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As correntes do pensamento geogrfico e a Geografia ensinada no
Ensino Fundamental: objetivos, objeto de estudo e a formao dos
conceitos geogrficos
Resumo
Este artigo discute acerca das interfaces das correntes do
pensamento geogrfico e a Geografia ensinada no Ensino Fundamental,
com nfase na alfabetizao geogrfica no sculo XXI. Para privilegiar o
referido escopo, foi realizado um estudo de cunho terico que
culminou na dissertao sobre as influncias que a corrente
Tradicional determinismo, possibilismo, regionalismo e a Moderna
pragmtica, crtica exerceram no ensino formal da Geografia, bem como
na maneira como a aprendizagem foi concebida historicamente,
lanando luz aos objetivos, objeto de estudo e a constituio dos
conceitos geogrficos pela criana. Constatou-se que, na
contemporaneidade, no cabe mais uma viso positivista de ensino
baseada unicamente na transmisso
1 Doutora em Educao Brasileira pela UFC. Professora da
Universidade Estadual do Cear UECE, Brasil.
[email protected] Doutor em Educao pela UFRN. Professor dos
Programas de Ps-Graduao em Educao e em Sociologia da UFPB, Brasil.
[email protected] Doutor em Histria pela UFPE. Professor
da UECE, Brasil. [email protected]
Lia Fialho1
Charliton Machado2
Jos lbio Moreira de Sales3
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mnemnica. Ao contrrio, deve-se compreend-lo como instrumento de
compreenso da realidade. Sugere-se desenvolver o conhecimento
geogrfico desde a tenra infncia, propiciando aprendizagem
contextualizada, correlacionando sujeito, tempo e espao em uma
perspectiva hermenutica de produo e transformao da sociedade.
Palavras-Chave: correntes geogrficas; geografia ensinada;
aprendizagem; educao.
Ano 17 - n. 23 - julho 2014 - p. 203-224
As correntes do pensamento geogrfico e a Geografia ensinada no
Ensino Fundamental:objetivos, objeto de estudo e a formao dos
conceitos geogrficos
The lines of the geographical thought taught in elementary
education: objectives, object of study
and construction of geographical concepts.
Abstract
This article has the objective of discussing the interfaces
between the lines of geographical thought and geography taught in
elementary school with emphasis on geographic literacy in the XXI
century. To contemplate the scope above a theoretical study was
done culminating in a dissertation on the influence that the
Traditional line- determinism, possibilism, regionalism - and the
Modern line- pragmatic, critical - exerted on the formal teaching
of geography as well as in the way this learning process was
historically designed, shedding light to the objectives, subject of
study and the construction of geographical concepts by the child.
It was noted that, in contemporary times, it is no longer a
positivist view of education based solely on mnemonic transmission
instead should understand it as a tool for understanding reality.
It is suggested to develop geographic knowledge from the early
childhood, providing contextualized learning, co-relating the
subject, time and space in a hermeneutic perspective of production
and transformation of society.
Keywords: geographical lines; geography taught; learning;
education.
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Introduo
A Geografia ensinada foi influenciada pelas correntes do
pensamento geogrfico de tal maneira que, ainda no sculo XXI,
caractersticas oriundas do tradicionalismo se perpetuam na prxis
pedaggica do docente, interferindo diretamente na aprendizagem do
aluno. Como componente curricular, o estudo da Geografia
possibilita, mediante a alfabetizao geogrfica responsvel, o
desenvolvimento de habilidades que facilitam a compreenso do espao
geogrfico de maneira consciente. Para isso, no entanto, fazem-se
necessrios alguns cuidados na mediao do conhecimento nas primeiras
sries da escolarizao.
Este artigo objetiva debater a respeito das interfaces das
correntes do pensamento geogrfico e a Geografia transferida no
Ensino Fundamental, com nfase na alfabetizao geogrfica no sculo
XXI, visando a refletir sobre os objetivos, objeto de estudo e a
formao dos conceitos geogrficos pela criana. Para cobrir esse
objetivo, foi desenvolvido um estudo de cunho terico que culminou
na dissertao sobre as caractersticas das correntes geogrficas
Tradicional e Moderna e suas influncias no ensino formal da
Geografia. Debateu-se, ainda, a respeito da maneira de mediao e
apreenso de conhecimentos no mbito geogrfico, ressaltando a concepo
de aluno e professor no ensino e na aprendizagem na
contemporaneidade.
