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Universidade do Algarve Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Departamento de Artes e Humanidades Ano Letivo 2013/2014 Estudo do talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas) Trabalho de Seminário de Sofia Costa (nº. 44566) Para o curso de Arqueologia Orientador: Prof. Doutor António Faustino Carvalho Faro, Junho de 2014
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Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Jan 28, 2023

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Page 1: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Universidade do Algarve

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de Artes e Humanidades

Ano Letivo 2013/2014

Estudo do talhe lamelar em sílex no Neolítico

Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria,

Torres Novas)

Trabalho de Seminário de Sofia Costa (nº. 44566)

Para o curso de Arqueologia

Orientador: Prof. Doutor António Faustino Carvalho

Faro, Junho de 2014

Page 2: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)
Page 3: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Dedico este trabalho às pessoas

mais importantes da minha vida

Pelo que me ensinaram e transmitiram

Pelo apoio incondicional e incessante

Page 4: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Índice

Resumo............................................................................................................................I

Abstract...........................................................................................................................II

Agradecimentos..............................................................................................................III

Índice de figuras.............................................................................................................IV

Índice de tabelas.............................................................................................................V

0. Introdução....................................................................................................................1

1.Sítio arqueológico da Costa do Pereiro........................................................................3

1.1.Contexto geográfico, geológico e paleoambiental.........................................3

1.2. Historial das investigações...........................................................................6

1.2.1. Trabalhos arqueológicos realizados e leitura

estratigráfica………………………………………………………………………………….…6

1.2.2. As interpretações prévias do Neolítico médio da Costa do Pereiro

e o seu quadro cronológico..................................................................................7

1.2.3. A indústria lítica do Neolítico médio da Costa do Pereiro –

principais características e problemas levantados..........................................................9

2. Análise do talhe lamelar em sílex..............................................................................10

2.1. Introdução ..................................................................................................10

2.2. Objetivos e metodologia da análise lítica....................................................11

2.3. Análise tecno-tipológica..............................................................................12

2.3.1. Características do sílex................................................................12

2.3.2. Núcleos........................................................................................15

2.3.3. Produtos alongados.....................................................................16

2.3.4. Utensílios sobre lamela................................................................17

2.4. Estratégias de exploração - síntese ...........................................................19

2.4.1. Indicadores de talhe local ............................................................20

2.4.2. Objetivos da debitagem................................................................21

2.4.3. Dinâmica da debitagem................................................................21

2.4.4. Técnicas e procedimentos de talhe..............................................22

3. Considerações finais/Resultados..............................................................................24

4. Comparação com outros sítios arqueológicos..........................................................27

5. Conclusão..................................................................................................................29

Page 5: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

6. Referências bibliográficas.........................................................................................33

7. Anexos

Anexo A. Períodos geológicos do concelho de Torres Novas

Anexo B. Entidade litológicas do concelho de Torres Novas

Anexo C. Precipitação anual do concelho de Torres Novas

Anexo D. Critérios de Análise

Anexo E. Estampas

Anexo F. Tabelas relativas à análise lítica

Page 6: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

I

Resumo

A Costa do Pereiro (Torres Novas) tem sido apenas mencionado nas

discussões sobre o Mesolítico no centro de Portugal, mas inclui também importantes

testemunhos do Neolítico Médio. Estes revelaram-se um interessante ponto de partida

para o estudo do talhe lamelar presente em contexto residencial durante o período e,

por comparação, com o observado em contexto funerário.

Desta forma, a dissertação que aqui se apresenta é uma análise tecnológica e

tipológica do talhe lamelar em sílex, cujo conjunto é resultante das intervenções

arqueológicas decorridas neste sítio entre 1995 e 1999. Procurou-se também

enquadrar o estudo dos materiais líticos numa perspetiva mais alargada, comparando

os dados obtidos com os provenientes de conjuntos líticos de contextos funerários,

tomando como exemplo a necrópole de hipogeus de Sobreira de Cima (Serpa).

Conclui-se que as lâminas e lamelas do contexto funerário resultaram de dois

processos de talhe: um que originou produtos alongados pequenos e os outros

produtos alongados maiores. Porém, no contexto residencial o talhe produziu produtos

alongados de dimensões ainda mais reduzidas. Assim, pode-se afirmar que no

Neolítico médio existiam três processos de talhe lamelar principais usados

diferenciadamente.

Palavras-chave

Neolítico Médio; Tecnologia lítica; Contexto residencial vs. Funerário

Page 7: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

II

Abstract

The Costa do Pereiro (Torres Novas) archaeological site has only been

mentioned in discussions about the Mesolithic in central Portugal but it also preserves

important testimonies of the Middle Neolithic. These proved to be an interesting starting

point for understanding the bladelet production strategies in residential contexts and,

by comparison, in funerary contexts.

So, this thesis is a technological and typological analysis of the bladelet

production in flint. This assemblage was recovered during the archaeological

excavations that took place at the site between 1995 and 1999. We also sought to

place the study of these materials in a broader perspective, comparing the data

obtained with the lithic collections from funerary contexts, using as example the

hypogea of Sobreira de Cima (Serpa).

This perspective was complemented by data set observed in these two

contexts. We conclude that the bladelets in funerary context derived from two

reduction strategies: one providing medium-sized pieces, the other large-sized pieces.

In the residential context there are also smaller elongated products. We can thus

conclude that in the Middle Neolithic there were three bladelet production processes

resulting in three main calibers which were used differentially.

Keywords

Neolithic Medium; Lithic Technology; Residential context

Page 8: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

III

Agradecimentos

A realização desta dissertação contou com importantes apoios e

incentivos, dois quais tornaram isto uma realidade, e por isso, estarei sempre

grata.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao orientador desta tese, o Prof.

Doutor António Faustino de Carvalho por todo o apoio, ajuda e incentivo, bem

como a confiança depositada neste trabalho.

Aos meus colegas e amigos pela ajuda prestada, em especial, à Daniela

Maio, à Cláudia Leirias, à Magna Abreu, Sofia Pereira, Inês Alves, Patrícia

Afonso, Cristina Manuel, Cláudia Fernandes, Barbara Costa e Júlio Mendonça,

pela amizade, apoio e muitas aventuras ao longo dos anos, que tornaram todo

este tempo uma etapa inesquecível.

À minha colega de quarto, Beatriz Jardim, pela paciência que

demonstrou quando eu ficava a trabalhar até altas horas da noite.

À Joana Silva por ter disponibilizado um pouco do seu tempo para tirar

algumas fotografias do material estudado.

À minha família, em especial aos meus tios Fátima e Luís e aos meus

primos Gonçalo, Francisco e Carolina.

Por fim, mas não menos importante, dirijo um agradecimento especial

aos meus pais e ao Tomás, por todo o apoio incondicional, amizade, incentivo

e paciência demonstrados. A eles dedico este trabalho!

Page 9: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

IV

Índice de Figuras

Figura 1 Localização da Costa do Pereiro em Portugal. (Fonte: Google Earth) ............ 3

Figura 2 Maciço calcário estremenho. (Fonte Carvalho et alii, 2011) ............................ 4

Figura 3 Costa do Pereiro. Topografia geral com inclusão da área escavada (Carvalho,

2008) ............................................................................................................................ 6

Figura 4 Gráfico dos elementos de talhe presentes na coleção. ................................. 13

Figura 5 Fotografia das lâminas e lamelas da rocha II, III, (em cima) IV e V (em baixo).

(Foto de Joana Silva) .................................................................................................. 14

Figura 6 e Figura 7 Gráficos das Lâminas e Lamelas retocadas e não retocadas nos

diferentes tipos de sílex (II, III, IV e V). ....................................................................... 15

Figura 8 Gráfico da percentagem dos diferentes tipos de núcleos. ............................. 16

Figura 9 Gráfico da largura e comprimento dos núcleos (total). .................................. 17

Figura 10 Gráfico do tipo de fracturação das lâminas e lamelas (total). ...................... 18

Figura 11 Gráfico da largura e comprimento das lâminas e lamelas (total). ................ 19

Figura 12 Gráfico do tipo de retoques das lâminas e lamelas (total). .......................... 19

Figura 13 Gráfico do tipo de micrólitos geométricos (total).......................................... 20

Figura 14 Gráfico da coleção que apresenta tratamento térmico (total). ..................... 24

Figura 15 e Figura 16 Localização da Necrópole dos hipogeus de Sobreira de Cima.

(Fonte: VALERA, 2013) (Fonte: Carta Militar de Portugal, folha 501, 1:25000) ........... 28

Figura 17 Mapa dos períodos geológicos do concelho de Torres Novas (Simões,

2003). ................................................................................................................ Anexo A

Figura 18 Mapa das entidade litológicas do concelho de Torres Novas (Simões, 2003).

.......................................................................................................................... Anexo B

Figura 19 Mapa da precipitação anual do concelho de Torres Novas (Simões, 2003).

......................................................................................................................... Anexo C

Figura 20 Fotografia dos Núcleos prismáticos. (Foto de Joana Silva) ................ Anexo E

Figura 21 Fotografia dos Núcleos bipolares. (Foto de Joana Silva) ................... Anexo E

Figura 22 Fotografia das lâminas e lamelas. (Foto de Joana Silva) ................... Anexo E

Figura 23 Fotografia das lâminas e lamelas da rocha II, III, (em cima) IV e V (em

baixo). (Foto de Joana Silva) ............................................................................. Anexo E

Figura 24 Fotografia dos Microburis, geométricos trapézios e segmentos,

respetivamente. (Foto de Joana Silva) ............................................................... Anexo E

Page 10: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

V

Índice de Tabelas

Tabela 1 Horizontes arqueológicos - Sequencia cultural geral. (Carvalho, 2008) .......... 9

Tabela 2 Variabilidade funcional da composição dos conjuntos líticos e índices de

atividades económicas. ............................................................................................... 27

Tabela 3 Datações de radiocarbono para os sepulcros da Sobreira de Cima. (Valera,

coord., 2013) .............................................................................................................. 29

Tabela 4Tabela relativa à análise dos Núcleos .................................................. Anexo F

Tabela 5 Tabela relativa à análise de Laminas e Lamelas Não Retocadas ........ Anexo F

Tabela 6 Tabela relativa à análise de Lâminas e Lamelas Retocadas ............... Anexo F

Tabela 7 Tabela relativa à análise dos Geométricos .......................................... Anexo F

Tabela 8 Inventário do espólio analisado ........................................................... Anexo F

Tabela 9 Espolio Cortical e não Cortical ............................................................ Anexo F

Tabela 10 Espolio com Tratamento térmico e calcinação .................................. Anexo F

Tabela 11 Tipos de Núcleos .............................................................................. Anexo F

Tabela 12 Tipo de Córtex nos Núcleos .............................................................. Anexo F

Tabela 13 Estado dos Núcleos .......................................................................... Anexo F

Tabela 14 Produtos extraídos dos Núcleos ........................................................ Anexo F

Tabela 15 Analise das Lâminas e Lamelas ........................................................ Anexo F

Tabela 16 Tipo de fratura nas Lâminas e Lamelas ............................................ Anexo F

Tabela 17 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha II ..................................... Anexo F

Tabela 18 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha III .................................... Anexo F

Tabela 19 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha IV ................................... Anexo F

Tabela 20 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha V .................................... Anexo F

Tabela 21 Analise dos geométricos ................................................................... Anexo F

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1

0. Introdução

Apenas muito recentemente a investigação sobre o Neolítico médio tem

evoluído. Este avanço tem sido particularmente importante para compreender os

contextos de habitat e as características destas comunidades.

Em Portugal, praticamente apenas os comportamentos e contextos funerários

receberam atenção por parte dos investigadores, sabendo-se, assim, muito pouco

sobre os padrões de organização dos povoados e a cultura material, nomeadamente

da indústria lítica.

O estudo tipológico e tecnológico das indústrias líticas é um dos métodos para

compreender as ocupações humanas pré-históricas; assim, a caracterização dos

conjuntos de pedra lascada tem um papel fundamental para entender a cultura

neolítica, nomeadamente o comportamento económico e tecnológico subjacente

(tecnologias, tipologias e funcionalidades do instrumento). Ou seja, a cultura neolítica

ficou marcada tanto pela alteração da economia de subsistência (que passou de

recoleção, caça e pesca para horticultura, agricultura e pastorícia), pelo surgimento

dos primeiros povoados permanentes, pela organização social (passam a ser

sociedades de tribos sedentárias), como por uma evolução na tecnologia, que se

materializa com o surgimento da pedra polida, o tratamento térmico, entre outros.

Assim, esta é uma dissertação de licenciatura sobre a pedra lascada em sílex

(principalmente sobre a sua componente lamelar) do sítio neolítico médio da Costa do

Pereiro, localizado na freguesia de Chancelaria em Torres Novas. Trata-se de um

habitat, ou acampamento temporário, mas que revelou um enterramento infantil, sendo

que compreende a existência de vários momentos de ocupação durante IV milénio

a.C. O objetivo deste trabalho é determinar a funcionalidade do sítio e a sua relação

com mudanças e evolução na tecnologia lítica no Neolítico medio, incidindo na

exploração e aquisição desta matéria-prima e na respetiva cadeia operatória.

O presente trabalho encontra-se dividido em quatro partes distintas.

A primeira apresenta o sítio arqueológico da Costa do Pereiro, abordando o

seu contexto geográfico, geológico e condições ambientais, apresentando os trabalhos

realizados e a sua leitura estratigráfica. Também se aborda sucintamente as

interpretações prévias e as principais características da indústria lítica do Neolítico

médio, assim como as diversas cronologias encontradas.

Page 12: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

2

A segunda parte é relativa à coleção analisada, onde serão apresentadas as

características do conjunto, os objetivos e a metodologia da análise lítica utilizada.

Apresenta-se, também, a análise tecno-tipológica da indústria lítica, relativamente ao

aprovisionamento e características do sílex, sendo que esta é a única matéria-prima

estudada da coleção e, sucintamente, as estratégias de exploração, ou seja, os

indicadores de talhe local e gestão das matérias-primas, os objetivos e dinâmica da

debitagem, as técnicas e os procedimentos de talhe.

