Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores PSTFC Relatório de estágio curricular Sistemas de Distribuição de Energia em Baixa Tensão Orientador EDP: Engenheiro Arlindo Monteiro Marinho Orientador FEUP: Professor Doutor José Eduardo Roque Neves dos Santos Estagiário: Carlos Filipe Alves Campos Porto, Julho de 2007
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Licenciatura em Engenharia Electrotécnica e de Computadores
PSTFC
Relatório de estágio curricular
Sistemas de Distribuição de Energia em Baixa Tensão
Orientador FEUP: Professor Doutor José Eduardo Roque Neves dos Santos
Estagiário: Carlos Filipe Alves Campos
Porto, Julho de 2007
RESUMO
Este relatório traduz o trabalho realizado durante os três meses em que estagiei na Área
de Rede Ave-Sousa em Guimarães, EDP Distribuição, S.A. pertencente ao grupo EDP,
organigrama da empresa no anexo A.
Inicialmente, começa por ser feita uma apresentação da empresa e quais os objectivos
propostos para o estágio.
Seguidamente, é descrito todo o trabalho realizado nos vários Departamentos que
integrei na Área de Rede Ave-Sousa. Grande parte do estágio centrou-se na distribuição
de energia eléctrica em Baixa Tensão e qualidade de serviço da mesma, tendo sido
estudados problemas reais e encontradas soluções para a sua resolução.
Foram também analisados eventuais problemas que possam surgir numa rede de
distribuição em Média Tensão, quais as estratégias e equipamentos utilizados para
prevenir ou minimizar danos causados na rede.
Em anexo a este relatório seguem os vários documentos que foram elaborados ao longo
do estágio e que serviram também de base para as algumas conclusões.
Agradecimentos:
Ao Professor Doutor José Eduardo Roque Neves dos Santos por ter aceite ser meu
orientador de estágio.
Ao Engenheiro Arlindo Monteiro Marinho, responsável pela Unidade de Rede
UR02AS, e ao Engenheiro Armando Freitas pela orientação e apoio prestado durante
todo o meu estágio na Unidade de Rede.
Ao Dr. Baía Patrão pelo apoio na área económica, nomeadamente no estudo sobre
a ligação à rede Média Tensão de um possível cliente.
A todos os colaboradores do Departamento de Novas Ligações BT/IP, Sr. Vítor
Correia, Sr. José Lopes, Sr. José Neves, Sr. António Rodrigues, Sr. Luís Pedroso, Sr.
Faustino Silva, Sr. Ezequiel e Sr.ª Rosa.
A todos os colaboradores do Departamento das Ordens de Serviço e Leituras, Sr.
Dário Jesus, Sr. Henrique e Sr. Silva
Ao Departamento de Manutenção e Contagens, Engenheiro Carlos Amorim,
Engenheiro Fernando Santos e a todos os colaboradores, Sr. Couto, Sr. Correia, Sr.
Marinho e D. Maria.
Ao Departamento de Projecto e Construção, Engenheira Margarida, Engenheiro
Miguel Ângelo, Engenheiro Carlos Aguiar, Engenheiro José Miguel e a todos os
colaboradores, Sr. Arnaldo, Sr. Barbosa e Sr. Sampaio.
À EDP Distribuição, S.A. pela oportunidade de realização deste estágio.
Muito em especial aos meus pais e irmãos, por todo o apoio e incentivo dado ao
longo do meu percurso académico, sem o qual não me teria sido possível realizar o
curso.
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Índice:
1 Introdução................................................................................................................. 5 2 Unidade de Rede – UR ............................................................................................. 6
2.1 Rede BT............................................................................................................ 6 2.2 Novas Ligações BT/IP...................................................................................... 7
2.2.1 Ligação de um Novo Cliente BT.............................................................. 9 2.2.1.1 Características dos materiais e equipamentos .................................... 10
2.3 Critérios de Dimensionamento das redes BT ................................................. 19 2.4 Qualidade de Serviço...................................................................................... 27
2.4.1 DPLan..................................................................................................... 28 2.4.2 Estudo Qualidade de Serviço.................................................................. 31
2.5 Incidentes Causados por Terceiros ................................................................. 38 2.6 Manutenção à rede IP ..................................................................................... 40 2.7 Estudo da ligação de um cliente industrial (150kVA).................................... 43
2.7.1 Alimentação em Baixa Tensão Especial ................................................ 45 2.7.2 Alimentação em Média Tensão .............................................................. 51 2.7.3 Análise ao PayBack................................................................................ 52
2.8 Simulador ....................................................................................................... 56 2.8.1 Exemplo de aplicação............................................................................. 63
3 Média Tensão ......................................................................................................... 68 3.1 Manutenção da rede MT................................................................................. 74 3.2 Telecontagem ................................................................................................. 81 3.3 Dimensionamento de um apoio de betão........................................................ 83
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Índice de figuras:
Figura 1 Fluxograma organizacional da Unidade de Rede............................................... 6 Figura 2 Cabo LXS........................................................................................................... 7 Figura 3 Ligação a partir de rede aérea de edifícios com uma instalação de utilização
com poste encostado ou intercalado. ...................................................................... 13 Figura 4 Ligação a partir de rede aérea de edifícios com uma instalação de utilização e
fachada confinante com a via pública (sem muro). ................................................ 14 Figura 5 Ligações a partir de rede subterrânea, construções dotadas de muro. ............. 15 Figura 6 Ligação a partir de rede subterrânea de edifícios com uma instalação de
utilização dotados de muro (caixa de contagem ao lado da portinhola)................. 16 Figura 7 Ligação a partir de rede subterrânea de moradias em banda, geminadas ou
bifamiliares dotadas de muro (caixa de distribuição ao lado da portinhola). ......... 16 Figura 8 Ligação a partir de rede subterrânea de edifícios com uma instalação de
utilização sem muro (portinhola na fachada do edifício). ...................................... 16 Figura 9 Ligação a partir de rede subterrânea de edifícios colectivos sem muro
(portinhola na fachada do edifício)......................................................................... 17 Figura 10 Canalização principal (70mm2) e canalização derivada (25mm2). ................ 24 Figura 11 Regra do Triângulo. ....................................................................................... 25 Figura 12 Topologia de uma Rede Eléctrica de Baixa Tensão, com indicação dos dados
de entrada no programa REBATE.......................................................................... 29 Figura 13 Esquema geral de uma saída da rede BT. ...................................................... 29 Figura 14 Electrocorder. ................................................................................................. 32 Figura 15 Circuito 1 do PT 136/GMR............................................................................ 34 Figura 16 Circuito a ser alimentado pelo novo PT......................................................... 36 Figura 17 Circuito a ser alimentado pelo PT136 após remodelação na rede. ................ 36 Figura 18 Folha “DADOS”, onde são inseridos os dados de cada incidente. ................ 38 Figura 19 Folha “1º Trimestre” onde é visualizado os incidentes referentes a este
