ESPECIALIZAÇÃO EM MODELAGEM DO VESTUÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso 1 TRAÇADO DE BASE DA CALÇA F EMININA COM ELASTANO (Basic pattern’s tracing of women’s pant with elastane) Ester Koch 1 Renata Lodi 2 RESUMO O presente artigo aborda a adaptação do traçado básico da calça feminina de tecido plano para tecido com elastano, para posteriormente elaborar a modelagem de uma calça modelo jeans ajustada ao corpo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa em livros e artigos científicos sobre o contexto histórico do jeans, bem como dos conceitos de modelagem, graduação e processo de pilotagem. Além disso, foi desenvolvida uma pesquisa experimental, onde o traçado da base da calça de tecido plano ajustada foi testada em três tecidos, com maior e menor índice de elasticidade para verificar o comportamento dos mesmos. Com os resultados da pesquisa, espera-se contribuir para o aprendizado dos estudantes de moda e trabalho dos modelista com um traçado de calça específico para tecidos planos com elastano, bem como trazer dados sobre graduação das partes/detalhes da calça feminina. PALAVRAS-CHAVE: Modelagem de calça feminina. Tecido com elastano. Graduação de calça. Calça jeans. ABSTRACT This article deals with the adaptation of the basic pattern´s tracing of women´s pant with flat fabric to fabric with elastane, to later elaborate the modeling of a jeans model pants adjusted to the body. Therefore, it was made a bibliographic research in specialized books and scientific articles about the historical context of jeans, as well as the concepts of modeling, graduation and piloting. Besides that, it was developed an experimental research, where the basic tracing of adjusted flat fabric pant was tested on three elastane tissues, with more and less elasticity index to verify their behavior. With the research results, it is hoped to contribute to the learning of fashion students and modellers work with a specific pant tracing to flat fabric with elastane in order, as well as bring data about graduation of parts/details of female pants. KEYWORDS: Modeling of women’s pant. Fabric with elastane. Graduation of pant. Jeans pants. 1 Ester Koch: Bacharel em Moda pela Universidade Feevale, acadêmica do curso de Pós-graduação em Modelagem do Vestuário – 2ª Edição e modelista free lancer. 2 Renata Lodi: Tecnóloga Têxtil formada pela Universidade de Passo Fundo - UPF no ano de 2000. Experiência em processos de produção, modelagem, costura e supervisão de qualidade. Pós-graduada em Engenharia de Produção e mestre em Design pela UFRGS. Docente no curso de Moda da Universidade Feevale/RS.
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ESPECIALIZAÇÃO EM MODELAGEM DO VESTUÁRIO Trabalho de Conclusão de Curso
1
TRAÇADO DE BASE DA CALÇA F EMININA COM ELASTANO
(Basic pattern’s tracing of women’s pant with elastane)
Ester Koch1
Renata Lodi2
RESUMO
O presente artigo aborda a adaptação do traçado básico da calça feminina de tecido plano para
tecido com elastano, para posteriormente elaborar a modelagem de uma calça modelo jeans
ajustada ao corpo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa em livros e artigos científicos sobre
o contexto histórico do jeans, bem como dos conceitos de modelagem, graduação e processo
de pilotagem. Além disso, foi desenvolvida uma pesquisa experimental, onde o traçado da
base da calça de tecido plano ajustada foi testada em três tecidos, com maior e menor índice
de elasticidade para verificar o comportamento dos mesmos. Com os resultados da pesquisa,
espera-se contribuir para o aprendizado dos estudantes de moda e trabalho dos modelista com
um traçado de calça específico para tecidos planos com elastano, bem como trazer dados
sobre graduação das partes/detalhes da calça feminina.
PALAVRAS-CHAVE: Modelagem de calça feminina. Tecido com elastano. Graduação de
calça. Calça jeans.
