UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ESTUDOS SOBRE A APLICAO DE GEOMEMBRANAS NA
IMPERMEABILIZAO DA FACE DE MONTANTE DE
BARRAGENS DE ENROCAMENTO
JANAINA PROVSIO COLMANETTI
ORIENTADOR: ANDR PACHECO DE ASSIS
CO-ORIENTADOR: ENNIO MARQUES PALMEIRA
TESE DE DOUTORADO EM GEOTECNIA
PUBLICAO G.TD-037/2006
BRASLIA DF
MAIO/2006
i
UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
ESTUDOS SOBRE A APLICAO DE GEOMEMBRANAS NA
IMPERMEABILIZAO DA FACE DE MONTANTE DE BARRAGENS DE
ENROCAMENTO
JANAINA PROVSIO COLMANETTI
TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA
UNIVERSIDADE DE BRASLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO
DO GRAU DE DOUTOR.
APROVADA POR:
_________________________________________________ Prof. Andr Pacheco de Assis, PhD (UnB) (Orientador)
_________________________________________________ Prof. Ennio Marques Palmeira, PhD (UnB) (Co-orientador) _________________________________________________ Prof. Mrcio Muniz de Farias, PhD (UnB) (Examinador Interno) _________________________________________________ Prof. Luis Fernando M. Ribeiro, DSc (UnB) (Examinador Interno) _________________________________________________ Prof. Benedito de Souza Bueno , PhD (EESC-USP) (Examinador Externo) _________________________________________________ Prof. Fernando Saboya Albuquerque Jnior, DSc (UENF) (Examinador Externo)
BRASLIA, 02 DE MAIO DE 2006.
ii
FICHA CATALOGRFICA
COLMANETTI, Janaina Provsio
Estudos sobre a Aplicao de Geomembranas na Impermeabilizao da Face de Montante de Barragens de Enrocamento, 2006.
(xxx), 272 p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Geotecnia, 2006) Tese de Doutorado Universidade de Braslia.
Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. 1. Geomembrana 2. Enrocamento 3. Barragem 4. Impermeabilizao 5. Projeto 6. Degradao I. ENC/FT/UnB II. Ttulo (srie)
REFERNCIA BIBLIOGRFICA COLMANETTI, J. P. (2006). Estudos sobre a Aplicao de Geomembranas na Impermeabilizao da Face de Montante de Barragens de Enrocamento, Publicao no G.TD-037/2006, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Braslia, Braslia, DF, 272 p. CESSO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: Janaina Provsio Colmanetti TTULO DA TESE DE DOUTORADO: Estudos sobre a Aplicao de Geomembranas na Impermeabilizao da Face de Montante de Barragens de Enrocamento. GRAU: Doutor ANO: 2006
concedida Universidade de Braslia a permisso para reproduzir cpias desta tese de doutorado e para emprestar ou vender tais cpias somente para propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte desta tese de doutorado pode ser reproduzida sem autorizao por escrito da autora. _________________________________
Janaina Provsio Colmanetti Rua 32, Qd. A-25, Lt. 23, Jardim Gois Goinia Gois Brasil CEP 74.805-350 E-mail: [email protected]
iii
A uma das pessoas mais especiais
que conheci, dedico esta tese.
Ao Prof. Feitosa (in memorian) pelo seu jeito alegre,
espontneo, excessivamente
criativo e bem humorado...., enfim,
nico de ser!
iv
O caminho percorrido foi longo, muitas vezes solitrio e penoso... Ao final, nos sentimos cansados, esgotados mesmo, mas a perspectiva de
ver nosso trabalho em breve transformado em algo concreto tamanha que tudo se aglutina em um nico propsito: realizao!
Nessa trajetria, no raro que familiares, amigos e colegas sejam requisitados para arregaar as mangas com a gente ou simplesmente
ouvir nossos lamentos e dvidas, nos lembrando que no estamos sozinhos nessa empreitada que decidimos encarar.
Agradecimentos, obviamente, tenho muitos. Mas no penso em inserir aqui uma lista imensa com nomes e mais
nomes. A ajuda vem de muitas formas. Um abrao apertado, uma lista de smbolos, um olhar, um help na impresso, uma palavra amiga, uma
simples companhia em noites em claro, uma palavra de estmulo, correes gramaticais etc etc.
Por isso, o meu muito obrigada queles que me ajudaram, qualquer que tenha sido a forma..., espero um dia poder retribuir pelo menos parte do apoio recebido. Ao Luiz Guilherme, por enquanto s
posso deixar minhas palavras: voc foi demais! queles que contriburam efetivamente para que este trabalho se
concretizasse, deixo registrado ainda meu carinho e admirao: Prof. Andr, sua confiana, amizade e apoio em todas as
circunstncias fizeram toda a diferena! Obrigada por ter acreditado, algumas vezes mais que eu mesma, na minha capacidade e, sobretudo,
na produo deste trabalho. Prof. Ennio, obrigada pelas contribuies, disponibilidade e
confiana depositada, que j vem desde os tempos do meu mestrado. Ao Daniele Cazzuffi e tcnicos do Laboratrio de
Geosssintticos do CESI e da TENAX e empresa FLAG, meus agradecimentos pelo apoio tcnico e sobretudo
pela receptividade e pelo agradvel convvio na Itlia. A toda minha famlia meu obrigada pelo incentivo, pela torcida e
por todo o amor recebido. minha segunda famlia italiana, em especial a Chiara, sou profundamente grata pela amizade e hospitalidade.
E, por fim, ao meu gatinho Nietzsche, afvel companhia nos meus dias de isolamento, indispensveis
para que esse trabalho pudesse se concretizar!
Janaina Brasla, 02/05/2006.
v
ESTUDOS SOBRE A APLICAO DE GEOMEMBRANAS NA
IMPERMEABILIZAO DA FACE DE MONTANTE DE BARRAGENS DE
ENROCAMENTO
RESUMO
Esta tese aborda a utilizao de geomembranas na impermeabilizao da face de montante de
barragens de enrocamento. Parte deste estudo consistiu no levantamento de todos os fatores que
pudessem intervir na elaborao do projeto e instalao desse sistema. Assim, a reviso
bibliogrfica sobre o assunto ocupa parte significativa desta tese, tendo em vista a deficincia de
publicaes em lngua portuguesa sobre o tema. As opes disponveis na literatura quanto a
detalhes de projeto, tipos de geomembrana, durabilidade etc., que mais se adequassem s
barragens de enrocamento com face impermevel foram buscadas, contribuindo para que, ao final
deste trabalho, algumas recomendaes pudessem ser apresentadas visando orientar a elaborao
de futuros projetos de Barragem de Enrocamento com Face de Geomembrana (BEFG) no Brasil. O
programa de ensaios de laboratrio conduzido na amostra piloto de geomembrana de Policloreto de
Vinila com Plastificante (PVC-P) representa uma campanha de ensaios que deve ser adotada na
caracterizao e avaliao do desempenho desse material visando a sua aplicao em barragens.
O envelhecimento artificial em estufa indicou a tendncia de comportamento das propriedades
analisadas, confirmadas posteriormente pela anlise dos resultados das amostras exumadas.
Embora um valor limite no tenha sido atingido para todas as temperaturas de incubao, o Modelo
de Arrhenius pde ser aplicado, considerando a extrapolao dos dados. A anlise estatstica dos
dados obtidos nas amostras exumadas das barragens e reservatrios italianos possibilitou, ainda
que de maneira preliminar, uma estimativa mais confivel do tempo de vida das geomembranas de
PVC-P. Apesar da grande variabilidade nos resultados, o que j era esperado devido ao fato de as
amostras corresponderem a diferentes estruturas, as anlises estatsticas demonstraram com
elevada confiabilidade se houve alterao nas propriedades avaliadas aps os 22 anos de
exposio da geomembrana ao ambiente. Ao final, tendo por base todas as informaes coletadas
durante esta tese: reviso bibliogrfica, consultas a projetos executados e comunicao pessoal
com projetistas e instaladores, associadas aos resultados do programa de ensaios conduzido na
geomembrana de PVC-P, concluiu-se que a BEFG uma alternativa tecnicamente vivel para a
realidade brasileira. Verificou-se tambm que a durabilidade das geomembranas de PVC-P
compatvel com o tempo de vida til esperado para barragens.
vi
STUDY OF GEOMEMBRANES AS IMPERVIOUS FACE APPLIED TO UPSTREAM
FACE ROCKFILL DAMS
ABSTRACT
This thesis investigated the use of geomembranes as impervious layers at the face of rockfill dams.
Part of the studied consisted on identifying relevant aspects regarding the design of such application
as well as installation procedures for the geomembrane layer in the field. Thus, the literature review
occupies a significant part of this thesis, as there are almost no publications in Portuguese on the
subject. Aspects related to design details, types of geomembranes, durability etc, relevant to rockfill
dams, were collected from the literature. This allowed the preparation of some recommendations on
the use of geomembranes in dams presented at the end of this thesis, which aim to provide some
guidelines for future projects of rockfill dams with geomembrane as part of the dam upstream
impervious face. The laboratory programme on PVC-P geomembranes was aimed to characterise
and evaluate the performance of this material for its use in dams. Woven artificial ageing indicated
the trends of the properties investigated, that were confirmed afterwards by tests on exhumed
geomembrane specimens. Although a threshold value has not been obtained for all incubating
temperatures, the Arrhenius model was applied, taking into consideration the extrapolation of the
data available. A statistical analysis of the data from specimens exhumed from Italian dams and
reservoirs allowed an estimate on the lifetime of PVC-P geomembranes, although on a preliminary
basis. In spite of the variability of the results due to the different specimen origins, the statistical
study demonstrated with high level of confidence the intensity of geomembrane degradation after 22
years of service. Based on the data obtained from the literature review, data from real projects,
personal contacts with designers and geomembrane installers, associated to the results obtained in
the research programme on PVC-P geomembranes, it is demonstrated that the use of
geomembranes in the upstream impervious face of rockfill dams is a technical alternative for
Brazilian conditions. It was also observed that the durability of the PVC-P geomembranes was
compatible with the expected dam lifetime.