trimestre. ................................................................................................................. 39 Figura 20 Folha “ANUAIS” onde é visualizado o número médio de incidentes ocorridos
no ano. .................................................................................................................... 40 Figura 21 Equipamentos existentes no PT611/GMR. .................................................... 44 Figura 22 Ramal BT, em cabo multifilar LVAV 185mm2. ............................................ 45 Figura 23 Ramal BT, em cabo de condutores sólidos LSVAV 95mm2. ........................ 47 Figura 24 Ramal BT, dois cabos em paralelo de condutores sólidos LSVAV 95mm2. . 48 Figura 25 PT611 com mais uma cela do tipo IS375....................................................... 51 Figura 26 Ramal MT, cabo monopolar LXHIOV 120mm2. .......................................... 52 Figura 27 Distribuição dos clientes da EDP por Zonas.................................................. 54 Figura 28 Rectas dos encargos energéticos anuais, BTE e MT...................................... 56 Figura 29 Encargos energéticos mensais BT.................................................................. 57 Figura 30 Termos que não dependem do consumo mensal............................................ 57 Figura 31 Comparação entre potência contratada de 3,45 e 6,9kVA. ............................ 58 Figura 32 Equipamentos existentes na habitação. .......................................................... 63 Figura 33 Potência a Contratar. ...................................................................................... 64 Figura 34 Utilização de cada equipamento..................................................................... 65 Figura 35 Estimativa da factura com tarifa simples. ...................................................... 66 Figura 36 Estimativa da factura com tarifa bi-horária.................................................... 66 Figura 37 Manutenção Preventiva Sistemática. ............................................................. 75
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Figura 38 Pinça de medição da resistência da malha de terra. ....................................... 76 Figura 39 Câmara de termografia InfraCAM................................................................. 77 Figura 40 Exemplos de aplicação da câmara de termografia. ........................................ 77 Figura 41 Cela FLUOFIX. ............................................................................................. 79 Figura 42 Constituição de uma cela FLUOFIX. ............................................................ 79 Figura 43 Disposição das linhas MT. ............................................................................. 85 Figura 44 Orientação do apoio. ...................................................................................... 87
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Índice de tabelas:
Tabela 1 Tipos de Portinholas. ....................................................................................... 11 Tabela 2 Diâmetros mínimos dos tubos PEAD. ............................................................. 15 Tabela 3 Cabos a utilizar e suas protecções. .................................................................. 18 Tabela 4 Cabos enterrados directamente no solo. .......................................................... 20 Tabela 5 Cabos enterrados no solo mas com tubo ou cabos à vista sobre braçadeiras. . 21 Tabela 6 Cabos em torçada para redes aéreas. ............................................................... 21 Tabela 7 Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função
do fusível usado na protecção da canalização contra curto-circuitos (In).............. 26 Tabela 8 Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em
função do fusível usado na protecção da canalização contra curto-circuitos (In). . 26 Tabela 9 Factor de utilização da potência contratada no ‘escalão tarifário j’. ............... 30 Tabela 10 Factor de Simultaneidade das Cargas no ‘nó i’. ............................................ 31 Tabela 11 Nº de Armaduras necessárias substituir em cada mês. .................................. 41 Tabela 12 Planeamento para a manutenção à rede IP. ................................................... 42 Tabela 13 Encargos energéticos no final de cada ano (€). ............................................. 56 Tabela 14 Resultados finais da folha “Potência a Contratar”......................................... 61 Tabela 15 Valores mínimos para os indicadores de Qualidade de Serviço.................... 69
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1 Introdução
Criada em 1976, mas herdeira de mais de um século de história, a EDP – Energias de
Portugal, S.A. é o principal operador português do Sistema Eléctrico, produzindo,
distribuindo e comercializando electricidade em todo o território nacional.
O estágio foi realizado na Unidade de Rede de Guimarães (UR02AS) entre os dias 1 de
Março de 2007 a 1 de Junho de 2007. Durante este período, colaborei em diversos
Departamentos da Área de Rede Ave Sousa, sempre com o intuito de desenvolver
experiências no âmbito da análise e exploração de redes de distribuição de energia,
gestão de tarefas e competência profissional.
Departamentos da Área de Rede onde estagiei:
• Departamento de Novas Ligações BT/IP
• Departamento de Manutenção, Ordens de Serviço e Avarias BT/IP
• Departamento de Manutenção, Reparação de Avarias e Contagens MT.
• Departamento de Projecto e Construção
Este relatório tem como por objectivos:
• Análise de redes de distribuição de energia eléctrica em Baixa Tensão;
• Fiscalização à construção das estruturas eléctricas de novos clientes BT;
• Exploração de redes de Média Tensão.
Durante estes três meses foi-me igualmente permitido, propor soluções aos diversos
problemas e situações que surgiram na Unidade de Rede (UR). Tive oportunidade de
elaborar ferramentas (folhas de cálculo Excel) que servem de auxílio para algumas
tarefas realizadas pela UR. Tendo tido desta forma oportunidade de demonstrar alguns
dos conhecimentos adquiridos durante a minha formação académica.
Com este relatório, pretendo não só demonstrar o que por mim foi realizado durante o
estágio, mas principalmente a razão pela qual se executam determinados trabalhos,
quais os critérios, estudos, preocupações, regras técnicas e regras de segurança
implementadas pela EDP Distribuição, S.A.
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2 Unidade de Rede – UR
O Fluxograma seguinte demonstra de uma forma geral a estrutura de uma Unidade de
Rede.
Figura 1 Fluxograma organizacional da Unidade de Rede.
Todas as tarefas de manutenção, novas ligações e iluminação pública realizadas na rede
BT são da competência da Unidade de Rede. Deste modo, a UR tem a seu cargo uma
grande responsabilidade relativamente ao grau de satisfação dos “clientes EDP”, tendo
assim que possuir uma elevada e rápida capacidade de resposta a todas as tarefas.
2.1 Rede BT
A distribuição de energia eléctrica em Baixa Tensão inicia-se na saída do quadro geral
de baixa tensão (QGBT) dos Postos de Transformação. As redes BT podem ser de dois
tipos: aéreas ou subterrâneas. As linhas aéreas podem ser em condutores nus (cobre) ou
isolados em feixe, cabos torçada (alumínio). As linhas em condutor nu estão fixas sobre
isoladores e apoiados em postes de betão, ou sobre postaletes metálicos fixos na
fachada. Os cabos de distribuição de baixa tensão são normalmente constituídos por
cinco condutores, sendo um destinado à iluminação pública e os restantes para
Remodelação de Redes
Novas Ligações
Expansão da rede BT
Departamento Novas Ligações
BT/IP
Departamento de Manutenção e
Reparação de Avarias
Unidade de Rede (UR)
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distribuição de energia. As tensões destas redes são de 230V monofásico, e 400V
trifásico.
