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R. R. Hodge
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DE
-
ESBOOSde
TEOLA
Archibald Alexander Hodge, D. D./
Professor de Teologia Sistemtica no Seminrio Teolgico de
Princeton
N ewjersey, EUA
5 3
PUBLICAES EVANGLICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287
01059-970-S o P a u lo -S P
AdeilsonRealce
AdeilsonRealce
AdeilsonRealce
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-
Ttulo original:Outlines of Theology
Primeira edio em ingls: r1860 " '
Primeira edio em portugus - Portugal:1895
* i- Traduo do ingls: - ' r . . .F.J.C.S. - Lisboa
Primeira edio lanada no Brasil: 2001 : '-t
f
Linguagem atualizada:Odayr Olivetti e Azen Valim Olivetti
Reviso:Antonio Poccinelli
Cooperador:Jos Serpa
Capa:Sergio Menga
HImpresso: w U / j.'/Im prensa da F :>' .^ '! 0\
-
ndice
Captulos ............. . Pginas
P refc io
....................................................................................71.
A teologia crist: suas diversas divises; sua relao
com outros ramos do conhecimento h u m an o ............... 112.
A origem da idia de Deus; prova da Sua existncia 303. Os mananciais
da teo log ia ................................................644.
A inspirao da B b lia
.......................................................805. A regra
de f e prtica; as Escrituras do Velho e do
Novo Testamentos; a nica regra de f e o nico juiznas
controvrsias.............................................................
104
6. Comparao de sistem
as................................................. 1227. Credos e
confisses........................................................
1468. Os atributos de D
eus........................................................1709. A
Santssima T
rindade..................................................220
10. Os decretos de Deus em
geral......................................26811. A
predestinao.................................................................28712.
A criao do m u n do
.......................................................32013. Os an
jos............................................................................
33714. A
providncia....................................................................
34915. A constituio da alma, a vontade, a liberdade, etc. 38016. A
criao e o estado original do hom em ...................... 40217. A
aliana das o b
ras...........................................................
42118. A natureza do pecado e o pecado de A d o
..................43019. O pecado original - (Peccatum
Habituale)..................44520. A
incapacidade..................................................................46521.
A imputao do pecado original de Ado sua
posteridade.........................................................................
480
-
22. A aliana da
graa.........................................................
50723. A Pessoa de C ris to
........................................................ 52324. O
ofcio medianeiro de C ris to
....................................54225. A propiciao; sua
natureza, necessidade, perfeio
e extenso
.........................................................................
55626. A intercesso de C risto
.................................................59327. O reinado
medianeiro de C ris to .................................59628. A
vocao
eficaz.............................................................61929.
A
regenerao................................................................
63530. A f
...................................................................................64831.
A unio dos crentes com C
risto..................................67232. O arrependim ento e a
doutrina romanista das
penitncias.......................................................................67833.
A
justificao.................................................................
69134. A adoo e a ordem observada pela graa na aplica
o da redeno, nas diversas partes da justificao, a regenerao e da
santificao............................ 718
35. A santificao.......................
..........................................72536. A perseverana dos
santos............................................75637. A morte e
o estado da alma depois da m orte ...........76538. A
ressurreio................................................................
78239. O segundo advento e o juzo g e ra
l.............................79140. O cu e o in fe rn o
........................................................... 80641.
Os sacram
entos..............................................................
82242. O Batismo: sua natureza e propsito, seus objetos,
modo, eficcia e
necessidade....................................... 84343. A Ceia do
S e n h o
r..........................................................885
ndice de Autores e de A
ssuntos*.................................914
* Acrescentado pela PES ao volume original emportugus
-
Prefcio
A presentando este livro ao leitor, tenho a dizer que a concepo
e a execuo da obra so devidas experincia que tive de ser necessrio
tal manual de definies e argumentaes teolgicas, no meu trabalho de
instru ir os membros da Igreja da qual fui pastor. Os diversos
captulos foram, em prim eiro lugar, preparados e usados por mim
como as bases de uma srie de discursos dirigidos, sem notas, m inha
congregao nos domingos noite, e no uso que assim fiz delas, achei
que estas preparaes eram teis alm das m inhas esperanas; pois a
maior parte da congregao foi induzida a entrar, com m uito
interesse, no estudo at dos assuntos mais abstrusos. Tendo, pois,
esta obra passado por essa prova prtica, ofereo- -a, agora, a meus
colegas no m inistrio do evangelho para quedela se sirvam, se
quiserem, como um repertrio de materialdigesto para o ensino
doutrinrio do seu povo, seja em classesbblicas, seja por meio de
discursos no culto pblico. Ofereo--a tam bm como um a ten ta tiva
de p rover assim a um areconhecida necessidade pblica, como um
resumo deestudo teolgico para uso dos estudantes de teologia em
geral,e para uso dos muitos laboriosos pregadores do evangelho
aquem falta o tempo necessrio ou a oportunidade, ou outromeio
essencial, para estudarem as obras custosas e elaboradasdas quais
se colheram os materiais deste compndio.
As perguntas tm sido conservadas formalmente, no com o fim de
adaptar assim o livro de qualquer modo ao ensinocatequtico, e sim,
por ser este o modo mais conveniente eperspcuo de apresentar um
esboo de teologia. Esta mesmanecessidade de condensar, espero que
sirva para desculpar,at certo ponto, alguns casos de obscuridade
nas definies e
7
-
alguns em que talvez haja falta de ilustraes, casos que o
leitor, sem dvida, notar.
No Prefcio da segunda edio desta obra (em ingls), revista e
aumentada, o editor ainda diz:
O Prefcio da edio original narra, acurada e um tanto
circunstanciadam ente, a maneira pela qual se originou esta obra. D
esde a sua prim eira publicao at agora tm se m ultiplicado as
provas de que ela proveu a uma necessidade pblica, e grande nm ero
de exemplares tm sido vendidos na Amrica do Norte e na Gr-Bretanha.
Alm disso, tem sido traduzida para a lngua do Pas de Gales e para o
grego moderno, e usada em diversos seminrios teolgicos.
Desde que saiu a sua prim eira edio, o autor tem estado ocupado
catorze anos no trabalho prtico de instrutor teolgico. Tem
adquirido mais conhecimentos e tambm mais experincia como
professor, e estes tm sido utilizados nesta nova e aumentada edio,
que chegou ao seu tamanho atual mediante os acrscimos feitos
durante alguns anos de ensino ministrado s diversas classes do
Seminrio Teolgico.
Esta edio contm quase c inqen ta por cento mais m atrias que a
prim eira. As discusses das doutrinas que dividem os diversos ramos
da Igreja, tm sido acrescentados extratos dos principais credos,
confisses e clssicos escritores teolgicos das grandes Igrejas
histricas. E o apndice contm um a traduo do Consensus Tigurinus de
Calvino, e da Frmula Consensus Helvtica de Heidegger e Turretino,
duas confisses de muito grande interesse doutrinrio para o
estudante da teologia reformada, mas pouco acessveis.
A obra outra vez oferecida Igreja Crist, no como um tratado
completo sobre teologia sistem tica para uso dos proficientes, e
sim como um simples manual, adaptado s necessidades dos estudantes
que tomam suas prim eiras lies nesta grande cincia, e convenincia
dos muitos trabalhadores
-
srios que talvez desejem refrescar a sua memria por meio de uma
reviso sumria do terreno sobre o qual passaram nos prim eiros anos
de seus estudos teolgicos.
- A . A . HodgePrinceton, N ew jersey
> 06 de agosto de 1878
-
'K.Oi-
1
Teologia Crist; Suas Diversas Divises;
Sua Relao com Outros Ramos do Conhecimento Humano
1. Que Religio? Que Teologia, no seu sentido cristo?Religio, no
seu sentido mais geral, a soma das relaes
que o homem sustm para com Deus, e compreende as verdades,
experincias, aes e instituies que correspondem a essas relaes ou
que delas provm.
Teologia, no seu sentido mais geral, a cincia da religio.A
religio crist aquele conjunto de verdades, experi
ncias, aes e instituies que se acham determ inadas pela revelao
que nos apresentada sobrenatu ra lm en te nas Escrituras Sagradas.
Teologia crist a determinao, in terpretao e defesa cientfica dessas
Escrituras, junto com a histria da maneira pela qual as verdades
nelas reveladas tm sido entendidas, e os deveres nelas impostos tm
sido cum pridos, por todos os cristos, em todos os sculos.
2. Que Enciclopdia Teolgica? Que Metodologia
Teolgica?Enciclopdia teolgica (de um termo grego que significa
o crculo inteiro da educao geral), apresenta ao estudante
ocrculo inteiro das cincias especiais que tm por fim
descobrir,elucidar e defender o contedo da revelao contida
nasEscrituras Sagradas, e procura apresentar essas cincias nas
11
-
relaes orgnicas determinadas por sua gnese e sua natureza
ntima.
Metodologia teolgica a cincia do mtodo teolgico. Assim como cada
diviso das investigaes hum anas exige um modo de tratam ento
peculiar, e cada subdiviso de cada diviso geral exige certas
modificaes especiais de tratamento, e que lhe so prprias, assim
tambm a metodologia teolgica tem por fim determ inar
cientificamente qual o verdadeiro m todo geral e especial, pelo
qual convm estudar as cincias teolgicas. Isso inclui duas
categorias distintas: (a) os mtodos prprios para a investigao
original e construo das diversas cincias, e (b) os mtodos prprios
para a instruo elem entar nessas cincias.
Tudo isso deve ser acompanhado de informaes crticas e histricas,
e de instrues sobre o modo de tirar proveito do im enso m ateria l
lite r rio com que essas cincias esto ilustradas. o ,?uA vay.j
rnsic';/.5 -i'-
3. At onde seria possvel a classificao cientfica de todas
ascincias teolgicas? E por que desejvel que se procure fazer tal
classificao?
Tal classificao pode aproximar-se da perfeio s na proporo em que
essas cincias se aproximem, elas mesmas, da sua forma final e
absoluta. A tualmente toda tentativa nesse sentido s pode
aproximar-se mais ou menos de um ideal que no se pode alcanar no
estado atual dos conhecimentos, nesta vida. O bom xito comparativo
de cada tentativa separada depende tambm, necessariamente, da
justeza comparativa dos princpios teolgicos gerais em que se
baseia. evidente que os que tomarem a Razo, os que tomarem uma
Igreja inspirada, e os que tomarem as Escrituras inspiradas como
fonte e norma de todo o conhecim ento divino ho de, necessariam
ente, configurar as cincias teolgicas nos diversos fundamentos em
que as fizerem assentar.
O ponto de vista adotado neste livro o evanglico, e
Captulo 1
12
-
Teologia Crist
especificamente o calvinista ou agostiniano, e tom a como
verdadeiros os seguintes princpios fundam entais: I o. As
Escrituras inspiradas so a regra e padro nico e infalvel de todo o
conhecimento religioso. 2o. Cristo e Sua obra so o centro ao redor
do qual se dispe, em ordem, toda a teologia crist. 3o. A salvao
trazida luz no evangelho sobrenatural e provm da l i v r e g r a a
d e D e u s . 4o. Todo conhecim ento religioso tem uma finalidade
prtica. As cincias teolgicas, longe de terem a si mesmas como seu
fim absoluto, tm o fim nobre de fazer os homens progredirem na
santidade pessoal, de habilit-los a servir m elhor a seus sem
elhantes, e dePROMOVER A GLRIA DE D E U S.
