LANCHE ESCOLAR EM INSTITUIES DE ENSINO PRIVADOHachel Pinheiro
Melengate
Resumo
Esse trabalho teve a preocupao de compreender a importncia da
alimentao infantil nas instituies de ensino de carter privado,
analisando a merenda caseira de alunos da Educao Infantil da Escola
Miguel. de suma importncia que a Instituio de Ensino da Rede
Privada proporcione mecanismos para que o conhecimento sobre Educao
Alimentar ultrapasse o prisma terico, tornando-se espontneo e
habitual aos envolvidos no processo ensino aprendizagem. Entendendo
que a educao plena ocorre quando resultante da parceria entre
Escola e Famlia, o trabalho de conscientizao dos pais e
responsveis, quanto relevncia e o incentivo de prticas alimentares
satisfatrias, necessita estar incluso na poltica educacional da
Instituio de Ensino. Essa pesquisa teve por objetivo central
abordar a importncia de uma alimentao saudvel para o
desenvolvimento da criana, em especial no que diz respeito ao
lanche trazido pelo aluno para dentro do ambiente escolar. Foram
realizados levantamentos bibliogrficos e documentais, de uma
pequena pesquisa de campo em uma escola de rede privada. Afora
observaes dirias, entrevistei informalmente a proprietria da
cantina e uma farmacutica. Defendo a promoo da reeducao do paladar,
por meio de atividades ldicas e a ao diretiva da escola em relao ao
que comem seus alunos (em especial, o lanche escolar) com projetos
que atinjam os responsveis, ou seja, a "alfabetizao em nutrio".
Palavras-chaves: educao alimentar, rede privada de ensino,
lanche caseiro, reeducao do paladar, alfabetizao em nutrio.
Introduo
Essa comunicao prope a refletir sobre a importncia da alimentao
infantil nas instituies de ensino de carter privado, analisando a
merenda caseira de alunos da Educao Infantil s sries iniciais da
Escola Miguel Moretth, sendo o nome fictcio de uma escola do
Interior do Estado do Rio de Janeiro, evitando assim
constrangimentos. uma Instituio de Ensino Privado que atende alunos
da Educao Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Mdio e Ps-Mdio com
92 anos de tradio.A relevncia deste tema justifica-se por essa
minha experincia, no incio da minha carreira como docente, com o
falecimento de uma aluna de 3 trs anos de idade, devido ao
agravamento de uma pneumonia, consequente de uma baixa imunidade
ocasionada por uma alimentao pobre em valor nutricional.O Programa
Nacional de Alimentao Escolar (PNAE), implantado em 1955, garante,
por meio da transferncia de recursos financeiros, a alimentao
escolar dos alunos. As Diretrizes para a Promoo de Alimentao
Saudvel (SENADO, 2011)
prevem a garantia de uma alimentao rica em valores nutricionais
para alunos tanto da rede pblica, quanto de rede privada de ensino,
por meio de aes, como a suspenso de cantinas escolares. Porm, os
rgos pblicos competentes no priorizam a fiscalizao da merenda
escolar dos alunos da rede privada, o que torna a Educao Alimentar
uma temtica transversal conteudista, distanciada de um conhecimento
relevante para o aluno.Dessa forma, mais do que a abordagem
sistmica com os alunos, este artigo defende a promoo da reeducao do
paladar, atravs de atividades ldicas e a ao diretiva da escola em
relao ao que comem seus alunos no ambiente escolar, atravs de
projetos alimentares com palestras, filmes entre outros. Ou seja,
construir uma "alfabetizao em nutrio".Tive, por objetivos,
identificar os alimentos trazidos pelos alunos como lanche escolar