vii
SUMRIO
CAPTULO 1 INTRODUO ____________________________________________________ 1
1.1 CONSIDERAES SOBRE O TEMA __________________________________________ 1
1.2 DEFINIO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA _________________________________ 3
1.3 DESCRIO DA PESQUISA _________________________________________________ 4
1.4 OBJETIVOS E ESTRUTURA DA TESE _________________________________________ 5
CAPTULO 2 BARRAGENS COM FACE IMPERMEVEL A MONTANTE _________________ 7
2.1 INTRODUO ____________________________________________________________ 7
2.2 BREVE HISTRICO ________________________________________________________ 8
2.3 COMPORTAMENTO DO MACIO DE ENROCAMENTO __________________________ 18
2.3.1 ASPECTOS GERAIS ________________________________________________________ 19
2.3.2 COMPORTAMENTO TENSO-DEFORMAO ________________________________________ 20
2.3.2.1 Recalques ps-construtivos _______________________________________________ 22
2.3.2.2 Deformaes na face____________________________________________________ 24
2.4 EXPERINCIA BRASILEIRA NA UTILIZAO DE GEOMEMBRANAS ______________ 25
CAPTULO 3 PROPRIEDADES DAS GEOMEMBRANAS _____________________________ 27
3.1 INTRODUO ___________________________________________________________ 27
3.2 GEOMEMBRANAS ________________________________________________________ 28
3.2.1 DEFINIO ______________________________________________________________ 28
3.2.2 CLASSIFICAO DAS GEOMEMBRANAS __________________________________________ 28
3.2.3 SELEO DA GEOMEMBRANA _________________________________________________ 31
3.3 ENSAIOS DE CARACTERIZAO E DESEMPENHO NA GEOMEMBRANA __________ 32
3.4 GEOMEMBRANAS DE PVC _________________________________________________ 33
3.4.1 COMPOSIO QUMICA ______________________________________________________ 33
3.4.2 TEMPERATURAS DE TRANSIO NOS POLMEROS ___________________________________ 34
3.4.3 PERMEABILIDADE _________________________________________________________ 35
3.4.4 ATRITO ENTRE INTERFACES __________________________________________________ 36
viii
3.4.5 RESISTNCIA AO ESTOURO (BURSTING TEST) E AO PUNCIONAMENTO ____________________ 39
3.4.6 FRAGILIDADE E RIGIDEZ _____________________________________________________ 43
3.4.7 COMPORTAMENTO TENSO-DEFORMAO ________________________________________ 43
3.5 COMPORTAMENTO DOS GEOCOMPOSTOS __________________________________ 47
CAPTULO 4 ASPECTOS DE PROJETO E INSTALAO DE GEOMEMBRANAS ________ 52
4.1 INTRODUO ___________________________________________________________ 52
4.2 CONCEPO DE PROJETO ________________________________________________ 53
4.2.1 ESTABILIDADE DA FACE DE MONTANTE __________________________________________ 57
4.2.1.1 Escorregamento dentro de uma cobertura em solo _____________________________ 58
4.2.1.2 Deslizamento ao longo da geomembrana ____________________________________ 60
4.2.1.3 Movimentos diferenciais _________________________________________________ 65
4.2.2 GEOMEMBRANAS SUJEITAS A RECALQUES DIFERENCIAIS E CONECTADAS A ESTRUTURAS RGIDAS _ 69
4.3 CAMADAS DE BASE E SUPORTE PARA O LINER ______________________________ 75
4.4 GEOMEMBRANA _________________________________________________________ 75
4.4.1 INSTALAO _____________________________________________________________ 75
4.4.2 ANCORAGEM ____________________________________________________________ 76
4.4.2.1 Ancoragem na crista ____________________________________________________ 77
4.4.3 ANCORAGEM NO P DA BARRAGEM _____________________________________________ 83
4.4.3.1 Trincheira de ancoragem _________________________________________________ 84
4.4.3.2 Ancoragem em cut-off de concreto _________________________________________ 84
4.4.4 EMENDAS _______________________________________________________________ 89
4.5 CAMADA DE PROTEO __________________________________________________ 92
4.6 DURABILIDADE DE GEOMEMBRANAS EXPOSTAS EM BARRAGENS _____________ 94
4.6.1 CONSIDERAES INICIAIS ___________________________________________________ 94
4.6.2 DESEMPENHO DE GEOMEMBRANAS EM ESTRUTURAS ANTIGAS __________________________ 95
4.6.3 MODELO DE ARRHENIUS ____________________________________________________ 98
4.6.3.1 Definio das propriedades e ensaios ______________________________________ 100
4.6.3.2 Escolha dos valores limites ______________________________________________ 101
4.6.3.3 Durao do envelhecimento (incubao) ___________________________________ 101
4.6.3.4 Temperaturas de incubao _____________________________________________ 102
4.6.3.5 Estufas______________________________________________________________ 102
ix
CAPTULO 5 AVALIAO DAS PROPRIEDADES DE GEOMEMBRANAS POR MEIO DE
ENSAIOS DE LABORATRIO __________________________________________________ 104
5.1 INTRODUO __________________________________________________________ 104
5.2 CONSIDERAES INICIAIS _______________________________________________ 106
5.3 ENSAIOS PARA ESTUDOS DE DURABILIDADE _______________________________ 107
5.3.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ______________________________________________ 109
5.4 ENSAIOS DE CARACTERIZAO __________________________________________ 111
5.4.1 GRAMATURA ____________________________________________________________ 113
5.4.2 ESPESSURA NOMINAL _____________________________________________________ 114
5.4.3 DUREZA SHORE A ________________________________________________________ 115
5.4.4 DENSIDADE OU MASSA ESPECFICA ____________________________________________ 116
5.4.5 RESISTNCIA TRAO UNIAXIAL _____________________________________________ 117
5.4.6 ANLISE TERMOGRAVIMTRICA (TGA) _________________________________________ 120
5.4.7 EXTRAO DE PLASTIFICANTES ______________________________________________ 121
5.4.8 FLEXIBILIDADE EM BAIXAS TEMPERATURAS ______________________________________ 122
5.4.9 RESISTNCIA AO RASGO ___________________________________________________ 124
5.4.10 ESTABILIDADE DIMENSIONAL AO CALOR ________________________________________ 125
5.4.11 RESISTNCIA AO PUNCIONAMENTO ESTTICO MTODO DA PENETRAO (CBR) _________ 126
5.4.12 RESISTNCIA AO PUNCIONAMENTO DINMICO ___________________________________ 127
5.4.13 RAZO DE TRANSMISSO DE VAPOR DGUA ____________________________________ 127
5.4.14 RESISTNCIA TRAO UNIAXIAL EM DIFERENTES TEMPERATURAS ____________________ 128
5.5 ENSAIOS DE DESEMPENHO ______________________________________________ 130
5.5.1 RESISTNCIA AO ESTOURO (BURSTING TEST) ___________________________________ 131
5.5.2 ENSAIO DE CISALHAMENTO ENTRE INTERFACES ___________________________________ 133
5.5.2.1 Equipamento de ensaio _________________________________________________ 133
5.5.2.2 Cisalhamento direto com areia padro _____________________________________ 136
5.5.2.3 Cisalhamento direto geossinttico-geossinttico e geossinttico-solo _____________ 140
CAPTULO 6 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE
LABORATRIO ______________________________________________________________ 143
6.1 INTRODUO __________________________________________________________ 143
6.2 RESULTADOS E ANLISE DOS ENSAIOS DE CARACTERIZAO _______________ 144
x
6.2.1 GRAMATURA, ESPESSURA, DUREZA, DENSIDADE E CONTEDO DE PLASTIFICANTE __________ 145
6.2.2 RESISTNCIA AO PUNCIONAMENTO ESTTICO (MTODO DA PENETRAO -CBR) E DINMICO __ 148
6.2.3 RAZO DE TRANSMISSO DE VAPOR DGUA (WVT) ________________________________ 149
6.2.4 RESISTNCIA AO RASGO ___________________________________________________ 151
6.2.5 ESTABILIDADE DIMENSIONAL AO CALOR _________________________________________ 151
6.3 RESULTADOS E ANLISES DOS ENSAIOS NAS AMOSTRAS DEGRADADAS ______ 152
6.4 RESULTADOS E ANLISE DO COMPORTAMENTO TENSO-DEFORMAO E DOS
ENSAIOS DE DESEMPENHO ___________________________________________________ 160
6.4.1 COMPORTAMENTO TENSO-DEFORMAO DA GEOMEMBRANA_________________________ 160
6.4.1.1 Ensaios de trao uniaxial _______________________________________________ 160
6.4.1.2 Ensaios de trao em diferentes temperaturas _______________________________ 170
6.4.1.3 Ensaios de resistncia ao estouro _________________________________________ 176
6.4.2 ENSAIOS DE CISALHAMENTO DIRETO ___________________________________________ 179
6.5 CONSIDERAES FINAIS ________________________________________________ 190
CAPTULO 7 ANLISE ESTATSTICA DOS DADOS DAS AMOSTRAS EXUMADAS _____ 192
7.1 INTRODUO __________________________________________________________ 192
7.2 PROGRAMA EXPERIMENTAL _____________________________________________ 194
7.2.1 CONSIDERAES INICIAIS __________________________________________________ 194
7.2.2 CARACTERSTICAS DAS OBRAS CONSIDERADAS E DOS GEOSSINTTICOS APLICADOS _________ 194
7.2.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DAS AMOSTRAS E ENSAIOS REALIZADOS ____________________ 197
7.3 ANLISE ESTATSTICA DOS DADOS _______________________________________ 204
7.3.1 AS HIPTESES NULA E ALTERNATIVA __________________________________________ 204
7.3.2 RISCO NA TOMADA DE DECISO ______________________________________________ 205
7.4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ____________________________ 206
7.4.1 CONTEDO DE PLASTIFICANTES, DUREZA SHORE A, FLEXIBILIDADE E PERMEABILIDADE ______ 207
7.4.2 CARACTERSTICAS DE RESISTNCIA E DEFORMABILIDADE ____________________________ 216
7.4.2.1 Tenso de ruptura _____________________________________________________ 217
7.4.2.2 Deformao de Ruptura ________________________________________________ 221
7.4.2.3 Mdulo Secante de Ruptura _____________________________________________ 225