As vantagens de agruparmos assim as cincias teolgicas so bvias e
grandes. As relaes de todas as verdades so determinadas pela sua
natureza, donde se segue que sua na tu reza revelada pela exibio de
suas relaes. Essa exibio tender tambm a alargar o horizonte mental
do estudante, a incit-lo a adquirir largueza de cultura, e a im
pedir que exalte indevidam ente ou cultive exclusivam ente qualquer
ram o especial, pervertendo assim esse ramo por olh-lo fora de suas
limitaes e dependncias naturais.
4. Quais as perguntas fundamentais a que toda a cinciateolgica
se prope a dar respostas e que, por isso, determinam a ordem em que
se seguem as diversas divises dessa cincia geral?
I a. Existiria um Deus? 2a. Teria Deus falado? 3a. Que disse
Deus? 4a. Como que os homens, no tempo passado, entenderam a
Palavra de Deus e realizaram praticam ente, nas suas pessoas e
instituies, as intenes de Deus?
5. Qual a posio que, numa enciclopdia de cincias
teolgicas,preciso dar a outros ramos do conhecimento humano?
E evidente que, visto que a revelao sobrenatural que aprouve a
Deus dar-nos veio a ns em uma forma histrica, essa histria, bem
como a da Igreja Crist, ligada inseparvel
SffiUOTFCA BREY LARK 13
-
e, mais ou menos diretamente, com toda a histria humana. E
evidente tambm que, visto que toda a verdade um s todo, todas as
verdades e deveres revelados se acham ligados indissoluvelmente a
todos os ramos do conhecimento hum ano e a todas as instituies da
sociedade humana. Segue-se pois, que a cincia teolgica em nenhum
ponto pode ser separada da cincia em geral, e que algum conhecim
ento, de todos os ramos do conhecimento hum ano, acha-se com
preendido necessariamente em qualquer sistema de enciclopdia
teolgica como auxiliar das prprias cincias teolgicas. Algumas
dessas cincias auxiliares sustm relaes especiais para com certas
cincias teolgicas e esto relacionadas muito rem otam ente com
outras. Convm, porm, atribuir-lhes um lugar prprio e separado por
constituirem , em geral, uma d iscip lina p reparatria e auxiliar
da cincia de teologia considerada como um todo.
6. Quais as principais divises da classificao proposta
dascincias teolgicas?
I o. Cincias auxiliares no estudo de teologia.2o. Apologtica -
abrangendo as respostas s duas perguntas:
existiria um Deus? Teria Deus falado?3o. Teologia exegtica -
abrangendo a determinao crtica
das ipsissima verba da revelao divina e a interpretao do seu
sentido.
4o. Teologia sistemtica - abrangendo o desenvolvimento em um
sistema completo e conseqente do contedo inteiro dessa revelao, e
sua subseqente elucidao e defesa.
5o. Teologia prtica - abrangendo os princpios e leis revelados
nas Escrituras para direo dos cristos: (a) na prom ulgao dessa
revelao divina, assim averiguada e interpretada, e (b) em levarem
todos os homens ao cum prim ento prtico dos deveres nela impostos e
(c) na fruio das bnos que ela confere.
6o. Teologia histrica ~ abrangendo a histria do desenvol
Captulo 1
14
-
Teologia Crist
vimento durante todos os sculos passados e entre todos os povos,
dos elementos tericos e prticos dessa revelao: (1) na f e (2) na
vida da Igreja.
7. Quais os ramos principais do conhecimento humano,
auxiliaresno estudo de teologia?
Io. Histria universal, que ramo essencial a todos os demais
ramos da cincia hum ana e, em particular, as histrias do Egito, da
Babilnia, da Assria, da Grcia, de Roma e da Europa medieval e
moderna, que so auxiliares especialmente da cincia teolgica.
2o. A arqueologia no seu sentido mais com preensivo, abrangendo
a in terpretao de inscries, m onum entos, moedas e remanescentes
das artes e as ilustraes recolhidas da e de todas as outras fontes
acessveis, da distribuio geogrfica e condies fsicas, e das
instituies e costumes polticos, religiosos e sociais, de todos os
povos e de todos os sculos.
3o. A etnologia - a cincia das divises da famlia hum ana em raas
e naes, e da sua disperso sobre a face da terra - que indaga de sua
origem e afiliaes, das variedades do seu carter fsico, intelectual,
moral e religioso, e tambm das causas e condies que modificam essas
variaes.
4o. A filologia comparativa - a cincia que, tom ando como ponto
de partida os grupos naturais das lnguas humanas, investiga as
relaes e origens das lnguas e dialetos; e, rem ontando alm das eras
em que se princip ia a histria hum ana, acha a provas da unidade de
raas agora separadas, e os elementos de civilizaes j h m uito
extintas, e os fatos de mudanas histricas que no deixaram outros
vestgios.
5o.A cincia da religio comparativa (religies comparadas) - o
estudo crtico e a comparao da histria, das crenas, doesprito, dos
princpios, das instituies e do carter prticode todas as religies
tnicas, investigando a luz que elas lanamsobre (a) a natureza e a
histria humanas, (b) o governo moral
15
-
de Deus, e (c) a revelao sobrenatural contida nas Escrituras
Sagradas. .-vim \ - -
6o. A filosofia - a base e m estra de todas as cincias m eram
ente hum anas. Abrange a h istria da origem e do desenvolvimento de
todas as diversas escolas de filosofia - as antigas, as da idade
mdia e as modernas - o estudo crtico e a comparao dos princpios,
mtodos e doutrinas, e da extenso e carter da sua influncia
respectiva sobre todas as outras cincias e instituies,
especialmente sobre as que so polticas e religiosas, e mais
especialm ente ainda sobre as que so definitivamente crists.
7.A psicologia - ou essa diviso da cincia experimental que
descobre as leis da ao da mente humana, como ela se m anifesta sob
condies norm ais (a) nos fenm enos da conscincia e ao individuais,
e (b) nos fenmenos da vida social e poltica. ^ - >:. i.
8. A esttica, ou a cincia das leis do belo em todas as suas
formas de msica, retrica, arqu ite tu ra , p in tu ra , etc., os
princpios e a histria de todas as diversas divises da arte.
9. As cincias fsicas, seus mtodos gerais e especiais; sua gnese,
desenvolvimento e tendncias atuais; sua relao com a filosofia,
especialmente com o Desmo e com a religio n atural, com a civilizao
e com a histria e doutrinas consignadas nas Escrituras.
10.A estatstica, cujo fim dar-nos elementos completos sobre o
estado atual da raa hum ana no mundo, a respeito de tudo o que se
pode sujeitar a comparaes - quanto ao seu nm ero e estado fsico,
intelectual, religioso, social e poltico de civilizao, com rcio,
lite ra tu ra , cincias, artes, etc.; elementos dos quais esto
sendo desenvolvidos gradualm ente as formas imaturas da cincia
social e da economia poltica.
8. Que que se abrange sob o ttulo de Apologtica?Este ramo
divide-se em dois ttulos: (1) Existiria um
Deus? (2) Teria Deus falado? Ele inclui:
Captulo 1
16
-
Teologia Crist
Io. A prova da existncia de Deus, isto , de uma Pessoa extra-
-terrena, transcendente e ao mesmo tempo im anente; criando,
conservando e governando todas as coisas segundo o seu plano
eterno. Isto envolve a discusso e refutao de todos os sistemas
antitestas, como sejam o atesmo, o pantesmo, o desmo naturalista, o
materialismo, etc. ' .. - .
2o. O desenvolvimento da teologia natural, compreende a relao em
que Deus est como Governador moral para com os agentes inteligentes
e responsveis, e as indicaes da Sua vontade e propsito e, por
conseguinte, dos deveres e destinos dos homens at onde possvel
descobri-los luz da natureza.
3 As provas do cristianismo, compreendendo...(1) A discusso do
uso prprio da razo nas questes
religiosas.(2) A dem onstrao da possibilidade a priori de um
a
revelao sobrenatural.(3) A necessidade e p robab ilidade de tal
revelao,
tomando-se em considerao o carter de Deus e o estado do gnero
hum ano segundo no-lo revela a luz da natureza.
(4) A prova positiva do fato real de que tal revelao foi dada:
(a) m ediante os profetas do Velho Testam ento (b) m ediante os
profetas do Novo Testamento, e sobretudo, (c) na Pessoa e obra de
Cristo. Isto envolve naturalm ente a discusso crtica de todas as
provas que dizem respeito a este ponto, tanto externas como
internas, histricas, racionais, morais e espirituais, naturais e
sobrenaturais, tericas e prticas; e a refutao de toda a crtica
histrica e racionalista que tem im pugnado o fato da revelao, ou a
integridade dos escritos que a contm. M uito daquilo que se acha
mencionado aqui estar necessariamente compreendido tambm sob os
ttulos de teologia sistemtica e teologia exegtica.
9. O que a Teologia Exegtica compreende?Quando os fatos: (1) que
existe um Deus, e que (2) Deus
nos tem falado - forem estabelecidos, ser necessrio ainda
17
-
responder pergunta: o que nos tem dito Deus? Teologia exegtica o
ttulo geral daquela diviso da cincia teolgica que tem por fim a
interpretao das Escrituras como a Palavra de Deus, deixada por
escrito em linguagem humana, e que nos foi transm itida por canais
humanos; e para conseguir esse fim, o assunto de Interpretao
procura recolher e organizar todo o conhecimento que para isso
necessariamente introdutrio. Isso inclui as respostas a duas
perguntas: (1) Quais os livros que formam o cnon, e quais as
palavras exatas contidas nos registros originais dos escritores
desses diversos livros? (2) Qual o sentido dessas palavras divinas,
assim averiguadas ?
As respostas a todas as perguntas prelim inares in te rpretao,
propriam ente ditas, pertencem ao ttulo introduo, e esta se divide
em: (1) introduo geral, que inclu i toda informao prelim inar
interpretao que tem relao com a Bblia, como um todo, ou com cada um
dos Testamentos, como um todo; e (2) introduo especial, que inclui
toda a preparao necessria para a interpretao de cada um dos livros
da Bblia, em separado. , .
A. Introduo Geral compreende:I o. A crtica superior /alta
crtica/, ou o exame das provas
que existem e de toda espcie, em apoio da autenticidade de cada
um dos livros do cnon sagrado.
2o. A crtica do texto/crtica textual, a qual, por um a comparao
dos melhores manuscritos e das verses antigas, pelas provas
internas, e pela histria crtica do texto desde o seu prim eiro
surgim ento at ao tem po presente, procura determ inar as ipsissima
verba dos autgrafos originais dos escritores sagrados.
3o. A Filologia bblica, que d respostas s perguntas: por que
foram usadas diversas lnguas nos escritos sagrados? Por que as
lnguas hebraica e grega? Quais so as caractersticas especiais dos
dialetos dessas lnguas realmente usados, e qual a sua relao para
com as famlias de lnguas a que elas pertencem? Quais eram as
caractersticas especiais dos
Captulo 1
18
-
Teologia Crist
escritores sagrados individualm ente, quanto ao dialeto, ao
estilo, etc.?
