04/01/2016 'Preta, pobre e periférica, não imaginei estar numa galeria de arte', diz artista 04/01/2016 Minha história Empreendedor Social Folha de S.Paulo http://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/minhahistoria/2016/01/1724181pretapobreeperifericanaoimagineiestarnumagaleriadeartedizartista.shtml 1/7 SEGUNDAFEIRA, 4 DE JANEIRO DE 2016 15:45 Login | Logout Assine a Folha Atendimento Versão Impressa PUBLICIDADE Opinião Política Mundo Economia Cotidiano Esporte Cultura F5 Classificados Últimas notícias 'Star Wars' e 'Mad Max' concorrem em premiação de editores de cinema Buscar... buscar PUBLICIDADE 'Preta, pobre e periférica, não imaginei estar numa galeria de arte', diz artista Na Lata RECEBA NOSSA NEWSLETTER Fotos Vídeos Relatos PUBLICIDADE O QUE É REGULAMENTO PERGUNTAS FREQUENTES FINALISTAS FUNDAÇÃO SCHWAB FALE CONOSCO minha história PUBLICIDADE Assine 0800 703 3000 SAC Batepapo Email BOL Notícias Esporte Entretenimento Mulher Rádio TV UOL Shopping 26ºC SÃO PAULO empreendedor social siga a folha Digite seu email... enviar envie sua notícia
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04/01/2016 'Preta, pobre e periférica, não imaginei estar numa galeria de arte', diz artista 04/01/2016 Minha história Empreendedor Social Folha de S.Paulo
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A artista plástica e arte educadora, Jennifer Borges, posa para foto em Irajá, no Rio de Janeiro
(...) Depoimento aELIANE TRINDADEEDITORA DO PRÊMIO EMPREENDEDOR SOCIALOLÍVIA FREITASENVIADA ESPECIAL AO RIO
04/01/2016 02h00
Jennifer Borges, 28, ou simplesmente J. Lo, nasceu ecresceu em Irajá, zona norte do Rio de Janeiro,querendo ser "artista de galeria", mas achava queessa realidade estava longe de ser a sua.
Inspirada pela mãe, psicopedagoga, que abriucaminhos e foi a primeira da família a ter ensinosuperior, Jennifer seguiu caminhos paralelos à arteaté os 27 anos: se graduou em história pela UERJ(Universidade Estadual do Rio de Janeiro), onde hoje cursa letras.
A jovem resolveu se aventurar no grafite há um ano, após um empurrão deuma amiga. Acabou virando professora, mas de grafite em escolas municipaiscariocas.
Foi quando Jennifer conheceu a Rede Nami, associação feminista degrafiteiras e militantes que usam artes urbanas para promover os direitos dasmulheres, fundada pela artista plástica Panmela Castro, 34, finalista doPrêmio Empreendedor Social 2015. Por meio da organização, J.Lo e sua arte
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chegaram à Galeria Scenarium, no centro do Rio, em setembro de 2015.
"Foi surreal. Nunca imaginei que uma menina preta, pobre, periférica esapatão conseguiria um dia estar em uma galeria de arte", conta.
A carioca participou do projeto Afrografiteiras, um programa de formação emarte urbana voltado para mulheres afrobrasileiras.
Leia a seguir o depoimento de Jennifer Borges à Folha.
Meu nome é Jennifer Borges, mas sou conhecida como J. Lo.
Comecei a grafitar há um ano. Uma amiga de São Paulo estava aprendendo astécnicas e fez um desenho na parede da minha sala, fiquei observando eresolvi que iria aprender.
Eu já tinha noção de desenho e arte, sou tatuadora, mas não de grafite.
Comecei a dar oficinas de grafite em uma escola municipal do Rio paracrianças e jovens do ensino fundamental 1 e 2. Lá, eu não só ensinei, masaprendi, foi onde fiz meu primeiro grafite, retratei Nelson Mandela. A paixãopelo grafite foi instantânea.
Virei arte educadora e hoje dou aula de grafite em três escolas municipais pormeio do Programa Mais Educação, do governo federal.