Os condutores existentes nas redes aéreas de baixa tensão da EDP Distribuição são do
tipo LXS, semelhantes aos da figura 2 abaixo.
Figura 2 Cabo LXS.
Estes cabos são constituídos por condutores multifilares de alumínio e o isolamento é de
polietileno reticulado (PEX). As secções adoptadas pela EDP Distribuição no uso deste
tipo de cabos são: 16 mm2; 25 mm2; 50 mm2; 70mm2.
Existem ainda alguns ramais, em zonas rurais constituídos por condutores de cobre nu
de secções [6;10] mm2. Este tipo de redes tem vindo a ser substituído, pelos cabos
torçada. As razões pelas quais a EDP Distribuição adopta o cabo torçada como
alternativa ao cabo de cobre nu são várias, o facto de o cobre ter vindo a atingir valores
de custo bastante elevados e o facto de ser mais fácil e rápida a instalação e manutenção
a uma rede constituída por este tipo de condutores, são algumas dessas razões. A única
desvantagem das redes em cabo torçada é a detecção de defeitos no caso de perfuração
do isolamento, pois não é fácil a detecção por uma rápida inspecção visual à rede,
contrariamente às redes de cobre nu.
2.2 Novas Ligações BT/IP
No Departamento de Novas Ligações BT/IP trata-se: pedidos de fornecimento de
energia; pedidos de aumento de potência; pedidos para remoção/deslocação de apoios;
problemas de qualidade de serviço (QS) e problemas de ausência/degradação de
iluminação pública.
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Relativamente à qualidade de serviço, sempre que se regista uma reclamação por parte
de um ou mais clientes, dizendo-se lesados, o técnico responsável do Departamento de
Novas Ligações daquela zona procede ao levantamento da rede existente no local, para
posteriormente inserir os dados da rede no software “DPLan”. Este software calcula
todos os parâmetros referentes ao de regime de exploração rede BT inserida, como por
exemplo, fusível a proteger o ramal, potência que transita no ramal e as quedas de
tensão ao longo da rede. Dado que se trata ainda de um recente método de estudo à rede
BT e totalmente informatizado, existe ainda uma fase de adaptação na utilização deste
método por parte dos técnicos, sendo acompanhada por acções de formação constantes.
Uma grande parte do estágio incidiu sobre este ponto, Qualidade de Serviço da rede BT.
À frente será descrito em detalhe como se processa um estudo à qualidade de serviço.
Quanto a um pedido de remoção/deslocação de apoios, este tipo de situação surge
usualmente por dois motivos distintos, ou porque se trata de um novo cliente e o poste
fica exactamente no acesso à habitação, ou então alargamento da via pública. Nesta
situação o técnico desloca-se ao local, tira uma foto para juntar ao processo e dá
conhecimento ao responsável da UR, permitindo desta forma justificar o investimento
na deslocação do apoio.
Quando existe um pedido de fornecimento de energia ou aumento da potência
contratada, o técnico desloca-se ao local para proceder ao levantamento da rede BT.
Posteriormente, todos os dados referentes à rede serão introduzidos no DPLan para uma
informação mais precisa do estado de exploração da mesma. Verifica-se na maior parte
das situações uma necessidade de intervir na rede. No ponto 2.2.1 encontra-se em
detalhe a forma como se procede à ligação de um novo cliente BT e as regras técnicas a
respeitar.
No que se refere à iluminação pública são executadas acções de manutenção,
conservação e reparação, quer a nível das armaduras, quer a nível de toda a parte
eléctrica inerente. Existe uma equipa de manutenção IP responsável pelo concelho de
Fafe e outra responsável pelos concelhos de Guimarães e Vizela. Estas equipas têm a
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seu cargo a vigilância e intervenção na rede IP. É realizada uma revisão geral à IP de
todas as freguesias a cargo da UR num período que pode variar entre 3 a 6 meses de
acordo com a classificação da freguesia. Esta classificação é dada em função do número
de habitantes.
No que se refere à manutenção da rede BT, a mesma encontra-se constantemente sobre
vigilância, quer pelo Departamento de Avarias (piquetes), quer pelo Departamento de
Novas Ligações, sendo realizados planos de acção para substituição dos equipamentos
que se encontram em fraco estado de conservação. Este deve-se ao envelhecimento dos
materiais ou então a actos de vandalismos. É preciso ter uma especial atenção a este tipo
de casos, pois são os que geralmente colocam maior risco à segurança pública.
Relativamente à reparação de avarias, quando estas surgem na rede de distribuição BT,
a rede afectada passa a ser explorada num regime designado por regime de exploração
em rede perturbada. Se a reparação for realizada com a rede em serviço, os trabalhos
são classificados como Trabalhos Em Tensão (TET). Durante a execução deste tipo de
trabalhos existem dois objectivos primordiais, o primeiro visa garantir a realização dos
mesmos respeitando todas as condições de segurança e o segundo uma rápida execução,
permitindo assim uma maior brevidade na reposição de exploração da rede em regime
normal.
2.2.1 Ligação de um Novo Cliente BT
Na sequência de um pedido de ligação à rede, a EDP Distribuição apresentará, no prazo
máximo de 15 dias úteis, um orçamento dos encargos para a construção dos elementos
de ligação. As novas instalações de utilização devem ser concebidas de forma a não
causarem perturbações ao normal funcionamento da rede.
Construção dos Elementos de Ligação
Os elementos de ligação para uso exclusivo podem ser construídos pelo cliente,
devendo respeitar o estudo que serviu de base ao orçamento facultado pela EDP,
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observar as normas construtivas aplicáveis e utilizar materiais aprovados pela EDP, de
acordo com as características dos materiais e equipamentos que se referem mais abaixo.
Encargos com a Ligação
A ligação à rede implica o pagamento de um ou mais dos seguintes encargos:
• Custos inerentes aos elementos de ligação para uso exclusivo;
• Encargos relativos aos elementos de ligação de uso partilhado;
• Custos com o reforço das redes (se necessário);
• Encargos com a expansão das redes (se necessária).
Reforço das Redes
No caso da “Potência Requisitada” em termos da ligação exceder a “Potência de
Referência” estabelecida para a localidade em causa, são imputadas ao cliente
comparticipações nos custos das acções imediatas ou futuras, necessárias ao reforço da
rede.
2.2.1.1 Características dos materiais e equipamentos
Os materiais e os equipamentos a usar nas ligações de clientes à rede BT devem
obedecer às especificações em vigor na EDP Distribuição e às regras indicadas abaixo.
