Tiragem: 45684 País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Informação Geral Pág: 4 Cores: Cor Área: 26,53 x 30,41 cm² Corte: 1 de 6 ID: 48361512 22-06-2013 | Fugas A região Oriental de Marrocos quer mostrar que tem vida para cá e para lá de Saidia. Para ocidente e para sul. Para as falésias e para os oásis. Especial Verão Marrocos Oriental As enseadas e as curvas escondem as Três Forcas do resto do mundo N o cabo das Três Forcas, os soldados fazem guar- da ao farol, ao mar azul que o cerca e ao sol do meio-dia. A visita de es- trangeiros interrompe-lhes a rotina e os binóculos de tripé para vigiar o mar transformam-se em miradou- ro improvisado. Não há barcos ou aviões suspeitos, só um bote e nele três pescadores a lançarem a rede. As enseadas e as curvas escondem as Três Forcas e o seu imenso azul do resto do mundo, que fica logo ali, do lado de lá do mar. Mas o recanto da costa sul do Mediterrâneo, pon- ta nordeste de Marrocos, consegue resguardar-se dele. A cento e poucos quilómetros dali, as famílias de Berkane e arredo- res vão em programa domingueiro até às montanhas Beni Snassen e à gruta do Camelo, uma rotina rara- mente partilhada por estrangeiros. As tendas de pasto multiplicam-se, fazem-se guisados e grelhados de borrego ou cabra, o ar enche-se de fumo e poeira dos carros que passam, monta-se um mercado de montanha onde se vende de tudo, incluindo garrafões de plástico com gasóleo de contrabando vindo da vizinha Argélia. E rodas de gente seguem a reggada, dança que os guerreiros da tribo dançavam de- pois da guerra ganha. Nesta dança, mandam os músicos que marcam o ritmo, a sequência de saltos que o dançarino voluntário tem de adi- vinhar e pagou para isso. Se acerta, seguro e ágil, recebe palmas; se não, esquecem-no e venha o próximo, 20 dirhams por dança. Quem viaja de Verão até à estância balnear mais oriental de Marrocos é garantido que vai de avião até Oujda, faz uns 60 quilómetros de carro e instala-se em Saidia, com um pé na piscina e outro no mar. E é quase certo que não vai ao cabo das Três Forcas nem às montanhas Beni Snassen, duas paragens que fazem parte do cartão-de-visita Lurdes Ferreira (texto) e Rui Gaudêncio ( fotos)
Especial verão: Marrocos oriental - in Público Fugas, 2013-06-22
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A região Oriental de Marrocos quer mostrar que tem vida para cá e para lá de Saidia. Para ocidente e para sul. Para as falésias e para os oásis.
Especial VerãoMarrocos Oriental
As enseadas e as curvas escondem as Três Forcas do resto do mundo
No cabo das
Três Forcas, os soldados fazem guar-
da ao farol, ao mar azul que o cerca
e ao sol do meio-dia. A visita de es-
trangeiros interrompe-lhes a rotina
e os binóculos de tripé para vigiar
o mar transformam-se em miradou-
ro improvisado. Não há barcos ou
aviões suspeitos, só um bote e nele
três pescadores a lançarem a rede.
As enseadas e as curvas escondem
as Três Forcas e o seu imenso azul
do resto do mundo, que fi ca logo ali,
do lado de lá do mar. Mas o recanto
da costa sul do Mediterrâneo, pon-
ta nordeste de Marrocos, consegue
resguardar-se dele.
A cento e poucos quilómetros
dali, as famílias de Berkane e arredo-
res vão em programa domingueiro
até às montanhas Beni Snassen e à
gruta do Camelo, uma rotina rara-
mente partilhada por estrangeiros.
As tendas de pasto multiplicam-se,
fazem-se guisados e grelhados de
borrego ou cabra, o ar enche-se
de fumo e poeira dos carros que
passam, monta-se um mercado de
montanha onde se vende de tudo,
incluindo garrafões de plástico com
gasóleo de contrabando vindo da
vizinha Argélia. E rodas de gente
seguem a reggada, dança que os
guerreiros da tribo dançavam de-
pois da guerra ganha. Nesta dança,
mandam os músicos que marcam
o ritmo, a sequência de saltos que
o dançarino voluntário tem de adi-
vinhar e pagou para isso. Se acerta,
seguro e ágil, recebe palmas; se não,
esquecem-no e venha o próximo, 20
dirhams por dança.
