UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UnUCET - Anápolis
ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II
ESPAÇO SINÁPTICO
Uma proposta para o vazio urbano
Kamila de Paula Morais
ANÁPOLIS
2012/1
Orientadora: Profª Ms. Sandra Catherine Pantaleão
SumárioSumárioSumário
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SumárioSumário
RESUMO
INTRODUÇÃO
APRESENTAÇÃO TEÓRICA
GOIÂNIA E APARECIDA: HISTÓRICO DA CONURBAÇÃO
REGIÃO CONURBADA: SUL DE GOIÂNIA, NORTE DA APARECIDA
ESTUDO DA ÁREA
REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Parque Spoor Noord, Bernardo Secchi e Paola Viganò
Edifício Linked Hybrid, Steven Holl arquitetos
Parque De La Villette, Bernard Tschumi
CONCEITO: A REALIDADE URBANA COMO PARTIDO PROJETUAL
PROGRAMA
PROPOSTA PROJETUAL
MEMORIAL JUSTIFICATIVO - A ESCALA PEQUENA
REFERÊNCIAS
ANEXOS
01
02
03
05
11
15
25
31
34
35
38
29
27
25
41
ResumoResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumo
ResumoResumo Resumo
Trabalho de conclusão de curso com ênfase ao projeto urbano que visa intervir
numa área vazia há quase 30 anos. Desenvolve-se aqui um estudo analítico e um
pré-projeto de um Parque localizado nos setores Faiçalville, em Goiânia e no
Conjunto Santa Fé, em Aparecida, onde seu entorno é caracterizado por vários
elementos urbanos contemporâneos, como shopping, condomínios horizontais
fechados, hipermercados e subcentros, resultando num espaço fragmentado.
Uma intervenção com bases teóricas no estudo da periferização de ambas as
cidades e no processo de concentração e dispersão das cidades, levantadas por
Secchi (2009). Um projeto orientado a partir do estudo da realidade urbana atual
da Região Metropolitana de Goiânia, com intuito de trazer às três escalas – grande,
média e pequena – o sentido de conjunto e harmonia, articulando estes
fragmentos urbanos. O que se refere metaforicamente a um Espaço Sináptico,
lugar de comunicação entre um neurônio e outro no sistema nervoso do cérebro,
nessas cidades, busca comunicar e interagir estes elementos urbanos isolados e
segregados através de uma intervenção baseada na renovatio urbis, o qual se
apresenta aqui de maneira projetual como um Parque multifuncional destinado a
cultura, lazer, arte, música, dança e entretenimento.
Palavras-chave: Concentração e dispersão; Renovatio urbis; Parque urbano
1
IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
Setor Faiçalville
Jd. Atlântico
Pq. Amazônia
Vl. Brasília
Jds. Viena
Av. R
io V
erde
O vazio urbano nos suscita variados questionamentos. De quem é? Por
que não constrói? Será que é da Prefeitura? O que vão construir? E décadas se
passam e a imaginação toma conta do discurso social, como forma de apreender
o que está vazio. Eu que sou moradora da região Sudoeste da capital desde
quando nasci muito me intrigava (e intriga) aquela grande área ociosa ao lado do
SESC Faiçalville, em Goiânia. Eu, quanto ela, presenciamos a Avenida Rio Verde
se transformar de um lugar fim de mundo para o endereço de um dos maiores
shoppings da Região Metropolitana de Goiânia. Ela ainda está praticamente
imutável (e eu, nem tanto).
Portanto, são destes questionamentos que me surgiu a possibilidade de
intervir naquele vazio como forma de entender e dar significados pertinentes a
cidade. Visto que, um trabalho de arquitetura e urbanismo inicia-se
primeiramente pelo estudo aprofundado da relação entre lugar e cidade, o
percurso desse projeto foi primeiramente buscar ouvir o que o espaço urbano
pede para aquela área, o que ela é dentro da cidade. A partir deste ponto,
levantar os usos relevantes que vão caracterizar a cidade tanto pontualmente,
quanto em sua totalidade.
Sendo a área de intervenção localizada tanto em Goiânia como em
Aparecida de Goiânia, local originado a partir da conurbação de ambas as
cidades, o levantamento histórico tem como objetivo entender como elas se
encontraram fisicamente e se delimitaram pela Avenida Rio Verde, através de
um processo de periferização. Deste modo, as bases teóricas para essa análise
teve como Secchi (2009) um norteador para compreender a formação das
periferias nas cidades e Panerai (2006), para uma análise urbana física.
No decorrer da formação dessas cidades, a descentralização gerou
espaços segregados, fragmentos isolados e desarticulados com o restante da
malha. O que dificulta nas relações sociais, na mobilidade, na acessibilidade e na
permeabilidade da cidade. O Espaço Sináptico, lugar de comunicação entre um
neurônio e outro dentro do cérebro, dentro das cidades de Goiânia e Aparecida,
busca comunicar estes elementos urbanos isolados através de um equipamento
como um Parque multifuncional destinado a cultura, lazer, arte, música, dança e
entretenimento, que irá articular a região em três escalas: grande, média e
pequena. Será um lugar de trocas entre variados públicos de variados lugares,
dando um sentido de conjunto e harmonia. Intenção que será demonstrada nos
tópicos Conceito e Memorial
Google Earth ₢
IntroduçãoIntrodução IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução
St. Bueno
?
Pq. M
aca
mbira
-Anicuns
Pq. Cascavel
Buriti Shopping
2
Sul de Goiânia e Norte de AparecidaPerímetro: Av. Rio Verde
Google Earth, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011
Apresentação teóricaApresentação teórica
Analisar a cidade contemporânea requer uma visão mais cuidadosa de sua história. Requer
retomar suas origens e suas influências para que esse todo seja apreendido e que as ações dos
arquitetos não sejam tão pretensiosas ao ponto de definir, sem um estudo prévio, o que é mais
importante para cidade. Nesse sentido, a busca é entender como essa cidade hoje, tão complexa e
desordenada, funciona. Como ela se interage com seus diversos fluxos e sentidos acelerados,
movimentação de pessoas, idéias, coisas, informações e carros. Para isso, é necessário buscar
conceitos e teorias como base para análise do objeto de estudo, a área conurbada de Goiânia e
Aparecida de Goiânia, definida pela Avenida Rio Verde.
É importante entender que o estudo do crescimento urbano é estritamente importante para
compreender sua globalidade (PANERAI, 2006). Fato este que está implicitamente ligado à economia
e às atuações políticas para que a expansão territorial se justifique. Deve-se ter em mente, portanto,
que a cidade é um objeto dinâmico e o seu estado atual é transitório.
Secchi (2009) inicia essa retomada na história a partir do fim do séc. XIX, início do século XX, no
qual culminou em mudanças profundas no que se entendia por cidade. Esse novo tipo de cidade,
chamada Metrópole, caracterizada por milhões de habitantes, gerou uma angústia pela vastidão,
difícil de controlar e de compreender, dada a dispersão. A fácil mobilidade adquirida, principalmente,
pelo carro, dispersou e fragmentou a cidade. As pressões nas áreas centrais diminuíram e as periferias
se ampliaram, o que neste século produziu formas de ocupação que mudaram a fisionomia de
territórios inteiros, construindo novas geografias sociais, funcionais e simbólicas.
Houve duas seqüências históricas que cadenciaram essas mudanças: “a primeira é construída
sobre a experiência da concentração urbana progressiva, a segunda, sobre a da fragmentação e
dispersão da megalópole nos territórios de dimensões inimagináveis” (SECCHI, 2009, p. 34).
Os processos de concentração e dispersão da cidade geraram os primeiros indícios de
fragmentação urbana. A concentração demonstrava uma utilização mais intensa do espaço urbano.
Segundo Secchi (2009), a cidade se tornou o local de todas as transformações sociais, espaciais e
econômicas. Mas ao mesmo tempo em que integrava, excluía e segregava, abrindo espaço para novas
funções e relações espaciais. E o que não conseguia se integrar à multiformidade, acabava se
tornando um objeto desconectado.
Simultânea à paisagem de arranhas-céus e verticalidade urbana, com intensos níveis de
adensamento, era possível ver, também, como os limites dessas cidades se expandiam rapidamente.
O desenvolvimento da infraestrutura da mobilidade transformou de maneira agressiva a fisionomia
urbana facilitando a dispersão. Viadutos, trevos, autoestradas, anéis viários “alteraram os equilíbrios
tradicionais entre espaço construído e não construído, modificaram as relações espaciais entre os
edifícios, construindo uma nova e inquietante paisagem urbana” (SECCHI, 2009, p. 37).
Era a cidade assumindo as formas de uma cidade difusa, no século XX, vivenciada por diversas
Apresentação teóricaApresentação teóricaApresentação teóricaApresentação teórica Apresentação teórica
3
maneiras no ocidente, como as edge cities nos EUA (SECCHI, 2009). A paisagem era marcada por duas
imagens: a da verticalizada, em um espaço limitado, e da espraiada, implantada em vastos territórios.
A dispersão suscitou inquietações; foi interpretada na Europa com uma forma de degradação
da cidade moderna e das formas urbanas ou uma antecipação de uma forma diferente de habitar, o
que tornou seu estudo multidisciplinar. A dificuldade de encontrar um denominador comum que
explique este fenômeno “[...] mostra que o espaço da dispersão não é homogêneo e isótropo, mas
constituído de agrupamentos de elementos fragmentários entre os quais se torna importante
estabelecer novas relações” (SECCHI, 2009, p. 51).
A cidade difusa¹ tentou representar de forma concreta a dispersão de grupos sociais
conservadores dos próprios estilos de vida, e evidenciou as discrepâncias entre a riqueza e a pobreza.
Foi uma nova forma de habitar e de produzir o espaço, mas que percorreu histórias diferentes na
Europa, nos EUA e no Brasil. Apesar de serem fenômenos semelhantes, teve também aspectos e
dimensões distintos. Enquanto que na Europa, o processo de dispersão esteve presente na formação
de bairros abastados de pessoas que deixavam a cidade insalubre dentro das muralhas, no século XVII.
Nos EUA, esse processo se deu no século XIX, com a formação dos chamados subúrbios. Foi um
fenômeno motivado pelo american dream, o sonho de uma casa individual com jardim, dentro de
uma comunidade de vizinhos socialmente homogêneos, ou seja, brancos e pertencentes à classe
média. Já no Brasil, como em outros países subdesenvolvidos, a dispersão gerou a formação de
favelas, habitada por uma população pobre, e de condomínios fechados, os quais estavam presentes
no mundo todo a partir da segunda metade do século XX (SECCHI, 2009).
Assim, o crescimento da cidade, muitas vezes de forma desordenada, impõe processos de
configuração urbana, tais como a conurbação. Seja motivado pelo desejo de grupos sociais ou pela
segregação e exclusão social, os loteamentos desordenados invadem as regiões limites das cidades
atribuindo novas relações nas periferias. É nesse sentido que a discussão sobre Goiânia e Aparecida
de Goiânia se faz tão pertinente, tendo como objeto de estudo a região limítrofe das duas cidades,
4
Goiânia
Aparecida
Fig. 1 - Processo de descentralização de Goiânia e Intensificação da expansão ao sul
da capital - direção Aparecida. Acervo do autor, 2011
onde a malha de uma se esbarra com a outra, delineada pela
Avenida Rio Verde. Portanto, a análise se direcionará para a
história da conurbação de ambas as cidades com o objetivo de
descobrir quais são as funções e as relações que estão
envolvidas neste ponto de encontro.
Resumidamente, a capital, Goiânia, cresceu com a
configuração de uma cidade difusa, incentivada por
empreendedores imobiliários. Desde a década de 1960, foi
estimulada o crescimento da cidade para a direção sul – sentido
Aparecida de Goiânia. Esse potencial foi legitimado pelo Plano
Diretor de 1992 que já definia a partir de 1975, a fisionomia
urbana de Goiânia pela expansão vertical na região central, e de
____________________________________________
¹ Secchi (2009) conceitua ‘cidade difusa’ como sendo a representação da dispersão territorial de uma parte da sociedade, onde houve
uma nova forma de produção do espaço, fragmentado e segregado. Onde fez surgir ”novas constelações de operadores, novas relações entre eles e com o sistema político administrativo, novas instituições e procedimentos” (SECCHI, 2009, p. 53).
intensa horizontalidade na periferia, dilatando a cidade. Isso porque, houve um aumento da
população nessa década, chegando a mais de 380 mil habitantes, número alarmante para uma cidade
planejada para 50 mil, em 1933 (PLANO DIRETOR, 1992).