Na ausência das especificações referidas, os materiais e os equipamentos devem
obedecer às normas em vigor (Normas Portuguesas, Norma Europeias e Documentos de
Harmonização da CENELEC e normas da IEC, ou na ausência destas, normas de países
de reconhecida idoneidade tecnológica, a indicar pela EDP) e devem ter características
adequadas ao local onde forem instalados e ao fim a que se destinam.
Portinholas
As portinholas devem obedecer ao estipulado no DMA-C62-807/N, em anexo
electrónico na pasta “PDF’s”, nomeadamente:
• Possuir características de acordo com o estabelecido na norma IEC 60439,
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• Assegurar a protecção das pessoas contra os contactos indirectos por meio
da protecção por isolamento total (esta medida de protecção, aplicável aos
conjuntos de equipamentos eléctricos montados em fábrica, é equivalente à
classe II de isolamento definida para os equipamentos eléctricos);
• Ter um sistema de fecho normalizado de acordo com as indicações da EDP
Distribuição e conforme com o definido no documento acima referido;
• Ser dos tipos normalizados indicados na tabela 1;
• Garantir os graus de protecção mínimos IP45 e IK10 para as portinholas
dos tipos P50, P100 e P400, e IP 32D e IK09 para a portinhola P25.
Tabela 1 Tipos de Portinholas.
Considera-se como fronteira entre a rede BT e a instalação do cliente os ligadores de
saída dos fusíveis existentes na portinhola.
Fusíveis e respectivas bases
As bases que equipam as portinholas P25, P50 e P100 devem ser adequadas à colocação
de fusíveis cilíndricos. As bases que equipam a portinhola P400 devem ser adequadas à
colocação de fusíveis de facas. O dispositivo de neutro das portinholas P50, P100 e
P400 deve ser constituído por uma barra amovível de cobre electrolítico, assente sobre
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uma base isolante. Esta barra deve dispor de terminais concebidos de forma a permitir a
ligação de condutores não preparados, no caso das portinholas P50 e P100, e a ligação
de condutores preparados (com terminais) para o caso da portinhola P400. A barra de
neutro só deve poder ser manobrada por meio de uma ferramenta. Na portinhola P25, o
seccionamento do neutro é feito na própria base de fusíveis e em simultâneo com a fase.
O pólo de neutro desta base deve ser equipado com um shunt tubular de cobre.
Caixas de contagem
As caixas de contagem destinam-se aos edifícios dotados de uma única instalação de
utilização (vivendas unifamiliares, edifícios comerciais isolados, etc.) e são previstas
para colocação encastrada no muro exterior ou, na ausência destes, nas fachadas das
construções.
As caixas de contagem devem ter invólucros adequados que satisfaçam às
características seguintes:
• Ser construídos de modo a garantir a classe II de isolamento (equivalente à
protecção por isolamento total), de acordo com o estipulado na
especificação da EDP Distribuição, DMA-C62-805/N, em anexo
electrónico na pasta “PDF’s”;
• Devem, no relativo às suas características e ensaios, obedecer às condições
regulamentares e ter em atenção as condições de funcionamento em
serviço afectas às situações normais de colocação no exterior;
• Quando instalados na sua posição normal de serviço, de acordo com as
instruções do fabricante, devem ter graus de protecção adequados ao local
de estabelecimento, com o mínimo IP 44 e IK 07, e devem ser dotados de
sistema de fecho que possibilite apenas o acesso ao seu interior com a
ajuda de uma ferramenta ou chave de uso corrente;
• Devem possuir uma tensão estipulada de isolamento não inferior a 400 V;
• Devem ser dotados de bastidor fixo a insertos metálicos roscados ou, em
alternativa, de calhas metálicas para fixação do contador;
• Devem ser providos de tampa com visor, tampa transparente e porta ou
tampa com visor e porta opaca. O visor deve estar localizado de modo a
permitir a realização de leituras sem necessidade de abertura da tampa; os
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parafusos de fecho da tampa devem permitir a selagem e a porta deve ser
dotada de um sistema de fecho que actue sobre pressão ou por meio de
uma fechadura;
• Devem ter como dimensões interiores mínimas 400 mm de altura, 230 mm
de largura e 180 mm de profundidade, a fim de comportarem e permitirem
a ligação de um qualquer contador trifásico de ligação directa,
disponibilizado no mercado.
As caixas de contagem podem também ser usadas no interior dos edifícios colectivos,
por exemplo, nos patamares de entrada das habitações, se bem que neste tipo de
edifícios se recomende a centralização de contagens no vestíbulo de entrada do edifício,
se possível em local com acesso independente a partir do exterior, ou nos patamares dos
pisos no caso dos mesmos possuírem muitas instalações. Os quadros ou painéis
utilizados na centralização de contagens devem obedecer ao especificado na EDP
Distribuição, DIT-C14-140/N, em anexo electrónico na pasta “PDF’s”.
Encontram-se abaixo alguns exemplos dos locais onde devem ser instaladas as
portinholas e as caixas de contagem.
Habitações Unifamiliares:
Figura 3 Ligação a partir de rede aérea de edifícios com uma instalação de utilização com poste encostado ou intercalado.
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Esta solução aplica-se nos casos em que os edifícios dispõem de muros sem pilar, ou
com pilar sem altura suficiente para que o ramal seja montado nas condições indicadas
anteriormente. Após amarrar no poste, o cabo torçada desce ao longo deste, protegida
pelo tubo, e entra na portinhola (B) através do tubo (H), que, por estar à vista e
acessível, deve ter resistência mecânica adequada (PN 10). A utilização do tubo (H) de
40 mm de diâmetro (PVC) destina-se a deixar a entrada na portinhola preparada para
permitir a execução de ramais com cabo LXS 4x16 mm2, independentemente de ser ou
não monofásica a ligação a estabelecer, a fim de permitir, no futuro, uma eventual
passagem da ligação de monofásica a trifásica. A ligação entre a portinhola e a caixa de
contagem deve ser feita por meio de condutores H07V-R ou H07V-U, com a secção e o
número de condutores adequados à potência de dimensionamento da instalação, com um
mínimo de 6 mm2 nos ramais monofásicos para potências até 6,90kVA (30 A) ou nos
trifásicos até 20,70kVA (30 A).
Figura 4 Ligação a partir de rede aérea de edifícios com uma instalação de utilização e fachada confinante com a via pública (sem muro).
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Figura 5 Ligações a partir de rede subterrânea, construções dotadas de muro.