ABSTRACT
This article deals with the adaptation of the basic pattern´s tracing of women´s pant with flat
fabric to fabric with elastane, to later elaborate the modeling of a jeans model pants adjusted
to the body. Therefore, it was made a bibliographic research in specialized books and
scientific articles about the historical context of jeans, as well as the concepts of modeling,
graduation and piloting. Besides that, it was developed an experimental research, where the
basic tracing of adjusted flat fabric pant was tested on three elastane tissues, with more and
less elasticity index to verify their behavior. With the research results, it is hoped to
contribute to the learning of fashion students and modellers work with a specific pant tracing
to flat fabric with elastane in order, as well as bring data about graduation of parts/details of
female pants.
KEYWORDS: Modeling of women’s pant. Fabric with elastane. Graduation of pant. Jeans
pants.
1 Ester Koch: Bacharel em Moda pela Universidade Feevale, acadêmica do curso de Pós-graduação em
Modelagem do Vestuário – 2ª Edição e modelista free lancer. 2 Renata Lodi: Tecnóloga Têxtil formada pela Universidade de Passo Fundo - UPF no ano de 2000. Experiência
em processos de produção, modelagem, costura e supervisão de qualidade. Pós-graduada em Engenharia de
Produção e mestre em Design pela UFRGS. Docente no curso de Moda da Universidade Feevale/RS.
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INTRODUÇÃO
Conforme Flügel (1966) desde o seu surgimento, a roupa possui três principais
finalidades: pudor, proteção e enfeite. Embora essas funções sejam muito importantes, elas
deixaram de ser únicas, visto que as roupas “não cumprem mais apenas a função histórica de
cobrir, proteger e embelezar o corpo, mas também a de desenvolver embalagens e sistemas de
embalagens vestíveis para acondicionar o corpo e, ao mesmo tempo, preservar a saúde do
corpo, sua segurança e bem-estar”. (MARTINS 2007, p. 1). Portanto, o conforto é
indispensável em qualquer artigo de vestuário, já que desde a Revolução Industrial3 as
pessoas passaram a trabalhar cada vez mais, em funções diferentes e, portanto, a vestimenta
deve proporcionar-lhes conforto e bem-estar independente do período de tempo que
permanecerão com ela ou do movimento executado.
Assim, desde o surgimento da calça jeans como roupa de trabalho, ela tornou-se uma
peça muito usada, sendo inserida no cotidiano de grande parte da população tornando-se um
artigo de moda. Além disso, passou por transformações ao longo do tempo até chegar ao
produto que encontramos nas lojas atualmente, o qual se apresenta, em sua maioria, produzido
em tecidos com elasticidade, um fator relacionado ao conforto do vestuário por propiciar
maior mobilidade e melhor vestibilidade, moldando melhor o corpo.
Em virtude disso, o presente artigo aborda o traçado da base de calça com elastano,
através da adaptação da modelagem básica da calça feminina de tecido plano para este tipo de
tecido. Percebe-se a falta de estudos acerca desse assunto, uma vez que os livros mais
utilizados em cursos de graduação e pós-graduação em modelagem ensinam o traçado básico
para tecido plano, sem fazer menção ao tecido plano com elastano. Portanto, busca-se
desenvolver um traçado de base de calça ajustada para tecido com elastano a fim de facilitar o
aprendizado dos estudantes de moda, bem como, o trabalho dos futuros modelistas, pois a
experiência na área da modelagem revela que a base de tecido plano, quando confeccionada
em tecido com elastano, necessita de ajustes. Assim, questiona-se: Como trabalhar a redução
da base de tecido plano para tecidos com elastano? Diante disso, apresenta-se como hipótese
3A Revolução Industrial iniciou no século XVIII com a invenção da máquina a vapor por James Watt e
caracterizou-se pela passagem da manufatura à produção industrial, ou seja, substituiu as ferramentas manuais
pela máquina, a energia humana pela motriz e a produção doméstica pelo sistema fabril. Estendendo-se de 1760
a 1850, causou uma grande transformação na estrutura da sociedade acompanhada de evolução tecnológica e
encerrou a transição entre o feudalismo e o capitalismo (SCHMID, 2004).
