UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL EMERSON FLORES DE OLIVEIRA ETIOLOGIA, PATOGENICIDADE, CARACTERIZAÇÃO MORFOLOGICA E MOLECULAR DE FUNGOS ASSOCIADOS A SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS DO CERRADO GURUPI – TO 2015
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emerson flores de oliveira etiologia, patogenicidade, caracterização ...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
EMERSON FLORES DE OLIVEIRA
ETIOLOGIA, PATOGENICIDADE, CARACTERIZAÇÃO MORFOLOGICA E MOLECULAR DE FUNGOS ASSOCIADOS A
SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS DO CERRADO
GURUPI – TO 2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
EMERSON FLORES DE OLIVEIRA
ETIOLOGIA, PATOGENICIDADE, CARACTERIZAÇÃO MORFOLOGICA E MOLECULAR DE FUNGOS ASSOCIADOS A
SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS DO CERRADO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal da Universidade Federal do Tocantins como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Produção Vegetal – área de concentração Fitossanidade.
Orientador: Prof. Dr. Gil Rodrigues dos Santos
GURUPI – TO 2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Federal do Tocantins
Campus Universitário de Gurupi
O48e Oliveira, Emerson Flores Etiologia, patogenicidade e caracterização molecular de fungos associados a
Sementes de plantas daninhas do cerrado / Emerson Flores Oliveira. - Gurupi, 2015. 83f.
Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Tocantins, Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, 2015. Linha de pesquisa: Área de concentração em Fitossanidade.
Orientador: Prof. Dr. Gil Rodrigues dos Santos .
1. Patógenos. 2. plantas invasoras. 3. doenças. I. Santos, Gil Rodrigues dos.II. Universidade Federal do Tocantins. III. Título.
CDD 632.5
Bibliotecária: Glória Maria Soares Lopes – CRB-2 / 592 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – A reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio deste documento é autorizado desde que citada a fonte. A violação dos direitos do autor (Lei nº 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
Defesa nº 05/2015
ATA DA DEFESA PÚBLICA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE EMERSON FLORES DE OLIVEIRA, DISCENTE DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
PRODUÇÃO VEGETAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
Aos 27 dias do mês de Fevereiro do ano de 2015, às 14:00 horas, no(a) Sala de XV do Bloco Bala II, reuniu-se a Comissão Examinadora da Defesa Pública, composta pelos seguintes membros: Prof. Orientador Dr. Gil Rodrigues dos Santos do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, Dr. Maruzanete Pereira de Melo / Universidade Federal do Piauí, Dra. Solange Aparecida Ságio do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins, Prof. Dr. Raimundo Wagner de Souza Aguiar do Campus Universitário de Gurupi/ Universidade Federal do Tocantins sob a presidência do primeiro, a fim de proceder a arguição pública da DISSERTAÇÃO DE MESTRADO de EMERSON FLORES DE OLIVEIRA, intitulada "ETIOLOGIA, PATOGENICIDADE E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE FUNGOS ASSOCIADOS SEMENTES DE PLANTAS DANINHAS DO CERRADO.". Após a exposição, a discente foi arguida oralmente pelos membros da Comissão Examinadora, tendo parecer favorável à aprovação, habilitando-o(a) ao título de Mestre em Produção Vegetal. Nada mais havendo, foi lavrada a presente ata, que, após lida e aprovada, foi assinada pelos membros da Comissão Examinadora.
Dr. MARUZANETE PEREIRA DE MELOPrimeiro examinador
Dra. SOLANGE APARECIDA SÁGIOSegundo examinador
Dr. RAIMUNDO WAGNER DE SOUZA AGUIARTerceiro examinador
Dr. GIL RODRIQUES DOS SANTOS Universidade Federal do Tocantins
Orientador e presidente da banca examinadora
Gurupi, 27 de Fevereiro de 2014.
Dr. Rodrigo Ribeiro Fidelis Coordenador do Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal
DEDICO
A minha amada esposa Aline e meus queridos filhos, Artur Henrique e Maria Helena, vocês são o bem mais precioso que tenho em minha vida, e a minha razão de cada dia seguir mais em frente.
Aos meus pais, Jose Valmor e Rosani, meus irmãos, Alexandro, Lucion e Jéssica e meu sobrinho afilhado Lucyano Matheus.