4o.Arqueologia bblica, compreendendo a geografia fsica e poltica
dos pases bblicos, durante o transcurso da histria bblica e determ
inando a condio fsica, etnolgica, social, poltica e religiosa do
povo entre o qual se originaram as E sc ritu ra s , ju n to com a
descrio de seus costum es e instituies, e da relao em que estes
estavam para com os de seus antepassados e contemporneos.
5o. Hermenutica, ou a de term inao c ien tfica dos princpios e
regras de interpretao bblica, compreendendo(1) os princpios lgicos,
gramaticais e retricos que determ inam a interpretao da linguagem
hum ana, em geral; (2) as modificaes desses princpios apropriadas
interpretao das formas especficas da linguagem hum ana, e.g.,
histria, poesia, profecia, parbola, sm bolo, etc., e (3) as outras
modificaes desses princpios apropriados interpretao dos escritos
inspirados sobrenaturalmente.
6o. Inspirao bblica. Depois de ter a apologtica estabelecido o
fato de serem as Escrituras Sagradas o veculo de uma revelao
sobrenatural, necessrio que discutamos e determ inem os a natureza
e a extenso da inspirao bblica at onde esta determinada pelo que as
Escrituras mesmas dizem sobre este ponto, e pelos fenmenos que elas
representam.
7o. A Histria da Interpretao, incluindo a histria das antigas e
modernas verses e escolas de interpretao, ilustrada por uma
comparao crtica dos mais importantes comentrios.
B. Introduo especial, trata de cada livro da Bblia por si e
fornece sobre o seu dialeto, autor, ocasio, desgnio e recepo, toda
a informao necessria para a sua interpretao acurada.
C. Exegese prpria a aplicao de todo o conhecimento recolhido, e
de todas as regras desenvolvidas nas precedentes divises da
introduo interpretao do texto sagrado, assim como este se acha nas
suas conexes originais dos Testamentos, livros, pargrafos, etc.
19
-
Seguindo as leis da gramtica, o usus loquendi das palavras, a
analogia das Escrituras e a direo do Esprito Santo, a exegese
procura discernir a mentalidade do Esprito como se acha expressa
nos perodos inspirados, arranjados na ordem em que os achamos.
H diversas divises especiais classificadas sob o ttulo geral de
teologia exegtica que envolvem, at certo ponto, a classificao e a
combinao dos testemunhos bblicos em tpicos e assuntos, que so a
caracterstica distintiva de teologia sistemtica. Essas divises
so:
Ia. Tipologia, que compreende a determinao cientfica das leis
dos smbolos e tipos bblicos e sua interpretao, especialmente os do
ritual mosaico relacionado com a Pessoa e a obra de Cristo.
2a. Cristologia do Velho Testamento, a exposio crtica da idia
messinica, como vem desenvolvida no Velho Testamento. V . i
3a. Teologia bblica, que investiga a evoluo gradual dos diversos
elementos das verdades reveladas, desde a sua primeira sugesto,
atravs de cada fase sucessiva, at sua mais completa manifestao no
texto sagrado; e exibe as formas e conexes peculiares em que essas
diversas verdades so apresentadas pelos diversos escritores
inspirados.
4a. O desenvolvimento dos princpios de interpretao proftica, e
sua aplicao construo de um esboo das profecias dos dois
Testamentos. Notes on New Testament Litera- ture, por Dr. J. A.
Alexander.
10. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia
Sistemtica?
Como o d a entender o seu nome, teologia sistemtica tem por fim
reunir tudo quanto as Escrituras ensinam sobre o que devemos crer e
fazer, e apresentar todos os elementos desse ensino na forma de um
sistema simtrico. A mente hum ana procura sempre unidade, em todos
os seus conhecimentos. A
Captulo 1
20
-
Teologia Crist
verdade de Deus una, e o contedo in te iro de todas as revelaes
naturais e sobrenaturais no pode deixar de constitu ir um s sistema
completo em si, cada parte do qual se acha relacionada orgnicamente
com todas as outras partes.
O mtodo de construo indutivo. Tem por base os resultados da
exegese. Seus dados so passagens das Santas Escrituras, averiguadas
e interpretadas. Esses dados, quando interpretados corretam ente,
revelam suas prprias relaes e seu lugar no sistema do qual a Pessoa
e a obra de Cristo so o centro. E, assim como o contedo da revelao
est em relao n tim a com todos os ou tros ram os dos con h ec im en
to s hum anos, a tarefa da teologia sistem tica envolve,
necessariamente, a demonstrao e a ilustrao da harm onia que existe
en tre todas as verdades reveladas e toda a cincia legtima, quer
material, quer psicolgica, toda a verdadeira filosofia especulativa
e toda a verdadeira filosofia m oral e filantropia prtica.
A teologia sistemtica compreende: A. A construo de um completo
sistema de f e deveres, composto do contedo in te iro da revelao.
B. A h is t ria desse processo de construo, como ele prevaleceu na
Igreja, no passado. C. polmica.
A. A construo de um completo sistema composto do contedo da
revelao. Isso compreende o tratam ento cientfico de: (a) todas as
matrias de f reveladas; e (b) todos os deveres impostos.
No modo de arranjar os tpicos, a maior parte dos telogos tm
seguido o que o Dr. C halm ers denom ina - m todo sinttico. Tomando
como ponto de partida a idia e a natureza de Deus, reveladas nas
Escrituras, consideram seus propsitos eternos e seus atos temporais
nas obras da criao, providncia e redeno, at a consumao final. O Dr.
Chalmers prefere, porm, o que ele chama - mtodo analtico, e toma
por ponto de partida os fatos da experincia e da luz da natureza, e
a condio atual e m oralm ente enferma do hom em , e da vai
21
-
subindo at chegar redeno e ao carter de Deus, como nela
revelado.
Quando se segue o prim eiro destes mtodos, agrupam-se com um
ente todos os elementos do sistema, sob os seguintes ttulos:
Io. Teologia propriam ente dita: compreendendo a existn cia , os
a trib u to s e a p e rsonalidade tr i n a de D eus, juntam ente
com os Seus propsitos eternos e os atos temporais de criao e
providncia.
2o. Antropologia (a doutrina do homem): compreendendo a criao e
a natureza do homem, seu estado original, queda e conseqente runa
moral. Isto abrange a psicologia bblica e a doutrina bblica sobre o
pecado, sua natureza, origem e modo de propagao.
3o. Soteriologia (a doutrina da salvao): que inclui o plano, a
execuo e a aplicao, e os efeitos gloriosos da salvao dos homens.
Isso abrange a Cristologia (a doutrina sobre Cristo): a encarnao, a
constituio da Pessoa de Cristo, Sua vida, morte e ressurreio,
juntam ente com a obra prpria do Esprito Santo, os meios de graa, a
Palavra de Deus e os sacramentos.
4o. tica crist: abrangendo os princpios, regras, motivos e
auxlios dos deveres humanos revelados na Bblia, como so determ
inados (a) pelas relaes naturais que o hom em tem como homem com os
seus semelhantes, e (b) suas relaes sobrenaturais como homem
remido.
5o. Escatologia (a cincia das ltim as coisas): com preendendo a
morte, o estado interm edirio da alma, o segundo advento, a
ressurreio, o juzo geral, o cu e o inferno.
6o. E clesio log ia (a c incia da Ig reja): in c lu in d o a
determinao cientfica de tudo quanto as Escrituras ensinam a
respeito da Igreja visvel e invisvel, em seu estado temporal e no
eterno; a idia da Igreja - sua verdadeira definio, sua constituio e
organizao, seus oficiais e suas funes. A comparao e crtica de todas
as modificaes da organizao eclesistica que tenham existido, juntam
ente com sua gnese,
Captulo 1
22
-
Teologia Crist
sua histria e seus efeitos prticos. -B. H istria das doutrinas:
que com preende a histria
de cada uma destas grandes doutrinas, a investigao de seu
primeiro aparecimento e subseqente desenvolvimento atravs das
controvrsias a que cada doutrina deu lugar, e as Confisses em que
se acha definida.
C. Polmica ou teologia controversial: incluindo a defesa do
verdadeiro sistema de doutrina, tanto no seu todo como tambm em
cada um de seus elementos constitutivos contra as perverses dos
partidos herticos, dentro do mbito da Igreja geral. Isso abrange:
(a) Os princpios gerais e o verdadeiro m todo de con trovrsias
relig iosas, (b) A defin io do verdadeiro status quoestionis em
cada controvrsia e um a exposio das fontes de testem unho e dos
mtodos defensivos e ofensivos de v ind icar-se a verdade, (c) A h
is t ria das controvrsias.
11. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia
Prtica?
Teologia prtica tanto uma arte como uma cincia. Como arte, tem
por fim a publicao eficaz do contedo da revelao entre todos os
homens e a perpetuao, extenso e edificao do reino terrestre de
Deus. Como cincia, tem como sua provncia as leis e os princpios
revelados da arte acima definida. Por isso, assim como a teologia
sistemtica baseia-se num a cabal exegese, ao mesmo tempo cientfica
e espiritual, assim tam bm a teologia p r tica baseia-se nos
grandes princpios desenvolvidos pela teologia sistemtica, enquanto
que a diviso de eclesiologia terreno comum a essas duas divises: o
produto de uma delas e o fundam ento da outra.
Inclui as seguintes divises principais:1a. A idia e desgnio da
Igreja e de seus atributos revelados
divinamente.2a. A determinao da Constituio divinamente
prescrita
da Igreja, e dos mtodos de sua administrao, com a discusso
23
-
e refutao de todas as outras formas de organizao eclesistica que
existiram ou existem, sua histria, e as controvrsias que tm
ocasionado.
3a. A discusso da natureza e extenso da descrio que Cristo
deixou Sua Igreja para ajustar os mtodos de organizao e adm
inistrao eclesistica s mutveis condies sociais e histricas dos
homens.
4a. A determinao das condies sob as quais um a pessoa pode
fazer-se m em bro da Igreja, e a relao para com Cristo envolvida no
fato de ser membro dela, juntam ente com os privilgios e deveres,
absolutos e relativos, das diversas classes de membros. A relao das
crianas batizadas com a Igreja e os deveres relativos dos pais e da
Igreja em relao a elas.
5a. Os Oficiais da Igreja - extraordinrios e ordinrios;
temporais e perptuos:
(1) Sua vocao e ordenao; sua relao para com Cristoe a Igreja. '
-i '
(2) Suas funes: ' , ;(a) Como mestres, incluindo:
(i) Catequese: sua necessidade, princpios e histria.(ii) Escolas
Dominicais. Os deveres dos pais e da Igreja quanto educao religiosa
das crianas.
/ (iii) Retrica sagrada, homiltica e elocuo doplpito.(iv)
Literatura crist. Folhas, peridicos e livros permanentes.
, (b) Como diretores do culto, incluindo:(i) Liturgias - seu
uso, abuso e histria.
i.ii',') (ii) Formas livres de orao.(iii) Salmodia - inspirada e
no inspirada, seu uso e histria.