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que em virtude da elasticidade, o molde com elastano não necessita de curvas acentuadas
como a base sem elastano e, possivelmente a diminuição será maior na parte do quadril.
A pesquisa possui como objetivo geral, verificar as alterações de modelagem
necessárias para se confeccionar uma base de calça em tecido com elastano, partindo de uma
base de tecido plano. Como objetivos específicos, são propostos: descrever brevemente o
surgimento da calça jeans e os tipos de modelagens; conceituar a modelagem plana e explicar
o processo de prototipagem; pesquisar as regras de graduação das modelagens (calças) e as
medidas utilizadas pelas empresas bem como realizar uma pesquisa de campo para ver o
sistema de gradação de bolsos e braguilha adotado por algumas marcas; elaborar, a partir de
um traçado básico de calça feminina de tecido plano, uma base para tecidos com elastano,
verificando se a alteração deve ser proporcional ou se há locais com maior ajuste; desenvolver
uma calça modelo jeans utilizando a base proposta.
Analisando a classificação da pesquisa abordada por Prodanov e Freitas (2013, p. 51),
este projeto caracteriza-se como sendo de natureza aplicada, pois “objetiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos”. Quanto
aos objetivos, trata-se de uma pesquisa exploratória, já que se encontra em fase preliminar
buscando mais informações acerca do assunto investigado. Quanto aos procedimentos
técnicos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica elaborada a partir de material já publicado
sobre o assunto principalmente em livros, artigos e dissertações; experimental porque serão
feitas amostras para a experimentação (neste caso, protótipos em tecido com elastano para o
ajuste da modelagem) e os resultados são considerados aplicáveis para o universo da pesquisa.
Outro procedimento é a pesquisa de campo, utilizada a fim de adquirir informações sobre
determinado problema para o qual se busca uma resposta, ou a comprovação de uma hipótese.
Nesse caso, o objetivo é coletar informações sobre a graduação dos detalhes das calças jeans
(bolsos e braguilha) através da medição de produtos de algumas marcas, uma vez que há
carência de material bibliográfico sobre o assunto. Já quanto à abordagem na análise dos
dados, a pesquisa é definida como qualitativa, pois não utiliza dados estatísticos como centro
da pesquisa (como é o caso da quantitativa), mas sim, a descrição dos dados coletados
retratando elementos existentes na realidade estudada.
1 SURGIMENTO DA CALÇA JEANS E TIPOS DE MODELAGENS
Como já citado anteriormente, esta pesquisa busca a adaptação da modelagem básica
da calça feminina em tecido plano para tecido com elastano e o resultado final será a
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confecção de uma calça modelo jeans. Assim, para a melhor compreensão dos fatos é
importante partir de um breve histórico referente ao surgimento da calça jeans e os tipos de
modelagens disponíveis no mercado.
Lv (2007, tradução nossa) revela que a primeira calça jeans foi desenvolvida por Levi
Strauss que ficou universalmente conhecido como o inventor do jeans. No auge da febre do
ouro, em 1853, Levi Strauss abriu sua primeira empresa em São Francisco, pois os
mineradores reclamavam que as calças de algodão rasgavam com muita facilidade e o ouro
guardado nos bolsos se espalhava quando estes “se desmanchavam totalmente”. Diante disso,
Strauss decidiu desenvolver calças mais resistentes da lona que havia trazido para vender
como lona de barraca, o que deixou os mineradores muito satisfeitos, já que as calças eram
mais resistentes. Embora alguns digam que Strauss inovou as calças para dar utilidade à lona
que não estava vendendo, estas tiveram êxito (Lv, 2007, p. 15, tradução nossa). A Figura 1
mostra os mineradores vestindo as calças de lona desenvolvidas por Strauss.