Aos meus queridos avós, Romildo Flores (in memoriam) e Eulina
Maria, Getúlio Oliveira e Cleonice Moura de Oliveira (in memoriam).
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para realização de alguma forma para
realização desse trabalho.
Ao meu orientador Doutor Gil Rodrigues dos Santos, pela orientação,
dedicação, e principalmente ter acreditado em meu potencial para condução do
presente trabalho, tendo por isso nunca medido esforços para tal finalidade.
Ao Programa de Pós Graduação em Produção Vegetal da Universidade
Federal do Tocantins pela oportunidade de realização do curso de mestrado.
Ao Dra. Solange Aparecida Ságio, pela enorme contribuição nas análises
moleculares, além das inúmeras vezes que veio a me socorrer sanado dúvidas
sobre as análises moleculares, e pelo imenso apoio prestado durante a realização
deste trabalho
Ao Dr. Maruzanete Pereira de Melo, pela grande contribuição para este
trabalho, desde a classificação morfológica dos fungos até dicas, sugestões e
ideias que foram fundamentais, e por sempre estar disposto a contribuir para as
melhorias do presente trabalho.
Ao professor Dr Rodrigo Ribeiro Fidelis, que sempre ajudou fornecendo
sementes para todos os testes.
A todos os colegas do grupo de manejo integrado de doenças: Dalmarcia,
Mateus, Ronice, Jaiza, Professor Paulo Tschoeke, Micaele, Rosângela, Jonathan,
Camila, Pedro, Fabiana e Cynthia.
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins – ADAPEC,
em especial ao colegas Paulo Farencena, Rodrigo Cavalheiro, Rodrigo Bianchi,
Edson Pimentel e Marcos Motta (Marcão), que sem a ajuda dos mesmos esse
trabalho não seria possível.
A minha esposa Aline Lof, que sempre me incentivou a continuar
estudando, e sua ajuda foi fundamental para isso, essa vitória também e sua.
Ao meu companheiro das madrugadas de estudo “Chimarrão”
Muito Obrigado.
O aprendizado e como o horizonte; Não a limites
(Provérbio chinês)
9
RESUMO GERAL
As plantas daninhas competem com água, luz e nutrientes com as culturas de
importância agrícolas, e possuem vários mecanismos efetivos de propagação,
além de um extenso banco de sementes, que pode permanecer viável por longos
períodos de tempos. Além disso, podem ser hospedeiras de diversos patógenos
causadores de doenças. Apesar da importância existem poucos estudos sobre
o transporte de fungos associados as sementes das plantas daninhas. Este
trabalho teve como objetivo realizar a análise sanitária de sementes de
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 81
15
LISTA DE TABELAS
Capitulo I
Tabela 1: Plantas daninhas coletadas para análise sanitária das sementes................................................................................................... 24
Tabela 02: Incidência de Fungos em sementes de Plantas daninhas coletadas em áreas tropicais no sul do estado do Tocantins.....................
30
Capitulo II
Tabela 01:Testes de patogenicidade de fungos isolados de sementes de plantas daninhas em Arroz (Ar), Feijão (Fe), Feijão caupi (Fc), Soja (So) e Milho (Mi).......................................................................................
42
Tabela 02:Patogenicidade de fungos encontrados associados à sementes de plantas daninhas presentes no cerrado do Tocantins..........
48
Capitulo III
Tabela 01: Identificação das espécies de Fusarium spp associadas a sementes de Pennisetum setosum...........................................................
69
Tabela 02: Identificação das espécies de Fusarium spp associadas a sementes de Tridax procumbes. ..............................................................
66
Tabela 03: Agrupamento das espécies de Fusarium de acordo com o padrão dos fragmentos de restrição da região ITS....................................
74
16
LISTA DE FIGURAS
Capitulo I
Figura 1: A - Sementes de Ipomea spp., em placas de petri, método "blotter test". B – Sementes de Bidens pilosa, em placas de petri, método "blotter test". C - Preparo e desinfecção das sementes. D – Placas de petri, contendo sementes de plantas daninhas em sala de incubaçã...................................................................................................
25
Figura 2: A - Hifas de Fusarium spp, B - Conídios de Fusarium spp em Tridax procumbens...................................................................................
31
Figura 3: A – Curvularia spp em sementes de Tridax procumbes. B - conídios de Curvulária spp isolados de sementes de Pennisetum sestosum...................................................................................................
