu local de venda?___
9. quanto pagas pelo transporte?___________________________________________
10. Paga algum imposto/taxa pela actividade que realizas ?_____________________
1] Sim 2]não
11.fazes algum tipo de processamento? ______________________________________
1] Sim 2]não
11.1 Caso sim, que tipo de processamento?___________________________________
12. Armazena os seus produtos?___________________________________________
1[sim 2[não
12.1 Caso sim, onde e como faz o armazenamento_____________________________
LEVANTAMENTO DOS CUSTOS
Cultura Compra a
(mt/Kg) Vende a (mt/Kg)
A quant comprada
A quant vendida
O valor do
imposto pago
O valor pago pelo transporte
Valor pago pelo local da
venda
Valor pago a outras
despesas
Couve
Alface
Repolho
Cebola
Cenoura
• Valor pago a outras despesas: inclui o valor pago a alguém para fazer o carregamento dos
produtos do local onde o comerciante compra os seus produtos ate ao meio que lhe levara ate ao
mercado assim como o descarregamento do produto no mercado e outras despesas relacionadas
com a comercialização.
8. Quais os problemas que enfrentas no processo de comercialização? ______________
8.1 Como gostaria que fossem resolvidos? ___________________________________
307