.j'f, (iv) Msica sagrada - vocal e instrum ental, seu usoe
histria. -
(c) Como regentes:(i) O ofcio, qualificao, deveres e autoridade
bblica
Captulo 1
24
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Teologia Crist
dos presbteros regentes.(ii) O ofcio, qualificao, deveres, modo
de eleio e ordenao, e autoridade bblica do ofcio de bispo ou
pastor, do Novo Testamento.(iii) A Junta de presbteros /Conselho ou
Consistrio: sua constituio e funes. A teoria, regras e mtodos
prticos de disciplina na Igreja.(iv) O presbitrio e sua constituio
e funes. A teoria, regras e precedentes prticos que regulam a ao
dos tribunais eclesisticos, no exerccio do direito constitucional
de revista e inquirio em tudo o que diz respeito a processos,
queixas e apelaes eclesisticos.
; (v) O Snodoe a Assemblia G era l-sua constituioe funes. Os
princpios e modos de proceder de Comisses, Comissionrios, Mesas
Administrativas, etc.
Isso leva s funes da Igreja como um todo, e autoridade para
distines denominacionais, aos usos e abusos dessas distines, e s
relaes em que esto as diversas denominaes, umas para com
outras.
Io. Estatstica eclesistica, incluindo nossa prpria Igreja, as
outras Igrejas e o mundo.
2o. Econom ia crist, social e eclesistica, incluindo os deveres
de adm in istrao crist, consagrao pessoal, e beneficncia
sistemtica. A relao da Igreja com sociedades voluntrias: associaes
de moos cristos, etc.
3o. A educao do m inistrio, a direo, constituio e adm inistrao
de Seminrios teolgicos.
4o. Misses internas, incluindo a evangelizao agressiva, a
sustentao de m inistros entre os pobres, a extenso da Igreja e a
construo de edifcios para Igrejas.
5o. A relao da Igreja com o Estado, e a verdadeira relao do
Estado com a Igreja, e a condio real da lei comum e estatuidade em
relao propriedade eclesistica e ao
25
-
dos tribunais eclesisticos no exerccio da disciplina, etc. As
obrigaes dos cidados cristos. A relao da Igreja com a civilizao, as
reformas morais, as artes, cincias, cultura social, etc.
6o. Misses no estrangeiro, em todos os seus ramos.Veja Lectures
on TheologicalEncyclopedia and Methodology,
pelo Rev. John Mc Clintock, D. D., L. L. D., editado por J. T.
Short, R. D. Biblioteca Sacra, vol. 1,1844; Theological
Encyclopedia and Methodology, pelo Prof. Tholuck, editado pelo
Prof. E. A. Park.
12. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia
Histrica?
Segundo a evoluo lgica de todo o contedo das cincias teolgicas,
a interpretao da letra das Escrituras Sagradas e a construo do
sistema inteiro das verdades e deveres relacionados que nelas so
revelados, precisam preceder histria do desenvolvimento dessa
revelao na vida e f da Igreja, assim como a fonte precede ao rio
que dela emana. No estudo, porm, das cincias teolgicas, a histria
as deve preceder e lanar fundamento para todas as demais. s a
histria que nos d as Escrituras em que se acha contida essa
revelao, e tambm os meios pelos quais podemos averiguar,
criticamente, os diversos livros cannicos e suas ipsissima verba. A
mesma fonte devemos tambm os nossos mtodos de interpretao e seus
resultados, como estes se acham ilustrados na imensa quantidade de
litera tu ra teolgica acum ulada at agora e associada aos nossos
credos e confisses, os docum entos relativos s controvrsias e, por
conseguinte, os documentos que mostram como o nosso sistema de
doutrina se desenvolveu gradualmente. Na ordem de produo e aquisio,
a histria vem primeiro, enquanto que na ordem de uma exposio lgica
das cincias teolgicas constitutivas, ela tem a honra de abrir
caminho para a srie inteira. ->\
A teologia histrica divide-se em teologia histrica bblica
Captulo 1
26
-
Teologia Crist
e eclesistica. A prim eira tem por fonte, principalm ente, os
livros inspirados e continua at o encerram ento do cnon do Novo
Testamento. A Segunda principia onde a prim eira acaba, e continua
at o tempo presente.
A histria bblica subdivide-se em: I o. H istria do Velho
Testamento, e inclui as eras: (1) Patriarcal, (2) Mosaica e (3)
Proftica, juntam ente com a (4) H istria do povo escolhido durante
o intervalo entre o Velho e o Novo Testamentos. 2o. O Novo
Testamento, incluindo (1) a vida de Cristo, (2) a fundao da Igreja
Crist pelos apstolos, at ao fim do prim eiro sculo.
Para o estudo da histria eclesistica, como cincia, so necessrios
diversos ramos prelim inares de estudo.
Io. Algumas das cincias auxiliares j enumeradas preciso citarmos
como exigidas especificamente nesta conexo. So:(1) geografia
antiga, medieval e moderna. (2) cronologia. (3) antigidades de
todos os povos includos na rea pela qual se estendeu, em qualquer
tem po, a Igreja. (4) esta tstica - m ostrando qual a condio do
mundo, em qualquer perodo dado. (5) o curso inteiro de histria
geral.
2o. As fontes de onde se deriva a histria eclesistica devem ser
investigadas criticamente. (1) Fontes m onum entais, como sejam:
(a) edifcios (b) inscries (c) moedas, etc. (2) Fontes documentais,
que so: (a) pblicas, como as atas de conclios, as breves decretais
e bulas de papas; os arquivos de governo, os credos, confisses,
catecismos e liturgias de Igrejas, etc.; (b) Docum entos
particulares, como literatura contem pornea de toda qualidade,
brochuras, biografias, anais, e relatrios e compilaes mais
modernas.
3o. A histria da literatura sobre a histria eclesistica, desde
Eusbio at Neander, Schaff e Kurtz. Os mtodos que tm sido e devem
ser seguidos na colocao em ordem do m aterial da histria
eclesistica.
O mtodo que sempre foi e provavelmente sempre ser seguido uma
combinao dos dois mtodos naturais: (a) o cronolgico e (b) o
tpico.
27
-
O Dr. Mc Clintock diz que o princpio fundam ental, segundo o
qual se devem arranjar os materiais de histria eclesistica, a
distino entre a vida da Igreja e sua f. As duas divises so, pois:
(1) histria da vida da Igreja, ou histria eclesistica propriam ente
dita, e (2) histria do pensam ento da Igreja, ou histria das
doutrinas.
I a. A histria da vida da Igreja trata de pessoas, com unidades
e eventos, e deve ser tratada segundo os mtodos ordinrios de
composio histrica.
2a. A histria do pensamento da Igreja compreende:(1) patrstica,
ou a literatura dos chamados Pais da Igreja;
e patrologia, ou a exibio cientfica de sua doutrina.Esses Pais
da Igreja dividem -se em trs grupos: (a)
apostlicos, (b) antenicenos, e (c) ps-nicenos, terminando com
Gregrio, o grande, entre os latinos, 604 d.C., e com Joo Damasceno,
entre os gregos, 754 d.C. Este estudo envolve: (a) a discusso do
prprio uso dos escritos desses Pais da Igreja, e sua autoridade
legtima nas controvrsias m odernas; (b) uma histria completa de sua
literatura e das edies principais de suas obras, e (c) significado,
valor e doutrina de cada um desses Pais, individualmente.
(2) Arqueologia crist, que trata dos costumes, culto e
disciplina da Igreja Prim itiva, e da histria do culto, artes,
arquitetura, poesia, pintura, msica, etc., cristos.
(3) Histria das doutrinas, ou a histria crtica da gnese e do
desenvolvimento de cada elemento do sistema doutrinrio da Igreja,
ou de qualquer de seus ramos histricos, com a histria tambm de
todas as formas herticas de doutrina, das quais a verdade tem sido
separada, e a histria das controvrsias por meio das quais foi
efetuada a eliminao. A isto acompanha naturalm ente a histria
crtica de toda a literatura da histria das doutrinas, dos princpios
aceitos, dos mtodos seguidos e do trabalho feito.
(4) Simblica, que envolve: (a) a determinao cientfica da
necessidade e usos de Credos e Confisses pblicos, (b) a
Captulo 1
-
Teologia Crist
h ist ria das ocasies, da gnese e recepo, au toridade e
influncia de cada um dos Credos e Confisses da cristandade. (c) o
estudo do contedo doutrinrio de cada Credo e de cada grupo de
Credos separadamente, e (d) simblica comparativa, ou estudo
comparativo de todas as Confisses da Igreja, e a exibio sistemtica
de todos os pontos em que respectivamente concordam e discrepam
entre si. ' ;
(TheologicalEncyclopedia, por Mc Clintock .Notes onEccle-
siastical History, por Dr. J. A. Alexander, editado pelo Dr. S.D.
Alexander.)
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29
-
2 " " " V
Origem da Idia de Deus e Prova da Sua Existncia
1. Qual a distino entre uma definio nominal e uma definio real?
E qual a verdadeira definio do termo Deus?
Uma definio nom inal explica simplesmente a significao do termo
usado; e uma definio real explica a natureza daquilo a que se
aplica o termo usado.
A derivao da palavra Deus (em portugus e latim) e Theos (em
grego) tem sido comumente atribuda ao snscritoD r - dar luz. Mas
Curtis, Cremer e outros derivam-na de Thes em thessesthai - im
plorar. Theos Aquele a quem se faz orao.
A palavra Deus muitas vezes usada em sentido pantesta, para
significar a base impessoal, inconsciente de toda existncia, e por
muitos, para designar a causa prim ria desconhecida e que se no
pode conhecer, do m undo existente. E por isso que tantos
especuladores, que negam real ou virtualm ente a existncia do Deus
da cristandade, assim mesmo repudiam indignados o nome atestas, por
adm itirem a existncia de uma substncia que existe por si, ou de
uma causa prim ria a que do o nome Deus, denegando-lhe, porm, a
posse das propriedades pessoais que, em geral, lhe so atribudas
pelos que fazem uso desse termo.
Mas, como questo de fato, em conseqncia da predom inncia de
idias crists na literatura das naes civilizadas d u ran te os ltim
os dezoito sculos, o term o D e u s
30
-
Origem da Idia de Deus
empregado geralmente no sentido definido e perm anente de um
Esprito eterno, absolutamente perfeito, livre, pessoal, que existe
por si mesmo, e distinto do m undo que Ele criou e sobre o qual
soberano.
O hom em que nega a existncia de tal Ser, nega a Deus.I . -
2. Como se pode construir uma real definio de Deus?E evidente
que Deus pode ser definido s at onde nos
conhecido, e a condio da possibilidade de O conhecermos o fato
de que fomos criados Sua imagem. E preciso que toda definio de Deus
pressuponha o fato de que, em algum sentido essencial, Ele e Suas
criaturas inteligentes so seres do mesmo gnero. Deus definido,
pois, dizendo-se o Seu gnero e Suas diferenas especficas. Quanto ao
Seu gnero, um Esprito inteligente e pessoal. Quanto a Suas
diferenas especficas, aquilo que O constitui Deus, Ele infinito,
eterno e imutvel, em Sua existncia, sabedoria, poder, santidade, e
todas as perfeies em harm onia com o Seu Ser.