Com a descentralização do espaço urbano goianiense, a região sul foi a que mais se expandiu.
(Fig. 1) É nela onde os limites de Goiânia se encontraram com Aparecida de Goiânia. A valorização
dessa região desenvolveu novas centralidades, principalmente ao longo da Avenida Rio Verde (limite
entre as duas cidades), o que refletiu diretamente no espaço intra-urbano de Aparecida e suas
relações com Goiânia (PINTO, 2006).
Em Aparecida, o processo de dispersão também não foi diferente. Fruto do esprairamento
espacial de Goiânia, Aparecida teve sua configuração também de cidade difusa ou dispersa
caracterizada pela presença do carro. Entre as décadas de 1960 até 1990, a relação que a cidade
detinha com Goiânia era de “cidade dormitório”, sua população trabalhava e estudava na capital, pois
ainda não apresentava uma economia dinâmica (PINTO, 2006; OJIMA et. al., 2011). Processo que é
explicado a partir facilidade adquirida pela mobilidade, permitindo que as pessoas vivessem mais
distantes, como afirma Secchi (2009).
Nesse sentido, o limiar entre as duas cidades tornou-se campo propício para a especulação
imobiliária, entre os quais o Setor Faiçalville, Jd. Atlântico, Vila Rosa, Conj. Santa Fé, Bairro Cardoso I e
Jd. Helvécia, parcelados entre as décadas de 1960 e 1980, ainda estão em processo de consolidação e,
por isso, há grande concentração de vazios urbanos nestes bairros.
Goiânia e Aparecida: Histórico da ConurbaçãoGoiânia e Aparecida: Histórico da ConurbaçãoGoiânia e Aparecida: Histórico da Conurbação
Goiânia e Aparecida: Histórico da ConurbaçãoGoiânia e Aparecida: Histórico da Conurbação
Fig. 2 - Interligação entre os municípios (1920). Localização da futura capital Goiânia
em 1935 e seus limites na atualidade.Fonte: PINTO, 2009. Org.: Kamila Morais, 2011
Aparecida
Campinas
AnápolisGoyaz
St. Antônio dasGrimpas
(atual Hidrolândia)
Pouso Alto(atual Piracanjuba)
Para entender melhor a dinâmica entre essas cidades e
o processo de dispersão, tratada por Secchi (2009), que
resultou em conurbação, é necessário retomar a história de
evolução urbana de ambas cidades, para melhor
compreensão da região sul de Goiânia e região norte de
Aparecida, delineada pela Avenida Rio Verde, entre os bairros
Vila Brasília e Jd. Helvécia.
Pinto (2009) conta que Aparecida de Goiânia se
formou em 1922, às margens da antiga BR 14 (hoje, BR 153).
Neste local ergueu-se a Igreja Nossa Senhora Aparecida e
algumas casas dos citadinos. A sua localidade e as missões
religiosas incentivaram o comércio no local, pois servia como
parada entre a longínqua Pouso Alto (atual Piracanjuba) e
Campinas, de onde bifurcava para a capital Goyaz (a então,
Cidade de Goiás) e para Anápolis. (Fig.2)
5
Goiânia
BR
153
BR 060
Fig. 3 - Aparecida de Goiânia, entre 1922 a 1935 - BR 153 como linha de crescimento
Acervo do autor, 2011
Entre 1922 a 1935, Aparecida tinha Campinas como
referência. Nessa época seu crescimento ordenou-se pelo que
Panerai (2006) denomina de linha de crescimento. Para ele, o
crescimento urbano pode ser regulado por dois elementos: os
que organizam a expansão (linhas e pólos) e os que contêm a
expansão (barreiras e limites). A linha de crescimento tem o
papel de ordenar a expansão da malha urbana segundo uma
direção, podendo ser natural ou construído, fazendo parte de
uma trama de comunicação entre as cidades. A via de ligação BR
14 (atual BR 153) de onde Aparecida cresceu, pode se tornar
uma linha de crescimento quando inscrita na área urbana.
(Fig.3)
Com a implantação da nova capital de Goiás, em 1933, o
arraial de Aparecida foi incluso aos documentos e ao território
da nova Goiânia, mas seu desenvolvimento foi tímido durante
um período (PINTO, 2009)².
Segundo Panerai (2006), como um regulador do
crescimento urbano, o tipo pólo de crescimento é um elemento
organizador que dita o crescimento a partir de aglomerações e
“[...] está marcado no tecido urbano como um lugar singular,
um local de concentração que indica a acumulação histórica, o
valor comercial, carga simbólica” (PANERAI, 2006, p. 62).
Assim como Goiânia, projetada em 1933, possuía dois
centros distintos, ou dois pólos de crescimento: o centro
administrativo (os três eixos viários mais a pça. Cívica) e o centro
Fig. 4 - Goiânia em 1933 - Pólos, limites e linha de crescimento
Acervo do autor, 2011
Campinas (1810)Centro Comercial
Goiânia (1933)Centro Administrativo
comercial (Campinas)(RIBEIRO, 2004). Foi nos traços de Attílio Corrêa Lima que a cidade nasceu e
obteve uma organização espacial direcionada ao sentido norte.
Para Panerai (2006), o crescimento espacial da cidade pode acontecer de duas formas:
contínuo ou descontínuo. O crescimento descontínuo caracteriza-se pela ocupação espacial
espalhada, de onde vão surgindo várias aglomerações. A partir do momento em que Attílio integrou a
malha de Goiânia ao antigo município de Campinas, ditou para a nova Capital um crescimento
descontínuo gerado por dois pólos de crescimento. (Fig.4) Mas houve também, com o aparecimento
dos setores Sul e Oeste um crescimento contínuo, o qual “caracteriza-se pelo fato de que, a cada
estágio do processo, as extensões se fazem pelo prolongamento direto de porções urbanas já
construídas. [...] Onde o centro antigo constitui o pólo principal” (PANERAI, 2009, p. 58).
A entrada dos irmãos Coimbra Bueno em Goiânia, em 1935, fez com que a malha urbana
tomasse novas rumos. Engenheiros e donos da firma Coimbra Bueno e CIA. Ltda., vieram do Rio de
Janeiro para a construção da sede dos Correios e Telégrafos e viram em Goiás possibilidades de
6
BR 153
Pça. da Ig.Nossa Senhora
Aparecida
____________________________________________² Existem pouquíssimas bibliografias que tratam da história urbana de Aparecida de Goiânia, portanto, a maioria das análises referentes a essa cidade serão feitas a partir dos estudos de Pinto (2006;2009).
Via Anhanguera
PólosLimitesLinha
Córrego/Parque
Botafogo
Córrego/Capim-puba
7
enriquecimento rápido. “Eram proprietários de terra ao sul e a
oeste da capital” (RIBEIRO, 2004, p. 68) e utilizaram de suas
influências no estado – contavam com forte apoio do Governo, o
então interventor Pedro Ludovico Teixeira – para atingir seus
objetivos. Um dos fatos que influenciaram a saída de Attílio
Corrêa Lima da administração urbanística de Goiânia,
favorecendo a entrada de Augusto Armando de Gódoi, conta
Ribeiro (2004).
Segundo o Plano Diretor (1992), na década de 1950, a
cidade se expandiu ao sul, em direção às áreas do Estado, e à
Oeste, em direção à área dos irmãos Coimbra Bueno. Muito
embora, entre 1947 a 1951, o poder do Estado estava nas mãos
de Jerônimo Coimbra Bueno, no mesmo momento em que o
governo se “rendeu” às pressões de especuladores imobiliários
e aos proprietários de terras, através de uma lei que retirava da
obrigação do loteador privado, o oferecimento de infra-
estrutura básica, exigindo apenas a locação e a abertura de vias
(RIBEIRO, 2004). Ou seja, maior facilidade em lotear e maior
garantia de lucro rápido, principalmente para os irmãos Coimbra
Bueno, contrariando os direcionamentos de Attílio que ditavam
a expansão para o norte da capital. Neste período, a malha
urbana de Goiânia se desconfigurou totalmente com relação ao
plano inicial, juntamente com outro fator importante: a
explosão demográfica, afirma Everaldo Pastore (1984) apud
Ribeiro (2004, p. 39). (Fig. 5)
Esse foi o início do processo de dispersão urbana em
Goiânia. Vários loteamentos se formaram em áreas distantes,
sem serviços públicos e infra-estrutura. Estimularam a ocupação
da população marginalizada advinda das migrações para Goiás.
Ela procurava aqui um novo “Eldorado”, reflexos da
modernização da nova capital do Centro-Oeste (PLANO
DIRETOR, 1992). Em paralelo a esse processo, já no início da
década de 1960, Goiânia começou a se verticalizar e se adensar
– o princípio do que Secchi (2009) chama de concentração –
principalmente no Centro e Setor Oeste. “Tal movimento [de
concentração e dispersão] resultou numa desestruturação da
organização sócio-econômica do município” (RIBEIRO, 2004, p.
49). Logo, a configuração espacial urbana de Goiânia neste dado
momento era de: centro-rico e periferia-pobre.(Fig. 6) Na região
da Avenida Rio Verde, a paisagem era marcada pelas habitações
Fig. 5 - Fases da expansão urbana de Goiânia - aglomerados urbanos
Fonte: OLIVEIRA, 2005. Org.: Kamila Morais, 2011
1979 a 1983
1972 a 1979
1959 a 1972
1939 a 1959
1933 a 1939
GoiâniaCampinas
Aparecida
precárias, imensos vazios e ausência de infra-estrutura básica e
transporte. Com área parceladas, mas não ocupadas
O intenso processo de especulação fundiária e imobiliária
em Goiânia para a direção sul, entre os anos 1950 a 1970, fez com
que a disputa por terra transferisse para Aparecida de Goiânia por
causa do baixo custo (PINTO, 2009). Foi então uma
desconfiguração para além da cidade, agora, no seu entorno,
como confirma Ribeiro (2004). O que se acirrou ainda mais com a
implantação da lei de Loteamento Urbano e Remanejamento (Lei
Municipal nº 4.526, de 20/01/1972) que ordenava e refreava o
intenso processo de aprovação de loteamentos, havendo uma
valorização da terra urbana em Goiânia, culminando na disputa
por moradia em Aparecida de Goiânia e uma pauperízação da
população, originário do acúmulo populacional, a configuração
de loteamentos subnormais e a formação de vazios demográficos
(PINTO, 2009).
Aparecida de Goiânia que havia se elevado a distrito de
Goiânia , em 1958 (GOIÁS, 1973 apud PINTO, 2009), manteve seu
tecido inalterado até essa data. Desde então, surgidos a partir da
expansão desenfreada da capital, novos loteamentos foram
criados, com destaque a Vila Brasília. Demonstra, portanto,
também, um crescimento descontínuo e a formação de polós na
cidade de Aparecida, assim como Goiânia.
De acordo com Panerai (2009), barreira de crescimento é
um elemento regulador que contêm o crescimento, este podem
ser tanto um obstáculo geográfico – relevo, curso d'água – ou
8
Fig. 6 - Configuração espacial de Goiânia em 1960. Concentração no centro - riqueza e qualidade de vida. Dispersão na periferia
- pobreza e precariedade Acervo do autor, 2011
Centro
Periferia
Centro
Vl. Brasília
Faze
ndas
Chácara
s
Goiânia
BR
153
Fig. 7 - Expansão do Centro histórico de Aparecida barrado por fazendas e chácaras
Estabelecimento de pólo comercial - Vl. Brasília
Acervo do autor, 2011
Aparecida
construído. O que pode ser observado no processo de evolução do centro histórico de Aparecida cujo
qual teve seu crescimento barrado por fazendas e chácaras (PINTO, 2009).