7.5 MODELO DE ARRHENIUS _________________________________________________ 230
7.6 CONSIDERAES FINAIS ________________________________________________ 236
xi
CAPTULO 8 RECOMENDAES PARA PROJETO E INSTALAO DE
GEOMEMEMBRANAS EM BARRAGENS DE ENROCAMENTO ________________________ 237
8.1 CONSIDERAES INICIAIS _______________________________________________ 237
8.2 PROJETO DO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAO DA FACE ___________________ 237
8.2.1 PROJETO BSICO ________________________________________________________ 238
8.2.2 PROJETO EXECUTIVO______________________________________________________ 239
8.2.3 ASPECTOS PRINCIPAIS DE PROJETO ___________________________________________ 241
8.3 CONTROLE DURANTE A INSTALAO _____________________________________ 245
8.3.1 CONTROLE DE RECEBIMENTO ________________________________________________ 245
8.3.2 ARMAZENAMENTO ________________________________________________________ 245
8.3.3 GARANTIA DA QUALIDADE DE CONSTRUO (CQA) ________________________________ 245
8.4 PROGRAMA DE MONITORAMENTO ________________________________________ 246
CAPTULO 9 CONCLUSES __________________________________________________ 249
9.1 CONCLUSES GERAIS ___________________________________________________ 249
9.2 CONCLUSES SOBRE OS ENSAIOS LABORATORIAIS NAS AMOSTRAS INTACTAS 250
9.3 CONCLUSES SOBRE OS ESTUDOS DE DURABILIDADE ______________________ 250
9.4 SUGESTES PARA PESQUISAS FUTURAS __________________________________ 252
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS _______________________________________________ 253
A TESTES DE HIPTESES __________________________________________________ 260
A.1 VARIAO NO CONTEDO DE PLASTIFICANTE DA GEOMEMBRANA COM O
ENVELHECIMENTO __________________________________________________________ 260
A.2 VARIAO NA DUREZA SHORE A DA GEOMEMBRANA COM O ENVELHECIMENTO 263
A.3 VARIAO NA RESISTNCIA E DEFORMABILIDADE DA GEOMEMBRANA COM O
ENVELHECIMENTO __________________________________________________________ 265
A.3.1 VARIAO NA TENSO DE RUPTURA ____________________________________________ 265
A.3.2 VARIAO NA DEFORMAO DE RUPTURA _______________________________________ 268
A.3.3 VARIAO NO MDULO SECANTE DE RUPTURA ____________________________________ 270
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Seo transversal mxima da Barragem de Salt Springs (Steele & Cooke em 1960,
citado por Gaioto, 1997). ________________________________________________________ 10
Figura 2.2 Seo mxima transversal da Barragem de Cethana (Wilkins et al. em 1973, citado por
Gaioto, 1997). _________________________________________________________________ 11
Figura 2.3 - Seo mxima transversal da Barragem de Foz do Areia (Pinto et al. em 1981, citado
por Gaioto, 1997). ______________________________________________________________ 12
Figura 2.4 Planta da Barragem de Aguada Blanca (Sembenelli & Fagiolo, 1975). ___________ 13
Figura 2.5 - Face de montante da Barragem de Contrada Sabetta, Itlia (ICOLD, 1991). _______ 14
Figura 2.6 - Seo transversal tpica da barragem de Bovilla, Albnia (Sembenelli et al., 1998). _ 18
Figura 2.7 Comparao dos recalques de crista para barragens de enrocamento compactadas e
s basculadas (CBDB, 2004). _____________________________________________________ 23
Figura 2.8 Deflexes na laje da Barragem de Foz do Areia aps o enchimento do reservatrio
(Pinto et al. em 1985, citado por Gaioto, 1997). _______________________________________ 25
Figura 3.1 Aparelhagem para determinao da resistncia ao estouro utilizada na Ecole
Polytchnique em Montreal (Rollin et al. em 1984, citado por Rigo & Cazzuffi, 1991). _________ 40
Figura 3.2 - Equipamento para determinao da resistncia ao estouro (Fayoux et al., 1984). ___ 40
Figura 3.3 Equipamento de grande escala para determinao da resistncia ao puncionamento
(Catlogo Carpi, S/D). ___________________________________________________________ 42
Figura 3.4 Tipo de substrato de apoio para a geomembrana representando condies extremas:
(a) substrato; (b) Geocomposto de PVC aps ensaio de puncionamento (Catlogo Carpi, S/D). _ 42
Figura 3.5 Ensaio para avaliao do comportamento da GM sobre subsidncias: (a) esquema do
equipamento; (b) substrato granular com orifcio simulando subsidncia; (c) geomembrana aps
aplicao da carga (Catlogo Carpi, S/D). ___________________________________________ 43
Figura 3.6 Comportamento tenso-deformao de diferentes geomembranas
(Modificado Rigo e Cazzuffi, 1991). _______________________________________________ 45
Figura 3.7 Caractersticas de tenso mdia de geomembranas de HDPE em funo da
temperatura: a) curva tenso-deformao uniaxial da origem at o ponto de escoamento; b) tenso
de escoamento em funo da temperatura; c) deformao de escoamento em funo da
temperatura (Giroud, 1994). ______________________________________________________ 47
xiii
Figura 3.8 Efeito de geotxteis no-tecidos soldado em ambas as faces da geomembrana na
resistncia de geocompostos (modificado - Lafleur et al., 1985). __________________________ 50
Figura 3.9 Efeito da temperatura no comportamento de geocompostos Ensaios de trao
uniaxial (Lafleur et al., 1986). _____________________________________________________ 51
Figura 4.1 Seo transversal de barragem de concreto impermeabilizada com geomembrana. _ 53
Figura 4.2 - Barragem de Nris, na Frana - esquema do revestimento da face (ICOLD, 1991). _ 54
Figura 4.3 - Barragem de Odiel, na Espanha seo transversal (ICOLD, 1991). ____________ 54
Figura 4.4 Diferentes aplicaes de geomembranas em barragens de terra e enrocamento
(Catlogo Carpi, S/D). ___________________________________________________________ 55
Figura 4.5 Sistema de impermeabilizao tpico na face de montante de barragens de terra e/ou
enrocamento (ICOLD, 1991). _____________________________________________________ 57
Figura 4.6 Seo transversal de uma tpica cobertura em solo (Giroud e Ah-Line, 1984). _____ 58
Figura 4.7 Grfico pra obteno do FS contra deslizamentos dentro de uma camada de cobertura
em solo durante um rebaixamento rpido (Giroud e Ah-Line, 1984). _______________________ 60
Figura 4.8 Deslizamento ao longo da geomembrana: (a) seo transversal do dique
impermeabilizado; (b) grfico vlido somente para o dique apresentado; (c) diagrama fora por
unidade de largura (Giroud e Ah-line, 1984). _________________________________________ 61
Figura 4.9 Geomembrana entre uma camada de proteo em concreto e um liner de concreto com
trincas: (a) seo transversal; (b) fora por unidade de largura na geomembrana; (c) deslocamentos
da geomembrana; (d) resumo dos clculos (Modificado - Giroud e Ah-Line, 1984). ___________ 66
Figura 4.10 - Geomembrana e geotxtil entre uma camada de proteo em concreto e um liner de
concreto com trincas: (a) seo transversal; (b) fora por unidade de largura no geotxtil e na
geomembrana; (c) deslocamentos iguais do geotxtil e da geomembrana (Modificado Giroud e Ah-
Line, 1984). ___________________________________________________________________ 68
Figura 4.11 Situaes tpicas onde a geomembrana sujeita a recalques diferenciais: (a) material
no uniforme sob a geomembrana; (b) conexo a estruturas rgidas (Giroud e Soderman, 1995b). 70
Figura 4.12 Geomembrana sujeita a recalque diferencial, s: (a) geomembrana antes e aps o
recalque; (b) presso e tenses; (c) distribuio de tenses na GM (Giroud e Soderman, 1995b). 71
Figura 4.13 Curva tenso-deformao da GM e rea definindo a energia complementar at o nvel
T=Tc (Giroud e Soderman, 1995b). _________________________________________________ 71
Figura 4.14 Energia complementar associada curva tenso-deformao da GM: (a) energia
complementar admissvel; (b) energia complementar mxima (Giroud e Soderman, 1995b). ____ 72
xiv
Figura 4.15 Comparao entre duas geomembranas para o caso onde a GM 2 tem uma energia
complementar mxima maior que a GM 1 (Giroud e Soderman, 1995b). ____________________ 74
Figura 4.16 Comparao entre duas geomembranas para o caso onde a GM 1 tem uma energia
complementar mxima maior que a GM 2 (Giroud e Soderman, 1995b). ____________________ 74
Figura 4.17 Caso onde uma poro da GM no permanece em contato como a estrutura e a
camada de suporte (Giroud e Soderman, 1995b). _____________________________________ 74
Figura 4.18 Ancoragem provisria da geomembrana na Barragem de Bovilla: (a) sacos de areia
nos taludes (b) fixao com perfil metlico na crista (Catalogo Carpi, S/D) __________________ 77
Figura 4.19 Ancoragem do liner no topo de barragens: (a) em crista; (b) no macio (ICOLD, 1991).
____________________________________________________________________________ 78
Figura 4.20 Configurao tpica de ancoragem em trincheira (Briancon et al., 2000). ________ 78
Figura 4.21 Detalhe da ancoragem na crista da Barragem de Codole, na Crsega (ICOLD, 1991).
____________________________________________________________________________ 79
Figura 4.22 Detalhe da ancoragem na crista da Barragem de Bovilla (Sembenelli, 1995). _____ 79
Figura 4.24 Detalhe do sistema de fixao na crista da Barragem de Bovilla (Sembenelli, 1995). 81
Figura 4.25 Detalhe da armadura da trave de coroamento da Barragem de Bovilla
(Sembenelli, 1995). _____________________________________________________________ 81
Figura 4.26 Efeito do ngulo na capacidade de ancoragem (Briancon et al., 2000). __________ 83
Figura 4.27 Ancoragem de p em trincheira (ICOLD, 1991). ____________________________ 84
Figura 4.28 Conexo da geomembrana a um cut-off de concreto (ICOLD, 1991). ___________ 85
Figura 4.29 Detalhe de ancoragem da GM no p da Barragem de Odiel, Espanha (ICOLD, 1991).