A utilização do tubo PEAD (polietileno de alta densidade) de 63 mm destina-se a deixar
a entrada na portinhola preparada para permitir a execução de ramais com cabo LSVAV
4x16 mm2, independentemente de ser ou não monofásica a ligação a estabelecer, a fim
de permitir, no futuro, uma eventual passagem da ligação de monofásica a trifásica, bem
como a facilitar o enfiamento deste cabo. Para outras secções de condutores, devem ser
usados diâmetros compatíveis com a fórmula:
Ø Tubo(int.) ≥ 1,5 x Ø Cabo(ext.).
Da aplicação da fórmula aos cabos subterrâneos normalizados na EDP Distribuição,
resultam os diâmetros mínimos de tubos indicados na tabela 2:
Tabela 2 Diâmetros mínimos dos tubos PEAD.
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Figura 6 Ligação a partir de rede subterrânea de edifícios com uma instalação de utilização dotados de muro (caixa de contagem ao lado da portinhola).
Figura 7 Ligação a partir de rede subterrânea de moradias em banda, geminadas ou bifamiliares dotadas de muro (caixa de distribuição ao lado da portinhola).
Figura 8 Ligação a partir de rede subterrânea de edifícios com uma instalação de utilização sem muro (portinhola na fachada do edifício).
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Edifícios colectivos:
Em edifícios colectivos, tendo mais do que uma instalação de utilização, a portinhola
deve ser instalada na fachada exterior, em local acessível a partir da via pública. Esta
solução é preconizada com vista a permitir a existência de um local no exterior do
edifício onde se possa estabelecer a fronteira entre a rede de distribuição e a instalação
eléctrica do cliente. Em situações excepcionais devidamente autorizadas pela EDP,
poder-se-á dispensar a instalação da portinhola, por exemplo, em edifícios com PT em
que se considere que os fusíveis do quadro geral do PT que protegem a saída em causa
desempenham a função da portinhola, ficando a fronteira localizada nos terminais de
saída das bases dos fusíveis. O cabo e respectivos terminais dos condutores são
propriedade do cliente.
Figura 9 Ligação a partir de rede subterrânea de edifícios colectivos sem muro (portinhola na fachada do edifício).
Instalações inseridas em edifícios com alimentação por ramal próprio:
No caso de instalações inseridas em edifícios cuja alimentação não seja efectuada a
partir do quadro de colunas (quando não existir acesso à instalação de utilização pelas
zonas comuns do edifício ou se, por motivo devidamente justificado, se optar por
alimentação autónoma), mas sim directamente da rede através de um ramal exclusivo,
deve ser instalada uma portinhola no exterior, acessível a partir da via pública.
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Condomínios fechados e edifícios funcionalmente interligados:
Para os condomínios fechados e para as edificações que constituem conjuntos de
edifícios funcionalmente interligados, as respectivas regras são as que se encontram
estabelecidas no “Guia técnico das instalações estabelecidas em condomínios fechados”,
publicado pela Direcção Geral de Geologia e Energia e no DIT-C11-030 da EDP, em
anexo electrónico na pasta “PDF’s”.
No que respeita ao fornecimento de energia, deve existir um ou vários pontos de entrega
da energia, dependendo da dimensão do empreendimento, e uma fronteira estabelecida
entre a rede de distribuição e a rede de distribuição privada, fronteira essa localizada na
via pública ou em local permanentemente acessível ao pessoal da EDP a partir da via
pública.
Cabos para ramais
Os cabos a usar nas ligações entre a rede existente e a portinhola (ramais) são os
indicados na tabela 3 e devem obedecer ao indicado nas especificações DMA-C33-
200/N (para ramais subterrâneos) e DMA-C33-209 (para ramais aéreos), em anexo
electrónico na pasta “PDF’s”.
Uma vez que a entrada dos cabos (ramais) é sempre feita pela parte inferior da
portinhola, os condutores desses cabos devem ser ligados aos terminais inferiores do
dispositivo de neutro e/ou das bases de fusíveis.
Tabela 3 Cabos a utilizar e suas protecções.
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Utiliza-se o fusível normalizado com corrente nominal de fusão imediatamente abaixo
da corrente admissível do cabo.
2.3 Critérios de Dimensionamento das redes BT
Uma rede de baixa tensão deve, de acordo com o Regulamento de Segurança de Redes
de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão (RSRDEEBT), ser dimensionada
tendo em conta os seguintes critérios:
• Queda de tensão máxima admissível na canalização;
• Corrente de serviço da canalização;
• Selectividade entre as protecções colocadas em série;
• Comprimentos máximos protegidos contra curto-circuitos.
Deve-se usar o maior dos valores de secção que resultem da aplicação destes critérios.
Queda De Tensão – QDT
De acordo com as disposições regulamentares, a queda de tensão total, desde o Posto de
Transformação MT/BT até ao final da rede BT, isto é, à Portinhola ou, quando esta não
existir, ao Quadro de Colunas de um edifício ou aos terminais de entrada do contador,
não deve ser superior a 8 %, como mencionado no capítulo III, artigo 9.º do
RSRDEEBT. No entanto, todos os estudos realizados às quedas de tensão na rede BT,
durante o período de estágio, admitiram como QDT máxima 10%. No ponto 2.4
encontram-se em detalhe os indicadores da Qualidade de Serviço.
Na escolha do elemento de uso exclusivo, este critério pode ser conseguido de 2 formas:
• Usando uma canalização de uso exclusivo de secção adequada à queda de
tensão admitida (2% da tensão nominal);
• Aumentando a secção da canalização de uso partilhado, se tal não for
possível.
Nas tabelas 4 e 5 abaixo, referentes aos cabos subterrâneos e na tabela 6 referente aos
cabos aéreos do tipo torçada estão indicados os comprimentos máximos para os cabos
existentes no mercado, em função da corrente de serviço (Is) e de uma queda de tensão
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entre 1% a 8 %. A secção do cabo ou do condutor a escolher para o elemento de uso
exclusivo, deve de acordo com este critério, ser o correspondente ao da queda de tensão
disponível com o comprimento máximo não inferior ao da situação do terreno.
Cabos subterrâneos (0,6/1 kV), armados normalizados em Portugal para redes
subterrâneas e respectivos comprimentos máximos para uma QDT entre [1;8] %.
Tabela 4 Cabos enterrados directamente no solo.
Os comprimentos máximos são calculados da seguinte forma:
IZVU ⋅=Δ )(
( ) IjXRVU ⋅+=Δ )(
Exemplo:
Cálculo do comprimento máximo de um cabo tipo LSVAV 4x35mm2 para uma queda
de tensão de 5%.
V5,1123005,0 =×
)/()( kmVIZVU S⋅=Δ
)/(2,108100082,1)( kmVVU =⋅=Δ
Igualando , é possível obter o comprimento máximo correspondente a uma
queda de tensão nominal de 5%.
VU 5,11=Δ
( ) (kmLkmVV max/2,1085,11 ×= )
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( ) metroskmL 107max ≈
Pode-se confirmar na tabela 4, que este valor está correcto.