Iniciando pela descrio da ideia de Geografia adotada no
determinismo, possibilismo, regionalismo, Geografia pragmtica e
Geografia crtica, de maneira sucinta, so expressos pontos de
congruncias e divergncias que interferiram no fazer pedaggico do
professor no Ensino Fundamental, historicamente. Em seguida,
discutem-se as ideias mais consensuais sobre o fomento do ensino
geogrfico, que, em suma, se direcionam para uma perspectiva crtica,
que busca trabalhar saberes de maneira contextualizada,
relacionando-os nas suas multidimensionalidades, tornando-os
significativos.
Ressalta-se que a didtica com foco no professor como detentor e
transmissor de contedos estticos, que desenvolve o processo
educativo com operaes mnemnicas voltadas para enumerao mecnica
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rios, vegetao, pases, cidades, regies, entre outras informaes
descontextualizadas, com carter enciclopdico, no mais admitida.
Ao contrrio de uma ptica positivista, baseada unicamente na
transmisso mnemnica, o ensino deve ser compreendido como
instrumento de compreenso da realidade. A Geografia ensinada no
sculo XXI objetiva desenvolver, desde a tenra infncia, a vivncia e
anlise de experincias pluridisciplinares, impulsionando o
desenvolvimento do entendimento das complexidades dos fenmenos
humanos no espao. Correlacionando sujeito, tempo e espao em uma
perspectiva hermenutica, o aluno, estimulado pela mediao do
professor, desenvolve saberes e habilidades que fomentam a
capacidade de produo e transformao da sociedade, por intermdio da
atuao cidad autnoma, amparada por uma viso crtica da realidade.
O artigo enseja, pois, uma reflexo acerca da Geografia ensinada
nas primeiras sries de escolarizao da educao formal, na medida em
que discute os objetivos, o objeto de estudo e a formulao dos
conceitos geogrficos, estabelecendo uma conexo com a atuao do
pedagogo e a formao do aluno. Problematizando a didtica do
professor e a aprendizagem discente no contexto educacional,
sinaliza na direo de um ensino de Geografia que considera as
representaes de vida dos alunos e articula o formalismo terico da
Cincia aos conhecimentos cotidianos, tornando-os significativos e
aplicveis na prtica social.
1 Interfaces das correntes geogrficas com o ensino da
Geografia
Ainda que o construto Geografia remonte Antiguidade Clssica, na
perspectiva da Geodsia, no havia uma unidade, de modo que, at o
final do sculo XVIII, no possvel falar de conhecimento geogrfico,
como algo padronizado, com unidade mnima para ser considerada
cincia (CAVALCANTI; VIADANA, 2010). O termo Geografia era utilizado
para designar escritos literrios, relatos de viagens, descrio de
lugares, relatrios estatsticos simplrios, entre outros aportes
(GODOY, 2010).
Apenas no incio do sculo XIX, comeou a ocorrer a sistematizao do
saber geogrfico de modo autnomo e particular, desde a aquisio
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alguns princpios: do conhecimento da extenso do planeta,
permitindo que a Terra fosse pensada de maneira unitria; do
levantamento de dados de pontos diversos da superfcie terrestre; do
aprimoramento das tcnicas cartogrficas, o que possibilitou a
representao dos fenmenos observados e da localizao dos territrios;
e do aparecimento das teorias do evolucionismo, que forneceu uma
base cientfica para as indagaes geogrficas (MORAES, 1994).
As primeiras manifestaes, no sentido de uma Geografia
sistematizada, aparecem nos escritos de Alexander von Humboldt e
Carl Ritter. O primeiro entende Geografia como uma sntese dos
conhecimentos relativos Terra e prope a intuio com suporte na
observao o empirismo racionado; o outro compreende que a Geografia
deveria estudar os sistemas naturais individuais e compar-los, na
perspectiva do estudo dos lugares (LACOSTE, 1988). Tais tericos
foram os precursores das primeiras correntes do pensamento
geogrfico sistematizado.
Na inteligncia de Moraes (1994), as correntes do pensamento
geogrfico, com suas congruncias e divergncias, podem ser
classificadas em dois grandes grupos: a Tradicional, sustentando em
conceitos naturais e percebendo a Geografia como Cincia descritiva
de observao de elementos naturais; e a Moderna, que critica o
positivismo e acolhe a Geografia como Cincia social.
Os conjuntos das correntes no dialticas que estudam a relao do
homem com a natureza, sem se preocupar com as interfaces dos homens
e as questes sociais, compem a Geografia Tradicional. De modo
simplrio, elas podem ser assim compreendidas: Determinismo, com F.