A terceira parte é sobre os resultados obtidos e as considerações finais e, na

última parte, a partir dos dados apresentados e questões levantadas, é realizada uma

comparação com outros sítios arqueológicos, mais concretamente é uma comparação

da indústria de pedra lascada da Costa do Pereiro com a indústria lítica encontrada em

contextos funerários. Usa-se como exemplo máximo a necrópole de hipogeus da

Sobreira de Cima, localizada em Serpa e recentemente publicada.

Todo o trabalho é acompanhado com as referências bibliográficas,

cartográficas e aos recursos utilizados, seguindo-se um conjunto de anexos, onde se

incluem os critérios utilizados no estudo da indústria lítica, cartografia, fotografias da

Costa do Pereiro e de materiais líticos e as diversas tabelas relativas à análise lítica.

O trabalho foi realizado em concordância com o novo acordo ortográfico.

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3

1.Sítio arqueológico da Costa do Pereiro

1.1.Contexto geográfico, geológico e

paleoambiental

A Costa do Pereiro localiza-se em Santarém, no concelho de Torres Novas, na

freguesia de Chancelaria. Encontra-se perto da nascente do Abrigo de Pena d’Água e

na base do Arrife da Serra d’Aire. Esta zona geográfica é caracterizada pelo Rio Tejo,

a Nascente, onde se formaram naturalmente extensas praias arenosas. A rede

hidrográfica da região complementa-se com outras massas hídricas de grande

interesse regional, como os rios Nabão, Almonda e Alviela. Ou seja, a Costa do

Pereiro “fica assim enquadrado pela transição entre estas duas unidades, Orla

ocidental e Bacia Terciária do Tejo e Sado” (Simões, 2003).

Figura 1 Localização da Costa do Pereiro em Portugal. (Fonte: Google Earth)

O Maciço Calcário Estremenho (MCE), de que faz parte o Arrife da Serra

d’Aire, é um maciço calcário com todas as formas cársicas1, extremamente importante

devido às suas peculiaridades geológicas e geomorfológicas e por ser a maior

extensão de afloramentos em rochas calcárias do Jurássico médio no território

1 Tipo de relevo geológico caracterizado pela corrosão das rochas, que leva ao aparecimento de cavernas, dolinas, vales secos, vales cegos, cones cársticos, rios subterrâneos, canhões fluviocársicos, paredões rochosos expostos e lapiás.

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4

português. Contém uma área de cerca de 384 km2, atravessando Leiria, Alcobaça, Rio

Maior, Ourém e Torres Novas. Toda a sua morfologia esta condicionada pelos

movimentos tectónicos que conferiram uma acentuação das escarpas e

desenvolvimento de uma morfologia cársica, sendo que esta também foi condicionada

pela natureza calcária das rochas. O MCE pode ser dividido em três regiões elevadas:

a Serra de Candeeiros, planaltos de S. António e S. Mamede e Serra de Aire

(Carvalho et alii, 2011).

Figura 2 Maciço calcário estremenho. (Fonte Carvalho et alii, 2011)

O sítio arqueológico da Costa do Pereiro encontra-se a cerca de 117metros de

altitude, num concelho considerado de transição, enquadrando-se por três

subunidades regionais distintas: Ribatejo, Maciços Calcários da Estremadura e

Arrábida e a Estremadura Interior (Depressões e Colinas entre a Cordilheira Central e

os Maciços Calcários da Estremadura e Arrábida). A sua posição lhe confere um

carácter de transição entre Norte e Sul do país, interior e litoral, terras altas e terras

baixas, calcários e barros (Simões, 2003).

A Costa do Pereiro assenta sobre uma “plataforma a meia vertente cuja

formação se deve à existência de uma coroa de blocos calcários que aprisionaram os

sedimentos coluvionados” (Carvalho, 2008), ou seja, encontra-se numa formação

sedimentar do período geológico denominado Jurássico (Anexo A). Nesta zona

encontram-se formações litológicas compostas por calcários, calcários dolomíticos,

calcários margosos e margas (Anexo B). E pedologicamente encontra-se cambissolos

Page 15: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

5

crómicos calcários. Estes solos têm pH variável encontrando-se solos ácidos, neutros

e alcalinos, com uma capacidade de uso também muito variável (Carvalho et alii,

2011).

No interior do maciço calcário é bastante raro encontrar sílex, a única formação

siliciosa localiza-se na Serra dos Candeeiros. Assim, pode concluir-se que esta rocha

é um recurso regional mas foi importada para o Arrife. Existem também outras jazidas

na periferia do Maciço Calcário Estremenho, nomeadamente em Caxarias e Sta.

Catarina da Serra (Ourém), Vale Comprido e Azinheira (Rio Maior) e na Nazaré, que

provavelmente terão tido um papel fundamental na economia lítica das populações

neolíticas. O modo em como se operava a circulação de sílex é, portanto, um

importante indicador de comportamento económico (Carvalho, 2003).

Morfologicamente esta zona apresenta-se na base da encosta da Serra D'Aire,

como encontra-se protegida pela Serra, é uma zona caracterizada por um micro-clima,

cujo efeito se atenua à medida que se caminha para nordeste (concelho de Tomar),

registando-se os seguintes valores médios anuais: precipitação 700 a 1000 mm

(Anexo C) e temperatura 15 - 17°C, sendo que as temperaturas médias registadas

apresentam um valor médio anual de 15.6ºC, com amplitude térmica anual moderada

(13ºC – 14ºC).

No que concerne ao regime pluviométrico do concelho de Torres Novas, o mês

de Fevereiro apresenta o maior valor de precipitação média mensal, numa variação

que vai diminuindo até aos meses de Verão. Os maiores valores de precipitação

média mensal ocorrem de Outubro a Fevereiro.

Assim, o clima do concelho é marcado, como em todo o país, pela coincidência

dos valores mais elevados de precipitação com os meses mais frios; assim,

considerando a metodologia de Gaussen, os meses de Junho, Julho, Agosto e

Setembro pode-se considerar os meses secos. Por outro lado, os valores de

precipitação durante os meses de Inverno também são relativamente modestos,

conferindo à região um carácter pouco húmido.

Durante o Neolítico cresciam densas florestas mediterrânias de Quercíneas e

de Olea, com predomínio do Zambujeiro nas terras baixas e de Pinus em cotas mais

elevadas. A partir de 5000 BP, ocorreu um progressivo desaparecimento de Pinus,

que foi substituído por Querci seguido do desaparecimento de Quercus o que resultou

na desflorestação dos maciços calcários e, assim, ocorreram processos erosivos nas

vertentes (Carvalho, 2008).

Page 16: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

6

1.2. Historial das investigações

1.2.1. Trabalhos arqueológicos realizados e leitura estratigráfica

Em 1995, o dono do terreno conhecido como a Costa do Pereiro decidiu

alargar o caminho rural com uma retroescavadora, e assim, nos cortes das bermas do

terreno, recolheram-se materiais pré-históricos o que determinou o descobrimento de

um novo sítio arqueológico. Para determinar as ocupações arqueológicas aí existentes

foram realizadas duas sondagens (Sondagem 1 e 2) nesse mesmo ano. A Sondagem

1 revelou contextos arqueológicos conservados mas na Sondagem 2 apenas revelou

uma estratigrafia simples, com uma camada de materiais rolados e uma camada

estéril. Assim, no local da Sondagem 1, foi realizada uma escavação entre 1997 e

1999, sendo que a área total escavada foi de 26𝑚2. O sítio arqueológico abrange, do

período mais recente para o mais antigo, a Idade do Ferro, o Campaniforme, o

Neolítico Médio, o Mesolítico e o Epipaleolítico.

Figura 3 Costa do Pereiro. Topografia geral com inclusão da área escavada (Carvalho, 2008)

Durante as escavações verificou-se que os estratos eram delgados, com cerca

de 1metro no seu total, afetados pela bioturbação, sucessivas ocupações e exploração

agrícola. A estratigrafia é formada por quatro estratos principais:

Page 17: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

7

- Camada 1a-topo: camada com componentes argilosos, com uma espessura

de 30 cm e apresenta sedimentos de cor enegrecida, com clastos angulosos de

calcário. Determinou-se uma ocupação da Idade do Ferro muito perturbada por lavras

recentes.

- Camada 1a-base: camada com componentes arenosos, com 15cm de

espessura, apresenta as mesmas características que anterior mas os sedimentos são

mais compactos e coloração negro-esverdeada. Determinou-se uma ocupação da

Idade do Ferro, conseguiu-se duas datações: 2.202±35 BP e 2.147±56 BP. No

contacto desta camada com a 1b identificaram-se materiais de época calcolítica

(vestígios cerâmicos e líticos campaniformes).

- Camada 1b: camada de espessura entre os 30 e 35cm, formada por

sedimentos arenoargilosos de cor castanho-escura. Ocupação mesolítica (na base da

camada), bem como neolítica (no topo da mesma). Todo o material estudado neste

trabalho provém, portanto, do topo da camada 1b.

- Camada 2: camada formada por sedimentos argilosos, bastante compactos,

de cor vermelha. Contém alguns blocos de pequenas dimensões. Tem a ocupação

mais antiga: anteriormente acreditava-se pertencer ao Paleolítico Superior, mais

concretamente ao Madalenense, mas novas datações apontam para o Mesolítico

inicial, ou Epipaleolítico.

Na sua maioria, os resultados dos trabalhos referidos anteriormente não foram

publicados, existindo apenas breves referências, essencialmente de A. F. Carvalho

(2008), devido à similaridade do sítio arqueológico com a Pena d’Água.

1.2.2. As interpretações prévias do Neolítico médio da Costa do Pereiro e

o seu quadro cronológico

Entende-se a existência de uma economia de produção e a introdução de

novos itens na cultura material (cerâmica e pedra polida) no Neolítico. Observando a

similaridade da Costa do Pereiro com o vizinho sítio arqueológico da Pena d’Água,

distingue-se três momentos crono-culturais principais que ordenam na diacronia os

restantes contextos da região: Neolítico cardial, Neolítico antigo evoluído e o Neolítico

médio regional, sendo que a Costa do Pereiro insere-se no último (Carvalho, 2008).

No referido abrigo há ainda ocupações atribuíveis ao Neolítico final.

Page 18: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

8

Os sítios arqueológicos neolíticos mais comuns, e que são semelhantes ao

encontrado na Costa do Pereiro, são os habitats ou acampamentos temporários (são

sítios que comprovam o grau e tipo de mobilidade muito comum nesta época). Estes

acampamentos temporários são pequenos, formados por algumas famílias ou por uma

família extensa, e estariam possivelmente em contacto com acampamentos-base

maiores (com maior grau de sedentarização), oficinas de talhe, abrigos temporários e

necrópoles.

O sítio arqueológico em estudo neste trabalho tem uma complexa sequência

estratigráfica e arqueológica, que complementa a sequência encontrada no Abrigo da

Pena d’Água e, assim, foram realizadas ao todo, seis datações por radiocarbono para

compreender melhor a cronologia da Costa do Pereiro. A primeira datação, a partir de

carvões de uma lareira na camada 1b, apresentou uma cronologia de finais do IV

milénio cal BC (4.410±60 BP). No topo da camada 2, foram realizadas duas datações,

a primeira confirmou a ocupação do Neolítico médio, atribuindo o enterramento infantil

que forneceu as respetivas amostras aos inícios do IV milénio cal BC (5.133±45 BP),

enquanto a segunda datação deu uma cronologia aberrante (6.185±46 BP),

seguramente devido à mistura, nas mesmas amostras datadas, de ossos reportáveis

tanto a uma ocupação mesolítica aqui existente como à neolítica registadas nesta

camada sedimentar. Na camada 1b, realizaram-se outras duas datações sobre

amostras de ossos singulares para comprovar a hipótese referida anteriormente: a

primeira foi inviável, mas a segunda datação comprovou a presença daquela

ocupação mesolítica na base da camada, resultando na datação de 7.327±42 BP.

Um facto muito interessante da Costa do Pereiro é que é um contexto

residencial, mas revelou um enterramento infantil na camada 2 (correspondente no

entanto ao Neolítico médio) e de várias ocupações recorrentes (pelo duas

individualizáveis altimetricamente) por todo o IV milénio a.C. e atribuíveis globalmente

ao Neolítico médio a partir da sua cultura material.

Page 19: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

9

Tabela 1 Horizontes arqueológicos - Sequencia cultural geral. (Carvalho, 2008). Note-se que as atribuições culturais se encontram desatualizadas (ver texto).

1.2.3. A indústria lítica do Neolítico médio da Costa do Pereiro – principais

características e problemas levantados

A indústria lítica lascada da Costa do Pereiro tem como matérias-primas

principais o quartzo, o quartzito, o cherte (de cor creme homogénea) e, como matéria-

prima predominante, o sílex, representado por muitas variedades cromáticas (nas

quais se pode individualizar quatro variedades principais: preto pintalgado de inclusões

beges, vermelho-escuro, bege-acinzentado e de cor castanho-claro).

Referente à indústria lítica do Neolítico, encontram-se no topo da camada 1b,

10 núcleos em quartzito, 2 em quartzo, 1 em chert e 37 em sílex. Em relação às

armaduras geométricas e microburis, estes encontram-se nos níveis artificiais 1 e 2

em menor quantidade e, em maior quantidade, nos 3 a 7 (o que é explicado pelo facto

de serem maioritariamente associados à ocupação mesolítica basal), enquanto os

segmentos, usualmente atribuídos ao Neolítico, são o oposto em termos de

distribuição vertical: encontram-se em maior quantidade nos níveis artificiais 1 e 2 e

em menor quantidade nos 3 a 7.

O talhe em sílex na Costa do Pereiro é constituído por núcleos (bipolares,

prismáticos debitados por pressão e presença ocasional de segmentos), produtos

Page 20: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

10

alongados, utensílios, micrólitos geométricos e microburis (não ocorrem triângulos,

mas apenas segmentos e trapézios), para além de numeroso material de debitagem

indiferenciado (lascas, fragmentos inclassificáveis, esquírolas, etc.), o qual não será

estudado aqui. Apresentam a aplicação de tratamento térmico.