31
Figura 4: A - Nigrospora spp, B - Papularia spp, ambos em Tridax
Figura 1: A e B - Mancha - de - curvularia em folhas de milho; C - Curvularia spp em sementes de Pennisetum setosum., D - Conidios de Curvulária spp..........................................................................................
45
Figura 2: Podridão causada por Fusarium spp em colmo de plântulas de milho, inoculadas a partir de sementes de Penissetum setosum..........
46
Figura 3: A - Lesão de Oomiceto spp em folhas de feijão, B - Lesão de Oomiceto spp em folhas de feijão caupi, C e D - Inoculação de Oomiceto spp. em Arroz, E - Inoculação de Oomiceto spp em milho e F - Podridão de Oomiceto spp em colmo de milho ......................................................
47
17
Capitulo III
Figura 1: Padrão de alinhamento gerado pelo algoritmo Blastx............... 69
Figura 2: Eletroforese em gel de agarose dos produtos de amplificação da região ITS. M: Marcador Molecular 1Kb; C+: controle positivo da reação, C-: controle negativo; 1 a 20: isolados de Fusarium ....................
69
Figura 3: Morfologia da colônia em meio BDA - (A) Fusarium proliferatum; (B) Fusarium solani; (C) Fusarium verticilioides; (D) Fusarium semitectum...............................................................................
71
Figura 4: Eletroforese em gel de agarose dos produtos de amplificação da região ITS com o padrão de digestão para: (A) HpaII; (B) HaeIII; (C) EcoRI; com (M) marcador molecular de 1Kb............................................
72
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CAPÍTULO I
Micoflora associada a Sementes de plantas daninhas
coletadas em áreas tropicais
19
Micoflora associada a sementes de plantas daninhas coletadas em áreas
tropicais
RESUMO
As plantas daninhas competem por água, luz e nutrientes com as culturas de
importância agrícolas, e possuem vários mecanismos efetivos de propagação,
além de um extenso banco de sementes, que pode permanecer viável por longos
períodos de tempos. Além disso, podem ser hospedeiras de diversos patógenos
causadores de doenças. Apesar da importância existem poucos estudos sobre
o transporte de fungos associados as sementes das plantas daninhas. Este
trabalho teve como objetivo realizar a análise sanitária de sementes de
Figura 2: A - Hifas de Fusarium spp, B - Conídios de Fusarium spp em Tridax procumbens
Figura 3: A – Curvularia spp em sementes de Tridax procumbes. B - conídios de Curvulária spp isolados de sementes de pennisetum sestosum.
Figura 4: A - Nigrospora spp, B - Papularia spp, ambos em Tridax procumbens .
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REFERENCIAS
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CAPÍTULO II
Fungos associados à Sementes de plantas
daninhas como patógenos de plantas cultivadas
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Fungos associados a sementes de plantas daninhas como patógenos de
plantas cultivadas
RESUMO
Os fungos são os principais causadores de doenças em plantas, porém sendo
em sua grande maioria são organismos saprofíticos. A dispersão via sementes
pode ser considerada um dos mecanismos mais eficientes, as quais os fungos
podem estar misturados às mesmas, aderido à superfície ou localizados no
interior das sementes. Plantas daninhas além de já serem conhecidas como
hospedeiras de diversos microrganismos produzem um diversificado banco de
sementes, que servem como fonte de inóculo para fungos patogênicos. Existem
poucos trabalhos relacionado a presença de fungos constatados nas sementes
de plantas daninhas com a sua capacidade de causar doenças na plantas
cultivadas. Desta forma este trabalho teve como objetivo avaliar a
patogenicidade de fungos isolados de sementes de 12 espécies de plantas
daninhas coletas em área tropicais as plantas daninhas hospedeiras e as plantas
além de microrganismos com características de Oomicetos (Hifas cenocíticas,
esporângios e zoospóros). No presente trabalho fungos dos gêneros Aspergillus,
Rhizopus, Papularia, Phoma, Nigrospora e Cladosporium, não foram utilizados
para testes de patogenicidade, devido ao fato de que geralmente estes gêneros
estarem relacionados na sua grande maioria à condições inadequadas de
armazenamento, ou são contaminantes em sementes (Machado, 1988).