Ratzel como principal terico, defendendo o argumento de que as
condies naturais determinam o comportamento do homem, interferindo
na sua capacidade de progredir; Possibilismo, fundamentado,
principalmente, por P. V. de La Blache, que adotava a ideia de que
a natureza fornecia possibilidades para que o homem a modificasse
sem necessariamente determinar comportamentos; e Regionalismo, com
bases tambm em P. V. de La Blache e Richard Hartshorne, que
focaliza o estudo das reas e sua diferenciao mediante a descrio dos
lugares e divises territoriais (ALVES; SAHR, 2009). Essas foram
questionadas com o movimento da renovao, a expanso
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capitalista e o fim da Segunda Guerra Mundial por volta de
1950.As tendncias que defendiam fazer da Geografia uma Cincia
social e criticavam o tradicionalismo foram denominadas de
Modernas (MORAES, 1994). A Geografia Moderna pode ser subdividida
em duas vertentes: a Pragmtica e a Crtica. A primeira diz respeito
Geografia aplicada (teortica ou quantitativa, sistmica e
comportamental ou de percepo). Ela acreditava em uma tecnologia
geogrfica que, mediante dados estatsticos e diagnsticos
estruturados, subsidia tomada de decises de empresas e do governo,
e criticada por legitimar a expanso das relaes capitalistas (SAHR,
2006). A segunda a Crtica possui inmeros tericos e propostas
dspares, mas converge na oposio a uma realidade social
contraditria, desigual e injusta, e entende a Geografia como cincia
politizada que visa transformao da ordem social em busca de uma
sociedade mais justa (GODOY, 2010). Nesta, a Geografia uma prtica
social em relao superfcie terrestre (LACOSTE, 1988) que responde a
problemas por meio da prtica social (HARVEY, 1993) para que no se
torne uma priso (SANTOS, 1994). Importa salientar que o pendor
Humanista, ao contrrio do Fsico, assentado na subjetividade, nos
sentimentos, na experincia, privilegiando o singular e a compreenso
como base da inteligibilidade do mundo real (CORRA, 1998).
A Geografia, na condio de Cincia social, possui em seu arcabouo
um conjunto de categorias que expressam sua identidade. Ao
pens-las, considerando a ao do homem e a superfcie terrestre, bem
como as suas inter-relaes, surgem vises e interpretaes particulares
(ROCHA, 2008). Vale esclarecer que as correntes do pensamento
geogrfico representam conceitos antagnicos, que podem convergir ou
se complementar em alguns aspectos, e elas emergiram em determinado
espao e tempo numa elaborao scio-histrica (CORRA, 1998). Dessa
maneira, foram influenciadas pelo contexto histrico ao mesmo tempo
em que influenciaram a maneira de se ensinar Geografia (SAHR,
2006).
Na propenso Tradicional, a Geografia ensinada era pautada por
uma prtica educativa baseada no modelo positivista em que a
tendncia pedaggica liberal (tradicional, renovada e tecnicista) se
sobressaa e se caracterizava pela didtica com foco no professor
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como detentor e transmissor de contedos, estigmatizando o
processo educativo em operaes mnemnicas voltadas para enumerao
mecnica de rios, vegetao, pases, cidades, regies, entre outras
informaes descontextualizadas, com carter enciclopdico, sem
desenvolver anlise crtica sobre os conhecimentos, perpetuando a
ordem e ideologia vigente (OLIVEIRA, 1998). Straforini (2004)
comunga com o exposto, quando exprime:
O objetivo da escola tradicional a transmisso de conhecimento,
ou seja, uma preocupao conteudista. Dessa forma, o aluno visto como
um agente passivo, cabendo a ele decorar e memorizar o conjunto de
conhecimentos significativos da cultura da humanidade previamente
selecionados e transmitidos pelo professor em aulas expositivas. O
mundo uma externalidade ao aluno, ou seja, no dado a ele a
possibilidade de sua insero no processo histrico [...] (p. 57)
Diferentemente da inclinao Tradicional, na Moderna no se concebe
mais uma educao pautada em conhecimentos fragmentados, estanques e
decorados por intermdio do autoritarismo. Ao contrrio, ela pautada
na autonomia, mediao pedaggica, utilizao de mltiplas linguagens e
internalizao significativa de experincias de aprendizagem, sendo o
aluno conduzido a analisar a realidade social que o cerca na condio
de agente transformador das dinmicas histricas que perpassam a
espacialidade. Vesentini (1993), retratando acerca do novo
paradigma do ensino da Geografia na perspectiva Moderna,
acrescenta:
O ensino da geografia no sculo XXI, portanto, deve ensinar, ou
melhor, deve deixar o aluno descobrir o mundo em que vivemos, com
especial ateno para as escalas local e nacional, deve enfocar
criticamente a questo ambiental e as relaes sociedade/natureza (sem
embaralhar uma dinmica na outra), deve realizar constante mente
estudos do meio (para que o contedo ensinado no seja meramente
terico ou livresco e sim real, ligado vida cotidiana das pessoas) e
deve levar os educadores a interpretar textos, fotos, mapas,
paisagens. E por esse caminho, e somente por ele, que a geografia
escolar vai sobrevivendo e at mesmo ganhando novos espaos nos
melhores sistemas educacionais. (p. 219)
O ensino da Geografia moderna, todavia, deve ser ministrado numa
perspectiva progressista (libertadora, crtico-social dos
contedos)
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que concebe o aluno como foco do ensino-aprendizagem, detentor
de autonomia e apto ao desenvolvimento cognitivo e intelectual
(PENTEADO, 2010). Sob tal aspecto, ao professor cabe instigar com
problematizaes e mediar o conhecimento para facilitar a assimilao e
internalizao de saberes (VYGOTSKY, 1999).
