UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC CURSO: PEDAGOGIA POLO: ITAPIPOCA PROF. MS MARNEY EDUARDO Escola, Cultura e Sociedade: abordagem sócio- cultural e antropológica
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFCCURSO: PEDAGOGIA POLO: ITAPIPOCA
PROF. MS MARNEY EDUARDO
Escola, Cultura e Sociedade: abordagem sócio-
cultural e antropológica
A história da educação e a escola
O que pensamos sobre uma escola?
Escolas públicas e privadasRepresentaçãoEducação desde a AntiguidadeMas só 200 anos de escola
Papéis que a escola desempenhou
Antigo Egito – Institutio oratóriaGrécia Antiga (V a. C.) filosofia para os ricos
e ofícios para os pobres
PAIDÉIA: nome dado a um conjunto de instituições, valores, mitos e práticas educativas que visavam a formação de um elevado tipo de homem – o homem grego, a partir de um processo consciente de ação educadora: A Pedagogia (JAEGER, 2003)
Enkyklospaideia: trivium (gramática, retórica, filosofia) + quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia)
Alta Idade Média (séc. V d. C.): a educação passa a ser desenvolvida pelos primeiros educadores cristãos: os padres.
Santo Agostinho de Hipona foi o principal pensador da Patrística
Obs: 6 séc depois surgirá a Escolástica
Carlos Magno ( séc. VIII): O monge inglês Alcuíno elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber clássico estabelecendo os programas de estudo a partir das sete artes liberais:
O trivium e o quadrivium, A partir do ano 787, foram emanados
decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas escolas e a fundação de novas.
Institucionalmente, essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes.
Essa reforma ajudou a preparar o caminho para o Renascimento do Século XII. O ensino da dialética (ou lógica) foi fazendo renascer o interesse pela indagação especulativa,
Muitas das escolas que haviam sido fundadas nesse período, especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de universidades medievais.
Império de Carlos Magno
A percepção do mundo
Se viajarmos para o cenário histórico do século XIX podemos perceber que as instituições sociais se encontravam num momento de crise e questionamento.
Valores tradicionais eram rompidos, pessoas viviam em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados. Esta situação não podia ser ignorada.
De uma forma ou de outra, toda a sociedade estava sofrendo ou ira sofrer as conseqüências.
A sociedade não existe sem educação. A inserção na sociedade se faz através da educação moral e intelectual, pois o homem, sociedade e processo educacional surgem no âmbito da família, da igreja, da escola e da comunidade.
O ser social tem dentro dele toda sua essência humana, mas também um conjunto de outros valores existentes na sociedade.
O papel da escola
A escola ocupa uma posição central na formação da criança e no desenvolvimento da comunidade em que está inserida, porque a criança ao entrar na escola rompe com o seu enquadramento familiar e se transforma em um ser social.
O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em que está inserido, a saber, quais são suas origens e as condições de que depende.
Função Social da Escola
“o homem para se tornar humano, ou seja, para se educar, sempre esteve em relação ‘com’, já que sua característica primordial é a incompletude.” (Died, 2008).
Escola como reprodutora de valores
Escola ao serviço das intenções de reprodução, de manutenção e legitimação do poder das classes dominantes sobre as classes dominadas
Para alguns a escola é uma espécie de cultura estrangeira
Assim como a vida a educação tem que ser reinventada
Charlot “transformar a ordem do mundo em seu próprio proveito.”
3 Papeis da escola - Charlot
1. O de preparar os sujeitos para estarem no mundo
2. O de instruí-los na convivência com o seu semelhante
3. O de despertá-los para a compreensão de si frente ao mundo e aos outros que com ele partilham o mundo
Exposição de conhecimentosConstruir sentido ao se apropriar do conhecimento
Transformar em saberesMundo do trabalhoAtividade Intelectual
Aula 2 tópico 1: O que é Cultura?
A escola e o seu espaço físicoContexto sócio político e culturalMomento histórico e socialAs práticas educacionais dentro e fora da escola fazem parte da e na cultura de uma sociedade
As várias culturas
Definição de cultura de Clifford Geertz:“O conjunto de significados que são construídos
pelo homem nas teias de relações sociais por ele criadas e as quais ele se prende intensamente”
“inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (Edward B. Taylor)
Cultura é também associada, comumente, a altas formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade.