Tabela 5 Cabos enterrados no solo mas com tubo ou cabos à vista sobre braçadeiras.
Condutores isolados em feixe (torçadas) normalizados em Portugal para redes aéreas
(0,6/1 kV) e respectivos comprimentos máximos para uma QDT entre 1% e 8 %.
Tabela 6 Cabos em torçada para redes aéreas.
S: Secções e tipo dos condutores normalizados, constantes do Guia Técnico das Redes
em condutores de torçada em BT, editado pela DGE e do Quadro 3.13 do RSRDEEBT
(* - secções em uso na EDP Distribuição).
R20 ºC/R50º C – Resistência dos condutores a 20 ºC e a 50 ºC (50 ºC – temperatura
máxima da torçada em rede aérea tensa em apoios).
X: Admitância dos condutores.
Z: Impedância dos condutores.
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P.L: Momento eléctrico.
Iz: Corrente máxima admissível nos condutores, nas condições de instalação;
In: Corrente estipulada do fusível para proteger os condutores contra
sobreintensidades (If ≤ 1,45 Iz e If = 1,6 In), que deverá ser superior ou igual a Is.
Is: Corrente de serviço (corrente de funcionamento dos condutores).
Lmax: Comprimento máximo dos condutores para uma queda de tensão de 1 % a 8% e
para uma corrente igual a Is e respectivo momento eléctrico.
Corrente máxima de serviço para o cabo ou condutor
A corrente de serviço de um cabo subterrâneo ou de um feixe de condutores em torçada
não pode, ser superior à corrente estipulada do fusível que o protege contra
sobreintensidades e deve respeitar os dois critérios referidos do artigo 128.º do capítulo
XIII do RSRDEEBT.
Is ≤ In≤ Iz e If ≤ 1,45 Iz
Is: corrente de serviço na canalização (determina a capacidade de transporte do
cabo ou condutor em regime permanente);
In: corrente estipulada do fusível (conhecida por “corrente nominal”);
Iz: corrente máxima admissível na canalização é função não só da secção do cabo
ou condutor de torçada como também do seu modo de colocação:
• Cabos enterrados directamente no solo, enterrados no solo mas colocado
dentro de tubo numa extensão significativa (acima de 8 m) ou à vista,
assente sobre braçadeiras ou protegido por tubo;
• Condutores tensos em apoios ou assentes sobre a fachada de edifícios.
If: é a corrente de fusão do fusível.
Como If = 1,6 In, temos que:
In ≤ 0,90625 Iz.
Nas tabelas acima referidas estão indicados os valores de Iz e Is para cada um dos cabos
e condutores de torçada, bem como as características destes.
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Selectividade das protecções
Para haver selectividade entre protecções colocadas em série, é necessário garantir que,
em caso de defeito, apenas actue o aparelho de protecção situado imediatamente a
montante do defeito, permitindo, assim, que continuem a funcionar as canalizações
situadas a montante dessa protecção e que não tenham sido afectadas por esse defeito.
Quando há fusíveis em série, como é o caso de canalizações derivadas de outras, em que
é obrigatório colocar protecções quando há mudanças de secção conforme o artigo 131.º
do capítulo XIII, do RSRDEEBT. De forma a garantir a selectividade na actuação dos
fusíveis é necessário usar, nas derivações da rede, fusíveis cuja relação seja de 1:1,6 ou
superior, relativamente ao fusível a montante. Esta relação corresponde a usar fusíveis
salteadamente aos valores normalizados da série e nunca fusíveis com valores seguidos.
Os valores de In da série normalizada dos fusíveis mais usuais para a gama de secções
Por exemplo, quando se usam fusíveis de 315 A na canalização principal, a canalização
derivada não poderá ter um fusível de calibre superior a 200 A, uma vez que o de 250 A
não assegura a selectividade. Ou seja, quando a canalização principal tiver uma secção
de 185 mm2 (LVAV 3x185+95 mm2, cujo fusível de protecção é de 315 A), nunca se
poderá usar, como cabo derivado e por razões regulamentares relativas à aplicação deste
critério, um cabo de 150 mm2 (LVAV 3x150+70 mm2, cujo fusível de protecção é de
250 A), mesmo que essa fosse a secção do cabo a usar em resultado da aplicação dos
dois critérios regulamentares, mencionados atrás.
No caso dos cabos torçada, não é possível derivar, por exemplo, um feixe de condutores
de 50 mm2 (LXS 4x50 mm2, cujo fusível de protecção é de 125 A) de uma canalização
de 70 mm2 (LXS 4x70 mm2, cujo fusível de protecção é de 160 A). Assim, quando pela
aplicação dos dois critérios anteriores, se for conduzido a uma situação destas, deve-se
usar cabos ou condutores em torçada na canalização derivada, com a mesma secção que
na canalização principal, por questões de selectividade. É necessário assegurar também
que a selectividade, não corresponda a um sobredimensionamento da canalização, por
se tratar do cumprimento de prescrições regulamentares de segurança das instalações.
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Comprimentos máximos protegidos contra curto-circuitos
De acordo com as disposições regulamentares aplicáveis, as canalizações eléctricas
devem ser protegidas contra curto-circuitos, de tal forma que a corrente seja
interrompida antes que estas possam atingir a temperatura limite admissível. Isto
significa que, para um dado fusível actuar num tempo útil que garanta a protecção do
cabo, a impedância do circuito de defeito, desde o fusível até ao extremo da
canalização, não deve ser superior a um dado valor. Esse valor é obtido partindo do
pressuposto de que, numa situação de curto-circuito, a resistência da canalização é a
correspondente à temperatura máxima admissível em regime adiabático.
A coordenação entre as protecções contra sobrecargas e contra curto-circuitos deve ser
feita de acordo com os termos regulamentares. Isto significa que, por exemplo, pode-se
usar na origem de uma canalização principal, um fusível para a protecção contra curto-
circuitos da canalização principal e das diversas canalizações dela derivadas, com um
calibre superior ao que seria indispensável para a protecção contra sobrecargas de cada
uma dessas canalizações derivadas desde que, em cada uma destas, exista um fusível
com a função de protecção contra sobrecargas.
É o caso das derivações em “T”, sem fusíveis, em que o fusível da canalização principal
assegura a protecção contra curto-circuitos das canalizações derivadas segundo a “regra
do triângulo”. Este método é bastante simples e descreve a seguir o método de
aplicação.
Figura 10 Canalização principal (70mm2) e canalização derivada (25mm2).