3. At onde se deve tradio, a idia de Deus? 'E evidente que se
tem chegado idia completa de Deus
apresentada na definio precedente, somente por meio da revelao
sobrenatural que temos nas Escrituras Sagradas. E tambm um fato que
as trs nicas religies testas que em qualquer tempo tm prevalecido
entre os homens (a judaica, a maometana e a crist) se acham ligadas
historicam ente com essa mesma revelao. E em vo especular-se quanto
ao resultado a que chegariam os homens, independentem ente de todos
os hbitos herdados e de todas as opinies tradicionais, porque
estamos inteiram ente sem experincia ou testem unho a respeito de
qualquer espcie de conhecimentos adquiridos ou juzos formados sob
tais condies. E, alm disso, certo tam bm que a forma que tomam as
concepes testas, e as associaes que a acompanham, so determinadas
no caso de cada comunidade, pelas tradies teolgicas herdadas de
seus pais.
31
-
Por outro lado, certo que todos os homens, debaixo de todas as
condies conhecidas, e por isso, debaixo de todas as condies
verdadeiramente naturais, reconhecem espontaneam ente um a
existncia divina que lhes revelada, mais ou menos claramente, na
constituio e na experincia conhecidas de seus prprios espritos e na
natureza externa. Por conseguinte, a concepo testa no mais devido
autoridade, como muitas vezes se diz absurdamente, do que devido
crena, form ada debaixo das mesmas condies de educao, na realidade
subjetiva do esprito hum ano, ou na realidade objetiva da matria. A
existncia do Deus automanifesto reconhecida espontnea e universalm
ente, o qu um a prova evidente de serem claras e presentes, em toda
parte, as provas da Sua existncia, e serem convincentes para todos
os hom ens desenvolvidos normalmente.
4. Seria INATA a idia de Deus? Sena ela uma verdade INTUITIVA? '
... ./iv.; >,
As respostas dependem do sentido em que tomamos os termos
respectivos. evidente que no h idias inatas no sentido de j ter
nascido criana com a concepo do ser d ivino, ou qualquer outra j
formada na sua mente. certo tam bm que a m ente hum ana, quando
desenvolvida em condies puram ente naturais e na ausncia de toda
revelao sobrenatural, nunca pode chegar a uma concepo adequada da
natureza divina. Por outro lado, porm, toda a histria prova que a
idia de Deus inata, no sentido de que as faculdades constitucionais
do esprito hum ano so tais que, em todas as condies naturais,
chegam ao reconhecimento, mais ou menos claro, de Deus como a causa
prim ria de toda existncia e como o Senhor da conscincia,
automanifestado na alma e no mundo. E inata por serem as provas da
existncia divina presentes to universalmente como o a luz do dia, e
por ser constitucional o processo pelo qual se apreendem essas
provas.
Captulo 2 "
32
-
Origem da Idia de Deus
Se tomarmos o termo intuio no sentido estrito de viso direta de
um a verdade, visto sua prpria luz como verdade necessria, por um
ato intelectual que impossvel resolver em processos de pensar m ais
elem entares, nesse caso, a existncia de Deus no uma verdade
apreendida in tu itivam ente pelos hom ens. O processo pelo qual
chegam os ao conhecim ento desta verdade, quer espontaneam ente,
quer por meio de um raciocnio elaborado, abrange como elementos m
uitas intuies indubitveis, mas ningum apreende a Deus mesmo por um
a intuio direta, porque:
Io. Ainda que o reconhecim ento da existncia divina seja
necessrio, no sentido de ser um a verdade aceita pela grande m
aioria dos hom ens que no podem deixar de crer nela, mesmo quando
querem; e embora ningum possa deixar de crer nela sem que faa
violncia sua natureza, contudo no um a verdade necessria, no
sentido de no se poder conceber a no existncia de Deus.
2o. Porque Deus no Se nos manifesta imediata, e sim, m ediatam
ente por meio de Suas obras. E, no ato pelo qual a alma reconhece a
Sua presena e ao, h sempre, pelo menos im plicitam ente, um a
inferncia, um a deduo.
3o. Porque a verdadeira idia de Deus m uito complexa, e chega-se
a ela por meio de um processo complexo, o qual, quer seja espontneo
quer no, envolve diversos elementos que se pode analisar e
descrever.
Por outro lado, certo que Deus Se manifesta nas operaes de
nossas almas e na natureza exterior de um modo anlogo quele pelo
qual se nos manifestam as almas invisveis de nossos semelhantes, e
reconhecemos a existncia dEle com a mesma certeza com que
reconhecemos a dessas almas. A existncia dessas reconhecemos: (a)
porque somos genericam ente semelhantes aos outros, e (b) porque
seus atributos se manifestam em suas palavras e atos. E a existncia
de Deus reconhecemos: (a) porque fomos criados Sua imagem, e este
fato reconhecemos espontaneamente, (b) pela revelao que
33
-
Deus faz de Si na nossa conscincia, e pelas caractersticas do
mundo exterior. .
A inda que se possa analisar o processo m ental que acabamos de
descrever - a inferncia testa - esta em si sinttica. Os princpios
dos quais depende acham-se ligados entre si, de modo que o esprito
os pode com preender todos em um s ato, e inclui e aplica todos
eles, necessariamente, na sua apreenso de Deus. A vontade, a
inteligncia, a conscincia, a razo e as idias que elas fornecem;
causa, desgnio, bondade, infinidade, e os argumentos que tm estas
idias por base - tudo isso junta-se nesse grande processo - Theism,
Prof. Flint, pgs. 71, 72.
5 .Se a existncia de Deus reconhecida espontaneamente por todos
os homens, em estado normal de conscincia, qual a utilidade de
argumentos formais para provar essa existncia? E quais so os
argumentos geralmente usados?
I o. Esses argum entos so de valor como anlises e verificaes
cientficas dos processos m entais envolvidos im p lic ita m e n te
no re c o n h e c im e n to e sp o n tn eo das automanifestaes de
Deus.
2o. So de utilidade tambm para indicar a legitim idade do
processo contra as crticas do ceticismo.
3o. Confirmam e vivificam o reconhecimento espontneo, chamando a
ateno para a extenso e variedade das provas que atestam a mesma
verdade.
4o. Os diversos argumentos so convergentes antes que
consecutivos. Nem todos estabelecem os mesmos elementos da concepo
testa, mas cada um deles estabelece independentemente seu elemento
separado e assim til, contribuindo: (a) como prova confirmativa de
que Deus existe, e (b) como prova complementar quanto ao que Ele
.
Constituem um todo orgnico, e so a anlise e a ilustrao do ato
espontneo em virtude do qual a grande massa dos homens tem sempre
reconhecido a existncia de Deus. Se
Captulo 2
34
-
Origem da Idia de Deus
bem que causalidade no pressupe desgnio, nem desgnio bondade;
desgnio pressupe causalidade, e bondade, tanto causalidade como
desgnio. As provas de inteligncia so tambm provas de poder; e as
provas de bondade o so tambm de inteligncia e poder. Os princpios
da razo que nos obrigam a pensar em Deus, na Suprema Inteligncia M
oral como um ser auto-existente, eterno, infinito e imutvel, suplem
entam as provas derivadas de outras fontes, e tornam conseqente e
completa a doutrina do tesmo - Theism, Prof. F lint, pgs. 73,
74.
Os argumentos comuns sero examinados sob os seguintes
ttulos:
I o. Argumento Cosmolgico, ou a prova da existncia de Deus como
causa primria.
2o. Argumento Teleolgico, ou as provas da existncia de D eus
fornecidas pela ordem e adaptao que reinam no universo.
3o. A rgum ento M oral, ou as provas fornecidas pela conscincia
moral e pela histria da raa humana.
4o. As provas fornecidas pelos fenmenos das Sagradas Escrituras
e pela histria sobrenatural nela registrada.
5o. O A rgum entoapriori e o testem unho que a razo d de Deus
como o Infinito e Absoluto. ..............
6. Qual o Argumento Cosmolgico?Pode ser apresentado na forma de
um silogismo, assim:Premissa M aior- Tudo quanto principia a
existir de novo,
e qualquer m udana em qualquer coisa que j existe, teve
necessariamente uma causa preexistente e adequada.
Premissa menor - O universo, em seu todo e em todas as suas
partes, um sistema de mudanas.! Concluso - Logo, o universo teve
necessariamente uma
causa exterior a si, e a causa ltim a e absoluta no pode deixar
de ser eterna, no causada e imutvel.
Io. Quanto premissa maior: o juzo causai intuitivo e
-
absolutam ente universal e necessrio. Alguns especuladores, como
H um e e Mill, o tm negado teoricam ente, mas tem sido empregado
por eles e por todos os demais em todos os seus raciocnios sobre a
origem do m undo, como tambm de tudo quanto ele contm. um juzo
inevitvel, o contrrio do qual nem se pode imaginar. Alguma coisa
existe agora, por conseguinte alguma coisa necessariamente tem
existido desde toda a eternidade, e aquilo que tem existido desde
toda a eternidade a causa daquilo que existe agora.
Tem-se alegado que o juzo causai conduz apenas a um a srie
eterna e regressiva de causas e efeitos. Isso, porm, um
absurdo.
(1 )0 juzo no que tudo teve uma causa, e sim, que tudo o que
principia a existir e toda a mudana naquilo que j existe, foi
causado. Para aquilo, porm, que eterno e imutvel, esse juzo no pede
causa.
(2) Uma srie eterna de causas e efeitos absurda, porque seria
sim plesm ente uma srie de mudanas, que precisam ente aquilo que
pede um a causa, e tanto mais im perativamente quanto mais longa a
srie. Uma causa real, porm, um a causa que satisfaa absolutamente
ao juzo causai, no pode ser nem uma mudana nem um a srie de
mudanas, e sim alguma coisa no causada, eterna e imutvel.
Como questo de fato, inegvel que todos os filsofos e hom ens de
cincia, sem nenhum a exceo, postulam estes princpios. Eles todos
postulam um a causa eterna, auto- existente e imutvel do universo,
quer seja um esprito pessoal, quer tomos materiais, quer uma alma
mundi inconsciente, inteligente, em unio com a matria.
2o. Quanto premissa menor: o fato de ser o universo, em seu todo
e em todas as suas partes, um sistema de mudanas, ensinado por
todos os princpios e lies da cincia moderna. Todas as descobertas
nos campos da geologia e da astronomia, e todas as especulaes, como
sejam - a hiptese nebulosa e a da evoluo - tm esse princpio na sua
prpria essncia.
