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ESPIRITUALIDADE DO PRESBÍTERO DIOCESANO
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Espiritualidade do presbítero diocesano

Apr 13, 2017

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Spiritual

rossini764
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Page 1: Espiritualidade do presbítero diocesano

ESPIRITUALIDADE DO PRESBÍTERO DIOCESANO

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Presbítero diocesano:

- é aquele que pertence a uma Igreja particular e nela se incardina, para, em comunhão com o bispo, o presbitério e o diacônio, pastorear uma porção do Povo de Deus. A vida e o ministério do presbítero diocesano encontram seu eixo na relação com a Igreja particular, o bispo diocesano, o presbitério e o diacônio.

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Vínculo especial de comunhão com o seu bispo: - “O bispo procurará sempre comportar-se com os seus sacerdotes como pai e irmão que os ama, escuta, acolhe, corrige, conforta, busca a sua colaboração e cuida o melhor possível do seu bem-estar humano, espiritual, ministerial e econômico” (PG, n. 47).

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Sendo de ordem sacramental, a pertença ao presbitério exige a fraternidade presbiteral como traço fundamental:

na comunhão do presbitério, o presbítero diocesano é responsável pela ação pastoral evangelizadora da Igreja particular; cabe a ele fazer com que a diocese e as paróquias que a constituem, reformulem suas estruturas tornando-se casas e escolas de comunhão, redes de comunidades evangelizadoras, expressão visível da opção preferencial pelos pobres (DAp, n. 170, 172, 179).

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Missionário na Igreja particular:

a missionariedade implica na disponibilidade para ser enviado a paróquias de outras dioceses, especialmente, às mais pobres e distantes e a outros serviços como assessoria de acompanhamento de pastorais específicas e movimentos eclesiais (CNBB, Doc. 75, n. 22).

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Caridade pastoral:

é o princípio que orienta e anima a vida do presbítero diocesano, enquanto discípulo missionário, como participação da própria caridade pastoral de Cristo Jesus (PDV, n. 23); é o vínculo da perfeição sacerdotal, que conduz à unidade de vida e ação” (PO, n. 14); é uma característica essencial da espiritualidade do presbítero diocesano e se expressa, de modo especial, na vivência do carisma do celibato.

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Celibato:

é uma resposta de amor que nasce do fascínio por Cristo ao qual o presbítero responde com a totalidade do seu ser; através do celibato pelo Reino de Deus, o presbítero é chamado a identificar-se com Cristo no seu amor total e exclusivo à Igreja e na doação completa de sua vida ao Povo de Deus; constitui um grande fator de liberdade para amar e servir todos aqueles aos quais o Senhor envia, em especial os mais necessitados.

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Incardinação:

o futuro presbítero assume um vínculo jurídico, teológico, espiritual, esponsal e pastoral com uma Igreja particular que o acolhe, sem prejuízo da dimensão missionária da vocação.

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1. IDENTIDADE (quem sou?) – MISTÉRIO

- Relação sobrenatural com Deus.- Encontra sua fonte na Santíssima Trindade: é na relação pessoal com o Pai, em Jesus Cristo, pelo seu Espírito, que se revela na Igreja, que o presbítero encontrará o sentido claro de sua identidade.

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- A identidade específica é a caridade pastoral – o presbítero é chamado a ser epifania, transparência e sacramento do Cristo Pastor. Quem dele se aproxima deve encontrar o rosto, o coração, as atitudes e a prática do Bom Pastor.

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CARIDADE PASTORAL:

- referência primeira – Jesus Bom Pastor;- fonte específica – sacramento da ordem – consagração especial pela qual o padre torna-se instrumento vivo do sacerdócio de Cristo. Acontece um ligame ontológico a Cristo sacerdote e pastor, pelo qual o presbítero age em nome e na pessoa do próprio Cristo;

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Caridade Pastoral:- destinação – doação de si à Igreja e à humanidade – a caridade pastoral não é só o que o presbítero faz, mas o dom de si mesmo que manifesta o amor de Cristo por seu rebanho. Este dom não tem fronteiras;

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Caridade Pastoral:- âmbito imediato – Igreja local – é dentro da comunidade eclesial, confiada ao seu ministério e em profunda comunhão com o presbitério unido ao bispo que o presbítero vive concretamente a caridade pastoral (incardinação na diocese);

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Caridade Pastoral:- suprema expressão e alimento – a eucaristia – a caridade pastoral brota sobretudo da eucaristia que constitui o centro e a raiz da vida do presbítero. A eucaristia é dom total de Cristo para a vida do mundo. Daí que a caridade pastoral encontra na eucaristia a sua mais alta realização, da mesma forma que o padre recebe dela a graça da responsabilidade de tornar eucarística sua vida inteira. Deverá espelhar em si mesmo o que celebra no altar.