Figura 1 – Mineradores vestindo calças desenvolvidas por Levi Strauss
Fonte: LV (2007, p. 22).
Além disso, Lv (2007, tradução nossa) comenta que um alfaiate, chamado Jacob
Davis, de uma pequena loja em Nevada para o qual Levi Strauss fornecia tecidos, teve uma
grande colaboração no surgimento do jeans. Barros (1998 apud GUERREZI, 2008) confirma
esse fato ao afirmar que a ideia de desenvolver uma calça resistente para os mineradores
americanos partiu de Jacob Davis, que ao reforçá-la com rebites e botões de metal fez surgir a
calça jeans.
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Segundo Lv (2007, tradução nossa), há duas versões dessa história. Uma delas conta
que em 1860, um mineiro do acampamento de Comstock em Nevada comentou com Davis
(seu alfaiate) que as calças que usava para trabalhar nas minas de ouro sempre rasgavam. Já a
outra relata que em 1870, uma vizinha de Davis encomendou para seu marido lenhador, uma
calça mais durável. Assim, em ambas as histórias “Davis teve a ideia de reforçar os cantos dos
bolsos com rebites de cobre, que muitas vezes eram usados para fazer selas, para torná-los
mais resistentes”. (LV, 2007, p.16, tradução nossa). O autor acrescenta que em 5 de julho de
1872, Davis enviou a Strauss juntamente com uma carta, duas amostras de calças sendo uma
confeccionada em algodão branco e a outra em denim azul. Na carta ele revelava ser o
inventor das calças rebitadas, além de recomendar que a empresa dividisse a patente com ele,
fato que é também mencionado por Guerrezi (2008), afirmando que com o crescimento do
negócio surgiu a necessidade de patenteá-lo. No entanto, o fato de Davis não possuir capital,
fez com que Levi Strauss patenteasse o modelo e fornecesse os tecidos em troca de 50% dos
lucros, surgindo assim, a marca Levi´s.
Porém, o fato de se ter como prova somente “a carta de Davis e o registro de patente
para as calças rebitadas que foi concedido em 1873” (LV, 2007, p. 25, tradução nossa), deixa
dúvidas quanto a real história do nascimento do jeans, mas sabe-se que esta inicia em 1876
juntamente com o início da produção das calças rebitadas.
Acredita-se que o nome “jeans” vem de um tipo de calças reistentes chamadas de
genovês ou genes, que eram uniformes dos marinheiros da cidade portuária italiana
de Gênova. De um ponto de vista etimológico, “jean” vem da palavra italiana, “ da
genova”. Outros especialistas que realizaram estudos adicionais da palavra,
declararam que se trata da ortografia americana da palavra Genois, que se refere a
um tipo de lona. Desde o final do século XIX tem sido usado como sinônimo de
roupa de trabalho (LV, 2007, p. 26, tradução nossa).
O autor conta que Strauss se incomodava com o fato de inicialmente as calças
rebitadas serem produzidas com uma lona muito grossa, dura e desconfortável. Portanto, mais
tarde passou a confeccioná-las em sarja, um tecido azul resistente e suave vendido no
mercado europeu e fabricado em Nimes na França. Guerrezi (2008) corrobora ao afirmar que
por isso, o tecido é chamado de Sarja de Nimes, nome que foi abreviado para “denim” por ser
de difícil pronúncia para os ingleses. Lv (2007, p. 30, tradução nossa) conta que:
O brim ou jeans é um tecido de denim de algodão que é tingido em índigo com um
corante natural de origem vegetal. A tela tecida é composta por fios de urdidura
tecidos, os fios longitudinais, e fios de trama simples, os fios horizontais. Como o
índigo só podia ser tingido na superfície do fio, com o tempo e o uso, a cor ia
perdendo a intensidade. Isso fez com que aparecesse uma descoloração e uma
abrasão irregulares, dando ao tecido um estilo único.