A Geografia repassada tradicionalmente foi quase invisibilizada,
sendo concebida fisicamente numa concepo despolitizada ou servindo
primeiramente para fazer guerra (LACOSTE, 1988), ou seja,
politizada para fins polticos, militares e econmicos sob a ptica da
luta de classes (VESENTINI, 1988).
Os saberes geogrficos, atualmente, foram considerados como
estratgicos, no apenas como instrumento de poder como centra foco a
Geografia marxista, mas, principalmente, como meio para se
compreender a inter-relao homem-lugar numa perspectiva tambm
humana, no s fsica. Em contato direto com as Cincias sociais, o
conhecimento geogrfico deve considerar fatores econmicos, sociais,
culturais e polticos em uma nova Geografia crtica que se apropria
dos aspectos qualitativos (SANTOS, 1994).
Ao considerar que a Geografia abrange fenmenos econmicos,
sociais, polticos, culturais e militares, englobando tambm os
aspectos fsicos e ecolgicos, necessita-se entender que as
transformaes planetrias perpassam a Geografia e a leitura do mundo
por intermdio de um raciocnio geogrfico complexo, que permite a
compreenso de como esses fatores se combinam diferentemente. Por
isso, na Geografia ensinada, busca-se desenvolver, desde a infncia,
a vivncia e anlise de experincias pluridisciplinares (CASTELLAR,
2000) e especficas que propiciem compreender a complexidade dos
fenmenos humanos sobre o terreno em envergadura planetria (MORIN;
ROGER; MOTTA, 2007).
2 A Geografia no Ensino Fundamental: objetivos, objeto de estudo
e a elaborao dos conceitos geogrficos
Antes de prelecionar sobre o ensino da Geografia, oportuno notar
que o ensino pode ocorrer de vrias maneiras: formal, com a educao
escolar sistemtica, intencional e com objetivos previamente
definidos; no
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formal, tambm intencionalmente, mas sem sistematizao; e
informal, sem inteno, de modo espontneo e no sistemtico (LIBNEO,
1994). Esta ltima acontece no seio familiar e da sociedade que
circunda a criana ainda pequenina, de tal maneira que, desde o
nascimento, o beb, paulatinamente, adentra o mundo adulto por
intermdio de suas experimentaes e internalizaes individuais
mediadas por seus pares e pela sociedade na qual se insere (PIAGET;
INHELDER, 1993).
A Geografia ensinada na escola se refere educao formal. Em uma
concepo crtica, parte-se da compreenso de que cada sujeito nico e
faz suas percepes e elaborao em suporte em suas individualizaes, no
havendo uma receita pronta para se trabalhar o conhecimento
especfico da Geografia, que se inicia de maneira informal desde os
primeiros anos de vida. Ensinar Geografia, contudo, suscita do
professor a capacidade investigativa para conhecer os saberes
prvios dos alunos de maneira particularizada, e, desde a
identificao do que j restou elaborado, promover a problematizao
contextualizada, instigando a curiosidade e os respectivos anseios
dos estudantes pela busca do conhecimento.