No RSRDEEBT, em anexos, pode-se consultar no quadro 13.6 relativamente aos
comprimentos máximo das canalizações cuja protecção é assegurada por fusíveis de
a.p.c. do tipo gl, que o comprimento máximo para um cabo de cobre de secção 70 mm2
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isolado a PVC protegido por um fusível de 160 A é de 170 metros. Quando se pretender
proteger uma canalização derivada em cabo de cobre de 25 mm2 com o mesmo fusível
da canalização principal, basta saber qual o comprimento máximo deste cabo quando
protegido por um fusível do mesmo calibre da canalização principal (160 A), que
corresponde a 75 metros.
Aplicação da regra do triângulo à situação acima descrita.
Figura 11 Regra do Triângulo.
O comprimento máximo protegido para a canalização derivada é:
metrosl 1,44170
7017075 =−
×=
Desta forma, consegue-se obter o comprimento máximo protegido da canalização
derivada pelo teorema de Thales. Neste caso, o comprimento da derivação (40 metros) é
inferior ao máximo, o que garante a sua protecção. É possível então garantir a protecção
de derivações sendo estas protegidas pelo fusível da canalização principal da qual
deriva. Isto não quer dizer que não seja de colocar uma protecção específica na
derivação, por outras razões.
Nas tabelas 7 e 8 abaixo estão indicados os valores dos comprimentos máximos,
corrigidos a partir dos constantes do RSRDEEBT para o valor actual da tensão nominal
da Rede de BT em Portugal (230V).
Quando uma canalização principal possui um comprimento real inferior a Lmax, as
canalizações derivadas poderão ter um comprimento que é função da impedância e do
fusível dessa derivação, como foi visto acima. Em baixo, encontram-se as soluções
técnicas normalizadas adoptadas pela EDP Distribuição para protecção de canalizações
subterrâneas tabela 7 e para protecção de canalizações aéreas tabela 8.
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Tabela 7 Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes subterrâneas em função do fusível usado na protecção da canalização contra curto-circuitos (In).
Os calibres dos fusíveis de protecção contra curto-circuitos assinalados a sombreado, de
calibre superior aos dos fusíveis de protecção contra sobrecargas, que estão assinalados
a negrito, são mencionados apenas para efeitos da aplicação dos comprimentos
máximos na “regra do triângulo” em relação à protecção destas canalizações contra
curto-circuitos em canalizações derivadas.
Tabela 8 Comprimentos máximos admissíveis (Lmax) em redes aéreas em torçada em função do fusível usado na protecção da canalização contra curto-circuitos (In).
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2.4 Qualidade de Serviço
Os indicadores gerais utilizados para determinar o desempenho das redes de distribuição
BT no que respeita à qualidade de serviço são:
• Energia Anual Não Fornecida (ENF);
• Restrição de potência por quedas de tensão não regulamentares;
• Energia Anual de Perdas (BT);
• ENF Anual devido à Conservação da Rede;
• Número Anual de Interrupções.
No Departamento de Novas Ligações é utilizado o software DPLan, como atrás
mencionado, para fim de estudo aos indicadores acima referidos. Durante o tempo em
que estive neste departamento tive a oportunidade de trabalhar diariamente com este
software. A realização dos vários estudos teve sempre como principal objectivo a
análise ao indicador “Restrição de potência por quedas de tensão não regulamentares”.
A queda de tensão máxima permitida pela EDP Distribuição nas redes de distribuição
BT entre o PT e o cliente era de 10%, sendo revista para 8,5% no final de Maio. Quando
é registada uma reclamação pela Qualidade de Serviço ou então surge um novo pedido
de fornecimento de energia, é sempre necessário proceder ao levantamento da rede. O
levantamento da rede existente não tem apenas como finalidade estudo aos indicadores
acima referidos, mas servirá também para futuramente introduzir a rede BT na base de
dados das redes de Baixa Tensão da EDP Distribuição.
Caso os resultados obtidos no DPLan não estejam de acordo com os regulamentares,
será necessário propor alternativas ao regime de exploração da rede. Após estudos às
possíveis alternativas, estas serão enviadas ao Engenheiro Arlindo Monteiro Marinho.
Posteriormente, e com a aprovação do responsável da UR, seguem para o Departamento
de Planeamento.
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2.4.1 DPLan Em seguida, será feita uma breve descrição sobre o processo de cálculo que é feito pelo
software DPLan nas seguintes grandezas:
• Intensidades máximas de corrente de serviço, por ramo;
• Queda de tensão, por ramo;
• Queda de tensão acumulada (entre a saída do PT e cada um dos nós).
Uma vez definido o esquema topológico de uma rede BT, faz-se a numeração dos
respectivos ‘nós’ e ‘ramos’, a numeração dos ‘nós’ é feita sequencialmente de montante
para jusante a partir do PT. Uma vez que cada ‘ramo’ efectua a ligação entre dois ‘nós’,
a sua numeração coincide com a do respectivo ‘nó’ a jusante, figura 12.
Habitualmente considera-se cada ‘nó’ como sendo um ponto de derivação da rede ou de
carga. O REBATE (folha de cálculo onde são consultados os indicadores da rede)
permite considerar ‘nós fictícios’, isto é, ‘nós’ de carga solicitada nula (exemplo de
‘nós’ de transição de secção, ou de definição topológica, sem carga injectada).
A matriz topológica de uma rede BT radial, apresenta-se como uma matriz esparsa de
elementos ‘unidade’, diagonal e triangular superior, de dimensão N ‘ramos’ por N ‘nós’.
Considera-se o preenchimento da matriz, efectuado por linha, de acordo com a
intervenção do ‘ramo’ considerado, no trânsito de energia nos ‘ramos’ a jusante. A
construção desta matriz é fundamental para a aplicação do modelo, sendo a base de
relacionamento das grandezas solicitadas ou atribuídas aos ‘nós’, com as
correspondentes grandezas afectas aos ‘ramos’.
De acordo com a metodologia de codificação de ‘nós’ e ‘ramos’, a rede radial tem o
mesmo número de ‘nós’ e de ‘ramos’ (o código de um ‘ramo’ é igual ao código do ‘nó’
que o limita a jusante). À saída do PT, início do primeiro ‘ramo’, não é atribuído
código, (considerando-se ‘0’). No caso de existir mais do que uma saída exterior ao PT
ligadas à mesma saída do QGBT, então o ‘nó 1’ é o nó comum a essas saídas e o ‘ramo
1’ liga esse nó ao QGBT.
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Figura 12 Topologia de uma Rede Eléctrica de Baixa Tensão, com indicação dos dados de entrada no programa REBATE.
Com vista à definição das grandezas associadas ao PT e ao ‘nó i’, considera-se o
esquema geral de uma saída da rede BT, indicado na figura 13.
Figura 13 Esquema geral de uma saída da rede BT.