Como seu centro histórico estava de certa forma, estagnado, houve, portanto, um
deslocamento do centro comercial de Aparecida de Goiãnia para a Vila Brasília, na década de 1960,
consolidando-se, assim, um pólo de crescimento e um novo subcentro, através do fortalecimento de
suas economias, explica Pinto (2006). (Fig. 7)
O processo de consolidação da região delineada pela Avenida Rio Verde iniciou-se por diversos
fatores ligados a expansão desordenada de Goiânia. Por exemplo: a descentralidade da capital gerou
Av. Rio Verde
1936
Goiânia
Aparecida
18.970
1940
48.166
1950
52.389
1960
150.306
1970
380.773
1980
717.519
1991
922.222
2000
1.093.007
2010
1.302.001
- - - 3.199 7.470 42.632 178.483 336.392 455.657
Tab. 01 - Censos demográficos de Goiânia e Aparecida de Goiânia 1936-2010Fonte: IBGE, Censo Demógráfico 2010; BARÊA et. al., 2011; PINTO, 2009 Org.: Kamila Morais, 2011
9
St. PedroLudovicoSt. Bueno
Jd. América
Vila BrasíliaSt. Faiçalville
Jd. Atlântico
Limite Goiâniae Aparecida
T-63
T-63
Av. Rio Verde
Fig. 8 - Processo de conurbação: loteamentos desordenados, consolidação da região sul e sudoeste através de novas centralidades,
implantação da T-63Acervo do autor, 2011
várias centralidades dispersas, sendo essas direcionadas aos seus respectivos públicos alvo (PINTO,
2006). Especialmente com o deslocamento das classes abastadas para as regiões ao sul e a oeste da
capital, formando os setores Oeste, Marista e Bueno, geradores de novas centralidades.
Secchi (2009) afirma que o fenômeno da dispersão fica mais evidente quando ele se articula
com a infra-estrutura da mobilidade, derivada de ações públicas. No caso de Goiânia, este fato é
sentido quando o Governo Municipal promoveu obras de infra-estrutura viária, voltada
principalmente para a região sul, dispersando-a ainda mais. Destaque para a construção da Avenida T-
63 na década de 1970. Com ela “[...] houve uma mudança no eixo comercial de Goiânia e a
conseqüente valorização de toda a região sul” (MARINHO, 2005 apud PINTO, 2006, p. 28). Juntamente
com o seu prolongamento, na década de 1980 (PLANO DIRETOR, 1992). Com a Avenida T-63 foi
possível valorizar outros setores, caracterizados como subcentros, como o Jardim América e o Novo
Horizonte, consolidando também a região sudoeste (PLANO DIRETOR, 1992).
Todavia, o principal fator que impulsionou a conurbação foi a implantação desenfreada de
loteamentos na capital durante as décadas de 1950 a 1970. Nota-se no mapa de evolução urbana de
Goiânia e Aparecida que já no ano de 1959, a maior parte da faixa limítrofe havia sido ultrapassada, no
momento em que a disputa por terra foi transferida para a região norte de Aparecida de Goiânia.(Fig.
9)
Segundo Gonçalves (2002), foi a instalação do setor Macambira (atual Pedro Ludovico), o qual
foi definitivo para a ocupação da região sul de Goiânia, entre a década de 1950 e 1960. Incentivou a
implantação da Vila Brasília, importante centro comercial de Aparecida de Goiânia, implantado por
volta de 1963. De onde se deu os primeiros pontos de conurbação, durante esse período, se
consolidando mais tarde com a implantação do Buriti Shopping, em 1996. (Fig. 8)
Evolução da malha urbana
Subcentros que valorizaram a região sul
Novo Horizonte
Pq. Amazônia
Subcentros em consolidação
Centralidade em potencial - região daárea de intervenção
Fig. 9 - Mapa de evolução urbana de Goiânia e Aparecida de GoiâniaEscala 1:2500
Fonte: PINTO, 2009; RIBEIRO, 2004 Org.: Kamila Morais, 2011
10
Região Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de AparecidaRegião Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de AparecidaRegião Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de Aparecida
Sul de Goiânia, Norte de AparecidaRegião Conurbada - Sul de Goiânia, Norte de Aparecida
Antes de adentrar na região conurbada, é importante definir que tipo de cidade é Aparecida de
Goiânia, a qual se destaca tanto na Região Metropolitana. Em suma, sua relação com a capital se
apresenta dentro de um paradoxo. Ora, ela se comporta dependente e intimamente ligada a Goiânia,
ora ela se favorece pela proximidade geográfica e de seus equipamentos. Ora, se apresenta como zona
de expansão urbana da região metropolitana, ora é vista como um problema à dinâmica goianiense,
por estar tão próxima fisicamente com a capital, mas distante socioespacialmente. Ela não se coloca
como polarizador de uma rede no contexto regional. Porém, ela detém de fatores que a faz
importante. Aparecida dispõe de um forte potencial industrial e um grande mercado consumidor. É a
única cidade do Estado que possui dois pólos industriais (DAIAG e DIMAG) e dois pólos comerciais
(Cidade Empresarial e Pólo Empresarial de Goiás), onde a Cidade Empresarial se situa dentro da área
estudada, na Avenida Rio Verde (PINTO, 2006)
Segundo Vieira (2005) apud Pinto (2006), Aparecida hoje já não pode ser mais considerada
com uma “cidade dormitório”, pois há “[...] um processo acelerado de fixação ou retorno do
trabalhador no município através da diversidade industrial e comercial que se instaura” (PINTO, 2006,
p. 49). Por isso, o mesmo autor diz que a cidade é uma exceção entre a noção de cidade periférica com
relação a sua dinâmica econômica, mas frisa que ela possui uma enorme deficiência em assistência
social e falta de infra-estrutura básica (50% da população não têm esgoto).
Não cabendo nessa análise discorrer qual seria o tipo certo de relação entre essas duas
cidades, é essencialmente importante salientar que ambas influenciam em seus espaços intra-
urbanos, como é possível observar na região da avenida Rio Verde, onde a dinâmica de uma se mistura
com a outra, sem diferenciações.
Pinto (2006), de acordo com Frúgoli Jr. (2000),compara a formação dessa região com a
formação das edge cities, nos Estados Unidos. Durante esse processo de periferização da classe
abastada, houveram três fases: “no período pós-guerra, a suburbanização; nos anos 1960 e 1970, a
multiplicação dos Shoppings Centers e centros comerciais nas áreas suburbanas; e no momento atual,
o surgimento das edge cities (cidades do contorno)” (PINTO, 2006, p. 58), que nada mais é, a fixação do
cidadão no local através da proliferação de empregos na própria área suburbana, invertendo a
tradicional lógica de um centro polarizador da periferia, afirma o autor.
Goiânia teve uma evolução semelhante: entre as décadas de 1960 a 1980, passou pelo
processo de suburbanização (ou ainda passa), desenvolveu novos subcentro a partir da
descentralização e, atualmente ocorre à implantação de Shoppings Center em área periféricas,
polarizando novas dinâmicas às margens da cidade, como no caso do Shopping Flamboyant. O que
não foi diferente em Aparecida de Goiânia, por fazer parte da zona de expansão urbana de Goiânia,
submete-se a mesma lógica reestruturadora da periferia da capital, tendo o Shopping Buriti,
localizado na Avenida Rio Verde, um exemplo disto (PINTO, 2006). (Fig. 11)
´ A implantação do Buriti Shopping às margens da cidade evidencia bem a tendência do capital
11
especulativo imobiliário em impulsionar novas áreas comerciais para que gere valorizações.
Implantado em 1996, se transformou em um shopping com influências regionais, de acordo com os
dados coletados no site oficial, e impulsiona o crescimento do seu entorno.
É possível observar hoje, pelo número de prédios em construção, que região conurbada ainda
está em processo de consolidação, principalmente nos setores Parque Amazônia, Setor dos Afonsos,
Vila Brasília, Jardim Nova Era e Vila Rosa.(Fig. 10) Algumas tendências que já haviam sido planejadas
há um tempo. O Plano Diretor de Goiânia de 1992, estabeleceu que no Parque Amazônia se
desenvolveria um novo subcentro, tal como o Setor Bueno, processo que está em andamento, pois
nota-se ainda a presença de muitos lotes vazios.
A Vila Brasília, desde a década de 1960, se caracterizou como um subcentro de Aparecida de
Goiânia pelo seu eixo comercial existente, além de outros destaques como hospitais públicos e
privados, bancos, terminal urbano (Terminal Vila Brasília), etc. É um bairro consolidado pouco
adensável, característica que está sendo revertida pela presença de prédios próximo a Avenida Rio
Verde e, outros, em contrução.
Interessante também notar que o setor Garavelo, outro subcentro às margens da malha
urbana de Aparecida, localizado na GO 040, mesmo não estando na Avenida Rio Verde, consegue
influenciar na dinâmica da região conurbada. Desde a década de 1980, quando ele recebe infra-
estrutura, se tornou um dos mais importantes centros comerciais de Aparecida, por causa da sua
diversidade comercial e o grande fluxo de pessoas pela Avenida Igualdade (PINTO, 2006).
1
St. Faiçalville
Jd. Helvécia
Jd.Presidente
B. Cardoso I
B. Santa Fé
Jd. Mônaco
Jd. Viena
B. Ilda
Vl.Mariana
Jd. NovaEra
Jd. Luz
St. dosAfonsos Vl. Brasília
Jd. dasEsmeraldas
Pq. Amazônia
Vl. Rosa
Jd. Atlântico
Privê Atlântico
Av. Rio Verde
Fig. 10 - Distribuição dos Bairros na Avenida Rio VerdeFonte: Google Earth Org.: Kamila Morais, 2011
Vl. SãoTomás
Futuro Pq. Linear
Macambira/Anicuns
`Pq. Cascavel
GoiâniaAparecida
12
Além do Buriti Shopping, outros elementos fragmentados valorizam o capital especulativo
imobiliário e impulsionam a ocupação da região. Dentre eles estão os hipermercados Extra, Bretas,
Atacadão, Assaí e o Tatico; os condomínios horizontais fechados da rede Jardins e Privê Atlântico; o
condomínio comercial Cidade Empresarial; e os Terminais Urbanos, ligando toda a região sul de
Goiânia e Norte de Aparecida, como o Garavelo, Bandeiras, Cruzeiro do Sul, Vila Brasília e Isidória. (Fig.
11)
AV. RIO VERDE
GO
040
AN
EL V
IÁR
IO
AV
. SÃO
PA
ULO
BR
153
V. BRASÍLIA
ST. AFONSOS
NOVO HORIZONTE
TERMINAL URBANO
HIPERMERCADOS
SHOPPING CENTER
UNIVERSIDADES
SUBCENTROS OUÁREAS COMERCIAIS
ÁREAS INDUSTRIAISOU EMPRESÁRIAIS
CONDOMÍNIOSHORIZONTAIS
GOIÂNIA
APARECIDA DE GOIÂNIA
ST. PEDRO LUDOVICO
PQ. AMAZÔNIA
Fig. 11 - Goiânia e Aparecida de Goiânia - Elementos espaciais fragmentados
Acervo do autor, 2011
Jds. Viena
Jds. Mônaco
Jds. Lisboa
Jds. Madri
Privê Atlântico
CidadeEmpresarial JD. NOVA ERA
Jds. Florença
AV. T-63
BuritiShopping
Secchi (2009) define que o processo de concentração e dispersão ocorre quando as cidades se
apresentam completamente adensadas nos centros e suas periferias esprairadas, dentro dessas
periferias vão se estabelecer novas centralidades, novos adensamentos, ou seja, novas concentrações
dentro da mesma cidade. A área conurbada já demonstra, nesse sentido, esse processo de
concentração acontecendo na atualidade, principalmente nas áreas assinaladas anteriormente. No
geral, portanto, a região tem um nível de adensamento baixo com tendências ao alto adensamento,
definido pelo Plano Diretor (2007).