Um problema levantado na indústria lítica foi devido ao carácter de palimpsesto

da camada 1b, que reúne ocupações mesolíticas e do Neolítico médio, sendo

impossível usar parte significativa do material em pedra lascada para detetar as

diferenças tecnológicas dos dois períodos referidos. Assim, segundo Carvalho (2008)

e como apresentado acima a propósito da variação vertical inversa verificada entre

geométricos e microburis, observou-se a distribuição vertical dos diversos artefactos e

matérias-primas da camada 1b (núcleos de diversas matérias-primas, matérias-primas

identificáveis de modo macroscópico e micrólitos geométricos e microburis), chegando

à conclusão que existe uma densidade menor na base da camada 1b e a existência de

uma ocupação mesolítica misturada com a ocupação do Neolítico médio. Sendo que

os resultados obtidos foram comparados aos da Pena d’Água e a outros contextos do

Centro e Sul de Portugal, onde se comprovou uma similaridade.

2. Análise do talhe lamelar em sílex

2.1. Introdução

A arqueologia necessita da cultura material para compreender os produtos

criados pelo homem e os vetores das relações sociais, ou seja, tenta compreender as

interações ocorridas entre os seres humanos e os artefactos criados por estes. No que

respeita à indústria lítica da Costa do Pereiro, contém inúmeras caraterísticas

semelhantes às encontradas na Pena d’Água e noutros contextos similares do centro

e do sul de Portugal. Estes elementos em comum representam a mesma tradição

cultural com pequenas alterações que derivam do aperfeiçoamento tecnológico,

adaptações ou devido ao contacto com outras populações.

As peças em sílex constituem o espólio arqueológico em análise neste

trabalho, sendo que estes conjuntos são testemunhos ilustrativos do quotidiano. As

peças cumpriam as necessidades básicas da população e eram utilizadas no seu dia-

a-dia. Mais especificamente, o objetivo do presente trabalho é o estudo e

caracterização da produção lamelar do Neolítico médio da Costa do Pereiro.

Page 21: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

11

A coleção em estudo é, assim, constituída por núcleos (de onde foram

extraídas as lamelas em estudo), lâminas e lamelas não retocadas, lâminas e lamelas

retocadas e armaduras (componente fundamental para a caracterização da produção

lamelar), ou seja, devido à sua forma, função e tecnologia foram organizadas em

quatro categorias gerais: núcleos, lâminas e lamelas, geométricos e microburis

(usados na produção dos geométricos). Os núcleos referem-se a objetos que foram

retirados do seu contexto original pela ação humana com o prepósito de criar

instrumentos. As lâminas e lamelas correspondem ao material proveniente do

processo de debitagem, são objetos de suporte alongado com comprimento igual ou

maior que o dobro da sua largura. Foi considerado um microburil todo o resíduo

característico do talhe lítico que na sua face superior contém o arranque de um entalhe

a partir do qual se inicia uma flexão que termina num ápice triédrico muito agudo.

A razão da escolha deste local e material foi ao facto do pouco que se sabe

dos contextos residenciais do Neolítico médio e sobre a correspondente debitagem

lamelar.

2.2. Objetivos e metodologia da análise lítica

Para melhor tratar a informação, procedeu-se à elaboração de fichas

descritivas por categorias tecnológicas, de modo a facilitar o processo estatístico que

conduzirá à leitura das informações. Estas categorias de talhe, que seguidamente se

enunciam, servem para proporcionar dados que podem ser analisáveis. Desta forma,

procura-se caracterizar a indústria lítica. Para facilitar a leitura dos dados, estes foram

divididos em quatro grupos: núcleos, lâminas e lamelas, microburis e geométricos.

Nos materiais de debitagem foram consideradas: as lâminas e lamelas,

produtos de debitagem alongados, com comprimento igual ou maior que o dobro da

sua largura. As lamelas distinguiram-se das lâminas, por fatores métricos, ou seja,

largura igual ou menor que 12mm (adaptado de Zilhão, 1997b).

Também se classificou os núcleos, sendo estes entendidos por todos os

objetos líticos utilizados para a obtenção de produtos de debitagem, com ou sem plano

de percussão. Não foram tidas em consideração, neste agrupamento, as peças que

tinham uma proveniência das primeiras etapas do processo de debitagem, ou seja os

Page 22: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

12

elementos preparatórios de um núcleo: o flanco, a crista, a cornija, a tablete e a frente

do núcleo (adaptado de Carvalho, 1998).

Os critérios utilizados para a averiguação se a matéria-prima é sílex, são os

utilizados na maior parte dos casos para o estudo de coleções no contexto da

Arqueologia Pré-histórica portuguesa, são rochas com grandes percentagens de sílica,

normalmente apresentadas sob a forma de dióxido de silício (SIO2), tratando-se do

segundo elemento mais abundante do mundo, a seguir ao oxigénio (O2). Devido às

formações mineralógicas, são aptas e com adaptabilidade aos processos de

debitagem e de formatação dos artesãos pré-históricos (Baena e Gonzalez, 1998).

A coleção estudada apresenta apenas sílex, mas como as alterações químicas

são frequentes nestes tipos de formações, muitas delas são alteradas, apresentando

uma fina patine de outra cor. Assim, o sílex foi dividido em quatro tipos, relativos as

suas características macroscópicas, sendo que estes já foram apresentados por

Carvalho (2008): rocha II, III, IV e V. Aqueles que não foram possíveis determinar,

foram colocados num grupo sem qualquer denominação concreta.

No que respeita aos critérios de análise tecnológica utilizados, usou-se as

categorias tecnológicas e tipológicas, princípios e definições teóricas que ajudariam a

obter a informação pretendida (Anexo D), que segue as definições de Tixier e

colaboradores (1980), sistematizados em 1998 (Carvalho, 1998).

2.3. Análise tecno-tipológica

O conjunto de indústria lítica analisado é constituído por 283 peças. As lâminas

e lamelas ocupam a maior fatia (78%). Por outro lado, o conjunto de utensílios

retocados é relativamente baixo (16%). A fatia dos núcleos (10%), geométricos (9%) e

microburis (4%) atingem apenas 23% da coleção total. As lâminas e lamelas têm a

maior percentagem mas quando considera-se apenas o NMI (lamelas inteiras e

fragmentos com partes proximais conservadas), o seu número absoluto reduz-se

substancialmente, de 220 (lamelas inteiras, proximais, mesiais e distais) para um NMI

de 114. E o material de preparação e manutenção é muito raro, sendo apenas

encontrado 2 “flancos” de núcleo.

Page 23: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

13

Figura 4 Gráfico dos elementos de talhe presentes na coleção.

2.3.1. Características do sílex

Como já referi anteriormente, a Costa do Pereiro têm um espólio em quartzo,

quartzito, chert (de cor creme homogénea) e, a matéria-prima estudada, o sílex. Para

facilitar a análise tecnológica desta matéria-prima, foi dividida em 4 tipos de rochas, a

rocha II, III, IV e V (Figura 5). A rocha I pertence exclusivamente à ocupação

mesolítica (ver Carvalho, 2008) e não será estudada aqui. Aqueles que não foram

possíveis determinar, através das suas características macroscópicas, foram

colocados num grupo sem qualquer denominação concreta, mas que se constituem

como a maioria do material em análise.

A rocha II é referente ao sílex preto pintalgado de inclusões beges, semi-

translúcido e contém ligeiras nuances cromáticas. No total foram identificadas 29

artefactos neste tipo de rocha, todas elas lâminas e lamelas, sendo que 26 são não

retocadas e 3 retocadas, também pode-se determinar que o NMI é representado por

11 peças, observa-se tratamento térmico em 23 peças e calcinação em 6. As lâminas

e lamelas apresentam esquirolamento dos bolbos, secções triangulares e talões

punctiformes e lineares (Carvalho, 2008).

A rocha III é referente ao sílex vermelho-escuro, sem inclusões e com córtex

pulverulento, típico do sítio arqueológico de Rio Maior. No total foram identificadas 14

artefactos neste tipo de rocha, 3 núcleos e 11 lâminas e lamelas, sendo que 10 são

não retocadas e 1 retocada, também pode-se determinar que o NMI é representado

por 7 peças, observa-se tratamento térmico em 8 peças e calcinação em 1. As lâminas

e lamelas apresentam bolbos difusos, secções trapezoidais, abrasão da cornija e

Page 24: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

14

talões lineares. (Carvalho, 2008) Os núcleos são do tipo bipolar e prismático, de onde

foram extraídas lamelas e lascas, encontravam-se com defeitos de talhe e foram

abandonados. Dois núcleos apresentam tratamento térmico e um apresenta

calcinação.

A rocha IV é referente ao sílex bege-acinzentado claro homogéneo e córtex

com alteração derivado de rolamento aluvial. No total foram identificadas 25 artefactos

neste tipo de rocha, 4 núcleos e 21 lâminas e lamelas, sendo que 19 são não

retocadas e 2 retocadas, também pode-se determinar que o NMI é representado por

13 peças, não se observa tratamento térmico e calcinação apenas em 1 artefacto. As

lâminas e lamelas apresentam bolbos difusos, secções triangulares, abrasão da

cornija e talões lisos e facetados. (Carvalho, 2008). Os núcleos são do tipo bipolar e

prismático, de onde foram extraídas lamelas, encontravam-se com defeitos de talhe.

Dois núcleos apresentam tratamento térmico e todos os núcleos apresentam

calcinação.

A rocha V é referente ao sílex de cor castanho-claro, muito translúcido, com

inclusões punctiformes beges e córtex de rolamento aluvial de cor esbranquiçada. No

total foram identificadas 27 artefactos neste tipo de rocha, todas elas lâminas e

lamelas, sendo que 18 são não retocadas e 9 retocadas, também pode-se determinar

que o NMI é representado por 18 peças, observa-se tratamento térmico em 25 peças e

calcinação em 5. As lâminas e lamelas apresentam bolbos difusos, secções

triangulares e talões lisos e punctiformes (Carvalho, 2008).

Figura 5 Fotografia das lâminas e lamelas da rocha II, III, (em cima) IV e V (em baixo). (Foto de Joana Silva)

Page 25: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

15

Conclui-se que na sua maioria o sílex e de boa ou média qualidade, exceto o

da Rocha IV. No total do espólio temos 36 lâminas e lamelas retocadas, dessas

conseguimos individualizar 15, correspondendo a 42% da coleção (Figura 6) 3 da

Rocha II, 1 da Rocha III, 2 Rocha IV e 9 da Rocha V e 220 lâminas e lamelas não

retocadas das quais 70 foram individualizadas, devido às suas características

macroscópicas, correspondendo a 38% da coleção (Figura 7), 23 da Rocha II, 10 da

Rocha III, 19 Rocha IV e 18 da Rocha V.

Figura 6 e Figura 7 Gráficos das Lâminas e Lamelas retocadas e não retocadas nos diferentes tipos de sílex (II, III, IV e

V).

2.3.2. Núcleos

O conjunto analisado contém 28 núcleos: 10 fragmentos de bloco, 1 Poliédrico,

6 Bipolares, 6 Prismáticos, 2 Flancos e 3 Fragmentos, sendo que estes últimos dois

tipos não foram estudados. Quanto às matérias-primas, 3 foram classificados como

rocha III e 4 como rocha IV, todos os outros pertencem à mesma categoria.

A elevada incidência de defeitos nos núcleos, apresentada em todas as peças,

nomeadamente, de ressaltos (91%), clivagens e geodes (4%) e abandono simples

(4%), constituiria uma forte condicionante do talhe, sendo que todos se encontravam

exaustos e assim, foram posteriormente abandonados.

Verifica-se que a maioria dos núcleos foi debitada tendo em vista a produção

de lamelas (43%) e lascas (57%) embora as ilações sobre os produtos debitados

sejam feitas a partir dos negativos das últimas extrações, que permitem apenas

observar a fase final do processo de talhe. Desta forma, pelo menos nas fases finais, a

debitagem das lamelas raramente ocorreria de forma exclusiva, sendo acompanhada

do talhe de produtos mais curtos. A escassa presença de lâminas no conjunto

Page 26: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

16

analisado ocorre devido à exaustão dos núcleos, não apresentando, assim, negativos

destes produtos.

Quanto à morfologia predominam os fragmentos de Bloco (43%), seguido dos

núcleos Bipolares e Prismáticos (26%) e por último o Poliédrico (4%) (Figura 8). Dos

núcleos bipolares predominam núcleos com uma só plataforma (50%), sendo, porém,

frequentes as peças com duas plataformas cruzadas (33%), conservando-se

minoritariamente plataformas múltiplas (17%).

Figura 8 Gráfico da percentagem dos diferentes tipos de núcleos.

A abrasão da cornija está praticamente ausente, no enquanto, alguns núcleos

foram alvo de tratamento térmico (43%) e sofreram calcinação (22%), sendo que 3

artefactos apresentam os dois.

Os padrões métricos dos núcleos demonstram o seu reduzido tamanho,

nomeadamente, a média do comprimento (24,68±3,95mm), da largura

(16,52±5,90mm), da espessura (22,13±4,31mm), do comprimento do eixo de

debitagem (22,13±4,31mm) e do peso (9,26 g) (Figura 9).

Page 27: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

17

Figura 9 Gráfico da largura e comprimento dos núcleos (total).

De uma maneira geral, grande parte dos núcleos foi utilizada intensivamente ou

chegaram ao estado de exaustão, podendo-se constatar uma forte estratégia de

rentabilização das matérias-primas. O abandono dos núcleos terá ocorrido devido às

suas reduzidas dimensões ou, por outro lado, aos defeitos das matérias-primas

utilizadas.

2.3.3. Produtos alongados

As lâminas e lamelas são o grupo mais representativo do conjunto lítico

analisado (78%). Neste conjunto, encontra-se tanto lâminas e lamelas retocadas

(16%) como não retocadas (84%). O conjunto apresenta um total de 220 lâminas e

lamelas, 184 não retocadas e 36 retocadas, determinando-se que o NMI (exemplares

inteiros e fragmentos proximais) é de 114 (52%), sendo que 16 (14%) são retocados e

98 (86%) não retocados. O índice de fracturação é extremamente elevado (84%)

(Figura 10), sendo que são fraturas acidentais (51%) ou por flexão (49%). A maioria

das lâminas e lamelas não apresenta córtex (93%) e quando este surge, é

parcialmente cortical (7%).

Page 28: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

18

Figura 10 Gráfico do tipo de fracturação das lâminas e lamelas (total).