e Analisar a dinmica nutricional do dia da fruta que ocorre,
informalmente, na Escola Miguel Moretth e compar-la aos demais dias
da semana. Ento, formulei questes: quais sero os alimentos trazidos
pelos alunos como lanche escolar? E, existiria na prtica, o dia da
fruta?Para sua realizao, foram efetuados levantamentos
bibliogrficos e documentais, uma pequena pesquisa de campo,
observaes dirias quanto ao que os alunos comem no recreio escolar,
sempre anotadas em um caderno de campo, entrevistas informais com
professoras e alguns pais, com a proprietria da cantina e uma
farmacutica, sendo que esta ltima auxiliou-me na seleo de
guloseimas saudveis. Enfim, elaborei breves experimentos com alunos
sobre alimentao
LANCHE ESCOLAR EM INSTITUIES DE ENSINO PRIVADO
A Merenda Escolar no Brasil, oferecida aos estudantes da Rede
Pblica de Ensino envolve, em seus primrdios, uma viso filantrpica
de ajuda aos rfos e crianas de baixo nvel social e, posteriormente,
um plano scio-poltico, objetivando uma complementao carncia
alimentar dos alunos das classes populares. Considerada parte de
uma poltica para a frequncia e permanncia das crianas
desfavorecidas economicamente em instituies de Ensino, que, muitas
vezes, frequentam as escolas em busca dessa refeio e quase ausente
em suas casas (CHAVES, 1998). Essa preocupao pblica em relao
merenda escolar continua at os dias de hoje com o Programa Nacional
de Alimentao Escolar, por meio das Diretrizes para a Promoo de
Alimentao Saudvel,
Art. 1 Esta Lei visa a instituir diretrizes para a promoo da
alimentao saudvel nas escolas de educao infantil, fundamental e de
nvel mdio das redes pblica e privada, em mbito nacional, de modo a
favorecer o desenvolvimento de aes que promovam e garantam a adoo
de prticas alimentares mais saudveis no ambiente escolar (SENADO,
2011, grifo meu).
Entende-se, dessa forma, que a preocupao com a merenda escolar
conjetura aes educativas que garantam uma alimentao saudvel e no
somente o oferecimento de alimentos aos alunos da (SENADO, 2011,
rede pblica de ensino. Porm, como as instituies educativas da rede
privada no recebem esse benefcio, seus alunos levam de casa alguma
alimentao que ser nomenclaturada como Lanche Escolar ou Merenda
Caseira, recebendo a devida distino da alimentao proposta pelo
Governo.
1. A prtica da merenda caseira na escola Miguel Moretth
Segundo o Artigo 2 das Diretrizes citadas:
A alimentao saudvel um direito humano e compreende um padro
alimentar adequado s necessidades biolgicas, sociais e culturais
dos indivduos, de acordo com as fases do curso da vida (SENADO,
2011).
Como garantia ao cumprimento dessa exigncia, a presente Legislao
determina que a Escola Pblica deva oferecer uma alimentao adequada
s necessidades da criana, produzida em ambiente higinico, com a
implementao de hortas e o uso dos alimentos nela produzidos, alm da
restrio a implantao de cantinas escolares, com fins comerciais de
alimentos com baixo valor nutricional e incentivo ao consumo de
alimentos naturais, como frutas, legumes e verduras (SENADO,
2011).As dependncias Escola Miguel Moretth so um indicativo do
paradoxo que abrange a Educao Alimentar e sua prtica no cotidiano,
visto que no possui um espao adequado (refeitrio) para alimentao
das crianas, conforme decretado na Legislao Vigente. Observa-se a
presena de apenas uma mesa com quatro bancos, o que no suficiente
para atender a demanda de aproximadamente uma centena de alunos.