____________________________________________________________________________ 86
Figura 4.31 Detalhe da fixao do geocomposto na ancoragem de p (Sembenelli, 1995). ____ 88
Figura 4.32 Preparao para ancoragem da geomembrana no plinto Barragem de Bovilla
(Catlogo Carpi, S/D). ___________________________________________________________ 88
Figura 4.33 Proteo adicional ao longo da junta perimetral (Catlogo Carpi, S/D). __________ 89
Figura 4.34 Detalhe do trespasse e emenda em geomembranas (ICOLD, 1991). ___________ 91
Figura 4.35 Ensaio de descolamento em geomembrana (ICOLD, 1991). __________________ 92
Figura 4.36 Execuo da laje de proteo na Barragem de Bovilla (Catlogo Carpi, S/D). _____ 93
Figura 4.37 Mtodo de colocao dos painis de geomembrana por meio da fixao de tiras nas
vigotas de concreto extrudado: perfil transversal. ______________________________________ 94
Figura 4.38 Grfico de Arrhenius generalizado usado para previses nas condies in situ a partir
de dados laboratoriais (Koerner et al., 1992). ________________________________________ 100
xv
Figura 5.1 Disposio esquemtica dos corpos-de-prova nas folhas de PVC. _____________ 110
Figura 5.2 Acondicionamento das amostras em estufa. ______________________________ 111
Figura 5.3 Micrmetro para determinao da espessura nominal. ______________________ 115
Figura 5.4 Durmetro e sonda tipo A. ____________________________________________ 116
Figura 5.5 Ensaio de trao uniaxial: amostra tipo IV. ________________________________ 119
Figura 5.6 Aparelho para determinao da espessura de geomembranas. ________________ 119
Figura 5.7 Sistema de aquisio de dados Ensaio de trao uniaxial. __________________ 120
Figura 5.8 Curva tpica de perda de massa de geomembrana de PVC-P no ensaio TGA. ____ 121
Figura 5.9 Extrator Soxhlet. ____________________________________________________ 122
Figura 5.10 Aparelhagem para envolver a geomembrana: ensaio de flexibilidade a baixas
temperaturas. ________________________________________________________________ 123
Figura 5.11 Cmara fria utilizada no ensaio de flexibilidade a baixas temperaturas. _________ 124
Figura 5.12 Amostra usada para avaliao da resistncia inicial ao rasgo (mm). ___________ 124
Figura 5.13 Dimenses da amostra para determinao da estabilidade dimensional. _______ 125
Figura 5.14 Esquema ilustrativo do ensaio de puncionamento CBR. ___________________ 127
Figura 5.15 Recipiente para ensaio de determinao da permeabilidade ao vapor dgua
apresentado na UNI 8202/23 (UNI, 1988b). _________________________________________ 128
Figura 5.16 Aparelhagem empregada para os ensaios de trao a diferentes temperaturas. __ 129
Figura 5.17 Corpos-de-prova de geomembrana aps ensaio de trao uniaxial a temperatura
elevada. ____________________________________________________________________ 130
Figura 5.18 Aparelhagem para o ensaio de resistncia ao estouro. _____________________ 132
Figura 5.19 Medidas e consideraes geomtricas (medidas em cm). ___________________ 133
Figura 5.20 Configurao esquemtica do ensaio de cisalhamento. _____________________ 134
Figura 5.21 Montagem do equipamento para ensaio de cisalhamento direto: a) Prensa; b) Suporte
de ao com rodas; c) Caixa de cisalhamento. _______________________________________ 135
Figura 5.22 Areia padro EN 196-1 (CEN, 1996). ___________________________________ 137
Figura 5.23 Ensaio de cisalhamento na areia padro. ________________________________ 139
Figura 5.24 Fixao da amostra de geomembrana de PVC-P para ensaio de cisalhamento direto
com areia padro. _____________________________________________________________ 140
Figura 5.25 Esquema de montagem da caixa de cisalhamento para os ensaios GT-Areia padro e
GM-Areia padro. _____________________________________________________________ 140
Figura 5.26 Esquema de montagem da caixa de cisalhamento para os ensaios GT-GM. _____ 141
Figura 5.27 Esquema de montagem da caixa de cisalhamento para os ensaios GT-concreto ou
GM-concreto. ________________________________________________________________ 142
xvi
Figura 5.28 Tipos de fixao considerados para o geotxtil caixa superior. ______________ 142
Figura 6.1 Termograma de uma amostra de geomembrana de PVC-P virgem. ____________ 146
Figura 6.2 Curva: fora de puno versus deslocamento. _____________________________ 149
Figura 6.3 Resultados do ensaio de transmisso de vapor dgua (WVT). ________________ 150
Figura 6.4 Variao da espessura nominal da GM PVC-P ao longo do processo de degradao.
___________________________________________________________________________ 154
Figura 6.5 Variao da gramatura da GM PVC-P ao longo do processo de degradao. _____ 154
Figura 6.6 - Variao da dureza Shore A da GM PVC-P ao longo do processo de degradao. _ 155
Figura 6.7 - Variao da densidade da GM PVC-P ao longo do processo de degradao. _____ 156
Figura 6.8 Variao do contedo de plastificante ao longo do processo de degradao Mtodo
da extrao por solventes. ______________________________________________________ 156
Figura 6.9 Estimativa da variao do contedo de plastificante ao longo do processo de
degradao por meio da anlise TG. ______________________________________________ 157
Figura 6.10 Variao da densidade em funo da perda de plastificantes. ________________ 158
Figura 6.11 Razo de perda de plastificante (PL) ao longo do processo de degradao. _____ 159
Figura 6.12 Curvas tenso-deformao das amostras virgens: ensaio de trao uniaxial. ____ 162
Figura 6.13 Mudana nas curvas tenso-deformao devido a degradao das amostras de
geomembrana incubadas a temperatura de 95o C. ____________________________________ 163
Figura 6.14 Variao da deformao na ruptura da GM de PVC-P (transversal) ao longo do
processo de degradao. _______________________________________________________ 164
Figura 6.15 Variao da resistncia na ruptura da GM de PVC-P (transversal) ao longo do
processo de degradao. _______________________________________________________ 165
Figura 6.16 Variao do mdulo secante na ruptura da GM de PVC-P (transversal) ao longo do
processo de degradao. _______________________________________________________ 166
Figura 6.17 Variao do mdulo secante a 100% de deformao da GM de PVC-P (transversal)
ao longo do processo de degradao. _____________________________________________ 166
Figura 6.18 Variao da deformao na ruptura da GM de PVC-P (longitudinal) ao longo do
processo de degradao. _______________________________________________________ 167
Figura 6.19 Variao da resistncia na ruptura da GM de PVC-P (longitudinal) ao longo do
processo de degradao. _______________________________________________________ 168
Figura 6.20 Variao do mdulo secante na ruptura da GM de PVC-P (longitudinal) ao longo do
processo de degradao. _______________________________________________________ 169
xvii
Figura 6.21 Variao do mdulo secante a 100% de deformao da GM de PVC-P (longitudinal)
ao longo do processo de degradao. _____________________________________________ 169
Figura 6.22 - Curvas tenso-deformao a diferentes temperaturas (transversal). ___________ 171
Figura 6.23 Curvas tenso-deformao a diferentes temperaturas (longitudinal). ___________ 172
Figura 6.24 Caractersticas de resistncia mdia longitudinal da geomembrana de PVC-P (2 mm)
em funo da temperatura: a) curva tenso-deformao uniaxial da origem ruptura; b) tenso de
ruptura em funo da temperatura; c) deformao de ruptura em funo da temperatura. _____ 173
Figura 6.25 Mdulo tangente uniaxial inicial em funo da temperatura para geomembrana em
PVC-P 2 mm. ________________________________________________________________ 174
Figura 6.26 - Mdulo offset uniaxial em funo da temperatura para geomembrana de PVC-P 2 mm.
___________________________________________________________________________ 175
Figura 6.27 Curvas tenso-deformao obtidas no ensaio de resistncia ao estouro: comparao
com curvas obtidas no ensaio de trao uniaxial. _____________________________________ 176
Figura 6.28 Ensaio de resistncia ao estouro: a) medida da deflexo no centro da amostra; b)
ruptura da amostra. ____________________________________________________________ 177
Figura 6.29 Resultados dos ensaios de cisalhamento na areia padro CEN. ______________ 180
Figura 6.30 Envoltria de resistncia: areia padro-areia padro. _______________________ 180
Figura 6.31 Resultados do ensaio de cisalhamento na interface geomembrana-areia padro. _ 181
Figura 6.32 - Envoltria de resistncia: geomembrana-areia padro. _____________________ 182
Figura 6.33 - Resultados do ensaio de cisalhamento na interface geotxtil-areia padro. ______ 182
Figura 6.34 - Envoltria de resistncia: geotxtil-areia padro. __________________________ 183
Figura 6.35 - Resultados do ensaio de cisalhamento na interface geomembrana (lado liso)-geotxtil.
___________________________________________________________________________ 184
Figura 6.36 Envoltrias de resistncia: geomembrana (lado liso)-geotxtil. _______________ 185
Figura 6.37 - Resultados do ensaio de cisalhamento na interface geomembrana (lado rugoso)-
geotxtil. ____________________________________________________________________ 186
Figura 6.38 - Envoltria de resistncia: geomembrana (lado rugoso)-geotxtil. ______________ 186
Figura 6.39 - Resultados do ensaio de cisalhamento na interface geomembrana (lado rugoso)-
concreto. ____________________________________________________________________ 187
Figura 6.40 - Envoltria de resistncia: geomembrana (lado rugoso)-concreto. ______________ 188
Figura 6.41 - Resultados do ensaio de cisalhamento na interface geotxtil-concreto. _________ 189
Figura 6.42 - Envoltria de resistncia: geotxtil-concreto.______________________________ 189
xviii
Figura 7.1 Procedimento de exumao de uma amostra de geocomposto na Barragem de
Ceresole Reale: a) corte; b) lixamento da superfcie a ser soldada; c) solda por termo-fuso; d) vista
geral da emenda; e) amostra coletada. ____________________________________________ 198
Figura 7.2 Amostras de geomembrana exumadas dos taludes do Reservatrio Pian Del Gorghiglio
na zona de flutuao do NA (MSE) - El. 648,6 m: a) do talude noroeste; b) talude norte. ______ 199
Figura 7.3 Amostras de geomembrana exumadas no talude leste do Reservatrio Pian Del
Gorghiglio: a) zona de flutuao do nvel dgua El. 648,6 m (MSE); b) zona submersa El. 645 m.