Primeiro, ensino dentro da sala de aula aos meus alunos, que têm em médiade 7 a 14 anos, técnicas e estilos de desenho de grafite. Depois, eles começama trabalhar o desenho e quando já está maduro, passo as técnicas deampliação e finalmente vamos para a prática na parede.
Depois das aulas de grafite, as professoras dos meus alunos falam que asnotas deles subiram, que aprenderam a ter disciplina.
O grafite me traz paz, me sinto muito livre, mais do que poderia ser. A arte éuma terapia e é o que me faz feliz e me dá orgulho de mim mesma.
No final de 2014, saiu uma convocatória que selecionaria 30 meninasafrobrasileiras para fazer um curso de formação em arte urbana,empreendedorismo social, gestões de gênero e de negritude voltado ao grafite.Me inscrevi e fui selecionada.
Estava esperando por um curso no qual eu fosse aprender o beabá do grafite.No entanto, as aulas foram muito além do que imaginava.
As meninas grafiteiras, que orientaram a formação, eram muito preocupadascom o nosso aprendizado e que nós expressássemos nossa política, negritudee outras questões pessoais na arte.
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A intenção da formação também era que nós soubéssemos multiplicar esseconhecimento para passar para outras pessoas.
NA GALERIA
Recebemos a notícia de que as meninas que concluíssem o curso teriam suasartes expostas em uma galeria. Eu enlouqueci. Larguei o emprego e tranquei afaculdade por um período para poder me dedicar mais.
Eu sou historiadora, com foco de pesquisa em mulheres na inquisição. Fiz umestudo sobre bruxaria. Então, quis levar esses conceitos para dentro dagaleria.
Elaborei uma obra que representa as bruxas, que foram mortas pela igreja porcausa de uma hiperssexualização. A arte que criei é uma vagina, feita commadeira, massa modeladora e instalações elétricas.
Essa composição é para representar a mulher que dá a vida e o único órgãoque existe no corpo feminino para proporcionar prazer.
A outra obra é uma aplicação em stencil e retrata uma mulher negraespelhada com a língua para fora, que simboliza o antiamor e a lesbiandade.
Foi a coisa mais maravilhosa do mundo poder estar na galeria ao lado dasoutras afrografiteiras. É surreal.
Eu sempre quis ser artista desde pequena, mas nunca imaginei que umamenina preta, pobre, periférica e sapatão conseguiria um dia estar em umagaleria de arte.
Quando estreou a exposição, chorei muito. Foi uma emoção gigante. Nãotenho como agradecer a Rede Nami e a Panmela Castro por causa disso.
O que eu aprendi nas aulas melhorou minha arte em tudo, no grafite, natatuagem e na ilustração.
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Depois disso, tive uma oportunidade de fazer um grafite para a AnistiaInternacional e retratei minha avó.
Ela foi uma mulher negra que sofreu muito, antes de morrer, em 2008. Minhaavó era muito pobre e se casou com um homem branco na tentativa deembranquecer as filhas, para que elas não sofressem tanto racismo.
Para mim, minha avó é uma fênix, símbolo da ressurreição e da força.Representála de forma artística e em lugares onde passam pessoas é muitoimportante.
A figura de uma mulher negra é subversiva pela representatividade. Temosuma mídia que é sempre branca. As mulheres que aparecem são semprebrancas, seguem um padrão estético, higienizado e europeu.
Quando você passa na rua e se reconhece em uma imagem, se sente mais fortee encorajada para ser quem é. Não só se assumir sua negritude, seu cabelo,mas enfrentar o racismo e se empoderar.
A simbologia de ter diversas mulheres negras em uma galeria pode ser umestímulo para outras mulheres negras.
Agora, tento não projetar muita expectativa no grafite, porque tenho medo deme decepcionar.
Quero passar uma mensagem positiva de empoderamento negro, lésbico efeminino pelas ruas e ensinar as pessoas, que não têm a oportunidade depagar um curso, a se expressar.
O que vier é lucro, eu não esperava chegar até aqui.
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