Este fator acarreta para que o recreio escolar seja um momento em
que as crianas brinquem. As que lancham, o fazem sentadas em
degraus de escadas ou em bancos acimentados no ptio e na
quadra.Embora prevista pela Legislao Vigente, a prtica de uma
alimentao saudvel
- A Merenda Escolar - elaborada por nutricionistas e oferecida s
crianas -, no tem alcanado Rede Privada de Ensino. Sem devida
fiscalizao, comum a atividade
comercial interna, com a finalidade de gerao de renda, suprindo
algumas necessidades financeiras da escola, ou mesmo um servio
terceirizado, vendendo-se alimentos ricos em gorduras, conservantes
e corantes artificiais.No h intermeto do Estado em relao ao que
comem os alunos atravs de fiscalizao vigente, estabelecedora de
padres para o lanche escolar, ao menos no que diz respeito vistoria
e cumprimento da proibio de cantinas em Instituies Privadas de
Ensino. Em contrapartida, os Parmetros Curriculares Nacionais
ressalvam a obrigatoriedade da abordagem do Tema Transversal - Sade
- no currculo escolar no de modo informativo e conceitual, mas com
aes que viabilizem uma atuao preventiva S doenas ocasionadas ou
agravadas por uma alimentao insatisfatria s especificidades da
infncia. possvel observar um paradoxo que abrange a Educao
Alimentar (contedo metodicamente elaborado) e a prtica alimentar
dos alunos em escolas particulares. Esse evento fato comprovado
atravs da anlise do que os estudantes levam para o lanche, escolar
em detrimento ao que aprendem formalmente em sala de aula. Dessa
forma, os pais e responsveis legais so os elaboradores do cardpio
informal de seus filhos, sem comprometimento legal com a qualidade
do que oferecido, pois sobre quem ento recaem as consequncias da
problemtica?Alice Miller (1997) usa a termologia Pobre criana rica
para ilustrar um tipo especfico de desamparo: crianas que usufruem
de uma vida confortvel do ponto de vista material, pois seus
desejos podem ter sido satisfeitos, mas as suas necessidades, no. A
afirmativa de grande relevncia para o presente trabalho,visto que
atravs de dilogo com os alunos constatei que so ativos no ato da
escolha da merenda caseira. Em seus lares, suas vontades em relao
ao que comem so ouvidas e atendidas, porm suas necessidades
nutricionais ficam em segundo plano. O lanche escolar trazido de
casa pelas crianas composto por alimentos no saudveis e de marcas
famosas. Assim, a dificuldade encontrada pelos pais e responsveis
na elaborao de um cardpio de lanche saudvel e atraente s crianas,
os produtos comercializados na cantina escolar, a comparao feita
pelo prprio aluno do seu lanche, em relao ao trazido por seus
demais colegas, so aspectos importantes a serem observados,
objetivando uma educao alimentar que traga sade.Penso que se trata
de um fator compensatrio, visando minimizar os danos gerados pela
nova formao familiar, consequentes de fatores contemporneos, como
uma vida profissional mais intensa que leva os pais ficarem mais
tempo fora de casa, o ingresso intenso da mulher no mercado de
trabalho e o alto ndice de divrcios, nesse
ltimo caso, tornando a famlia uma instituio com chefia feminina.
Probst (2005, p. 5) afirma que A mulher deixou de ser apenas uma
parte da famlia para se tornar o comandante dela em algumas
situaes. Fato comprovado com o 2 ano escolar da instituio
observada, onde seis dos doze alunos so filhos de pais separados,
enquanto trs vivem somente com as mes.1.1. O experimento
A primeira etapa do experimento foi realizada em 19 de maio de
2011, com os alunos do 2 ano do Ensino Fundamental. Participaram 12
doze alunos, sendo trs meninos e nove meninas entre 7 e 8 anos de
idade. Foi solicitada com devida antecedncia que cada aluno levasse
uma fruta de casa, tendo para degustao uma pra, uma ma, uma banana,
uma goiaba, um caqui, um cacho de uvas, uma caixa de morangos e uma
mexerica. Aps a higiene das mos e das frutas, essas foram cortadas
em pequenos pedaos e oferecidas aos alunos que se encontravam com
os olhos vendados. Eles saborearam e identificaram combinaes
distintas de frutas, encontrando dificuldades apenas em diferenciar
ma e pra quando combinadas com outras, estabeleceram preferncias
por algumas, como caqui, que tinha menor consistncia. Todos os
alunos demonstraram apreo pelo alimento que estavam ingerindo,
afirmando que no faziam parte de suas rotinas. A maioria preferiu
frutas de aspecto mais atrativo, como o morango, a uva e a ma, o
que nos auxilia na compreenso da importncia da forma de apresentao
dos alimentos para sua boa aceitao.1.2. O Dia da Fruta
Na escola existe uma proposta informal chamada O dia da fruta.