As várias culturas
Cultura na Escola: é a relação da escola com a cultura social mais ampla
Cultura da Escola: aquelas ações e comportamentos que fazem dessa instituição uma escola como todas as outras
Culturas Escolares: modos de ser particulares de cada agrupamento escolar e que os fazem diferentes uns dos outros
A cultura de um povo é representada por tudo aquilo que a constitui e o singulariza como um agrupamento humano:
Sua Lingua Manifestações artísticasReligião Comportamentos
sociaisCulinária FolcloreModos de vestirModos de se relacionar com a natureza e com os
outros humanos
Pra você O que é cultura?
O conceito de cultura em nossa sociedade e as práticas escolares: aula 2
Tóp. 2: A Cultura e as Práticas EscolaresA questão: De que maneira a escola
compreende o conceito de cultura e como ela tem trabalhado a respeito desse tema?
Alguns teóricos como Bourdieu e Passeron acreditam que ao invés de transformar a escola reproduz e reforça as desigualdades sociais
A escola nem é neutra nem democrática Está a serviço dos dominantes
Qual a relação dessa crítica com a cultura?
Outro aspecto do problema
Como a escola entende e constrói o conceito de cultura?
A resposta depende de como a escola define o termo
Que pode ser:Uma gama de manifestações artísticas: teatro,
música, escultura, pintura ....Ou um conjunto de outras manifestações: festas,
lendas, cerimônias, comida idioma ...Qual a diferença dessas duas referências artísticas?
Aula 2 tópico 3: A Escola e as Culturas
A escola tem se centrado em um aluno modeloA escola segue uma ideologia que não existe, por queEtnografia: “é um método tradicional que visa
realizar a descrição dos significados pertencente a um determinado grupo. Todo grupo social atribui significados às suas experiências de vida.A etnografia atua enfatizando a exploração da natureza e de um fenômeno social particular; realiza entrevistas em profundidade; inicia observação; analisa o discurso dos informantes; investiga os detalhes de um fato; lança perspectiva microscópica; e por fim interpreta os significado e práticas sociais.”
Fonte: http://www.infoescola.com/antropologia/etnografia/
As tentativas de solucionar os problemas de caráter pedagógico só terão eficácia se houver também a participação efetiva de todos os envolvidos no processo educativo:
Gestores (coordenadores, diretores)ProfessoresAlunosPais
Antropologia e educação
InterdisciplinaridadeAntropologia: estuda o homem totalColaboração da Sociologia, Psicologia
e Educação3 problemas: 1. Relativização2. Descrição densa dos significados3. Tempo de permanência entre os
sujeitos
Não devemos igualar mas respeitar os alunos
Bibliografia
ABRIC, Jean- Claude. O estudo experimental das representações sociais. In: JODELET, Denise. (Org.). As representações sociais. Trad. Lílian Ulup. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 155-171.
ANDRÉ, Marli Eliza D. A. Etnografia da prática escolar. 14.ed. Campinas/SP: Papirus Editora, 2008.
BOURDIEU, Pierre ; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. 3ª ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
BOURDIEU, Pierre. Esboço de uma teoria da prática. In. ORTIZ, R. (Org.). Pierre Bourdieu: Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.
BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998. BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1997. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 26 ed. São Paulo: Editora Brasiliense,
1991. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial do
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Reunião Anual da ANPEd: resumos e programas. Caxambu - MG: ANPEd, 1997. CÂNDIDO, Antônio. Tendências no desenvolvimento da sociologia da educação. In.
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Bibliografia
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por representações sociais e pela relação com o saber. Educação em Debate (CESA/UFC), v. 1, p. 18-25, 2006.
DIEB, Messias. Os sentidos do aprender e do ensinar: trilhando a organização do livro. In. DIEB, Messias. (Org.). Relações e saberes na escola: os sentidos do aprender e do ensinar. Belo Horizonte: Autêntica, 2008, p. 11-15.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
GATTI, Bernadete Angelina. A construção da pesquisa em educação no Brasil. Brasília: Plano Editora, 2002 (Série Pesquisa em Educação, v.1).
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. GOMES, Alberto Cândido. A educação em perspectiva sociológica. 3 ed. São
Paulo: EPU, 1994.OBS: conteúdo do material utilizado na apostila da disciplina