Os talões são sobretudo lisos (51%) e lineares (22%) mas também

punctiformes (18%), facetados e esmagados (4%) e corticais (2%). Por outro lado, as

secções são predominantemente triangulares (49%), mas existem também secções

trapezoidais (40%) e irregulares (11%). Os bolbos são sobretudo reduzidos (53%),

mas também existe a presença de bolbos nítidos (24%), esquirolamento afetando todo

o bolbo (19%) e escassez de reduzido com esquirolamento (3%) e nítido com

esquirolamento (1%).

Para esta caracterização é importante também mencionar que a sua forma

consiste em bordos paralelos (39%), convergentes (32%), biconvexos (15%),

divergentes e irregulares (6%) e bordos paralelos com talão estreito (1%).

A média do comprimento é 25,22±4,50mm, a da largura é 8,70±4,89mm, a da

espessura é 2,62±4,93mm e a da largura do talão é 3,40±4,31mm. Porém, a distinção

deste grupo ao nível das dimensões é notória, quando considerado que algumas

lâminas e lamelas fraturadas têm um comprimento superior a 30 mm (Figura 11). Nos

exemplares inteiros, observam-se essencialmente perfis côncavos (63%) mas também

direitos (34%) e ultrapassado (3%). Muito semelhantes ao terço proximal, que também

dominam os perfis anversos côncavos (53%), seguido por perfis anversos direitos

(32%) e perfis anversos irregulares (15%).

As ondas de percussão, em geral, não são visíveis. É, também importante

referir que 35% das lâminas e lamelas têm tratamento térmico e 15% sofreu

calcinação.

Page 29: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

19

Figura 11 Gráfico da largura e comprimento das lâminas e lamelas (total).

2.3.4. Utensílios sobre lamela

Os utensílios sobre lamela que pode-se verificar nesta coleção são as lamelas

truncadas e os geométricos.

As lamelas truncadas salientam-se pela sua forma especial, cujos bordos foram

retocados abruptamente até adquirirem uma forma subcircular ou informe. Na coleção

apareceram três lamelas truncadas (8% das lamelas retocadas). (Figura 12)

Figura 12 Gráfico do tipo de retoques das lâminas e lamelas (total).

Os micrólitos geométricos são denominados por trapézio, triângulo e segmento

de círculo dependendo da sua forma. Na coleção temos essencialmente trapézios

(76%) e segmentos (20%) e não ocorre triângulos (Figura 13). Foram fabricados a

89%

3%8%

Retoque marginal Entalhes Truncaturas

Page 30: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

20

partir de lâminas ou de lamelas, por meio da técnica do microburil e terminados por

meio de retoques abruptos curtos ou marginais aplicado a partir da face inferior da

peça – retoque direto - eram elementos para reforçar a capacidade de penetração de

projeteis leves, como arpões, azagaias, venábulos, dardos e flechas.

As secções dos geométricos são triangulares (52%), trapezoidais (44%) e

irregulares (4%) e os micrólitos sofreram tratamento térmico (64%). A média do

comprimento é 16,41±4,95mm e a da largura é 8±5,04mm.

Figura 13 Gráfico do tipo de micrólitos geométricos (total).

2.4. Estratégias de exploração - síntese

2.4.1. Indicadores de talhe local

O conjunto lítico em sílex analisado da Costa do Pereiro permite compreender

que não existem aqui representadas todas as etapas da cadeia operatória, apontando

assim, não para uma prática de talhe local, mas sim, como já foi referido

anteriormente, para um padrão mais complexo de organização da produção

intimamente dependente do tipo de povoamento característico desta época. A coleção

apresenta uma indústria lítica pouco diversificada do ponto de vista artefactual, onde a

utensilagem retocada é reduzida.

No entanto, a importância assumida pela inexistência de córtex no conjunto de

talhe em estudo (embora falte o estudo do material de debitagem para uma plena

confirmação desta conclusão) e na presença de núcleos (sem córtex ou apenas com

Page 31: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

21

porções muito residuais do mesmo), constituem indicadores fortes de que o material

chegava descorticado ao habitat, onde os núcleos eram subsequentemente

explorados de forma intensiva.

Os suportes laminares e lamelares eram destinados a uma utilização direta ou

à sua transformação por retoque, sobretudo em utensílios geométricos, sofrendo

tratamento térmico.

Através dos dados obtidos pode-se afirmar a existência de cadeias operatórias

no local, com exclusão das suas etapas iniciais (descorticagem, formatação dos

núcleos). As cadeias operatórias são constituídas pela aquisição da matéria-prima, a

debitagem, a confeção do instrumento (façonnage), o retoque, a utilização do

instrumento e os processos de descarte dos instrumentos (perda do gume, dado pelo

uso intensivo, quebra no processo da sua produção ou de uso, perdido ou esquecido),

sendo que os resíduos estão presentes em todas as etapas da cadeia operatória

(Sousa et alii, 2010b).

2.4.2. Objetivos da debitagem

A indústria lítica da Costa do Pereiro é constituída por suportes (lâminas e

lamelas) de tamanho reduzido, e utensílios geométricos obtidos por retoque abrupto,

assim, pode-se afirmar a existência de uma indústria de natureza microlítica.

A análise realizada também permite afirmar que um dos objetivos principais do

talhe consistiria na debitagem estandardizada de lamelas a partir de núcleos

prismáticos. Os núcleos bipolares produziriam as peças menos uniformizadas

morfologicamente. Sendo que durante a exploração destes núcleos, em particular nas

fases iniciais e finais, seria frequente a debitagem de outros produtos, nomeadamente

de lascas.

Parte das lamelas obtidas seria transformada por retoque, sobretudo em

micrólitos geométricos. A uniformidade tipológica é evidente, quando se verifica o

domínio claro de formas simétricas, principalmente de trapézios, e, em menor grau,

segmentos. Os geométricos destinar-se-iam a uma utilização como elementos de

projétil.

Por sua vez, dado o elevado conjunto de lamelas não-retocadas no conjunto,

mas algumas com sinais macroscópicos de uso, pode-se concluir como sendo

Page 32: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

22

provável que estas fossem utilizadas em bruto. Onde 32 foram transformadas através

de retoques marginais (89%), 1 por entalhe (3%) e 3 por truncaturas (8%).

Também encontram-se algumas lâminas e lamelas de grandes dimensões mas

todas fraturadas, podendo apenas observar-se que eram peças morfologicamente

regulares e de tamanho elevado, mesmo não estando completas, podendo afirmar-se

que seriam lâminas e lamelas semelhantes às encontradas em contexto funerário,

nomeadamente nas numerosas grutas-necrópole da região, nomeadamente a

Necrópole de Hipogeus da Sobreira Cima (Valera, 2013), Gruta do Almonda (Carvalho,

2003), Gruta do Lugar do Canto (Cardoso e Carvalho, 2008) e o Algar do Bom Santo

(Carvalho, 2009a).

2.4.3. Dinâmica da debitagem

Verifica-se a presença de três principais métodos de talhe no conjunto

analisado. Por um lado, observa-se a utilização do método prismático, verificando-se a

extração recorrente de produtos segundo arestas-guia, confirmada pela presença de

núcleos prismáticos e de produtos debitados alongados de elevada estandardização.

O segundo método de talhe é o bipolar, que resulta da exploração de uma

massa de matéria-prima por aplicação de percussão direta em um dos topos, estando

o topo oposto assente numa superfície inconcussa durante o processo de percussão,

confirmada pela presença de núcleos bipolares e de produtos debitados alongados.

O último método de talhe é “aleatório”, ou seja, é um bloco de rocha com

levantamentos avulsos aleatórios efetuados sem preparação prévia sobre fragmentos,

confirmada pela presença de núcleos de fragmentos de blocos e de produtos

debitados alongados com pouca regularização e estandardização.

A debitagem feita por estes métodos seria realizada, sobretudo, a partir de

grandes blocos, destinando-se principalmente ao talhe lamelar (com exceção do

método aleatório). Sendo que os núcleos de dimensões reduzidas que apresentam

negativos de extração de lascas e defeitos de talhe deverão corresponder,

maioritariamente, a estádios finais dos volumes. Por conseguinte, verifica-se uma

utilização intensiva dos volumes talhados, muitas vezes chegando ao estado de

esgotamento e testemunhando o máximo aproveitamento dos mesmos.

Page 33: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

23

2.4.4. Técnicas e procedimentos de talhe

Verifica-se a presença de duas principais técnicas de talhe no conjunto

analisado. Nomeadamente a percussão indireta, que recorre a um instrumento

intermédio colocado entre o percutor e o núcleo e a pressão, exercida com a parte

ativa de um instrumento em madeira, corno, osso ou metal (Gibaja e Carvalho, 2012).

O talhe por pressão é uma técnica de debitagem e retoque que está associado

ao tratamento térmico do sílex. Obtém-se produtos alongados bastante regularizados

e uniformes de dimensões diversificadas (Gibaja e Carvalho, 2012).

Segundo Gibaja e Carvalho (2012), estas duas técnicas são observadas,

essencialmente em produtos inteiros e proximais, pois nos talões, nas suas partes

dorsal e ventral, podem-se verificar as ações do percutor ou da punção sobre a

matéria.

A percussão indireta pressupõe o uso de um punção ou uma peça

intermediária entre o percussor e o núcleo. As lâminas e lamelas tendem a ser

regulares, com talões largos, bolbos proeminentes e, por vezes, com esquirolamento,

e ondulações marcadas nas faces inferiores (Crabtree, 1982).

Normalmente as laminas e lamelas executadas por pressão manual (como se

pressupõe ser o caso no Neolítico médio) são pequenas e delgadas, apresentam

bolbos difusos e ausência de ondulações nas faces inferiores, e os talões são

usualmente mais estreitos que a largura máxima da peça (Crabtree, 1982).

Todos os núcleos apresentam acidentes de talhe, nomeadamente ressaltos,

demonstrando a existência de dificuldades no controlo do encurvamento distal durante

a obtenção de produtos alongados.

Ainda que de forma pouco frequente, o recurso ao tratamento térmico está

presente (35%). Os indícios da aplicação do procedimento encontram-se identificados

em núcleos, produtos de debitagem em bruto e utensílios retocados. A maior

frequência encontra-se registada em lamelas brutas (76%), laminas e lamelas

retocadas (13%) e núcleos (11%) (Figura 14).

Page 34: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

24

Figura 14 Gráfico da coleção que apresenta tratamento térmico (total).

É importante referir que o recurso ao tratamento térmico parece ser

frequentemente caracterizada pela escassez de matérias-primas de boa qualidade

para o talhe (Calbet, 2012), procurando-se, assim, maximizar o aproveitamento das

rochas disponíveis. Seguindo este ponto de vista, a utilização de tratamento térmico

poderá ser entendida como uma resposta à escassez de sílex de boa qualidade para o

talhe.

As técnicas de fracturação dos produtos alongados consistem em fracturação

por flexão. Há também elevados índices de fracturação acidental. A fracturação das

peças recorreu também à técnica do microburil, o que estará relacionado com a

produção dos geométricos que fazem parte deste conjunto.

Page 35: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

25

3. Considerações finais/Resultados

Como se pode verificar através da análise que foi feita aos materiais líticos e de

estudos anteriores, podem tirar-se várias conclusões relativas à Costa do Pereiro que

vêm confirmar as conclusões dos estudos feitos anteriormente acerca do mesmo local.

Assim, pode verificar-se:

- Tipologicamente, os materiais recolhidos inserem-se no tipo de materiais

cronologicamente atribuíveis ao Neolítico Antigo e Médio, enquadrando-se nos

materiais que se encontram noutros sítios arqueológicos do mesmo período como

Gafanheira, Abrigo da Pena d’Água, Forno do Terreirinho, Laranjal de Cabeço das

Pias, entre outras estações arqueológicas do mesmo período que se encontram na

mesma região;

- A análise dos materiais líticos provenientes da Costa do Pereiro permite entender o

local como sendo do tipo “Habitat‟; tal facto é demonstrado pelas peças de desbaste,

índices elevados de núcleos e de utensílios, que denunciam significativas tarefas de

talhe local;

- Verifica-se que a matéria-prima (sílex) foi aproveitada até ao seu máximo já que se

verifica que quase todos os núcleos foram esgotados, bem como pela dimensão dos

mesmos, indicando que existiu o máximo de aproveitamento dos mesmos;

- Tipologicamente existe uma variabilidade assinalável de núcleos, sendo

predominantes os prismáticos, bipolares e fragmentos de bloco;

- O comprimento médio dos núcleos é de cerca de 24mm e das lâminas e lamelas é

25 mm, dimensões equiparáveis entre si e que confirmam também a conclusão atrás

indicada de uma estratégia de exploração máxima do material em sílex;

- O mesmo espólio lítico denota grande presença de lâminas e lamelas, as quais foram

objeto de pré-tratamento térmico;

- Analisando os dados relativos às lamelas, conclui-se que não existe lamelas

corticais, apontando assim para as fases finais do processo de fabrico de utensilagem

lítica;

-Em relação aos utensílios, e para além das peças de “fundo comum”, predominam

entre as armaduras geométricas os trapézios; os segmentos surgem em segundo

plano e verifica-se a inexistência de geométricos triangulares; a grande maioria dos

Page 36: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

26

micrólitos sofreu tratamento térmico e a média do comprimento é 16,41mm e a da

largura é 8mm.

- O módulo de talhe lamelar que se integram os geométricos é o módulo pequeno.

- A tipologia predominante entre os geométricos (trapézios) permite afinar melhor a

atribuição cronológico-cultural da coleção, ao sugerir o Neolítico médio, fase

caracterizada por tal tipologia, o que se encontra, portanto, em perfeita consonância

com as datações de radiocarbono obtidas para esta camada.

Uma análise geral da indústria lítica da Costa do Pereiro demonstra, assim, que

a sua utilização terá sido doméstica, tal facto é comprovado pela existência de lâminas

e lamelas com retoque marginal, entalhes ou denticulados, que são utensílios de

“fundo comum” normalmente associados a tal contexto funcional. Também observa-se

a existência de “pontas de projétil”, observado pela existência de geométricos, e de

“elementos de foice”, ou seja, lâminas e lamelas retocadas nos gumes, ou não, mas

intencionalmente fragmentadas por flexão, percussão ou através de truncaturas. Estas

tarefas teriam lugar, no entanto, fora do habitat, no território envolvente do sítio

arqueológico. Deve notar-se ainda que se classificam como “elementos de foice”

peças que poderão ter sido utilizadas em tarefas de corte de outras matérias que não

apenas cereais; porém, esta variação só pode ser devidamente avaliada através de

análises traceológicas.