No descrita em seu Projeto Poltico Pedaggico. Alguns professores
estabeleceram a quarta-feira como o dia propcio para que as crianas
tragam de suas casas uma fruta para seu lanche escolar. Porm, na
prtica, no h distino entre os demais dias da semana no cotidiano
escolar. Para constatar esse fato, no perodo compreendido entre 15
e 22 de junho de2011, foram observados os hbitos alimentares dos
alunos da Educao Infantil ao 5 ano do Ensino Fundamental, sendo
crianas entre 3 e 11 anos, com boa condio financeira, em idade
escolar normal e residentes na rea urbana do municpio. Foram
recolhidos dados acerca de quantos alunos levaram frutas e quais
suas motivaes.Alguns estudantes interrogados do 5 ano, perguntaram
se valia nota trazer fruta. Pude concluir que o Dia da Fruta no faz
parte de um projeto de incentivo mudana de hbitos alimentares e sim
uma poltica de condicionamento. Os alunos
temiam no participar para no perder pontos em matemtica. Nos
demais dias os alunos no levavam frutas, pois no eram punidos nem
premiados pelo que comiam.Em relao Educao Infantil e ao 1 ano, as
professoras de algumas turmas agendaram para o dia da fruta uma
sesso pipoca, contrariando a proposta de estimulao de bons hbitos
alimentares, sendo o lanche do dia (pipoca e refrigerante) no
supridor das necessidades fsicas das crianas. O contedo das
lancheiras tambm foi preocupante: Refrigerantes, salgadinhos
embalados, iogurtes saborizados e coloridos artificialmente,
biscoitos recheados de marcas famosas, fartos em acares, fazem
parte da rotina alimentar desses alunos, da faixa etria considerada
mais vulnervel - 0 a 5 anos - aquisio, desenvolvimento e
agravamento de doenas, assim como ocorreu com a pequena aluna,
inspiradora deste artigo. Com o trmino desse tipo de observao
torna-se possvel verificar a negligncia dos pais dos alunos do
Ensino Fundamental em relao ao que comem seus filhos. A ausncia da
fruta na merenda caseira foi muito expressiva em relao a essas
turmas.Ao serem questionados em relao ao seu cardpio, os alunos do
2 ano informaram que so ouvidos por seus pais em relao as suas
preferncias. Exemplifico com uma aluna que se demonstrou muito
relutante em relao a uma alimentao saudvel. Ao questionar sua
responsvel em relao a esse episdio, respondeu-me que, por se tratar
de uma criana adotada, que sofreu muito por ausncia de alimentos,
procurava compens-la com o que denomina de abundncia e fartura.
Contudo, compreendo que hoje, passa por outro tipo de escassez: a
defasagem de alimentos ricos em valor nutricional - ao menos em
mbito escolar - visto que sua merenda caseira, alm de ser composta
por biscoitos recheados, salgados embalados, abundosos em sdio e
gorduras e refrigerantes, ainda acompanhada por balas, bombons e
pirulitos.Observar o 3 ano escolar trouxe reflexes de maior
inquietao em relao alimentao na escola pesquisada. Durante toda a
observao, nenhum aluno incluiu frutas a sua merenda caseira, exceto
os gmeos que trouxeram uma tangerina, mas ficaram curiosos para
saberem o motivo das minhas observaes. Trata-se da turma que mais
compra lanches na cantina escolar (salgado e refresco artificial de
xarope de guaran), cuja professora demonstra o mesmo comportamento,
trafegando por toda escola com uma lata de refrigerante de cola nas
mos, mesmo durante da fila. Sem dvidas, essa postura extremamente
contribuidora para a formao de maus hbitos dos alunos que tem sua
educadora como um exemplo.
Diferentemente, a professora do 4 ano escolar props a Hora da
Fruta, incentivando seus alunos que separem um pequeno intervalo
nas atividades do dia, s14h da tarde, para degustarem as frutas que
trouxerem de casa. Ela participa da proposta, alm de no premiar com
pontos extras ou punir qualquer criana por sua no participao.