Quem viaja de Verão até à estância
balnear mais oriental de Marrocos
é garantido que vai de avião até
Oujda, faz uns 60 quilómetros de
carro e instala-se em Saidia, com
um pé na piscina e outro no mar. E
é quase certo que não vai ao cabo
das Três Forcas nem às montanhas
Beni Snassen, duas paragens que
fazem parte do cartão-de-visita
Lurdes Ferreira (texto) e Rui Gaudêncio ( fotos)
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A zona oriental de Marrocos é muito mais do que Saidia. São pequenas aldeias perdidas, grutas, lagoas, cidades tradicionais. Mas, claro, também há mar
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Área: 26,11 x 30,34 cm²
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Especial VerãoMarrocos Oriental
de uma região ainda por explorar e
que os responsáveis pelo turismo de
Marrocos querem colocar no mapa
– toda a costa nordestina e o interior
para sul até ao grande oásis de Fi-
guig. Procuram mais turistas e novos
mercados disponíveis para conhecer
a região Oriental que existe para cá
e para lá da praia de Saidia.
Hoje, 30 a 40% dos turistas es-
trangeiros são famílias portugue-
sas, não havendo outro grupo tão
dominante, segundo o director do
maior resort de Saidia, o Oriental Bay
Beach. Por isso, o que se passa em
Saidia interessará aos portugueses e
o que se passa com os portugueses
interessará a Saidia. Com o Verão
a começar, os planos marroquinos
serão testados e os turistas portu-
gueses, pelo seu peso, contribuirão
em muito para o resultado.
Os pacotes de férias dos operado-
res nacionais para esta temporada
de Saidia conservam a oferta do sol
e praia essencialmente destinada a
famílias com crianças, uma receita
com sucesso nos anos anteriores, e
com preços que se mantêm baixos
face à média dos destinos potencial-
mente concorrentes.
A combinação entre preços e rapi-
dez de transporte explicará a razão
pela qual os portugueses escolhem
Saidia, a “pérola azul de Marrocos”
das brochuras turísticas. Gerardo
Fernandez, director do Oriental
Bay Beach, o resort de 10 hectares
de Saidia - Iberostar Saidia, Be Live
Grand Saidia, além do Oriental Bay
Beach -, todos sobranceiros ao mar,
com um total de 1600 quartos. A li-
nha de praia impõe-se à volta deles,
apesar do campo de golfe, das pisci-
nas, dos campos de ténis, do campo
de tiro e de uma ciclovia acabada de
fazer em Maio. O que Saidia tem so-
bretudo para oferecer fi ca do outro
lado da rua: uma praia com 14 qui-
lómetros de extensão, um mar raso
por causa de um grande banco de
areia, uma água azul com temperatu-
de área junto à praia, admite que
os portugueses têm o que falta para
captar turistas de outros mercados,
como Reino Unido, Alemanha e Es-
candinávia. “Têm voos [directos]”,
frisa. Em vez dos mercados ricos do
norte, provavelmente ainda descon-
fi ados com os efeitos das primaveras
árabes e com a agitação que voltou
à Turquia, por exemplo, Saidia vai
recebendo outros turitstas: checos,
belgas, espanhóis e marroquinos.
Os operadores portugueses tra-
balham com os três hotéis de topo
ra mediterrânica, uma marina com
mais de 800 amarrações e o jet-ski
como desporto aquático de eleição
dos turistas e, ao que contam, do rei.
Mediterrânica é também a areia,
fi na e mais escura que a da costa por-
tuguesa. Totalmente aberta a norte,
com a cordilheira montanhosa do
Rif a sul, Saidia tem dias de vento,
com sopro morno a quente medi-
terrânico, distante do bafo saariano.
Gerardo Fernandez declara que
este é um Verão de teste para a re-
gião e que “o futuro tem que se o
ganhar”, captando segmentos que
procurem mais do que sol e praia.