Importa salientar que a Teoria de Desenvolvimento Cognitivo
(Piaget), muito difundida no Brasil que dividia a aprendizagem
infantil em estdio delimitados etariamente (at dois anos,
sensrio-motor, de dois a sete, pr-operatrio, de sete a 12,
operacional concreto, e desde os 12, operacional formal ou
abstrato) , influenciou o ensino geogrfico e levou muitos
educadores a acreditar que a criana do Ensino Fundamental no
conseguiria apreender inmeros conceitos geogrficos, porque estes
eram abstratos e no havia maturao biolgica para sua internalizao no
ensino infantil e primeiras sries do Ensino Fundamental (FREITAS,
2010), deixando de estimular o desenvolvimento dos conceitos e das
categorias de anlise geogrficas. Com a difuso da teoria de Vygotsky
que entende a formao da conscincia e suas funes psicolgicas
superiores com origem na ao do sujeito em relao com aparatos
socioculturais e no apenas por um progresso intrnseco e linear ,
foi possvel ampliar a compreenso de que a mediao essencial desde os
primeiros anos, para que haja evoluo constante da zona de
desenvolvimento proximal, possibilitando passar da zona real
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para potencial com a formao de pseudoconceitos. Cavalcanti
(2005) tenta explicar a aprendizagem, considerando no
apenas o desenvolvimento biolgico, mas tambm a evoluo das funes
psicolgicas superiores, com origem individual, quando acentua:
A internalizao um processo de reconstruo interna,
intrassubjetiva, de uma operao externa com objetos que o homem
entra em interao. Trata-se de uma operao fundamental para o
processo de desenvolvimento de funes psicolgicas superiores e
consiste nas seguintes transformaes: de uma atividade externa para
uma atividade interna e de um processo interpessoal para um
processo intrapessoal. (p. 188)
A pessoa realiza suas apreenses por intermdio das vivncias
sociais e culturais e desenvolve em cadncia a criao da conscincia
desde essas experincias concebidas de maneira individualizada.
Assim, o desenvolvimento das funes psicolgicas superiores e da
capacidade de abstrao, necessria para compreenso de conceitos e
categorias geogrficas, resulta da interao sociocultural, devendo a
mediao ser exercida desde cedo, com vistas a estimular o
desenvolvimento.
Deleuze e Guattari (1992) relatam que o pintor no pinta sobre
uma tela virgem, tampouco o escritor escreve em cima de uma pgina
branca, porque a pgina ou a tela esto j cobertas de clichs
preexistentes. Nessa vertente de pensamento, para mediar a
aprendizagem no Ensino Fundamental, no se deve apagar ou ignorar os
conhecimentos preexistentes elaborados pela leitura de mundo, mas
se torna essencial levar em considerao a bagagem que o aluno j traz
consigo (GADOTTI, 2004). Estimulando-se a criatividade e o
interesse da criana por intermdio de uma mediao pedaggica
responsvel, possvel ensejar maior desenvolvimento da viso espacial
da criana mediante a ampliao da capacidade de abstrao.
O objetivo principal de estudo em Geografia, contudo, continua
sendo, desde os primrdios, o espao, mas na atualidade este
entendido como um produto histrico, um conjunto de objetos e de aes
que revela as prticas sociais dos diferentes grupos que vivem num
determinado lugar, interagem, sonham, produzem, lutam e o (re)
constroem. (CASTROGIOVANNI, 2006, p. 7). Nessa perspectiva,
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o ensino da Geografia deve levar em considerao as representaes
de vida dos alunos, articulando o formalismo terico da Cincia aos
conhecimentos cotidianos (FREIRE, 1996) e, ao contrrio da Geografia
puramente fsica, de cunho pedaggico maante e intil, ele se
apresenta embebido da prtica e permeado de reflexes epistemolgicas
que envolvem a pessoa humana e o lugar.
O espao geogrfico configura campo de produo e reproduo das
relaes sociais, que, malgrado submetido lei da totalidade, possui
certa autonomia (SANTOS, 1978); entrelaado por questes de cunho
econmico, poltico e social, no pode ser compreendido de maneira
esttica ou dissociada do dinamismo das aes humanas. Segundo Lefbvre
(1976, p. 34), ele estaria essencialmente vinculado com a reproduo
das relaes (sociais) de produo, mas no pode ser definido como
produto ou objeto, na condio de receptculo que apenas engloba
coisas.
Ao contrrio de Richard Hartshorne (1939), que defendia uma
concepo idiogrfica de espao, este, na atualidade, lcus da
experincia social, permeado por subjetividades, crenas e culturas
(ISNARD, 1982), que no se esgota em conceito nico por possuir
carter multidimensional. Corra (2003) resume o exposto quando
escreve:
Eis o espao geogrfico, a morada do Homem. Absoluto, relativo,
concebido como plancie isotrpica, representado atravs de matrizes e
grafos, descrito atravs de diversas metforas, reflexo e condio
social, experienciados de diversos modos, rico em simbolismos e
campos de lutas, o espao geogrfico multidimensional. Aceitar esta
multidimencionalidade aceitar por prticas sociais distintas que,
como HARVEY (1973) se refere, permitem construir diferentes
conceitos de espao. (p. 44)
Com amparo na compreenso hermenutica de espao geogrfico, o
objetivo do ensino da Geografia nas primeiras sries de escolarizao
alfabetizar espacialmente o aluno, ou seja, mediar aprendizagens
para que o estudante adquira noes de localizao, organizao,
representao e entendimento da estrutura do espao elaborado
dinamicamente pelas sociedades (CASTELLAR, 2000), aprendendo a ler,
lendo o espao, ou seja, compreendendo o mundo com olhar espacial
(CALLAI, 2005). Preocupando-se com o espao e suas multidimenses, a
Geografia no Ensino Fundamental parte da construo da prpria
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identidade da criana, que se torna o lastro para a descentrao
espao-temporal do sujeito cidado (CASTROGIOVANNI, 2006, p. 13).