De acordo com os resultados obtidos (tabela 01), verifica-se que das 12
espécies de plantas daninhas, somente as sementes de Pennisetum setosum e
Tridax procumbens apresentaram fungos patogênicos, apesar das outras
espécies apresentarem os mesmos gêneros de fungos que podem apenas
estarem associados as sementes, sendo portanto, considerados não
patogênicas ou contaminantes, ou ainda serem endofiticos. Deve-se considerar
que os testes de patogenicidade foram realizados em apenas cinco culturas de
interesse agronômico, mas porém alguns gêneros mesmo não tendo sido
patogênico, sabe-se que apresentam espécies que podem ser patogênicas em
condições favoráveis, como e o caso de Bipolaris que possui espécies
importantes para agricultura, causando manchas foliares desde grandes culturas
como arroz (Celmer et al., 2007; Ludwig et al., 2009; Ottoni et al., 2007), milho
e gramíneas forrageiras (Martinez; Franzener; Stangarlin, 2010; Ottoni et al.,
2007; Santos et al., 2014). O gênero Alternaria, também apresenta espécies
patogênicas à diversas plantas, como milho, girassol, tomate, cebola e alho
(Ariosa; Herrera, 1988; Leite, G. L. et al., 2003; Leite, R. M.; Amorim, 2002) .
42
Tabela 01:Testes de patogenicidade de fungos isolados de sementes de plantas daninhas em Arroz (Ar), Feijão (Fe), Feijão caupi (Fc), Soja (So) e Milho (Mi).
Origem Fungos
Patogenicidade
Ar Fe Fc So Mi
Spermacoce
latifólia Aubl
Fusarium sp. (1)* - - - - -
Fusarium sp. (2)* - - - - -
Fusarium sp. (3)* - - - - -
Oomiceto** - - - - -
Ipomea sp
Curvulária sp.*** - - - - -
Alternaria sp.*** - - - - -
Acanthospermum
australe
Fusarium sp. (1)* - - - - -
Fusarium sp. (2)* - - - - -
Alternaria sp.*** - - - - -
Cencrhus
echinatus L.
Fusarium sp. * - - - - -
Curvulária sp.*** - - - - -
Oomiceto** - - - - -
Pennisetum
setosum
Fusarium sp.(1)* + - - - +
Fusarium sp. (2)* - - - - -
Fusarium sp. (3)* - - - - -
Fusarium sp. (4)* - - - - +
Curvulária sp. (1)*** - - - - +
Curvulária sp. (2)*** - - - - -
Bipolaris sp.*** - - - - -
Alternaria sp.*** - - - - -
43
(Continuação)
Origem Fungos
Patogenicidade
Ar Fe Fc So Mi
Vernonia
polyanthes
Fusarium sp. (1)* - - - - -
Fusarium sp. (2)* - - - - -
Tridax
procumbens
Curvularia sp.*** - - - - -
Fusarium sp. (1)* - + + + -
Fusarium sp. (2)* - - - + -
Fusarium sp. (3)* - - - - -
Bipolaris sp.*** - - - - -
Alternaria sp.*** - - - - -
Oomiceto (1)** + - - - +
Oomiceto (2)** - + + - -
Echinochloa crus-
pavonis
Curvularia sp.*** - - - - -
Fusarium sp (1)* - - - - -
Fusarium sp (2)* - - - - -
Bipolaris sp*** - - - - -
Alternaria sp*** - - - - -
Digitaria
horizontalis
Curvulária sp.*** - - - - -
Fusarium sp. * - - - - -
Bipolaris sp.*** - - - - -
Alternaria sp.*** - - - - -
44
(Conclusão)
Origem Fungos
Patogenicidade
Ar Fe Fc So Mi
Eleusine indica
Fusarium sp.(1)* - - - - -
Fusarium sp. (2)* - - - - -
Sida rhombifolia
Fusarium sp. (1)* - - - - -
Fusarium sp. (2)* - - - - -
Fusarium sp. (3)* - - - - -
Fusarium sp. (4)* - - - - -
Bidens pilosa
Fusarium sp. (1)* - - - - -
Fusarium sp.(2)* - - - - -
Alternaria sp. *** - - - - -
Curvulária sp. *** - - - - -
- Não patogênico, + patogênico, (1) código isolado, * inoculação via palito de dente, **
inoculação via disco de micélio, *** inoculação via suspensão concentrada de esporos.