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Caridade Pastoral:- eixo integrador da vida e do ministério do presbítero – é o princípio interior dinâmico capaz de unificar as múltiplas e diversas atividades do presbítero. É na caridade pastoral que o presbítero integra sua vida e atividade.

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No espírito do Sermão da Montanha e dos Conselhos Evangélicos:- O Sermão da Montanha é um autorretrato de Jesus;- Os conselhos evangélicos que Jesus propõe ali são expressão da radicalidade no seguimento e denotam totalidade de vida, coração indiviso e entrega total ao ministério.

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No espírito do Sermão da Montanha e dos Conselhos Evangélicos:

Obediência: - procurar não a própria vontade, mas a daquele que os enviou;- é apostólica – vivida em comunhão com o presbitério, o bispo, o papa, a fim de transmitir com fidelidade o mistério cristão e garantir a unidade da Igreja;

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Obediência:

- é comunitária – incide na Igreja local, vivida na corresponsabilidade com o presbitério unido ao bispo e aos leigos, fiel às exigências de uma vida eclesial orgânica e organizada;

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Obediência:

- possui um caráter de pastoralidade – fidelidade às decisões pastorais da Igreja local e às diretrizes da CNBB. É também sensibilidade às necessidades do povo e disponibilidade para deixar-se consumir ao seu serviço.

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Castidade – Celibato: - é um carisma dado pelo Pai a alguns, de se dedicarem unicamente a Deus e com um coração indiviso;- fonte privilegiada de fecundidade espiritual no mundo;- sinal do Reino que não é deste mundo, do amor de Deus por este mundo e do amor indiviso do sacerdote a Deus e ao seu povo;

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Castidade – Celibato: - está fundamentado na ordenação através da qual o sacerdote é configurado a Cristo Jesus, cabeça e esposo da Igreja. A Igreja, como esposa de Cristo, quer ser amada pelo sacerdote do modo total e exclusivo com que Jesus Cristo a amou.- por ser dom de Deus, pode ou não ser aceito a partir da própria liberdade;- tripé da vida celibatária – solidão aprazível na companhia de Deus, interação afetuosa no contexto comunitário, sentido da missão na prática do ministério.

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Pobreza evangélica:

- submissão de todos os bens ao bem supremo de Deus e do seu Reino;- deve traduzir-se numa vida simples e austera, onde se renuncia generosamente às coisas supérfluas;- tem significado profético no seio das sociedades ricas e consumistas;

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Pobreza evangélica:

- habilita o presbítero a ser solidário com os injustiçados e oprimidos na conquista de seus direitos;- tem a opção preferencial pelos pobres como valor inquestionável da espiritualidade;

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Pobreza evangélica:

- disponibilidade para ser enviado onde for preciso, mesmo com sacrifício pessoal;- leva à comunhão de bens.

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Misericórdia e Justiça:

- são dois fios condutores da vida e prática de Jesus.

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2) INTIMIDADE (com quem sou?) – COMUNHÃO

- A Igreja tem na Trindade sua fonte, modelo e pátria. Ela se define como comunhão. É deste modelo de Igreja que emerge também o perfil do presbítero.- O presbítero é servidor da Igreja comunhão, porque unido ao bispo e em estreita comunhão com o presbitério, constrói a unidade da comunidade eclesial na harmonia das diferentes vocações, carismas e serviços.

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- O ministério ordenado tem radical forma comunitária e pode apenas ser assumido como obra coletiva. Através da ordenação, os presbíteros estão unidos entre si por uma íntima fraternidade sacerdotal.- Daí que não se pode conceber o individualismo e certa forma de autossuficiência com que alguns exercem o ministério.

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- O testemunho de amizade, de corresponsabilidade, de partilha entre os presbíteros é a primeira forma de evangelização. “Todos conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).- Geralmente os presbíteros aprendem a amar, mas não sabem ser amados. Quando alguém se deixa amar, perde o poder sobre o outro porque também se deixa conduzir por ele, e nossa tendência é querer controlar tudo.

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- Muitos vivem o celibato como “limpeza” total de amor, o que o torna nulo.- O coração fraterno tem muitas manifestações: dar, receber, pedir, agradecer.- Na parábola do Bom Samaritano, sempre nos identificamos com o que socorre e não com o caído.- É preciso ser livre para pedir, receber gratuitamente e saber agradecer. Saber receber sem intrometer-se na vida dos outros.

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- Em nosso coração há mais amor do que somos capazes de expressar. Vencendo a tentação do possuir, controlar, dominar, seremos livres e transparentes para amar mais e melhor.- Para evitar o clericalismo e o centralismo na Igreja, é fundamental a presença e a atuação dos leigos, entre os quais os presbíteros são “irmãos entre os irmãos”, membros de um e mesmo corpo de Cristo. É preciso confiar nos leigos e deixá-los agir por iniciativa própria.