Conclui-se que na sua maioria o sílex é de boa ou média qualidade, exceto o

da Rocha IV.

Nomeadamente aos núcleos, verifica-se uma elevada incidência de defeitos,

sendo que todos se encontravam exaustos e assim, foram posteriormente

abandonados, também que a maioria dos núcleos foi debitada tendo em vista a

produção de lamelas e lascas, conclui-se que a escassa presença de lâminas no

conjunto analisado ocorre devido à exaustão dos núcleos, sendo que alguns núcleos

foram alvo de tratamento térmico e/ou sofreram calcinação.

Neste conjunto, as lâminas e lamelas retocadas e não retocadas contém um

elevado índice de fracturação, sendo estas fraturas acidentais ou por flexão,

demonstrando assim, neste último caso, uma fracturação intencional.

Os talões são sobretudo lisos, as secções são predominantemente

triangulares, os bolbos são sobretudo reduzidos, para esta caracterização é importante

também mencionar que a sua forma consiste em bordos paralelos e convergentes o

que indica uma produção muito regular.

Page 37: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

27

Nos exemplares inteiros, observam-se essencialmente perfis côncavos, tal

facto também é observado no terço proximal, que também dominam os perfis

anversos côncavos. Também é importante referir que as lâminas e lamelas têm

tratamento térmico e algumas sofreram calcinação.

O facto de a maioria das peças ser descorticada revela que os núcleos foram

transportados para o local em curso de exploração e os elevados índices de

aproveitamento da debitagem, indicam a existência de uma especialização económica.

Verifica-se que os trapézios e microburis acompanham-se na mesma tendência

de valores elevados na base da camada e valores baixos no topo da mesma, o que

indica que os microburis resultam do fabrico dos trapézios (Carvalho, 2008).

Os valores obtidos para os diversos índices de análise lítica da Costa do

Pereiro indicam que as atividades de produção lítica não estão equilibradas entre si. O

índice de atividade de caça (pontas de projétil a dividir com utensílios domésticos) e o

índice de atividade de ceifa (“elementos de foice” a dividir por utensílios domésticos)

são, com efeito, de 0,7 e 2,6 respetivamente (Tabela 2). Ou seja, trata de ocupações

essencialmente residenciais, mas onde o material era essencialmente usado e não

produzido.

Nº %

Utensilagens

Utensílios Domésticos 35 23%

Pontas de Projétil 25 17%

"Elementos de Foice" 91 60%

Índice

De atividade de caça 0,7 -

De atividade de ceifa 2,6 -

Tabela 2 Variabilidade funcional da composição dos conjuntos líticos e índices de atividades económicas. (Segundo: Carvalho, 2003, quadro 2)

De uma maneira geral, pode-se constatar uma forte estratégia de

rentabilização das matérias-primas.

Page 38: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

28

4. Comparação com outros sítios

arqueológicos

Como foi referido no início do trabalho farei uma comparação da indústria em

pedra lascada da Costa do Pereiro, que é um contexto doméstico, com o espólio

funerário da Necrópole de Hipogeus de Sobreira de Cima em Vidigueira, Beja. Trata-

se de explorar ao máximo as comparações a dois níveis: entre contextos habitacionais

e sepulcrais, e entre sítios localizados em regiões com e sem jazidas de sílex.

Figura 15 e Figura 16 Localização da Necrópole dos hipogeus de Sobreira de Cima. (Fonte: VALERA, 2013) (Fonte: Carta Militar de Portugal, folha 501, 1:25000)

A necrópole da Sobreira de Cima situa-se na freguesia de Marmelar, no

concelho da Vidigueira, distrito de Beja. Basicamente, a necrópole está implantada no

topo de um cabeço de orientação norte-sul. Não foi possível determinar os limites da

necrópole a leste e nordeste, apenas foram identificados 5 sepulcros, mas existe uma

grande probabilidade de um sexto e a eventualidade de um outro. Foram executadas

sete datações de radiocarbono para a Sobreira de Cima, abrangendo quatro dos cinco

sepulcros escavados (Tabela 3).

Page 39: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

29

Tabela 3 Datações de radiocarbono para os sepulcros da Sobreira de Cima. (Valera, coord., 2013)

Tal como na Costa do Pereiro, as datações apontam para o IV milénio a.C., na

Necrópole de Hipogeus também se encontram produtos alongados, lâminas e lamelas

não retocadas e retocadas por truncaturas, entalhes, retoque marginal e retoque

devido à utilização.

A coleção do contexto funerário em questão é essencialmente em sílex, onde

apresentam geométricos trapezoidais, e ao contrário do que acontece na Costa do

Pereiro, geométricos triangulares e não existem segmentos de círculo.

Os produtos alongados sofreram dois processos de talhe, um que originou

produtos alongados pequenos, com larguras e comprimentos compreendidos entre os

8-20mm e 25-100mm, respetivamente e produtos alongados de maiores dimensões

com larguras e comprimento compreendidos entre 18-28mm e os 120-180mm

(Carvalho, 2013). Observando esta medidas conclui-se que na Costa do Pereiro

existia talhe que produzia produtos alongados de dimensões ainda mais reduzidas

(largura: 4-18mm, comprimento: 15,5-41,6mm), os quais portanto devem ser

considerados característicos de contextos residenciais e que não integrariam os

espólios funerários durante o Neolítico, ou seja, na Costa do Pereiro encontra-se um

dos processos de talhe presentes na Necrópole de Hipogeus, a que originou produtos

alongados pequenos, e ainda outro processo, este não se encontra em contexto

funerário, que originou produtos alongados ainda mais pequenos.

Na Necrópole de Sobreira de Cima, observa-se nos produtos alongados

essencialmente, bolbos nítidos, talões facetados, sem labiado ou sinais de abrasão ou

regularização da cornija dos núcleos, as secções na sua maioria são trapezoidais e

existe tratamento térmico em mais de 40% da coleção estudada. Os trapézios dão

retangulares e assimétricos, enquanto que, na Costa do Pereiro observa-se

essencialmente talões lisos, as secções são predominantemente triangulares e

trapezoidais, os bolbos são tanto reduzidos como nítidos, não apresentam labiado ou

Page 40: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

30

sinais de abrasão ou regularização da cornija dos núcleos e encontra-se tratamento

térmico em mais de 30% do espolio estudado.

Na coleção da Costa do Pereiro temos trapézios e segmentos, enquanto no

Hipogeus temos trapézios e triângulos. As secções dos geométricos são

essencialmente triangulares na Costa do Pereiro e na Necrópole é praticamente

trapezoidal. Nas duas coleções um grande número de micrólitos sofreram tratamento

térmico e o retoque dos geométricos é curto, abrupto e direto. A largura dos micrólitos

geométricos do contexto funerário estão compreendidas entre os 10 e os 17mm, e a

da Costa do Pereiro são de 5 a 11mm, o que implica no primeiro caso que foram

produzidos a partir do seccionamento de suportes alongados de módulos menores e

no segundo caso de módulos ainda mais pequenos e o mesmo presente na

Necrópole.

Page 41: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

31

5.Conclusão

O conjunto de indústria lítica analisado é constituído por 283 peças, lâminas e

lamelas, núcleos, geométricos e microburis. A matéria-prima foi dividida em cinco

grupos, a rocha II, III, IV, V e aqueles que não foi possível reunir em grupos litológicos

individualizáveis. Compreende-se que a indústria lítica da Costa do Pereiro é uma

indústria de natureza microlítica.

Os núcleos são de vários tipos, nomeadamente fragmentos de bloco,

poliédricos, bipolares e prismáticos. A elevada incidência de defeitos nos núcleos

levou ao abandonado destes. A maioria dos núcleos foi debitada tendo em vista a

produção de lamelas e lascas, embora a escassa presença de lâminas se deva à

exaustão dos núcleos, resultando na inexistência de negativos destes produtos. Não

existe abrasão da cornija mas alguns núcleos foram alvo de tratamento térmico. O seu

reduzido tamanho é observado no comprimento que é de 15-34mm, da largura 10-

34mm, da espessura 7-30mm, do comprimento do eixo de debitagem 11-36mm e do

peso 2-21gr. Pode-se concluir que os núcleos foram utilizados intensivamente,

constatando uma forte estratégia de rentabilização das matérias-primas.

As lâminas e lamelas são o grupo mais numeroso, sendo essencialmente não

retocadas. Observa-se um elevado índice de fracturação por flexão, os talões são

sobretudo lisos, as secções são predominantemente triangulares e trapezoidais, os

bolbos são reduzidos. A sua forma consiste maioritariamente em bordos paralelos

convergentes e biconvexos. Podemos observar que o comprimento varia de 15-41mm,

a largura de 7-17mm, a espessura de 1-9mm e a largura do talão de 1-8mm. Nos

exemplares inteiros, observam-se essencialmente perfis côncavos, um facto também

observado no terço proximal.

Os utensílios sobre lamela que se observou nesta coleção foram as lamelas

truncadas e os geométricos. O grupo dos micrólitos geométricos é constituído por

trapézios e segmentos e eram elementos para reforçar a capacidade de penetração de

projeteis. Tinham secções triangulares e trapezoidais, tendo de comprimento entre 7-

24mm e de largura 5-11mm.

O facto das peças analisadas não terem córtex permite compreender que não

existem na Costa do Pereiro todas as etapas da cadeia operatória (estão ausentes as

etapas iniciais, de experimentação dos nódulos, desbaste inicial e conformação de

núcleos) mas apresenta uma produção característica de um contexto residencial.

Page 42: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

32

Assim, a cadeia operatória é constituída pela debitagem, a confeção dos instrumentos

através de retoque, a utilização dos instrumentos e os processos de descarte dos

mesmos.

Um dos objetivos principais do talhe consistia na debitagem estandardizada de

lamelas a partir de núcleos prismáticos. As lamelas não-retocadas eram utilizadas

principalmente em bruto. Verifica-se a presença de três principais métodos de talhe

relativo aos núcleos: o método prismático, o método bipolar e o método “aleatório”.

As duas principais técnicas de talhe das lâminas e lamelas são: a percussão

indireta e o talhe por pressão. As técnicas de fracturação dos produtos alongados

consistem em fracturação por flexão e o uso da técnica de microburil, neste último

caso relacionado com a produção dos geométricos que fazem parte deste conjunto.

Comparando o material lítico em sílex da Necrópole de Sobreira de Cima com

a Costa do Pereiro pode-se afirmar que as lâminas e lamelas do contexto funerário

seriam semelhantes às encontradas em contexto residencial, mas os produtos

alongados da Necrópole sofreram dois processos de talhe, um que originou produtos

alongados pequenos, com larguras e comprimentos compreendidos entre os 8-20mm

e 25-100mm, respetivamente e produtos alongados de maiores dimensões com

larguras e comprimentos compreendidos entre 18-28mm e os 120-180mm, enquanto

que na Costa do Pereiro o talhe produziu também produtos alongados de dimensões

ainda mais reduzidas (largura: 4-18mm, comprimento:15-41mm). Assim, pode-se

afirmar que no Neolítico médio existiam três processos de talhe que resultavam em:

-Produtos de talhe pequeno com dimensões compreendidas entre 15-30mm e

4-10mm (comprimento e largura respetivamente), apenas observado em contexto

residencial, este processo de talhe também era utilizado para a produção de micrólitos

geométricos.

-Produtos de talhe médio com dimensões compreendidas entre 25-100mm e 8-

20mm (comprimento e largura respetivamente), observado tanto em contexto

residencial como funerário.

-Produtos de talhe “grande” com dimensões compreendidas entre 120-180mm

e 18-28mm (comprimento e largura respetivamente), observado em contexto funerário,

podendo haver a hipótese de surgir em contexto residencial mas em muito pequenas

quantidades, tal facto observado em lâminas e lamelas de grandes dimensões

fraturadas devido a uso intenso.

Page 43: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

33

Ou seja, o módulo mais pequeno era usado dentro do habitat, para tarefas

claramente domésticas, o módulo médio eram usado fora do acampamento,

provavelmente para a agricultura, o que explica o facto de se encontrar em menor

quantidade que o modelo pequeno e mais fraturadas, e o módulo maior era quase

exclusivamente reservado para oferendas fúnebres.

Assim, observando esta tipologia e o facto de que a maioria das peças

encontra-se descorticada revela que os núcleos foram transportados para o local em

curso de exploração e os elevados índices de aproveitamento da debitagem indicam a

existência de uma especialização económica, uma gestão consciente do material

fazendo parte de uma estratégia económica mais alargada, e o facto de que as

lâminas e lamelas de tamanho médio se encontra tanto em contexto residencial com

funerário demonstra que circulavam inter-regionalmente (nos casos estudados, pelo

menos entre a Estremadura e as regiões interiores do Alentejo).

Page 44: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

34

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Page 47: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexos

Page 48: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexo A.

Figura 17 Mapa dos períodos geológicos do concelho de Torres Novas (Simões, 2003).

Page 49: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexo B.

Figura 18 Mapa das entidades litológicas do concelho de Torres Novas (Simões, 2003).

Page 50: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexo C.

Figura 19 Mapa da precipitação anual do concelho de Torres Novas (Simões, 2003).

Page 51: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexo D.

Critérios de Análise.