Av. IGUALDADE
GARAVELO
JD. AMÉRICA
13
St. Faiçalville
Jd. Helvécia
B. Cardoso I
Jd. Mônaco
Jd. Viena
B. Ilda
Vl.Mariana
Jd. NovaEra
Jd. Luz
St. dosAfonsos Vl. Brasília
Jd. dasEsmeraldas
Pq. Amazônia
Vl. Rosa
Jd. Atlântico
Privê Atlântico
Av. Rio Verde
Jd.Presidente
B. Santa Fé
Garavelo
Vl. SãoTomás
ResidencialPark
Garavelo
Áreas consolidadasÁreas em processo de consolidação
Fig. 12 - Mapa de definição de áreas consolidadasAcervo do autor, 2011
O Plano Diretor de 1992, propós para a região sudoeste, faixa adjacente ao córrego Macambira
e Avenida Rio Verde, um Pólo de Desenvolvimento Regional apoiado pelos principais eixos rodoviários
concêntricos existentes, de acesso à cidade. Uma parceria de interesses privados e articulações
governamentais para a consolidação da proposta, através de intervenções viárias. Já no Plano Diretor
de 2007, não há nenhuma proposta prevista para mesma área. Nele está definido que toda faixa do
perímetro sul de Goiânia é área adensável, assim de incentivo a expansão urbana.
Nesse sentido, desde o processo de dispersão e descentralização de Goiânia, iniciada em 1950,
estimulada por interesses políticos e pressões de especuladores, a região sul se tornou o foco das
atenções para o desenvolvimento intraurbano. Aparecida de Goiânia, tão próxima a essa região, viu
seu espaço urbano também sendo dispersado e descentralizado, reflexos das dinâmica urbana de
Goiânia. Até 1959, Goiânia já havia atingido seu perímetro urbano e adentrado em Aparecida. Em
1990, toda a faixa limite entre as duas cidades já estava parcelada.
O produto final desta conurbação na Avenida Rio Verde gerou uma região formada por
elementos fragmentados, segregados, subcentros desarticulados e extensos vazios. Destes vazios,
sendo um em especial presente às margens da Avenida Rio Verde torna-se um grande potencial para
repensar a dinâmica da cidade nesta região. (Fig. 13)
GoiâniaAparecida
14
Av. Rio Verde
GO
040
BR
153
An
el V
iário
Fig. 13 - Potencial de centralidade - articulador de subcentros e elementos fragmentados
Acervo do autor, 2011
Subcentros desarticuladosCondomínios HorizontaisBuriti Shopping e HipermercadosCentralidade prevista (Pq. Amazônia)Potencial de centralidade (articulador de elementos fragmentados)Vazio urbano (gleba)
Subcentro 1(Jd. América, Bueno,Nova Suíça,
Bela Vista e Pedro Ludovico)
Subcentro 2(Vila Brasília, Affonsos,
São Tomas e Luz)
Subcentro 3(Park Garavelo e Garavelo)
Subcentro 4(Novo Horizonte)
Estudo da áreaEstudo da áreaEstudo da área
Estudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da áreaEstudo da área
Estudo da áreaEstudo da áreaEstudo da área Estudo da áreaEstudo da área
Estudo da área
St. Faiçalville
Conj. Santa Fé
Goiânia
Aparecida
Fig. 14 - Localização da área em território nacionalAcervo do autor, 2011
Av. Rio Verde
Goiânia
Ap. Goiânia
A área de intervenção situa-se entre Goiânia e
Aparecida, em uma porção que abrange parte do Setor
Faiçalville (Goiânia) e Conjunto Santa Fé (Aparecida). (Fig.
14) O Plano Diretor de 2007 divide a antiga região
Sudoeste em duas: Região Sudoeste (faixa oeste da GO
040) e Região Macambira-Cascavel (faixa leste da GO 040
até os Bairros Jd. Atlântico e Vila Rosa), onde se encontra o
setor Faicalville. Já o Conj. Santa Fé situa-se na região
administrativa Papilon, em Aparecida. (Fig. 15)
Fig. 15 - Mapa de regiões: Goiânia e Aparecida.PLANO DIRETOR DE GOIÂNIA, 2007; PINTO, 2006
Org.: Kamila Morais, 2011
SudoesteSudeste
M-C
LesteCentral
Norte
Campinas
Meia ponte
Nordeste
Mendanha
OesteSenadorCanedo
Trindade
Goianira
St. Antônio de GoiásNerópolis
Goianápolis
Abadia deGoiás
GOIÂNIA
APARECIDA DEGOIÂNIA
Sul
RAPapilon
Garavelo
Vl.Brasília Santa
Luzia
TiradentesCentro
Goiânia Aparecida
15
Av. V
001
Jds. Viena e M
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Cidade V
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Av. Curussá
R. A
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GO 040
Setor Garavelo R. C
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R. Yassyendy
Av. Rio Verde Buriti Shopping
Vila Brasília
Av. IndependênciaBuriti Shopping
Pq. AmazôniaAl. Fleury Curado
Al. Gilson A. de Souza
Av. Ip
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a
Al.
An
dre
lino
de
Mo
rais
GO 040Jd. Presidente
Novo Horizonte
Av. Nadra
Bufaiçal
Al. Boulevard
Faiçalville
Vila Rosa
Jd. Atlântico
Privê Atlântico
Term
inal B
and
eiras
Jd. A
méric
a
T-63
Jd. Viena
Jd. Mônaco
Conj. Santa FéB. Cardoso I
1
2
3
4
LEGENDA
Equipamentos existentes na área de intervenção:1 - Caixa d’água (SANEAGO)2- Ministério Apostólico Embaixada Viva3 - Cidade Empresarial4 - Hipermercado Atacadão
Delimitação dos bairros Delimitação da área de intervenção
R. Sen. Pedro Ludovico
R. A
raxá
Al. Lu
cy R
.
de
Olive
ira
Fig. 16 - Mapa delimitação da área. Vias CircundantesEscala 1:12 500 - Acervo do autor, 2011
Área total: 878 392 m²Área total sem os equipamentos existentes: 733 305m²
Além dos equipamentos existentes, a área de intervenção engloba uma gleba vazia no Faiçalville, mais três quadras residenciais no Conj. Santa Fé, entre as vias R. Araxá, R. Caetés e Av. Rio Verde; e mais duas quadras no Faiçaville, entre as vias R. Fleury Curado, Av. Ipanema, Av. Boulevard e R. Lucy R. de Oliveira.
16
18:00h
St. Faiçalville
Jd. Atlântico
Vila Rosa
Jd. Vila Boa
Jd. Presidente
Pq. Amazônia
Conj. Santa Fé
B. Cardoso I
Jd. Helvécia
B. Ilda
Vl. Mariana
St. Garavelo
Jd. Nova Era
Córrego Tamanduá
Có
rreg
o M
ac
am
bira
Có
rreg
o C
asc
ave
l
Jd. Viena
Jd. Mônaco
Al. Andrelino de Morais
Fig. 17 - Hidrografia e Matas ciliaresGoogle Earth, 2011
Sobre os aspectos bioclimáticos na área de intevenção, tem se que:
O clima em Goiânia e Aparecida é composto por duas estações determinantes - não segue a
divisão anual clássica: estação chuvosa e seca. Calor a tarde, o ano inteiro; e Frio durante a madrugada
na estação seca (maio, junho, julho e agosto). A amplitude térmica varia entre a máxima (19ºC) -
Agosto (mês mais seco do ano), e a mínima (10ºC) - meses úmidos.
Já sobre os Ventos predominantes, no período chuvoso (em Janeiro, fevereiro, outubro,
novembro e dezembro), eles estão em sentido Norte. No perído seco (em março, abril, maio, junho,
agosto, setembro), sentido Leste. Velocidade média - 2,5 a 3,5 m/s (fraca). (Fig. 18)
Sobre os aspectos físicos, nesta área se localiza a nascente do Córrego Macambira, a qual
futuramente fará parte do projeto Macambira-Anicuns desenvolvido pela Prefeitura de Goiânia: um
parque linear com 23,7 km de extensão.
A topografia da área é suave, com inclinação máxima de 7%. (Fig. 20) É uma região de muitos
córregos e nascentes, como o Macambira e o Cascavel, em Goiânia; e o Córrego Tamanduá e seus
afluentes, em Aparecida. Possui extensas matas verdes que formam as matas ciliares, as quais estão
bastante desmatadas em alguns pontos, por chacareiros e edificações próximas. (Fig. 17)
Goiânia
Aparecida
12:00h
ve
nto
s
Jan
chuva
Norte
Fev
chuva
Norte
Mar
seca
Leste
Abr Mai Jun
seca
Leste
seca
Leste
seca
Leste
Jul Ago Set Out
chuva
Norte
Nov
chuva
Norte
Dez
chuva
Norte
seca
Leste
seca
Leste
seca
Leste
Fig. 18 - Esquema de insolação e ventos predominantesAcervo do autor, 2011
Fig. 20 - Corte AA (Escala 1: 2500)Acervo do autor, 2011
Fig. 19 - Mapa de Topografia (Escala 1: 12500)Acervo do autor, 2011
9:00h
ventos
Tab. 02 - Meses do ano: estações e direção dos ventos em GoiâniaMORAIS, 2011
860
855
850
845
850
855
855
850
845
840
835
830
825
815
820
A A
825830
835
840
845
850
855
Av. Rio Verde
+830
+851Av. Ipanema
17
O Faiçalville foi aprovado pelo decreto nº 201 em 1982³, e ainda está em processo de
ocupação. O Conj. Santa Fé foi constituído entre as décadas de 1960 e 1980. É um conjunto
habitacional financiado pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) e pelo programa da COHAB
(Companhia de Habitação), o qual está todo consolidado.
Consta, no projeto original do setor Faiçalville (Fig. 21), que na gleba vazia estão áreas
destinadas a duas escolas pública, um centro público, um posto de saúde e dois parques infantis.
Como não houve ainda o interesse em construir na área, o grande vazio está a espera da valorização
imobiliária. A ocupação efetiva tanto do setor Faiçalville como da Vila Rosa iniciou-se após 1996,
reflexos das transformações ocorridas na Av. Rio Verde após a implantação do Buriti Shopping, no
mesmo ano. Fruto de uma visão estratégica e especulativa de agentes capitalistas do espaço urbano, o
shopping redefiniu o espaço, o que está diretamente ligado às transformações nas áreas residenciais,
valorizando novos espaços e verticalizando as adjacências nos últimos anos. Processo que está ligado
ao que já foi explicado, o deslocamento das classes abastadas para a periferia (PINTO, 2006).
Fig. 21 - Parcelamento original Setor Faiçalville - Equipamentos urbanos não construídos (Apenas dois deles estão construídos, marcados com linha amarela)
Sem escala - Arquivo disponibilizado pelo SEPLAN, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011
PraçaEscola públicaParque infantilHospital e Posto de saúde
Escola pública construídaPraça construída
Centro comunitárioBosque
____________________________________________³ Dados obtidos na SEPLAN (Secretária de Planejamento) de Goiânia.
Parte da áreade intervenção
18
Av. Rio Verde
Av. Rio Verde
Vila
Ro
sa
Jd. A
tlân
tico
Jd. P
resi
de
nte
Jd. Vila Boa
Jd. Europa
Jd. P
resid
ente
Priv
ê A
tlân
tico
Vazio
19
Tangenciando a área, está a Vila Rosa e o Jd. Helvécia, ambos parcelados em 1959 e ainda não
foi totalmente ocupados; o Bairro Cardoso I, parcelado na década de 1960, também pouco ocupado; o
Jd. Atlântico, parcelado em 1968, ainda em processo de ocupação; e os condomínios: Privê Atlântico 4(1978), Jardins Viena (1995) e Mônaco (2000), também consolidados . (Fig. 22)
Fig. 22 - Vista área da área de intervenção, Avenida Rio Verde e suas imediações
Google Earth, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011
St. Faiçalville
Jd. Helvécia
B. Cardoso I
Conj. Santa Fé
Vila Rosa
Jd. Atlântico
Privê Atlântico
Av. Rio Verde
Feira livre na Avenida Boulevard, setor Faiçalville,
atrás do SESC
Ministério apostólico Embaixada Viva - Setor
Faiçalville
Condomínio Cidade EmpresarialConj. Santa Fé
Hipermercado AtacadãoConj. Santa Fé
ICF Unidade de pesquisa ClínicaAv. Rio Verde
Clube SESC Faiçalville
Jds. Viena
Jds. Mônaco
____________________________________________4 O mapa de bairros consolidados delimitados pela Avenida Rio Verde está na página 14, figura 12.