Voluntariamente, a maioria da turma teve excelente adeso essa
proposta.1.3. Entrevistas
No dia 18 de junho de 2011 discorri, em uma conversa informal,
com a Doutora Glria Camargo sobre a temtica que abrange o presente
trabalho. Em sua experincia como docente em quatro escolas da Rede
Privada do municpio nas reas de Cincias biolgicas, observa a
contradio envolta entre a escolha alimentar dos alunos e os temas
aprendidos em sala de aula. Segundo ela, as crianas tm ingerido uma
quantidade de sal muito alm do que o organismo humano pode
suportar. Isto ocorre porque o sal tem sido utilizado, para burlar
a lei, mantendo a maioria dos alimentos industrializados como
queijos, presuntos e mortadelas com aparncia saudvel, agindo como
um conservante no benfico, pois quase sempre est em demasia,
podendo provocar doenas renais. Desta forma, afirmou que os
produtos vendidos em cantinas escolares tem o objetivo de promover
lucro e no sade. O capital tem sido visto como algo mais importante
do que a prpria vida.Objetivando conhecer os produtos vendidos na
cantina escolar, foi realizada uma entrevista com a proprietria do
estabelecimento no dia 20 de junho de 2011, quando fui informada
que so comercializados salgados assados, bebidas em conserva,
doces, balas e sanduches ditos como naturais, porm tendo como
componentes milho, ervilha, presunto, maionese e batatas, todos
industrializados. Segundo ela, os alunos compram diariamente um
salgado e um refresco artificial de xarope de guaran ou
refrigerante de coca, gastando em mdia trs reais para o lanche. O
troco, se houver, preferencialmente usado para a compra de
pirulitos. Quanto aos professores, os dados no mudam e a mdia
mensal de dbitos pode alcanar at cem reais por professor.2.4.
Apreciao de guloseimas saudveis
No dia 27 de junho de 2011 foi realizado com os alunos do 2 ano
escolar da Escola - em nmero de dez, sendo dois meninos e oito
meninas - uma atividade de apreciao de guloseimas saudveis e
comparao com outras de marcas famosas. Para tanto foram usadas
gulodices/petiscos de soja, no veiculadas nas grandes mdias e cujo
valor nutricional significativo e iguarias semelhantes as que os
alunos consomem
diariamente. As guloseimas que apresentam maior valor
nutricional so dotadas de uma colorao esbranquiada (devido a no
presena de conservantes artificiais em sua composio) em relao aos
salgados com baixo valor nutritivo (abundantes em corantes,
aromatizantes e saborizadores artificiais). Em relao a sua textura
ttil, os salgados integrais ou light so mais secos, deixando menos
resduos de oleosidade na ponta dos dedos e quanto mais saudvel o
produto, mais leve e menos salgado seu sabor.
Os alunos s reconheceram as embalagens das guloseimas veiculadas
nas grandes mdias ou vendidas na cantina escolar. Com os olhos
vendados, ofereci uma amostra de cada uma, para identificar as
diferentes reaes. Todas foram apreciadas e aceitas pelos alunos.
Porm, demonstraram predileo por guloseimas de marcas famosas que,
segundo eles, era considerada mais saborosa, por ter mais sal.Em
relao escolha de um lanche saudvel, os alunos chegaram a um
consenso de que um cardpio deveria ter uma fruta, um sanduche de
queijo e presunto e um refrigerante de cola, o que remete a
influncia das mdias em relao s preferncias infantis, no caso
estudado, em relao alimentao. Sobre biscoitos, para os alunos, eles
precisam ser bem doces. Conclui-se que de extrema importncia no
somente uma Educao Alimentar no que diz respeito a contedos
especficos em nutrio e sade. indispensvel refletir sobre uma
reeducao do paladar infantil. Os excessos de sal e acar tem se
refletido no condicionamento do paladar, impossibilitando que as
crianas degustem e apreciem alimentos com temperos e sabores mais
suavizados, livre dos extremos. Com o experimento, constatei que
existem opes de lanches com embalagens ldicas, roupagem infantil e
com valor alimentar nutritivo, comparado com aqueles que as crianas
normalmente levam para as dependncias escolares.A instituio escolar
no deve ser mera transmissora de conhecimentos e reprodutoras de
seus contedos programticos. A relao dialgica entre educandos e
educadores parte indissolvel ao processo ensino aprendizagem. Dessa
forma, em relao temtica Educao Alimentar, o professor pesquisador
alm de dispor aos alunos informaes a cerca de uma alimentao
nutritiva, observa as prticas alimentares dos mesmos em seu
ambiente escolar, debate e argumenta quanto a relevncia de uma
alimentao saudvel como ao preventiva em sade e viabilizao de uma
maior qualidade de vida.