1. Núcleos

T Tipos morfológicos

1. bloco de rocha com levantamentos avulsos aleatórios efectuados sem preparação prévia, sobre:

1.1. nódulo

1.2. seixo

1.3. fragmento

2. chopper / chopping-tool (seixo de morfologia arredondada com levantamentos escalariformes uni ou bifaciais)

3. Paralelepipédico (bloco de morfologia paralelepipédica com levantamentos paralelos que exploram arestas-guia naturais, seja segundo o eixo de alongamento, seja segundo o eixo de achatamento)

4. poliédrico ou informe (núcleos com levantamentos de padrão não discernível, afetando a maior parte da superfície, a qual se encontrará descorticada, resultando em peças poliédricas):

4.1. poliédrico esférico

4.2. poliédrico informe

5. discóide (núcleo com levantamentos centrípetos executados a partir de uma plataforma constituída pela aresta irregular que forma a intersecção entre as duas metades opostas de um volume achatado de contorno subcircular, uma das quais é usada como superfície de debitagem)

6. bipolar (núcleo resultante da exploração de uma massa de matéria-prima por aplicação de percussão directa em um dos topos, estando o topo oposto assente numa superfície inconcussa durante o processo de percussão)

7. prismático (núcleo com uma, ou mais, plataforma intencionalmente seleccionada, utilizada de forma recorrente para a extração de produtos segundo arestas-guia, dando origem à formação de negativos dispostos de forma paralela em pelo menos uma das faces do núcleo, mesmo que este não forme um poliedro regular):

7.1. com uma plataforma

7.2. com duas plataformas opostas

7.3. com duas plataformas cruzadas

7.4. com duas plataformas alternas

7.5. com plataformas múltiplas

8. fragmento (peça com fratura que impede a sua classificação em qualquer dos tipos acima enumerados)

Page 52: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

9. diversos (peças de tipologias definíveis não previstas nos tipos acima enumerados e de presença ocasional nas coleções estudadas)

P. Produtos extraídos

0. lâminas (se são visíveis negativos de levantamentos laminares, mesmo se também tem negativos de outros produtos)

1. lamelas (se não são visíveis negativos de levantamentos laminares, e se são visíveis negativos de levantamentos lamelares, mesmo se também tem negativos de lascas)

2. lascas (se apenas são visíveis negativos de lascas; fase final ou inicial da debitagem de lâminas ou lamelas)

Cx Tipo de córtex

0. sem córtex

1. com córtex de alteração, espesso e pulverulento

2. com córtex de alteração, mas com vestígios de rolamento aluvial (fino, não pulverulento)

3. com córtex de seixo (superfície externa constituída pelo miolo rolado do nódulo)

4. nódulos com córtex misto, combinando áreas de categoria 2 e 3

E Estado do núcleo

0. exausto

1. com defeitos de matéria-prima (geodes, clivagens)

2. com defeitos de talhe (ressaltos)

3. abandono simples

P Plataforma dos núcleos prismáticos

0. cortical (constituída pela superfície bruta)

1. lisa (constituída por superfície obtida mediante um ou dois levantamentos)

2. facetada (constituída por superfície obtida mediante três ou mais levantamentos)

Rc Regularização da cornija

0. presente

1. ausente

N Nervuras de aspecto canelado

0. presente

Page 53: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

1. ausente.

O. Ondulações nas superfícies de debitagem

0. presentes

1. ausentes

Tt Tratamento térmico

0. presente.

1. ausente.

Cc Calcinação

0. presente.

1. ausente.

Page 54: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

2. Produtos de debitagem: lascas, lâminas e lamelas

F Fractura (aplicada apenas no caso dos produtos alongados)

0. inteira (peça intacta ou com danos que não impedem a recolhidas dos atributos necessários)

1. proximal (peça fracturada preservando a extremidade apresentando o talão)

2. mesial (peça fracturada não preservando nenhuma das suas extremidades)

3. distal (peça fracturada preservando apenas a extremidade oposta ao talão)

C Córtex

0. sem córtex (quando o córtex cobre 5% ou menos do anverso da peça)

1. parcialmente cortical (quando o córtex cobre entre 5 e 90% do anverso da peça)

2. cortical (quando o córtex cobre 90% ou mais do anverso da peça)

T Talão

0. cortical (superfície natural do bloco de onde foi extraída a peça).

1. liso (superfície do bloco descorticada).

2. facetado ou diedro (talão apresentando apenas uma ou várias nervuras, respetivamente):

2.1. facetado

2.2. diedro

2.3. hiperdiedro ou diedro agudo (apenas produções calcolíticas)

3. linear ou punctiforme (talão resumido a uma linha ou ponto, respetivamente):

3.1. linear

3.2. punctiforme

4. esmagado (talão inexistente por esquirolamento)

B Bolbo

0. reduzido

1. nítido

2. reduzido, com esquirolamento

3. nítido, com esquirolamento

4. esquirolamento afetando todo o bolbo

O Ondulações junto ao bolbo

Page 55: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

0. presentes

1. ausentes

L Labiado

0. presente

1. ausente

Rc Regularização da cornija

0. presente

1. ausente

N Nervuras regulares destacadas (apenas no caso dos produtos alongados)

0. presentes

1. ausentes

Tt Tratamento térmico

0. presente

1. ausente

C Calcinação

0. presente

1. ausente

R Retoque

0. presente

1. ausente

S Secção (apenas no caso dos produtos alongados)

0. trapezoidal

1. triangular

2. irregular

P Perfil (apenas no caso dos produtos alongados inteiros)

0. direito

Page 56: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

1. côncavo

2. torcido

3. ultrapassado

4. refletido

Pp Perfil do anverso no terço proximal (apenas no caso dos produtos alongados inteiros e proximais)

0. direito (a ligação entre o perfil dorsal da peça e o seu talão materializa-se através de uma linha recta)

1. côncavo (a ligação entre o perfil dorsal e o talão materializa-se através de uma linha côncava)

2. outro ou irregular (nenhum dos supracitados)

Fm Forma (apenas no caso de produtos alongados inteiros e mesiais)

0. bordos paralelos (peça com larguras proximal, mesial e distal idênticas)

1. bordos paralelos com talão estreito (idem, mas de talão com menor largura)

2. convergente (peça com largura máxima proximal)

3. biconvexa (peça com largura máxima mesial)

4. divergente (peça com largura máxima distal)

5. irregular (peça não correspondendo a alguma das categorias supracitadas)

Tf Tipo de fracturação (apenas no caso de produtos alongados fracturados)

0. inteira (peça sem qualquer tipo de fracturação)

1. acidental (peça com fracturação resultante de acidentes de talhe ou processos pós-deposicionais)

2. por flexão (peça apresentando um labiado proeminente na superfície de fractura)

3. por percussão (peça apresentando um ponto de impacto e eventuais ondas de choque na superfície de fractura)

4. combinação das duas técnicas (peça mesial apresentando marcas de flexão num topo e percussão noutro)

5. irreconhecível (peça onde não é possível identificar o modo de fracturação existente)

Page 57: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

3. Armaduras: geométricos e peças de dorso

T Tipos

0. triângulo

1. segmento

2. trapézio

3. lamela de dorso

4. fragmentada

Rp Retoque posição

0. directo (retoque aplicado a partir da face inferior da peça)

1. inverso (retoque aplicado a partir da face superior da peça)

2. alterno (retoque partindo de uma superfície da peça num bordo e da superfície inversa no bordo oposto)

3. alternante (retoque partindo alternativamente de uma e de outra superfície da peça ao longo do mesmo bordo)

4. bifacial (retoque aplicado no mesmo bordo de uma peça afectando tanto ambas superfícies)

5. cruzado (retoque aplicado no mesmo bordo a partir de ambas as superfícies de forma não alternante)

Re Retoque extensão

0. curto ou marginal (retoque afectando apenas o gume da peça ou a sua periferia)

1. invasor (retoque afectando a maior parte da peça, com excepção da área central da/s superfície/s)

2. cobridor (retoque afectando a totalidade da/s superfície/s da peça)

Ri Retoque inclinação (ângulo)

0. abrupto (retoque formando um ângulo de cerca de 90º com a face da peça a partir da qual foi aplicado)

1. semi-abrupto (retoque formando um ângulo de cerca de 45º com a face da peça a partir da qual foi aplicado)

2. rasante (retoque formando um ângulo de cerca de 10º com a face da peça a partir da qual foi aplicado)

S Secção

0. trapezoidal

Page 58: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

1. triangular

2. irregular

Tt Tratamento térmico

0. presente

1. ausente

C Calcinação

0. presente

1. ausente

Page 59: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexo E.

Estampas

Figura 20 Fotografia dos Núcleos prismáticos. (Foto de Joana Silva)

Figura 21 Fotografia dos Núcleos bipolares. (Foto de Joana Silva)

Page 60: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Figura 22 Fotografia das lâminas e lamelas. (Foto de Joana Silva)

Figura 23 Fotografia das lâminas e lamelas da rocha II, III, (em cima) IV e V (em baixo). (Foto de Joana Silva)

Page 61: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Figura 24 Fotografia dos Microburis, geométricos trapézios e segmentos, respetivamente. (Foto de Joana Silva)

Page 62: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Anexo F.

Tabela 4Tabela relativa à análise dos Núcleos

Pro

ven

.

Tip

o

Pro

du

tos

rtex

Esta

do

Pla

tafo

rma

Co

rnija

Ner

vura

s

On

d.

Trat

am.

térm

ico

Cal

cin

ação

Dimensões

Co

mp

r.

eixo

deb

itag

em

P

eso

Ob

serv

açõ

es Cump. Larg. Exp.

J22.1b.1 6 2 0 2 - - - - 0 1 21.1 16.7 10.6 21.1 3

G21.1b.3 6 1 0 2 - - - - 0 0 21.3 18.9 10 21.3 17

I21.1b 6 1 0 2 - - - - 1 0 18.1 12.5 8 18.1 17 Rocha III

I23.1b.3 6 1 0 2 - - - - 0 1 17.5 16.2 7.8 17.5 21 Rocha IV

I23.1b.3 6 1 0 2 - - - - 1 1 21.3 14.8 7.5 21.3 14 Rocha IV

I23.1b.1 6 1 0 2 - - - - 1 0 22.1 10.6 10.5 22.1 11

I21.1b.2 1.3 1 0 2 - - - - 0 0 24.6 21.6 14.6 24.6 2

G22.1b.2 1.3 2 0 2 - - - - 1 1 30.4 20.2 13.6 30.4 3

H12.1b.1 1.3 2 0 2 - - - - 1 1 31.1 25.9 22.6 31.1 2

H23.1b.2 1.3 2 0 1 e 2 - - - - 1 1 25.9 22 12.9 25.9 3

I20.1b.3 1.3 2 0 2 - - - - 0 1 23.4 32.5 25.9 23.4 2

G22.1b.2 1.3 2 0 2 - - - - 0 1 23.2 30.6 21.8 23.2 3

J22.1b.1 1.3 2 0 2 - - - - 1 1 33.4 20.4 23.1 33.4 7

H21.1b.4 1.3 2 0 2 - - - - 0 1 35.7 27.9 19.5 36.7 8

G22.1b.2 1.3 2 0 2 - - - - 0 1 22.3 16.4 13.6 13.1 12

I23.1b.1 1.3 2 0 2 - - - - 1 1 18.9 30.6 17.3 18.1 5

Page 63: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

G21.3 4.2 2 2 2 - - - - 1 1 19.2 20.6 25.6 12.6 16

G22.1b.2 7.1 2 0 2 1 1 1 1 1 1 31.1 24.4 29.2 11.7 11

H21.1b.3 7.1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 29.5 25.9 30.7 21 17

G21.1b.3 7.1 1 0 2 2 1 0 1 1 1 27.7 23.7 21.7 27.7 14 Rocha III

G21.1b.2 7.3 2 1 3 - - - - 0 0 29.1 34.8 13.6 23.8 4 Rocha III

H23.1b.1 7.3 1 1 2 1 1 1 1 1 1 24.8 28.8 15.5 24.8 8 Rocha IV

I21.1b.3 7.5 1 0 2 2 0 1 0 0 1 15.6 14 16.8 15.6 13 Rocha IV

Page 64: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Tabela 5 Tabela relativa à análise de Laminas e Lamelas Não Retocadas

Pro

ven

.

Frac

tur

a

rtex

Talã

o

Bo

lbo

On

du

la

ç.

Lab

iad

o

Co

rnija

Ner

vur

as

Trat

am.

térm

ico

Cal

cin

.

Ret

oq

u

e

Secç

ão

Per

fil

Per

fil

pro

xim

.

Form

a

Mo

do

frac

tura

.

Dimensões

Larg

ura

Talã

o

Ob

s.

Cump. Larg. Exp.

I23.2b.2.99 0 0 2.1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 5 0 35.4 9.4 6.6 3.3

H21.1b.2 0 0 3.1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 0 20.5 15.6 3.5 6.9

H22.1b.3 0 0 2.1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 3 0 19.5 7.3 2.3 5.3

H21.1b.2 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 1 0 31.8 8.5 4.1 4.6

H22.1b.3 0 0 1 4 1 1 1 1 0 0 1 1 0 1 2 0 32 13.1 6.9 6.7

H21.1b.2 0 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 2 0 2 5 0 22.8 9.3 4.8 -

H21.1b.2 0 0 1 4 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0 2 0 28.4 9.1 3.9 -

G21.1b.3 0 0 3.1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 4 0 20.5 7.2 2.5 4.2

G23.1b.3 0 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 2 0 26 9.3 5.3 7.1

G21.1b.3 0 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0 17.5 6.7 3.3 4.1

G21.1b.3 0 0 3.1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 0 41.6 12.4 6.1 -

H21.1b.2 0 0 1 4 1 1 1 1 1 0 1 1 1 2 5 0 22.2 8.2 4.4 4

G21.1b.3 0 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 0 24.1 9.5 5 4.6

I21.1b.2 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0 30.9 8.1 5.6 3.5

I22.1b.2 1 1 3.1 4 1 1 1 1 1 1 1 2 - 1 - 1 - 7.6 2.2 -

I21.1b.1 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 - 0 - 2 - 9.1 3.8 3.8

G21.1b.2 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 0 - 0 - 2 - 8.8 3.6 3.6

G21.1b.2 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 - 0 - 2 - 12.5 3.5 3.9

Page 65: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

G22.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - - 6.7 1.8 1.9

H12.1b.1 1 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - 2 - 7.3 2.1 1.7

H21.1b.3 1 0 3.2 4 1 1 1 1 1 1 1 2 - 0 - 2 - 12.8 3.1 3.1

J21.1b.1.56 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 - 0 - 1 - 7.6 2.9 2.9