___________________________________________________________________________ 200
Figura 7.4 Regies de rejeio e de no-rejeio para os testes t para diferenas entre as mdias
aritmticas num teste bicaudal (Levine et al., 2002). __________________________________ 205
Figura 7.5 Variao do contedo de plastificante nas amostras exumadas das barragens e
reservatrios em funo do tempo de instalao. _____________________________________ 208
Figura 7.6 - Variao do contedo de plastificante nas amostras exumadas das barragens em
funo do tempo de instalao. __________________________________________________ 209
Figura 7.7 - Variao do contedo de plastificante nas amostras exumadas dos reservatrios em
funo do tempo de instalao. __________________________________________________ 210
Figura 7.8 - Variao da Dureza Shore A nas amostras exumadas das barragens e reservatrios em
funo do tempo de instalao. __________________________________________________ 211
Figura 7.9 - Variao da Dureza Shore A nas amostras exumadas das barragens em funo do
tempo de instalao. ___________________________________________________________ 212
Figura 7.10 - Variao da Dureza Shore A nas amostras exumadas dos reservatrios em funo do
tempo de instalao. ___________________________________________________________ 212
Figura 7.11 - Variao da flexibilidade nas amostras exumadas das barragens e reservatrios em
funo do tempo de instalao. __________________________________________________ 213
Figura 7.12 - Variao da flexibilidade nas amostras exumadas das barragens em funo do tempo
de instalao. ________________________________________________________________ 214
Figura 7.13 - Variao da flexibilidade nas amostras exumadas dos reservatrios em funo do
tempo de instalao. ___________________________________________________________ 215
Figura 7.14 - Variao da permeabilidade nas amostras exumadas das barragens e reservatrios
em funo do tempo de instalao. _______________________________________________ 216
Figura 7.15 Variao da Tenso de Ruptura nas amostras exumadas das barragens e
reservatrios em funo do tempo de instalao. _____________________________________ 218
Figura 7.16 - Variao da Tenso de Ruptura nas amostras exumadas das barragens em funo do
tempo de instalao. ___________________________________________________________ 219
xix
Figura 7.17 - Variao da Tenso de Ruptura nas amostras exumadas dos reservatrios em funo
do tempo de instalao. ________________________________________________________ 221
Figura 7.18 - Variao da Deformao de Ruptura nas amostras exumadas das barragens e
reservatrios em funo do tempo de instalao. _____________________________________ 222
Figura 7.19 - Variao da Deformao na Ruptura nas amostras exumadas de barragens em funo
do tempo de instalao. ________________________________________________________ 223
Figura 7.20 - Variao da Deformao na Ruptura nas amostras exumadas dos reservatrios em
funo do tempo de instalao. __________________________________________________ 225
Figura 7.21 - Variao do Mdulo Secante na Ruptura das amostras exumadas das barragens e
reservatrios em funo do tempo de instalao. _____________________________________ 226
Figura 7.22 - Variao do Mdulo Secante na Ruptura nas amostras exumadas das barragens em
funo do tempo de instalao. __________________________________________________ 227
Figura 7.23 - Variao do Mdulo Secante na Ruptura das amostras exumadas dos reservatrios
em funo do tempo de instalao. _______________________________________________ 229
Figura 7.24 Razo da perda de plastificante versus tempo de incubao. _________________ 231
Figura 7.25 Variao da deformao versus tempo de incubao. ______________________ 232
Figura 7.26 Grfico de Arrhenius para razo de perda de plastificante, PL=20%. ___________ 234
Figura 7.27 - Grfico de Arrhenius para reduo de 50% da deformao de ruptura __________ 234
Figura 8.1 Sistema tpico de impermeabilizao de uma face de montante de barragens de
enrocamento (Icold, 1991). ______________________________________________________ 242
xx
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 - Resumo da situao atual dos empreendimentos (Aneel, 2006). _________________ 2
Tabela 2.1 Evoluo das barragens de enrocamento com face impermevel. _______________ 9
Tabela 2.2 - Caractersticas de algumas barragens de terra e enrocamento impermeabilizadas com
geomembrana. ________________________________________________________________ 15
Tabela 2.3 Barragens que empregaram GM PVC-P (Itlia). ____________________________ 17
Tabela 2.4 - Barragens na que empregaram GM PVC-P (Frana). ________________________ 17
Tabela 2.5 Velocidades de recalques medidos em barragens de enrocamento com face de
concreto (CBDB, 2004). _________________________________________________________ 23
Tabela 3.1 Tipos de geomembrana mais comumente utilizadas e sua formulao aproximada
(modificado - Frobel, 1997). ______________________________________________________ 29
Tabela 3.2 Recomendaes para inclinao de taludes em barragens com face em geomembrana
(ICOLD, 1991). ________________________________________________________________ 37
Tabela 3.3 - Aderncia para geomembranas de PVC. __________________________________ 38
Tabela 3.4 - ngulo de atrito solo-geomembrana PVC (). ______________________________ 38
Tabela 3.5 - Valores de atrito entre geomembrana PVC e diferentes materiais. ______________ 38
Tabela 3.6 Presso de estouro (Fayoux et al., 1984). _________________________________ 40
Tabela 3.7 - Principais propriedades dos geocompostos (Tao et al., 1994). _________________ 48
Tabela 3.8 - Propriedades gerais dos geocompostos ensaiados (modificado, Fafleur et al., 1986). 49
Tabela 4.1 - Tipos de soldagem frequentemente empregados em geomembranas (modificado -
Frobel, 1994). _________________________________________________________________ 89
Tabela 4.2 - Propriedades gerais das geomembranas original IR aplicada em 1959 na Barragem de
Contrada Sabetta (Cazzuffi, 1999). _________________________________________________ 96
Tabela 4.3 Possveis propriedades para avaliao da degradao polimrica para uso do Modelo
de Arrhenius (modificado - Koerner et al., 1992). _____________________________________ 101
Tabela 4.4 Valor limite aps envelhecimento trmico. ________________________________ 102
Tabela 5.1 Formulao da geomembrana de PVC-P estudada. ________________________ 106
xxi
Tabela 5.2 - Propriedades analisadas para aplicao no modelo de Arrhenius. _____________ 108
Tabela 5.3 Dimenses internas das estufas utilizadas para a incubao das amostras. ______ 110
Tabela 5.4 Ensaios de identificao na geomembrana. ______________________________ 112
Tabela 5.5 Ensaios de identificao conduzidos somente na geomembrana virgem. ________ 113
Tabela 5.6. Ensaios de desempenho conduzidos na geomembrana virgem. _______________ 131
Tabela 5.7 Distribuio granulomtrica da areia padro EN 196-1 (CEN, 1996). ___________ 137
Tabela 5.8 - Condies da areia-padro (CEN EN 196-1) durante o ensaio. ________________ 138
Tabela 6.1 Resultados dos ensaios de identificao nas amostras virgens de GM PVC-P. ___ 146
Tabela 6.2 Anlise termogravimtrica em amostra de GM PVC-P virgem. ________________ 147
Tabela 6.3 Resultados do ensaio de resistncia ao puncionamento esttico. ______________ 148
Tabela 6.4 Resultados do ensaio de WVT. ________________________________________ 150
Tabela 6.5 Resistncia ao rasgo da geomembrana PVC-P 2 mm virgem. ________________ 151
Tabela 6.6 Resultados do ensaio de estabilidade dimensional ao calor (80o C/ 1 hora). ______ 152
Tabela 6.7 Resultados dos ensaios conduzidos em amostras de GM PVC-P incubadas T= 65 C.
___________________________________________________________________________ 152
Tabela 6.8 - Resultados dos ensaios conduzidos em amostras de GM PVC-P incubadas T= 80 C.
___________________________________________________________________________ 153
Tabela 6.9 - Resultados dos ensaios conduzidos em amostras de GM PVC-P incubadas T= 95 C.
___________________________________________________________________________ 153
Tabela 6.10 Parmetros de resistncia e deformabilidade das amostras incubadas a 65 C e
submetidas ao ensaio de trao uniaxial. ___________________________________________ 161
Tabela 6.11 - Parmetros de resistncia e deformabilidade das amostras incubadas a 80 C e
submetidas ao ensaio de trao uniaxial. ___________________________________________ 161
Tabela 6.12 - Parmetros de resistncia e deformabilidade das amostras incubadas a 95 C e
submetidas ao ensaio de trao uniaxial. ___________________________________________ 162
Tabela 6.13 Resultados dos ensaios de resistncia ao estouro. ________________________ 176
Tabela 6.14 Resultados dos ensaios de cisalhamento entre interfaces. __________________ 190
Tabela 7.1 Relao das barragens e reservatrios e caractersticas do geocomposto instalado. 195
Tabela 7.2 Datas e local de extrao das amostras de GC das barragens. _______________ 196
Tabela 7.3 Datas e local de extrao das amostras de GC dos reservatrios. _____________ 197
Tabela 7.4 Resultados dos ensaios conduzidos nas GM das barragens selecionados para a
anlise estatstica. ____________________________________________________________ 201
xxii
Tabela 7.5 Resultados dos ensaios conduzidos nas GM dos reservatrios selecionados para a
anlise estatstica. ____________________________________________________________ 203
Tabela 7.6 Conseqncias da tomada de deciso. __________________________________ 206
Tabela 7.7 Tabela resumo: variao das propriedades das geomembranas de PVC-P exumadas
das barragens e reservatrios ___________________________________________________ 230
Tabela 7.8 Dados obtidos pelo Modelo de Arrhenius considerando como valor limite a razo de
perda de plastificante, PL igual 20%. ______________________________________________ 232
Tabela 7.9 - Dados obtidos pelo Modelo de Arrhenius considerando como valor limite uma perda de
50% na deformao de ruptura. __________________________________________________ 233
Tabela 8.1 Ensaios ndices recomendados para caracterizao de geomembranas visando a
aplicao em Barragens de Enrocamento com Face de Geomembrana (BEFG). ____________ 240
Tabela 8.2 Ensaios de desempenho recomendados para obteno de parmetros de projeto de
BEFG. ______________________________________________________________________ 241
Tabela A.1 Dados de entrada: Contedo de Plastificante _____________________________ 261
Tabela A.2 Teste t entre 0 e 5-6 anos: Contedo de Plastificante _______________________ 262
Tabela A.3 Teste t entre 0 e 10 anos: Contedo de Plastificante _______________________ 262
Tabela A.4 Teste t entre 0 e 15-17 anos: Contedo de Plastificante _____________________ 263