O espaço público é pouco ocupado, não há atrativos para as
pessoas; os lugares destinados a lazer e descanso da população
estão invadidos por construções ou não dispõem de infra-estrutura
mínima, como playgrounds, equipamentos de ginástica, mobiliários
urbanos e tratamento paisagístico, ou ainda, estão completamente
vazios. Nesta região, há apenas o Parque Cascavel, no bairro Jd.
Atlântico, e o Clube Sesc Faiçalville para suprir essas necessidades.
Pouca disponibilidade de praças no espaço público,
moradores improvisam em lotes vazios jogos de futebol e
brincadeiras infantis. Outros usos estão na Alameda Boulevard, no
Fig. 25 - Pça. enfrente ao SESC - Uma das únicas pças. da região. Lugar de passagem e possui equipamentos
velhos de musculaçãoAcervo do autor, 2011
Faiçalville, na qual todas terças-feiras a noite, possui uma feira livre para o comércio de roupas, calçados e
comida. (Fig. 22)
A ocupação da região é predominantemente residencial, nota-se a presença de poucas praças e
20
Fig. 23 - Mapa de Uso do SoloEscala 1:20 000 Acervo do autor, 2011
Có
rreg
o M
ac
am
bira
Có
rreg
o C
asc
ave
l
Uso mistoComercialServiçosInstitucional privadoInstitucional públicoIndustrialÁreas verdes ou praçasVazio
Residencial
muitos vazios urbanos, caracterizando-se uma área ainda de baixa densidade, porém como mostra no
Plano Diretor de Goiânia de 2007, a faixa que circunda toda Avenida Rio Verde é definida como áreas
adensáveis, no qual se enquadra os setores Vila Rosa, parte do sul do Setor Faiçalville, Parque
Amazônia, e outros. Portanto, é uma área em processo de consolidação, visto que há várias
construções de edifícios de múltiplos pavimentos em andamento.
Na área mapeada, foram encontradas 3 escolas públicas, situadas na Vila Rosa, Bairro Santa Fé
e Bairro Cardoso I; 2 escolas particulares, distribuidas no setor Faiçalville e Bairro Santa Fé; 1 CMEI
(Centro Municipal de Educação Infantil), no Bairro Cardoso I. Não há postos de saúde, a população
dessa região se desloca para o Parque Amazônia, Jd. Vila Boa ou Vila Novo Horizonte para
atendimento médico. (Fig. 25) Números pequenos considerando os raios de influência de cada
equipamento e a elevada demanda que a região dispõe.
Na região existem comércios e serviços diversificados: escola de línguas (CCBEU), bares,
pregões, floricultura, loja de material para construção, loja de piscina, concessionária, panificadora,
academia, posto de gasolina, igrejas, escola de tênis, grandes redes de serviços (localizados
Área de intervenção
Jd. AtlânticoPrivê Atlântico
Vila Rosa
Bairro Ilda Vila Mariana
Jd. Viena
Conj. Santa Fé
B. Cardoso !
Jd. Helvécia
Faiçalville
Jd. Vila Boa
Av. Rio Verde
Av. Rio Verde
Av. Ip
an
em
a
CE*
* CE=Cidade Empresarial
Jd. Mônaco
principalmente na Cidade Empresarial - CE), e entre outros, estão predominantemente nas avenidas
Rio Verde e Ipanema. Há também alguns edifícios mistos, onde o proprietário abriu um
estabelecimento comercial no mesmo lote que reside.
A volumetria dos edifícios é predominantemente baixa de até 2 pavimentos, apenas na Cidade
Empresarial (CE) predomina maior densidade. Nota-se início de verticalidade nos setores Faiçalville,
Vila Rosa e Jd. Atlântico, reflexos da verticalização do setor Pq. Amazônia e das diretrizes do Plano
Fig. 25 - Mapa volumetria e Equipamentos urbanosEscala 1:20 000 Acervo do autor, 2011
0 até 02 pavimentosde 03 a 05 pavimentosde 06 a 10 pavimentosacima de 11 pavimentos
Jd. AtlânticoPrivê Atlântico
Vila Rosa
Bairro Ilda Vila MarianaConj. Santa Fé
B. Cardoso !
Jd. Helvécia
Faiçalville
Jd. Vila Boa
Có
rreg
o C
asc
ave
l
Có
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o M
ac
am
bira
Escola públicaEscola particularCEMEIÁrea de intevenção
Av. Rio Verde
Av. Rio Verde
CE*
* CE=Cidade Empresarial
Fig. 24 - Prédios em construção - Vila Rosa
Acervo do autor, 2011
Diretor 2007, o qual considera a região da Av. Rio Verde uma faixa
adensável. Um incentivo à ocupação de toda a margem da desta
avenida, similar a Av. T-63. Fato que já está em andamento, está
previsto para a gleba vazia um bairro planejado de edifícios de
múltiplos pavimentos denominado de Novo Atlântico, como
demonstra no site oficial do empreendimento Novo Atlântico (2011).
O que implica em mais um fragmento somado aos outros já
demarcados neste trabalho.
Jd. Viena
Jd. Mônaco
21
22
A região possui muitos lotes vazios, o que reafirma que esses setores estão em processo de
consolidação. Destaque para Jd. Atlântico, onde há maior número de construções em andamento. Já
no setor Faiçalville, na área levantada há ainda bastante vias sem pavimentação.
Fig. 26 - R. H005 - Terreno vazio ao lado da Cidade Empresarial - Conj. Santa Fé
Acervo do autor, 2011
Fig. 27 - Av. Ipanema - Gleba vazia - Setor Faiçalville
Acervo do autor, 2011
Fig. 28 - Al. Andrelino de Morais - Sem asfalto e iluminação pública - Faiçalville
Acervo do autor, 2011
Có
rreg
o M
ac
am
bira
Có
rreg
o C
asc
ave
l
Fig. 32 - Mapa Ocupação do SoloEscala 1:20 000 Acervo do autor, 2011
ConstruídoNão construídoEm ConstruçãoVias não pavimentadas
Jd. Atlântico
Privê Atlântico
Vila Rosa
Bairro Ilda Vila MarianaConj. Santa Fé
B. Cardoso !
Jd. Helvécia
Faiçalville
Jd. Vila Boa
Có
rreg
o C
asc
ave
l
Có
rreg
o M
ac
am
bira
Av. Rio Verde
Av. Rio Verde
CE*
Área de intervenção
Fig.28Fig.27
Fig.26
*CE=Cidade Empresarial
23
Através dos padrões de arquitetura é possível perceber a heterogeneidade social na região. O
Padrão A, predominância no Jd. Atlântico e próximo ao SESC Faiçalville, são residências bem mais
acabadas, maior preocupação estética, variedade de cores e texturas, avarandadas, portões
trabalhados e calçadas com diferentes revestimentos. O Padrão B se distribui por toda área levantada,
são casas mais simples, de acabamento médio, uso de um cor de pintura, portão simples e calçada
cimentada ou gramada. O Padrão C, presente na Vila Rosa e Setor Faiçalville, são casas sem nenhum
acabamento, não possuem muros, janelas enferrujadas e nenhuma pavimentação na calçada e no
quintal. Além das construções dentro dos condomínios fechados, residências sofisticadas que
revelam traços de uma arquitetura mais refinada e requintada, característico da classe alta, mas que
não faz parte do espaço público da cidade.
Fig. 28 - Padrão A - Jd. AtlânticoAcervo do autor, 2011
Fig. 29 - Padrão B - Bairro Cardoso IAcervo do autor, 2011
Fig. 30 - Padrão C - Setor FaiçalvilleAcervo do autor, 2011
De acordo com o Plano Diretor de Goiânia (2007), a hierarquia viária é basicamente composta
por vias Expressas, Arteriais e Coletoras. As vias Expressas são vias de fluxo intenso de veículos que
possuem intersecções de nível em nível, propiciando maiores velocidades e que cumprem, como
principal função, as ligações entre regiões do município e a articulação metropolitana ou regional,
subdividida em 3 categorias, sendo assim: a BR 153 é uma via expressa de 1ª categoria, a GO 040 é de
2ª categoria e as Avs. T-63, 85, 90,Rio Verde e Anel Viário são de 3ª categorias. As vias Arteriais são vias
estruturadoras do tráfego urbano, atendendo a circulação geral, urbana, com pista dupla, com
canteiro central ou pista única, com sentido duplo de tráfego, também subdividido em 2 categorias,
sendo elas: as Avs. T-9, T-7, São Paulo e BR 060 de 1ª categoria. E as vias Coletoras são vias que
recebem o tráfego das vias locais e o direciona para as vias de categoria superior. No mapa de
Hierarquia (Fig. 26) viária será marcado as vias que articulam a área de intervenção. A infra-estrutura
viária pontecializa a intervenção, pois as principais vias de Goiânia e Aparecida articulam com a
região.
BR 153 GO 040 T-63 85 90 Rio Verde Anel Viário T-9 T-7 BR 060
Expressa1ª cat.
Expressa2ª cat.
Expressa3ª cat.
Expressa3ª cat.
Expressa3ª cat.
Expressa3ª cat.
Expressa3ª cat.
Arterial1ª cat.
Arterial1ª cat.
São Paulo
Arterial1ª cat.
Arterial1ª cat.
Independ.
Arterial1ª cat.
Tab. 3 - Hierarquia Viária Goiânia e AparecidaSem escala - Acervo do autor, 2011
Vias expressas 1ª categoriaVias expressas 2ª categoriaVias expressas 3ª categoria
Vias arteriais 2ª categoriaVias arteriais 1ª categoria
Vias coletoras
Fig. 31 - Mapa de Hierarquia ViáriaSem escala - Acervo do autor, 2011
Área de intervenção
24
Centro Goiânia
Centro Aparecidade Goiânia
Distâ
ncia
: 8,9
0 km
Av. Independência
Anel Viário
Anel Viário
Anel Viário
An
el V
iário
BR 060
Av. Liberdade
GO
040
AV. Rio Verde
AV. Rio Verde
T-63T-9
T-7
85
90
2ª Radial
BR 1
53
Sã
o P
au
lo
Av. Igualdade
Distâ
ncia
: 10,90 km
25
Fig. 32 - Parque Spoor NoordSTADSPLANNING ANTWERPEN, 2010
PARQUE SPOOR NOORD - BERNARDO SECCHI e PAOLA VIGANÒ
Projetado por Bernardo Secchi e Paola Viganò em 2000, ainda em construção, o parque se
localiza na cidade de Antuérpia, Bélgica. É um projeto vencedor de um concurso para requalificação
de uma antiga zona industrial. Faz parte dos cinco parques propostos para formar um corredor verde
no plano estrutural da cidade. Situa-se na periferia norte da Antuérpia, tangenciado por áreas
residenciais de comunidades complexas de imigrantes, bairros muito adensados e uma zona
portuária. É uma área abandonada e degradada de onde os autores se apropriam das possibilidades
de se repensar a cidade.
Referências projetuaisReferências projetuaisReferências projetuais
Referências projetuaisReferências projetuaisReferências projetuais Referências projetuaisReferências projetuaisReferências projetuais Referências projetuais
“Secchi e Viganò pensaram um projeto que pudesse não só transformar uma área
específica, mas também alcançar toda a cidade através de uma renovatio urbis que
trabalhasse na escala do bairro e da cidade, e, através do projeto pontual, trouxesse
harmonia e dissolvesse os conflitos com uma visão de conjunto. [...] conectando
fragmentos urbanos e sociais (VALVA, 2011, p. 225)
O diversificado programa contém: parque infantil, esportes em grupo e individual, esportes
radicias, área educacional (ensino infantil à universidade), locais para contemplação, descanso e lazer.
Alguns galpões foram recuperados para abrigar eventos, área de esportes e espaço d’água. Atinge
pessoas das mais variadas idades e etnias. Sugere o encontro. Não há barreiras e as grades existentes,
nas área esportiva, foram deslocadas de forma a permitir o acesso. Segundo Valva (2011) tudo foi
pensado para que haja continuidade e integração: no mobiliário urbano, nos caminhos sobre os
imensos gramados e na transparência dos materiais. Até mesmo a topografia do sítio, que foi mantida,
demonstra vestígios de um passado recente conectado ao tempo presente. “O mérito maior desse
parque poroso seja o de ter conseguido agregar as pessoas e permitir um convivência saudável em
uma área conflituosa, desempenhando um papel importante para o futuro de uma cidade que está
aprendendo a ‘viver junto’” (VALVA, 2011, p. 226).