I21.1b.1 1 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 1 - 7 2.3 2.3

I20.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 1 - 9.7 3.1 3.1

I20.1b.3 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - 2 - 11.6 4.2 4.2

I22.1b.2 0 0 3.1 0 1 1 1 1 0 1 1 0 1 1 3 0 29.3 6.2 3 3.5 Rocha III

H12.1b.1 0 0 3.1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 0 0 0 0 16.2 7.8 2.2 4.3 Rocha III

G21.1b.3 1 0 3.1 0 1 1 1 1 0 1 1 2 - 0 - 2 - 6.8 2.7 4.2 Rocha III

G21.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 2 - 9.8 2.9 3.9 Rocha III

G21.1b.3 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1 2 - 0 - 2 - 8.8 2.6 5.6 Rocha III

G21.1b.1 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 - 0 - 2 - 4.2 2.9 4.6 Rocha III

G21.1b.3 1 0 3.1 4 1 1 1 1 0 1 1 0 - 1 - 2 - 8.1 2.1 2.7 Rocha III

H21.1b.2 2 1 - - - - - 1 0 1 1 1 - - 2 - 11.3 2.9 - Rocha III

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 0 1 0 - - 0 2 - 8.6 1.7 - Rocha III

2 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - 3 2 - 7.5 1.5 - Rocha III

H21.1b.1 3 1 - - - - - 1 1 1 0 - - 2 >31.6 10.4 3.5 - Rocha III

H21.1b.1 0 0 3.2 0 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 2 0 28.1 8 4.2 2.9 Rocha IV

G21.1b.2 0 0 4 4 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 3 0 21.2 6.6 2.3 - Rocha IV

I22.1b.1 0 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 0 26.4 8.6 3.1 2.3 Rocha IV

H12.1b.1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 33.7 7.5 3.6 2.5 Rocha IV

Page 66: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

I21.1b.3 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 - 0 - 1 - 8.4 3.5 1.9 Rocha IV

I23.1b.3 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 - 0 - 2 - 6.8 2.6 6.3 Rocha IV

H12.1b.1 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 2 - 9.7 4.1 5.1 Rocha IV

G21.1b.2 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 2 - 13.1 2.7 7.6 Rocha IV

H21.1b.1 1 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 0 - 2 - 8.9 1.9 3.6 Rocha IV

G21.1b.3 1 0 3.1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 2 - 8.6 2.8 4.7 Rocha IV

G21.1b.2 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 1 - 11.9 2.7 6.8 Rocha IV

I23.1b.3 1 0 2.1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 8.2 2.4 4.8 Rocha IV

I23.1b.3 1 0 3.1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - 1 - 7.4 2.1 3.7 Rocha IV

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 2 2 - 11.9 2.6 - Rocha IV

G22.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 2 - 7.6 2.4 - Rocha IV

I20.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 2 - 8.8 9.7 - Rocha IV

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 1 - 5.5 1.2 - Rocha IV

H12.1b.1 3 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 1 - 6.9 2.8 - Rocha IV

G21.1b.2 3 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 2 - 6.1 2.5 - Rocha IV

H23.1b.1 0 0 3.1 0 1 1 1 1 0 0 1 2 1 2 2 0 21.6 9.3 2.5 3.2 Rocha II

G23.1b.1 0 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 0 1 2 3 0 16.9 6.5 7.2 3.2 Rocha II

I23.1b.2 1 0 1 0 1 1 1 1 0 0 1 0 - 0 - 1 - 8.2 2.6 3.7 Rocha II

I23.1b.2 1 0 3.1 0 1 1 1 1 0 1 1 0 - 1 - 2 - 8.1 1.9 4.1 Rocha II

G22.1b.2 1 0 1 2 1 1 1 1 0 1 1 0 - 2 - 1 - 12.3 2.9 4.5 Rocha II

I22.1b.2 1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 - 1 - 2 - 10.8 3.6 4.1 Rocha II

H12.1b.1 1 0 3.1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 - 1 - 2 - 7.3 3.4 4.1 Rocha II

Page 67: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

I23.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 0 1 1 - - - 1 - 13.6 4.3 - Rocha II

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 2 - 7.8 2.3 - Rocha II

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - 2 2 - 9.6 2.1 - Rocha II

I21.1b.2 2 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - 2 2 - 7.9 1.9 - Rocha II

I23.1b.2 2 0 - - - - - 1 0 0 1 0 - - 2 2 - 8.9 3.1 - Rocha II

I23.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - 0 1 - 10.5 1.9 - Rocha II

H21.1b.1 2 0 - - - - - 1 0 1 1 2 - - 0 1 - 6.9 2.7 - Rocha II

G21.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - - 2 - 11.2 2.8 - Rocha II

G23.1b.2 3 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 2 - 9.1 2.2 - Rocha II

G22.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 0 1 2 - - - 1 - 10.8 4.2 - Rocha II

G21.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - - 1 - 5.5 1.4 - Rocha II

G21.1b.3 3 0 - - - - - 1 0 1 1 2 - - - 1 - 12.2 3.2 - Rocha II

G23.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 - 5 - 2 - 9.7 2.8 3.1 Rocha II

G21.1b.3 1 0 3.1 0 1 1 1 1 0 1 1 0 - 0 - 1 - 8.7 2.2 2.2 Rocha II

H21.1b.1 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 1 - 3 - 2 - 8.7 3.1 2.2 Rocha II

H23.1b.3 1 0 3.2 0 1 1 1 1 0 1 1 1 - 0 - 2 - 5.1 1.2 - Rocha II

J22.1b.3 1 0 3.1 0 1 1 1 1 0 1 1 2 1 0 4 0 27.3 8.3 1.9 3.4 Rocha V

I23.1b.1 0 0 3.2 1 1 1 1 1 0 1 1 0 0 1 3 0 17.2 7.6 2.2 3.1 Rocha V

H22.1b.3 0 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 1 0 4 0 29.5 8.9 4.1 4.5 Rocha V

H21.1b.2 0 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 2 0 25.7 10.8 3.9 4.1 Rocha V

G21.1b.2 0 0 4 1 1 1 1 1 1 0 1 2 1 2 2 0 23.6 9.8 4.9 2.2 Rocha V

G23.1b.2 0 0 3.2 4 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 3 0 15.5 7.9 7.5 - Rocha V

Page 68: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

I21.1b.2 1 0 1 2 1 1 1 1 0 1 1 1 - 0 - 2 - 9.3 2.6 4.2 Rocha V

I23.1b.

3,16

1 0 3.2 0 1 1 1 1 0 1 1 1 - 1 - 1 - 10.4 3.5 - Rocha V

G21.1b.3 1 0 1 2 1 1 1 1 0 1 1 0 - 1 - 2 - 9.1 2.6 6,7 Rocha V

G21.1b.2 1 0 2.1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 - 2 - 2 - 9.9 2.4 8.5 Rocha V

G21.1b.2 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 2 - 1 - 2 - 10.1 2.5 4.5 Rocha V

G21.1b.2 1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 - 3 - 2 - 8.9 3.3 7.1 Rocha V

G21.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 0 1 1 2 - 2 - 2 - 10.3 3.1 4.9 Rocha V

H12.1b.1 1 0 3.2 0 1 1 1 1 0 1 1 2 - 0 - 2 - 6.9 1.9 - Rocha V

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 0 1 1 - - - 2 - 11.2 2.9 - Rocha V

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - - 2 - 7.6 1.8 - Rocha V

H22.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 0 1 0 - - - 2 - 7.3 1.4 - Rocha V

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 0 1 1 - - - 2 - 5.7 1.7 - Rocha V

I21.1b.1 3 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - - 2 - 7.9 1.9 - Rocha V

Desmontar

lareira

3 0 - - - - - 1 0 0 1 1 - - - 2 - 4.9 1.8 - Rocha V

I21.1b.2 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 2 - 16.5 4.2 5

H21.1b.4 1 1 3.1 4 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 17.1 6.2 -

H12.1b.1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 - 2 - 2 - 11.1 3.4 3.1

I21.1b.1 1 0 3.2 1 1 1 1 1 1 0 1 0 - 0 - 2 - 12.8 5 1.8

I22.1b.2 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - 2 - 8.3 3.5 2.1

I16.1b.2 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 2 - 8.6 3.6 2.2

H21.1b.2 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 0 - 1 - 8.1 2.9 2.1

Page 69: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

H12.1b.1 1 0 3.1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 - 0 - 2 - 6.6 2.3 -

G21.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 8.1 2.3 2.1

G22.1b.2 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 2 - 1 - 11.2 2.5 3.2

H12.1b.1 1 0 3.1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 2 - 2 - 9.1 2.3 -

G22.1b.2 1 0 3.1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 9.5 3.2 -

G22.1b.3 1 0 3.2 0 1 1 1 1 0 1 1 0 - 0 - 1 - 4.9 1.3 1.3

H12.1b.1 1 0 3.1 1 1 1 1 1 0 1 1 0 - 0 - 1 - 9.5 3.3 -

G21.1b.3 1 0 3.2 4 1 1 1 1 0 1 1 1 - 1 - 1 - 6.5 1.4 1.4

H21.1b.1 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 6.5 2.9 1.8

G23.1b.2 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 9.3 3.3 3.3

H23.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - - - 9.5 3.1 2.5

H23.1b.1 1 0 3.1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 5.4 1.5 -

H12.1b.1 1 0 1 4 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 8.2 1.7 1.7

G21.1b.1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 0 1 0 - 1 - 1 - 8.7 3.1 3.1

I21.1b.1 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 9.2 3.2 2.2

G22.1b.3 1 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 9.2 3.2 2.2

G22.1b.3 1 0 1 4 1 1 1 1 1 0 1 1 - 1 - 1 - 8.4 2.1 2.9

G21.1b.3 1 0 1 4 1 1 1 1 0 1 1 0 - 1 - 1 - 9.4 2.8 2.8

I21.1b.2 1 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 1 - 2 - 5.8 2.5 1.3

G21.1b.3 1 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 1 - 0 - - - 5.1 1.9 1.3

I23.1b.3 1 0 3.1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 - 1 - 1 - 8.3 2.5 -

H21.1b.1 1 0 3.2 0 1 1 1 1 1 1 1 2 - 1 - - - 7.9 2.2 1.9

Page 70: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 2 - 11.2 1.8 -

H21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 5 2 - 7.7 3.3 -

J22.1b.3,89 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 3 2 - 11.6 4.7 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 2 - 12.6 4 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 1 - 11.3 2.4 -

H23.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 0 1 1 - - 2 1 - 8.1 4.1 -

E.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 2 - 12.9 2.4 -

H21.1b.1 2 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - 0 1 - 10.6 7.7 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 2 - 8.8 2 -

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 3 1 - 9.2 3.4 -

I21.1b.1 2 0 - - - - - 1 0 0 1 1 - - 3 2 - 7.3 2.5 -

I21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 1 - 6.2 2.6 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - 2 2 - 10.1 2.1 -

H21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 1 - 8.8 1.9 -

I21.1b.1 2 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - 0 2 - 9.1 2.5 -

H21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 1 - 6.5 1.9 -

H21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - - 1 - 9.1 2.2 -

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 0 1 0 - - 0 1 - 8.9 1.9 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - 0 2 - 9.6 1.8 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 0 1 1 1 0 - - 0 2 - 8.9 3.3 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 1 - 9.2 2.8 -

G21.1b.1 2 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - 0 2 - 11.7 1.8 -

Page 71: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 2 1 - 9.2 3.4 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 1 - 11.1 2.6 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 0 1 1 - - - 1 - 8.9 3.3 -

I21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 1 - 11.7 2.8 -

I22.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 1 - 11.8 2.9 -

I23.1b.3 2 1 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 1 - 8.7 4.3 -

I21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 1 - 9.7 2.2 -

G22.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 1 - 12.9 4.3 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 1 - 11.5 2.1 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 1 - 11.2 3.8 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 1 - 7.6 1.4 -

G21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 0 1 0 - - 0 1 - 15.6 4.3 -

I22.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 2 - 9.8 2.2 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 0 1 - - - 2 1 - 15.1 2.6 -

H21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 0 1 - 8.3 4.1 -

H12.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - - 1 - 8.9 3.3 -

G23.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 1 - 6.5 1.4 -

H21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 2 2 - 14.6 2.7 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - 2 1 - 5.7 1.5 -

H23.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 2 - - 0 2 - 8.4 3.2 -

H21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 1 2 - - 0 1 - 10.5 2.1 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - 0 1 - 7.1 2.2 -

Page 72: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

G21.1b.3 3 0 - - - - - 1 0 0 1 0 - - - 1 - 7.6 3.4 -

H21.1b.1 3 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - - 2 - 10.5 3.1 -

G23.1b.3 3 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 1 - 9.5 2.5 -

G21.1b.3 3 1 - - - - - 1 1 1 1 0 - - - 2 - 7.1 2.8 -

I23.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 0 1 1 - - - 1 - 5.7 1.8 -

H21.1b.3 3 0 - - - - - 1 1 1 1 1 - - - 2 - 7.6 2.3 -

I20.1b.2.17 3 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - - 2 - 8.3 2.6 -

I22.1b.3 3 1 - - - - - 1 0 1 1 2 - - - 2 - 11.1 3.4 -

H22.1b.3 3 0 - - - - - 1 1 0 1 1 - - - 1 - 9.3 3.6 -

G21.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 1 1 0 - - - 1 - 8.6 1.9 -

G21.1b.1 3 0 - - - - - 1 0 1 1 1 - - - 2 - 8.5 3.4 -

G23.1b.3 3 0 - - - - - 1 1 0 1 0 - - - 1 - 8.2 2.2 -

I21.1b.2 3 0 - - - - - 1 1 1 1 2 - - - 2 - 9.6 3.5 -

H22.1b.3 3 0 - - - - - 1 1 1 1 0 - - - 1 - 10.1 2.7 -

H12.1b.1 3 0 - - - - - 1 0 0 1 0 - - - 2 - 5.2 1.9 -

Page 73: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Tabela 6 Tabela relativa à análise de Lâminas e Lamelas Retocadas

Pro

ven

.

Frac

tura

rtex

Talã

o

Bo

lbo

On

du

laç.

Lab

iad

o

Co

rnija

Ner

vura

s

Trat

am.

térm

ico

Cal

cin

.

Ret

oq

ue

Secç

ão

Per

fil

Per

fil

pro

xim

.

Form

a

Mo

do

frac

tura

Dimensões

Larg

ura

talã

o

Cump. Larg. Exp.