Acredita que o potencial de Saidia,
baseado na “nobreza de uma praia
virgem” e numa “mão-de-obra amá-
vel”, precisa de uma oferta comple-
mentar ao turismo de família, sol e
praia, que explore os recursos natu-
rais e históricos da região.
Para lá dos muros dos hotéis e da
praia, Marrocos é outra história. A
região Oriental tem sempre um rio
chamado Kiss a separá-la da Argélia,
vizinha natural em toda a linha para
sul a pouco mais de cinco quilóme-
tros de distância. As montanhas ar-
gelinas vêem-se de qualquer ponto
de Saidia e a vida transfronteiriça
decorre pacatamente, apesar das
fronteiras fechadas há 15 anos. Diz
o povo de Saidia e Oujda que as
fronteiras são uma “coisa política”,
fora do mundo das “pessoas” que
continuam a atravessá-las para os
casamentos transfronteiriços, para a
celebração dos dias de festa comuns
e para o contrabando de tachos de
alumínio, gasóleo, gasolina e cigar-
ros. Do lado de cá, o combustível fi ca
por metade do preço, mas ouve-se
logo o conselho de que não seja utili-
zado em carros de boa cilindrada ou
novos, “como os dos emigrantes”,
porque é de menor qualidade e os
motores acabam sempre por avariar.
Queixas velhasAinda circula na região um velho
mas útil guia turístico de 1994 sobre
o Oriental marroquino, que se quei-
xa do “lugar bastante pobre” que a
literatura turística consagra à região
de mar, planaltos, planícies, muita
terra fértil e deserto, cujo maior
oásis é Figuig. Era assim há quase
20 anos e hoje não está muito lon-
ge disso. Fora das rotas das cidades
imperiais do reino e de circuitos “fa-
cilmente acessíveis a partir das gran-
des cidades”, o dilema do Oriental
é fazer valer os “méritos” de Oujda,
Nador ou Figuig em concorrência
com Marraquexe ou Fez. E aí entram
os trunfos dos recursos naturais da
região que os quer usar como desti-
no de evasão: as praias mais vastas
de Marrocos, as enseadas que se
multiplicam especialmente à volta
do cabo das Três Forcas, algumas
delas de acesso apenas pelo mar,
as montanhas e os oásis e dunas.
Para os visitar, é preciso atravessar
as três grandes cidades da região
A linha de praia impõe-se à volta dos hotéis de Saidia, apesar do campo de golfe, das piscinas, dos campos de ténis, do campo de tiro e de uma ciclovia acabada de fazer em Maio
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Âmbito: Informação Geral
Pág: 8
Cores: Cor
Área: 27,31 x 31,12 cm²
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Especial VerãoMarrocos Oriental
e tudo à distância de uma centena
de quilómetros, a partir de Saidia,
descobrindo a única região do país
a gozar de uma identidade tão medi-
terrânica quanto saariana, assegura
o velho guia.
Em Oujda, que se reclama capital
do Magrebe árabe e capital econó-
mica do Oriental marroquino, con-
serva-se a medina de uma cidade
com mais de um milénio de histó-
ria, orgulhosa de ter tido a primeira
escola moderna do país em 1907 e
descobre-se um mercado vivo mas
sem o regateio, amado ou odiado,
dos vendedores.
Pelas ruas da medina, uma padaria
comunitária faz biscoitos com cane-
la, os ghribia, e alinha no forno o pão
que cada família traz para cozer. Os
rapazes que já não vão à escolar pa-
rece que brincam na rua com fi os
coloridos de seda, usam as paredes
exteriores das casas para esticar
dezenas de metros de fi os fi nos ace-
tinados e enrolam-nos. Os tubos de
cana dos fi os espalham-se pelo chão
e descobre-se que não é brincadeira,
é trabalho, embora artesanal, de en-
chimento dos cordões que debruam
as djellaba. Os rapazes enrolam os
fi os e as mulheres ajudam a costurar
em casa. Desde o primeiro fi o até ao
último ponto de uma djellaba vão 15
dias a um mês.
Berkane, considerada a segunda
grande cidade da província, é o cru-
zamento por onde passa praticamen-
te toda a produção agrícola da região.