26
Pontos de concentraçãoPontos de concentração a construirPredominância de árvoresLinha de dispersão principal (passeio pedestre)Linha de dispersão secundária (passeio pedestre)Linha de dispersão secundária (ciclovia)Túnel de acesso (abaixo da ferrovia)
AvenidasFerrovia
1 2 3 4 5 6
Pista de skate/BMXÁrea educacional (escola primária e média)Espaço aberto cobertoJardim aquáticoEstação ferroviária
12345
Área de esportes (Pavilhão com váriasintalações desportivas), escritórios, banheiros
6
7
8
99 91011
12
Fig. 33 - Planta esquemática - Distribuição dos usosANTWERPEN, 2010
Fig. 34 - Pontos de concentração e linhas de dispersão. Acessos e Massa verdeANTWERPEN, 2010 Org.: Kamila Morais, 2011
A distribuição dos elementos no parque
acontece ao redor de uma linha de dispersão
primária, a qual corta todo o parque em sua extensão
maior. A linha de dispersão primária também é uma
linha de integração entre todos os elementos do
parque, apoiada pela linha de dispersão secundária.
As predominâncias de funções se dividem
entre duas partes, separadas pela via que corta o
parque ao meio. A parte esquerda abriga, no geral, a
área educacional; e a parte direita, a área esportiva.
As áreas de lazer e contemplação situa-se mais ao
13
Torre d’água (elemento restaurado)7Linha de bonde8Estacionamento9Belvedére11Centro educacional em construção12Parque infantil13
Fig. 35 - Park Spoor Noord - Passeios (linha de dispersão secundárias), áreas livres
VALVA, 2011
meio (Jardim aquático, belvedére, parque infantil).
As vastas áreas livres gramadas se distribuem por
todo o restante do solo.
Evidente valorização dos espaços vazios,
espaços de contemplação e permanência rápida.
Percebe-se a utilização desses espaços para
piquiniques, brincadeiras soltas, feiras, eventos
abertos e contemplação.
Fig. 36 - Park Spoor Noord - Parque infantilVALVA, 2011
Fig. 37 - Park Spoor Noord - Jardim aquáticoANTWERPEN, 2010
EDIFÍCIO LINKED HYBRID - STEVEN HOLL ARQUITETOS
O Edifício Linked Hybrid (”Híbrido Conectado”) projetado pelo escritório Steven holl
arquitetos, construído em 2009, é um complexo multifuncional situado em Beijing, China. Em 220 000
m² se distribuem em três dimensões dos espaço público urbano, os programas de lazer, comércio,
Fig. 38 - Área subutilizada (antiga zona ferroviária)VALVA, 2011
Fig. 39 - Edifício Linked HybridHOLL, 2003
residencial, educacional, esportes, serviços e
contemplação. Como uma “cidade dentro da cidade”,
é um espaço poroso urbano, convidativo e aberto ao
público por todos os lados.
Edifício que estimula o encontro, funcionando
como condensadores soc ia is gerador de
relacionamentos aleatórios. O projeto centrou-se na
experiência da passagem do corpo através do espaço,
as torres são organizadas para induzir o movimento e
a variadas visadas através das pontes. As torres
circundantes expressam uma aspiração coletiva, em
vez de torres como objetos isolados ou ilhas privadas
em uma cidade cada vez mais privatizado.
27
1
23
4
5
6 7
8
9
9
9 9
9
99
9
Monte do adulto6Monte dos idosos7Monte do infinito8Edifício multifuncional (residências, comércios, escritórios, recreação, etc)
9
Fig. 40 - Implantação - Distribuição dos usosHOLL, 2003
CinematecaHotelEspelho d’água (Estacionamentono subsolo)
123
Jardim de infância (Monte infantil)Monte do adolescente
45
Clube de esportesSPAPonto de acessoCafé/Bar/restaur.Livraria Área de exposição
Espaço p/exercíciosem grupo
Academia
PiscinaOlímpica
Cabeleireiro
EventoLivraria
Área de leitura
Galeria deartes
Fig. 42 - Circulação de nível primário - Distribuição dos usosHOLL, 2003
Fig. 41 - Distribuição de usos verticalHOLL, 2003 Org.: Kamila Morais, 2011
Espaço público (comércio/serviços)EscritóriosResidências
A cinemateca não é apenas um encontro local, mas
também um foco visual para a área. A arquitetura da cinemateca
flutua sobre seu reflexo no espelho d’água, e as aberturas nas
fachadas é possível ver qual filme está rodando dentro da sala.
O nível do solo oferece uma série de passagens aberto
para todas as pessoas (moradores e visitantes) para percorrer.
Essas passagens cria micro-urbanismos de pequena escala. Fig. 43 - Diagrama de interação de
vizinhaça + Linked Hybrid SAIEH, 2009 Org.: Kamila Morais, 2011
Div
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otr
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icio
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e
ou
ou
ou
Linked Hybrid
rua
sru
as
rua
sru
as
28
Circulação térreaCirculação de nível secundário (entre jardins públicos)
Circulação de nível primário (entre comércios, serviços e recreação)
12 pv
12 pv
13 pv
14 pv
15 pv
16 pv
17 pv
18 pv
17 pv16 pv - piscina
Telhado cinemajardim infantil
Telhado -jd. público
Telhado -jd. público escada
rolanteescadarolante
cinema
Hotel
Fig. 44 - Circulação nas três dimensõesHOLL, 2003
Lojas comerciais estão distribuídas no térreo,
entorno do espelho d’água. No nível intermediário
dos edifícios mais baixos, telhados jardins públicos, e
no topo das oito torres residenciais jardins de
cobertura privada estão ligados à coberturas. Do 12º
ao 18º andar, as oito torres mais a torre do hotel são
interligadas por pontes multi-funcionais: uma
piscina, uma sala de fitness, um café, uma galeria, um
auditório e um salão de beleza.
PARQUE DE LA VILLETTE - BERNARD TSCHUMI
Projetado e construído entre os anos de 1982-
1998, a obra de Bernard Tschumi, Parque De La
Villette foi fruto de um concurso realizado em 1982,
com o lema “Um parque urbano para o século XXI”,
para reabilitação de uma área onde situavam antigos
matadouros, mercados de carne e galpões da era
napoleônica.
As novas condições paisagísticas adequadas
“O projeto do Parc de la Villette pode assim ser visto para incentivar o conflito sobre a
síntese, a fragmentação sobre a unidade, a loucura e o jogo sobre a gerência
cuidadosa. Este projeto subverte um número de idéias que lhe eram sacrificados no
período moderno - desta maneira, pode ser aliado a uma visão específica de pós-
modernidade” (TSHUMI apud PADOVANO, 2001).
ao mundo contemporâneo foram colocadas em discussão por Tschumi em seu projeto. A
sobreposição de programas e acontecimentos gera o conceito de evento, e juntamente com a idéia de
movimento, listam algumas das aplicações teóricas no parque.
Fig. 45 - Parque De La Villette VILLETTE, 2011
29
O processo de composição do parque acontece, segundo Álvares (2007), através de três
operações: a primeira é a desconstrução do programa estabelecido, mediante definições de usos e
área, para posteriormente reconstruí-lo em acontecimentos diversos; a segunda é a criação de 5objetos que abriguem estes acontecimentos, as folies , que ativam e marcam o território; a terceira
consiste em sugerir o movimento, por meio das circulações, mediante o uso de linhas curvas. Com
base nessas operações se criam os três sistemas autônomos, que superpostos configuram o parque. A
interação entre três níveis: o evento, o espaço e o movimento, compõe a percepção do espaço
arquitetônico (BERGAMINI, 2009).
____________________________________________5 Pequenas estruturas de aço pintadas que demarcam a trama conceitual e que abrigam múltiplas atividades, ou às vezes nenhuma,
aparecendo na paisagem como elemento escultórico.
Conceitualmente esse processo de organização do
espaço foi estruturado em três layers: superfícies (água
evegetação), linhas (vias e circulações) e pontos (as folies).
As linhas formam uma sequência de corredores, lineares e
curvos, que em sua sobreposição criam pontos de tensão
formal. Os pontos (folies) marcados pela cor vermelha e
forma cúbica, são expressivos e estruturam visualmente o
espaço, com diferentes usos possíveis. As superfícies são os
diversos planos, verdes e construídos, que abrigam e
comportam usos culturais e lúdicos. A sobreposição dessas
camadas gera a forma global do parque, com todas suas
interrelações e conflitos.
Montaner (2001) afirma que um parque
contemporâneo deveria espelhar as tensões e frustrações
da metrópole. Tschumi mostra com o Parque De La Villette
que é possível inventar, apoiando-se em concepções da
arquitetura moderna e contemporânea, um novo
paisagismo poético para compor um espaço público que
integre diversos usos.
Fig. 46 - Parque De La Villette - As layers que compõem a estrutura conceitual do projeto
TSCHUMI, 2011
Fig. 47 - Parque De La Villette - esquema da implantação do parque
VILLETTE, 2011
Fig. 48 - Parque De La Villette - espaços livres sendo ocupados
VILLETTE, 2011
30
31
Conceito: Realidade urbana como produto conceitualConceito: Realidade urbana como produto conceitualConceito: Realidade urbana como produto conceitual
Conceito: A realidade urbana como produto conceitualConceito: A realidade urbana como partido projetual
“a arquitetura ratifica aquilo que o espaço público previamente estabeleceu”.
Joan Villà, arquiteto espanhol (SERAPIÃO, 2010)
A cidade contemporânea levanta debates persistentes entre estudiosos sobre: a violência, a
favelização, a expansão descontrolada, a fragmentação, a segregação socioespacial, as deficiências de
transporte, os impactos negativos ao meio ambiente, os vazios urbanos, etc, os quais formam um
ambiente visto como ineficiente e nocivo aos seres humanos, denominado, por Silveira (2011), de
“caos urbano”. Segundo a autora, por mais caótica que possa parecer, na visível desordem do espaço
urbano consegue-se vislumbrar previamente que há repetições e certa similaridades, quando
comparada a outros tecidos urbanos. É preciso estar atento a essa complexidade. O que implica em
abandonar conceitos tradicionais e partir para investigação, de onde sucitará novas interpretações,
revelando o que está ainda invisível. Pois certas desordens podem apresentar ordens implicítas, ou
disfarçadas, à espera de que sejam desvendadas, como afirma Sobreira (2003) apud SILVEIRA (2011).
Encarar a complexidade é estar atento primeiramente à dispersão da cidade, pois é nela onde
o espaço urbano se demonstra heterogêneo e descontínuo, constituído de elementos fragmentários
entre os quais se torna importante estabelecer novas relações. (SECCHI, 2009; VALVA, 2011). É do
produto da dispersão urbana, de onde se pode tirar informações para uma produção projetual mais
consciente e articulada com o plano da cidade. Por isso, para essa proposta projetual, foi necessário
retornar na história do desenvolvimento urbano de Goiânia e Aparecida como forma de apreender as
dinâmicas envolvidas nos limiar entre as duas cidades. Assim como afirma André Corboz, citado por
Valva (2011, p. 109), “um lugar, não é um dado, mas o resultado de uma condensação [...]
compreendê-lo significa dar oportunidade a uma intervenção mais inteligente”.
Ou seja, ao invés de negar ou substituir, o planejamento urbano deve possuir estratégias
dinâmicas, flexíveis e integradas considerando suas lógicas internas. Da mesma maneira como Rem
Koolhaas (2010) observa a paisagem desordenada e desmontada como um potencial para
“reconstruir o 'Todo', ressuscitar o 'Real'” (KOOLHAAS, 2010, p. 22), assim sendo, uma maneira de
trazer a tona estes novos conceitos que estão ainda invisíveis, do que é o coletivo e o que é este espaço
público, hoje, dentro da cidade difusa. Os vazios urbanos e áreas subutilizadas podem suscitar novas
estruturações flexíveis para a produção urbana, onde as infraestruturas existentes podem se apoiar.