Captulo 2
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Origem da Idia de Deus
Mas John Stuart M ill, no seuEssay on Theism, pgs. 142 e 143,
diz: H na natureza um elemento perm anente, como tambm um elemento
varivel; as mudanas so sempre os efeitos de mudanas anteriores; as
existenciais perm anentes porm, at onde as conhecemos, de modo
algum so efeitos... H em todos os objetos ou tro e lem ento que tam
bm perm anente, a saber, a substncia ou substncias especficas e
elementares de que eles consistem, e suas propriedades so
inerentes. No se sabe quando essas comeam a existir. Dentro do
tempo a que rem ontam , os conhecimentos hum anos no tiveram
princpio, e por conseguinte, tampouco causa; embora eles sejam as
causas ou concausas de tudo quanto sucede. Sempre que na explicao
de um fenmeno fsico se rem onta sua causa, acha-se que esta consta
de um a certa quantidade de fora combinada com certas colocaes... A
fora em si essencialmente uma e sempre a mesma, e dela existe na
natureza uma quantidade fixa que, se a teoria da conservao das
foras verdadeira, nunca aum enta nem dim inui. Eis, pois, nas
mudanas da natureza material um elemento perm anente, que parece
ter todas as caractersticas daquele mesmo que estamos procurando. E
a isso pois que, segundo parece, devemos atribuir o carter de Causa
Prim ria, se h coisa que m erea essa distino - Essay on Theism,
pgs. 144, 145.
RESPONDEMOS: (1) A existncia de Energia ou Fora, em qualquer de
suas form as conversveis, e separada da matria, absolutamente
impossvel imaginar-se. Este fato reconhecido como uma indubitvel
verdade cientfica por Stewart e Tait (Unseen Universe, pg. 79). (2)
E um fato bvio que toda a luz e calor do sol e das estrelas, salvo
uma frao m uito dim inuta, sai para o espao e nunca volta para
esses corpos. E um fato tambm que o movimento visvel de todos os
grandes corpos do universo est sendo retardado gradualmente por
alguma coisa que se pode chamar frico etrea, e que afinal tombaro
todos juntos e constituiro, por agregaes sucessivas, uma s massa.
Enfim, a degradao da energia do
-
universo visvel proeede,paripassu, com a agregao de massa. O
prprio faro, pois, de serem de tamanho finito as grandes massas do
universo visvel, torna certo que esse processo no pode ter
continuado desde toda a eternidade ou, em outras palavras, o
universo visvel necessariamente teve princpio no tem po. Porque:
(a) ainda h energia em quantidades finitas e no difusa; e porque
(b) a matria do universo existe ainda em massas separadas. Assim
pois, a prpria lei da correlao de energia ou fora para a qual o sr.
Mill apela, prova, quando realmente aplicada, que o universo teve
princpio e ter fim (Stewart e Tait, Unseen Universe, pg. 166). (3)
Tambm o seu postulado de que a m atria do universo, em seus ltim os
tomos, eterna e im utvel, no est provado e est em contradio com a
analogia cientfica. Clark Maxwell (em seu discurso como presidente
daBritishAssociationforAdvancement of Science, 1870) diz: A
igualdade exata de cada molcula com todas as demais molculas da
mesma substncia, d-lhe, como bem o disse Sir John Herschell, o
carter essencial de um objeto fabricado; e isso incompatvel com a
idia de ser ela eterna e auto-existente. (4) Como questo de fato,
todas as teorias evolutivas sobre a gnese do universo postulam
necessariam ente um princpio e uma neblina prim ordial e luminosa.
Mas essa neblina luminosa no pode ser a Prim eira Causa que o nosso
juzo causai pede, porque no eterna e imutvel. Se fosse eterna,
estaria inteiram ente desenvolvida; e se estivesse inteiram ente
desenvolvida, no poderia desenvolver-se ainda para formar o
universo. Se fosse imutvel, no estaria sujeita a mudanas; e se no
imutvel, , assim como o universo que se desenvolve dela, um estado
transitrio da matria, pedindo como todas as outras mudanas, uma
causa.
7. Qual o Argumento Teleolgico?Teleologia (telos - fim, e logos
- discurso) a cincia das
causas finais, ou dos propsitos ou desgnios, como estes se acham
exibidos na natureza, na adaptao das partes aos
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Origem da Idia de Deus
inteiros, dos meios aos fins e dos rgos aos seus usos. chamado
tambm argum ento baseado no Desgnio; afinal baseado no reconhecim
ento das operaes de um a causa inteligente na natureza. Pode ser
apresentado sob duas formas, baseadas respectivamente nas
manifestaes mais gerais e mais especiais dessa inteligncia.
PRIMEIRA FORMA. Premissa maior - Ordem e harm onia universais na
operao concorrente de uma imensa m ultido de elementos separados,
acham explicao s no postulado de uma causa inteligente.
Premissa menor - O universo, no seu todo e em todas as suas
partes, um a estru tu ra da ordem mais com plexa e simtrica.
Concluso - Logo, a causa eterna e absoluta do universo uma m
ente inteligente.
SEGUNDA FORMA. Premissa maior - O ajustam ento das partes e a
adaptao dos meios para efetuar um fim ou propsito, podem ser
explicados s referindo-os a uma inteligncia e vontade que tinham em
vista esse fim ou propsito.
Premissa menor - O universo est cheio de semelhantes
ajustamentos de partes e de organismos compostos de partes que
concorrem para efetuar certos fins.
Concluso - Logo, a Prim eira Causa do universo no pode deixar de
ser um a m ente e um a vontade inteligentes que tinham em vista
esses fins.
Se estes argumentos so vlidos, provam que Deus uma Pessoa eterna
e auto-existente. Trata-se de um absurdo o postu lado de um a in te
ligncia inconsc ien te ou de um a in teligncia que produza efeitos
sem que opere vontade alguma. Estas frases no representam nenhum a
idia possvel; e inteligncia e vontade, quando se acham juntas,
constituem personalidade.
Quanto prim eira forma do argumento, evidente que o prprio fato
de ser a cincia um a coisa possvel, prova indubitvel de ser
intelectual a ordem da natureza. A cincia
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um produto do esprito hum ano que absolutam ente incapaz de
passar alm das leis da sua constituio. As intuies da razo, os
processos lgicos da anlise, inferncias indutivas ou dedutivas, a
imaginao, a inveno e todas as atividades da alma que organizam os
processos cientficos; e se v que tudo isso corresponde
perfeitamente natureza exterior. Depois de resolvidos at os mais
sutis problemas abstratos da m atem tica e da mecnica, tem-se
achado subseqentem ente que as solues foram antecipadas na
natureza. As leis da natureza so as expresses de harmonias numricas
e geomtricas, e exemplos maravilhosos de uma razo superior e do
belo perfeito. Contudo, essas leis, embora sejam invariveis nas
mesmas condies, nem so eternas nem inerentes constituio elem entar
do universo. As propriedades da matria elem entar so constantes,
mas as leis que as organizam so, elas mesmas, efeitos complicados,
o resultado de ajustamentos anteriores sob as categorias de tempo,
espao, quantidade e qualidade. A medida que se m udam esses
ajustamentos, mudam-se tambm as leis. E esses ajustamentos so,
pois, a causa dessas leis; e os ajustamentos no podem, por isso,
deixar de ser o produto ou do acaso, o que absurdo, ou da
inteligncia, o que certo.
Esta ordem intelectual da natureza o prim eiro postulado
necessrio de toda a cincia, e a essncia de todos os processos do
universo, desde o agrupam ento de tomos at revoluo dos mundos;
desde a digesto de um plipo at ao funcional do crebro humano.
Quanto segunda forma deste argumento - O princpio de desgnio
pressupe a ordem intelectual geral do universo e suas leis, e
apresenta j, antecipadam ente, a afirmao de que o carter da Prim
eira Causa manifestado mais ainda pelas provas encontradas em toda
parte, de serem essas leis gerais obrigadas a concorrer para, por
meio de ajustamentos especiais, efetuar certos fins que evidentem
ente se deviam efetuar. Este princpio ilustrado pelos ajustamentos
m tuos desco b erto s nas d iversas p ro v id n c ias da n a tu re
za , e
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Origem da Idia de Deus
especialmente pelos organismos vegetais e animais, e as relaes
que envolvem de um organismo para com outro organismo, de organismo
para com o instinto, e de organismos e classes de organismos para
com outros, e as circunstncias fsicas em que se acham colocados. Em
m uitos casos, a inteno destes ajustam entos e adaptaes especiais
evidente de per si e inegvel, como, e.g., o caso das diversas
partes do olho para produzir a viso. Noutros casos, a inteno mais
obscura e conjetural. M esmo no estado atual das cincias, podemos
com preender s em parte; porm j desde o princpio, as provas de
desgnio in te ligen te tm sido tran sparen tes e abundantes. U m s
perodo num m anuscrito prova de inteligncia, mesmo se o contexto
for indecifrvel. No entanto, todo passo que se d adiante nas
cincias, descobrem-se mais provas espalhadas em rea maior e com um
a luz mais clara.
8. Quais so algumas das objees feitas contra a inferncia desta
tirada do argumento de desgnio especial, e quais so as
respostas?
I a. Hume (.Dialogues on Natural Religion, Pt. 7, etc.) afirma
que a nossa convico de que adaptao prova de desgnio, devida
experincia e no pode passar alm dela: e a de que o nosso juzo dos
organismos naturais implicam desgnio na sua causa uma inferncia
tirada da analogia das invenes engenhosas do homem e dos seus
efeitos. Diz mais, que essa analogia falsa - (1) Porque j temos
conhecimento prvio do inventor hum ano como agente inteligente,
enquanto que do autor da natureza no temos nenhum conhecimento
prvio, e esse mesmo autor que a inferncia desta procura
verificar.(2) Todos os processos da natureza so diversos daqueles
por meio dos quais os homens executam as suas obras; e a formao do
m undo e a instituio dos processos da natureza so efeitos
peculiares, inteiram ente dissemelhantes daqueles que temos
experincia.
RESPONDEMOS: (1 ) 0 argum ento peca por ter como base
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um falso postulado de fato. Do inventor hum ano, da sua alma no
temos conhecim ento prvio nem conhecimento algum, a no ser o que
nos d o carter das obras pelas quais se manifesta a ns. E
exatamente do mesmo modo e na mesma extenso que chegamos ao
conhecimento do Autor da natureza. (2) O argum ento baseia-se num
falso postulado de princpio. A analogia das invenes do engenho hum
ano no a base da nossa convico de que a ordem e a adaptao so provas
de inteligncia. E juzo universal e necessrio da razo que a ordem e
a adaptao s podem proceder de uma causa inteligente, ou do acaso; e
esta ltim a suposio absurda.
2a. A lguns cientistas, tendo adquirido o costum e de considerar
o universo como um a unidade absoluta, cujos processos so todos
executados por leis gerais, invariveis (um modo de pensar em que a
teologia agostiniana se antecipou por sculos cincia), fazem objeo
que, tomando como prova de inteno o ajustamento das partes, em
certos grupos ou sistemas especiais o telogo natural toma, por
engano, um a parte pelo todo e um efeito inciden tal de um a lei
geral, resultado de condies especiais e temporais, pelo fim real da
prpria lei. Dizem que mesmo se fosse inteligente a Prim eira Causa
do universo, os homens cometeriam um absurdo infinito nutrindo a
presuno de interpretar o Seu propsito, por meio dos resultados
especiais que eles vem proceder da operao de leis que j tm estado
operando desde toda a eternidade, por todo o espao infinito e sobre
um sistema infinito de partes concorrentes.