H12.1b.1 0 0 1 4 1 1 1 1 1 1 0 1 0 2 3 0 29.1 12.1 3.4 7.2

H22.1b.3 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 0 0 25.2 11.4 2.7 4.8

H12.1b.1 0 0 1 0 1 1 1 1 1 0 0 1 3 2 4 0 30.3 7.5 2.5 4.1

I21.1b.1 0 0 3.1 0 1 1 1 1 1 1 0 0 1 1 3 0 29.3 6.2 3 3.5

G22.1b.2 1 0 4 4 1 1 1 1 1 1 1 2 - 2 - 1 - 17.8 6 -

I20.1b.2 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 - 1 - 1 - 8.4 2.1 7.8

I22.1b.3 1 0 3.1 4 1 1 1 1 1 1 0 2 - 2 - 1 - 11.2 4.6 5.2

H23.1b.1 1 1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 2 - 2 - 2 - 10.3 5 5.4

I20.1b.1 1 1 3.2 0 1 1 1 1 1 1 0 0 - 0 - 2 - 10.4 4.3 3.5

G22.1b.2 1 1 4 0 1 1 1 1 1 1 0 0 - 1 - 1 - 9 2.9 -

J22.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - 0 1 - 13.4 4 -

I23.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 0 0 - - 0 1 - 16.6 6.8 -

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - 2 2 - 7.8 3.8 -

I23.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 0 0 - - 5 1 - 6.4 1.5 -

I20.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - - 1 - 8.2 2.6 -

H21.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - 4 1 - 12 5.2 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 0 0 - - 5 1 - 7.5 2.8 -

G23.1b.3 3 0 - - - - - 1 1 1 0 2 - - - 1 - 6.3 3.8 -

Page 74: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

H21.1b.1 3 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - - 1 - 16.9 4.8 -

I23.1b.2.76 3 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - - 1 - 9 2.9 -

G22.1b.2 3 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - - 1 - 9.1 3.1 -

G21.1b.3 1 0 3.1 0 1 1 1 1 1 1 0 1 - 1 - 1 - 9.5 3.3 4.1

G21.1b.3 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - 2 2 - 11.6 2.3 -

G21.1b.2 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - 2 2 - 10.2 2.4 -

H22.1b.1 3 0 - - - - - 1 0 1 0 1 - - - - - 8.7 2.9 -

H22.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 1 0 0 - - - 1 - 8.9 2.5 -

G21.1b.3 3 0 - - - - - 1 0 1 0 2 - - - 2 - 7.6 7.7 -

I23.1b.1 0 0 3.2 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0 1 3 0 17.2 7.6 2.2 3.1

H22.1b.3 0 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 1 0 4 0 29.5 8.9 4.1 5.4

H21.1b.2 0 0 1 0 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 2 0 25.7 10.8 3.9 4.1

I23.1b.3,16 1 0 3.2 0 1 1 1 1 0 1 0 1 - 1 - 1 - 10.4 3.5 -

H22.1b.1 2 0 - - - - - 1 1 1 0 1 - - - 2 - 7.1 2.9 -

H21.1b.1 3 0 - - - - - 1 0 1 0 2 - - - 2 - 8.2 4.5 -

H21.1b.2 3 0 - - - - - 1 0 0 0 0 - - - 1 - 6.7 3.4 -

Page 75: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Tabela 7 Tabela relativa à análise dos Geométricos

Pro

ven

iên

cia

Tip

o

Ret

oq

ue

Po

siçã

o

Ret

oq

ue

Exte

nsã

o

Ret

oq

ue

Incl

inaç

ão

Secç

ão

Trat

am.

Térm

ico

Cal

cin

ação

Dimensões

Cump. Larg.

I21.1b.3 2 0 0 0 1 0 1 19.5 9.6

I22.1b.1.104 2 0 0 0 1 0 0 21.1 8.2

I22.1b.1.116 2 0 0 0 0 0 1 17.3 7.6

G21.1b.3 2 0 0 0 1 1 1 20.1 10.1

I21.1b.1.108 2 0 0 0 0 1 1 22.3 7.9

I21.1b.1 2 0 0 0 1 1 1 24.5 9.3

G21.1b.3 2 0 0 0 1 0 1 18.8 9.4

I23.1b.3 2 0 0 0 1 0 1 18.6 7.8

I22.1b.1.125 2 0 0 0 2 1 1 14.1 7.4

H21.1b.3 2 0 0 0 0 0 1 13.4 8.8

G21.1b.3 2 0 0 0 1 0 0 20.8 10.5

H22.1b.3 2 0 0 0 0 0 1 14.3 8.8

H21.1b.2 2 0 0 0 0 1 1 13.8 7.1

H21.1b.3 2 0 0 0 0 0 0 14.5 8.4

H23.1b.1 2 0 0 0 1 1 1 17.7 10.4

G21.1b.1 1 0 0 0 0 0 1 13.8 7.8

G21.1b.3 1 0 0 0 1 1 0 14.5 8.4

G21.1b.2 2 0 0 0 1 0 1 23.1 7.3

H21.1b.1 2 0 0 0 0 0 0 7.3 10.7

I23.1b.3 2 0 0 0 1 0 1 16.5 7.1

I20.1b.3 1 0 0 0 1 1 1 10.5 11.9

I23.1b.1 4 0 0 0 1 0 1 - 5.7

G21.1b.3 2 0 0 0 0 1 1 12.9 9.6

G22.1b.2 1 0 0 0 0 0 0 17.9 6.4

J22.1b.2 1 0 0 0 0 0 1 18.6 6.4

Page 76: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Tabela 8 Inventário do espólio analisado

Tabela 9 Espolio Cortical e não Cortical

Tipo

Corticais Não

Corticais Total

Nº % Nº % Nº

Lâminas e Lamelas

Retocadas 5 33% 31 14% 36

Não retocadas 10 67% 174 76% 184

Total 15 7% 205 93% 220

Núcleos

Fino e não pulverulento 2 50% Espesso e pulverulento 2 50% Total 4 21% 24 10% 28

Total

19 8% 229 92% 248

Categoria Tipo Nº %

Núcleos

28 10%

Fragmento de Bloco 10 36%

Poliédrico 1 4%

Bipolar 6 21%

Prismático 6 21%

Flancos 2 7%

Fragmento 3 11%

Lâminas e lamelas 220 78%

Retocadas

36 16%

Retoque marginal 32 89%

Entalhes 1 3%

Truncaturas 3 8%

Não Retocadas 184 84%

Geométricos 25 9%

Microburis 10 4%

Total 283

Page 77: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Tabela 10 Espolio com Tratamento térmico e calcinação

Categorias

Tratamento Térmico Calcinação

Tratamento Térmico e Calcinação

Nº % Nº % Nº %

Núcleos 10 12% 5 13% 3 16%

Lâminas e lamelas

Total 76 88% 34 87% 16 84%

Retocadas 11 14% 2 6% 1 6%

Não Retocadas 67 78% 32 94% 15 94%

Geométricos 16 64% 6 24% 5 20%

Total 102 37% 45 16% 24 9%

Page 78: Estudo do Talhe lamelar em sílex no Neolítico Médio da Costa do Pereiro (Chancelaria, Torres Novas)

Tabela 11 Tipos de Núcleos

Tipo Morfologia Nº %

Fragmento de Bloco 10 43%

Poliédrico 1 4%

Informe 1 Bipolar 6 26%

Prismático

6 26%

Com uma plataforma 3 50%

Com duas plataformas cruzadas 2 33%

Com plataformas múltiplas 1 17%

Total 23

Tabela 12 Tipo de Córtex nos Núcleos

Tipo

Corticais

Nº %

Fino e não pulverulento 2 50%

Espesso e pulverulento 2 50%

Total 4 21%

Tabela 13 Estado dos Núcleos

Nº %

Clivagens e geodes 1 4%

Ressaltos 21 91%

Abandono simples 1 4%

Total 23

Tabela 14 Produtos extraídos dos Núcleos

Nº %

Lamelas 10 43%

Lascas 13 57%

Total 23

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Tabela 15 Analise das Lâminas e Lamelas

Retocadas Não Retocadas Total

Nº % Nº % Nº

Tipo de retoque

Marginal 32 100% - - 32

Entalhes 1 100% - - 1

Truncaturas 3 100% - - 3

Fragmentação das Lâminas e Lamelas

Inteiras 9 26% 25 74% 34

Proximal 7 9% 73 91% 80

Mesial 10 14% 62 86% 72

Distal 10 29% 24 71% 34

Peças Corticais e Não Corticais

Corticais 5 14% 31 86% 36

Não Corticais 10 5% 174 95% 184

Secções

Trapezoidal 13 15% 74 85% 87

Triangular 18 17% 89 83% 107

Irregular 5 20% 20 80% 25

Talões

Corticais 1 50% 1 50% 2

Lisos 8 14% 50 86% 58

Facetado 0 0% 4 100% 4

Linear 3 12% 22 88% 25

Punctiforme 3 14% 18 86% 21

Esmagado 1 25% 3 75% 4

Bolbos

Reduzido 11 18% 49 82% 60

Nítido 3 11% 24 89% 27

Reduzido com esquirolamento 0 0% 3 100% 3

Nítido com esquirolamento 0 0% 1 100% 1

Esquirolamento afetando todo o bolbo 2 9% 20 91% 22

Perfil

Direito 2 17% 10 83% 12

Côncavo 6 27% 16 73% 22

Ultrapassado 1 100% 0 0% 1

Perfil do anverso no terço proximal

Direito 2 6% 30 94% 32

Côncavo 8 15% 46 85% 54

Irregular 4 27% 11 73% 15

Tipos de Fracturação

Inteiras 9 25% 27 75% 36

Acidental 17 18% 75 82% 92

Por flexão 9 10% 79 90% 88

Forma dos produtos alongados inteiros e mesiais

Bordos paralelos 3 8% 33 92% 36

Bordos paralelos com talão estreito 0 0% 1 100% 1

Convergente 5 17% 25 83% 30

Biconvexa 3 21% 11 79% 14

Divergente 4 67% 2 33% 6

Irregular 2 33% 4 67% 6

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Tabela 16 Tipo de fratura nas Lâminas e Lamelas

Inteiras Proximal Mesial Distal Total

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Retocadas 9 26% 7 9% 10 14% 10 29% 36 16%

Não

Retocadas

25 74% 73 91% 62 86% 24 71% 184 84%

Total 34 15% 80 36% 72 33% 34 15% 220 100%

Tabela 17 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha II

Retocadas Não Retocadas Total Rocha II Total

Absoluto

Nº % Nº % Nº % Nº

Fratura

Inteira 0 0% 2 100% 2 6% 34

Proximal 0 0% 9 100% 9 11% 80

Mesial 0 0% 7 100% 7 10% 72

Distal 3 27% 8 73% 11 32% 34

Tipo de Fracturação

Inteira 0 0% 2 100% 2 6% 36

Acidental 1 10% 9 90% 10 11% 92

Por flexão 1 8% 12 92% 13 15% 88

Tipo de retoque

Marginal 1 33% - - 3 9% 32

Entalhes 0 0% - - 0 0% -

Truncaturas 2 100% - - 2 67% 3

Tratamento térmico 3 13% 20 87% 23 26% 88

Calcinação 0 0% 6 100% 6 15% 39

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Tabela 18 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha III

Retocadas Não Retocadas Total Rocha III Total

Absoluto

Nº % Nº % Nº % Nº

Fratura

Inteira 0 0% 2 100% 2 6% 34

Proximal 0 0% 5 100% 5 6% 80

Mesial 0 0% 3 100% 3 4% 72

Distal 1 100% 0 0% 1 3% 34

Tipo de Fracturação

Inteira 0 0% 2 100% 2 6% 36

Acidental 0 0% 0 0% 0 0% 92

Por flexão 1 11% 8 89% 9 10% 88

Tipo de retoque

Marginal 1 100% - - 1 3% 32

Entalhes 0 0% - - 0 0% -

Truncaturas 0 0% - - 0 0% -

Tratamento térmico 0 0% 8 100% 8 9% 88

Calcinação 0 0% 1 100% 1 3% 39

Tabela 19 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha IV

Retocadas Não Retocadas Total Rocha IV Total

Absoluto

Nº % Nº % Nº % Nº

Fratura

Inteira 0 0% 4 100% 4 12% 34

Proximal 1 10% 9 90% 10 13% 80

Mesial 1 20% 4 80% 5 7% 72

Distal 0 0% 2 100% 2 6% 34

Tipo de Fracturação

Inteira 0 0% 4 100%

0% 36

Acidental 1 14% 6 86% 7 8% 92

Por flexão 1 10% 9 90% 10 11% 88

Tipo de retoque

Marginal 2 100% - - 2 6% 32

Entalhes 0 0% - - 0 0% -

Truncaturas 0 0% - - 0 0% -

Tratamento térmico 0 0% 0 0% 0 0% 88

Calcinação 0 0% 1 100% 1 3% 39

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Tabela 20 Análise das Lâminas e Lamelas da Rocha V

Retocadas Não Retocadas Total Rocha V Total

Absoluto

Nº % Nº % Nº % Nº

Fratura

Inteira 5 63% 3 38% 8 24% 34

Proximal 1 10% 9 90% 10 13% 80

Mesial 1 20% 4 80% 5 7% 72

Distal 2 50% 2 50% 4 12% 34

Tipo de Fracturação

Inteira 5 63% 3 38% 8 22% 36

Acidental 2 50% 2 50% 4 4% 92

Por flexão 2 13% 13 87% 15 17% 88

Tipo de retoque

Marginal 7 100% - - 7 22% 32

Entalhes 1 100% - - 1 0% -

Truncaturas 1 100% - - 1 0% -

Tratamento térmico 8 32% 17 68% 25 28% 88

Calcinação 0 0% 5 100% 5 13% 39

Tabela 21 Analise dos geométricos

Nº %

Tipos

Segmentos 5 20%

Trapézios 19 76%

Fragmentados 1 4%

Secção

Trapezoidal 11 44%

Triangular 13 52%

Irregular 1 4%

Retoque Posição Direto 25 100%

Retoque Extensão Curto ou Marginal 25 100%

Retoque Inclinação Abrupto 25 100%

Total 25

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