Na interpretação de Dias (2002), Solá-Morales afirma que estes são lugares que se caracterizam em
seu próprio sentido de ausência e vazio e, por isso, conseguem se manter preservados como
elementos formais e simbólicos do urbano, permanecendo fora da dinâmica urbana. São áreas em
“stand by”, redescobertas como novas frentes para o crescimento urbano.
Muitas dessas áreas, principalmente em Goiânia e Aparecida, são mantidas como alvo de
especulação imobiliária, a mercê do capitalismo agressivo e inconseqüente. Portanto, apropriar-se
deste espaço é uma maneira de reverter os futuros impactos negativos. Solá-Morales (2002) acredita
?
que para que o “terrain vague” (vazio urbano) não se converta em um instrumento agressivo do poder
e de razões abstratas, a arquitetura atuante deve se ativer para a continuidade. Mas segundo ele, “[...]
não a continuidade da cidade planejada, eficaz e legítima, mas, pelo contrário, através da escuta
atenta para dos fluxos, das energias, dos ritmos ao longo do tempo e dos resultados estabelecidos”
(SOLÁ-MORALES, 2002, p. 192).
A proposta projetual deste trabalho situa-se numa área resultante do processo de dispersão e
concentração de Goiânia, às margens entre capital e o muncípio de Aparecida de Goiânia. Ao se
propor “escutar” o espaço urbano metropolitano de Goiânia, algumas diretrizes de intervenção são
reveladas. A necessidade de se repensar o espaço urbano mais interessante e atrativo. Dispersar os
elementos fragmentados e desarticulados e pulverizá-los através de uma intervenção mais permeável
e de múltiplos usos, onde o plano já existente possa se agrupar.
Assim como o Parque Spoor Noord, de Secchi e Viganò, na Antuérpia, um projeto que trabalha
na escala do bairro e da cidade, e, através de uma intervenção pontual, dissolve e hamoniza conflitos
com uma visão de conjunto. Uma proposta definida por Secchi de renovatio urbis,
“[...] intervenções pontuais com a finalidade de modificar uma parte da cidade ou de
um lugar, dando-lhe um novo sentido e papel, procurando modificar o modo de
funcionamento do conjunto inteiro urbano. Não se trata mais de estrategicamente de
desenhos complexos da cidade, mas uma série de intervenções no espaço.” (SECCHI
apud RETTO, 2007)
A renovatio urbis deve estar aliada a uma idéia geral de cidade e do seu planejamento. Ela
reforça a potencialidade das várias partes da cidade e encontra-se no projeto arquitetônico a maneira
de produzir fortes vínculos, aproveitando espaços subutilizados, na tentativa de aproximar as
pessoas, visando o futuro, como acontece no projeto de Antuérpia (VALVA, 20011). É deste conceito
de renovatio urbis, inserido nesta cidade, que será a base para produção do espaço na área proposta.
Sendo assim, através das análises feitas, tem-se a área de intervenção como ponto de
articulação entre os fragmentos dispersos pela região de extremo sul de Goiânia e extremo norte de
Aparecida. E que através da renovatio urbis, ela se torna um articulador das partes dispersas quando
inserido ali funções que não são oferecidas em outros subcentros. Portanto, a proposta de Secchi se
finda pela construção de um parque, para preservação da nascente do córrego Macambira, com
qualidade e infra-estrutura adequada, unindo a ele, equipamentos urbanos de nível cultural,
educacional, lazer e entreterimento fazendo com que a região toda se disperse e se concentre no
espaço modificado. Tornando-o atrativo a todos os tipos de pessoas e idades variadas, sugerindo e
propondo encontros.
Gehl (2004) acredita que pessoas, quando em contato com pessoas, se sentem estimuladas e
inspiradas, e quando o espaço colabora, os acontecimentos sociais se desenvolvem
espontaneamente. O autor diz ainda que os frequentes encontros por meio das atividades cotidianas
aumentam as ocasiões de se estabelecer contatos com os vizinhos, e por isso, mantém as relações
mais simples e menos exigente, como por telefone mediante a convites e horários marcados. E para
isso, o espaço público deve produzir estímulos à presença e apropriação deste espaços. mais
32
integrados e flexíveis aos acontecimentos, com menos setores e mais fluxos interessantes.
Ambientes criados com diversas possibilidades de apropriação, aliados a qualidade ambiental
podem ser um grande diferencial à produção de espaços públicos mais atrativos. Um projeto aliado a
insolação, ao clima e aos ventos, apropriando-se da água e dos elementos compositivos como forma
de valorização do espaço e reduzir efeitos do clima seco da região. A água, além de refrescar e
amenizar as sensações de aridez, pode ser utilizada como um espaço de diversão e estímulos aos
sentidos através da composição de jatos dágua, cascatas ou espelhos d’água.
A cobertura propicia o jogo de luz e sombra. Ela protege e contribui para criação de elementos
escultóricos e funcionais interessantes ao espaço, e possibilitando diversos usos.
Portanto, conceitualmente, o Parque articula fragmentos em 3 escalas: a escala grande
(relação inter-urbana) interliga subcentros da duas cidades (Jd. América, Novo Horizonte, Vila Brasília
e Garavelo); a escala média (relação intra-urbana) interliga o parque com o entorno imediato
conectando-o a escala grande; e a escala pequena (organização
do parque), inteliga acontecimentos e pessoas (edifícios e
funções).Tomando aqui como referência a estratégia de Rem
Koolhaas de avaliar em projeto as escalas de interação do
usuário, cidade e obra, abordada por ele no livro S,M,X, XL, de
1997.
Estes sistemas de escalas estão baseados nos conceitos
de dispersão e concentração da qual Secchi (2009) utiliza para
identificar a dinâmica do movimento dentro das cidades, de
pessoas e acontecimentos. A cidade, antes monocêntrica, se
dispersa gerando variadas concentrações (policentro ou
subcentros ou zonas), cada uma delas, por meio da renovatio urbis, consegue se dispersar e
concentrar em outras centralidades, buscando harmonizar o conjunto.
A renovatio urbis, assim como o trabalho em escalas, coloca o projeto na situação de estar
ENTRE alguma coisa. O que está ENTRE sugere algo que está preenchendo o espaço de conexão de um
lugar a outro, como um espaço sináptico, situado entreos neurônios, onde eles se comunicam no
sistema nervoso do cérebro. O parque, com todas as suas funções, logo, age como um espaço
sináptico onde o espaço urbano, o espaço da região sul de Goiânia e norte de Aparecida, encontra o
lugar para se comunicar e promover acontecimentos. Os subcentros e mais outros fragmentos
demarcados na figura 50 são equivalentes aos neurônios, elementos “soltos” que através do espaço
sináptico (o Parque) são capazes de trocar informações e trabalhar em conjunto, assim como as
sinapses.
Fig. 49 - A desconcentração dos subcentros através da Renovatio Urbis
Acervo do autor, 2011
Subcentros (ou fragmentos)Centro (antigo monocentro)
Renovation Urbis
33
ProgramaProgramaProgramaPrograma
Programa
Av. Rio Verde
GO
040
BR 1
53
An
el V
iário
Fig. 50 - Parque - Zona de influênciaAcervo do autor, 2011
Subcentros desarticuladosCondomínios HorizontaisBuriti Shopping e HipermercadosCentralidade prevista (Pq. Amazônia)Zona de articulação de fragmentosatravés do Parque Parque
Subcentro 1(Jd. América, Bueno,Nova Suíça,
Bela Vista e Pedro Ludovico)
Subcentro 2(Vila Brasília, Affonsos,
São Tomas e Luz)
Subcentro 3(Park Garavelo e Garavelo)
Subcentro 4(Novo Horizonte)
ProgramaProgramaProgramaProgramaProgramaPrograma
ProgramaProgramaProgramaProgramaProgramaPrograma
ProgramaProgramaProgramaProgramaPrograma
ProgramaProgramaPrograma
A partir do estudo do lugar e dos conceitos estabelecidos para esse projeto, o programa parte
da necessidade de ter ali equipamentos urbanos inexistentes no entorno. Deixando claro que este
projeto se apoia em conceitos contemporâneos e que, portanto, projeta o vazio, o inesperado,
definido por Rem Koolhaas (2010) como a arquitetura da ausência.
Centro de Educação: Escola nível primário (CEMEI), nível fundamental e médio - 7 000m²
Centro Cultural: Teatro-Escola - ensino de dança, música, atividades circenses entre outros
possíveis, mais sala de teatro - 10 000m²
Museu - 10 000m²
Biblioteca - 2 000m²
Centro comunitário - 4 000m²
Centro de esportes: quadra poliesportiva, ensino de variados estilos de luta e esportes - 10 000m²
Comércio e serviços diversos, mais SAC (Seviço de atendimento do cidadão) - (Restaurantes,
cafés, lanchonetes, lojas, salão de beleza, lan house, locadora, panificadora, papelaria, assistências
técnicas, casa de espetáculos/Boat, e entre outros)
Guarda-florestal - 50 m²
Apoio a feira da Alameda Boulevard, Faiçalville - 200m²
Parque infantil
Jardim aquático
Anfiteatro
34
A partir das escalas estabelecidas, a intenção é integrar a escala pequena (o projeto de fato do
parque) a cidade, através das escalas média e grande. Por isso tem-se como propostas projetuais:
ESCALA GRANDE (Relação interurbana)
GoiâniaAparecida
Fig. 52 - Sistema integrado de Ciclovias entre Goiânia e AparecidaGOOGLE EARTH, 2011 Org.: Kamila Morais, 2011
Articular os subcentros Jd. América, Novo Horizonte, Vila
Brasília e Garavelo, demonstrado na figura 50, através de uma rede de
ciclovias integrando toda a região da Avenida Rio Verde. Este variado
circuito, além de interligar os subcentros com o Parque, articula
também os terminais urbanos de ambas cidades. Uma forma de
estimular o uso da bicicleta como um meio de transporte e incentivar Fig. 51 - Bicicletas públicas
RIOZINHO.NET, 2011
grupos de ciclista existentes na região. Inserindo também um sistema de bicicletas públicas
disponibilizadas em locais estratégicos nas duas cidades como forma de potencializar a proposta
prevista. Método já utilizado em grandes capitais pelo mundo, como em Barcelona e Londres, e
também proposto no Brasil, como em Curitiba e Florianópolis.
Pedro LudovicoBuenoJd. América
Novo horizonte
Garavelo
V. Brasília
Pq. Amazônia
Jd. Florença
Privê Atlântico
Jd. Madri
Jd. Mônaco
Jd. Viena
Grandville
T-63
T-9
GO
040
Av. Liberdade
Av. Sã
o P
aulo
Av. Rio Verde
4ª ra
dia
l
Terminal Veiga Jardim
Terminal Garavelo
Terminal Cruzeirodo Sul
Terminal V. Brasília
Terminal Isidória
Terminal Bandeiras
Circuito de ciclovias apoiado no sistema viário
passando pelas principais vias
da região.
Circuito de ciclovias a p o i a d o n a s b a c i a s
hidrográficas da região, sugerir a construção de uma rede de p a r q u e s p o r m e i o d a
requalif icação das matas ciliares.
Pq. Vaca Brava
Pq. Areião
Pq. Cascavel
Jd. Botânico
Futuro Pq.Macambira-Anicuns
35
Proposta projetualProposta projetual
Proposta projetualProposta projetualProposta projetual
Proposta projetualProposta projetualProposta projetualProposta projetualProposta projetual
Proposta projetual Proposta projetual
Fig. 53 - Esquema gráfico da implantação final do parque
Acervo do autor, 2012
ESCALA MÉDIA (Relação intraurbana)
Esta escala é a transição da escala grande para a
pequena; é o somatório das informações no plano, onde a
passarela e as travessias por meio de traffic calming, vão servir
de passagem entre as duas escalas. É a concentração e a
dispersão ao mesmo tempo, integrando as escalas: concentrar
na escala pequena e dispersar na escala grande.