RESPONDEMOS: (1) E evidente que as relaes das partes de um todo
especial, concorrendo todas para produzir um fim especial, podem
ser e n ten d id as m u ito bem e n q u an to permaneam
inteiramente desconhecidas as relaes desse todo especial para com a
totalidade do todo geral; ainda que a razo e a revelao derram em m
uita luz mesmo sobre esta ltim a parte. Um s osso de um animal de
espcie desconhecida d testem unho inegvel de adaptao especial, e
pode at, como
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Origem da Idia de Deus
dizem com toda a razo os cientistas, lanar m uita luz para alm
de si, sobre a constituio daquele todo a que pertenceu, mas do qual
no temos outro conhecimento. (2) Confessamos que essa crtica, se
bem que falhe quanto ao argum ento tirado do desgnio, tem fora
quanto ao modo pelo qual este argumento tem, s vezes, sido
aplicado. Os antigos telogos naturais, m uitas vezes em grau um
tanto exaltado, abstraram organismos individuais do grande todo
dinmico do qual so tanto produtos como partes. O Dr. F lin t
(Theism, pg. 159) distingue bem os fins intrnsecos, extrnsecos e
supremos de qualquer ajustamento especial. Assim, o fim intrnseco
desse ajustamento especial chamado olho, a viso. Seus fins
extrnsecos so os fins teis para os quais esse rgo serve para o
animal que o possui, e os fins teis para os quais o animal serve
para tudo o que est com ele, em relao imediata ou remota. Seu fim
supremo o fim do prprio universo. Quando afirmamos, pois, que h
causas finais no sentido de fins intrnsecos em quaisquer coisas,
afirmamos s que as coisas so unidades sistemticas, cujas partes se
acham relacionadas definitivamente umas com outras, e coordenadas
para produzirem um resu ltado com um ; e quando afirm am os que h
em quaisquer coisas, causas finais, no sentido de fins extrnsecos,
afirmamos somente que as coisas no so sistemas isolados e
independentes, e sim, sistemas definitivam ente relacionados com
outros sistemas, e ajustados de modo que so partes componentes de
sistemas superiores e meios para produzir resultados mais
compreensveis do que elas mesmas - Theism, pg. 163
E verdade que um homem no pode discernir o supremo fim de uma
parte, enquanto no discerne o supremo fim do todo, e que no pode
discernir todos os fins extrnsecos de qualquer sistema especial,
enquanto no conhece todas as suas relaes para com todos os demais
sistemas especiais. Apesar disso, porm, assim como um homem, que no
sabe nada das relaes que tem uma certa planta ou um animal para com
a
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flora ou a fauna de um continente, pode ter certeza absoluta
quanto s funes da raiz ou de uma garra ou unha, na economia da p
lan ta ou do anim al, assim tam bm poder en tender perfeitamente a
maneira por que todas as partes que concorrem para produzir um todo
especial so adaptadas para esse fim, sem que, por ora, nada saiba
da relao extrnseca em que est esse todo especial para com aquilo
que est fora dele.
3a. Certa classe de cientistas tem afirmado, nestes ltim os
tempos, que o testem unho dado da existncia de Deus, pela ordem e
adaptao manifestadas nos processos da natureza, fica m uito
enfraquecido, seno invalidado absolutamente pela probabilidade de
ser verdadeira a hiptese alternativa da evoluo. H m uitas teorias
da evoluo, mas o term o, no sentido geral, significa o juzo de que
o estado do universo com o um todo e em todas as suas partes, em
qualquer momento tem sua causa no estado em que se achava o
universo, no m om ento an terio r; que as m udanas no tadas foram
produzidas pela agncia de foras inerentes na natureza, e que se
pode notar a operao dessas foras, de m om ento para m om ento, sem
soluo de continuidade causai, durante todo o tempo passado.
Todas as possveis teorias da evoluo, consideradas em sua relao
com a teologia, podem ser assim classificadas: (1) As que no negam
nem obscurecem o testemunho que a ordem e a adaptao observadas na
natureza do da existncia de Deus, da Sua im anncia nas Suas obras,
e do Seu governo providencial sobre elas. (2) As que, embora
reconheam a Deus como a causa original a Quem se deve referir no
passado remoto a origem e os ajustamentos prim rios do universo,
con tudo negam a Sua im anncia e co nstan te a tiv idade
providencial nas Suas obras. (3) As que manifestam, ou v irtualm
ente obscurecem ou negam, o testem unho que a ordem e adaptao do
universo do da existncia e atividade de Deus, ta n to com o C riad
o r com o tam bm com o G o v ern ad o r providencial. ; v.
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Origem da Idia de Deus
Para com a primeira destas classes de teorias da evoluo, o
telogo natural sente, naturalm ente, s o mais amigvel in
teresse.
Quanto segunda classe, que admite que uma inteligncia divina
ideou e inaugurou o universo no princpio absoluto, mas nega que
qualquer agente semelhante esteja im anente no universo dirigindo
seus processos, cabe-nos dizer: (1) Que o ponto que estamos
procurando estabelecer agora a auto-exis- tncia de uma Prim eira
Causa inteligente, e no o modo da Sua relao para com o universo.
Este ltim o ponto ser elucidado em diversos captulos subseqentes.
(2) E m uito filosfico e mais de acordo com a verdadeira
interpretao do princpio cientfico de continuidade, o conceber-se a
Prim eira Causa como im anente no universo, e como concorrendo
orgnicamente com todas as causas secundrias e no in te ligentes em
todos os processos que so indcios de poder ou inteligncia. Isso
reconhecido por todos os cientistas, e caracteriza a grande maioria
deles, que so destas ortodoxos ou que referem todos os fenmenos do
universo fsico ao dinmica da vontade divina. (3) So incontestveis
as provas que a conscincia moral do homem, a histria e a revelao
fornecem, em favor da imanncia e operao eficaz de Deus, em todas as
Suas obras.
Q uanto terceira classe de teorias da evoluo que obscurecem ou
negam, quer manifesta quer virtualm ente, o testem unho que a ordem
e a adaptao do universo so de uma inteligente Causa Prim ria do
universo, como, e.g., a teoria de Darwin quanto diferenciao de
todos os organismos, em virtude de variaes acidentais surgindo
durante um tempo ilim itado, cabe-nos dizer:
I o. Toda teoria semelhante, quando proposta para explicar o
universo atual, deve fornecer uma explicao provvel de todas as
classes de fatos. Mas notrio que todas as teorias da evoluo puram
ente natural, deixam inteiram ente de explicar os fatos seguintes:
(1) A origem da vida. No poderia existir
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na suposta neblina luminosa, e no poderia ser gerada por aquilo
que no tem vida. A deciso m adura da cincia de hoje (1878) a que j
se acha expressa no axioma antigo omne vi- vum ex vivo. (2) A
origem da sensao. (3) Tambm a da inteligncia e da vontade. (4)
Tambm a da conscincia. (5) O estabelecimento de tipos distintos,
logicamente correlatados e persistentes, em gneros e espcies, m
antidos pela lei da hibridade. (6) A origem do homem. O Prof.
Virchow, de Berlim, no seu recente discurso perante a Sociedade
Alem de Naturalistas e Mdicos, em M unich, diz: Saibam que me ocupo
atualmente com especialidade no estudo de Antropologia; mas sinto-
me obrigado a declarar que cada passo que temos dado para diante na
provncia de antropologia pr-histrica tem-nos realm ente afastado
mais de qualquer prova de semelhante conexo (isto , de ser o homem
descendente de qualquer tipo inferior).
2o. Mas mesm o se fosse possvel provar como fato a evoluo
contnua, isso de modo algum afetaria as provas que nos fornecem a
ordem inteligente e as adaptaes notadas no universo. Estabeleceria
somente um mtodo ou sistema de meios, porm em grau algum alteraria
a natureza dos efeitos ou os atributos da causa real, descoberta
por meio desses efeitos. (1) Seria preciso ainda explicar a origem
das leis da abiognese, de reproduo, de diferenciao e reproduo
sexuais, de hereditariedade, de variao das leis que, de tomos e
energia mecnica, possam desenvolver sensao, razo, conscincia e
vontade. (2) Leis nunca so causas, mas sem pre modos complicados de
ao; o resultado da coao de inm eros agentes inconscientes. Em vez
de serem explicaes, so elas mesmas efeitos m uito complexos dos
quais a razo exige uma causa intelectual. (3) Todas as leis fsicas
so o resultado das propriedades originais da matria, operando sob a
condio m tua de certos ajustam entos complicados. A lterados os
ajustamentos, alteram-se as leis. As que executam a evoluo ou antes
aquelas em que analisado o processo da evoluo,
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Origem da Idia de Deus
preciso que se refiram retrospectivam ente aos ajustamentos
originais dos elementos materiais da neblina luminosa. Esses
ajustamentos nos quais, segundo a hiptese da evoluo, devia achar-se
latente toda futura ordem e vida, tiveram necessariam ente como
causa, ou o acaso ou a inteligncia. Huxley, em seu Criticisms on
Origin o f Species, pg. 330, baseia no acaso toda a lgica da
evoluo, assim: Tem sido dem onstrado que um aparelho, m uito bem
adaptado para um fim particular, pode ser o resultado de um mtodo
de tentativas e erros, executado por agentes inconscien tes; como
tam bm da aplicao direta de meios adaptados para produzirem esse
fim, por um agente inteligente. Segundo a teologia, cada organismo
como uma bala de carabina atirada diretam ente num alvo. Segundo
Darwin, os organismos so como que m etralhadora da qual uma bala ou
poucas acertam em algum objeto, e as ou tras caem longe . A m
oderna explicao cientfica dos processos do universo, por meio s de
causas fsicas excluso da inteligncia, difere da antiga teoria j h
muito abandonada do acaso, somente nos acidentes: (a) do uso
enganador das palavras leis da natureza, e (b) do postulado de que
o acaso, operando durante um tempo in-definido, pode fazer uma obra
de inteligncia. Todavia, assim como ningum pode crer que qualquer
soma de tempo possa explicar a forma das facas de pedra e as pontas
de seta de pedra, sem o trabalho hum ano; nem que um a coleo de
tipos lanados ao acaso mesmo em nm ero ilim itado de vezes possa
cair em uma ordem tal que formem os dramas de Shakespeare ou Os
Luzadas por Cames, assim tam bm ningum pode crer racionalm ente que
a ordem complicada e to evidentemente intelectual do universo
proceda do acaso. (4) Na criao artificial o homem que escolhe; na
seleo natural (natural selection) a natureza que escolhe. Por
conseguinte, se os resultados so os ajustamentos mais cuidadosos
para efetuar um fim determ inado, segue-se que essa caracterstica
foi estampada sobre os organismos pela
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natureza e que, por isso, esta foi dirigida inteligentem ente:
(a) ou por um a inteligncia im anente nos seus elementos, ou em seu
todo organizado; (b) ou pelo ajustamento original do seu m aquinism
o, ou por um Criador inteligente.
9. Exposio do argumento moral, isto , as provas fornecidas pela
conscincia moral e pela histria da raa humana.