É famosa pelas suas clementinas, o
que deu origem a um festival anual
da clementina. A pouco mais de uma
dezena de quilómetros, as monta-
nhas Beni Snassen oferecem pontos
de passeio e escalada, para além da
gruta do Camelo, cujo nome deriva
da semelhança do seu recorte com
um dromedário, mas por agora fe-
chada. A gruta vale ainda assim uma
visita, sobretudo ao domingo: a pe-
quena piscina de água nascente cava-
da na rocha à entrada junta dezenas
de pessoas, entre as que saltam e as
que assistem. E os jovens tremem de
frio quando de lá saem, mesmo que
o sol brilhe.
Voltando em direcção a norte,
depois do Cabo da Água e das Ilhas
Chafarinas, os olhos param em Mar
Chica e na lagoa de 75 quilómetros
quadrados. Nos velhos guias, Mar
Chica (pequeno mar em espanhol)
ou Lagoa de Nador chamava-se Se-
pela força da barragem Mohamed V
e pelos rios mais pequenos (oued)
que atravessam a região até ao alto
Atlas, ao clima semidesértico e a um
dos maiores oásis do país, com re-
ferências históricas que vêm desde
3000 a.C. Nos confi ns de Marrocos
Oriental, a cidade-oásis de Figuig a
bkha Bou Arg. É para lá que está
apontada a segunda fase de expan-
são do plano de desenvolvimento
turístico da província Oriental, a
seguir a Saidia, depois da despo-
luição das águas e da construção
de um projecto turístico com mais
um campo de golfe. Há quem diga
que Mar Chica é ainda hoje a mais
bela baía do Mediterrâneo. Dali até
ao cabo das Três Forcas, passando
por Melilla, a distância é curta, mas
a estrada piora e a irregularidade
do piso e as falésias requerem uma
condução mais lenta.
Para esquecer o mar, é preciso vi-
rar a sul. São quilómetros de planí-
cies e planaltos, parte deles irrigados
900 metros de altitude, ampara-se à
sombra de palmeiras e do que resta
de velhos castelos (ksars).
E por entre lagoas, enseadas e cas-
telos, esquece-se a crise? Não total-
mente, embora Marrocos mantenha
a sua Visão 2020 de ser um dos 20
maiores destinos turísticos do mun-
do e duplicar as receitas do turismo,
incluindo a região Oriental no plano.
Sinais da crise vêem-se sobretudo
à volta de Saidia, estrada fora, nos
aldeamentos parados no tempo,
com construção inacabada ou fe-
chados à espera de dono.
O futuro da estância balnear foi
desenhado no pico de uma euforia
fi nanceira mundial que não contava
com a sua derrocada. As sociedades
imobiliárias espanholas apareceram
nessa vaga de euforia e construíram
milhares de apartamentos de pri-
meiro e segundo andar à espera de
lucros rápidos. Como o dinheiro que
se multiplicava estancou e as em-
presas ruíram, o património fi cou
sem destino. O reino de Mohamed
VI tenta agora acabar as obras inter-
rompidas, através das suas próprias
sociedades de desenvolvimento, en-
contrar compradores e tratar o as-
sunto como um contratempo que a
febre do dinheiro levou do Ocidente
para Oriente, até ao Oriental.
A Fugas viajou a convite do Turismo
de Marrocos
Perto de Saidia está a única região do país a gozar de uma identidade tão mediterrânica quanto saariana
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Guia prático
Saidia
Oujda
ARGÉLIA
ESPANHA
Casablanca
MARROCOS
QUANDO IR
O aeroporto de chegada é Oujda, seja o voo directo ou com escala. A ligação de autocarro de Oujda para Saidia está incluída nos pacotes para Saidia. Fora do Verão, o hotel de destino pode ajudar a resolver o serviço.
Os guias locais são uma possibilidade para as excursões, com aluguer de transporte local e prévia negociação de preço. A outra alternativa é pedir o serviço ao balcão do hotel, desde uma viagem mais privada, e por isso também mais cara, ao aluguer de mini-autocarros para grupos de 15 pessoas com serviços de agências locais e até de uma associação especializada cujas receitas revertem para acções de alfabetização da comunidade. Um passeio de um dia num grupo pode rondar os 50 euros por pessoa. Qualquer que seja a opção, tratam-se de serviços em que a economia local é principiante, em contraste com o tipo de turismo em que aposta.