O Traffic Calming, assim como a passarela (detalhe no
Anexo 10), possibilita a passagem segura e agradável de
pedestres e ciclistas, principalmente onde o trânsito é
bastante intenso como na Avenida Rio Verde e Ipanema. A
inserção do traffic calming são medidas físicas que reduzem os
efeitos negativos do uso de veículos motorizados, alterando o
comportamento do motorista e melhorando as condições
para os usuários não motorizados. Essas medidas serão
aplicadas nos pontos de acesso ao parque, em todas as vias
que o circundam que se fizerem necessárias - lombo-faixas,
lombada eletrônica, faixa de pedestre, sinal para pedestres e
ciclistas, entre outros.
ESCALA PEQUENA (o Parque)
Partindo do conceito de renovatio urbis de Secchi, o projeto do Parque propõe articular todos
os edifícios inseridos no local de maneira integrada. A organização do espaço, a distribuição dos
edifícios e a definição do traçado partiu da síntese gráfica dos conceitos concentração e dispersão de
Secchi (2009), onde, respectivamente representam um ponto e uma linha (Fig. 54); e das teorias
projetuais de Gehl (2004), no qual ele coloca: uma linha é capaz de concentrar; várias linhas, dispersar
(Fig 55). É uma idéia base para estabelecer o fluxo desejado dentro do Parque e definir os espaços
presentes, que foram organizados por zonas.
Fig. 55 - Concentrar ou dispersarGEHL, 2004
Fig. 54 - Síntese-concentração e dispersãoAcervo do autor, 2011
concentrar dispersar
36
50 100
Pontos de acesso ao parque com traffic calmingPassarela
LEGENDA:
37
Buriti ShoppingVila Brasília
GO 040Setor Garavelo
GO
040
Jd. Pre
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Novo
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Buriti ShoppingPq. Amazônia
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Av. RioVerde
Av. Ip
an
em
a
Av. RioVerde Av. RioVerde
ESQUEMA (1) ESQUEMA (2) ESQUEMA (3)
ESQUEMA (5) ESQUEMA (6) ESQUEMA (7)
O traçado do parque surgiu de um
estudo entre a relação de fluxos e funções,
constituindo o seguinte esquema:
( 1 ) A s p r i n c i p a i s f u n ç õ e s s e
concentraram na maior parte no perímetro da
área, visando o fácil acesso pela vias
circundantes, de onde se faz o primeiro contato
com o projeto;
(2) Em síntese, são definidos pontos de
concentração a partir da distribuição das
funções e um eixo de conexão entre eles;
(3) Sendo a av. Ipanema uma via
coletora e a av. Rio Verde, expressa, logo estas
possuem tráfego mais intenso, especialmente a
segunda, o que deixa claro os pontos de maior
movimento em volta da área;
(4) Como a av. Rio Verde possui maior
tráfego, ela será o eixo principal de distribuição
dos fluxos na área;
(5) Sendo assim, eixos principais são
definidos e linhas secundárias são inseridas a
partir dos pontos de tensão entre os
cruzamentos das vias;
(6) A relação entre o emaranhado de
fluxos e os pontos de concentração irá sugerir a
localização de cada edifício proposto
anteriormente, sendo esta a base que
determinará as articulações dentro do parque;
(7) A partir deste traçado estruturador,
as linhas secundárias se tornam sinuosas para
melhor se adaptarem a topografia e aos
espaços e acontecimentos que foram
propostos neste projeto;
(8) Portanto, para melhor compreensão
projetual, os pontos de concentração se
tornaram zonas, estabelecidas a partir de todo
esse processo diagramático.
ESQUEMA (4)
ESQUEMA (8)
zona de concentração 3
zona deconcentração 2
zona de concentração 4
zona de concentração 5
zona deconcentração 1
pontos de concentraçãoeixo de conexão (dispersão)
As zonas de concentração (ZC) estabelecida anteriormente pelo esquema configuracional, se
dividem em 5, sendo:
38
Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial descritivo - a escala pequena
Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial descritivo - a escala pequena
Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial descritivo - a escala pequena
Memorial descritivo - a escala pequenaMemorial justificativo - a escala pequena
ZC 01Parque da mata ciliardo córrego Macambira
Estímulo a proteção da mata ciliar, bem como a interação do usuário com o córrego através da inserção de caminhos pela mata. Porém, uma interação com horários regulados ao período diurno, quando os portões que cercam a mata estão abertos. Um medida de segurança para quem utiliza o espaço e para quem mora no entorno.
ZC 02 Parque do Esporte
Onde se localizam o Centro esportivo, quadras de esporte ao ar livre e a pista de skate/BMX, além de outros equipamentos para academia ao ar livre, quiosques, banheiros e áreas para piquenique. Área direcionada ao bairro Faiçalville e entorno. Entre esta zona e a seguinte, foi implantado o chamado Percurso Elevado, utilizando do desnível do terreno, a linha que liga o parque de leste a oeste foi elevada criando um espaço de descanso e contemplação com visadas de 360° para o parque.
ZC 03 Parque Cidade
Onde se localizam o Teatro-Escola e o Museu, zona de maior concentração de pessoas com equipamentos de influência metropolitana, por isso localizada as margens das vias de maior fluxo (Av. Rio Verde e Ipanema). Também estão inseridos nessa zona a Pça. do Comércio, uma área destinada a lojas, cafés, bares, boate, restaurante, entre outros; a Pça. do Buriti, espaço onde foi implantado uma floresta de Buritis, árvore característica do cerrado, destinado a contemplação; e ainda, a Pça. das Flores, espaço com um tratamento paisagístico ornamental; o Jardim Aquático, espaço de lúdico, onde as pessoas se interagem com a água através de jatos; e o Anfiteatro, destinado para eventos públicos, como shows, apresentações de teatro e dança, concertos ao ar livre, e etc.
ZC 04 Parque da Educação
Devido a falta destes equipamentos na área analisada, as Escolas Públicas de ensino fundamental e médio, o CEMEI e a Biblioteca foral implantados numa área que fosse de fácil acesso tanto aos aparecidenses dos bairros Santa Fé e Cardoso I, quanto para os goianienses do bairro Faiçalville. Há também nesta zona o Parque infantil, próximo onde a concentração de crianças é maior e o Centro Comunitário, direcionado ao bairro Faiçalville.
Devido a magnitude do projeto e para a melhor compreensão da proposta, esta etapa focou
apenas na intervenção feita nas ZC02, ZC03 e ZC04 (ver projeto), deixando as outras zonas apenas com
diretrizes projetuais. Os edifícios aqui propostos não foram também detalhados, apenas determinou-
se as áreas de ocupação destes equipamentos, bem como seus gabaritos de no máximo 15 metros.
ZC 05 Parque BairroZona direcionada à cidade de Aparecida de Goiânia, onde contemplará atividades esportivas, culturais, de entretenimento e lazer.
39
CONCENTRAÇÕES E DISPERSÕES
As linhas de fluxos principais e segundárias são linhas
de dispersão que articulam os edifícios e as atividades inseridas
no parque. Por sua vez, as linhas principais, na maioria das
vezes, vão servir tanto para dispersar quanto para concentrar,
devido as funções lá distribuídas, o que acontece
principalmente na zona Parque Cidade e Parque do Esporte,
onde as funções vão se distribuir na linha de fluxo.
Outro elemento que vem para enfatizar essa função de
dispersão e concentração é a Cobertura implantada. Ela é um
elemento que estimula o passeio, ao proporcionar
sombreamento, também criará pontos de pausa e
permanecência porque em alguns locais esta se tornará, além
de cobertura, também um quiosque, banheiros públicos ou
ponto de informação e venda. Ela se distribui sobre as linhas
estruturais conectando as zonas estabelecidas. (Detalhe da
cobertura Anexo 11 e 12)
TOPOGRAFIA
A topografia foi pouco
modificada, sendo a intervenção
mais brusca na criação do platô,
em que se localiza o Museu e
coloca todo o perímetro da av. Rio
Verde praticamente no mesmo
nível, pois a inclinação nesse local é
de 3%. Outras intervenções foram
para implantação do Parque
Infantil na ZC04, e para suavizar o
terreno próximo a nascente do
córrego Macambira. Algumas
o u t r a s m o d i f i c a ç õ e s p a r a
implantação da Pça. do Buriti, do
Jardim Aquático e da Pça. do
Comércio, na Zc03, e no Parque do
Esporte, Zc02.
Fig. 57 - Topografia modificada Fig. 58 - Topografia original
10050
Maior concentração depessoas
Menor concentração depessoas
Fig. 56 - Concentração de pessoas no espaço
40
ELEMENTOS COMPOSITIVOS - PAVIMENTAÇÃO
O pavimento de maior predomínio no parque é o Drenac na cor areia, este é uma placa pré-
fabricada de concreto drenante. Composta por 82% de resíduos reciclados de cerâmica, e adição de
cimento, que resultam num produto com grande resistência ao desgaste, resistência mecânica e às
intempéries, e são ecologicamente corretos. Possue capacidade de vazão de água de 82%, permitindo
a drenagem das águas pluviais para o subsolo, isto porque ele é um pavimento poroso e seu
assentamento é feito sobre camadas de areia e brita (COSER, 2011).
Outro pavimento que compõe o Parque é o Saibro estabilizado, um pavimento permeável com
ótima adaptabilidade ao terreno e, por ser estabilizado com ligantes, ele tem maior resistência a
erosão e a chuva, sendo também utilizado também nos passeios junto ao Drenac e a Placa de
Concreto, inserindo nova textura e desenho ao piso.
Para as ciclovias foi utilizado o pavimento betuminoso colorido na cor alaranjada, por ser um
piso mais resistente e durável.
Para o Parque infantil foi assentado o piso de borracha reciclada, composto por 100% de
borracha de pneu reciclada e poliuretano. É um piso drenante, sem emendas, sem rejuntes e de baixo
custo, além de serem macios dando maior conforto às crianças.
Já a madeira é utilizada na Pça. do Comércio e na Pça. do Buriti com intenção de criar um efeito
estético de conforto e beleza ao espaço.
Drenac Gyotoku Saibro estabilizado Betuminoso colorido Placa de concreto Borracha reciclada Madeira
ELEMENTOS COMPOSITIVOS - PAISAGISMO
A flora que compõe o parque será disposta de três formas, conforme a planta paisagística no
Anexo 13:
Gramado + espécies deárvores nativas e ornamentais
Bosque (mata densa comárvores de espéciesnativas e ornamentais)
Tapete de flores + espécies de árvoresnativas e ornamentais
41
Algumas espécies selecionadas:
Ipês amarelo, branco e rosaPeríodo de floração: inverno/outono e inverno/
primavera e invernocaduca/caduca/semi-caduca
Chorãosemi-caduca
LiquidâmbarFloração: Primavera
e inverno
Ginko bilobaFloração: inverno
semi-caduca caduca
Buritiperene
Cagaitacaduca
Lobeira Jatobásemi-caduca
ReferênciasReferênciasReferênciasReferênciasReferênciasReferências
ReferênciasReferênciasReferênciasReferências
ReferênciasReferências ReferênciasReferências
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01. Passarela
02. Pça. da Água
03. Acesso ao Museu
04. Ponto de ônibus
05. Percurso entre o Museu e a Biblioteca
06. Acesso a Biblioteca
07. Parque Infantil
08. Pça. do Comércio
09. Jardim Aquático
10. Pça. das Flores
11. Pça. do Buriti
12. Anfiteatro
13. Percurso elevado
14. Pça. do esporte
15. Pista de Skate/BMX
16. Parque da Mata Ciliar do córrego
Macambira
17. Acesso ao Parque da Mata Ciliar
18. Acesso ao Centro Esportivo
19. Estacionamentos
20. Acesso ao Percurso elevado
21. Espaço para Feira livre
22. Caixas d'água (SANEAGO)
23. Condomínio Empresarial
Museu
Teatro-
Escola
Centro
Comunitário
Escola
pública e
CEMEI
Biblioteca
Centro de
Esportes
01
03
04
04
04
04
04
04
05
06
07
08
10
12
14
17
17
17
18
19
19
20
21
22
Pav. Drenac
Pav. Saibro estabilizado
Pav. Placa de concreto
Pav. Betuminoso colorido (CICLOVIA)
Pav. Madeira
Pav. Borracha reciclada
Areia
Água
Gramado
Bosque (vegetação densa)
Tapete de flores
AV. RIO
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R. ARAXÁ
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17
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ESPAÇO SINÁPTICO uma proposta para o vazio urbanoParque - Implantação
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