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Já o zíper foi inventado por Whitcomb Judson em 1893 e somente em 1926 a Lee
criou a primeira calça com zíper. “As calças jeans dos homens eram abotoadas na frente
enquanto as das mulheres tinham zíper de um lado, pois era o único lugar que se considerava
aceitável” (LV, 2007, p. 40, tradução nossa). No entanto, 50 anos depois, a Lee Cooper
passou a colocar o zíper da calça feminina na parte da frente como é colocado atualmente. A
Figura 2 mostra algumas calças da época.
Figura 2– Primeiras calças com zíper
Fonte: LV (2007, p. 44)
O autor complementa que o governo federal americano escolheu a calça jeans (União
Lee) como uniforme dos soldados durante a Primeira Guerra Mundial, inclusive para as
mulheres do exército, o que tornou as calças jeans (principalmente as femininas) mais
populares após a Guerra.
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Durante a década de 1930, por causa da Grande Depressão4 os americanos passavam
as férias no Oeste Americano, já que não tinham mais condições de desfrutar das férias de
luxo na Europa. Assim diz Lv (2007, p. 42, tradução nossa):
Pouco a pouco as belas planícies do oeste Americano e os belos cowboys de jeans
que viam nos filmes foram virando atração. Os turistas também usavam calças jeans
como lembrança de sua estadia no Oeste Americano. Ao mesmo tempo, as populares
competições de equitação, também contribuiram para sua aceitação. Os
consumidores de toda a América passaram a utilizar as calças jeans como roupa
casual.
O jeans feminino foi anunciado pela primeira vez na revista americana Vogue em
maio de 1935 pela marca Levi´s com o objetivo de priorizar a estética. A partir desse
momento, a calça jeans passou a ser vista não somente como uma roupa de trabalho
resistente, mas também como uma peça “moderna e encantadora”, que passou a ser integrada
no cotidiano dos americanos como um artigo de moda (LV, 2007, p. 42, tradução nossa).
Nesse sentido, Martins (2009) destaca que, embora tenha sido tratada primeiramente
como uma peça para o trabalho, o jeans se tornou uma peça acessível e popularizada por
ícones da juventude como Marlon Brando e Elvis Presley. Catoira (2006) afirma que o jeans
não é uma peça que foi imposta à sociedade, mas sim escolhida pelos jovens, tendo um
significado próprio. Ou seja, afirma que para Valerie Steele e Ana Martinez, o jeans é o
“dispositivo da sedução-expressão” por ter se transformado “numa manifestação da cultura
individualista fundamentada no culto ao corpo e a busca de uma sensualidade teatralizada,
com ressonâncias de aspectos sexuais” (CATOIRA, 2006, p. 53). Assim, da contracultura a
peça passou a ser um produto de sucesso de grandes marcas. Hoje em dia, as calças jeans
podem ser uma peça básica, de moda, ou uma afirmação de status em dependendo da
necessidade e ocasião de uso da peça.
Atualmente existem diversos modelos de calças jeans, e para exemplificá-los, optou-se
por utilizar a marca Damyller como referência em função de apresentar, no seu site,
informações sobre os modelos que produz e ilustra com imagens. Os modelos de calça jeans
produzidos pela marca Damyller (2017) são apresentados no Quadro 1 juntamente com a
descrição.
4 Quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
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Quadro 1– Modelagens de calças Jeans femininas Damyller
Flare: inspirada nos
anos 1970 tem a boca
larga abrindo a partir
do joelho.
Boot cut: muito
semelhante à calça flare,
no entanto, com uma
barra menor. E segundo
Use Fashion (2017),
recebe esse nome
porque pode comportar
uma bota por baixo da
barra.
Cropped: calça mais
curta (acima do
tornozelo).
Cigarrete: calça bem
ajustada ao corpo com
comprimento até o
tornozelo, levemente
mais curta que a skinny.