Tabela A.5 Teste t entre 0 e 20-22 anos: Contedo de Plastificante _____________________ 263
Tabela A.6 Dados de entrada: Dureza Shore A _____________________________________ 264
Tabela A.7 Teste t entre 0 e 5-6 anos: Dureza Shore A ______________________________ 264
Tabela A.8 Teste t entre 0 e 10-11 anos: Dureza Shore A ____________________________ 265
Tabela A.9 Teste t entre 0 e 15-17 anos: Dureza Shore A ____________________________ 265
Tabela A.10 Teste t entre 0 e 19-22 anos: Dureza Shore A ___________________________ 266
Tabela A.11 Dados de entrada: Tenso de ruptura __________________________________ 266
Tabela A.12 Teste t entre 0 e 5-6 anos: Tenso de ruptura____________________________ 267
Tabela A.13 Teste t entre 0 e 10-11 anos: Tenso de ruptura __________________________ 267
Tabela A.14 Teste t entre 0 e 15-17 anos: Tenso de ruptura __________________________ 268
Tabela A.15 Teste t entre 0 e 20-22 anos: Tenso de ruptura __________________________ 268
Tabela A.16 Dados de entrada: Deformao na ruptura ______________________________ 269
Tabela A.17 Teste t entre 0 e 5-6 anos: Deformao na ruptura ________________________ 269
Tabela A.18 Teste t entre 0 e 10-11 anos: Deformao na ruptura ______________________ 270
Tabela A.19 Teste t entre 0 e 15-17 anos: Deformao na ruptura ______________________ 270
xxiii
Tabela A.20 Teste t entre 0 e 20-22 anos: Deformao na ruptura ______________________ 271
Tabela A.21 Dados de entrada: Mdulo secante na ruptura ___________________________ 271
Tabela A.22 Teste t entre 0 e 5-6 anos: Mdulo secante na ruptura _____________________ 272
Tabela A.23 Teste t entre 0 e 10-11 anos: Mdulo secante na ruptura ___________________ 272
Tabela A.19 Teste t entre 0 e 15-17 anos: Mdulo secante na ruptura ___________________ 273
Tabela A.20 Teste t entre 0 e 20-22 anos: Mdulo secante na ruptura ___________________ 273
xxiv
LISTA DE SMBOLOS E ABREVIAES
1. SMBOLOS
" polegada
% porcento
A rea
A fator pr-exponencial
fora por unidade de largura
nvel de significncia
mx fora mxima por unidade de largura
c' razo entre a adeso na interface e o intercepto de coeso do solo
amt coeficiente de adeso geotxtil-geomembrana
b largura da trinca
B largura perpendicular ao plano da seo transversal da barragem
' ngulo entre o plano de instalao da geomembrana e a horizontal
c intercepto de coeso do solo
c' coeso efetiva
ca adeso na interface solo-geomembrana
CL argila de baixa plasticidade
cm centmetro
cos cosseno
CP contedo final de plastificante
CPO contedo inicial de plastificante
Cvamo coeficiente de variao da amostra
ngulo de atrito de interface solo-geomembrana
ngulo do talude da barragem
inclinao do talude formado pela camada de cobertura da barragem
' ngulo de atrito na interface solo-geossinttico
D dimetro
L variao da dimenso longitudinal
T variao da dimenso transversal
DP (X) desvio padro da amostra
deformao
xxv
all deformao admissvel
r deformao de ruptura
y deformao de escoamento
e espessura
E mdulo de deformao
Es mdulo de deformao secante
Eact energia de ativao aparente
Eoffset mdulo de deformao offset uniaxial
Etg inicial mdulo tangente uniaxial inicial
ngulo de atrito ao longo da geomembrana
dimetro ou bitola
' ngulo de atrito interno
S.GT ngulo de atrito na interface solo-geotxtil
fcm coeficiente de atrito cobertura-geomembrana
fms coeficiente de atrito geomembrana-concreto de suporte
fts coeficiente de atrito geotxtil-concreto de suporte
Fp fora mxima de puno
FS fator de segurana
g grama
g gravidade
GGM geocomposto (geotxtil + geomembrana)
GW giga watts
peso especfico do solo
sat peso especfico saturado
W peso especfico da gua
h hora
hp distncia mxima
H deflexo
H horizontal
H umidade relativa
H0 hiptese nula
H1 hiptese alternativa
J/mol Joule por molcula
J/mol.K Joule por molcula por Kelvin
kg kilograma
xxvi
kHz kilo hertz
Km mdulo de deformabilidade a trao da geomembrana
Ko coeficiente de presso do solo no repouso
Kt mdulo a trao do geotxtil
k coeficiente de permeabilidade
kW kilo watts
L amostra extrada no sentido longitudinal da bobina
L comprimento
L comprimento alm do qual a geomembrana no se move e no tensionada
l litro por segundo
Ln logaritmo natural
ngulo de mudana de direo na trincheira
M massa
m metro
mg miligrama
min minuto
ml mililitro
ML silte de baixa plasticidade
mm milimetro
MP massa final de plastificante
M mega
MPO massa inicial de plastificante
MW mega watts
N carga normal
N newton
n nmero de elementos
ni tamanho da amostra i
n/a mtodo no aplicvel
NP geotxtil agulhado
NW geotxtil no tecido
graus
C graus celsius
K graus kelvin
P empuxo
P mtodo primrio pelo Modelo de Arrhenius
xxvii
p presso de vapor
p presso normal
Pa Pascal
Pl razo de perda de plastificante
ps presso de vapor saturado a uma determinada temperatura
q tenso normal sob a geomembrana
q' tenso efetiva sobre a geomembrana
R constante universal dos gases
R raio
R coeficiente de correlao
Rr razo de reao
S mtodo secundrio pelo Modelo de Arrhenius
s recalque diferencial
sen seno
Si varincia da amostra i
SP areia mal graduada
Sp varincia agrupada
Sx varincia da amostra
r tenso de ruptura
y tenso de escoamento
t perodo de tempo
T amostra extrada no sentido transversal da bobina
T espessura da geomembrana
T fora tangencial de cisalhamento
T temperatura absoluta
T tenso de trao
Tall tenso de trao admissvel
Tg temperatura de transio vtrea (glass transition)
tGM espessura da geomembrana
Tm temperatura de fuso dos polmeros (melting transition)
tan ou tg tangente
ton tonelada
tenso de cisalhamento
u deslocamento
velocidade mxima de fluxo na camada de cobertura da barragem
xxviii
v velocidade
V vertical
permeana
W peso
WVT razo de transmisso de vapor d'gua
X mdia aritmtica
Xi mdia aritmtica da amostra i
Xi valor do elemento
permissividade
2. ABREVIAES
A Arco
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AC Arco em concreto
AD Amostra deteriorada
AHE Aproveitamento Hidreltrico
AM Arcos mltiplos
ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica
AR Amostra de referncia (virgem)
ASTM American Society for Testing and Materials
B Barragem
BEFB Barragem de enrocamento com face betuminosa
BEFC Barragem de enrocamento com face de concreto
BEFG Barragem de enrocamento com face em geomembrana
BEFI Barragem de enrocamento com face impermevel
BENA Barragem de enrocamento com ncleo argiloso
C Contraforte
CBR Mtodo da penetrao para medio da resistncia ao puncionamento
CCR Concreto compactado com rolo
CEN Comit Europeu de Normatizao
CESI Centro Elettrotecnico Sperimentale Italiano
CGH Centrais Geradoras Hidreltricas
xxix
CMB Comisso Mundial de Barragens
CPE Polietileno clorado
CSM Copolmero cloro-sulfonatado
CSPE Polietileno cloro-sulfonatado
DSC Calorimetria de varredura diferencial
E ou ER Enrocamento
EFC Enrocamento com face de concreto
El. Elevao
ENEL Companhia Nacional de Eletricidade Italiana
EPDM ou MDPE Copolmero etileno-propileno
et al. e outros
FE Zona fora d'gua - exposta
FP Zona fora d'gua - protegida
G Gravidade
GA Gravidade em alvenaria
GAC Gravidade em alvenaria e concreto
GC Gravidade em concreto
GC ou HPLC Cromatografia
GM Geomembrana
GMR Geomembrana reforada
GMT Geomembrana texturizada
GRI Geosynthetic Research Institute
GS Geossinttico
GT Geotxtil
GVI Gravidade com vos internos
HDPE ou PEAD Polietileno de alta densidade
i.e. isto
ICOLD Comisso Internacional sobre Grandes Barragens
IE Zona imersa em gua - exposta
IGS International Geosynthetics Society
IIR Copolmero isobutileno-isopreno ou borracha butlica
IR Espectroscopia infra-vermelho
ISO International Organization for Standardization
xxx
LDPE Polietileno de baixa densidade
LLDPE Polietileno linear de baixa densidade
MSE Zona de molhagem-secagem - exposta
NBR Norma Brasileira
ND Amostra no deteriorada
ne No encontrada
ni No identificado
OIT Tempo de induo oxidativa
PCH Pequenas Centrais Hidreltricas
PE Polietileno
PET Geotxtil no-tecido de polister
PIB Poli-isobutileno
PP Polipropileno
PVC Policloreto de vinila ou polivinil clorado
PVC-P Policloreto de vinila com plastificante
R Reservatrio
S Solo
T ou TE Terra
T-EPDM Copolmero termo-etileno-propileno
TFC Terra com face de concreto
TGA Anlise termogravimtrica
TMA Anlise termomecnica
UHE Usinas Hidreltricas de Energia
UnB Universidade de Braslia
UNI Nazionale Italiano di Unificazione
VLDPE Polietileno de muito baixa densidade
1
Captulo 1
Introduo
1.1 CONSIDERAES SOBRE O TEMA
Barragens so construdas para represamento de guas como fonte geradora de energia eltrica,
controle de inundaes, abastecimento humano e industrial, irrigao e lazer. Esta tcnica tem sido
empregada h milhares de anos e hoje mais de 45.000 barragens em todo o mundo atendem
demanda de gua e energia, de acordo com o Relatrio da Comisso Mundial de Barragens (CMB,
2000).
As grandes barragens geram 19% de toda a eletricidade do mundo e um tero dos pases depende
de usinas hidreltricas para produzir mais da metade da sua demanda energtica (CMB, 2000).
Destaca-se ainda que 50% dessas grandes barragens foram construdas exclusiva ou
primordialmente para fins de irrigao, e cerca de 30 a 40% dos 271 milhes de hectares irrigados
no planeta dependem de barragens. Uma barragem tida como grande quando tem altura igual ou
superior a 15 metros (contados da fundao) ou, se tiver entre 5 e 15 m de altura e seu reservatrio
tiver capacidade superior a 3 milhes de metros cbicos, segundo a definio dada pela Comisso
Internacional sobre Grandes Barragens (ICOLD).
Trs quartos das grandes barragens em todo o mundo esto na China (46%), nos Estados Unidos
(14%), na ndia (9%), no Japo (6%) e na Espanha (3%), segundo estimativas da CMB, com base
em dados da ICOLD e outras fontes. O Brasil contribui atualmente com apenas 1% do nmero total
de grandes barragens, uma vez que somente cerca de 25% de todo o potencial hidreltrico
brasileiro, estimado em 260 GW, corresponde a usinas em operao e construo. So 596
2
empreendimentos em operao que aproveitam o potencial hidrulico para gerao de energia no
Brasil, entre Pequenas Centrais Hidreltricas (PCH), Centrais Geradoras Hidreltricas (CGH) e
Usinas Hidreltricas de Energia (UHE), atendendo a 70% da demanda nacional. Os 30% restantes
so supridos por fontes elicas, solares, nucleares, trmicas, petrolferas, de gs e pelas
importaes. Dados da Agncia Nacional de Energia Eltrica (Aneel), apresentados na Tabela 1.1,
refletem a tendncia brasileira de construir barragens nos prximos anos: 53 novos
empreendimentos se encontram hoje em construo (1 CGH, 13 UHE e 39 PCH) e 298 (22 UHE,
218 PCH e 58 CGH) foram outorgados pela Aneel entre os anos de 1998 e 2005, representando
uma potncia associada de aproximadamente 12 GW.