O argum ento cosmolgico nos conduziu a uma Causa Prim ria eterna
e auto-existente. O argumento deduzido da ordem e adaptao
descobertas nos processos do universo revela-nos que essa grande
Causa Prim ria possui inteligncia e vontade, isto , que um esprito
pessoal. O argumento moral ou antropolgico fornece dados novos para
inferncias, confirm ando as concluses anteriores quanto ao fato da
existncia de uma Causa Prim ria pessoal e inteligente; e, ao mesmo
tempo, acrescentando a essa concepo os atributos de san tidade,
justia, bondade e verdade. O argum ento deduzido do desgnio inclui
o argumento deduzido da causa; e o argumento deduzido da justia e
benevolncia inclui esses dons e acrescenta ainda um elemento novo
que lhe prprio.
Este grupo de argumentos pode ser assim exposto:10. Conscincia
de si a base fundamental de todo conheci
mento. D-nos imediatamente o conhecimento de ns mesmos como
existentes e como sujeitos a certos atributos e agentes em certas
formas de atividade. Nossas almas, com todos os seus atributos,
precisam de explicao. No existem desde a eternidade; tampouco
podiam ser desenvolvidas de elementos materiais, porque: (1) A
conscincia d testem unho da sua unidade, simplicidade e
espiritualidade. (2) As leis da razo e o sentimento moral no podem
ser explicados como o resultado de transformadas impresses do
sentido, modificadas pelas associaes divididas pela
hereditariedade, segundo Mill e Spencer, porque: (a) so universalm
ente as mesmas, (b) no podem ser analisadas, (c) so necessrias e
(d) soberanas sobre
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Origem da Idia de Deus
todos os impulsos. Segue-se que a alma hum ana foi criada, e seu
Criador no pode deixar de ter atributos superiores aos da sua obra.
- 0 > ; ;
2o. O homem essencial e universalmente um ser religioso. Tem os
sentim entos de dependncia absoluta e de responsabilidade moral
inerentes em sua natureza; esses sentimentos so universais e
necessrios. A conscincia implica sempre em responsabilidade para
com um ser superior em autoridade moral e, por isso, em carter
moral. Essa responsabilidade est im plcita especialm ente no sentim
ento de culpa que acompanha toda violao de conscincia. Deus
manifesta-Se e reconhecido na conscincia como um a vontade santa,
reta, justa e inteligente, isto , um esprito santo e pessoal.
3o. As adaptaes encontradas na natureza, at onde nos possvel
examinar as suas relaes para com criaturas sensveis, so
caracteristicamente benficas e do testem unho de um p ropsito geral
de p rom over a fe lic idade e satisfazer o sentim ento do belo.
Isso implica em desgnio, e desgnio de um especial carter esttico e
m oral, e prova que a Causa Prim ria benvola e am ante do belo.
4o. A histria inteira da raa humana, at onde conhecida, descobre
um a ordem e um propsito morais que no acham sua explicao na
inteligncia ou no propsito m oral dos agentes hum anos que nela
figuram; e essa histria descobre tam bm um a unidade de plano que
abrange tudo, todos os povos e todos os sculos. Os fenmenos da vida
social e nacional, da distribuio etnolgica, e do desenvolvimento e
difuso das civilizaes e religies, podem ser explicados unicamente
pela existncia de um governador e educador sbio, reto e benvolo dos
homens.
10. Como expor as objees ao argumento moral, e tambm as suas
respostas ?
Essas objees baseiam-se nestes pontos: I o. A inva- riabilidade
mecnica das leis naturais, e sua inexorvel falta
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-
de ateno ao bem-estar das criaturas dotadas de conscincia. 2o.
Os sofrimentos dos animais irracionais. 3o. A existncia geral de
males morais e fsicos entre os homens. 4o. A partilha desigual dos
favores providenciais, e a ausncia de toda proporo entre a soma de
felicidade concedida e o carter moral dos que a recebem.
Estas dificuldades que de todos provam mais ou menos a f, so, na
maior parte dos casos, os motivos reais do atesmo ctico. John
Stewart M ill, em seu Essay on Nature (Three Essays on Religion)
assevera que caracterstico da Natureza infligir, sem piedade,
sofrimentos e a morte; e que, se a causa da natureza uma vontade
pessoal, deve ser um m onstro de crueldade e injustia. Em seuissijy
on Theism, Pt.2, argumenta como se fosse uma imoralidade abominvel
afirm ar que o autor da natureza, assim como ns a conhecemos,
onisciente e onipotente , e ao mesmo tem po, absolutam ente justo e
benvolo; que o nico meio de absolv-10 da acusao de ser cruel e
injusto negar que seja ilim itado o Seu conhecimento ou o Seu
poder, ou mesmo ambos. A concluso que tira das provas que cita, ele
apresenta assim: Um ser cujo poder grande mas lim itado , e lim
itado de um modo que nem podemos conjecturar; cuja inteligncia
grande e talvez ilim itada, mas talvez mais lim itada ainda do que
o seu poder; que deseja a felitidade de Suas criaturas e a isso
presta alguma ateno, porm, ao mesmo tempo, parece ter outros
motivos para Suas aes, e motivos que tm para ele mais peso; e a
cujo respeito difcil crer que tenha criado o un iverso s para esse
fim . Na sua Autobiography, ch.2, falando de seu pai James M ill,
ele diz: Ouvi-o dizer que foi a leitura da Analogy por Butler que
produziu nele uma reviravolta sobre esse ponto. E essa obra, sobre
a qual continuava sempre a falar com m uito respeito , o conservou,
por um tem po considervel, crente na autoridade divina do
cristianism o, provando-lhe que fossem quais fossem as dificuldades
que se opunham aceitao do Velho e do Novo Testamentos como
Captulo 2
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Origem da Idia de Deus
livros que procederam de um ser perfeitam ente sbio e bom, ou
que estes livros registram os atos de tal ser, as mesmas
dificuldades ou maiores ainda se opem crena de que um ser de sem
elhante carter seja o Criador do universo. Ele considerava os
argumentos de Butler como concludentes contra os nicos oponentes
aos quais so dirigidos. Os que adm item a existncia do Criador e
Governador onipotente, e tambm perfeitam ente justo e benvolo de um
m undo como este, pouco podem alegar contra o cristianism o que no
se possa alegar, com pelo menos igual fora, contra eles. Por
conseguinte, no encontrando lugar de descanso no desmo, ficou em
estado de perplexidade at que afinal, e sem dvida depois de muitas
lutas, cedeu convico de que sobre a origem das coisas, absolutam
ente nada se pode saber .
RESPONDEMOS: Io. E certo que Deus no criou o universo com o nico
fim, nem mesmo com o fim principal de promover a felicidade de Suas
criaturas. A nossa razo, a observao e as Escrituras Sagradas
concorrem em revelar como fins m uito mais exaltados e mais dignos
da ao divina, a manifestao da Sua prpria glria e a promoo da mais
exaltada excelncia de Suas criaturas inteligentes, por meio da
educao e da disciplina. E evidente que a operao de inexorveis leis
gerais, a misria e os sofrimentos incidentais desta vida podem ser
os meios mais eficazes para prom over esses fins.
2o. A inteno direta de todos os rgos de que se acham providas as
criaturas dotadas de conscincia , evidentemente, a promoo do seu
bem-estar; a dor e a misria so incidentais. M esmo a m orte sbita e
violenta dos anim ais irracionais promove, provavelmente, a maior
soma possvel de alvio no campo dos sentido
3o. A conscincia tem ensinado aos homens, em todos os sculos,
que os sofrimentos a que estamos sujeitos nesta vida so as
conseqncias diretas e merecidas dos pecados dos hom ens, quer como
penas, quer como castigos cuja inteno benvola o nosso m elhoram
ento moral.
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4o. A origem do pecado confessadamente um mistrio, atenuado em
parte, porm , pela considerao de que o resultado do abuso da ddiva
m elhor e mais valiosa que nos foi concedida, a agncia livre e
responsvel; e tam bm pelo fato, revelado nas Sagradas Escrituras,
de que na providncia d iv ina at o pecado ter de servir para m
anifestar m ais plenam ente as perfeies de Deus, e contribuir para
prom over a excelncia moral e a felicidade da criao
inteligente.
5o. As desigualdades das cotas concedidas pela providncia e a
desproporo entre o bem-estar e o carter moral dos homens nesta vida
resultam do fato de no ser este m undo lugar de recompensas e
castigos, e que os caracteres e destinos diversos exigem disciplina
diversa de educao; e essas desigualdades e despropores apontam para
rea ju stam en tos fu tu ro s, revelados na Bblia (Sal. 73,
Almeida).
6o. Nem o argumento teleolgico nem o moral envolvem a assero de
podermos, no estado atual dos nossos conhecimentos, discernir no
universo provas de um a sabedoria ou bondade que fosse infinita ou
mesmo perfeita. Estes atributos so indicados como fatos e
caractersticas gerais da natureza. Mas o nosso discernim ento deles
necessariamente lim itado pela imperfeio dos nossos conhecimentos.
Mesmo no juzo s da razo infinitam ente provvel que, quando tivermos
adquirido conhecimentos mais adequados, veremos que aquilo que
agora nos parece anmalo e incompatvel tanto com a sabedoria
perfeita como com a bondade perfeita, ilustra essas mesmas perfeies
que fomos tentados a julgar obscurecidas por certas anomalias.
11. Exposio das provas bblicas.Sendo o homem criatura finita,
culpada e m oralm ente
corrompida, inevitvel que as automanifestaes de Deus na natureza
sejam im perfeitam ente apreendidas por ns. A revelao sobrenatural
que Deus manifestou, m ediante um processo histrico de intervenes
especiais em sucesso
Captulo 2 r -
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Origem da Idia de Deus
cronolgica, interpretadas por um a ordem de profetas dotados
sobrenaturalm ente e registradas nas Escrituras Sagradas, su p lem
en ta a luz da n a tu reza , explica os m is t rio s da Providncia
e d-nos os princpios de uma verdadeira teodicia. O Deus que a
natureza encobre, mesmo quando O revela, as Sagradas Escrituras
no-10 apresentam descoberto, em toda a perfeio da sabedoria,
santidade e amor, na Pessoa de Jesus Cristo. Quem vem a Cristo vem
a Deus. A verdade do tesmo dem onstrada na Pessoa de Jesus, e da
por diante no mais ser aceita seno por aqueles que lealm ente
reconheem Sua soberania sobre a inteligncia, a conscincia e a
vida.
12. Exposio do princpio em que se baseiam os argumentos, a
priori, a favor da existncia de Deus, o valor desse princpio, e as
formas principais sob as quais esses argumentos tm sido
apresentados.
A rgum entos a posteriori so os que, dos fatos da experincia, se
deduzem das causas ou dos princpios. Assim, e.g., ns, por meio dos
argumentos precedentes m ediante os fatos da conscincia e da natu
reza ex terior, tem os sido conduzidos ao conhecim ento de Deus
como um esprito pessoal, inteligente e reto, a Causa Prim ria,
poderosa, sbia e benvola, e Governador moral. Argumentos a priori
so os que procedem das idias necessrias da razo e vo s conseqncias
necessariamente deduzidas delas, ou s verdades necessrias nelas
includas.
E certo que as intuies das verdades necessrias so as mesmas, em
todos os homens. No so generalizaes tiradas da experincia, e sim
esto pressupostas e