Trabalhar com os conceitos geogrficos, nessa perspectiva,
torna-se oportuno. preciso, entretanto, compreender que eles so
representaes mentais, ideias que possuem a funo genrica de
identificar, descrever e classificar, propiciando conhecer os
elementos que constituem a experincia humana. Nem toda palavra um
conceito, porque, para se constituir conceito, ela precisa trazer
consigo uma srie de significados que possibilitam interpretaes de
proposies compiladas em um construto (FREITAS, 2010).
A Geografia, efeita cincia social, ao estudar a ao do homem e a
superfcie terrestre, bem como as suas inter-relaes, constitui, em
seu arcabouo, um conjunto de conceitos especficos que expressam sua
identidade (ROCHA, 2008). Ao se apropriar, cadencialmente, desse
corpo conceitual, a criana desenvolve uma linguagem geogrfica que
possibilita um olhar espacial do mundo (CALLAI, 2005).
A alfabetizao geogrfica transita pela formulao dos conceitos,
desencadeados no fenmeno de conhecer o mundo com arrimo na vida
cotidiana e da compreenso do lugar concreto no qual se est
inserido, e se consolida com a apropriao crtica e reflexiva,
propiciando uma ao consciente e cidad no mundo (MARQUES, 1993;
CASTROGIOVANNI, 2006; CASTELLAR, 2000). O desenvolvimento dos
conceitos Geogrficos de maneira responsvel facilita o alcance dos
objetivos propostos para o ensino da geografia nas sries
iniciais.
Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN), os objetivos
gerais da Geografia para o Ensino Fundamental so oito,
sintetizando-os se pode citar: 1) conhecer a organizao do espao
geogrfico e funcionamento da natureza em suas mltiplas relaes,
possibilitando compreender o papel das sociedades na construo e
produo do territrio, paisagem e lugar; 2) identificar e avaliar as
aes dos homens em sociedade e suas consequncias nos diferentes
espaos e tempos, possibilitando participao positiva no ambiente; 3)
compreender a espacialidade e temporalidade nas suas interaes; 4)
compreender que as melhorias nas condies de vida so conquistas
decorrentes de conflitos e negociaes, mas que ainda no so usufrudas
por todos e
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necessrio empenho na democratizao; 5) conhecer e saber utilizar
os procedimentos de pesquisa geogrfica para compreender o lugar,
territrio, paisagem e espao; 6) saber utilizar a linguagem
cartogrfica; 7) valorizar o patrimnio sociocultural e respeitar a
sociodiversidade; 8) fazer leitura de diferentes fontes de informao
para interpretar, relacionar e analisar informaes sobre o espao
geogrfico (BRASIL, 1997).
Torna-se oportuno esclarecer que os PCN receberam inmeras
crticas acerca da elaborao do contedo do documento (NEVES, 2000):
consulta e participao dos professores e pesquisadores brasileiros
praticamente inexistiu, representa uma poltica neoliberal de
privatizao da educao nacional, atenta a interesses de organismos
internacionais de financiamento, ignora as condies precrias de
salrio e recursos para o trabalho do professor, pobre e pouco
esclarecedora em termos tericos, faz uso acrtico de correntes
tericas, despreza a historicidade de conceitos, entre outras
(OLIVEIRA, 2003). O documento continua, no entanto, sendo utilizado
como aparato norteador e os objetivos, conceitos e categorias
geogrficas ainda permanecem vlidos como parmetros para o ensino da
Geografia no Ensino Fundamental.
Cabe comentar que, para alcanar os objetivos descritos nos PCN,
necessrio mostrar ao aluno que cidadania tambm compreende o
sentimento de pertena a uma realidade repleta de relaes entre homem
e natureza que devem ser analisadas, e, para tal, se torna oportuno
desenvolver procedimentos de pesquisa que considere a observao, a
descrio, o registro, a representao, a analogia, a explicao e sntese
(PENTEADO, 2010).