Para opções de férias fora de Saidia é preciso procurar alternativas como o aluguer de carro ou a negociação com um motorista local. Se preferir jogar mais pelo seguro, peça referências no hotel. A oferta turística da região está ainda pouco treinada para responder a férias fora da época alta e fora dos locais mais frequentados. Para muitos, esse é um motivo de atracção.
A estação do ano mais procurada é o Verão, por causa da praia e de esta ser o principal produto turístico da região, mas isso não é lei. A região Oriental vai desde o norte com clima mediterrânico ao sul pré-saariano, desde a imensa costa mediterrânica ao oásis de Figuig, desde a fronteira da Argélia à cordilheira central do Rif, uma diversidade climática e de paisagem apelativa.
COMO IR
Há dois modos de ir, no Verão e fora do Verão. A diferença entre eles mede-se em número de horas gastas em viagem. De Verão, demora cerca de duas horas a chegar de Lisboa ou Porto até ao aeroporto de Oujda, em linha directa. No resto do ano, demora cerca de oito horas, saindo de Portugal com escala em Casablanca e depois Oujda.
Os dois voos directos semanais para Oujda, um de Lisboa e outro do Porto, recomeçaram no passado dia 12 de Junho e vão até 18 de Setembro, com charters operados pela Abreu, Viajartours e Soltrópico. Com os voos directos, a distância até à estância balnear mais oriental de Marrocos reduz-se de oito horas para hora e meia e evita a escala em Casablanca. Os preços para uma estadia de oito dias/sete noites com tudo incluído, nos três resorts de topo, começam nos 580 euros por pessoa e vão até aos 1200 euros, consoante o tipo de alojamento.
RECUPERAR O ORIENTAL
Dos três grandes hotéis de Saidia, que com a marina e o golfe compõem o coração da estância balnear mediterrânica, a grande expectativa deste Verão vai para a recuperação de imagem do Oriental Bay Beach. A gestão torna-se um desafio quando se tem 10 hectares de serviços, onde se localizam três blocos de três pisos (rés-do-chão a segundo andar) com 614 apartamentos, um campo de golfe, um segundo em construção, piscinas, restaurantes temáticos, um teatro, um clube infantil, um SPA e um cabaret.
O resort, que começou por ter propriedade marroquina e gestão concessionada a um grupo espanhol, é hoje integralmente marroquino. Há um ano, contratou o espanhol Gerardo Fernandez com a meta de elevar a qualidade de serviço do Oriental Bay Beach e dos seus 300 trabalhadores na época alta, cerca de 80 na baixa. As mudanças deram-se sobretudo ao nível da formação profissional, embora seja um tema difícil de resolver. Numa região rural, o novo sector do turismo tem de formar a mão-de-obra de que precisa e esperar que depois do Verão ela não fuja para Casablanca.
Alguns passos parecem já ganhos, na organização, na qualidade do serviço e da alimentação. Na penúltima semana de Maio, por altura de uma visita de jornalistas portugueses, os restaurantes do hotel tinham uma oferta variada, fresca, por vezes requintada, e um atendimento amável.
Os outros dois grandes hotéis de Saidia diversificam em termos de comando. Ou têm propriedade marroquina e gestão concessionada a um grupo espanhol ou são totalmente espanhóis. Os próximos projectos pelos quais Saidia espera são dois hotéis de propriedade marroquina e de gestão concessionada aos grupos Pestana e Pierre & Vacances.
ONDE DORMIR E COMER
A oferta de qualidade está concentrada em Saidia (Be Live, Iberostar e Oriental Bay Beach) e em Oujda (Atlas Terminus e Atlas Orient), a preços acessíveis. Para o interior, os alojamentos são mais modestos, mas encontram-se locais acolhedores. Os domingos nas montanhas Beni Snassen são uma boa proposta para almoço e para conhecer os hábitos locais. O prato típico que as tendas e restaurantes da zona oferecem e que as famílias de Berkane procuram é o cabrito e borrego.
Veja a fotogaleria de Rui Gaudêncio em fugas.publico.pt