2. Educao Alimentar: Uma Temtica De Ao Preventiva Em Sade
A Educao Alimentar em mbito escolar deve ser a maior promovedora
de hbitos alimentares saudveis, tanto no nvel instrucional
(garantindo o pleno conhecimento do que se entende por uma
alimentao nutritiva e cooperadora do bom desenvolvimento fsico,
cognitivo e scio-cultural, atravs de palestras aos pais, aulas
dinmicas, entre outros) quanto em nvel prtico (ao se dispor na
elaborao de cardpios saudveis, ambiente propcio para o momento da
merenda, bom exemplo por parte de seus educadores). Desta forma, ao
atrelar teoria e prtica em Educao Alimentar, a escola promove aes
preventivas em sade, no que diz respeito ao desenvolvimento de
doenas resultantes de uma baixa imunidade, tais como: anemia,
diabetes, problemas renais, obesidade, hipertenso, problemas
cardiovasculares, gripes e seus agravamentos.Uma alimentao saudvel
aquela que tem todos os alimentos que necessitamos. Deve respeitar
as preferncias individuais e valorizar os aspectos culturais,
econmicos e regionais. Assim, importante que seja saborosa,
colorida e equilibrada. Biazzi (1997), abordando a temtica hbitos
alimentares benficos ao corpo humano, afirma que uma alimentao
satisfatria no se constri atravs de uma grande quantidade de
alimentos ingeridos, que no garante criana as protenas e vitaminas
dirias que ela precisa. A variedade de alimentos tambm
importante.Uma alimentao adequada um direito humano e compreende um
padro alimentar adequado s necessidades biolgicas, sociais e
culturais dos indivduos, de acordo com as fases do curso da vida
(SENADO, 2011). O educador precisa estar disposto a ser o exemplo,
pois alguns estudos apontaram para a importncia do papel do
professor como modelo de estmulo aceitao de alimentos no ambiente
escolar. Para isso, o treinamento dos professores uma condio,
sensibilizando-os para o engajamento, processo mediado pelo
profissional de sade como agente instrucional e motivacional
(BIZZOI, 2003, p.6). A atual legislao sobremodo importante e
esclarecedora quanto alimentao dispensada aos educandos, mas no
estabelece aes que garantam que esses hbitos alcancem unidades
privadas de ensino e nem que ultrapassem os limites da escola,
permeando a vida do aluno, em uma educao integral.Por fim,
Benchimol (2011, p. 6) atenta para a educao do paladar, j na
infncia. A apreciao dos alimentos sem o acrscimo de acares e
saborizadores
artificiais cooperam com o desenvolvimento do gosto alimentar da
criana para a vida
adulta.
A Educao Alimentar uma temtica que tem sua abrangncia pedaggica
e sua relevncia sociocultural. Busca promover uma alimentao no
compensatria, mas Legal (pois se trata de um direito universal)
atendendo as indigncias das diferentes classes sociais, no somente
amparando aos menos favorecidos, como tambm conscientizando as
classes detentoras de poder aquisitivo quanto aos benefcios de uma
alimentao saudvel. Porm, para que essa proposta seja concretizada,
necessrio estabelecer uma parceria entre a escola e a famlia, pois
as refeies das crianas ocorrem de uma forma geral nos dois
ambientes, tendo a famlia como mantenedora de ambas as situaes em
casa e na escola.