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- A inserção do presbítero na Igreja local constitui por natureza um elemento qualificante para viver a espiritualidade, pois traz consigo uma fonte de significados, de critérios de discernimento e ação que configuram tanto a missão pastoral quanto a vida espiritual.

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- O individualismo vai sendo superado com a vivência prática e efetiva da colegialidade. No seio da Igreja local deve estar o presbitério e não cada um trabalhando isoladamente.- A colegialidade do presbitério é estimulada se tiver à frente um bispo amigo e irmão, que sabe confiar em cada um e animar, na prática, as opções pastorais assumidas por todos.

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3) GENERATIVIDADE (para quem sou?) - MISSÃO – A SERVIÇO DA IGREJA E DO MUNDO

- A consagração é para a missão. Daí a íntima conexão entre a vida espiritual do presbítero e o exercício do seu ministério.

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- Pedagogia de Jesus: chamou os que Ele quis (mistério da vocação e da identidade), foram até Ele e ficaram com Ele (convite à intimidade, à comunhão) e os enviou a pregar o Reino (generatividade, missão confiada a eles).- É a caridade pastoral que ilumina e unifica todas as atividades do presbítero.

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O presbítero é ministro da Palavra (ministério profético):

- Enviado a anunciar a todos o Evangelho do Reino. - Daí a necessidade de cultivar uma grande familiaridade com a Palavra de Deus. - Ele deve ser o primeiro que crê na Palavra, com plena consciência de que suas palavras são de Deus.

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- Ele não é dono, mas servo dessa Palavra. - O presbítero deve crescer na sua consciência da necessidade permanente de ser evangelizado.- Deve também denunciar o pecado.

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Ministério pastoral:

- Animar, guiar, unir a comunidade.- É o exercício da capacidade de coordenar todos os dons e carismas que o Espírito Santo suscita na comunidade, verificando-os e valorizando-os para a edificação da Igreja.

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- Essas virtudes são necessárias: fidelidade, coerência, sapiência, acolhimento a todos, afável bondade, firmeza nas coisas essenciais, libertação de pontos de vista demasiado subjetivos, desprendimento pessoal, paciência, gosto pela tarefa diária, confiança nos simples e pobres.- Deve ser o “ministério da síntese” e não a “síntese dos ministérios” – corresponsabilidade colegial com o presbitério e os leigos.

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Ministério sacerdotal:- Celebração dos sacramentos e da Liturgia das Horas.- O centro é a Eucaristia.- Neste culto, é a comunidade que se oferece a si mesma a Deus, através da fé e da caridade, e é o presbítero que deve levá-la a isto.- Santificação da comunidade.

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Vivido desta forma, o próprio ministério torna-se fonte de espiritualidade: - ensinando, o presbítero também escuta e aprende; - pregando a Palavra, é também evangelizado;- celebrando e santificando, o presbítero também ora e se santifica; - servindo e coordenando a comunidade, torna-se epifania do Bom Pastor.

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- Exigências para se viver a identidade e missão do Presbítero nas circunstâncias atuais:

a) o testemunho pessoal de fé e de caridade, de profunda espiritualidade vivida, de renúncia e despojamento de si;

b) a prioridade da tarefa da evangelização, o que acentua o caráter missionário do ministério presbiteral;

c) a capacidade de acolhida a exemplo de Cristo Pastor que une a firmeza à ternura, sem ceder à tentação de um serviço burocrático e rotineiro;

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d) a solidariedade efetiva com a vida do povo, a opção preferencial pelos pobres, com especial sensibilidade para com os oprimidos, os sofredores, em fidelidade à caminhada da Igreja na América Latina, ratificada pela Conferência de Aparecida (DAp, n. 396);

e) a maturidade para enfrentar os conflitos existenciais que surgem do contato com um mundo consumista, secularizado, e até hostil aos valores do Evangelho;

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f) o cultivo da dimensão ecumênica, o diálogo interreligioso, no respeito à pluralidade de expressar a fé em Deus e nos valores do Evangelho; g) a participação comprometida nos movimentos sociais, nas lutas do povo, com consciência política diante da corrupção e da decepção política, conservando, entretanto, sua identidade presbiteral, mantendo-se fiel ao que é específico do ministério ordenado e observando as orientações do Magistério da Igreja;

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h) a capacidade de respeitar, de discernir e de suscitar serviços e ministérios para a ação comunitária e a partilha;

i) a promoção e a manutenção da paz e a concórdia fundamentada na justiça (CIC, n. 287, § 1);

j) a configuração de homem de esperança e do seguimento de Jesus na cruz.