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Os clientes ligados ao ‘nó i’ encontram-se distribuídos por diferentes escalões tarifários
‘j’, com uma potência unitária contratada Pc i j de acordo com o tarifário em vigor
Assim sendo, o cliente terá de pagar uma comparticipação de:
( ) 88303,8850150 =×−=paçãoCompartici €
Aos valores acima acresce IVA à taxa legal em vigor.
Orçamento a entregar ao cliente
Ramal BT cabo LVAV 3X185+95mm2 ……………. 6865,61€
Comparticipação ……………………………………. 8830€
IVA (21%) ………………………………………….. 3296,08€
Total ………………………………………………… 18991,69€
O cliente terá de pagar 18991,69€ para ter uma potência contratada de 150kVA, em
baixa tensão especial (BTE). O cliente tem ainda a hipótese de não aceitar o orçamento
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da EDP, neste caso fica sujeito a pagar 10% do estudo (Orçamento previsto pela EDP) e
pode entregar a construção do ramal a um empreiteiro o qual terá de construir o ramal
de acordo com as regras técnicas impostas pela EDP Distribuição e sob fiscalização da
mesma.
2.7.2 Alimentação em Média Tensão
Estudemos agora a possibilidade de o cliente ser alimentado em Média Tensão.
É conhecido que aquela área possui uma rede MT subterrânea constituída por 3 cabos
monopolares LXHIOV 1X120mm2 8,7/15 (17,5kV). Deste modo, para a interligação
de cabos MT deverão ser executadas caixas terminais, caixas de junção e caixas de
transição adequadas ao tipo de cabo quer no que respeita ao modo de isolamento quer
no que respeita às tensões de serviço. Assim sendo, o ramal MT a criar para alimentar o
cliente terá de ser igual à rede já existente, o cliente passará a ser alimentado desde o PT
611/GMR necessitando para isso introduzir mais uma cela do tipo “CELA DE
ENTRADA/SAÍDA IS375” neste PT.
O PT611 passará a ser constituído da seguinte forma:
Figura 25 PT611 com mais uma cela do tipo IS375.
O orçamento relativo ao ramal de MT (LXHIOV 120mm2) encontra-se no anexo G. Este orçamento foi realizado com a ajuda dos técnicos do Departamento de Projecto e Construção.
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Figura 26 Ramal MT, cabo monopolar LXHIOV 120mm2.
Total Orçamento ramal MT=7639,4€
Orçamento para alimentação em MT
PUCBET I ……………………………………. 8828,72€
Transformador ………………………………… 3975,42€
2 Celas IS ……………………………………… 4674,73€
1 Cela CIS ………………………………........... 3116,49€
Terra Protecção (c/brocagem) ………………… 248,56€
Terra Serviço (c/brocagem) …………………… 248,57€
Ramal MT ……………………………………… 7639,4€
IVA (21%) ……………………………………… 6033,7€
TOTAL …………………………………………. 34765,57€
Comparativamente ao custo do ramal para Baixa Tensão, a opção por ser alimentado em
Média Tensão é 45% mais dispendiosa como investimento inicial. No entanto, dado que
a energia em média tensão é mais barata pode compensar ao cliente optar por ser
alimentado em média tensão. No ponto seguinte será feita uma análise ao PayBack desta
situação.
2.7.3 Análise ao PayBack
Realizei um estudo do tipo “PayBack” com o fim de saber em quanto tempo o cliente
recupera o dinheiro investido (construção de um PT e ramal MT) para ser alimentado
em média tensão, situação a ser analisada mais à frente.
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Existem grandes vantagens em relação à qualidade de serviço no caso de o cliente ser
alimentado em MT. Uma vez que se trata de uma indústria de plásticos existe uma
grande necessidade de o cliente ser alimentado com uma boa qualidade de serviço, pois
uma paragem na produção implicaria elevados prejuízos. Vejamos um pouco o que
significa a QS de serviço de uma rede e como é distribuída pelas diferentes zonas.
A EDP Distribuição tem por objectivo satisfazer, com os mais elevados níveis de
qualidade de serviço, as necessidades e expectativas dos seus Clientes.
Através do Regulamento da Qualidade de Serviço, foram estabelecidos padrões
mínimos de qualidade. Em caso de incumprimento, estes padrões determinam a
obrigação ao distribuidor de comunicar essa informação ao Cliente e proceder ao
crédito, de modo automático, do valor da compensação nas condições
regulamentarmente fixadas.
Para o estabelecimento dos padrões atrás mencionados foi considerada a existência de
três zonas nos termos seguintes:
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Zona A: Capitais de distrito e localidades com mais de 25 000 Clientes
Zona B: Localidades com um número de Clientes entre 2 500 e 25 000
Zona C: Os restantes locais
Em 31 de Dezembro de 2006 os clientes da EDP Distribuição estavam distribuídos,
pelas diferentes zonas, da forma apresentada na figura abaixo.
Figura 27 Distribuição dos clientes da EDP por Zonas.
Este cliente encontra-se numa zona tipo A.
Para fazer o estudo de “PayBack” é necessário saber quais os consumos do último ano
do cliente. Como se tratava de um novo cliente, não tínhamos essa informação e foi
necessário proceder a uma estimativa de consumos para os vários meses do ano. A
aproximação aos consumos que seriam efectuados foi realizada tendo em conta os
equipamentos existentes na instalação e outros consumidores com potências e tipos de
indústrias semelhantes ao deste cliente.
As folhas em Excel “Estudo Económico BTE” e “Estudo Económico MT” utilizadas
para simular qual o valor total dos encargos energéticos que este cliente teria no final de
cada ano, encontram-se no anexo H e I, respectivamente.
Os resultados obtidos indicam que a melhor opção tarifário para o cliente quando
alimentado em baixa tensão especial é a opção pela tarifa de Longas Utilizações que
face às Médias Utilizações acarretam menos 10% (≈3225€) de encargos de energia
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eléctrica no final do ano, face à tarifa de Médias Utilizações. Em relação ao cliente
receber a energia em média tensão a melhor solução é a tarifa Tetra-Horária de Longas
Utilizações, esta solução torna-se ainda mais vantajosa e face à solução BTE de Longas
Utilizações acarreta menos 11,6% (3435€) de encargos na factura eléctrica por cada
ano. No entanto, esta solução implica a construção de um PT.
Estamos agora em condições de dizer ao cliente qual seria o tempo para
“PayBack” do seu investimento na construção do PT.
Se o cliente optar pelo regime BTE terá um encargo de 18991,69€ pela construção do
ramal e respectiva comparticipação, acrescendo o custo da energia por cada ano, que
como foi analisado rondará os 29580€/ano. Se o cliente optar pelo regime MT terá os
encargos referentes à construção do PT e respectivo ramal MT que como já foi visto
será de 34765,57€, acrescendo o custo da energia por cada ano, que como já foi