Penteado (2010) defende uma proposta para que a Geografia
ensinada seja concebida como instrumento de compreenso da
realidade, em que esta se inicia pela problematizao de fenmenos
mais concretos aos abstratos e, por intermdio do respeito aos nveis
de ensino exploratrio, desenvolvimento de conceitos especficos e
ampliao de conceitos , sugere um rol de atitudes que ultrapasse o
ensino reprodutivo, decorativo, para o produtivo, com origem na
experimentao e compreenso dos conceitos e categorias fundamentais.
Tal postulado sinaliza uma viso sinttica.
De acordo com Santos (1978), h duas abordagens mais
convencionais
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no ensino da Geografia: a sinttica e a analtica. Alves e Sahr
(2009, p. 55) as explicam: a sinttica, que apresenta a realidade
como ponto de partida, e a analtica, que parte do estudo da
superfcie terrestre no seu conjunto para posteriormente se chegar
ao lugar de convivncia. mister compreender, todavia, que, apesar da
abordagem sinttica ter sido a mais difundida e utilizada no ensino
da geografia nas ltimas dcadas, no se pode perder de vista a
articulao entre o local e o global. Desse modo, a abordagem
analtica tambm deve ser empregada no ensino-aprendizagem, porque
permite uma viso cclica de temporalidade, desfaz a hierarquizao do
saber geogrfico e propicia a ampliao de outras maneiras de
desenvolver abstraes.
Dados os objetivos mencionados nos PCN, no difcil perceber as
categorias de anlise fundamentais nessa etapa da escolarizao:
lugar, territrio, paisagem e espao (BRASIL, 1997; RIBEIRO; MARQUES,
2001). Diversos estudiosos pesquisam e conceituam essas categorias,
e, nos ltimos anos, h certa convergncia em algumas definies que, de
modo conciso, e um tanto superficial, podem ser descritas da
seguinte maneira: a paisagem a unidade visvel que os sentidos
conseguem perceber, compreendida como a relao entre homem e meio no
estudo da cultura (CALLAI, 2005); o lugar seria concebido pela
significao a percepo sensorial, possui um esprito e uma
personalidade constitudos pela longa vivncia (MASSEY, 2000); o
territrio o espao definido e delimitado com supedneo nas relaes de
poder e nas dimenses polticas, econmicas e culturais simblicas
(CLAVAL, 1999); o espao geogrfico representa a sociedade, o
processo histrico por ela constitudo na paisagem (CORRA, 2003;
SANTOS, 1994). Vale mencionar, entretanto, a ideia de que tornar
essas categorias inteligveis no tarefa simples, porque elas so
abstratas e multidimensionais, exigindo do educador atitude crtica
e dinmica.
O domnio das categorias relevante para desenvolver na criana a
compreenso sociocultural e do funcionamento da natureza que a
cerca, bem como propiciar a utilizao, de maneira singular, do
pensar sobre a realidade com olhar geogrfico crtico, pois mediada
pela anlise do lugar e, consecutivamente, das demais categorias, a
criana evolui da viso de espao perceptivo, para representativo,
desenvolvendo maturao para
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Ensino Fundamental:objetivos, objeto de estudo e a formao dos
conceitos geogrficos
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sair das relaes meramente topolgicas, limitadas ao objeto, e
evoluir para as projetivas e euclidianas, que correlaciona os
objetos entre si sem referncia esttica (CASTELLAR, 2005).
Castrogiovanni (2006) explicita:
preciso fazer a distino entre o espao da ao ou perceptivo e o
espao representativo: o primeiro se constri em contato direto com o
objeto, ou seja, atravs dos sentidos. J o espao representativo
construdo na ausncia do objeto, portanto reflexivo. (p. 16)
Quando o aluno ultrapassa a percepo do espao vivido e concebido
concretamente e logra desenvolver a capacidade de perceber tambm o
no experimentado, realizando abstraes, da maneira reflexiva,
torna-se possvel a alfabetizao espacial, que se efetiva com a
tomada de conscincia do espao geogrfico de maneira crtica.
Salienta-se, no entanto, no ser possvel que o professor ensine
definio de conceitos e categorias aos alunos. Ele, no mximo, os
apresenta, porque o aluno, como sujeito ativo e autnomo, quem vai
formular seus conceitos sobre as coisas com suporte em suas
internalizaes individuais, cabendo ao professor a mediao desse
processo, propiciando o trabalho com a linguagem geogrfica e a
apropriao de significados constitudos pelas problematizaes, anlises
e negociaes desenvolvidas com o aluno (CAVALCANTI, 2005).