Estima-se, no entanto, que a demanda energtica brasileira em 2008 ultrapasse a casa dos 100 GW
(Aneel, 2006), tendo em vista que o Brasil cresce entre 3 e 4% ao ano, necessitando de um
aumento na capacidade instalada anual de 3000 a 4000 MW. Com base nesses dados, o que hoje
est em construo ou outorgado ainda muito pouco para evitar uma dependncia excessiva de
importao de energia ou a opo pela instalao de termeltricas a gs natural, j que os 12 GW
previstos sero suficientes para suprir a demanda energtica brasileira por um perodo estimado de
trs a quatro anos.
Tabela 1.1 - Resumo da situao atual dos empreendimentos (Aneel, 2006).
Empreendimentos de Fonte de Energia Hidrulica
Situao Potncia Associada (kW)
602 em operao 71.396.101
53 em construo 3.351.178
298 outorgada 8.596.446
Em virtude desse cenrio, destaca-se a importncia da construo de barragens no mbito social e
econmico brasileiro no que concerne no s prpria gerao de energia, mas produo de
alimentos, abastecimento de gua para comunidades urbanas e rurais, manuteno de leitos
navegveis, expanso da infra-estrutura fsica e social. A tendncia atual, inclusive, ter
Aproveitamentos Hidreltricos (AHE), onde a barragem atende a mltiplas finalidades, ao invs de
Usinas Hidreltricas (UHE).
fato que o ambiente e a sociedade sofreram os impactos desastrosos de projetos mal sucedidos,
levando muitos pases a colocar em discusso a questo da construo de novas barragens. Isso,
no entanto, levou a uma maior conscientizao das partes envolvidas e verifica-se hoje uma
3
tendncia a trabalhos visando sempre uma melhoria para o ser humano. O que se objetiva hoje, a
partir da concepo dos projetos, o desenvolvimento humano em uma base economicamente
vivel, socialmente justa e ambientalmente sustentvel.
1.2 DEFINIO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA
Diversos tipos de materiais podem ser empregados na construo de barragens: terra,
enrocamento, concreto ou uma combinao destes. As barragens de enrocamento vm sendo
construdas deste o final do sculo XIX e nos ltimos anos tm sido freqentemente adotadas,
principalmente quando se necessita de estruturas de grande altura, em vales semi-encaixados. Por
ser um material de elevada resistncia, os taludes podem ser mais ngremes e a construo
relativamente mais rpida, quando comparada das barragens de terra, por no exigir um controle
de compactao to restrito em termos de umidade, o que possibilita sua construo tambm em
perodos chuvosos. As preocupaes se restringem praticamente escolha de um local com
fundao resistente (preferencialmente rocha s) e, no caso de barragens de enrocamento com
face de montante impermevel, execuo do paramento de montante, cuja funo principal a de
garantir a estanqueidade da estrutura.
No Brasil usualmente so adotadas as faces de montante em concreto armado, moldadas in loco,
como barreira para fluxo neste tipo de barragem. A grande desvantagem desta soluo a elevada
rigidez da face comparada do macio de enrocamento da barragem, o que pode ocasionar o
aparecimento de trincas e fissuras nas lajes oriundas das deformaes do macio aps o
enchimento do reservatrio.
Para garantir a impermeabilidade da estrutura o recomendvel a execuo de uma face no rgida
que possa acompanhar as deformaes do macio sem deixar de atender a sua funo de barreira
hidrulica. As faces de concreto, usualmente empregadas, nem sempre conseguem atender bem a
este quesito ou se tornam excessivamente onerosas em funo do grande nmero de juntas e dos
cuidados especiais requeridos para execut-las.
A tcnica de utilizar um material mais flexvel como a geomembrana, que acompanhe as
deformaes do macio da barragem, foi e ainda largamente empregada na Europa e nos
Estados Unidos, porm ainda desconhecida pela maioria dos projetistas brasileiros. Alm do
prprio processo construtivo, os critrios de projeto, a durabilidade, a segurana e os custos dessa
4
alternativa so ainda questionados. Alm disso, so escassos os nmeros de publicaes na
literatura brasileira sobre o emprego de geomembranas na impermeabilizao de barragens.
As faces em membrana, dependendo do tipo de polmero-base que as constitui, se apresentam
como uma opo vantajosa em barragens de enrocamento, pois acompanham as deformaes do
macio quando submetido carga hidrulica advinda do enchimento do reservatrio. Alguns tipos
de geomembranas chegam ruptura com deformaes superiores a 300% e, desde que aplicadas
adequadamente, atendem com segurana e bom desempenho sua funo na estrutura.
A durabilidade relativamente elevada nos novos materiais polimricos, que utilizam formulaes
com aditivos que permitem uma exposio mais prolongada aos raios ultravioletas, embora a
preferncia seja pela execuo de uma camada de proteo sobre a geomembrana para evitar
danos mecnicos ocasionados por materiais flutuantes ou vandalismo.
O emprego da geomembrana como barreira de fluxo em barragens requer, entretanto, certos
cuidados com relao ao controle de qualidade durante a instalao do produto, cuidados especiais
durante sua fixao, detalhes construtivos que assegurem uma ancoragem adequada, alm de
sistemas adequados para apoio e proteo das mesmas.
1.3 DESCRIO DA PESQUISA
A presente tese parte integrante de uma linha de pesquisa que est em andamento no Programa
de Ps-Graduao em Geotecnia da UnB, em parceria com Furnas Centrais Eltricas, que envolve
o estudo de barragens de enrocamento, visando a obteno de parmetros de projeto para o
enrocamento por meio de uma campanha de ensaios de grande escala, realizada no Laboratrio de
Mecnica das Rochas do Centro Tecnolgico de Engenharia Civil de Furnas em Goinia,
simulaes numricas para previso do comportamento dessas barragens e alternativas de
barreiras impermeveis com concreto asfltico e emulses asflticas misturadas ao material do
ncleo. Algumas dissertaes de mestrado nessa linha de pesquisa j foram concludas como as de
Dias (2001), Frutuoso (2003), Falco (2003) e Jacintho (2005).
O presente estudo trata da utilizao de geomembrana como barreira de fluxo na face de montante
de barragens de enrocamento, enfocando as caractersticas, as propriedades e o comportamento
da geomembrana, casos histricos, aspectos de projeto e a durabilidade do material polimrico.
5
Ressalta-se que, embora a pesquisa tenha sido desenvolvida visando a aplicao da geomembrana
em barragens de enrocamento, os dados podero ser teis para o emprego em outros tipos de
barragens como as de terra, com ncleo central delgado e barragens mistas, alm da potencial
aplicao na reabilitao de barragens de concreto, de enrocamento com face de concreto e face
de concreto betuminoso.
Ensaios de laboratrio foram realizados em amostras de geomembrana de PVC-P com a finalidade
de conhecer suas caractersticas e o seu comportamento fsico, qumico e mecnico. O material
ensaiado (PVC) foi escolhido por ser o mais indicado neste tipo de obra, porm, as propriedades de
outros polmeros (HDPE, LLDPE etc) podem ser determinadas em alguns casos utilizando a mesma
metodologia. O tipo de obra e as condies de carregamento e do ambiente iro influenciar a
escolha do polmero mais adequado s solicitaes de campo durante a vida til da estrutura. A
durabilidade das geomembranas de PVC foi avaliada por meio de um estudo especfico no qual o
envelhecimento do material realizado em laboratrio e os dados obtidos checados com os
resultados de ensaios conduzidos em amostras de geomembranas exumadas de diferentes
barragens e reservatrios italianos.
A pesquisa foi iniciada no Programa de Ps-Graduao em Geotecnia da UnB e, durante o perodo
de um ano (de Junho/2003 a Junho/2004), foi desenvolvida no Laboratrio de Geossintticos do
Centro Elettrotecnico Sperimentale Italiano (CESI SpA) em Milo, na Itlia, sob a superviso do
Eng. Danieli Cazzuffi. Ensaios que necessitaram de uma aparelhagem especfica e de grande porte
foram realizados na empresa TENAX SpA, em Vigan (LC), na Itlia.
1.4 OBJETIVOS E ESTRUTURA DA TESE
O objetivo principal deste trabalho foi avaliar a potencialidade de utilizao de geomembranas em
barragens de enrocamento como elemento responsvel pela impermeabilizao do barramento,
procurando quantificar seu desempenho e a durabilidade do material polimrico por meio de ensaios
de laboratrio em amostras envelhecidas artificialmente e exumadas de barragens e reservatrios.
Desta forma, pretende contribuir para a insero da tecnologia no Brasil, dispondo informaes aos
projetistas sobre as tcnicas de empregar a geomembrana como barreira de fluxo em barragens de
enrocamento. Visa, em suma, fornecer recomendaes para a elaborao de projetos de Barragens
de Enrocamento com Face em Geomembrana (BEFG).
6
A tese est estruturada em nove captulos. O presente captulo faz as consideraes iniciais sobre o
tema, define o problema estudado e apresenta a justificativa e os objetivos da pesquisa. O segundo
captulo aborda a histria das faces impermeveis em barragens e o comportamento de barragens
de enrocamento com face de concreto. O terceiro captulo traz os fundamentos tericos sobre as
caractersticas, as propriedades e o comportamento de geomembranas para aplicao em
barragens. Os aspectos principais para a elaborao de projeto de uma BEFG e estudos sobre a
durabilidade so relatados no Captulo 4. No quinto captulo descrito o programa experimental
conduzido nas amostras de geomembrana envelhecidas e exumadas. Os resultados dos ensaios
conduzidos nas amostras degradadas artificialmente e daquelas exumadas so apresentados e
discutidos nos captulos 6 e 7, respectivamente. As recomendaes para a elaborao de projetos e
instalao de geomembrana na face de montante de barragens de enrocamento so apresentadas
no Captulo 8. As concluses sobre o trabalho e as sugestes para a continuidade da pesquisa se
encontram no Captulo 9.
7
Captulo 2
Barragens com Face
Impermevel a Montante
2.1 INTRODUO
Em alguns tipos especficos de barragens, a funo de reteno de fluidos no exercida
propriamente pelo macio, mas por uma delgada camada de baixa permeabilidade instalada na sua
face de montante. O material que constitui o macio, nestes casos, no necessariamente dever
apresentar baixa permeabilidade, mas atender aos princpios de estabilidade e de compatibilidade
das deformaes. A face, em contrapartida, no considerada um elemento estrutural do macio,
mas um elemento que promove e garante a estanqueidade do barramento, mesmo aps as
deformaes decorrentes do enchimento do reservatrio.