Consideraes Finais
O estudo do tema Lanche Escolar em Instituies de Ensino Privado:
A Educao Alimentar e a Merenda Caseira propiciou a fidcia de quo
distantes ainda nos encontramos de um ensino para a vida, onde
teoria e prtica se entrelacem na construo do conhecimento
socialmente relevante. Desta forma, a merenda caseira em ambiente
de instituies de ensino da rede privada precisa ser refletida e
construda atravs de uma relao em conjunto (educadores, educandos e
familiares). A escola tem por comprometimento a elaborao de um
currculo segundo ao que estabelece os PCNs, visando meios para que
o aluno obtenha o conhecimento necessrio em relao a uma alimentao
nutritiva alm de promover mecanismos que forneam ao aluno plenas
condies de formar bons hbitos alimentares, que promovam sade. de
suma importncia que o Projeto Poltico Pedaggico adote projetos que
cientifiquem tambm aos pais quanto ao seu papel em relao alimentao
de seus filhos, atravs de eventos, palestras, feiras cientficas,
murais informativos entre outros. O posicionamento dos educadores
acopla mais do que a misso de transmitir conhecimentos. Antes, suas
atitudes so ilustraes de seus ensinamentos. O bom exemplo em relao
a sua alimentao torna o discurso digno de credibilidade. As crianas
imitam as aes de seus professores, adotando-as como referncia. Isso
poder ser um fator positivo ou inibidor de novos hbitos
alimentares.Retomo a afetividade que abrange todos os envolvidos
nesse processo. Em cunho demonstrativo, fao uma aluso entre a
merenda escolar e a amamentao. A primeira alimentao da criana o
leite materno, saudvel e nutritivo, tm todos os
nutrientes necessrios para o beb. Trata-se de um alimento
proporcionado pela me para seu filho. Crescendo, sua alimentao
continua sendo proporcionada por seus responsveis. As suas
preferncias em relao ao seu paladar so uma explanao seletiva entre
todos os alimentos que lhe foram oferecidos. Dizer que uma criana
no come determinado alimento por que no gosta se afugentar das
consequncias do oferecimento de guloseimas entre outros alimentos
de sabor artificial, realizada por seus prprios progenitores. Uma
vez criados, os maus hbitos alimentares so dificilmente substitudos
por uma alimentao saudvel e nutritiva, pois concorrer com as
grandes mdias que tentam influenciar nas preferncias das crianas no
uma tarefa fcil, nem para pais e to pouco para educadores.A mesma
relao de afetividade que permeia a amamentao infantil deve inspirar
seus responsveis na promoo de hbitos alimentares saudveis, livre de
chantagens emocionais devido questo de uma nova formao familiar.
possvel sim proporcionar a criana uma merenda caseira nutritiva,
saborosa e ldica. Porm, necessrio o engajamento de todos os
envolvidos nessa problemtica. Trata-se de ensinar a fazer a escolha
certa e no pression-la ou gratific-la.Alm de oferecer contedo
programtico aos estudantes sobre a temtica, a Instituio de Ensino
da Rede Privada deve proporcionar mecanismos para que o
conhecimento construdo em um ambiente coletivo ultrapasse o prisma
terico, abrangendo tambm um trabalho de conscientizao dos pais E
responsveis, quanto relevncia e o incentivo de prticas alimentares
satisfatrias, necessita estar incluso na poltica educacional da
Instituio de Ensino.Conclui-se que de extrema importncia no somente
uma Educao Alimentar no que diz respeito a contedos especficos em
nutrio e sade. indispensvel refletir sobre uma reeducao do paladar
infantil. Os excessos de sal e acar tem se refletido no
condicionamento do paladar, impossibilitando que as crianas
degustem e apreciem alimentos com temperos e sabores mais
suavizados, livre dos extremos.A instituio escolar no deve ser mera
transmissora de conhecimentos e reprodutoras de seus contedos
programticos. A relao dialgica entre educandos e educadores parte
indissolvel ao processo ensino aprendizagem. Dessa forma, em relao
temtica Educao Alimentar, o professor pesquisador alm de dispor aos
alunos informaes a cerca de uma alimentao nutritiva, observa as
prticas alimentares dos mesmos em seu ambiente escolar, debate e
argumenta quanto a
relevncia de uma alimentao saudvel como ao preventiva em sade e
viabilizao de uma maior qualidade de vida.
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