Skinny: calça ajustada
ao corpo, semelhante à
cigarrete, no entanto
mais longa.
Jegging: calça muito
colada ao corpo,
vestindo como uma
legging e por isso possui
um percentual maior de
elastano.
Capri: modelo justo
que vai até a altura da
panturrilha.
Reta: calça reta a partir
do joelho, que não marca
o tornozelo.
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Jogger: calça modelo
esportivo, mais solta no
quadril sendo regulada
com amarração e mais
ajustada na barra.
Boyfriend: modelagem
solta, semelhante à calça
masculina.
Pantacourt: trata-se de uma pantalona curta, na
altura da panturrilha.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
O Quadro 1 mostra as variações nas modelagens, a partir dela verifica-se que alguns
modelos são muito parecidos diferenciando-se apenas em um pequeno detalhe. A Damyller
apresenta os modelos de calças que produz atualmente seguindo as tendências de moda, sendo
estes, os principais modelos em jeans, no entanto, no site Use Fashion (2017) além destes, o
glossário de moda apresenta outras denominações de calças tais como: bag, cargo, cenoura,
cullote, five pockets (jeans tradicional de cinco bolsos, criado por Levi Strauss), fuso,
montaria, odalisca e pantalona. Essa pesquisa será útil para a escolha do modelo a ser
produzido como resultado final deste trabalho, que será uma calça reta. Assim apresentados os
fatos históricos e os principais tipos de modelagens de calças jeans femininas disponíveis no
mercado atual, parte-se para o estudo das etapas do processo produtivo que envolve a
modelagem, prototipagem e graduação.
2 MODELAGEM E PROTOTIPAGEM DE VESTUÁRIO
O desenvolvimento do vestuário envolve diversas etapas desde a criação do produto
até a produção do mesmo, seja em pequena ou grande escala e, dentre elas, está a modelagem.
Jones (2005 apud MENEZES; SPAINE, 2010, p. 2) define a modelagem como uma técnica
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que atende às “necessidades de conforto, durabilidade e funcionalidade do produto”, a qual
resulta em moldes com as “formas e medidas do corpo humano” de acordo com o modelo
criado e proposto pelo designer. Saltzman (2004, p. 85 apud MARIANO, 2010, p. 8)
complementa essa definição salientando que:
O design da vestimenta compreende uma série de passos de natureza construtiva. O
usual é que o desenho seja traduzido ao plano (processo que conhecemos como
modelagem), para logo riscar o tecido, cortá-lo e unir as partes que configuram o
volume. A modelagem é um processo de abstração que implica traduzir as formas do
corpo aos termos de uma superfície têxtil. Esta instância requer colocar em relação
um esquema tridimensional, como o corpo, com um bidimensional, como o tecido.
Para Heinrich (2005), a modelagem consiste na compreensão do funcionamento do
corpo humano, sua anatomia e biomecânica, além da movimentação dos músculos e
articulações. Menezes e Spaine (2010, p. 2) destacam que “a modelagem consiste numa
atividade voltada para a planificação da roupa a fim de viabilizar a produção em escala
industrial”. De acordo com Osório (2007, p. 17) “a arte de modelar roupas femininas faz parte
do processo de construção de blocos geométricos anatômicos que têm como objetivo
reproduzir, no tecido, a forma do corpo considerando a estrutura do tipo físico feminino”.
Já para Borbas e Bruscagim (2007, p. 156) “a modelagem é uma arte de medidas
proporcionais”. As autoras comentam que para a modelagem atender às necessidades dos
consumidores, não basta que o modelista conheça apenas as medidas corporais, são
necessárias noções de ergonomia, que segundo Couto (1995 apud SILVEIRA; SILVA, 2008,
p. 4) é “um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e
produtiva entre o ser humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar as condições de
trabalho às características do ser humano”. Para Silveira (2008, p. 25) “a ergonomia num
sentido mais amplo estuda os critérios necessários para adaptar o ambiente e os produtos às