Foi verificado no presente trabalho que sementes de Pennisetum setosum
apresentaram três isolados de fungos patogênicos. Entre estes Curvularia spp.,
provocou manchas no limbo foliar de plantas de milho e causou a perda de área
fotossintética (figura 01). Outras espécies deste gênero, podem causar manchas
foliares em outras plantas, incluindo as forrageiras, e são transmitidas via
sementes (Santos et al., 2014). No milho, Curvulária causa a doença conhecida
como mancha de curvulária (Fernandes; De Oliveira, 1997), sendo a mesma já
conhecida e relatada em outros trabalhos (Carvalho et al., 2011; Vaz-De-Melo
et al., 2010) realizados no estado do Tocantins. Outros dois isolados
fitpatogênicos foram classificados como Fusarium spp., sendo que um deles
apresentou patogenicidade às plântulas de Arroz e Milho, o outro somente ao
Milho. O gênero Fusarium, apresenta diversas espécies com potencial
fitopatogênico, mas em geral ataca mais as gramíneas. Como patógenos desde
45
grupo encontra-se espécies do complexo Fusarium fujikuroi, onde destacam-se
as espécies de F. verticillioides, F. proliferatum e F. subglutinans (Leslie;
Summerell, 2008), responsáveis pelas podridões em colmo, e tombamento de
plântulas, podridões das radículas e grãos (Souza; Araújo; Nascimento, 2007).
Foi verificado que Fusarium spp. causou lesões em colmo de plântulas de milho
(figura 02), após 15 dias da inoculação, onde as lesões evoluíram para podridão
de todo o colmo, levando a morte de todas as plântulas inoculadas. Este
resultado demonstra a alta agressividade deste fungo, que uma vez seja
introduzido em uma área, pode comprometer seriamente o stand e o crescimento
das plantas nos cultivos comercias. Trigiano , et al. (2010), citam que fungos
deste gênero classificam-se também como patógenos habitantes de solo , onde
quando na ausência da planta hospedeira possuem hábito saprofítico, que
podem levar os mesmos a sobreviverem por longo período de tempo, dificultando
ainda mais a adoção de medidas de manejo, tornando-as poucos eficazes e com
custos elevados.
Figura 1: A e B - Mancha - de - curvularia em folhas de milho; C - Curvularia spp em sementes de Pennisetum setosum., D - Conidios de Curvulária spp.
46
Figura 2: Podridão causada por Fusarium spp em colmo de plântulas de milho, inoculadas a partir de sementes de Penissetum setosum.
A espécie T. procumbens apresentou nas sementes quatro isolados
fúngicos considerados patogênicos, sendo que dois deles foram identificados
como Fusarium spp, e os demais com características semelhantes a Oomicetos
(Hifa cenocítica, formação de esporângios com zoósporos). Os isolados
identificados como pertencentes ao gênero Fusarium apresentaram
patogenicidade as plantas leguminosas, causando sintomas de murcha e
podridão do colmo e pecíolos, sendo um isolado patogênico à soja e outro
isolado patogênico ao feijoeiro comum, feijão caupi e soja. Zhang et al. (2006)
descreveram o complexo F. solani como importante causador de lesões em
leguminosas, provocando podridões em raízes, folhas e colmos, destacando-se
a espécie de F. solani f.sp. glycines, causador da podridão vermelha da raiz em
soja ou PVR, F. solani s.sp. phaseoli, causador da podridão radicular em feijão,
embora a espécie F. solani f.sp glycines também pode causar podridão radicular
em feijão (Roy, 1997; Roy et al., 1997).
Os isolados com características de Oomicetos apresentaram
patogenicidades à plantas de famílias distintas, provocando sintomas de
47
podridões no colmo e pecíolos, levando a morte das plântulas inoculadas,
demonstrando deste forma uma alta agressividade. Entre eles um isolado foi
patogênico ao feijão (P. vulgaris) e feijão caupi (V. unguiculata) e um isolado
patogênico as gramíneas, no caso plântulas de arroz e milho (Figura 03).
Figura 3: A - Lesão de Oomiceto spp em folhas de feijão, B - Lesão de Oomiceto spp em folhas de feijão caupi, C e D - Inoculação de Oomiceto spp. em Arroz, E - Inoculação de Oomiceto spp em milho e F - Podridão de Oomiceto spp em colmo de milho.