Buscar refletir e analisar abordagens do pensamento geogrfico
permite a elaborao mais crtica de concepes pertinentes para nortear
o trabalho do professor, pois, desde a compreenso das transformaes
da sociedade no espao e da maneira como os alunos edificam o
aprendizado, o educador se torna mais capacitado para proceder
mediao pedaggica, no apenas no campo da Geografia, mas tambm nas
mais diversas reas. Assim, exibir caractersticas e possibilidades
do trabalho com a Geografia no ensino fundamental, problematizando
os objetivos, o objeto de estudo e a formao dos conceitos e
categorias, faz-se oportuno, na medida em que as informaes podem
ser disseminadas e (re) pensadas, fomentando um ensino-aprendizagem
mais significativo e pertinente.
Consideraes finais
Com o objetivo de debater acerca das interfaces das correntes
do
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pensamento geogrfico e a Geografia ensinada no Ensino
Fundamental, enfatizando a alfabetizao geogrfica no sculo XXI, este
ensaio realizou um estudo sobre as influncias que o pendor
Tradicional e a tendncia Moderna exerceram no ensino formal da
Geografia, bem como na maneira com que a aprendizagem se concebe na
contemporaneidade, ressaltando os objetivos, objeto de estudo e a
formulao dos conceitos geogrficos pela criana.
Constatou-se que a propenso Tradicional, apoiada em conceitos
naturais, notou a Geografia como Cincia descritiva de observao de
elementos naturais que no se preocupou com as interaes das pessoas
com as questes sociais. Em oposio, a tendncia Moderna centrou foco
nas relaes humanas imbricadas com a natureza em um contexto social
dialtico e dinmico.
A Geografia Moderna, na perspectiva crtica, ao problematizar a
realidade social no mago das desigualdades e injustias, amplia a
capilaridade do trabalho com a Geografia na interao com outras
cincias no mbito econmico, poltico e sociocultural. Como Cincia
humanizada, o vis poltico perpassa o aprendizado geogrfico com
vistas transformao da ordem social. Concebida como prtica social em
relao superfcie terrestre, a Geografia ensinada afere significado
ao responder problemas por meio da prtica social.
Assentada na subjetividade dos sentimentos, na experincia, a
Geografia ensinada privilegia o singular e a compreenso como base
da inteligibilidade do mundo real, por intermdio de uma constante
anlise crtica, cada vez mais aprofundada, dos fatos e
acontecimentos. O ensino da Geografia para as sries iniciais do
ensino formal, nessa perspectiva, objetiva a aprendizagem de
conceitos geogrficos baseados no conhecimento de mundo, tornando-os
significativos para o aluno, que os utiliza para atuao prtica na
vida social.
Ao contrrio da viso positivista de ensino, fundamentada na
transmisso mnemnica verticalizada do professor para o aluno, a
proposta na contemporaneidade utilizar mltiplas linguagens no
ensino da Geografia e propiciar leituras dspares que possibilitam
ampliar a compreenso crtica. Por intermdio da mediao semitica
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para apreenso de signos e significados e a problematizao de
saberes diversos contextualizados com o entorno e vivncias dos
aprendizes, desenvolvem-se, paulatinamente, a criticidade e a
autonomia dos alunos, promovendo a reflexo acerca de questes
geogrficas.
O ensino da Geografia como instrumento de compreenso da
realidade, ao desenvolver conhecimento geogrfico contextualizado,
correlacionando sujeito, tempo e espao em uma perspectiva
hermenutica de produo e transformao da sociedade, concorre para
fomentar o cidado, apto a intervir, responsavelmente, na
sociedade.
O objetivo do Ensino Fundamental no sculo XXI, na perspectiva da
Geografia, alfabetizar geograficamente o aluno com amparo na
apreenso de conceitos e categorias bsicas que possibilitem a
compreenso do espao na interface com o sujeito histrico e suas
mltiplas relaes, ou seja, ampliar o olhar crtico sobre a realidade.
Instigando a curiosidade do aluno, com problematizaes e situaes
vivas de aprendizagem, possibilita-se compreender o mundo com a
devida conscincia geogrfica, interpretando e utilizando os saberes
na vida prtica.
O ensino da Geografia, mais do que mero componente curricular,
possibilita, por intermdio da alfabetizao geogrfica, o auxlio no
desenvolvimento de habilidades para realizao de observaes,
descries, abstraes, problematizaes e anlises que facilitam a
compreenso do mundo de maneira consciente. A maturidade para
conquista da autonomia e de uma viso crtica global perpassa a
capacidade de compreender o espao geogrfico nas suas interfaces com
as relaes sociais, culturais, polticas e econmicas. De tal modo,
refletir acerca do ensino e aprendizagem no mbito da Geografia
sempre se far oportuno, na medida em que propicia momentos de
reflexo da prxis pedaggica.
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As correntes do pensamento geogrfico e a Geografia ensinada no
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