As barragens em que todo o macio constitudo por enrocamento so exemplos de estruturas que
necessitam obrigatoriamente de uma barreira delgada de baixa permeabilidade, usualmente
posicionada na face de montante do barramento, para garantir a estanqueidade do conjunto. O
enrocamento pode ser definido como um material grosso e drenante, obtido de escavaes
obrigatrias das fundaes ou tneis na rea do empreendimento ou de pedreiras. A dimenso
mxima dos gros de enrocamento pode variar de acordo com a zona em que ocupam no macio
da barragem. O usual a compactao das zonas mais prximas face de montante em camadas
de pequena espessura, com materiais constitudos por rocha s e de granulometria mais fina,
objetivando minimizar os recalques sob a laje. A jusante do eixo, o projeto pode admitir rochas no
8
selecionadas e camadas compactadas em espessuras maiores e constitudas por material com
dimetros mximos de at 2.000 mm.
Com relao face de montante, diversos materiais j foram empregados para a impermeabilizao
de barragens deste gnero, tais com a madeira, o metal, o concreto betuminoso, o concreto e as
membranas polimricas. Dados empricos mostraram a funcionalidade de muitos desses materiais e
foram fundamentais para a excluso de alguns deles da lista de alternativas para emprego em
barragens de enrocamento. Em outros casos, a forte tradio adquirida em um determinado tipo de
face impediu a insero e o desenvolvimento de outras alternativas na engenharia brasileira de
barragens, como, por exemplo, a das faces em materiais sintticos (geomembranas), to difundida
na Europa, nos EUA e mais recentemente na China. Barragens homogneas de terra ou barragens
de enrocamento com ncleo argiloso podem tambm empregar geomembranas, associadas ao
material natural mais fino, para reduzir ainda mais a permeabilidade da seo a montante do eixo e
assegurar infiltraes mnimas pelo corpo da barragem.
Assim, este captulo apresenta uma breve histria sobre a aplicao das faces impermeveis a
montante em barragens, com destaque para as faces em concreto. apresentada uma descrio
geral sobre o comportamento das barragens de enrocamento, com nfase nas deformaes da face
e, por ltimo, relatada a experincia brasileira na aplicao dos materiais geossintticos
(geomembranas ou geocompostos) na impermeabilizao de obras hidrulicas.
2.2 BREVE HISTRICO
A histria das faces impermeveis em barragens se confunde com a das barragens de
enrocamento, por este material estar intimamente associado a um elemento impermevel que o
torne estanque. Portanto, a evoluo das barragens de enrocamento apresentada com meno s
diferentes faces j empregadas desde a metade do sculo XIX at os dias atuais. Com o passar dos
anos, o projeto e as tcnicas de construo das Barragens de Enrocamento com Face Impermevel
(BEFI) foram se aprimorando a partir da experincia de casos precedentes e apoiados pelo avano
dos mtodos de anlise. A Tabela 2.1 apresenta uma compilao de dados, comparando trs
pocas distintas das barragens de enrocamento.
9
Tabela 2.1 Evoluo das barragens de enrocamento com face impermevel.
Antes de 1960 Entre 1960 e 1980 Dcada de 1990
Enrocamento Lanado sem compactao e arranjo dos blocos
Compactado em finas camadas, zonado
Compactado em finas camadas, zonado
Tipo de rocha para o enrocamento
S, exclusivamente Aproveitamento de larga faixa de material rochoso, inclusive rochas moles
Aproveitamento de larga faixa de material rochoso, inclusive rochas moles
Reduo dos recalques Jateamento de grande quantidade de gua sob presso no enrocamento
Reduo expressiva da quantidade de gua adicionada ao enrocamento, compactao
Adio de gua ao enrocamento, compactao mais rigorosa prximo face e zoneamento do macio
Transio entre face e macio
Alvenaria de pedra ou rocha colocada a mo
Faixa de material rochoso mais fino compactado em camadas delgadas horizontais
Reduo do dimetro mximo do material de transio
Taludes Taludes de jusante com inclinao prxima ao do ngulo de repouso do material lanado (370) e talude de montante mais abatido
Talude de montante com inclinao da ordem de 1 V:1,4 H
Talude de montante mais ngreme (1 V:1,3 H), CCR na face de jusante
Fundao Em rocha, com trincheira de vedao
Plinto como base para execuo da cortina de injees
Plinto concretado como laje contnua, sem juntas de contrao
Material da face Madeira, metal, concreto e concreto betuminoso
Predominncia das faces de concreto (Brasil) e faces sintticas (Europa e EUA)
Predominncia das faces de concreto (Brasil) e faces sintticas (Europa e EUA)
Tipo da face de concreto Em painis em torno de 5 m2 de rea
Concretagem com formas deslizantes, aps trmino da construo do macio
Concretagem com formas deslizantes
Armao das faces em concreto
0,5 % da seo de concreto
0,5 % da seo de concreto
Entre 0,3 e 0,4 % da seo de concreto
Juntas na face de concreto
Horizontais e verticais com material de preenchimento
Juntas horizontais construtivas e eliminao do material de preenchimento
Surgimento de novo conceito de junta perimetral e incluso de veda-juntas de borracha
Finos no enrocamento Divergncia entre especialistas, preferncia pela eliminao dos finos no enrocamento
Incluso de finos, aumento da densidade do macio
Presena de finos, aumento da densidade do macio
Medidas de segurana contra infiltraes
Nenhuma Melhoria dos veda-juntas, utilizao de mastique ao longo da junta perimetral
Filtro prximo junta perimetral e insero de material areno-siltoso para proteo adicional da junta perimetral
As primeiras BEFI se originaram na Califrnia, EUA, em 1850 (Golz, 1977). Aproveitando-se da
experincia adquirida em detonaes de rocha e dos estreis gerados em quantidades apreciveis,
10
os mineradores de ouro comearam a construir barragens de pequena altura para armazenamento
de gua utilizando esse novo material associado a um sistema composto por vigas e pranchas de
madeira que garantiam a estanqueidade (Veiga Pinto, 1983). At 1900, sete das onze barragens
com face impermevel, construdas nos EUA, utilizaram a madeira como face, uma adotou a laje em
concreto, outra foi executada com pedra rejuntada e em duas foram empregadas chapas internas
de ao. Entre 1900 e 1932, mais dezoito barragens foram construdas, duas com face em madeira e
o restante em concreto. A tcnica foi evoluindo e dando suporte construo de grandes obras nos
EUA no incio do sculo XX, como Salt Springs (Figura 2.1) concluda em 1931.
Figura 2.1 Seo transversal mxima da Barragem de Salt Springs (Steele & Cooke em 1960,
citado por Gaioto, 1997).
Esta barragem foi construda em trs etapas, adicionando gua na proporo de 1 m3 para cada
4 m3 de enrocamento. Essa grande quantidade de gua era aplicada na forma de jatos sobre o
enrocamento lanado, objetivando a eliminao dos finos nos pontos de contato rocha-rocha, a
quebra antecipada dos contatos saturados e, por conseguinte, uma minimizao dos recalques ps-
construo, como acreditavam os especialistas na poca (Gaioto, 1997).
A prtica de execuo do macio de enrocamento lanado, sem nenhum tipo de compactao,
conforme descreve Cooke (1984), ocasionou o aparecimento de srios problemas de infiltrao em
barragens de grande altura, causadas por trincas nas zonas de trao da laje, prximas s
ombreiras. Por este fato, durante 25 anos, a partir de 1940, a construo de barragens de
enrocamento com face de concreto foi suspensa. Aps esse perodo, difundiu-se a prtica do uso
de enrocamento compactado com molhagem em camadas de espessura limitada e a diviso da
11
compactao em diferentes zonas, variando a granulometria e a energia de compactao. O
objetivo era proporcionar uma melhor acomodao e consolidao do macio, reduzindo assim a
sua deformabilidade. Alm disso, foram desenvolvidos sistemas de veda-juntas de maior
confiabilidade entre a laje de concreto e o plinto.
Todo este avano nas tcnicas construtivas, alcanados at ento, levou construo de diversas
barragens, como New Exchequer (146 m), concluda em 1966, e diversas outras com alturas
superiores a 100 m, conforme descreve Golz (1977). A consolidao da srie de mudanas no
projeto e nas tcnicas construtivas, apresentadas na Tabela 2.1, se deu efetivamente com a
construo da Barragem de Cethana (Figura 2.2) em 1971, na Austrlia. Durante os anos de 1970 e
1974 foi construda na Colmbia a Barragem de Alto Anchicay, com 140 m de altura e taludes de
1V:1,4H. Entre 1975 e 1980 foi construda no Brasil a barragem de Foz do Areia (Figura 2.3), at
ento a mais alta Barragem de Enrocamento com Face de Concreto (BEFC) do mundo, com 160 m
de altura, no estado do Paran. Ressalta-se que nesta fase, a concretagem da laje era feita depois
de concludo todo o macio de enrocamento, objetivando a minimizao da influncia das
deformaes no macio sobre a mesma, no entanto, acarretando em prazos maiores na execuo
dessas barragens.
Figura 2.2 Seo mxima transversal da Barragem de Cethana (Wilkins et al. em 1973, citado por
Gaioto, 1997).
12
Nos anos 90 houve ainda mudanas principalmente no sentido de reduzir os custos e minimizar as
infiltraes. O projeto e a experincia adquirida na construo da Barragem de Foz do Areia foram
teis para a implementao de melhorias (projeto e custos) na Barragem de Segredo (PR),
concluda em 1992. Alm dos aspectos destacados na Tabela 2.1, outra evoluo importante foi
quanto ao aproveitamento de materiais provenientes de escavaes obrigatrias em rocha para a
construo do macio da barragem, testado com sucesso na Barragem de Xing (SE/AL), concluda
em 1994. Para minimizar os prazos construtivos, a alternativa encontrada foi a execuo da laje em
estgios, simultaneamente ao lanamento do enrocamento, como no caso das barragens de It
(SC/RS), concluda em 2000 e a Barragem de Mohale (concluda em 1997), na frica (Goddle &
Droste, 2001). A experincia acumulada nessas primeiras BEFC brasileiras serviu de suporte para a
construo de mais cinco outras grandes barragens no Brasil: Machadinho (SC/RS), concluda em
2002; Itapebi (MG/BA), concluda em 2003; Quebra-Queixo (SC), concluda em 2003; Barra Grande
(SC/RS), concluda em 2005 e Campos Novos (SC), com 196 m de altura mxima, concluda em
2005.
Figura 2.3 - Seo mxima transversal da Barragem de Foz do Areia (Pinto et al. em 1981, citado
por Gaioto, 1997).
13
O concreto asfltico foi tambm utilizado para garant