Dentre os principais gêneros de Oomicetos causadores de podridões em
colmo e raízes, destacam-se os gêneros Pythium e Phytophtora, os quais
possuem características especificas como hifas cenocíticas e formação de
esporângio com zoósporos (Amorim, et al. 2011). No presente trabalho a
identificação não chegou ao nível especifico de gênero ou espécie, e desta
48
forma, de acordo com estas características pode-se apenas afirmar que
pertencem classe dos Oomicetos.
De acordo com Kimati et al., (2004) estes microrganismos pertencem ao
reino Chromista, tendo como representantes patógenos que podem causar
podridão em Milho (Pythium aphanidermatum, Pythium spp), Arroz (P.
arrhenomames), Feijão Caupi (P. aphanidermatum) e Feijão comum (P. spp, P.
ultimum, P. irregulare, P. paroecandrum, P. myriotylum e P. aphanidermatum)
(Kimati et al., 2004).
Os fungos que tiveram sua patogenicidade confirmada também foram
inoculadas no própria planta daninha, que produziu as sementes. De acordo com
os resultados obtidos verificou-se que apenas um isolado de Fusarium spp
provocou sintomas de murcha quando inoculado em Tridax procumbens (tabela
02). Este mesmo também causou murcha e podridão quando inoculado em
plântulas de soja.
Tabela 02:Patogenicidade de fungos encontrados associados à sementes de
plantas daninhas presentes no cerrado do Tocantins.
Planta daninha Fungo Patogenicidade
Pennisetum setosum
Fusarium spp (1)* -
Fusarium spp (4)* -
Curvularia sp (1)*** -
Tridax procumbens
Fusarium spp (1)* -
Fusarium spp (2)* +
Oomiceto (1)** -
Oomiceto (2)** -
- não patogênico + patogênico;
O fato de que o gênero Fusarium ter sido patogênico à própria planta
daninha, de onde o mesmo foi isolado demonstra que além de ser hospedeira, a
mesma pode ser afetada pelo microrganismo que foi transmitido por meio de
suas sementes. Com relação aos outros isolados, estes não apresentaram
patogenicidade às plantas daninhas, o que demonstra que os fungos podem
permanecer como endofíticos às mesmas, ou seja podem permanecer no interior
dos tecidos dos vegetais sem causar danos ou formar estruturas externas
49
visíveis (Azevedo et al., 2000), podendo colonizar folhas, ramos e raízes (Peixoto
Neto et al. 2002), ou sementes. Vale salientar que mesmo não desenvolvendo
os sintomas da doença, podem manter-se como fonte de inóculo para plantas
cultivadas. Rodrigues e Menezes (2002) em trabalhos de detecção de fungos
endofíticos em sementes de feijão caupi encontraram espécies endofiticas de
Fusarium solani, F. oxysprorum e F. moniliforme, espécies já conhecidas pela
patogenicidade à plantas (Leslie; Summerell, 2008). O gênero Fusarium também
foi relatado por (Mussi-Dias et al., 2012) como sendo endofítico à sementes de
plantas medicinais da espécie Cymbopogon citratus.
50
CONCLUSÕES
Sementes de Plantas daninhas das espécies de Tridax procumbens e
Pennisetum setosum apresentam-se potencialmente como fonte de inóculo de
fungos fitopatogênicos para culturas de interesses comercias.
O gênero Fusarium apresentou isolados patogênicos ao arroz, milho, soja,
feijão e feijão caupi, causando nas plântulas podridões do colmo e pecíolos.
Microrganismos Oomicetos encontrados em sementes de Tridax
procumbes desenvolveram podridão em colmo de plântulas de arroz, milho,
feijão e feijão caupi, demonstrando alta agressividade.
Sementes das plantas daninhas transportam fungos fitopatogênicos, o
que pode comprometer a sanidade de plantas cultivadas caso as mesmas não
forem corretamente manejadas, levando a grande prejuízos.
Os resultados obtidos no presente trabalho demonstram que as sementes
de plantas daninhas abrigam microrganismos, principalmente fungos que são
capazes de provocar doenças em plantas daninhas ou em plantas cultivadas ou
podem abrigar fungos endofíticos à planta hospedeira, mas que podem
representar fonte de inóculo para outras plantas de diferentes famílias.
51
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